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AULA CIENCIA POLITCA - TGE AS CATEGORIAS DO CAMPO POLITICO

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AS CATEGORIAS DO CAMPO POLÍTICO
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FORMAS DE ESTADO E ALGUNS ASPECTOS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
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FORMAS DE ESTADO – organização territorial (caracterização usual) 
ESTADO UNITÁRIO
FEDERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO
Estado Unitário Centralizado
Estado Unitário Descentralizado
Estado Bifacetado
Estado Multifacetado
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ESTADO UNITÁRIO: caracterização geral
ESTADO UNITÁRIO CENTRALIZADO: é caracterizado e definido como o Estado onde inexiste, em sua organização interna, qualquer tipo de repartição político-administrativa – neste tipo de Estado o poder político emana de um único foco de projeção, sem qualquer repartição, ou entidade descentralizada;
ESTADO UNITÁRIO DESCENTRALIZADO: é aquele em que há efetiva repartição de atribuições entre a parte centralizada e as descentralizadas, realizada através da outorga de normas às comunas, departamentos etc. – a repartição de competências nesse tipo de Estado se dá exclusivamente no nível administrativo (França, Itália, Portugal).
OBS: Os Estados Unitários que existem atualmente são descentralizados, uma vez que a complexidade político-administrativa atual torna inadequada a organização estatal unitária centralizada.
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ESTADO FEDERAL (caracterização geral):
Por definição, o Estado Federal é aquele no qual está assegurada, em Constituição, autonomia político-administrativa às partes descentralizadas (Estados-membros, Províncias, territórios etc.) – para a maioria dos estudiosos do assunto, a federação é reputada como a forma de Estado mais moderna;
Na origem da concepção federada de Estado (aquela que se configura a partir da independência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte), desenvolveu-se a noção conceitual de AUTONOMIA que permitiu (e permite) a construção de um Estado PLENO e ÚNICO a partir da manutenção de várias PARTES COMPONENTES, com RELATIVA INDEPENDÊNCIA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA – Não é permitida, em uma FEDERAÇÃO, a secessão de qualquer uma das unidades federadas.
A autonomia das partes descentralizadas de uma federação se constitui como AUTONOMIA POLÍTICA (eleição de representantes legislativos e executivos), AUTONOMIA ADMINISTRATIVA (gerenciamento da coisa pública no âmbito local), AUTONOMIA FINANCEIRO-TRIBUTÁRIA (geração própria e independente de recursos econômico-financeiros), AUTONOMIA LEGISLATIVA (produção de leis por órgãos locais), AUTONOMIA JUDICIÁRIA (aplicação das leis garantida por órgão próprio).
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CONFEDERAÇÃO (caracterização geral):
O termo CONFEDERAÇÃO refere-se a uma forma de união entre Estados, diferindo-se, todavia, de uma simples ALIANÇA DE ESTADOS – o que distingue a CONFEDERAÇÃO de uma ALIANÇA DE ESTADOS é que em uma ALIANÇA não existe a exigência de que os Estados contraentes criem órgãos comuns para a execução de seus acordos, enquanto que, na CONFEDERAÇÃO, os ESTADOS que a compõem instituem um órgão político, de caráter DIPLOMÁTICO, composto de representantes de cada Estado, com a função de tomar decisões de interesse comum. 
No sistema confederativo, os Estados não reconhecem qualquer poder superior e conservam suas SOBERANIAS integralmente – as pressões centrífugas exercidas pelos poderes particulares dos Estados tendem a prevalecer sobre as tendências centrípetas expressas pelos órgãos confederativos.
Os órgãos centrais das CONFEDERAÇÕES carecem de uma autoridade própria e respeitam a independência dos Estados associados, sendo, portanto, obrigados a aceitar a dinâmica dos interesses dos Estados, sem que possa controlá-los – tais órgãos acabam por refletir as contradições que caracterizam, muitas vezes, as demandas dos membros da CONFEDERAÇÃO.
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OBSERVAÇÕES A RESPEITO DA FORMA FEDERADA DE ESTADO
São exemplos atuais de Estados Federais a maioria dos principais Estados americanos, tais como, os Estados Unidos, a Argentina, o México, a Venezuela e o Brasil, além de alguns Estados europeus cuja unificação ocorreu tardiamente, como no caso da Alemanha (cuja formação/unificação como Estado Nacional se consumou em 1870), ou onde a anterior união confederada evoluiu para a forma federada (Suiça);
A forma federada estatal surgiu a partir da necessidade de se forjar um Estado forte e único após a independência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte, preservando cada uma delas sua individualidade em vários aspectos, particularmente, GOVERNO PRÓPRIO e ELEMENTOS ADMINISTRATIVOS, LEGISLATIVOS e JUDICIÁRIOS;
A participação das partes descentralizadas (províncias, estados, comunas) se dá por intermédio de uma Câmara (ou Conselho) de ratificação (ou revisão), com representatividade igualitária para todas as províncias – isto quer dizer quer dizer que a integração das partes descentralizadas no poder central se dá em um órgão superior, organizado junto ao poder central, que, representando os interesses das partes descentralizadas, permite que participem diretamente da elaboração dos regramentos normativos federais, ratificando, de forma permanente, o PACTO FEDERATIVO (Senado Federal).
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TIPOS DE FEDERAÇÃO:
Quanto à sua origem (formação):
Quanto à sua complexidade intrínseca:
Quanto ao grau de autonomia de suas partes componentes:
Natural ou voluntária: as partes componentes, por vontade própria e estipulando um regramento comum (consensual) formam a federação: EUA e Suiça;
Artificial ou compulsória: o poder central, normalmente derivado de um Estado Unitário Descentralizado, resolve por decisão soberana, criar partes componentes, dotando as eventuais províncias ou regiões de plena autonomia: Brasil;
Bifacetada: existe apenas o poder central e o poder local exercido por um único tipo de parte componente (Estado-membro, por exemplo);
Multifacetada: existe o poder central e o poder local, sendo este exercido por mais de um tipo de parte componente, dotada cada qual com DIFERENTES GRAUS DE AUTONOMIA (Estado-membro, Território, Municípios);
Plena ou efetiva: tipo de federação em que a autonomia concedida às partes descentralizadas é ampla (EUA, Suiça);
Restritiva ou mitigada: tipo de federação em que a autonomia concedida às partes é restrita (Brasil).
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OBSERVAÇÕES A RESPEITO DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO
O federalismo brasileiro, embora só tenha sido inaugurado, sob a ótica legal-constitucional, em 15 de novembro de 1889, já era ensaiado, algum tempo antes, como uma das reivindicações do Manifesto Republicano de 1870;
A forma federativa se estabeleceu no Brasil já na Constituição Provisória da República, outorgada em 22 de julho de 1890, pelo governo provisório e posteriormente ratificada pela primeira Constituição de 24 de fevereiro de 1891;
Com a exacerbação do grau de autonomia das partes descentralizadas durante a República Velha, editou-se em 07 de setembro de 1926 uma emenda constitucional que buscava revigorar o poder central, através do fortalecimento da União;
Com o advento da Constituição de 1934 reafirmou-se o princípio federalista com algumas inovações peculiares, tais como, a instituição de representação proporcional e a transformação do Senado Federal em Casa Legislativa assessora da Câmara dos Deputados;
A Constituição de 1937, que inaugurou o Estado Novo, reforçou a concentração de poderes (reduzindo, de sobremaneira, a autonomia das partes descentralizadas), o que fez com que muitos autores afirmassem que a federação brasileira deixou de existir entre 1937 e 1945;
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O advento da Constituição de 1946 reafirmou/recuperou os avanços conquistados pela Constituição de 1934, reconduzindo o Brasil, sob a ótica substantiva, para a forma federativa de Estado;
A constituição “revolucionária” de 1967 praticamente não alterou a essência da federação brasileira, ainda que sua vigência tenha sido abruptamente interrompida pela crise político-militar de dezembro de 1968, ocasião em que foi editado o Ato Institucional 5, atribuindo ao Executivo maiores poderes em face das inúmeras tentativas de desestabilização da “revolução”, uma vez que a constituição de 1967, de incontestável feição liberal, não guardava, à época, todos
os dispositivos necessários à luta contra a subversão;
Com a extensão da vigência do AI 5 por dez anos e com a edição paralela da Emenda Constitucional 1 de outubro de 1969, verificou-se uma elevada concentração de poderes no nível central, o que deu à federação brasileira um perfil muito peculiar;
A partir do final dos anos 1970 e ao longo da década de 80, gradativamente processou-se uma desconcentração gradativa de poderes que culminou com a promulgação da Constituição de 1988 e com a qual se verificou uma rápida e inovadora recuperação da federação brasileira, elegendo o MUNICÍPIO como PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO ao lado da UNIÃO, dos ESTADOS e do DISTRITO FEDERAL – com o status de ente federativo, o MUNICÍPIO BRASILEIRO passou a ser autônomo e ter competência para criar a sua LEI ORGÂNICA.
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
A atual constituição brasileira, no que tange à organização do Estado, firma a divisão tripartite dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) como poderes independentes e agindo harmonicamente entre si, sem que algum deles atue como instância de “fiscalização” e/ou de “supervisão” dos demais.
No que se refere aos direitos e garantias individuais e coletivas, a constituição de 1988 se apresenta como o texto constitucional mais garantista de toda a nossa história constitucional.
Ainda no que se refere à organização do Estado brasileiro, nossa atual constituição estabeleceu que a organização dos entes federativos se baseiam nos seguintes documentos:
Constituições – no caso dos Estados-membros e do Distrito Federal.
 Leis Orgânicas – no caso dos municípios.
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Características fundamentais da Federação Brasileira atual:
FEDERAÇÃO INTEGRATIVA: a federação brasileira objetiva a inserção dos entes federados mais atrasados no conjunto nacional, ainda que esta realidade integrativa tenha sido minimizada com o advento da Constituição de 1988 que outorgou maior autonomia às partes descentralizadas;
FEDERAÇÃO ORGÂNICA: a federação brasileira, diferentemente da norte-americana, caracteriza-se pela rigidez e pela concepção de poderes superpostos, devendo os entes federados organizar-se à imagem e semelhança da União – nesse sentido, a hieraquia das leis passa a ser um princípio basilar, que, sem anular a questão das diferentes competências estabelecidas pela Constituição, funciona como um elemento de RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NORMATIVOS;
FEDERAÇÃO MULTIFACETADA: a federação brasileira se constitui pela reunião de diferentes partes descentralizadas (entes federados) dotados de autonomia própria) – 26 estados-membros, um Distrito Federal com representação no Senado) e mais de 5000 municípios);
FEDERAÇÃO IMPERFEITA E RÍGIDA: a federação brasileira se formou a partir da iniciativa do poder central e com um perfil rígido (sobretudo a partir da emenda constitucional de 07 de setembro de 1926), na qual a autonomia das partes descentralizadas é restrita quando comparada com a federação norte-americana.
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FORMAS DE GOVERNO (QUEM COMANDA)
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Governo e formas de governo: algumas caracterizações preliminares
Em uma primeira abordagem do conceito de governo, próxima de uma linguagem política mais corrente, pode-se defini-lo como o conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a orientação política de uma determinada sociedade - em uma segunda acepção do termo governo, ele pode ser entendido não apenas como o conjunto de pessoas que detêm o poder de governo, mas o complexo de órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder, constituindo o Governo, desta forma, um aspecto do Estado.
A classificação mais antiga das formas de governo que se conhece é a de Aristóteles baseada no número de governantes - segundo Aristóteles haveria três espécies de governo e três formas “degeneradas”: a REALEZA, A ARISTOCRACIA E A DEMOCRACIA (ou república de acordo com alguns tradutores) degenerando-se em TIRANIA, OLIGARQUIA E DEMAGOGIA.
Segundo Maquiavel, em sua obra “Os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Livio”, haveria um ciclo de governo pelo qual passariam todos os povos: estado anárquico, monarquia “eletiva”, monarquia hereditária, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia e anarquia - para que isto fosse evitado, ou seja, para que as degenerações fossem evitadas dever-se-ia conjugar aspectos da monarquia, da aristocracia e da democracia em um só governo. Em sua outra obra “O Príncipe”, Maquiavel percebe que, para o Estado Moderno, somente existiriam duas formas de governo possíveis: a república e a monarquia.
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Características fundamentais das monarquias contemporâneas:
VITALICIEDADE: não há tempo certo para o exercício do governo do monarca.
HEREDITARIEDADE: a escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de sucessão - a regra é a hereditariedade, tendo existido casos de monarquias eletivas.
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OBSERVAÇÕES A RESPEITO DA FORMA MONÁRQUICA DE GOVERNO
As monarquias da Europa da Idade Moderna – do século XV/XVI ao século XVIII – além da HEREDITARIEDADE e da VITALICIEDADE também apresentavam como características a ILIMITABILIDADE do poder e a INDIVISIBILIDADE das funções de mando, além da IRRESPONSABILIDADE JURÍDICO-POLÍTICA, o que significa dizer que o monarca não tinha responsabilidade política, não devendo explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos da adoção desta ou daquela orientação política
Já nas monarquias contemporâneas, limitadas por CONSTITUIÇÕES – desde o final do século XVIII – os poderes dos monarcas foram progressivamente reduzidos, até que com a adoção do sistema parlamentarista, foram afastados das funções de governo, exercendo tão somente CHEFIAS DE ESTADO, já que os governos passaram a ser exercidos por GABINETES DE MINISTROS.
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Características fundamentais da república:
TEMPORARIEDADE: o Chefe de Governo recebe um mandato com prazo de duração predeterminado.
ELETIVIDADE: o Chefe do Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária ou qualquer outra forma que impeça o povo de participar da escolha.
RESPONSABILIDADE: o Chefe de Governo é politicamente responsável, ou seja, deve prestar contas de sua orientação política, ou ao povo, ou a um órgão de representação popular.
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SISTEMAS DE GOVERNO: PRESIDENCIALISMO, PARLAMENTARISMO E SEMIPRESIDENCIALISMO
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A RESPEITO DOS SISTEMAS DE GOVERNO
Em ciência política, o sistema de governo é a maneira pela qual o poder político é dividido e exercido no âmbito de um Estado. 
O sistema de governo varia de acordo com o grau de separação dos poderes, indo desde a separação estrita entre os poderes legislativo e executivo (presidencialismo), de que é exemplo o sistema de governo dos Estados Unidos da América, até a dependência completa do governo junto ao legislativo (parlamentarismo), caso do sistema de governo do Reino Unido.
O sistema de governo adotado por um Estado não deve ser confundido com a sua forma de Estado (Estado unitário ou federal) ou com a sua forma de governo (monarquia, república etc.).
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Características básicas do presidencialismo:
O Presidente da República concentra em si a Chefia de Estado e a Chefia de Governo.
A chefia do executivo é unipessoal: a responsabilidade pela gestão/organização do poder executivo cabe exclusivamente ao Presidente da República.
O Presidente da República é escolhido pelo povo – as eleições para o Executivo são separadas das eleições para o Legislativo.
O Presidente da República é escolhido por prazo determinado.
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A RESPEITO DO PRESIDENCIALISMO II
 O Presidente da República é escolhido pelo povo e por um prazo determinado, não dependendo do VOTO DE CONFIANÇA dos representantes dos eleitores no Parlamento.
 Podemos dizer que um dos elementos definidores do presidencialismo é a reivindicação de PLENA LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA por parte do Presidente – superior mesmo à legitimidade do Parlamento – com claros componentes plebiscitários.
No presidencialismo, o Legislativo pode se constituir
em uma OPÇÃO POLÍTICA EM OPOSIÇÃO À DO PRESIDENTE – em se tratando de sufrágio direto para a escolha do Presidente, em um REGIME DEMOCRÁTICO, é possível que ocorra a eleição do chefe do executivo sem o apoio dos líderes partidários e/ou da elite política.
Podem ser percebidas duas premissas opostas, constantes das constituições presidencialistas:
 Um poder executivo dotado de importantes níveis de poder e de estabilidade com legitimidade popular, contrapondo-se ao particularismo dos interesses do Congresso.
 Fixação de mecanismos destinados à limitação do portencial arbítrio que emanaria do caráter personalista do poder presidencial – dentre eles a proibição de reeleição do presidente.
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DO PRESIDENCIALISMO
 A eleição presidencial tem um caráter de SOMA-ZERO, tratando-se, na verdade, de uma ESCOLHA PLEBISCITÁRIA que concede todas as prerrogativas ao vencedor.
 Por força do dispositivo anterior, a oposição desempenha papel ambíguo em função da bidimensionalidade do cargo presidencial – por exemplo, no presidencialismo, os candidatos derrotados não podem se dirigir ao presidente da mesma forma que os líderes da oposição se dirigem ao primeiro-ministro em um regime parlamentarista, uma vez que o presidente é chefe de Estado.
 Em decorrência do mandato fixo e no caso de não existir reeleição, a desconfiança em relação a um provável sucessor pode gerar um sentido de urgência que pode levar a políticas mal-elaboradas, a uma implementação muito rápida de tais medidas, à impaciência com a oposição, a gastos que poderiam ser melhor distribuídos em um tempo mais longo.
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Características básicas do parlamentarismo:
Distinção entre Chefia de Estado e Chefia do Governo – voto popular para o Legislativo que define a composição do Gabinete (Primeiro-Ministro e auxiliares)
Chefia do Governo com responsabilidade política.
Possibilidade de dissolução do Parlamento.
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A RESPEITO DO PARLAMENTARISMO I
 O PARLAMENTARISMO resultou de um longo processo evolutivo histórico, não tendo sido previsto por qualquer teórico e nem tendo se constituído como objeto de um movimento político determinado.
 As características do PARLAMENTARISMO foram se definindo paulatinamente, até que, por volta do final do século XIX, chegou-se à forma bem definida e bem sistematizada do chamado “parlamentarismo do tipo inglês”.
 A Inglaterra pode ser considerada o berço do parlamentarismo e é possível dizer que suas origens remontam à segunda metade do século XIII - 1265 – quando então um nobre francês, Simon de Monfort, neto de avó inglesa e amigo de barões e eclesiásticos ingleses, liderou uma revolta contra Henrique III, promovendo uma reunião que é apontada por muitos como a origem do Parlamento.
 Mesmo com a morte de Simon de Monfort, a reunião de cavaleiros, cidadãos e burgueses manteve-se – conservando-se o perfil político que marcara a primeira reunião – e no ano de 1295, o rei Eduardo I oficializou tais reuniões, consolidando a criação do Parlamento.
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A RESPEITO DO PARLAMENTARISMO II
 O Chefe de Estado não participa das decisões políticas, exercendo a função de representação do Estado, sendo o Chefe de Governo considerado figura política central pois é ele que exerce o poder executivo .
 O Chefe de Governo, aprovado pelo Parlamento, pode ou não tem mandato com prazo determinado podendo ser demitido por perda de maioria parlamentar ou por voto de desconfiança.
Possibilidade de dissolução do Parlamento, o que pode ocorrer quando o Primeiro Ministro conta com uma pequena maioria e acredita que novas eleições poderão ampliar esta maioria ou quando o Primeiro Ministro recebe voto de desconfiança e entende que o Parlamento é que está em desacordo com a vontade popular - nestes casos, o Primeiro Ministro solicita ao Chefe de Estado que convoque novas eleições gerais.
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Características básicas do semipresidencialismo:
O presidente é eleito pelo voto popular e o Legislativo pode ou não escolher o chefe de governo (primeiro-ministro, chanceler, presidente do conselho de ministros).
O chefe de Estado (o presidente) é dotado de poderes institucionais mais expressivos do que no parlamentarismo – na França é o presidente que escolhe o primeiro-ministro.
A gestão do governo é feita de forma compartilhada entre o presidente e o primeiro-ministro – o presidente nomeia e demite ministros de acordo com a recomendação do primeiro-ministro.
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REGIMES POLÍTICOS: DEMOCRÁTICOS, AUTORITÁRIOS, TOTALITÁRIOS
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REGIME POLÍTICO:
Um regime político deve estar sempre ligado a ideia e aos fins formadores da sociedade, permitindo que todos seus cidadãos sintam que o Estado nada mais é que a encarnação do espírito da sociedade em uma instituição política.
Um regime político pode ser entendido como a consecução da ordem política, em sua dinâmica e de acordo com determinados princípios de organização referentemente às relações entre a comunidade e o poder.
É a forma de exercer a dimensão política do ser humano organizando: 
- as relações entre o poder institucionalizado e a comunidade; 
- os fins a que esta comunidade propõe-se a alcançar; 
- os meios utilizados para tanto, de modo a atingir o bem de todos naquilo que todos têm em comum dentro desta mesma comunidade. 
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REGIME DEMOCRÁTICO:
É, acima de tudo, um ideal, um princípio fundamental, algo que deve ser aceito por todos os participantes - No regime democrático esse ideal não é determinado, é abstrato, no sentido de permitir uma pluralidade de interpretações
Em um regime verdadeiramente democrático, separarmos os fins do Estado dos meios que serão utilizados para atingir esses fins. 
O regime democrático consiste na possibilidade de que todas as pessoas que vivem dentro da comunidade possam, utilizando sua razão, interpretar os fins do Estado e aplicar esta interpretação na realidade. Porém essa possibilidade de interpretação não é ilimitada, deve consistir em uma interpretação desses fins consensuais, caso contrário os participantes do regime estarão quebrando as regras do jogo. 
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
 O regime democrático possui dois aspectos. Um substancial e outro formal. 
O primeiro pode ser identificado pela substância valorativa que um Estado possui. O conjunto de regras, costumes e valores que os membros de um Estado respeitam e buscam praticar no seu dia a dia. 
Já o aspecto formal se caracteriza pelas ferramentas utilizadas para expressar o aspecto substancial. Entre esses podemos citar as eleições, os direitos políticos e todos os instrumentos jurídicos que possibilitam aos cidadãos praticarem os valores e fins aos quais estão submetidos enquanto membros do Estado. 
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REGIME AUTORITÁRIO:
Regime político com pluralismo político limitado, não responsável, sem ideologia orientadora e elaborada, sem mobilização política extensiva ou intensiva, exceto em alguns pontos do seu desenvolvimento e no qual um líder ou, ocasionalmente, um pequeno grupo exerce o poder dentro de limites formalmente mal definidos, mas, na realidade, bem previsíveis.
Em um regime autoritário a ideologia do regime é uma mentalidade, uma visão (opinião) parcial de valores ou de interesses (por exemplo, o nacionalismo, patriotismo, desenvolvimentismo, segurança nacional, etc...) de conteúdo vago, apoiado mais em emoções do que em uma visão racional como ocorre no totalitarismo. São ideias mais restritas e peculiares, de difícil exportação para outros Estados que não aqueles onde elas lograram surgir.
No autoritarismo não há necessariamente um partido institucionalizado, pois o partido ou grupo que exerce o poder, o faz e maneira irresponsável e não competitiva. Permite ainda um pluralismo social, embora limitado, salvo naquilo que direta ou indiretamente ameace o controle político da pessoa ou da elite que detém o poder.
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REGIME TOTALITÁRIO:
O totalitarismo é uma experiência política que se refere a alguns tipos de governo estabelecidos na Europa do
pós-Primeira Guerra. O termo foi primeiramente cunhado pelo filósofo Giovanni Amendola, que definiu o regime totalitário enquanto auge de um processo onde um indivíduo ou partido político passa a controlar o Estado. No entanto, o totalitarismo também pode ser definido por meio de uma relação com a sociedade onde os indivíduos têm suas vidas intimamente controladas pelo governo. 
Na esfera política, o totalitarismo reprime sistematicamente a existência de diferentes grupos políticos divergentes da orientação oficial. Por isso, tais governos costumeiramente defendem a adoção de um sistema unipartidário, sendo nenhum outro grupo político reconhecido. 
Tendo a concentração de poderes como um de seus traços mais característicos, os governos totalitários estabelecem as forças armadas e policias como uma extensão do Estado - o totalitarismo também conta com uma ideologia sistematicamente reafirmada por meio de agências de propaganda. Por meio de uma propaganda massiva, o regime repete sistematicamente uma visão histórico-ideológica da nação. Geralmente, os líderes totalitários buscam reconstruir um “passado glorioso” que deve ser incessantemente glorificado enquanto exemplo a ser retomado. São regimes que buscam a “exportação” de suas ideologias.

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