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Contrato de Jogo e Aposta - trabvalho civil 3

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Contrato de Jogo e Aposta
 
INTRODUÇÃO:
A sociedade humana evoluiu e o Direito cuidou de disciplinar as principais e mais recorrentes condutas a fim de solucionar ou evitar litígios.
A amplitude da dinâmica contratual não possui ordem somente quantitativa. Nos últimos anos, os contratos diversificaram-se e especializam-se em multiplas modalidades. O tamanho desse fenômeno contratual se enfatiza quanto mais acentuada for a necessidade social de contratar.
Caminha-se, nesse trabalho, sobre as disposições próprias do contrato de jogo e aposta: sua conceituação, natureza jurídica e as espécies de jogo.
 1- Conceito:
  Os contratos de jogo e aposta se identificam quanto sua natureza jurídica, todavia com conteúdos distintos. A referida matéria é tratada nos arts. 814 a 817 do Código Civil de 2002.
Jogo é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa quantia determinada ou coisa de natureza diversa de dinheiro àquele que resulta vencedor na prática de uma atividade intelectual ou física.
Aposta é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas prometem quantia ou equivalente me razão de opinião sobre determinado tema, fato natura ou ato de outrem. Credor de aposta será aquele cuja opinião coincidir com o que for considerado real ou verdadeiro.
De forma geral, a característica básica das dívidas de jogo e aposta    é sua natureza de obrigação natural. Destarte, o art. 814 é expresso ao afirmar que as dívidas decorrentes de jogo ou da aposta não obrigam o pagamento. Porém, solvida a obrigação, não há direito a repetição.
O principal efeito da obrigação natural consiste na validade de seu pagamento, pois o art. 882 do Código Civil admite a validade de seu pagamento. E mais. Não se pode repetir o que se pagou para cumprir obrigação jurídica inexigível.
É importante destacar que a dívida natural refere-se aos jogos ilícitos ou lícitos, sem distinção. Àquelas obrigações oriundas dos jogos ou apostas legalizadas são obrigações cíveis, com débito e responsabilidade, portanto, exigíveis.
 2- Natureza jurídica:
  Jogo e aposta são contratos aleatórios, pois no primeiro o resultado decorre da participação dos contratantes. Na aposta, o resultado não depende das partes, mas de um fato alheio e incerto. São bilaterais ou sinalagmáticos, uma vez que geram obrigações para ambos os contraentes. São contratos onerosos e com conteúdo de obrigação natural.
3- ESPÉCIES DE JOGO:
      OS JOGOS E AS APOSTAS PODEM SER LEGAIS OU REGULAMENTADOS, LIVRES OU TOLERADOS E LÍCITOS E PROIBIDOS. PARA OS CONTRATOS PROIBIDOS OU TOLERADOS, APLICA-SE O DISPOSTO NO ART. 814:
“as dívidas de jogo e aposta não obrigam o pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganho por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.”
Conclui-se que não há direito a recobrar pelo o que se pagou em razão de aposta ou jogo. É bem-feito o pagamento da obrigação natural, porém, não há ação para que adimplemento seja coativo como nas obrigações cíveis.
É inconcebível que alguém se aproveite da fraqueza alheia, ainda que, em razão do negócio, agiu com dolo; nem é permitido que se abuse da ausência ou diminuto entendimento do menor ou do interdito.
Os jogos que dependem da destreza física ou intelectual são considerados lícitos. São prontamente proibidos os jogos no quais o ganhar ou perder dependem exclusivamente da sorte.
O Decreto-lei n 9.215/66 proíbe também as apostas sobre cavalos de corridas fora de hipódromos ou de local autorizado, bem como as outras competições esportivas.
No entanto, a Súmula 362 do Supremo Tribunal Federal declara:
 “A condição de ter o clube sede própria para a prática de jogo lícito não obriga a ser proprietário do imóvel.”
Em relação ao disposto no art. 814, a norma alcança qualquer contrato que envolva ou encubra reconhecimento, novação ou fianças de dívidas de jogo. Assim, paga a dívida com título de crédito, mesmo que ocorra novação, aplica-se o referido artigo. É importante notar que a nulidade não pode ser oposta a terceiro de boa-fé.
O novo Código Civil, no art. 814, parágrafo segundo, é expresso quanto o tratamento referente aos jogos proibidos e permitidos:
“O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.”
Portanto, não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou em relação ao jogo tolerado e nos jogos proibidos. Serão, todavia, consideradas obrigações civis e plenas as decorrentes de jogos e apostas legais e regulamentadas, como as oriundas das loterias federais e estaduais.
De acordo com o art. 814, parágrafo terceiro, do Novel Diploma Civil:
“Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares.”
À luz do art. 815, o empréstimo com o fim específico para o jogo e aposta, quando no referido ato, não permite o reembolso da quantia eventualmente emprestada. A finalidade do empréstimo sofre restrição de exigibilidade assim como na obrigação natural.
É importante destacar que, a referida nulidade alcança apenas o ato se o empréstimo é feito no momento da aposta e do jogo. O legislador visou preservar o individuo que contrai empréstimo na euforia da disputa lúdica que acirra a cupidez e incrementa o vício. Todavia, se o empréstimo é contraído antes do jogo ou aposta, não suporta a eiva. Sob essa ótica não há diferença entre os jogos lícitos e ilícitos. A disposição não alcança o empréstimo cujo fim era o de saldar dívidas dessa natureza. Conclui-se que é coibido o empréstimo para jogar, não para saldar as dívidas de jogo. E mais. Empréstimo tomado em momento anterior ao ato de jogar, fora do recinto do jogo, em tese não se insere na dicção da lei.
Nas sábias palavras de Clóvis Beviláqua:
“As dívidas contraídas para obter; antecipadamente, meios de jogar, ou apostar; ou para pagar o que se fixou a dever em razão de jogo e da aposta, não se consideram de jogo, e são exigíveis.”
Acerca do assunto conclui Sílvio de Salvo Venosa:
” Referidos princípios legais não são aplicáveis aos jogos regulados e admitidos legislativamente pelo Estado (“...), bem como concursos e sorteios legalmente autorizados.”
4- Contratos diferenciais:
   ORLANDO GOMES CONCEITUA CONTRATOS DIFERENCIAIS COMO
 “os contratos de venda pelos quais as partes não se propõem realmente a entregar a mercadoria, o título, ou o valor, e a pagar o preço, mas, tão só, à liquidação pela diferença entre o preço estipulado e a cotação do bem vendido no dia do vencimento.”
 O Pretérito Diploma Cível mantinha em mesmo nível os contratos de jogo e os contratos diferenciais, cuja nomenclatura versa sobro, por exemplo, títulos de bolsa, mercadorias ou valores, em que se estipulava a liquidação exclusivamente pela a diferença entre o preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento.
Pontes de Miranda acrescenta que o negócio jurídico de diferença será ilícito se a lei só o admitir por meio de corretor oficial ou Bolsa. Para que se formate o negócio diferencial, é precípuo que as partes convencionem expressamente a álea constante da diferença.
Contudo, o novo Código Civil, no art. 816, prescreve que:
 “as disposições dos arts. 814 e 815 não se aplicam aos contratos sobre títulos de bolsa, mercadorias ou valores, em que se estipulem a liquidação exclusivamente pela diferença entre o preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento do ajuste.”
 Conclui-se que o art. 816 não se aplica os dispositivos referentes ao jogo e aposta aos contratos de títulos sobre bolsa, mercadorias ou valores, em que se estipule a liquidação exclusivamente pela diferença entre o preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento. Terão essas obrigações, portanto, plena natureza de dívida civil.
 5- Sorteio:
 A utilização do sorteio está definida no art. 817 do Código Civil que proclama que o sorteio para dirimirquestões ou dividir coisas comuns, será considerado o sistema de artilha, ou o processo de transação, observado o caso.
O sorteio utilizado para dirimir questões ou dividir coisas comuns, não é equiparado ao jogo, pois, em tal hipótese, não existe o lucro ou perda, mas sim um critério determinado pelos interessados.
O referido sistema é utilizado pelo Direito em diversas situações, tais como: sorteio de jurados; na promessa de recompensa (art. 858); na partilha hereditária; na transação (art. 840 SS).
Referências Bibliográficas:
Diniz, Maria Helena. Código civil anotado – 14 ed. rev. e atual. - São Paulo: Saraiva 2009
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3 : contratos e atos unilaterais – 8 ed. – São Paulo : Saraiva, 2011
Venosa, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie – 13 ed. – São Paulo: Atlas, 2013. – (Coleção direito civil; v. 3)

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