Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autores: Prof. Adalberto Oliveira da Silva Profa. Camila Kimie Ugino Prof. Marcos Paulo de Oliveira Colaboradores: Nome Nome Nome Nome Nome Nome Nome Nome Nome Nome Macroeconomia Aberta Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Professores conteudistas: Adalberto Oliveira da Silva/Camila Kimie Ugino/ Marcos Paulo de Oliveira © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Z13 Zacariotto, William Antonio Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-006/11, ISSN 1517-9230. 1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título 681.3 ? Prof. conteudista: Adalberto Oliveira da Silva Mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Atualmente é professor adjunto da Universidade Paulista (UNIP) no curso de Ciências Econômicas e leciona disciplinas de Macroeconomia Aplicada, História Econômica Geral e Técnicas de Pesquisa em Economia. É técnico do Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos (Dieese), onde atua em pesquisas sobre mercado de trabalho. Suas áreas de interesse são: teoria econômica, desenvolvimento econômico, economia brasileira e políticas públicas. Também atua como revisor técnico no projeto da Biblioteca Universitária Pearson para a confecção de material didático de cursos superiores. Camila Kimie Ugino Mestre em Economia Política (2011), graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (2005) e cursando doutorado em Ciência Sociais com ênfase em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidade Paulista, ministrando disciplinas de Introdução à Economia, Economia Política, Economia Internacional e Economia do Setor Público. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia, dos Programas de Bem-Estar Social, Economia Política e Políticas Públicas. Atuou no mercado financeiro nos bancos Citibank, Unibanco e, nas áreas de planejamento corporativo e de risco, e em empresa privada em Campinas no ramo farmacêutico veterinário. Marcos Paulo de Oliveira Mestre em Economia Política, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e graduado em Ciências Econômicas, pela Universidade Paulista (UNIP). Leciona na UNIP desde o ano de 2002 nas disciplinas de Contabilidade Social, Elementos de Economia, Economia Brasileira, Economia e Gestão do Setor Público, Macroeconomia Fechada, Macroeconomia Aberta, Macroeconomia Aplicada, Ambiente Econômico Global, entre outras. Trabalhou no setor privado, na área de importação e exportação, e no setor público, com políticas públicas de geração de trabalho, emprego e renda, bem como na área de planejamento e gestão pública, como gerente de indicadores econômicos e sociais, e gerente de acompanhamento das receitas e dos gastos públicos. Seu principal objeto de pesquisa na área de Macroeconomia é mercado de trabalho e estratificação social. Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Rose Castilho Vitor Andrade Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Sumário Macroeconomia Aberta APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E SEUS PRINCIPAIS CONCEITOS ........................................................9 1.1 Balanço de pagamentos e taxas de câmbio .............................................................................. 13 1.1.1 Mercado cambial e taxas de câmbio............................................................................................... 15 1.1.2 Câmbio fixo ............................................................................................................................................... 16 1.1.3 Câmbio flutuante ou flexível ............................................................................................................. 16 1.1.4 Taxa real de câmbio ............................................................................................................................... 18 1.1.5 Gastos nacionais e gastos em bens nacionais ............................................................................ 20 1.1.6 O mercado de bens e serviços e seu equilíbrio: a curva IS em uma economia aberta ...................................................................................................................................................................... 22 1.1.7 Dilemas da política econômica ......................................................................................................... 23 1.1.8 Mobilidade de capital ............................................................................................................................ 24 1.2 Balanço de pagamentos e os fluxos de capitais ...................................................................... 25 2 POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL EM ECONOMIA ABERTA ............................................................. 27 2.1 O modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP ................................................................. 27 2.2 A determinação das principais variáveis do modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP ........................................................................................................................................ 30 3 MOBILIDADE DE CAPITAIS E SUA DINÂMICA ....................................................................................... 35 3.1 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial fixo .............................................................................. 35 3.2 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial flutuante .................................................................. 37 3.3 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial fixo ..............................................................................40 3.4 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial flutuante .................................................................. 43 3.4.1 Choques externos e regime de câmbio flexível: possibilidades de equilíbrios interno e externo ............................................................................................................................................... 46 4 A ABERTURA DOS MERCADOS DE BENS E FINANCEIROS .............................................................. 47 4.1 Bens domésticos e importados ....................................................................................................... 48 4.1.1 O conceito de taxas de câmbio multilaterais .............................................................................. 55 4.1.2 Registros contábeis no balanço de pagamentos ....................................................................... 58 4.2 Ativos nacionais e estrangeiros ...................................................................................................... 68 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade II 5 O MERCADO DE BENS EM UMA ECONOMIA ABERTA ...................................................................... 78 5.1 Curva IS em economias abertas ..................................................................................................... 78 5.2 Produto e balança comercial ........................................................................................................... 83 5.3 Variações de demanda interna e externa ................................................................................... 84 5.3.1 Política fiscal e cambial numa economia aberta ....................................................................... 88 5.4 Combinações de políticas fiscal e cambial ................................................................................. 92 5.5 A curva J ................................................................................................................................................... 94 5.6 Poupança, investimento e resultados externos ....................................................................... 97 6 O PRODUTO E AS TAXAS DE JUROS E DE CÂMBIO ............................................................................ 99 6.1 Equilíbrio no mercado de bens ....................................................................................................... 99 6.2 Equilíbrio nos mercados financeiros ...........................................................................................102 6.2.1 Moeda versus títulos ..........................................................................................................................102 6.2.2 Títulos domésticos versus títulos estrangeiros .........................................................................103 6.2.3 Mercados de bens e financeiros juntos .......................................................................................108 7 POLÍTICAS ECONÔMICAS EM ECONOMIAS ABERTAS .....................................................................110 7.1 Taxas de câmbio fixa e flexível ......................................................................................................113 7.1.1 Taxas de câmbio fixa e controle monetário .............................................................................. 123 7.2 Taxas de câmbio fixas e política fiscal .......................................................................................126 8 TAXAS DE CÂMBIO: REGIMES, AJUSTAMENTOS E CRISES ............................................................128 8.1 Regimes cambiais: custos e benefícios......................................................................................128 8.2 Ajustamentos da taxa de câmbio real .......................................................................................134 8.3 Crises cambiais ....................................................................................................................................140 7 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 APRESENTAÇÃO A disciplina de Macroeconomia Aberta tem como objetivo aprofundar os conhecimentos do aluno com os conceitos e métodos de cálculos das variáveis de determinação da renda nacional e do Produto Interno Bruto (PIB), com a participação do lado externo da economia, isto é, considerando a dinâmica do balanço de pagamentos e do saldo de reservas internacionais, que definem os regimes cambiais e as taxas de câmbio, variáveis primordiais para atingir os fundamentos macroeconômicos. Faz-se necessário analisar a questão do balanço de pagamentos e taxas de câmbio na determinação da renda, bem como perceber a questão cambial relacionada à taxa de juros, ao câmbio futuro, à entrada e saída dos fluxos de capitais e ao risco nas operações monetárias e financeiras. Portanto, estuda a dinâmica da economia interna e externa de um país, levando em conta as políticas econômicas fiscal, monetária e cambial. O modelo IS-LM, que faz a interligação entre o lado real e o lado monetário, passa agora a ser o modelo IS-LM-BP, sendo BP a curva do balanço de pagamentos, e apresenta os impactos das políticas econômicas em uma economia aberta. A disciplina se propõe a apresentar ao aluno as teorias e os principais modelos teóricos de determinação da renda e do produto nacional em uma economia aberta e as várias óticas de análise que levam em conta o câmbio e os objetivos de políticas econômicas que buscam os equilíbrios interno e externo de uma economia. Ao fim de cada unidade, o aluno poderá exercitar esses conceitos e teorias por meio da resolução de exercícios e também resgatar e fixar os conceitos-chave no resumo. Para abordar esse conteúdo, este livro-texto está dividido em duas unidades, conforme o programa de Macroeconomia Aberta. INTRODUÇÃO A disciplina de Macroeconomia Aberta trata das políticas monetária e fiscal em um contexto de economia aberta, ou seja, dadas as relações internacionais por meio da abertura dos mercados de bens e financeiros, e da relação do produto com as taxas de juros e de câmbio. Sobre taxas de câmbio, estudam-se os regimes de câmbio, seus regimes, ajustamentos e crises. É preciso estudar os principais fundamentos macroeconômicos por meio da oferta e demandas agregadas e do papel das políticas econômicas para compreender como são determinados os níveis de produção e emprego, bem como salários, desemprego e a inflação e seus ajustes. Considerando esse objetivo principal e o conhecimento prévio de outras disciplinas já estudadas, acredita-se que o estudante de macroeconomia seja capaz de usar esses conceitos para discutir e analisar, por exemplo, uma conjuntura econômica de forma mais ampla, isto é, não levando em conta apenas a dinâmica interna, mas o lado externo dessa mesma economia. Lembrando que esta disciplina não é trivial, pois uma das questões subjacentes da análise macroeconômica é refletir sobre as possibilidades de crescimento e desenvolvimento econômicos numa sociedade capitalista. Questão essa que requer o conhecimento detalhado da teoria macroeconômica, 8 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 uma vez que os conceitos devem ser aplicados numa determinada sociedade em um período específico, ou seja, há que se considerar a formação social e histórica. É bastante comum observar economistas discutindo e divergindo sobre como garantir crescimento econômico sem que haja um aumento do nível de preços, ou seja, sem que haja inflação. Ou ainda, sobre como garantir um crescimento estável sem desemprego dos fatoresde produção ou mesmo quais seriam os mecanismos de política econômica para superar uma crise. A macroeconomia garante embasamento teórico para responder a essas questões a partir das diversas teorias, desde as de cunho liberal e pró-mercado às intervencionistas, como a keynesiana. Veja que neste livro-texto trazemos a discussão sobre a taxa de câmbio, pois se supõe que a economia de um país seja aberta, isto é, seu desempenho tem relação econômica e social com outros países. Este material busca, de forma didática, apresentar as teorias e os principais modelos de forma a subsidiar elementos para responder tais questões do mundo real. Apresentaremos, sempre que necessário, a definição de taxa real e nominal de câmbio, bem como a estrutura e exemplos do balanço de pagamentos aplicados ao Brasil. Destacaremos também os modelos de definição da taxa real e nominal de câmbio, do produto e da conta-corrente do balanço de pagamentos no curto e no longo prazo, isto é, vamos evidenciar o modelo de determinação da renda em uma economia aberta por meio dos modelos IS-LM-BP, ou Mundell-Fleming, e AS-AD, ou Oferta-Demanda Agregadas, e o impacto das políticas econômicas. Portanto, iremos estudar as relações internacionais e seus principais conceitos, as políticas monetária e fiscal em economia aberta, com base no modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP, dentro dos casos de mobilidade perfeita de capitais e de mobilidade imperfeita de capitais. Estudaremos como funciona a abertura dos mercados de bens e financeiros, analisando a relação dos bens domésticos e importados, bem como dos ativos nacionais e estrangeiros, variações de demanda interna e externa, as combinações de políticas fiscal e cambial, poupança, investimento e resultados externos. Para encerrar, veremos o produto e as taxas de juros e de câmbio, e os possíveis ajustamentos de uma economia diante dos regimes cambiais e de crises econômicas. 9 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Unidade I 1 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E SEUS PRINCIPAIS CONCEITOS Inicialmente destacaremos as essenciais relações econômicas entre países, o que caracteriza uma economia aberta. Nenhuma economia ou país é autossuficiente, ou seja, todos os países precisam de fatores de produção, entre outras necessidades de outras nações. O fato de um país apresentar sua economia aberta não é algo novo. No início do século XX, sobretudo no pós-guerra, as economias evidenciam uma dinâmica por meio das variáveis internas (consumo, investimento e gastos do governo). Já ao fim do século XX, principalmente dos anos 1970 em diante, por meio das tendências de globalização e mundialização do capital, isto é, das variáveis externas (exportação, importação e movimento de capitais), ficou claro o quanto as economias são interdependentes, cuja dinâmica interna não é mais suficiente, sendo vital tornar o lado externo da economia mais dinâmico. Para facilitar o entendimento, estudamos a curva IS (investment-saving), que é a curva de equilíbrio do mercado de bens e serviços, isto é, a relação do investimento necessário (produção) com o nível de poupança disponível. Essa relação entre investimento e poupança determina o nível de produção e a taxa de juros. A soma dos gastos em consumo e investimentos privados e públicos são iguais à renda agregada. Em uma economia fechada, a equação da curva IS pode ser representada da seguinte forma: Y = C + cY + cTR + I – br + G Em que: Y é a renda agregada. C é o consumo agregado. cY é a propensão marginal a consumir em relação à renda. cTR é a propensão marginal a consumir quanto às transferências do governo. I é o investimento agregado. b é o coeficiente de sensibilidade do investimento sobre a taxa de juros. r é a taxa de juros. G é o gasto do governo em consumo e investimento públicos. 10 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Em uma economia aberta, mantendo as outras variáveis, a equação da curva IS pode ser representada da seguinte forma: Y = C + cY + cTR + I – br + G + X – Q Em que: X é a exportação agregada. Q é a importação agregada. Em que: Q = mY mY é a propensão marginal a importar em relação à renda. Exemplo de aplicação Dada a equação Y = C + cYd + cTR + I – br + G + X – Q e os valores a seguir, calcule e determine a renda de equilíbrio, o resultado fiscal e primário do governo e o saldo no balanço de pagamentos: C = 1.500 cYd = 0,80 cTR = 50 T = 0,20 I = 500 b = 1 r = 10 G = 250 X = 300 mY = 0,30 11 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Lembrando cada função: C = C + cYd + cTR T = tY Yd = Y – T Necessidade de Financiamento do Setor Público Conceito Primário (NFSPcp) = G – T BP = X – mY Temos: Y = 1.500 + 0,8(Y – 0,20Y) + 0,80(50) + 500 – 1(10) + 250 + 300 – 0,30Y Y – 0,8(Y-020Y) + 0,30Y = 1.500 + 0,80(50) + 500 – 1(10) + 250 + 300 Ao colocar Y em evidência, temos: Y[1-0,8(1-0,20) + 0,30] = 2.580 Y = 1/ [1-0,8(1-0,20) + 0,30] x 2.580 Em que : ∂ = 1/ [1-0,8(1-0,20) + 0,30] é o multiplicador de gastos Y = 1,5151 x 2.580 Y = 3.908,95 Ao encontrarmos a renda de equilíbrio, podemos calcular o resultado da Necessidade de Financiamento do Setor Público Conceito Primário e do balanço de pagamentos: NFSPcp = 250 – (0,20 x 3.908,25) NFSPcp = – 531,65, cujo resultado negativo expressa um superávit primário. BP = 300 – (0,30 x 3.908,95) BP = – 872,68, cujo resultado negativo representa um déficit externo. 12 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Lembrete A relação investimento e poupança representa apenas uma identidade, e não uma igualdade de causa e efeito. Sem renda, não há poupança e investimento, e, sem investimento, não há renda e poupança. Percebe-se que a economia aberta é uma extensão da economia fechada, em que a oferta total é a produção interna mais a importação de bens e serviços e a demanda total passa a ser os gastos internos mais a exportação de bens e serviços. Iremos ver essa equação mais adiante e de forma mais detalhada, mas é interessante já deixar claro como uma economia aberta pode ser caracterizada por meio da equação da curva IS. Portanto, uma economia aberta apresenta uma relação com outra economia e com o resto do mundo por meio de canais externos, cujo primeiro se dá pelo comércio de bens e serviços e o segundo, por meio de empréstimos e financiamentos. Esses canais são afetados por outras variáveis como a taxa de juros de cada país, que tem impacto sobre o nível de investimento interno, mas também sobre o financiamento interno por meio da compra e venda de títulos públicos brasileiros ou empréstimos nacionais e internacionais. Outro ponto que iremos tratar é a questão dos níveis de preços internos e externos e sua vinculação com a taxa de câmbio, isto é, o preço da moeda internacional em relação à moeda nacional ou doméstica. Aqui já podemos perceber que a política econômica de cada país é um fator relevante para as relações internacionais. Na macroeconomia fechada vemos que as principais políticas econômicas são a fiscal e a monetária, agora temos também a política cambial, que é essencial para a dinâmica do lado externo da economia como um todo devido ao fato de que os preços dos fatores de produção e de bens e serviços da economia doméstica e do resto do mundo afetam o Produto Interno Bruto (PIB) de ambas as economias. Para a economia brasileira, destacam-se dois eventos econômicos, sendo um externo e outro interno,mas ambos dentro de um cenário de economia aberta. O primeiro evento destaca os choques do Petróleo realizados pela Organização Produtora e Exportadora de Petróleo (Opep) nos anos de 1974 e 1979, cuja elevação do preço do barril de petróleo teve impacto em vários países, inclusive no Brasil. Já o segundo evento foi o plano brasileiro de estabilização econômica, denominado Plano Real, em julho de 1994, em que um dos principais instrumentos foi a âncora cambial e os fluxos de capitais. Esses fatos deixam claro a interdependência das economias dos diversos países e levam à necessidade de tentativas de decisões de política econômicas conjuntas, sendo essas tentativas um dos grandes desafios macroeconômicos, e, um bom exemplo é a região do Euro. 13 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Saiba mais O seguinte trabalho explica muito bem o Plano Real: SILVA, M. L. F. Plano Real e âncora cambial. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 3-24, jul./set. 2002. Disponível em: <http://www. rep.org.br/pdf/87-1.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2016. 1.1 Balanço de pagamentos e taxas de câmbio O balanço de pagamentos (BP) representa a contabilidade do lado externo da economia. Todas as transações dos residentes domésticos, isto é, dos agentes econômicos, com foco de interesse econômico permanente em um país com o resto do mundo são registradas no BP, que possui duas grandes contas com suas subcontas: • Conta-corrente: registra todo o comércio externo de bens e serviços e é composta pelas subcontas da balança comercial, balança de serviços, renda primária e renda secundária, que é a antiga subconta de transferências unilaterais. • Conta de capital: registra todas as compras e vendas de moeda e ativos financeiros e é formada pelas subcontas de investimento direto no exterior; investimento direto no país; investimento em carteira (ativos); investimento em carteira (passivos), derivativos (ativos e passivos); outros investimentos (ativos); outros investimentos (passivos); e ativos de reserva. O balanço de pagamentos adota o princípio das partidas dobradas, em que cada crédito equivale a um débito. Por exemplo: a variação do fluxo de reservas internacionais que são usadas para financiar gastos no exterior tem seu lançamento como débito ao denotar variação positiva e como crédito ao apresentar variação negativa. A inversão de sinais significa que a variação nas reservas é uma contrapartida dos fluxos reais e de capitais autônomos. O pagamento de uma exportação à vista ou a entrada de capitais resultam no aumento de reservas internacionais, se a troca de sinais não for mantida, e o BP não irá apresentar seu equilíbrio interno. O resultado do balanço de pagamentos poderá resultar em superávit ou déficit. “A regra simples para as contas do balanço de pagamentos é que a transação que dá lugar a um pagamento do residente de um país é um item de déficit no balanço de pagamentos daquele país” (DORNBUSCH; FISCHER, 1991, p. 204). Portanto, todas as compras de bens e serviços ou ativos monetários e financeiros internacionais, bem como as transferências de renda para o exterior, são operações que compõem um déficit e o inverso, as operações que compõem um superávit. 14 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Teoricamente, o saldo do BP deve tender a zero, mas, na realidade, teremos um superávit devido a, por exemplo, um maior valor exportado do que importado do exterior ou um déficit ao expressar um maior valor de importação do exterior. Lembrando que um superávit ou um déficit total do BP resultam das duas principais contas mencionadas e que uma das duas contas pode, teoricamente, “financiar” a outra. Por exemplo, um déficit nas contas-correntes pode ser financiado por um superávit na conta de capital e vice-versa, cuja soma das duas principais contas irá destacar o resultado do BP e a variação nas reservas. A tabela a seguir apresenta o balanço de pagamentos do Brasil dos últimos dois anos. Os valores são sempre em dólar americano, por ser a moeda do padrão monetário internacional. Tabela 1 – Balanço de pagamentos do Brasil em milhões de dólares Discriminação 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Transações correntes - 75 824 - 77 032 - 74 218 - 74 839 - 104 181 - 58 882 Balança comercial – balanço de pagamentos 18 491 27 625 17 420 389 - 6 629 17 670 Exportações 201 324 255 506 242 283 241 577 224 098 190 092 Importações 182 833 227 881 224 864 241 189 230 727 172 422 Serviços - 30 156 - 37 166 - 40 168 - 46 372 - 48 107 - 36 919 Viagens - 10 704 - 14 707 - 15 661 - 18 554 - 18 724 - 11 513 Transportes - 6 138 - 7 962 - 8 398 - 9 376 - 8 697 - 5 664 Aluguel de equipamentos - 13 718 - 16 682 - 18 736 - 19 056 - 22 629 - 21 532 Demais serviços 404 2 185 2 627 614 1 943 1 790 Renda primária - 67 055 - 70 475 - 54 308 - 32 538 - 52 170 - 42 357 Remuneração de empregados 498 567 511 511 357 349 Juros - 11 993 - 14 448 - 16 630 - 19 324 - 21 340 - 21 913 Lucros e dividendos - 55 560 - 56 593 - 38 189 - 13 726 - 31 187 - 20 793 Renda secundária 2 896 2 984 2 838 3 683 2 725 2 724 Conta capital 242 256 208 322 231 440 Conta financeira - 76 012 - 79 242 - 73 954 - 72 696 - 100 599 - 54 734 Investimentos – ativos 71 841 35 002 36 451 63 336 79 526 53 951 Investimento direto no exterior 26 763 16 067 5 208 14 942 26 040 13 498 Ativos de bancos - 599 - 5 200 3 787 4 536 - 1 435 - 1 056 Demais ativos1/ 45 677 24 135 27 456 43 859 54 922 41 509 Investimentos – passivos 197 065 172 878 129 279 129 995 192 525 113 704 Investimento direto no país 88 452 101 158 86 607 69 181 96 895 75 075 Ações totais3/ 37 671 7 174 5 602 11 636 11 773 10 030 Títulos negociados no mercado doméstico 17 516 5 250 11 373 30 957 27 068 16 296 Empréstimos e títulos de LP negociados no mercado externo 30 062 47 651 18 730 2 504 21 585 - 3 566 Ingressos 60 613 82 149 56 310 60 543 71 184 72 896 Títulos públicos 2 818 1 650 3 867 4 050 5 976 54 15 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Títulos privados 22 924 25 458 13 409 9 976 11 061 10 432 Empréstimos diretos 10 754 36 868 27 313 28 174 36 430 46 349 Demais empréstimos3/ 24 117 18 174 11 720 18 343 17 717 16 061 Amortizações 30 551 34 497 37 580 58 039 49 599 76 462 Títulos públicos 5 399 4 140 3 422 2 860 3 466 3 472 Títulos privados 9 293 4 746 7 477 11 990 11 341 15 152 Empréstimos diretos 4 649 8 658 13 900 27 285 19 360 41 022 Demais empréstimos3/ 11 210 16 954 12 782 15 903 15 431 16 816 Empréstimos e títulos de CP negociados no mercado externo 27 428 - 3 888 - 4 125 - 146 24 896 - 6 838 Demais passivos1/ - 4 064 15 532 11 093 15 862 10 308 22 706 Derivativos 112 - 3 - 25 - 110 1 568 3 450 Ativos de reserva 49 101 58 637 18 900 - 5 926 10 833 1 569 Erros e omissões - 430 - 2 466 57 1 821 3 351 3 708 Projeção. Em US$ bilhões. 1/ Inclui créditos comerciais. 2/ Inclui ações negociadas em bolsas de valores do Brasil e do exterior. 3/ Inclui créditos de agências e organismos. *Dados preliminares. Fonte: Bacen ([s.d.]). Percebe-se que, ao trabalharmos com economia aplicada, os resultadosnas duas principais contas resultam em déficit externo, isto é, não seguem a teoria de uma conta financiar a outra conta, ou seja, da conta de capital financiar a conta de transações correntes e vice-versa. Nesse caso, em que ambas as contas apresentam déficit, haverá movimentação de reservas internacionais, cujo valor nos últimos anos está acima de US$ 300 bilhões de dólares. 1.1.1 Mercado cambial e taxas de câmbio O mercado cambial é o local onde se dá a oferta e a demanda por moeda internacional, principalmente a oferta e demanda por dólares, cujos agentes econômicos que participam desse mercado são: Banco Central, corretoras de câmbio, departamentos bancários de câmbio e todos os demais agentes, como empresas e famílias, que por algum motivo ofertam ou demandam a moeda externa. Essa movimentação de compra e venda determina o preço da moeda estrangeira, que denominamos câmbio nominal. De forma simples, a equação do câmbio nominal pode ser apresentada da seguinte forma: e = R$ / 1,00 US$ Em que: e é o valor da taxa nominal de câmbio; 16 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I R$ é a quantidade de reais por um dólar; US$ é a quantia de 1 (um) dólar. Um bom exemplo são as famílias que irão viajar para a Disney e passam a demandar dólares para cobrir suas despesas em terras norte-americanas ou então empresas com dívida externa que demandam dólares para pagar essa dívida, entre outras operações que necessitam de moeda estrangeira, como o pagamento de importações. Oferta de dólares Demanda por dólares Câmbio nominal ou preço do dólar Quantidade de dólares Q US$ e Figura 1 – Mercado de câmbio O Banco Central, que é uma autoridade monetária, também é o agente econômico que controla o fluxo de moeda estrangeira de um país, devido a essa movimentação impactar na base monetária. Portanto, o Banco Central tem entre suas atribuições e competências intermediar a oferta e a demanda de moeda estrangeira como meio de pagamento para os agentes superavitários e deficitários no balanço de pagamentos e, para isso, determina o regime cambial vigente, isto é, qual o valor da moeda estrangeira no tempo, ou seja, a moeda estrangeira terá um valor fixo, conhecido como câmbio fixo, ou terá um valor flutuante ou que apresenta variação ao longo do tempo, chamado de câmbio flutuante ou flexível. 1.1.2 Câmbio fixo Em um regime de taxas de câmbio fixo, o Banco Central define o valor da moeda estrangeira em um único valor e faz operações de compra e venda dessa mesma moeda estrangeira para manter o seu valor constante. Se o Banco Central determinar que a moeda estrangeira, no caso US$ 1,00, equivale a R$ 2,00 reais, fará suas operações cambiais para manter esse valor constante, isto é, um câmbio nominal de R$ 2,00 reais ao longo do tempo. 1.1.3 Câmbio flutuante ou flexível Em um regime de taxas de câmbio flutuante ou flexível, o valor da moeda estrangeira é decretado pelo mercado, isto é, pela oferta e demanda por moeda estrangeira, em que o Banco Central não intervém, ou 17 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA seja, não define o valor do câmbio nominal. Dado um contexto de regime de câmbio flutuante, caso o Banco Central faça operações de compra e venda que alterem o valor do câmbio nominal, essa ação será considerada uma intervenção do Banco Central sobre o valor do câmbio nominal, cujo regime cambial será considerado como “flutuação suja” ou “taxas cambiais administradas” devido ao câmbio não ser determinado apenas pelo mercado, mas também pela intervenção do Banco Central na tentativa de influenciar a taxa de câmbio. O “economês” utiliza duas terminologias para descrever quando o valor do câmbio nominal ou preço do dólar em moeda nacional apresentam variações de alta e de baixa. Por exemplo, se o câmbio nominal está a R$ 2,00 para US$ 1,00 e passa para R$ 3,00 para US$ 1,00, dizemos que houve uma depreciação ou desvalorização da moeda doméstica, neste caso, o real, em relação ao dólar, pois passamos a precisar de mais unidades de reais (R$) para cada 1 (um) dólar (US$). Podemos ver esse movimento no gráfico a seguir, no qual, devido a um aumento da demanda por dólares, o preço de equilíbrio do câmbio nominal apresenta uma variação do ponto A para o ponto B, cujo valor do câmbio nominal aumenta de e1 para e2, resultando em uma desvalorização cambial por conta da necessidade de mais reais por apenas um dólar. Oferta de dólares Demanda por dólares 1 Demanda por dólares 2 Câmbio nominal ou preço do dólar Quantidade de dólares Q1 US$ Q2 US$ e 1 e 2 A B Figura 2 – Mercado de câmbio com movimento de desvalorização cambial Entretanto, se o câmbio nominal está a R$ 2,00 para cada US$ 1,00 e passa a valer R$ 1,50 para cada US$ 1,00, afirmamos que houve uma apreciação ou valorização da moeda doméstica, conforme ilustrado no gráfico a seguir. 18 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Oferta de dólares Demanda por dólares 1 Demanda por dólares 2 Câmbio nominal ou preço do dólar Quantidade de dólares Q1 US$Q2 US$ e 1 e 2 A B Figura 3 – Mercado de câmbio com movimento de valorização cambial A questão de utilizar as terminologias apreciação ou depreciação e valorização ou desvalorização estão relacionadas aos regimes cambiais. A primeira designação é aplicada em um regime de câmbio flutuante e a segunda, em um regime de câmbio fixo. 1,95 2000 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2,32 2,53 2,89 2,65 2,34 2,14 1,77 2,34 1,74 1,67 1,88 2,04 2,34 2,66 3,90 Câmbio nominal Figura 4 – Câmbio nominal brasileiro 2000-2015 1.1.4 Taxa real de câmbio A taxa real de câmbio faz a relação entre o câmbio nominal, o nível de preços dos bens estrangeiros ou importados e dos bens nacionais, ou seja, o câmbio real mede a competitividade entre os bens nacionais e os bens importados, cuja equação matemática é a seguinte: 19 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA E ou R = eπ rm / π bra Em que: E ou R é o valor da taxa real de câmbio. e é o valor da taxa nominal de câmbio. π rm é o nível de preços no resto do mundo, ou seja, o preço dos bens importados. π bra é o nível de preços no Brasil, ou seja, o preço dos bens nacionais. Portanto, para sabermos se os bens brasileiros estão se tornando relativamente mais baratos ou mais caros do que os bens estrangeiros, temos que levar em conta a dinâmica do nível de preços ou a inflação no Brasil e no resto do mundo (Estados Unidos, China, países europeus, asiáticos, entre outros). Quando temos um aumento de R, isto é, uma elevação na taxa real de câmbio, há uma depreciação real, ou seja, significa que os preços estrangeiros em reais (eπ rm) têm aumentado em relação aos preços dos bens produzidos nos Brasil (π bra), leia-se que os bens importados se tornaram mais caros em relação aos bens domésticos. Pela ótica da sociedade brasileira, os bens nacionais ficaram mais baratos em relação aos bens estrangeiros. Entretanto, quando temos uma redução de R, uma queda na taxa real de câmbio, temos uma apreciação real, isto é, os bens nacionais têm se tornado relativamente mais caros ou o Brasil tem perdido competitividade. 10,00 30,00 50,00 70,00 900,00 110,00 130,00 150,00 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ...2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 170,00 116,63 123,54 134,12 130,62 129,86 130,98 134,14 144,71 159,40 157,12 149,34 149,41 Figura 5 – Câmbio real brasileiro no ano de 2015 20 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Lembrete As taxas de câmbio passam a ser de grande relevância, pois determinam os níveis de renda e de juros na economia. Os economistas brasileiros da linha de pesquisa conhecida como novos desenvolvimentistas colocam o câmbio como uma das variáveis principais para o crescimento econômico. 1.1.5 Gastos nacionais e gastos em bens nacionais Com base no modelo IS-LM estudado na macroeconomia fechada, iremos agora ajustar a curva IS à economia internacional, devido ao contexto de economia aberta por meio das variáveis de exportação (X) ou venda de produtos nacionais ou domésticos ao resto do mundo e importação (Q) ou compra de produtos estrangeiros. O que muda é que os gastos nacionais não definem a produção nacional, mas que os gastos em bens nacionais determinam a produção nacional ou doméstica devido à inserção da variável exportação (A + NX). Agora, uma parte do gasto dos residentes nacionais é com bens nacionais e uma parte desse mesmo gasto é com bens estrangeiros ou importados. Parte das expensas de um típico americano vai para cerveja importada, por exemplo. A demanda por bens domésticos, por outro lado, inclui as exportações e a demanda externa como parte dos gastos efetuados pelos residentes domésticos. Gastos dos residentes domésticos = A = C + I + G Gastos em bens domésticos = A + NX = (C + I + G) + (X – Q) Exportações líquidas = NX = X – Q Em que: A são os gastos autônomos. C é o consumo privado agregado. I é o investimento privado agregado. G são os gastos do governo em consumo e investimentos públicos agregados. X são as exportações agregadas. Q são as importações agregadas. 21 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Os gastos em bens nacionais são o total de gastos realizados pelos residentes nacionais no Brasil, menos as expensas em bens estrangeiros ou importações, mais a venda de produtos nacionais no resto do mundo via exportações. As exportações menos as importações resultam na variável de exportações líquidas (NX), portanto, os gastos em bens domésticos são aqueles efetuados pelos residentes no Brasil, mais as exportações líquidas. Podemos descrever a equação matemática das exportações líquidas da seguinte forma: NX = X(Yrm, R) – Q(Y, R) = NX(Y, Yrm, R) Percebe-se que as exportações líquidas (NX) dependem da renda agregada nacional (Y), da renda agregada do resto do mundo (Yrm) e da taxa real de câmbio (R). Caso haja um aumento em R ou uma depreciação real, haverá uma melhora na balança comercial e, por sua vez, nas exportações líquidas, pois a demanda se desloca dos bens produzidos no exterior para aqueles que são produzidos no Brasil. Diante disso, há três resultados esperados: • caso aumente a renda agregada do resto do mundo, elevar-se-á a demanda agregada nacional; • uma depreciação real melhora as exportações líquidas e eleva a demanda agregada; • um acréscimo na renda agregada nacional brasileira vai ampliar as importações. O gráfico a seguir, elaborado a partir de Dornbusch e Fischer (1991, p. 216), apresenta a curva das exportações líquidas em função da renda nacional, da renda do resto do mundo e da taxa real de câmbio. A curva é negativamente inclinada devido ao fato de que as importações aumentam quando se eleva a renda agregada nacional. Quando a renda agregada nacional é baixa, os gastos com importações também são baixos, cujas exportações líquidas são positivas. Entretanto, quando a renda agregada nacional cresce, também se ampliam os gastos com produtos importados, podendo resultar em exportações líquidas negativas. +1 0 –1 Y NX((Y, Yrm, R) Figura 6 – Exportações líquidas 22 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Com base no cartesiano do modelo IS-LM e sua relação com o gráfico das exportações líquidas, supomos que houve um aumento do crescimento da economia norte-americana, que, por sua vez, elevou a renda agregada do resto do mundo e do Brasil, conforme podemos ver no primeiro cartesiano do gráfico a seguir, elaborado a partir de Dornbusch e Fischer (1991, p. 219). O fato de a renda agregada do resto do mundo aumentar, eleva as exportações brasileiras e desloca a curva IS do ponto A para o ponto B. Com isso, as exportações tendem a se ampliar mais que as importações, deslocando a curva de exportações líquidas também do ponto A para o ponto B, como podemos ver no segundo cartesiano do gráfico seguinte, cujo ponto B fica acima de zero, na região positiva do cartesiano, o que significa um resultado positivo e favorável para a economia em seu lado externo. Portanto, um acréscimo na renda agregada do resto do mundo dilata as exportações, fazendo com que a curva de exportações líquidas se desloque para cima e para a direita. O caso de uma depreciação real também aumenta as exportações líquidas para cima e para a direita. Já uma depreciação real irá reduzir as exportações e elevar as importações. i LM B B Y Y NX2 NX1 A A +1 0 –1 IS 2 IS 1 Figura 7 – O impacto do aumento da renda agregada do resto do mundo 1.1.6 O mercado de bens e serviços e seu equilíbrio: a curva IS em uma economia aberta A demanda agregada, ou curva IS, passa a exibir em sua estrutura as variáveis do lado externo da economia, representado pelas exportações e importações, ou seja, as exportações líquidas, e pode ser apresentada pela seguinte equação matemática: 23 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Curva IS = DA = Y = C + I + G + X – Q ou Curva IS = DA = Y = A(Y, i) + NX(Y, Yrm, R) É fundamental essa formalização do complemento da curva IS em uma economia aberta para esclarecer as variáveis que definem a própria demanda agregada, isto é, os gastos autônomos e as exportações líquidas, bem como as variáveis que impactam diretamente sobre cada uma das variáveis determinantes, como a renda agregada nacional, a taxa de juros interna, a renda agregada do resto do mundo e da taxa real de câmbio. Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 220), há uma relação de causa e efeito entre essas variáveis que gera distúrbios na renda e nas exportações líquidas. Por exemplo: caso haja um acréscimo nos gastos nacionais ou domésticos, leia-se gastos autônomos, haverá uma ampliação da renda agregada nacional, mas uma queda ou um resultado negativo nas exportações líquidas. O incremento na renda do resto do mundo eleva a renda agregada nacional e um aumento ou um resultado positivo nas exportações líquidas e, por fim, uma depreciação real elevará a renda agregada e as exportações líquidas, conforme podemos ver no quadro a seguir. Quadro 1 – Efeitos de um distúrbio na renda e nas exportações líquidas Aumento nos gastos domésticos Aumento na renda do resto do mundo Depreciação real Renda + + + Exportações líquidas - + + Fonte: Dornbusch e Fischer (1991, p. 220). 1.1.7 Dilemas da política econômica Nem sempre os objetivos da política econômica são harmoniosos, isto é, podem ser conflitantes. Na macroeconomia aberta temos os objetivos de equilíbrio interno (crescimento econômico com pleno emprego) e o equilíbrio externo (crescimento econômico sem endividamento externo). O gráfico a seguir demonstra as possibilidades de conflitosque podem existir entre os objetivos de política econômica em uma macroeconomia aberta. No cartesiano, que relaciona a renda agregada nacional (Y) e a taxa de juros doméstica (i), temos, além das curvas IS e LM, duas linhas verticais, sendo a primeira de exportações líquidas (NX = 0) e a segunda é a renda agregada de pleno emprego (Y*). 24 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I NX = 0 Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) Y* LM 0 I II III IS Figura 8 – Conflito entre objetivos da política econômica A primeira linha vertical (NX = 0) representa o equilíbrio entre exportações e importações, isto é, o equilíbrio externo. Caso a intersecção IS-LM seja sobre esta linha, haverá o equilíbrio externo. À esquerda desta linha, há um superávit devido à renda agregada nacional baixa implicar importações baixas. No entanto, à direita de NX = 0 haverá um déficit devido à elevação da renda agregada nacional também ampliar as importações acima das exportações. Já a segunda linha, referente ao pleno emprego (Y*), irá apresentar desemprego à esquerda e superemprego à direita da linha. Portanto, ao longo de NX = 0 haverá o equilíbrio externo via o equilíbrio da balança comercial e, no nível produtivo Y*, haverá o pleno emprego. Na região I do gráfico, uma elevação da demanda agregada irá reduzir o desemprego com equilíbrio no lado externo. Na região III, a demanda agregada está abaixo do pleno emprego, resultando em desemprego e déficit no lado externo. Já na região II, temos um maior conflito de política econômica devido à necessidade de um equilíbrio externo precisar de um maior desemprego. Em alguns contextos, os conflitos entre políticas econômicas podem ser resolvidos por efeitos de repercussão. Por exemplo: um aumento da renda agregada dos Estados Unidos tende a ampliar a renda agregada mundial, que, por sua vez, eleva as exportações de vários países, inclusive o Brasil, gerando crescimento econômico via expansão da renda nacional e superávit comercial, leia-se equilíbrios interno e externo. 1.1.8 Mobilidade de capital A mobilidade de capital significa a liberdade de escolha para a compra e venda de ativos em qualquer país, de forma rápida e ilimitada. Dornbusch e Fischer (1991, p. 225) afirmam o seguinte: O capital é perfeitamente móvel internacionalmente quando os investidores podem comprar ativos em qualquer país que escolherem, rapidamente, com custos de transação baixos e em volumes ilimitados. Quando o capital 25 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA é perfeitamente móvel, os proprietários de ativos estão dispostos e são capazes de mover grandes volumes de fundos entre as fronteiras em busca de um retorno maior ou de um custo de empréstimo menor. Os ativos são moeda e quase-moedas, em que os ativos monetários estão no mercado de moedas para câmbio, hedge e especulação, e os ativos financeiros estão nos mercados financeiros e de capitais por meio da compra e venda de ações, títulos públicos e outros títulos privados. A questão dos fluxos de capitais passa a ser importante, dentro de um contexto de macroeconomia aberta, dos anos 1970 em diante, com a globalização financeira, pois representa uma forma de financiamento do balanço de pagamentos por meio da conta capital e conta financeira. Saiba mais Entre os trabalhos que explicam muito bem a globalização financeira, está o indicado a seguir: CARNEIRO, R. A globalização financeira: origem, dinâmica e perspectivas. Texto para Discussão, Campinas, n. 90, out. 1999. Disponível em: <www.eco. unicamp.br/docprod/downarq.php?id=1720&tp=a>. Acesso em: 22 jul. 2016. 1.2 Balanço de pagamentos e os fluxos de capitais A equação matemática do balanço de pagamentos passa a ser representada da seguinte forma: BP = NX(Y, Yrm, R) + FK (i – irm) Em que: FK é o fluxo de capitais na conta de capital. i é a taxa nominal de juros no Brasil. irm é a taxa nominal de juros no resto do mundo. A estrutura dessa equação demonstra a divisão do balanço de pagamentos em duas principais contas. A primeira é a conta das transações correntes, representada por NX, que depende da renda agregada nacional, da renda agregada do resto do mundo e da taxa real de câmbio, e a segunda conta é a conta capital, revelada por FK, que depende do diferencial da taxa nominal de juros brasileira (i) e da taxa nominal de juros do resto do mundo (irm). Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 227-8): A ideia é extremamente importante. Os países frequentemente enfrentam o seguinte dilema: a produção doméstica é baixa e eles querem expandi-la, 26 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I porém, o balanço de pagamentos está em dificuldades e eles não acreditam que possam suportar um déficit maior neste. Se o nível de renda aumenta, as exportações líquidas irão cair quando a demanda doméstica aumentar, tendendo a piorar o balanço de pagamentos – o que o país deseja evitar. A presença da sensibilidade [dos] juros dos fluxos de capital sugere que um país pode impor uma política doméstica expansionista sem incorrer necessariamente em problemas do balanço de pagamentos. A implicação da perfeita mobilidade de capital é a de que as taxas de juros teriam que ser aumentadas somente muito pouco para se obter o financiamento para o déficit comercial. Percebe-se que expandir a renda agregada nacional irá reduzir as exportações líquidas (NX) por meio de uma aceleração das importações acima das exportações, o que resulta em déficit comercial. Entretanto, esse déficit comercial poderá ser financiado por meio do fluxo de capitais, em que a taxa de juros brasileira deverá ser mais atraente que a taxa de juros do resto mundo, leia-se uma taxa de juros nacional mais elevada. Note que estamos discutindo uma alternativa à questão dos equilíbrios interno e externo. No gráfico a seguir, com base em Dornbusch e Fischer (1991, p. 229), podemos ver esses conflitos de uma forma mais clara. Veja que no quadrante A temos o conflito de objetivos de política econômica diante de um superávit comercial, entretanto, com um nível de desemprego. Já o quadrante D apresenta uma relação inversa, isto é, um resultado de déficit comercial com superemprego. A questão colocada aqui atende ao quadrante D. Caso o país faça a opção por um crescimento econômico para obter uma condição de superemprego ou equilíbrio interno, apresentará um desequilíbrio externo por meio de um déficit comercial, isto é, um crescimento econômico com endividamento externo que poderá ser financiando pelo fluxo de capitais, cuja taxa de juros deverá ser mais elevada que a taxa de juros do resto do mundo. (A) Superávit comercial e Desemprego (B) Superávit comercial e Superemprego (C) Déficit comercial e Desemprego (D) Déficit comercial e Desemprego Taxa de juros (i) BP = 0 Nível de renda (y) Y* Figura 9 – Pontos de conflito entre os equilíbrios interno e externo 27 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA 2 POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL EM ECONOMIA ABERTA 2.1 O modelo Mundell‑Fleming ou modelo IS‑LM‑BP O modelo Mundell-Fleming é o modelo IS-LM com a curva BP, isto é, modelo IS-LM-BP que faz a interligação do lado real da economia (IS), com o lado monetário (LM) e com o lado externo (BP), caracterizando a dinâmica da macroeconomia aberta e os objetivos de política econômica e seus instrumentos (políticas monetária e fiscal) dentro de regimes cambiais diferentes (câmbio fixo e flutuante), cujapolítica cambial e os fluxos de capitais passam a ser elementos essenciais para a determinação da renda de equilíbrio. No modelo IS-LM-BP, os fluxos de capitais passam a ser tratados em dois contextos. O primeiro é a mobilidade perfeita de capitais, marcada pela existência de ativos ou portfólios nacionais ou domésticos e estrangeiros homogêneos ou substitutos perfeitos; por exemplo, os ativos possuem a mesma taxa de juros e a curva do balanço de pagamentos ou curva BP é elástica ou horizontal, conforme o gráfico a seguir, elaborado a partir de Froyen (2006, p. 596). Taxa de juros (i) i brasil = i rm Nível de renda (Y) BP Figura 10 – Curva BP em um contexto de mobilidade perfeita de capitais O segundo contexto é o da mobilidade imperfeita de capitais, que é caracterizada pela existência de ativos ou portfólios nacionais ou domésticos e estrangeiros heterogêneos ou substitutos, mas não perfeitos, seja pelo diferencial de taxas de juros, riscos (cambiais, fiscais, entre outros), seja pelos custos de transação, como o imposto sobre operações financeiras (IOF), informações assimétricas, entre outros. A curva BP nesse contexto é inelástica ou verticalizada e é positivamente inclinada devido a um aumento da renda agregada, que eleva as importações, que, por sua vez, serão financiadas por um aumento da taxa de juros, ou seja, o déficit em transações correntes será financiado pela conta capital, conforme o gráfico a seguir, formado com base em Froyen (2006, p. 583). 28 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I BPTaxa de juros (i) i brasil > ou < i rm Nível de renda (Y) Figura 11 – Curva BP em um contexto de mobilidade imperfeita de capitais Dos anos 1970 em diante, com o avanço das telecomunicações, a globalização financeira ficou mais intensa devido à possibilidade de acesso às informações de cada país e à possibilidade de transações financeiras em qualquer parte do mundo em tempo real. O fluxo de capitais em cada país gera tendências econômicas e sociais positivas e negativas, bem como interfere nas políticas econômicas adotadas pelos países que possuem uma economia aberta, principalmente na política cambial, isto é, no regime e taxas cambiais vigentes. Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 230): Sob perfeita mobilidade de capital, o mais delicado diferencial de juros provoca infinitos fluxos de capital. Segue-se que, em uma situação de perfeita mobilidade de capital, os bancos centrais não podem conduzir uma política monetária independente sob taxas de câmbio fixas. A razão é a seguinte: suponha que um país decida aumentar as taxas de juros. A política monetária é restritiva e, como resultado, as taxas de juros sobem. Imediatamente, os administradores de portfólios em todo o mundo sentem a taxa mais alta e deslocam sua riqueza para um país que tenha esta taxa. Como resultado da enorme entrada de capital, o balanço de pagamentos mostra um gigantesco superávit comercial, a pressão resultante por uma apreciação da moeda força o banco central a intervir, comprando moeda estrangeira e vendendo moeda doméstica. Esta intervenção implica [faz] que o estoque monetário doméstico aumenta[e]. Como resultado, a contração monetária inicial é anulada. O processo caminha para um fim quando as taxas de juros domésticos voltarem ao seu nível inicial. Dependendo do regime cambial e da mobilidade de capital, fica claro que os policy makers, ou fazedores de políticas econômicas, necessitam escolher qual política econômica, monetária e/ou fiscal escolher para alcançar os objetivos propostos. Por exemplo, em um contexto de taxas de câmbio fixas e perfeita mobilidade de capital, não há condições da adoção de uma política monetária independente devido à chance de desalinhamento das taxas de juros internas das taxas de juros que prevalecem no resto do mundo. Caso seja implementada uma política monetária independente, haverá uma variação nos fluxos de capitais e a necessidade de uma intervenção monetária do Banco Central para que as taxas de juros voltem a se alinhar. 29 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Os gráficos a seguir demonstram bem essa dependência da política econômica vigente, no caso a política monetária, dos regimes cambiais. No primeiro gráfico, temos uma restrição monetária, isto é, uma redução da liquidez e elevação da taxa de juros. Essa elevação, dentro de um contexto de mobilidade perfeita de capitais, resulta na entrada de capitais e acréscimo das reservas internacionais, o que favorece um regime de câmbio fixo, equilíbrio externo por conta do BP ser positivo, em que a intersecção IS-LM está acima da curva BP, e em desequilíbrio interno devido à mesma intersecção IS-LM estar abaixo da linha Y*. Entretanto, no segundo gráfico, em que há uma política monetária expansionista por causa do aumento da liquidez e à queda da taxa de juros, não é uma condição cambial sustentável dentro de um regime de câmbio fixo, mas apenas dentro de um regime de câmbio flutuante. Percebe-se que há desequilíbrio externo devido ao BP ser negativo – pela intersecção IS-LM estar abaixo da curva BP, e em equilíbrio interno em virtude da mesma intersecção IS-LM estar além da linha Y*. No entanto, esse não é um cenário favorável, pois um BP negativo significa perda de reservas internacionais, o que pode levar à mudança do regime cambial. LM 2 LM BP = 0 Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i = i rm IS Y* Figura 12 – Restrição monetária LM 2 LM BP = 0 Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i = i rm IS Y* Figura 13 – Expansão monetária 30 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I 2.2 A determinação das principais variáveis do modelo Mundell‑Fleming ou modelo IS‑LM‑BP O modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP é um modelo macroeconômico que leva em conta a dinâmica entre o lado monetário, por meio da curva LM, e o lado fiscal, por meio da curva IS, e a interação de ambas as curvas com o lado externo da economia, por meio da curva BP. A curva BP não representa apenas o fluxo de mercadorias, mas também os fluxos de capitais e o saldo de reservas internacionais que permitem definir o regime e a taxa de câmbio adotada por cada política econômica em uma dada conjuntura econômica. Dado que todo modelo econômico é uma abstração da realidade, faz-se necessário retomarmos as curvas IS, LM e BP e promover a interação dessas curvas, como forma de determinar a renda. Ampliando o modelo, podemos descrever a curva IS da seguinte forma: Y = 1/[1-c(1-t)+m] x (A – bi + vR) Em que: A são os gastos autônomos. b é o coeficiente de sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros. i é a taxa de juros. v é o coeficiente de sensibilidade do balanço de pagamentos no tocante à taxa real de câmbio. A curva LM apresenta a mesma forma: M/P = kY – hi Em que: M/P é a oferta real de moeda. k é o coeficiente de sensibilidade da demanda por moeda a cerca da renda. Y é o nível de renda. h é coeficiente de sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros. De forma teórica, o balanço de pagamentos, para estar em equilíbrio, deve ser igual a zero (BP = 0), e sua curva pode ser apresentada da seguinte forma: 31 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA BP = NX + Ka Em que: NX são as exportações líquidas. Ka é o fluxo de capital monetário e financeiro. Em que: NX = NX – mY + vR Ka = Ka + x(i – i* – Re) Aqui apresentamos o lado das contas de transaçõescorrentes do balanço de pagamentos (NX), em que temos as exportações líquidas, a propensão marginal a importar mais e a sensibilidade à taxa real de câmbio (vR). Já na segunda equação, temos a conta de capital e financeira (Ka) composta pela entrada autônoma de capitais, mais o coeficiente de sensibilidade do diferencial da taxa de juros interna (i), da taxa de juros externa (i*) e do impacto cambial. Portanto, temos as variáveis exógenas, como os gastos autônomos (A), a oferta real de moeda (M/P), as exportações líquidas (NX), e a taxa de juros externa (i*) e o impacto cambial (Re). Os níveis de preços ou inflação interna (P) e externa (P*) também são exógenos. Exemplo de aplicação A partir dos valores mencionados a seguir, derive as equações de equilíbrio IS, LM e BP. Para que todos os mercados estejam em equilíbrio, determine os valores do nível de renda (Y), da taxa de juros interna (i) e da taxa de câmbio nominal (e). O lado real ou mercado de bens é dado da seguinte forma: C = 4,75 + 0,75Yd T = 3 + 0,3Y I = 35 – 2i X = 10 – 5/R Q = 20 + 2/R + 0,2Y 32 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I O lado monetário é dado da seguinte forma: L = 0,25Y – 0,5i M/P = 3/P Ka = 20,5 + (i – i* – Re) i* = 5 Re = 10 P = 1 P* = 1 Vamos começar resolvendo a curva IS: C = 4,75 + 0,75Yd Yd = Y – T T = 3 + 0,3Y Yd = Y – (3 + 0,3Y) Yd = Y – 3 – 0,3Y Yd = 0,7Y – 3 Em que: C = 4,75 + 0,75 (0,7Y – 3) C = 4,75 + 0,525Y – 2,25 C = 2,5 + 0,525Y Já que encontramos a função consumo, vamos complementar o modelo com as outras variáveis: I = 35 – 2i G = 30 33 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA NX = X – Q X = 10 – 5/R Q = 20 + 2/R + 0,2Y NX = (10 – 5/R) – (20 + 2/R + 0,2Y) NX = 10 – 5/R – 20 – 2/R – 0,2Y NX = – 10 – 7/R – 0,2Y Considerando que: R = eP*/P em que P = 1 e P* = 1 R = e Em que: NX = -10 – 7/e – 0,2Y Portanto, temos: Y = 2,5 + 0,525Y + 35 – 2i + 30 – 10 – 7/e – 0,2Y Y – 0,525Y + 0,2Y = 57,5 – 2i – 7/e 0,675Y = 57,5 – 2i – 7/e Y = 57,5/0,675 – 2i/0,675 – (7/e)/0,675 Então, passa a ser igual a: Y = 1/0,675(57,5 – 2i – 7/e) → Equação (I) A curva IS passa a ser, nessa primeira fase, igual a: Y = 1,4815(57,5 – 2i – 7/e) Elaboremos a curva LM: 3/P = 0,25Y – 0,5i 34 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Em que: Y = 12 + 2i → Equação (II) Agora montaremos a curva BP: BP = NX + Ka Ka = 20,5 + (i -15) BP = – 10 – 7/e – 0,2Y + 20,5 + i -15 BP = -5,5 – 7/e – 0,2Y + 20,5 + i Como, teoricamente, BP = 0, temos: -5,5 – 7/e – 0,2Y + i = 0 -5,5 – 7/e + i = 0,2Y Y = -22,5 – 35/e + 5i → Equação (III) Muito bem, agora vamos pegar a equação (II) e substituir na equação (I) e, nela, igualar as equações (I) e (II) e depois as equações (II) e (III): 1,4815(57,5 – 2i – 7/e) = 12 + 2i → Equação (I´) 12 + 2i = -22,5 – 35/e + 5i → Equação (III´) Lembremos que a incógnita não poderá ser um número negativo, então multiplicamos por -1 ou invertemos os lados: 35/e = 3i + 34,5 Para facilitar, vamos desmembrar o 35, isto é, 35/5 = 7: 5(7/e) = 3i – 34,5 Em seguida, passamos o 5 para o outro lado, dividindo: 7/e = 3i/5 – 34,5/5 7/e = 3i/5 – 6,9 35 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA Subtraiamos a equação (I´): 1,4815 [57,5 – 2i(3i/5 – 6,9)] = 12 + 2i 1,4815(64,4 – 13i/5) = 12 + 2i 95,41 – 3,85i = 12 + 2i 83,41 = 5,85i i = 83,41/5,85 i = 14,26 Por fim, substituamos o valor de i nas equações (II) e (I´): Y = 12 + 2(14,26) Y = 40,52 7/e = [3/5(14,26)] – 6,9 7/e = 8,556 – 6,9 e = 7/1,656 e = 4,23 3 MOBILIDADE DE CAPITAIS E SUA DINÂMICA 3.1 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial fixo Ao estudarmos políticas econômicas e seus objetivos, temos que ter claro os quatro fundamentos macroeconômicos que norteiam as teorias e modelos desenvolvidos. São eles: crescimento econômico, baixo desemprego, estabilidade de preços e distribuição equitativa da renda. Com tal compeensão, é possível entender melhor os objetivos de política econômica, bem como saber a eficiência dessas políticas por meio desses fundamentos, isto é, ao tomarmos uma decisão de política monetária ou fiscal, isso levará ao crescimento econômico? São essas questões que temos que analisar e avaliar no modelo IS-LM-BP. 36 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I Em um contexto de mobilidade perfeita de capitais, regime de câmbio fixo e a decisão de uma política monetária expansionista por meio do aumento da oferta de moeda (M1) na economia ou aumento da liquidez, há um deslocamento da curva LM para a direita, isto é, para um novo ponto de equilíbrio IS-LM abaixo da curva BP, cujo resultado será um maior nível de renda (Y), supostamente, um crescimento econômico, conforme podemos ver no próximo gráfico, elaborado a partir de Froyen (2006, p. 596). Percebe-se que o novo ponto de equilíbrio IS-LM será abaixo da curva BP, em que a taxa de juros doméstica será abaixo da taxa de juros internacional e, por esse motivo, haverá a saída de capitais do Brasil devido ao fato de os capitais estarem buscando o maior rendimento possível entre os países do resto do mundo, nesse caso evidenciado pela taxa de juros (i rm). Como estamos em um contexto de câmbio fixo determinado pelo Banco Central (Bacen), em que sabemos que para manter um câmbio fixo há a necessidade de acumular reservas internacionais, mas com a política monetária adotada, há a saída de capitais, ou seja, a redução das reservas internacionais. Nesse cenário, o Banco Central irá anular a política monetária expansionista devido à perda de reservas internacionais para manter o regime cambial no regime de câmbio fixo, isto é, o Bacen irá elevar novamente a taxa de juros interna, cuja curva LM e o nível de renda voltaram para a posição inicial, ou seja, a decisão da política monetária expansionista deverá ser anulada, o que, por sua vez, não surtirá os efeitos desejados de crescimento econômico, portanto, iremos considerar que a política monetária expansionista foi ineficaz. LM (M1) LM BP Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i brasil = i rm IS Ye Figura 14 – Ineficiência da expansão monetária No entanto, dentro do mesmo contexto de mobilidade perfeita de capitais e regime de câmbio fixo, a utilização de uma política fiscal expansionista, isto é, elevação dos gastos públicos (G1) passa a ser uma alternativa viável em relação à política monetária expansionista, conforme o gráfico a seguir, também com base em Froyen (2006, p. 597). 37 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA A partir do equilíbrio IS-LM inicial, um aumento dos gastos públicos desloca a curva IS para a direita, cujo novo ponto de equilíbrio será acima da curva BP e em um ponto em que a taxa de juros interna será maior que a taxa de juros internacional, ponto B do gráfico, proporcionando a entrada de capitais e o acúmulo de reservas internacionais. Caso o Banco Central queira manter a taxa de juros inicial, entretanto, com um nível de renda mais elevado, ele irá fazer uma acomodação monetária, ou seja, elevar a oferta de moeda na mesma proporção do aumento da demanda por moeda gerado pelo ampliaçãodo nível de renda (Y2). Percebe-se que a política fiscal foi eficiente, pois resultou no acréscimo do nível de renda de Ye para Y2 de forma consolidada, isto é, elevou o nível de renda sem gerar conflitos de política econômica, ou seja, a decisão de uma política fiscal expansionista permitiu uma acomodação monetária que evitou também o efeito crowding-out, ou efeito deslocamento de gastos privados por gastos públicos, que são gerados pela extensão da taxa de juros e inibem o nível de investimento do setor privado (Y1). Assim, preservou o regime de câmbio fixo. LM (M1) LM BP IS (G1) CA B Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i brasil = i rm i brasil > i rm IS Ye Y1 Y2 Figura 15 – Eficiência da expansão fiscal 3.2 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial flutuante Mantendo nossos estudos dentro de um contexto de mobilidade perfeita de capitais, entretanto, altera-se o regime cambial, que agora passa a ser o de câmbio flutuante ou flexível, em que a taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda de moeda estrangeira ou dólares. Conforme o gráfico a seguir, elaborado a partir de dados de Froyen (2006, p. 601), que faz a relação entre taxa de câmbio (e) e a quantidade de moeda estrangeira ou reservas internacionais (Q US$), em um regime de câmbio fixo, teríamos uma taxa de câmbio fixa ou constante (ē), em que o Banco Central, para manter a taxa constante, faria a oferta de moeda estrangeira em relação à demanda por moeda 38 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I estrangeira, ponto A do gráfico. No entanto, caso a demanda por moeda estrangeira seja maior que a oferta de moeda estrangeira, haverá uma desvalorização cambial (e1), ponto B do gráfico, e caso a oferta seja maior que a demanda, haverá uma valorização cambial, cujo ponto C do gráfico demonstra a taxa de câmbio voltando para seu nível inicial. Oferta US$ 1 Demanda US$ 1 Oferta US$ 2 Demanda US$ 2 CA B Taxa de câmbio (e) Reservas internacionais e e1 Q US$ 1 Q US$ 2 Q US$ 3 Figura 16 – Oferta e demanda por dólares e taxa de câmbio Observação Segundo Froyen (2006, p. 600): “Crises cambiais são episódios em que um governo é obrigado a abandonar sua política de controle ou fixação do câmbio por deixar de dispor de reservas internacionais.” Nesse contexto de câmbio flutuante, a decisão de uma política monetária expansionista por meio do aumento da oferta de moeda (M1) na economia ou elevação da liquidez, em que há um deslocamento da curva LM para a direita e o novo ponto de equilíbrio IS-LM abaixo da curva BP, demonstra ser uma política econômica eficaz para gerar um maior nível de renda (Y1), conforme o gráfico a seguir, também elaborado a partir de Froyen (2006, p. 599). Percebe-se que o novo ponto de equilíbrio IS-LM será abaixo da curva BP, como também é no regime de câmbio fixo, em que a taxa de juros doméstica fica abaixo da taxa de juros internacional e, por esse motivo, causa a saída de capitais do Brasil. No entanto, no regime de câmbio flutuante, a saída de capitais causa uma desvalorização cambial que tem impacto direto sobre o fluxo de exportações e importações, ou seja, causa um acréscimo das exportações líquidas que faz parte da curva IS, que irá se deslocar para a direita, IS(e1), e elevar o nível de renda para Y2. Portanto, a política monetária expansionista é muito eficiente em um regime de câmbio flutuante, pois eleva o nível de renda de forma consolidada e sem conflitar com as políticas fiscal e cambial. 39 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA IS BP LM IS(e1) LM (M1) Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i brasil = i rm i brasil < i rm Ye Y1 Y2 Figura 17 – Eficiência da expansão monetária No entanto, dentro do mesmo contexto de mobilidade perfeita de capitais e regime de câmbio flutuante, a utilização de uma política fiscal expansionista, isto é, expansão dos gastos públicos (G1, e0), passa a ser uma alternativa inviável, pois gera uma valorização cambial e leva o nível de renda ao nível inicial (G1, e1), conforme o gráfico a seguir, formulado a partir de Froyen (2006, p. 600). A partir do equilíbrio IS-LM inicial, um aumento dos gastos públicos desloca a curva IS para a direita, cujo novo ponto de equilíbrio será acima da curva BP e em um ponto em que a taxa de juros brasileira (i brasil) será maior que a taxa de juros do resto do mundo (i rm), ocorrendo a entrada de capitais, o acúmulo de reservas internacionais e a valorização do câmbio. Como o câmbio é flutuante e temos a curva IS dependente da taxa de câmbio devido ao impacto nos níveis de exportações e importações, a valorização cambial faz a curva IS deslocar-se para a esquerda, e faz o nível de renda voltar ao ponto de equilíbrio inicial, resultando em uma política econômica ineficaz ao não consolidar o crescimento econômico. 40 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 Unidade I IS = IS(G1, e1) BP LM IS(G1, e0) Taxa de juros (i) Nível de renda (Y) i brasil = i rm i brasil > i rm Ye Figura 18 – Ineficiência da expansão fiscal 3.3 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas dentro de um contexto de regime cambial fixo Para entender a mobilidade imperfeita, é necessário retomar os pressupostos que fundamentam o modelo IS-LM-BP nesse contexto, cujos pressupostos são: • diferencial de riscos por meio do diferencial das taxas de juros; • risco cambial; • custos de transação; • informações assimétricas; • ativos substitutos, mas não perfeitos. Na mobilidade imperfeita, a curva BP tem inclinação positiva, pois um aumento do nível de renda eleva o nível de importações acima das exportações, resultando em um desequilíbrio externo. Para reequilibrar o lado externo, isto é, um balanço de pagamentos igual a zero (BP = 0), a taxa de juros doméstica (Brasil) deverá ser mais elevada que a taxa de juros do resto e mundo (RM) para atrair capitais externos via conta capital para financiar a conta de transações correntes. A curva BP será mais inclinada quanto menos os fluxos de capitais forem sensíveis à taxa de juros. Quanto menor o aumento da entrada de capitais para um dado aumento da taxa de juros [...], maior será o aumento da taxa de juros necessário para manter o equilíbrio do balanço de pagamentos quando passamos para um nível de renda (e, portanto, de importações) 41 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 03 /0 7/ 20 16 MACROECONOMIA ABERTA mais alto; ou seja, a curva BP será mais inclinada. A curva BP também será mais inclinada quanto maior for a propensão marginal a importar. Com uma propensão marginal a importar mais alta, um dado aumento na renda irá produzir um maior aumento nas importações. Para alcançar o equilíbrio no balanço de pagamentos, será necessário um maior aumento na entrada de capital e, consequentemente, um maior aumento da taxa de juros (FROYEN, 2006, p. 587). O deslocamento da curva BP está em função das variações na taxa de câmbio flutuante. Uma desvalorização cambial desloca a curva BP para a direita devido ao aumento das exportações (X), que elevam o nível de renda (Y). Esse acréscimo no nível de renda elevará a taxa de juros doméstica (Brasil) acima da taxa de juros do resto e mundo (RM), que, por sua vez, valorizará a taxa de câmbio e elevará as importações, cujo resultado será um balanço de pagamentos equilibrado (BP = 0). Em um contexto de mobilidade
Compartilhar