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Estudo de Caso: Cura Através do Humor

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
FICHAMENTO DE ESTUDO DE CASO
RAQUEL STORCK BENDER
Trabalho da disciplina Rede de Atenção Psicossocial e Intersetorialidade
Tutor: Profs.ª Alice Menezes e Gabriela Barreto
CANOAS
2018
1 INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
TAYLOR, Michael; LEVIT, Tatiana. A cura através do humor: misturando saúde mental, humor e negócios. Western University: Ivey Business School, p. 1-9. 2013.
2 RESUMO
O artigo começa contando um pouco a história de Ian Morrison, fundador da Cura Através do Humor (HTH), uma escola de stand-up comedy que foi criada como oportunidade de trabalho e de fuga da discriminação para as pessoas que convivem com transtornos mentais. Morrison nasceu em Regina, no Canadá, e sofreu com uma doença mental durante toda a vida, motivo pelo qual decidiu criar a escola de stand-up para ajudar as pessoas com os mesmos problemas que ele.
A principal atividade da HTH é o ensino da escrita e da apresentação de comédias stand-up, a qual é financiada pela Associação Canadense de Saúde Mental (CMHA) e pela Sociedade de Esquizofrenia de Saskatchewan (SSS), a qual funciona como sede da organização. Como Morrison dispunha dessa ajuda financeira para montar as turmas, as despesas com as apresentações exigiam recursos extras, os quais ele tinha muita dificuldade de arrecadar.
O grande problema de Morrison era a falta de participantes em suas turmas de stand-up, pois a maioria das pessoas portadoras de transtornos mentais da cidade de Regina não conhecia a HTH ou não queria participar das turmas. Além disso, quatro vezes por ano, a HTH fazia uma noite de apresentações de comédia no Artful Dodger Cafe & Music, onde grande parte das pessoas que prestigiavam os shows eram conhecidas de alguém da turma ou tinham alguma ligação com a organização.
Morrison via as apresentações como um papel na cura dos participantes, pois eles poderiam sair de sua zona de conforto e enfrentar o público, não temendo discriminações e estando em um ambiente seguro. O preço dos ingressos variava de CDN$5 a CDN$10 e, dependendo da idade da plateia, algumas apresentações precisavam ser cortadas devido a partes imprudentes.
Apesar do HTH já ter sido notícia nos principais jornais televisivos de Regina, as atividades publicitárias da organização eram limitadas, pois precisavam sair da renda extra de Morrison. Tentando aumentar os participantes da HTH, o fundador divulgava pôsteres em locais próximos às apresentações, na página do Facebook e no site da organização, porém ainda não conseguia atingir as pessoas que estava precisando.
Ao final do artigo, Morrison pergunta-se se estava conseguindo passar a imagem e a mensagem que desejava sobre sua organização, se deveria aumentar o tamanho das turmas, qual seria a melhor maneira de aproximar as pessoas portadoras de transtornos mentais da HTH e se deveria cobrar taxas para as turmas. Após esses questionamentos do fundador, o artigo finaliza apresentando fragmentos do relatório da Comissão de Saúde Mental do Canadá e mostrando breves números sobre a saúde mental no país.
3 CITAÇÕES
“Muitas pessoas com transtorno mental não gostam de falar sobre o assunto. Seu silêncio muitas vezes significa que eles não são diagnosticados e tratados.” (p. 1).
“Morrison não se considerava uma pessoa de negócios e não tinha certeza de quais métodos de marketing que poderia usar para promover o seu empreendimento.” (p. 2).
“A CMHA forneceu um financiamento modesto para despesas de funcionamento da turma de stand-up comedy. Quaisquer despesas associadas às apresentações exigiam captação de recursos extras.” (p. 3).
“O participante ideal era alguém que sofresse de uma doença mental controlável, que já estivesse no caminho para a recuperação e que desejasse combater o estigma associado à doença mental.” (p. 3).
“A aula era um ambiente seguro para as pessoas que pensavam de forma semelhante e que permitia autoexpressão e partilha de ideias, experiências e histórias.” (p. 4).
“Morrison se perguntava qual era a maneira mais eficaz de se aproximar nos possíveis participantes para a aula de stand-up comedy.” (p. 5).
“Ele queria aproveitar esse sucesso e não mudar muito. No entanto, ele especulava sobre como aumentar as plateias e a renda das bilheteiras. Ele se perguntava se a HTH tinha a mistura certa de local, plateia e tom.” (p. 5).
 
4 COMENTÁRIOS
	
	É bastante visível que a maior dificuldade que Morrison estava tendo com suas turmas de stand-up comedy dizia respeito à busca de novos participantes, pois apesar da HTH ser uma organização relativamente conhecida na cidade de Regina (por ter aparecido nos noticiários da televisão e nos jornais), as pessoas portadoras de transtornos mentais não pareciam ter interesse em participar das turmas. Seguindo nessa linha, fica clara a negação de Morrison em perceber os problemas de sua organização, quando o mesmo afirma que “não concordou com alguns comentários que a localização criava uma imagem que poderia dissuadir alguns participantes de participar” (p. 5). 
Ora, pois se os locais de encontro das turmas aconteciam na sede da Sociedade de Esquizofrenia (SSS), era de se esperar que algumas pessoas não fossem se sentir à vontade para participarem, pois acabam ligando o local à doença e ao estigma da mesma. Talvez muitas das pessoas que poderiam vir a participar da HTH já tivessem sido tratadas dentro da SSS anteriormente, aumentando ainda mais a aversão ao local.
Dessa forma, acredito que o fundador estava um pouco “cego” em relação aos principais obstáculos que estava enfrentando na abstenção de participantes, pois não se tratava de uma organização completamente desconhecida, mas sim com participantes sem interesse de participarem.
5 IDEAÇÃO
	Provavelmente o projeto de Morrison teria mais chances de sucesso se ele tivesse utilizado o princípio da economia solidária, entregando aos participantes da HTH a responsabilidade pela gestão da organização das turmas e das apresentações. Acredito que o fundador acabou “abraçando” a administração da HTH, não oferecendo autonomia aos demais participantes, os quais acabavam não vendo tantos benefícios em se exporem nas apresentações (além do pequeno valor que era dividido entre eles).
	Para auxiliar os portadores de transtornos mentais que estão se reabilitando psicossocialmente, é muito importante dar uma “injeção” de cidadania e deixá-los gerir a própria vida, mostrando que são capazes de grandes feitos. Morrison teve uma grande ideia com suas turmas de stand-up comedy, mas não precisava tomar conta de tudo sozinho.

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