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Encefalites Conceito A encefalite é uma inflamação que ocorre no cérebro e que pode ter consequências graves se não for tratada corretamente. Ela geralmente é provocada por agentes infecciosos como vírus, bactérias, parasitas e fungos, que podem ser transmitidos das mais variadas maneiras. Por afetar o núcleo do nosso sistema nervoso central que a encefalite é considerada uma condição tão grave e delicada. Sem atendimento e tratamento adequados, ela pode deixar sequelas em decorrência do inchaço do tecido cerebral e de eventuais hemorragias que são desencadeadas neste processo. É bastante rara, por que o cérebro é extra-protegido pelo sistema imunológico. Causas da encefalite A inflamação pode ser desencadeada tanto pela infecção direta de um microrganismo no cérebro quanto como uma resposta à infecções em outros lugares do corpo. Além disso, existem casos de encefalites de fundo autoimune. Embora possa ser facilmente resolvida pela natureza autolimitada das infecções virais, a encefalite também pode causar sequelas graves em pacientes que não seguem o tratamento corretamente. Tipos Os tipos de encefalite são classificados com base no que as causou. Ela pode ser classificada de diferentes formas de acordo com sua origem e duração. ● Encefalite primária, que ocorre quando um vírus ou outro agente infeccioso afeta diretamente o cérebro ● Encefalite secundária, o problema está no sistema imunológico que se engana e, ao invés de atacar as células causadoras da infecção, ataca o tecido cerebral saudável. Ocorre de duas a três semanas após a infecção inicial. Encefalites primárias Virais Pode ser resultado de uma infecção direta ou como resposta do corpo a uma infecção em outros lugares. Dentro da encefalite infecciosa há outros dois tipos: a encefalite herpética e por arbovíris. Ela é quase sempre resultado da ação de um vírus diretamente no encéfalo, mas pode ser desencadeada por bactérias, fungos e outros agentes. Outras infecções também são capazes de desencadear um quadro de encefalite, apesar de mais raramente, como a poliomielite, sarampo, rubéola e a caxumba. Logo, a encefalite pode ser considerada contagiosa nesses casos, pois a transmissão do vírus acontece de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias, principalmente. Encefalite herpética O principal agente causador da encefalite é o vírus herpes simples. Tende a ser mais comum entre 20 a 40 anos de idade. O vírus consegue atravessar a resistência e chegar no sistema nervoso central, gerando uma resposta inflamatória local. O vírus herpes simples tipo 1 (bolhas no canto da boca) e o 2 (herpes genital), podem causar encefalite, sendo a tipo 1 mais rara que a tipo 2. A infecção cerebral por herpes simples pode levar à morte rapidamente se não for prontamente diagnosticada e tratada. Encefalite por arborvírus O vírus é transmitido pela picada de mosquitos ou carrapatos contaminados. Existem vários tipos de encefalites virais transmitidas por picadas de insetos. O vírus responsável por cada uma destas transmite-se através de um tipo de mosquito que se encontra em zonas geográficas específicas. Os hospedeiros do vírus são animais como: aves e porcos. Os vetores são os mosquitos ou carrapatos que se alimentam desses animais e ficam infectados. O vírus cresce e faz ciclos entre os hospedeiros e vetores. Os seres humanos ficam infectados através de picadas de mosquito. Na corrente sanguínea o vírus se replica e se houver uma quantidade suficientemente grande do vírus, o cérebro fica infectado. Em climas mais quentes, a doença pode ocorrer durante todo o ano. Encefalite secundária Encefalite autoimune Em alguns casos, o sistema imunológico passa a atacar a bainha de mielina — um tecido que envolve e protege as células nervosas. Isso acontece, geralmente, após infecções ou vacinas cujos microrganismos possuem proteínas muito parecidas com aquelas encontradas nesse revestimento dos nervos. Assim, o sistema imune se confunde e passa a atacar tecidos saudáveis, acreditando que ali há uma infecção. Os principais vírus que desencadeia essa reação são enterovírus, vírus de Epstein-Barr, HIV e os vírus da hepatite A e B. Esse problema pode ser desencadeado por diversos motivos, mas geralmente está relacionado a infecções agudas. CAUSAS A população que mais sofre são bebês, crianças, idosos e pessoas que tem o sistema imunológico enfraquecido, sendo que estes também sofrem mais sequelas. As causas exatas da encefalite ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que a grande maioria dos casos da doença acontece por meio de infecção viral. No entanto, também há casos de infecções por bactérias, parasitas, fungos e condições inflamatórias não infecciosas que também podem estar por trás de encefalite. Muitos tipos de vírus podem causar encefalite, e a exposição aos vírus causadores pode acontecer por meio de: ● Inspiração de gotículas respiratórias de uma pessoa infectada; ● Alimentos ou bebidas contaminadas; ● Picadas de mosquitos, carrapatos ou outros insetos; ● Contato com a pele; A encefalite resultante do vírus herpes simples é a maior razão de ocorrência de casos graves em todas as faixas etárias, inclusive recém-nascidos. Mas diversos vírus, para os quais já há vacina, também podem causar encefalite. Estes incluem: ● Sarampo ● Caxumba ● Poliomielite ● Hidrofobia ● Rubéola ● Varicela (Catapora) Outros vírus que causam encefalite são: ● Adenovírus ● Coxsackievírus ● Citomegalovírus ● Vírus da encefalite equina oriental ● Echo vírus ● Vírus do Nilo ocidental Os vírus podem causar uma inflamação do tecido cerebral, causando inchaço (edema cerebral). Isso pode levar à destruição das células nervosas, resultando em sangramento (hemorragia intracerebral) e dano cerebral – às vezes permanente. Outras causas de encefalite podem incluir: ● Reação alérgica a vacinas ● Doença autoimune ● Bactérias, como da doença de Lyme, Sífilis e tuberculose ● Parasitas como nematoides, cisticercose e toxoplasmose em pacientes com HIV e em outros que sofram de doenças que enfraqueçam o sistema imunológico ● Efeitos colaterais do tratamento do câncer Fatores de risco Embora qualquer pessoa esteja sujeita ao desenvolvimento da encefalite, os principais fatores de risco da doença são: Idade Existem alguns vírus que são mais frequentes durante a infância, enquanto outros acometem mais idosos. Isso pode ocorrer por conta de um sistema imunológico enfraquecido. Baixa resistência imunológica Pessoas com um sistema imunológico enfraquecido por algum motivo são mais suscetíveis a qualquer tipo de infecção, além de ficar mais fácil para os microrganismos chegarem no cérebro. Pessoas portadoras do vírus HIV, AIDS, pacientes que fazem uso de medicamentos imunossupressores ou, ainda, aqueles que têm uma condição de saúde que compromete o funcionamento do sistema imunológico (como no caso de doenças autoimunes) estão em maior risco de desenvolver encefalite. Regiões geográficas e épocas do ano Quando se trata de vírus transmitidos por mosquitos e carrapatos, algumas regiões e estações do ano podem ser um fatorde risco para a infecção. Isso porque esses animais têm predileção por áreas de clima quente, estando mais ativos durante o verão. Acomete regiões que não há saneamento básico adequado. Em regiões mais frias pode estar presente também, pois a disseminação dos vírus por secreções é maior. Crianças que recebem vacinas A tríplice viral, vacina contra sarampo, rubéola e caxumba, é um fator de risco para encefalite. Isso porque 1 em cada 3.000 crianças vacinadas desenvolvem a doença. No entanto, isso não é motivo para deixar de tomar a vacina: antes que ela estivesse disponível, essa proporção era de 1 em cada 1.000 crianças. Por ser causada por diversos vírus e microrganismos, a encefalite é transmissível sim. O que varia, nesse caso, é a maneira de transmissão. Alguns dos vírus causadores do problema são transmitidos através da saliva e gotículas respiratórias, outros podem ser por meio de alimentos e bebidas contaminados, enquanto ainda há alguns que são transmitidos em contato direto com a pele. Dependendo da região geográfica, a encefalite pode ser resultado de uma zoonose, ou seja, os vírus, bactérias ou protozoários podem ser transmitidos por meio de picadas de insetos e carrapatos. Sintomas mais comuns Os sintomas são muito variados, mas quando começam a acontecer em conjunto e fora do normal do indivíduo, é possível perceber que algo está errado. Os principais sintomas da encefalite são a dor de cabeça, sonolência, febre e confusão mental. Numa situação mais grave, podem acontecer até perda de memória, uma crise convulsiva, fraqueza muscular ou paralisia. Em casos de encefalite moderada, os sintomas podem ser parecidos com os de outras doenças, inclusive: ● Febre não muito alta ● Dor de cabeça ● Baixa energia e pouco apetite. Outros sintomas incluem: ● Caminhar descoordenado e cambaleante ● Confusão e desorientação ● Sonolência ● Irritabilidade ou pouco controle do humor ● Sensibilidade à luz ● Costas e pescoço rígidos (ocasionalmente) ● Vômito. Alguns pacientes podem apresentar sintomas de resfriado ou de infecção estomacal antes dos sintomas clássicos de encefalite. Os sintomas da encefalite podem variar bastante, dependendo da causa e da parte do cérebro afetada. Num geral, pacientes com encefalite podem apresentar: ● Febre; ● Dor de cabeça; ● Sensibilidade à luz (fotossensibilidade); ● Fraqueza; ● Vômito; ● Convulsão. Apesar desses sintomas bem amplos, dependendo da áreas afetadas, alguns sintomas mais específicos são: ● Alucinações; ● Má coordenação motora; ● Lentidão nos movimentos; ● Rigidez no pescoço e nos membros; ● Confusão mental; ● Sonolência; ● Letargia — que pode evoluir para estupor e coma; ● Alterações visuais, auditivas e sensoriais; ● Problemas em formular e compreender a linguagem; ● Alterações hormonais como diabetes insípido, secreção inadequada de hormônio antidiurético, entre outros. Diagnóstico e exames necessários A avaliação será primeiramente os sinais mais óbvios, testando o reflexo, a fala, a memória e observando se há rigidez dos músculos ou outros problemas que possam indicar encefalite. Dependendo dos sintomas, o diagnóstico pode ser relativamente simples e importante para acelerar o tratamento, mas exames laboratoriais terão de ser feitos de qualquer maneira para confirmar o quadro. Análises do líquor (fluído cérebro espinhal, ou líquido cefalorraquidiano, obtido através de uma punção lombar), do sangue e da urina são importantes para averiguar a presença de agentes infecciosos. Exames de imagem através de ressonância magnética e tomografias do cérebro, ou um eletroencefalograma (EEG) também podem ser feitos. O exame físico minucioso, que poderá indicar: ● Reflexos anormais ● Aumento da pressão intracraniana ● Confusão mental ● Úlceras na boca ● Fraqueza muscular ● Rigidez do pescoço ● Sinais em outros órgãos, como fígado e pulmões ● Erupções cutâneas ● Problemas na fala. Tratamentos para encefalite As encefalites têm tratamento e a resposta depende do tempo entre o início dos sintomas e a introdução da medicação. Além da ingestão de líquidos e repousos para tentar aliviar os problemas e auxiliar o corpo no combate à infecção, são utilizados medicamentos diversos dependendo dos resultados dos exames e dos sintomas. Antivirais ou antibióticos dependerão do agente infeccioso encontrado. Se o paciente apresentar convulsões, devem ser administrados remédios anticonvulsivos. Além disso, analgésicos, sedativos, antipiréticos (para combater a febre) e corticoides também podem fazer parte do tratamento. Cuidados de Enfermagem Os principais objetivos do tratamento para encefalite são fornecer e reforçar cuidado assistencial (que inclui repouso, alimentação e ingestão de líquidos) para ajudar o organismo a combater a infecção e aliviar os sintomas. Medicamentos prescritos por médicos também podem ajudar, a exemplo de: ● Antivirais para tratar a encefalite de herpes ou outras infecções graves ● Antibióticos, caso a infecção seja decorrente de certas bactérias ● Medicamentos anticonvulsivos para prevenir convulsões ● Esteroides para diminuir o inchaço do cérebro ● Sedativos para tratar irritabilidade ou insônia ● Paracetamol e outros analgésicos para febres e dores de cabeça Caso a função cerebral esteja gravemente afetada pela infecção, intervenções como fisioterapia e fonoaudiologia podem ser necessárias após a doença ter sido controlada. No caso de HIV, medicamento anti retrovirais auxiliam o funcionamento do sistema imunológico e retardam a progressão da infecção. Quando há infecção por bactéria, podem ser administrados antibióticos. Corticóides (anti-inflamatórios) são utilizados para amenizar o inchaço do cérebro, que pode prejudicar o órgão por conta da pressão contra os ossos do crânio. Em caso de convulsões, a administração de anticonvulsivantes é frequentemente recomendada. Nos casos mais simples, a remissão da infecção se dá entre 1 e 2 semanas. Vale lembrar que, muitas vezes, o tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar, visto que o acometimento cerebral demanda acompanhamento próximo. Quando não é tratada adequadamente ou não responde ao tratamento, a encefalite pode causar sequelas graves. Isso porque o cérebro sofre inchaço e sofre pressão da caixa craniana, que pode levar à lesões em determinadas partes. Algumas dessas sequelas são: ● Paralisia muscular; ● Problemas de memória e aprendizagem; ● Dificuldades na fala e audição; ● Alterações visuais e sensoriais; ● Epilepsia; ● Movimentos musculares involuntários. Encefalite mata? Embora, na maioria das vezes, seja uma doença de curta duração e fácil resolução, a encefalite pode matar, em especial nos casos de crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas, que tem dificuldade em lutar contra o agente infeccioso. Isso acontece porque a pressão da inflamação cerebral aperta o tronco cerebral, parte do cérebro responsável por funções vitais como a respiração, batimentos cardíacos, entre outros. Ao danificar essa estrutura, tais funções param, causando a morte. Prognóstico O prognóstico da encefalite depende de diversos fatores como microrganismo causador, idade econdição do sistema imunológico. Pacientes que eram saudáveis antes da infecção tendem a não ter muitos problemas após a infecção. Já pacientes com o sistema imunológico comprometido como portadores de AIDS, câncer ou que fazem o uso de imunossupressores geralmente ficam com bastante sequelas. Quando se fala da encefalite por herpes simples não tratada, a taxa de mortalidade é de 50-75%. Além disso, quando o tratamento é tardio, praticamente todos os pacientes desenvolvem sequelas. Entretanto, quando há tratamento, a mortalidade cai para 20%, com sequelas iguais àquelas presentes no momento da primeira dose de antiviral. Estima-se que 40% dos sobreviventes tenham sequelas leves e moderadas como problemas de aprendizado, memória, epilepsia, anomalias neuropsiquiátricas, entre outras. Vale lembrar que pessoas que entram em coma devido à encefalite não necessariamente terão mais sequelas do que aquelas que não perderam a consciência. Existem muitos relatos de pacientes que acordaram do coma com poucas ou nenhuma sequela. Infecções por vírus transmitidos por insetos e carrapatos são bem piores, com sequelas parecidas com as de infecção por herpes simples sem tratamento. Prevenção São cuidados comuns que devemos tomar contra qualquer vírus: ● lavar as mãos constantemente; ● evitar lugares fechados e de pouca circulação de ar, ● utilizar repelentes e tomar medidas para impedir a reprodução do Aedes aegypti ● manter em dia as vacinas para os vírus citados acima que podem causar a encefalite. ● Sempre leve seus filhos ao médico ao apresentarem sintomas de doenças comuns da infância como sarampo, caxumba, entre outros; ● Não perca as campanhas de vacinação infantil contra sarampo, caxumba, rubéola, catapora, gripes, poliomielite, entre outras; ● Vacinas contra o vírus H. influenzae B, meningococo e pneumococo podem ajudar na prevenção da encefalite como complicação dessas infecções. 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