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18 03 08 - ROTEIRO 006 - PRINCÍPIOS BIOÉTICOS BÁSICOS

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UNIP – DIREITO CIVIL – BIODIREITO – ROTEIRO 006 – 1.º SEM-2018
		Prof. Luiz Henrique Beltramini
A V I S O :
O presente material SERVE SOMENTE COMO APOIO às informações ministradas em sala de aula. EM NENHUMA HIPÓTESE SUBSTITUI A NECESSIDADE DE PROCEDER-SE ESTUDO DIRETO NO ROL DE DOUTRINAS OFICIALMENTE INDICADAS E CONSTANTES DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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PRINCÍPIOS BIOÉTICOS BÁSICOS 
No século passado, entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980, a bioética pautou-se em quatro princípios básicos enaltecedores da pessoa humana, A SABER:
PRINCÍPIOS DE CARÁTER DEONTOLÓGICO: 
- não-maleficência 
- justiça
PRINCÍPIOS DE CARÁTER TELEOLÓGICO�:	
- beneficência 
- autonomia. 
Tais princípios traduzem a nova caminhada da humanidade, criados via BELMONT REPORT, publicado, em 1978, pela National Commission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research (comissão nacional para a proteção dos seres humanos em pesquisa biomédica e comportamental), constituída para levar a cabo um estudo completo endereçado a identificação dos princípios éticos básicos balizadores da experimentação de seres humanos nas ciências do comportamento e na biomedicina. 
Tais bases principiológicas traduzem a racionalizações abstratas dos valores que decorrem da interpretação da natureza humana e das necessidades individuais. 
I.- ) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA:
A autonomia pode ser absoluta ou relativa. 
O princípio da autonomia requer que o profissional da saúde respeite a vontade do paciente, ou de seu representante, levando em conta, em certa medida, seus valores morais e crenças religiosas. 
Reconhece o domínio do paciente sobre a própria vida (corpo e mente) e o respeito à sua intimidade, restringindo, com isso, a intromissão alheia no mundo daquele que está sendo submetido a um tratamento. 
Considera o paciente capaz de autogovernar-se, ou seja, de fazer suas opções e agir sob a orientação dessas deliberações tomadas, devendo, por tal razão, ser tratado com autonomia. Aquele que tiver sua vontade reduzida deverá ser protegido. 
Autonomia seria a CAPACIDADE DE ATUAR COM CONHECIMENTO DE CAUSA e SEM QUALQUER COAÇÃO ou INFLUÊNCIA EXTERNA. 
De tal princípio decorrem a EXIGÊNCIA DO CONSENTIMENTO LIVRE e INFORMADO e a maneira de como tomar DECISÕES DE SUBSTITUIÇÃO quando uma pessoa for incompetente ou incapaz, ou seja, não tiver autonomia suficiente para realizar a ação de que se trate, por estar preso ou ter alguma deficiência mental.
II.-) PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA
 
O princípio da beneficência requer o atendimento por parte do médico ou do geneticista aos mais importantes interesses das pessoas envolvidas nas práticas biomédicas ou médicas, para atingir seu bem-estar, evitando, na medida do possível, quaisquer danos. 
Tratasse de um princípio fundado na tradição hipocrática de que o profissional da saúde, em particular o médico, só pode usar o tratamento para o bem do enfermo, segundo sua capacidade e juízo, e nunca para fazer o mal ou praticar a injustiça. No que concerne às moléstias, deverá ele criar na práxis médica o hábito de duas coisas: auxiliar ou socorrer, sem prejudicar ou causar mal ou dano ao paciente. 
Deve ser destacado que, o princípio da beneficência, não aponta ou esclarece os meios de distribuição do bem e do mal, apenas pede que se promova o bem, evitando-se o mal. Quando nos depararmos com um fato concreto, cuja realidade acaba por apresentar exigências dúbias e incontornavelmente conflitantes, o mais que se poderá fazer é aconselhar que se consiga a maior porção possível de bem em relação ao mal. 
Não há de restar dúvidas sobre o fato do princípio da beneficência representar uma ação endereçada ao benefício alheio, por estabelecer um inequívoco dever moral de agir em benefício dos outros.
Duas são as regras dos atos de beneficência: 
- 	não causar dano, e maximizar os benefícios, 
- 	minimizar os possíveis riscos. 
III.-) PRINCÍPIO DA NÃO-MALEFICÊNCIA
O princípio da não-maleficência é um legítimo desdobramento do princípio da beneficência, uma vez que contem a obrigação de não acarretar dano intencional e por derivar da máxima da ética médica: PRIMUM NON NOCERE. 
IV.- PRINCÍPIO DA JUSTIÇA
 O princípio da justiça requer a imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios, no que atina à prática médica pelos profissionais da saúde, pois os iguais deverão ser tratados igualmente. 
Pode ser também postulado, através dos meios de comunicação, por terceiros ou instituições que defendem a vida ou por grupos de apoio à prevenção da AIDS, cujas atividades exercem influência na opinião pública, para que não haja discriminações. 
O princípio da justiça, em termos essenciais, embarca a expressão da JUSTIÇA DISTRIBUTIVA, norteando uma RELAÇÃO EQUÂNIME NOS BENEFÍCIOS, RISCOS e ENCARGOS, proporcionados pelos serviços de saúde ao paciente. 
Assim sendo, surgem uma série de indagações, como, por exemplo:
- 	Mas quem seria igual e quem não seria igual? 
- 	Quais as justificativas para afastar-se da distribuição igual? 
Em tal sentido, existem propostas apresentadas pelo Belmont Report de como os benefícios e riscos devem ser distribuídos, tais como: 
- 	a cada pessoa uma parte igual, 
- 	conforme suas necessidades, 
- 	de acordo com seu esforço individual, 
- 	com base em sua contribuição à sociedade, e 
- 	de conformidade com seu mérito. 
A bioética deverá ter tais princípios como parâmetros de suas investigações e diretrizes. 
�TELEOLOGIA: a palavra foi criada pelo filósofo alemão Christian Wolff (“Philosophia rationalis, sive logica” - 1728). Aristóteles [384–322 a.C.], em sua Metafísica, elenca vários tipos de explicações sobre os processos existentes no mundo, que respectivamente correspondiam a quatro tipos de causas. Nessa ordem, temos: 1ª: causa formal; 2ª: causa material; 3: causa eficiente. Como quarto e último tipo causal, temos a explicação teleológica ou finalista, que explica o fim (ou meta) ao qual o acontecimento, ou ser, se encontra destinado. No viés dessa explicação, Aristóteles afirma que todas as coisas tendiam naturalmente para um fim, o que trocando em detalhes, significa afirmar que a concepção teleológica da realidade torna possível explicar a natureza (o fim, ou meta) de todos os seres. Neste sentido, a concepção teleológica de Aristóteles se remete à essência de cada ser, a uma teleologia interna dos entes naturais. A causa final faz o objeto mover-se e até transformar-se, procurando a perfeição, e esta só se realiza na medida em que ele cumpre a função para o qual foi designado em essência. Essa mesma concepção será aplicada na sua obra Ética a Nicômaco, na proposição de que o ser humano tem como finalidade intrínseca buscar a sua própria felicidade. A teleologia é o estudo filosófico dos fins, do propósito, objetivo ou finalidade. Embora o estudo dos objetivos possa ser entendido como se referindo aos objetivos que os homens se colocam em suas ações, em seu sentido filosófico, teleologia refere-se ao estudo das finalidades do universo e, por isso, a teleologia é inseparável da � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia" \o "Teologia" �teologia� (a afirmação de que um ser superior, Deus, realiza seus propósitos no universo). Suas origens remontam aos � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitos" \o "Mitos" �mitos� e à � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o" \o "Religião" �religião�, com sua noção de que todo acontecimento e todas as coisas são causadas pela vontade de alguma entidade � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobrenatural" \o "Sobrenatural" �sobrenatural� (deuses, Deus, espíritos). � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o" \o "Platão" �Platão� e � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles" \o "Aristóteles" �Aristóteles� elaboraram essa noçãodo ponto de vista filosófico. No � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9don" \o "Fédon" �Fédon�, Platão afirma que a verdadeira explicação de qualquer fenômeno físico deve ser teleológica. Ele se queixa daqueles que não distinguem entre as causas necessárias e causas suficientes das coisas, que ele identifica, respectivamente, como a causa material e a causa teleológica. Ele diz que os materiais que compõem um corpo são condições necessárias para seu movimento e ação de uma determinada maneira, mas que os materiais não podem ser condições suficientes para seu movimento e ação, que seriam determinados pelas finalidades impostas pelo � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Demiurgo" \o "Demiurgo" �demiurgo� (Deus-artesão). � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles" \o "Aristóteles" �Aristóteles� desenvolveu a ideia de � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidade" \l "As_quatro_causas_de_Arist.C3.B3teles" \o "Causalidade" �causa final� que ele acreditava que era explicação determinante de todos os fenômenos. Sua ética afirmava que o Bem em si mesmo é o fim a que todo ser aspira, resultando na perfeição, na excelência, na arte ou na virtude. Todo ser dotado de razão aspira ao Bem como fim que possa ser justificado pela razão.
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