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GESTÃO FINANCEIRO E CONTROLADORIA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS Ricardo Guaritá ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato.pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 2 Análise de investimentos em ações e fundos - Apostila Apresentação Esta disciplina busca compreender os principais objetivos das instituições que necessitam de gerenciamento de riscos – tais como os bancos, por exemplo. Aqui, identificaremos a importância desse estudo dentro do contexto da economia brasileira para uma boa gestão de investimentos em ações e fundos. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Analisar a dimensão do gerenciamento de risco, sua integração e sua importância na gestão de investimentos em ações; 2. Diferenciar risco de retorno; 3. Explicar a melhor forma de escolha de ativos para uma adequada composição da carteira de investimentos; 4. Usar os instrumentos do mercado de derivativos para controle do risco. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 3 Aula 1: Risco Introdução Nos últimos anos, os administradores passaram a ficar mais atentos ao fato de que suas empresas poderiam ser atingidas por riscos que fugiam de seu controle. Em alguns casos, mudanças bruscas em variáveis financeiras e econômicas – como as taxas de câmbio e de juros – trouxeram efeitos devastadores para as estratégias corporativas e de performance das instituições. Para tentar se proteger desses riscos, muitas empresas se lançaram no mercado de derivativos, usando instrumentos como contratos futuros, opções e swaps, os quais, sem uma meta definida, podem se tornar muito perigosos. Mesmo envolvidas em um processo de gestão de risco, tais entidades empresariais não possuíam um conjunto claro de objetivos para um sistema de controle de risco. Nesta aula, veremos o quanto essa etapa de gerenciamento é necessária. Objetivo 1. Identificar os principais tipos de risco sujeitos às organizações. Resumo do conteúdo Nesta aula: • Identificamos a importância do gerenciamento de riscos na economia; • Definimos o conceito de risco; • Conhecemos os tipos de risco de uma instituição financeira; • Entendemos a relação entre risco e retorno; • Diferenciamos risco sistemático do não sistemático. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 4 Conteúdo Gerenciamento de risco Ultimamente, o gerenciamento de risco tornou-se um instrumento indispensável à sobrevivência das atividades das instituições no mercado financeiro. O aumento da volatilidade nos mercados financeiros mundiais e o avanço da teoria financeira contribuíram muito para o aumento da demanda por produtos de gerenciamento de risco. Mas o conhecimento da existência do risco não é suficiente para gerenciá-lo. A equipe de uma instituição financeira encarregada de fazer isso deve identificar seu grau de exposição ao risco. A metodologia adotada precisa, então, ser aceita e assimilada. Uma boa alternativa é utilizar o conceito de Value at Risk (VaR), a partir do qual consideramos os efeitos da diversificação e do hedge, além de precisar os resultados da não linearidade advindos de portfólios que contêm opções. Antes de implementarmos qualquer sistema de gerenciamento de risco em uma corporação financeira, temos, necessariamente, de identificar os tipos de risco a que ela está exposta. Além disso, para atingirmos o nível ideal nesse processo, devemos realizar um razoável investimento inicial em equipamentos, em banco de dados e em qualificação de pessoal. Um bom gerenciamento de risco agrega valor às organizações, tornando-as mais seguras por conhecerem sua situação frente ao risco. Dessa forma, as empresas se sentem em uma posição favorável diante de seus concorrentes. Mas o que é, exatamente, risco? Vamos descobrir? Atenção A regulamentação dos bancos centrais de todo o mundo é baseada no modelo de cálculo do VaR. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 5 Risco, retorno e incerteza No mercado financeiro, usamos três conceitos muito importantes sobre investimento. São eles: Risco Volatilidade de resultados não esperados ou estimativa para as possíveis perdas de uma instituição financeira, devido às incertezas que envolvem suas atividades diárias. Em outras palavras, trata-se da avaliação numérica dessas incertezas, a medida da incerteza em relação ao retorno esperado. O risco é um problema de probabilidade que pode ser medido por meio de processos estocásticos. Retorno Medida numérica da apreciação do capital investido ao final de um horizonte de tempo. O retorno de um ativo é, portanto, sua variação de preço em determinado intervalo de tempo. Incerteza Estado de dúvida com relação ao retorno que se espera obter ao final do período de investimento. Diferente do risco, a incerteza representa um conceito subjetivo que NÃO pode ser medido diretamente. As noções apresentadas estão interligadas e se relacionam da seguinte forma no mercado financeiro: Conheça, a seguir, os tipos de risco. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 6 Tipos de risco As corporações – tanto as empresas financeiras quanto as não financeiras – estão expostas a vários tipos de risco que, na maioria das vezes, estão interligados. Os mestres e autores de livros sobre risco costumam classificá-lo de acordo com sua origem e subdividi-lo em fatores com base em seus efeitos sobre os ativos e passivos das empresas. Sendo assim, podemos resumir os tipos de risco em: Risco de negócio Aquele que é inerente ao negócio no qual a empresa ou a pessoa está envolvida e que depende das características próprias desses agentes, bem como de fatores internos. Este tipo de risco se relaciona com: • A inovação tecnológica; • A propaganda e o preço do produto; • A concorrência; • A legitimidade e a legalidade do produto etc. Risco estratégico Aquele que representa a possibilidade de perdas decorrentes de possíveis mudanças nas condições comerciais do mercado de atuação da indústria que serviram de base para a definição das estratégias do agente – empresa ou pessoa. Essas mudanças não costumam ser previstas quando da definição: • De objetivos; • Da área de atuação; • Da expansão dos negócios;• De tudo aquilo que diga respeito às decisões estratégicas da corporação. Além das características inerentes ao negócio, os planos estratégicos consideram, também, as condições de entorno – tais como infraestrutura pública e ambientes físico, econômico e político. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 7 Risco econômico Aquele que afeta, ao mesmo tempo, todos os agentes econômicos em um sistema, independente do setor de indústria e da estratégia de atuação desses agentes. Assim como o risco estratégico, o econômico também está vinculado às condições econômicas do entorno, tais como: • A política econômica dos governos; • Os eventos políticos; • Os tratados internacionais; • As crises econômicas globais ou locais etc. Risco financeiro Aquele que está relacionado às possíveis perdas no mercado financeiro resultantes de movimentos em variáveis financeiras, como, por exemplo, as taxas de câmbio e de juros. Para entender melhor o conceito de risco dentro do mercado financeiro, analise um exemplo matemático de Desenvolvimento de métrica de risco. Relação entre risco e retorno Vamos considerar que tenhamos identificado a fronteira eficiente de diversos ativos, em número suficiente, para permitir afirmar que representam o próprio mercado. Agora, vamos acrescentar a essa carteira a possibilidade de se adquirir, também, partes adequadas de um ativo livre de risco, cujo retorno representasse a menor remuneração que um investidor aceitaria para aplicar seus recursos. O gráfico a seguir ilustra essa situação: ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 8 Para entender o gráfico que representa a relação entre risco e retorno, clique aqui. A teoria apresentada tem alguns pressupostos fortes e pouco prováveis de serem observados na prática. Por exemplo, o modelo admite que qualquer investidor possa tanto emprestar quanto tomar emprestado à taxa livre de risco. Outra premissa é que poderíamos comprar qualquer quantidade – fracionária ou inteira – de qualquer ativo. Mas, nas relações entre ativos, supomos que as variâncias e covariâncias são constantes, e os retornos dos ativos seguem a distribuição normal de probabilidade. Todos os agentes que atuam no mercado possuem as mesmas expectativas e informações sobre os ativos desse mercado. Desconsiderar tais fatos pode levar o analista a cometer enganos na avaliação dos riscos de investimentos. Risco sistemático e não sistemático Vamos observar, agora, o comportamento do preço de um ativo ao longo do tempo, comparando-o com a variação de um índice de mercado que represente o movimento médio de todos os seus demais ativos. Em muitos momentos, o preço do ativo segue a mesma tendência do mercado e, eventualmente, toma direções erráticas, divergindo do movimento dos outros ativos. Os gráficos a seguir apresentam dois ativos que, na maioria do tempo, seguem o mercado: ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 9 Se nos detivermos nos detalhes desses gráficos, notaremos que os movimentos pequenos não são exatamente iguais aos movimentos do mercado. Isso fica mais evidente no gráfico 2. Com base na observação anterior dos comportamentos dos preços dos ativos, os cientistas financeiros resolveram aceitar a divisão dos riscos que afetam determinado ativo em duas partes, de tal forma que o risco total seja a soma delas. Sendo assim, temos a seguinte equação de risco: RISCO TOTAL = risco sistemático + risco não sistemático Graficamente, podemos representar a divisão do risco desta forma: Risco específico, não sistêmico ou não sistemático (diversificável) Risco único para cada empresa, que independe da economia política. Se a diversificação for eficiente, ele pode ser reduzido ou minimizado. Como exemplos desse risco, podemos citar a entrada de um novo concorrente e as novas tecnologias, que podem tornar determinado produto obsoleto. Risco sistêmico ou sistemático (não diversificável) Risco global do mercado resultante de mudanças na economia do país ou em fatores que afetam, ao mesmo tempo, todos os agentes do mercado. Conforme veremos nas próximas aulas, o valor desse risco é dado pelo coeficiente Beta (β) e não pode ser eliminado através de diversificação. Além ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 10 disso, ele reflete o grau de sensibilidade do título ao risco da economia como um todo. Como exemplos desse risco, podemos citar as alterações de alíquotas de imposto pelo governo e as mudanças na situação de energia mundial. Referências desta aula ROSS, S.; WESTERFIELD, R. Princípios de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SECURATO, J. R.; SECURATO, J. C. Mercado financeiro – conceitos, cálculo e análise de investimentos. 3. ed. São Paulo: Saint Paul, 2009. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 11 Exercícios de fixação Questão 1 Sobre o gerenciamento de riscos, é INCORRETO afirmar que: a) Os investidores devem observar os riscos sistemático e diversificável. b) O nível de exposição da carteira é uma informação gerencial necessária à alta gestão. c) A inadequada gestão de riscos pode ser, muitas vezes, pior, pois traz a falsa sensação de segurança e de controle das posições da carteira. d) É necessário fixar limites e avaliar o desempenho dos operadores, analisando a alocação de recursos e identificando áreas com maior potencial de retorno por unidade de risco. e) Não é necessária a transparência interna das políticas e dos procedimentos em relação ao controle de risco, já que os funcionários não devem achar brechas e espaços para aumentar o risco das carteiras. Questão 2 De acordo com que estudamos nesta aula, podemos definir risco como: a) A medida de incerteza em relação ao retorno esperado. b) A possibilidade remota de atuarmos no mercado externo. c) Um conceito subjetivo que não pode ser medido diretamente. d) A variação dos retornos de um ativo medida pelo desvio-padrão. e) A possibilidade de perdas decorrentes de possíveis mudanças nas condições que serviram de base para a definição das estratégias do agente. Questão 3 O princípio básico do controle de risco de mercado de uma carteira de ativos é: ANÁLISE DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES E FUNDOS 12 a) Manter seu valor constante, uma vez que o objetivo é obter ganhos no longo prazo. b) Controlar seu nível de provisão e de perdas para compensar os ganhos no curto prazo. c) Medir e controlar sua exposição, uma vez que a volatilidade do mercado não é controlável. d) Medir e controlar sua volatilidade, uma vez que a exposição ao mercado não é controlável. e) Aumentar o número de suas operações através de operações de bolsa, de câmbio e de juros, pois a correlação diminui pela diversificação. Questão 4 Sobre o risco de um ativo, podemos afirmar que: a) O risco sistemático de um ativo é o risco intrínseco. b) O risco sistemático de uma carteira pode ser totalmente eliminado pela diversificação. c) Quanto maior o risco de determinado ativo em relação a outro, maior será o retorno obtido por esse ativo. d) A diversificação de uma carteira feita através da correlação negativa dos ativos elimina totalmente o risco. e) O risco não sistemático de determinado ativo não influencia os demais ativos do portfólio, e não é possível eliminá-lo pela diversificação. Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - E Questão 2 - A Questão 3 - C Questão 4 - E Questão 5 - A Conteudista Ricardo Guaritá é Mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), cursou MBA Executivo em Finanças no Instituto Brasileiro de Mercadode Capitais (IBMEC) e é Graduado em Economia pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). Já exerceu os seguintes cargos em algumas empresas: analista sênior da unidade de gestão de riscos, analista sênior da divisão de gestão dos fundos de investimentos e gerente de divisão de gestão dos fundos de renda fixa. Atualmente, é analista de investimentos II. Além disso, é professor assistente da Universidade Estácio de Sá (UNESA) e atua nas modalidades presencial e a distância no curso de Graduação em Economia e na Pós-Graduação. Nessa instituição, também leciona as disciplinas de Gestão de Riscos Financeiros, Administração de Fundos e Carteiras, Finanças Corporativas, Mercados Derivativos e Economia Monetária no curso de Gestão Financeira do Instituto Politécnico. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2955114431214990. Apresentação Aula 1: Risco Introdução Objetivo Resumo do conteúdo Conteúdo Gerenciamento de risco Risco, retorno e incerteza Tipos de risco Relação entre risco e retorno Risco sistemático e não sistemático Referências desta aula Exercícios de fixação Aula 2: Cálculo de risco e decisão de investimentos Introdução Objetivo Resumo do conteúdo Conteúdo Beta da carteira e sua interpretação Risco, retorno e incerteza Revisão estatística Capital Asset Pricing Model (CAPM) Desenvolvimento do CAPM Índice de Performance Risco de uma Carteira Desvio padrão da carteira e o benefício da diversificação Fronteira Eficiente Premissas do processo de análise de carteiras desenvolvido por Markowitz Aprenda Mais Referências desta aula Exercícios de fixação Aula 3: Mercado de derivativos Introdução Objetivo Resumo do conteúdo Conteúdo Mercado Derivativos Hedge Swap Aspectos gerais referentes à negociação dos Swaps Swap de taxa de juros Mercado de Opções Opções de Compra (CALL) Operações com Opções Classificação de Opções Aprenda Mais Referências desta aula Exercícios de fixação Aula 4: Títulos do governo e risco de crédito Introdução Objetivo Resumo do conteúdo Conteúdo Títulos Públicos Federais Títulos do governo e risco de crédito Risco de Crédito Valor Presente Líquido Definição do tipo de crédito Venda ao público Venda a empresas Crédito concedido por instituições financeiras Métodos para avaliar o risco de crédito Aprenda Mais Referências desta aula Exercícios de fixação Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Aula 2 Exercícios de fixação Aula 3 Exercícios de fixação Aula 4 Exercícios de fixação Conteudista