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A NOVA ESTRUTURA ESTATUTÁRIA NO DIREITO ECLESIÁSTICO

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A NOVA ESTRUTURA 
ESTATUTÁRIA NO 
DIREITO 
ECLESIÁSTICO 
nos termos da LEI 
10.825/03 
 
 
 
 
 
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Desde 1916, quando foi promulgada a Lei 3.071 de 1º de janeiro 
de 1916 (mais conhecida como CÓDIGO CIVIL), as igrejas, 
embora organismos extremamente específicos, eram obrigadas a 
se sujeitar às normas direcionadas às ASSOCIAÇÕES para 
estabelecerem seus critérios de organização. 
O referido Código Civil designava, no artigo 16 e seguintes, os 
procedimentos e parâmetros para instituição das sociedades 
religiosas, porém, o fazia de forma extremamente genérica. 
Com o advento da promulgação do NOVO CÓDIGO CIVIL, em 10 
de janeiro de 2002, as organizações religiosas chegaram a 
acreditar que vivenciariam algo novo no que tange à organização 
documental e organização prática de suas igrejas. 
Isto porque, o Novo Código Civil, regulamentou a forma de 
constituição das pessoas jurídicas denominadas Associações. 
No artigo 44, a nova Lei indica quem são as pessoas jurídicas de 
direito publico, listando as associações no inciso I e, nos artigos 
53 a 61 do novo Código Civil, estão consignados os requisitos de 
constituição, organização, administração e dissolução 
especificamente das associações. 
Faltava, sem dúvida, especificação sobre quais as pessoas 
jurídicas são consideradas associações. Ou, em se falando de 
igrejas, faltou a especificação das organizações religiosas como 
pessoas jurídicas, ou, como associações. 
E, não obstante a toda a alteração sacramentada na nova Lei, 
consignou-se ainda, no artigo 2031, prazo de 01 (um) ano para 
que todas as pessoas jurídicas se adequassem ao novo 
regramento. 
Ou seja, isto significava dizer que todas as igrejas deveriam 
alterar seus estatutos, já que se encaixavam na condição de 
associações, ainda que por exclusão. 
Neste contexto, muitas igrejas se movimentaram, acionaram 
seus assessores jurídicos, surgiram literaturas e muito se fez 
com o intuito de se regularizar a situação jurídica destas 
organizações religiosas. Foram meses de muito burburinho. 
 
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E neste caminhar, profissionais da área concluíram que as 
mudanças eram rígidas e não traziam qualquer benefício às 
Igrejas. Estava difícil trazer a realidade da igreja, um órgão tão 
específico, dotado de regramentos e doutrinas tão peculiares, à 
luz da nova legislação, com algum resultado prático produtivo. 
Ou seja, parecia que todo o trabalho era em vão. Mas se era para 
ser feito, que o fosse. 
Porém, na contramão de tudo que vinha sendo debatido 
negativamente à nova legislação, eis que surge um Projeto de 
Lei, que, aprovado pelo Congresso Nacional, originou a Lei nº 
10.825, promulgada em 22/12/2003. 
Tal Lei deu nova redação aos artigos 44 e 2031 do Novo Código 
Civil, definindo que: 
“Art. 1o Esta Lei define as organizações religiosas e os 
partidos políticos como pessoas jurídicas de direito 
privado, desobrigando-os de alterar seus estatutos no 
prazo previsto pelo art. 2.031 da Lei no 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 - Código Civil. 
 Art. 2o Os arts. 44 e 2.031 da Lei nº 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002, passam a vigorar com a seguinte 
redação: 
Art. 44. (São pessoas jurídicas de direito privado:) 
... 
 IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação 
interna e o funcionamento das organizações religiosas, 
sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento 
ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu 
funcionamento. 
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se 
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da 
Parte Especial deste Código. 
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão 
conforme o disposto em lei específica." (NR) 
 
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"Art. 2.031.(As associações, sociedades e fundações, 
constituídas na forma das leis anteriores, terão o prazo de 
um ano para se adaptarem às disposições deste Código, a 
partir de sua vigência; igual prazo é concedido aos 
empresários.) 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às 
organizações religiosas nem aos partidos políticos." (NR). 
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.” 
Com a promulgação desta Lei, como se vê, as organizações 
religiosas foram inseridas como um ente diverso das associações, 
um ente jurídico próprio. 
 
E, ainda, estabeleceu-se total liberdade na criação, organização e 
estruturação interna da igrejas, as quais, a partir de então, 
estavam excluídas da obrigação de terem que ajustar seus 
estatutos na forma preconizada pelo Novo Código Civil e, 
consequentemente, estavam desobrigados de cumprir o prazo de 
01 ano para as respectivas regularizações. 
Criou-se, portanto, a figura de uma verdadeira instituição 
religiosa. 
Ora, o Evangelho, base para toda a Igreja Evangélica, não pode 
ficar restrito à Leis humanas, embora, é certo, deva respeita-las, 
como determina o próprio Evangelho. 
Mas, cada igreja deveria, e em razão da Lei 10.825/03 
agora pode instituir suas próprias normas de organização, 
sempre com base na sua Doutrina e Visão. 
Não há mais a obrigatoriedade das Igrejas terem que 
estabelecer seus ordenamentos e sua forma de 
organização com base nas diretrizes elencadas nos artigos 
53 a 61 do Novo Código Civil, já que deixam de ser meras 
Associações. 
Isto significa que as Igrejas, por exemplo, podem - ou 
não - abrir mão da supremacia das decisões oriundas de 
Assembléia Geral (o que, muitas vezes, até em face do 
grande crescimento que as Igrejas Evangélicas vêm 
experimentando, se tornava irreal ou impraticável). 
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Isto significa que as Igrejas, por exemplo, podem 
resolver, inclusive, problemas de cunho jurídico-
trabalhista, em especial quanto à obreiros, líderes e 
principalmente pastores, na medida que estes podem ser 
inseridos em classificação de cargos, sem, 
necessariamente, assumirem função de administração ou 
que lhes permitam tomar decisões separadamente. 
Significa também, dentre outras diversas possibilidades, 
que as Igrejas podem estabelecer regras que lhes afastem 
do risco de grupos de dissensões serem levantados dentro 
da Igreja, com poder de decisão, evitando contendas e 
divisões, o que é abominável ao Senhor. 
Esta Lei ainda não é conhecida por muitas organizações 
religiosas, o que tem feito com que muitos pastores fiquem 
presos à uma situação já ultrapassada. 
Porém, há que se ressaltar, que a nova Lei não deve ser 
interpretada nem utilizada como uma ferramenta para 
realizações e vontades pessoais, em descontrole e 
descumprimento às questões Bíblicas, no que tange à ordem, 
decência e, principalmente, respeito aos membros 
freqüentadores das igrejas e à Palavra de Deus. Há que se 
utilizar a Lei para que a Igreja, a Noiva de Cristo, pode ser 
instituída da maneira mais eficaz possível para que seu propósito 
maior propagação do Evangelho - seja alcançado. 
Ora, acima de tudo e de qualquer Lei, nós, evangélicos, líderes 
ou profissionais da área do direito, temos que nos lembrar que 
Deus é quem deve sempre, sempre, reger e direcionar todos os 
caminhos das nossas igrejas. Afinal, a Ele todo o Poder, toda 
Honra e Toda a Glória, para sempre. 
Amém! 
 
 
 
 
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