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Macroeconomia Aberta - Livro Texto - Unidade I

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Autores: Prof. Adalberto Oliveira da Silva
 Profa. Camila Kimie Ugino
 Prof. Marcos Paulo de Oliveira
Colaboradores: Nome Nome Nome Nome Nome 
 Nome Nome Nome Nome Nome 
Macroeconomia Aberta
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Professores conteudistas: Adalberto Oliveira da Silva/Camila Kimie Ugino/ 
Marcos Paulo de Oliveira
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-006/11, ISSN 1517-9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
681.3
?
Prof. conteudista: Adalberto Oliveira da Silva
Mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade 
Católica (PUC-SP). Atualmente é professor adjunto da 
Universidade Paulista (UNIP) no curso de Ciências Econômicas 
e leciona disciplinas de Macroeconomia Aplicada, História 
Econômica Geral e Técnicas de Pesquisa em Economia.
É técnico do Departamento Intersindical de Estudos 
Estatísticos e Socioeconômicos (Dieese), onde atua 
em pesquisas sobre mercado de trabalho. Suas áreas 
de interesse são: teoria econômica, desenvolvimento 
econômico, economia brasileira e políticas públicas. 
Também atua como revisor técnico no projeto da 
Biblioteca Universitária Pearson para a confecção de 
material didático de cursos superiores.
Camila Kimie Ugino
Mestre em Economia Política (2011), graduada em 
Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de 
Campinas (2005) e cursando doutorado em Ciência Sociais 
com ênfase em Ciência Política pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo. Atualmente é professora da Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo e da Universidade 
Paulista, ministrando disciplinas de Introdução à Economia, 
Economia Política, Economia Internacional e Economia do 
Setor Público. Tem experiência na área de Economia, com 
ênfase em Economia, dos Programas de Bem-Estar Social, 
Economia Política e Políticas Públicas.
Atuou no mercado financeiro nos bancos Citibank, 
Unibanco e, nas áreas de planejamento corporativo e 
de risco, e em empresa privada em Campinas no ramo 
farmacêutico veterinário.
Marcos Paulo de Oliveira
Mestre em Economia Política, pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e graduado 
em Ciências Econômicas, pela Universidade Paulista (UNIP).
Leciona na UNIP desde o ano de 2002 nas disciplinas 
de Contabilidade Social, Elementos de Economia, Economia 
Brasileira, Economia e Gestão do Setor Público, Macroeconomia 
Fechada, Macroeconomia Aberta, Macroeconomia Aplicada, 
Ambiente Econômico Global, entre outras.
Trabalhou no setor privado, na área de importação e 
exportação, e no setor público, com políticas públicas de 
geração de trabalho, emprego e renda, bem como na área de 
planejamento e gestão pública, como gerente de indicadores 
econômicos e sociais, e gerente de acompanhamento das 
receitas e dos gastos públicos. Seu principal objeto de 
pesquisa na área de Macroeconomia é mercado de trabalho 
e estratificação social.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Rose Castilho
 Vitor Andrade
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Sumário
Macroeconomia Aberta
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E SEUS PRINCIPAIS CONCEITOS ........................................................9
1.1 Balanço de pagamentos e taxas de câmbio .............................................................................. 13
1.1.1 Mercado cambial e taxas de câmbio............................................................................................... 15
1.1.2 Câmbio fixo ............................................................................................................................................... 16
1.1.3 Câmbio flutuante ou flexível ............................................................................................................. 16
1.1.4 Taxa real de câmbio ............................................................................................................................... 18
1.1.5 Gastos nacionais e gastos em bens nacionais ............................................................................ 20
1.1.6 O mercado de bens e serviços e seu equilíbrio: a curva IS em uma economia 
aberta ...................................................................................................................................................................... 22
1.1.7 Dilemas da política econômica ......................................................................................................... 23
1.1.8 Mobilidade de capital ............................................................................................................................ 24
1.2 Balanço de pagamentos e os fluxos de capitais ...................................................................... 25
2 POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL EM ECONOMIA ABERTA ............................................................. 27
2.1 O modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP ................................................................. 27
2.2 A determinação das principais variáveis do modelo Mundell-Fleming ou 
modelo IS-LM-BP ........................................................................................................................................ 30
3 MOBILIDADE DE CAPITAIS E SUA DINÂMICA ....................................................................................... 35
3.1 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial fixo .............................................................................. 35
3.2 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial flutuante .................................................................. 37
3.3 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial fixo ..............................................................................40
3.4 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial flutuante .................................................................. 43
3.4.1 Choques externos e regime de câmbio flexível: possibilidades de equilíbrios 
interno e externo ............................................................................................................................................... 46
4 A ABERTURA DOS MERCADOS DE BENS E FINANCEIROS .............................................................. 47
4.1 Bens domésticos e importados ....................................................................................................... 48
4.1.1 O conceito de taxas de câmbio multilaterais .............................................................................. 55
4.1.2 Registros contábeis no balanço de pagamentos ....................................................................... 58
4.2 Ativos nacionais e estrangeiros ...................................................................................................... 68
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Unidade II
5 O MERCADO DE BENS EM UMA ECONOMIA ABERTA ...................................................................... 78
5.1 Curva IS em economias abertas ..................................................................................................... 78
5.2 Produto e balança comercial ........................................................................................................... 83
5.3 Variações de demanda interna e externa ................................................................................... 84
5.3.1 Política fiscal e cambial numa economia aberta ....................................................................... 88
5.4 Combinações de políticas fiscal e cambial ................................................................................. 92
5.5 A curva J ................................................................................................................................................... 94
5.6 Poupança, investimento e resultados externos ....................................................................... 97
6 O PRODUTO E AS TAXAS DE JUROS E DE CÂMBIO ............................................................................ 99
6.1 Equilíbrio no mercado de bens ....................................................................................................... 99
6.2 Equilíbrio nos mercados financeiros ...........................................................................................102
6.2.1 Moeda versus títulos ..........................................................................................................................102
6.2.2 Títulos domésticos versus títulos estrangeiros .........................................................................103
6.2.3 Mercados de bens e financeiros juntos .......................................................................................108
7 POLÍTICAS ECONÔMICAS EM ECONOMIAS ABERTAS .....................................................................110
7.1 Taxas de câmbio fixa e flexível ......................................................................................................113
7.1.1 Taxas de câmbio fixa e controle monetário .............................................................................. 123
7.2 Taxas de câmbio fixas e política fiscal .......................................................................................126
8 TAXAS DE CÂMBIO: REGIMES, AJUSTAMENTOS E CRISES ............................................................128
8.1 Regimes cambiais: custos e benefícios......................................................................................128
8.2 Ajustamentos da taxa de câmbio real .......................................................................................134
8.3 Crises cambiais ....................................................................................................................................140
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APRESENTAÇÃO
A disciplina de Macroeconomia Aberta tem como objetivo aprofundar os conhecimentos do aluno 
com os conceitos e métodos de cálculos das variáveis de determinação da renda nacional e do Produto 
Interno Bruto (PIB), com a participação do lado externo da economia, isto é, considerando a dinâmica 
do balanço de pagamentos e do saldo de reservas internacionais, que definem os regimes cambiais e as 
taxas de câmbio, variáveis primordiais para atingir os fundamentos macroeconômicos.
Faz-se necessário analisar a questão do balanço de pagamentos e taxas de câmbio na determinação 
da renda, bem como perceber a questão cambial relacionada à taxa de juros, ao câmbio futuro, à entrada 
e saída dos fluxos de capitais e ao risco nas operações monetárias e financeiras.
Portanto, estuda a dinâmica da economia interna e externa de um país, levando em conta as políticas 
econômicas fiscal, monetária e cambial. O modelo IS-LM, que faz a interligação entre o lado real e o 
lado monetário, passa agora a ser o modelo IS-LM-BP, sendo BP a curva do balanço de pagamentos, e 
apresenta os impactos das políticas econômicas em uma economia aberta.
A disciplina se propõe a apresentar ao aluno as teorias e os principais modelos teóricos de 
determinação da renda e do produto nacional em uma economia aberta e as várias óticas de análise 
que levam em conta o câmbio e os objetivos de políticas econômicas que buscam os equilíbrios 
interno e externo de uma economia. Ao fim de cada unidade, o aluno poderá exercitar esses conceitos 
e teorias por meio da resolução de exercícios e também resgatar e fixar os conceitos-chave no resumo. 
Para abordar esse conteúdo, este livro-texto está dividido em duas unidades, conforme o programa 
de Macroeconomia Aberta.
INTRODUÇÃO
A disciplina de Macroeconomia Aberta trata das políticas monetária e fiscal em um contexto de 
economia aberta, ou seja, dadas as relações internacionais por meio da abertura dos mercados de bens 
e financeiros, e da relação do produto com as taxas de juros e de câmbio. Sobre taxas de câmbio, 
estudam-se os regimes de câmbio, seus regimes, ajustamentos e crises.
É preciso estudar os principais fundamentos macroeconômicos por meio da oferta e demandas 
agregadas e do papel das políticas econômicas para compreender como são determinados os níveis de 
produção e emprego, bem como salários, desemprego e a inflação e seus ajustes.
Considerando esse objetivo principal e o conhecimento prévio de outras disciplinas já estudadas, 
acredita-se que o estudante de macroeconomia seja capaz de usar esses conceitos para discutir e 
analisar, por exemplo, uma conjuntura econômica de forma mais ampla, isto é, não levando em conta 
apenas a dinâmica interna, mas o lado externo dessa mesma economia.
Lembrando que esta disciplina não é trivial, pois uma das questões subjacentes da análise 
macroeconômica é refletir sobre as possibilidades de crescimento e desenvolvimento econômicos numa 
sociedade capitalista. Questão essa que requer o conhecimento detalhado da teoria macroeconômica, 
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uma vez que os conceitos devem ser aplicados numa determinada sociedade em um período específico, 
ou seja, há que se considerar a formação social e histórica.
É bastante comum observar economistas discutindo e divergindo sobre como garantir crescimento 
econômico sem que haja um aumento do nível de preços, ou seja, sem que haja inflação. Ou ainda, 
sobre como garantir um crescimento estável sem desemprego dos fatoresde produção ou mesmo 
quais seriam os mecanismos de política econômica para superar uma crise. A macroeconomia garante 
embasamento teórico para responder a essas questões a partir das diversas teorias, desde as de cunho 
liberal e pró-mercado às intervencionistas, como a keynesiana. Veja que neste livro-texto trazemos 
a discussão sobre a taxa de câmbio, pois se supõe que a economia de um país seja aberta, isto é, seu 
desempenho tem relação econômica e social com outros países.
Este material busca, de forma didática, apresentar as teorias e os principais modelos de forma a 
subsidiar elementos para responder tais questões do mundo real.
Apresentaremos, sempre que necessário, a definição de taxa real e nominal de câmbio, bem como 
a estrutura e exemplos do balanço de pagamentos aplicados ao Brasil. Destacaremos também os 
modelos de definição da taxa real e nominal de câmbio, do produto e da conta-corrente do balanço 
de pagamentos no curto e no longo prazo, isto é, vamos evidenciar o modelo de determinação da 
renda em uma economia aberta por meio dos modelos IS-LM-BP, ou Mundell-Fleming, e AS-AD, ou 
Oferta-Demanda Agregadas, e o impacto das políticas econômicas.
Portanto, iremos estudar as relações internacionais e seus principais conceitos, as políticas monetária 
e fiscal em economia aberta, com base no modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP, dentro dos 
casos de mobilidade perfeita de capitais e de mobilidade imperfeita de capitais.
Estudaremos como funciona a abertura dos mercados de bens e financeiros, analisando a relação 
dos bens domésticos e importados, bem como dos ativos nacionais e estrangeiros, variações de demanda 
interna e externa, as combinações de políticas fiscal e cambial, poupança, investimento e resultados 
externos. Para encerrar, veremos o produto e as taxas de juros e de câmbio, e os possíveis ajustamentos 
de uma economia diante dos regimes cambiais e de crises econômicas.
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MACROECONOMIA ABERTA
Unidade I
1 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E SEUS PRINCIPAIS CONCEITOS
Inicialmente destacaremos as essenciais relações econômicas entre países, o que caracteriza uma 
economia aberta. Nenhuma economia ou país é autossuficiente, ou seja, todos os países precisam de 
fatores de produção, entre outras necessidades de outras nações.
O fato de um país apresentar sua economia aberta não é algo novo. No início do século XX, sobretudo 
no pós-guerra, as economias evidenciam uma dinâmica por meio das variáveis internas (consumo, 
investimento e gastos do governo).
Já ao fim do século XX, principalmente dos anos 1970 em diante, por meio das tendências de 
globalização e mundialização do capital, isto é, das variáveis externas (exportação, importação e 
movimento de capitais), ficou claro o quanto as economias são interdependentes, cuja dinâmica interna 
não é mais suficiente, sendo vital tornar o lado externo da economia mais dinâmico.
Para facilitar o entendimento, estudamos a curva IS (investment-saving), que é a curva de equilíbrio 
do mercado de bens e serviços, isto é, a relação do investimento necessário (produção) com o nível de 
poupança disponível. Essa relação entre investimento e poupança determina o nível de produção e a 
taxa de juros. A soma dos gastos em consumo e investimentos privados e públicos são iguais à renda 
agregada. Em uma economia fechada, a equação da curva IS pode ser representada da seguinte forma:
Y = C + cY + cTR + I – br + G
Em que:
Y é a renda agregada.
C é o consumo agregado.
cY é a propensão marginal a consumir em relação à renda.
cTR é a propensão marginal a consumir quanto às transferências do governo.
I é o investimento agregado.
b é o coeficiente de sensibilidade do investimento sobre a taxa de juros.
r é a taxa de juros.
G é o gasto do governo em consumo e investimento públicos.
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Unidade I
Em uma economia aberta, mantendo as outras variáveis, a equação da curva IS pode ser representada 
da seguinte forma:
Y = C + cY + cTR + I – br + G + X – Q
Em que:
X é a exportação agregada.
Q é a importação agregada.
Em que:
Q = mY
mY é a propensão marginal a importar em relação à renda.
Exemplo de aplicação
Dada a equação Y = C + cYd + cTR + I – br + G + X – Q e os valores a seguir, calcule e 
determine a renda de equilíbrio, o resultado fiscal e primário do governo e o saldo no balanço 
de pagamentos:
C = 1.500
cYd = 0,80
cTR = 50
T = 0,20
I = 500
b = 1
r = 10
G = 250
X = 300
mY = 0,30
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MACROECONOMIA ABERTA
Lembrando cada função:
C = C + cYd + cTR
T = tY
Yd = Y – T
Necessidade de Financiamento do Setor Público Conceito Primário (NFSPcp) = G – T
BP = X – mY
Temos:
Y = 1.500 + 0,8(Y – 0,20Y) + 0,80(50) + 500 – 1(10) + 250 + 300 – 0,30Y
Y – 0,8(Y-020Y) + 0,30Y = 1.500 + 0,80(50) + 500 – 1(10) + 250 + 300
Ao colocar Y em evidência, temos:
Y[1-0,8(1-0,20) + 0,30] = 2.580
Y = 1/ [1-0,8(1-0,20) + 0,30] x 2.580
Em que :
∂ = 1/ [1-0,8(1-0,20) + 0,30] é o multiplicador de gastos
Y = 1,5151 x 2.580
Y = 3.908,95
Ao encontrarmos a renda de equilíbrio, podemos calcular o resultado da Necessidade de Financiamento 
do Setor Público Conceito Primário e do balanço de pagamentos:
NFSPcp = 250 – (0,20 x 3.908,25)
NFSPcp = – 531,65, cujo resultado negativo expressa um superávit primário.
BP = 300 – (0,30 x 3.908,95)
BP = – 872,68, cujo resultado negativo representa um déficit externo.
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Unidade I
 Lembrete
A relação investimento e poupança representa apenas uma identidade, 
e não uma igualdade de causa e efeito. Sem renda, não há poupança e 
investimento, e, sem investimento, não há renda e poupança.
Percebe-se que a economia aberta é uma extensão da economia fechada, em que a oferta total é a 
produção interna mais a importação de bens e serviços e a demanda total passa a ser os gastos internos 
mais a exportação de bens e serviços.
Iremos ver essa equação mais adiante e de forma mais detalhada, mas é interessante já deixar claro 
como uma economia aberta pode ser caracterizada por meio da equação da curva IS.
Portanto, uma economia aberta apresenta uma relação com outra economia e com o resto do mundo 
por meio de canais externos, cujo primeiro se dá pelo comércio de bens e serviços e o segundo, por meio 
de empréstimos e financiamentos.
Esses canais são afetados por outras variáveis como a taxa de juros de cada país, que tem impacto 
sobre o nível de investimento interno, mas também sobre o financiamento interno por meio da compra 
e venda de títulos públicos brasileiros ou empréstimos nacionais e internacionais.
Outro ponto que iremos tratar é a questão dos níveis de preços internos e externos e sua vinculação 
com a taxa de câmbio, isto é, o preço da moeda internacional em relação à moeda nacional ou doméstica. 
Aqui já podemos perceber que a política econômica de cada país é um fator relevante para as relações 
internacionais.
Na macroeconomia fechada vemos que as principais políticas econômicas são a fiscal e a 
monetária, agora temos também a política cambial, que é essencial para a dinâmica do lado externo 
da economia como um todo devido ao fato de que os preços dos fatores de produção e de bens 
e serviços da economia doméstica e do resto do mundo afetam o Produto Interno Bruto (PIB) de 
ambas as economias.
Para a economia brasileira, destacam-se dois eventos econômicos, sendo um externo e outro interno,mas ambos dentro de um cenário de economia aberta. O primeiro evento destaca os choques do Petróleo 
realizados pela Organização Produtora e Exportadora de Petróleo (Opep) nos anos de 1974 e 1979, cuja 
elevação do preço do barril de petróleo teve impacto em vários países, inclusive no Brasil. Já o segundo 
evento foi o plano brasileiro de estabilização econômica, denominado Plano Real, em julho de 1994, em 
que um dos principais instrumentos foi a âncora cambial e os fluxos de capitais. Esses fatos deixam claro 
a interdependência das economias dos diversos países e levam à necessidade de tentativas de decisões 
de política econômicas conjuntas, sendo essas tentativas um dos grandes desafios macroeconômicos, e, 
um bom exemplo é a região do Euro.
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MACROECONOMIA ABERTA
 Saiba mais
O seguinte trabalho explica muito bem o Plano Real:
SILVA, M. L. F. Plano Real e âncora cambial. Revista de Economia Política, 
São Paulo, v. 22, n. 3, p. 3-24, jul./set. 2002. Disponível em: <http://www.
rep.org.br/pdf/87-1.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2016.
1.1 Balanço de pagamentos e taxas de câmbio
O balanço de pagamentos (BP) representa a contabilidade do lado externo da economia. Todas as 
transações dos residentes domésticos, isto é, dos agentes econômicos, com foco de interesse econômico 
permanente em um país com o resto do mundo são registradas no BP, que possui duas grandes contas 
com suas subcontas:
• Conta-corrente: registra todo o comércio externo de bens e serviços e é composta pelas subcontas 
da balança comercial, balança de serviços, renda primária e renda secundária, que é a antiga 
subconta de transferências unilaterais.
• Conta de capital: registra todas as compras e vendas de moeda e ativos financeiros e é formada 
pelas subcontas de investimento direto no exterior; investimento direto no país; investimento 
em carteira (ativos); investimento em carteira (passivos), derivativos (ativos e passivos); outros 
investimentos (ativos); outros investimentos (passivos); e ativos de reserva.
O balanço de pagamentos adota o princípio das partidas dobradas, em que cada crédito equivale a 
um débito. Por exemplo: a variação do fluxo de reservas internacionais que são usadas para financiar 
gastos no exterior tem seu lançamento como débito ao denotar variação positiva e como crédito ao 
apresentar variação negativa.
A inversão de sinais significa que a variação nas reservas é uma contrapartida dos fluxos reais e 
de capitais autônomos. O pagamento de uma exportação à vista ou a entrada de capitais resultam no 
aumento de reservas internacionais, se a troca de sinais não for mantida, e o BP não irá apresentar seu 
equilíbrio interno.
O resultado do balanço de pagamentos poderá resultar em superávit ou déficit. “A regra simples 
para as contas do balanço de pagamentos é que a transação que dá lugar a um pagamento do 
residente de um país é um item de déficit no balanço de pagamentos daquele país” (DORNBUSCH; 
FISCHER, 1991, p. 204).
Portanto, todas as compras de bens e serviços ou ativos monetários e financeiros internacionais, bem 
como as transferências de renda para o exterior, são operações que compõem um déficit e o inverso, as 
operações que compõem um superávit.
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Unidade I
Teoricamente, o saldo do BP deve tender a zero, mas, na realidade, teremos um superávit devido a, 
por exemplo, um maior valor exportado do que importado do exterior ou um déficit ao expressar um 
maior valor de importação do exterior.
Lembrando que um superávit ou um déficit total do BP resultam das duas principais contas 
mencionadas e que uma das duas contas pode, teoricamente, “financiar” a outra. Por exemplo, um 
déficit nas contas-correntes pode ser financiado por um superávit na conta de capital e vice-versa, cuja 
soma das duas principais contas irá destacar o resultado do BP e a variação nas reservas.
A tabela a seguir apresenta o balanço de pagamentos do Brasil dos últimos dois anos. Os valores são 
sempre em dólar americano, por ser a moeda do padrão monetário internacional.
Tabela 1 – Balanço de pagamentos do Brasil em milhões de dólares
Discriminação 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Transações correntes - 75 824 - 77 032 - 74 218 - 74 839 - 104 181 - 58 882 
 Balança comercial – balanço de pagamentos 18 491 27 625 17 420 389 - 6 629 17 670 
 Exportações 201 324 255 506 242 283 241 577 224 098 190 092 
 Importações 182 833 227 881 224 864 241 189 230 727 172 422 
 Serviços - 30 156 - 37 166 - 40 168 - 46 372 - 48 107 - 36 919 
 Viagens - 10 704 - 14 707 - 15 661 - 18 554 - 18 724 - 11 513 
 Transportes - 6 138 - 7 962 - 8 398 - 9 376 - 8 697 - 5 664 
 Aluguel de equipamentos - 13 718 - 16 682 - 18 736 - 19 056 - 22 629 - 21 532 
 Demais serviços 404 2 185 2 627 614 1 943 1 790 
 Renda primária - 67 055 - 70 475 - 54 308 - 32 538 - 52 170 - 42 357 
 Remuneração de empregados 498 567 511 511 357 349 
 Juros - 11 993 - 14 448 - 16 630 - 19 324 - 21 340 - 21 913 
 Lucros e dividendos - 55 560 - 56 593 - 38 189 - 13 726 - 31 187 - 20 793 
 Renda secundária 2 896 2 984 2 838 3 683 2 725 2 724 
Conta capital 242 256 208 322 231 440 
Conta financeira - 76 012 - 79 242 - 73 954 - 72 696 - 100 599 - 54 734 
 Investimentos – ativos 71 841 35 002 36 451 63 336 79 526 53 951 
 Investimento direto no exterior 26 763 16 067 5 208 14 942 26 040 13 498 
 Ativos de bancos - 599 - 5 200 3 787 4 536 - 1 435 - 1 056 
 Demais ativos1/ 45 677 24 135 27 456 43 859 54 922 41 509 
 Investimentos – passivos 197 065 172 878 129 279 129 995 192 525 113 704 
 Investimento direto no país 88 452 101 158 86 607 69 181 96 895 75 075 
 Ações totais3/ 37 671 7 174 5 602 11 636 11 773 10 030 
 Títulos negociados no mercado doméstico 17 516 5 250 11 373 30 957 27 068 16 296 
 Empréstimos e títulos de LP negociados no 
mercado externo 30 062 47 651 18 730 2 504 21 585 - 3 566 
 Ingressos 60 613 82 149 56 310 60 543 71 184 72 896 
 Títulos públicos 2 818 1 650 3 867 4 050 5 976 54 
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MACROECONOMIA ABERTA
 Títulos privados 22 924 25 458 13 409 9 976 11 061 10 432 
 Empréstimos diretos 10 754 36 868 27 313 28 174 36 430 46 349 
 Demais empréstimos3/ 24 117 18 174 11 720 18 343 17 717 16 061 
 Amortizações 30 551 34 497 37 580 58 039 49 599 76 462 
 Títulos públicos 5 399 4 140 3 422 2 860 3 466 3 472 
 Títulos privados 9 293 4 746 7 477 11 990 11 341 15 152 
 Empréstimos diretos 4 649 8 658 13 900 27 285 19 360 41 022 
 Demais empréstimos3/ 11 210 16 954 12 782 15 903 15 431 16 816 
 Empréstimos e títulos de CP negociados no 
mercado externo 27 428 - 3 888 - 4 125 - 146 24 896 - 6 838 
 Demais passivos1/ - 4 064 15 532 11 093 15 862 10 308 22 706 
 Derivativos 112 - 3 - 25 - 110 1 568 3 450 
 Ativos de reserva 49 101 58 637 18 900 - 5 926 10 833 1 569 
Erros e omissões - 430 - 2 466 57 1 821 3 351 3 708 
 Projeção. Em US$ bilhões.
1/ Inclui créditos comerciais.
2/ Inclui ações negociadas em bolsas de valores do Brasil e do exterior.
3/ Inclui créditos de agências e organismos.
*Dados preliminares.
Fonte: Bacen ([s.d.]).
Percebe-se que, ao trabalharmos com economia aplicada, os resultadosnas duas principais contas 
resultam em déficit externo, isto é, não seguem a teoria de uma conta financiar a outra conta, ou seja, 
da conta de capital financiar a conta de transações correntes e vice-versa. Nesse caso, em que ambas 
as contas apresentam déficit, haverá movimentação de reservas internacionais, cujo valor nos últimos 
anos está acima de US$ 300 bilhões de dólares.
1.1.1 Mercado cambial e taxas de câmbio
O mercado cambial é o local onde se dá a oferta e a demanda por moeda internacional, principalmente 
a oferta e demanda por dólares, cujos agentes econômicos que participam desse mercado são: Banco 
Central, corretoras de câmbio, departamentos bancários de câmbio e todos os demais agentes, como 
empresas e famílias, que por algum motivo ofertam ou demandam a moeda externa. Essa movimentação 
de compra e venda determina o preço da moeda estrangeira, que denominamos câmbio nominal. De 
forma simples, a equação do câmbio nominal pode ser apresentada da seguinte forma:
e = R$ / 1,00 US$
Em que:
e é o valor da taxa nominal de câmbio;
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Unidade I
R$ é a quantidade de reais por um dólar;
US$ é a quantia de 1 (um) dólar.
Um bom exemplo são as famílias que irão viajar para a Disney e passam a demandar dólares para 
cobrir suas despesas em terras norte-americanas ou então empresas com dívida externa que demandam 
dólares para pagar essa dívida, entre outras operações que necessitam de moeda estrangeira, como o 
pagamento de importações.
Oferta de dólares
Demanda por 
dólares
Câmbio nominal 
ou preço do dólar
Quantidade 
de dólares
Q US$
e
Figura 1 – Mercado de câmbio
O Banco Central, que é uma autoridade monetária, também é o agente econômico que controla o fluxo de 
moeda estrangeira de um país, devido a essa movimentação impactar na base monetária. Portanto, o Banco 
Central tem entre suas atribuições e competências intermediar a oferta e a demanda de moeda estrangeira 
como meio de pagamento para os agentes superavitários e deficitários no balanço de pagamentos e, para 
isso, determina o regime cambial vigente, isto é, qual o valor da moeda estrangeira no tempo, ou seja, a 
moeda estrangeira terá um valor fixo, conhecido como câmbio fixo, ou terá um valor flutuante ou que 
apresenta variação ao longo do tempo, chamado de câmbio flutuante ou flexível.
1.1.2 Câmbio fixo
Em um regime de taxas de câmbio fixo, o Banco Central define o valor da moeda estrangeira em 
um único valor e faz operações de compra e venda dessa mesma moeda estrangeira para manter o seu 
valor constante. Se o Banco Central determinar que a moeda estrangeira, no caso US$ 1,00, equivale 
a R$ 2,00 reais, fará suas operações cambiais para manter esse valor constante, isto é, um câmbio 
nominal de R$ 2,00 reais ao longo do tempo.
1.1.3 Câmbio flutuante ou flexível
Em um regime de taxas de câmbio flutuante ou flexível, o valor da moeda estrangeira é decretado pelo 
mercado, isto é, pela oferta e demanda por moeda estrangeira, em que o Banco Central não intervém, ou 
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MACROECONOMIA ABERTA
seja, não define o valor do câmbio nominal. Dado um contexto de regime de câmbio flutuante, caso o 
Banco Central faça operações de compra e venda que alterem o valor do câmbio nominal, essa ação será 
considerada uma intervenção do Banco Central sobre o valor do câmbio nominal, cujo regime cambial 
será considerado como “flutuação suja” ou “taxas cambiais administradas” devido ao câmbio não ser 
determinado apenas pelo mercado, mas também pela intervenção do Banco Central na tentativa de 
influenciar a taxa de câmbio.
O “economês” utiliza duas terminologias para descrever quando o valor do câmbio nominal ou preço 
do dólar em moeda nacional apresentam variações de alta e de baixa. Por exemplo, se o câmbio nominal 
está a R$ 2,00 para US$ 1,00 e passa para R$ 3,00 para US$ 1,00, dizemos que houve uma depreciação 
ou desvalorização da moeda doméstica, neste caso, o real, em relação ao dólar, pois passamos a precisar 
de mais unidades de reais (R$) para cada 1 (um) dólar (US$).
Podemos ver esse movimento no gráfico a seguir, no qual, devido a um aumento da demanda por 
dólares, o preço de equilíbrio do câmbio nominal apresenta uma variação do ponto A para o ponto B, 
cujo valor do câmbio nominal aumenta de e1 para e2, resultando em uma desvalorização cambial por 
conta da necessidade de mais reais por apenas um dólar.
Oferta de dólares
Demanda por 
dólares 1
Demanda por 
dólares 2
Câmbio nominal 
ou preço do dólar
Quantidade 
de dólares
Q1 US$ Q2 US$
e 1
e 2
A
B
Figura 2 – Mercado de câmbio com movimento de desvalorização cambial
Entretanto, se o câmbio nominal está a R$ 2,00 para cada US$ 1,00 e passa a valer R$ 1,50 para 
cada US$ 1,00, afirmamos que houve uma apreciação ou valorização da moeda doméstica, conforme 
ilustrado no gráfico a seguir.
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Unidade I
Oferta de dólares
Demanda por 
dólares 1
Demanda por 
dólares 2
Câmbio nominal 
ou preço do dólar
Quantidade 
de dólares
Q1 US$Q2 US$
e 1
e 2
A
B
Figura 3 – Mercado de câmbio com movimento de valorização cambial
A questão de utilizar as terminologias apreciação ou depreciação e valorização ou desvalorização 
estão relacionadas aos regimes cambiais. A primeira designação é aplicada em um regime de câmbio 
flutuante e a segunda, em um regime de câmbio fixo.
1,95
2000
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
2,32
2,53
2,89
2,65
2,34
2,14
1,77
2,34
1,74 1,67
1,88
2,04
2,34
2,66
3,90
Câmbio nominal
Figura 4 – Câmbio nominal brasileiro 2000-2015
1.1.4 Taxa real de câmbio
A taxa real de câmbio faz a relação entre o câmbio nominal, o nível de preços dos bens estrangeiros 
ou importados e dos bens nacionais, ou seja, o câmbio real mede a competitividade entre os bens 
nacionais e os bens importados, cuja equação matemática é a seguinte:
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MACROECONOMIA ABERTA
E ou R = eπ rm / π bra
Em que:
E ou R é o valor da taxa real de câmbio.
e é o valor da taxa nominal de câmbio.
π rm é o nível de preços no resto do mundo, ou seja, o preço dos bens importados.
π bra é o nível de preços no Brasil, ou seja, o preço dos bens nacionais.
Portanto, para sabermos se os bens brasileiros estão se tornando relativamente mais baratos 
ou mais caros do que os bens estrangeiros, temos que levar em conta a dinâmica do nível de 
preços ou a inflação no Brasil e no resto do mundo (Estados Unidos, China, países europeus, 
asiáticos, entre outros).
Quando temos um aumento de R, isto é, uma elevação na taxa real de câmbio, há uma depreciação 
real, ou seja, significa que os preços estrangeiros em reais (eπ rm) têm aumentado em relação aos 
preços dos bens produzidos nos Brasil (π bra), leia-se que os bens importados se tornaram mais caros 
em relação aos bens domésticos.
Pela ótica da sociedade brasileira, os bens nacionais ficaram mais baratos em relação aos bens 
estrangeiros. Entretanto, quando temos uma redução de R, uma queda na taxa real de câmbio, temos 
uma apreciação real, isto é, os bens nacionais têm se tornado relativamente mais caros ou o Brasil tem 
perdido competitividade.
10,00
30,00
50,00
70,00
900,00
110,00
130,00
150,00
2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ...2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ... 2015. ...
170,00
116,63
123,54
134,12
130,62
129,86
130,98
134,14
144,71
159,40
157,12
149,34
149,41
Figura 5 – Câmbio real brasileiro no ano de 2015
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Unidade I
 Lembrete
As taxas de câmbio passam a ser de grande relevância, pois determinam 
os níveis de renda e de juros na economia. Os economistas brasileiros da 
linha de pesquisa conhecida como novos desenvolvimentistas colocam o 
câmbio como uma das variáveis principais para o crescimento econômico.
1.1.5 Gastos nacionais e gastos em bens nacionais
Com base no modelo IS-LM estudado na macroeconomia fechada, iremos agora ajustar a curva IS à 
economia internacional, devido ao contexto de economia aberta por meio das variáveis de exportação 
(X) ou venda de produtos nacionais ou domésticos ao resto do mundo e importação (Q) ou compra de 
produtos estrangeiros.
O que muda é que os gastos nacionais não definem a produção nacional, mas que os gastos em bens 
nacionais determinam a produção nacional ou doméstica devido à inserção da variável exportação (A + 
NX). Agora, uma parte do gasto dos residentes nacionais é com bens nacionais e uma parte desse mesmo 
gasto é com bens estrangeiros ou importados.
Parte das expensas de um típico americano vai para cerveja importada, por exemplo. A demanda 
por bens domésticos, por outro lado, inclui as exportações e a demanda externa como parte dos gastos 
efetuados pelos residentes domésticos.
Gastos dos residentes domésticos = A = C + I + G
Gastos em bens domésticos = A + NX = (C + I + G) + (X – Q)
Exportações líquidas = NX = X – Q
Em que:
A são os gastos autônomos.
C é o consumo privado agregado.
I é o investimento privado agregado.
G são os gastos do governo em consumo e investimentos públicos agregados.
X são as exportações agregadas.
Q são as importações agregadas.
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MACROECONOMIA ABERTA
Os gastos em bens nacionais são o total de gastos realizados pelos residentes nacionais no Brasil, 
menos as expensas em bens estrangeiros ou importações, mais a venda de produtos nacionais no resto 
do mundo via exportações. As exportações menos as importações resultam na variável de exportações 
líquidas (NX), portanto, os gastos em bens domésticos são aqueles efetuados pelos residentes no Brasil, 
mais as exportações líquidas. Podemos descrever a equação matemática das exportações líquidas da 
seguinte forma:
NX = X(Yrm, R) – Q(Y, R) = NX(Y, Yrm, R)
Percebe-se que as exportações líquidas (NX) dependem da renda agregada nacional (Y), da renda 
agregada do resto do mundo (Yrm) e da taxa real de câmbio (R). Caso haja um aumento em R ou uma 
depreciação real, haverá uma melhora na balança comercial e, por sua vez, nas exportações líquidas, pois 
a demanda se desloca dos bens produzidos no exterior para aqueles que são produzidos no Brasil. Diante 
disso, há três resultados esperados:
• caso aumente a renda agregada do resto do mundo, elevar-se-á a demanda agregada nacional;
• uma depreciação real melhora as exportações líquidas e eleva a demanda agregada;
• um acréscimo na renda agregada nacional brasileira vai ampliar as importações.
O gráfico a seguir, elaborado a partir de Dornbusch e Fischer (1991, p. 216), apresenta a curva 
das exportações líquidas em função da renda nacional, da renda do resto do mundo e da taxa real 
de câmbio. A curva é negativamente inclinada devido ao fato de que as importações aumentam 
quando se eleva a renda agregada nacional. Quando a renda agregada nacional é baixa, os gastos com 
importações também são baixos, cujas exportações líquidas são positivas. Entretanto, quando a renda 
agregada nacional cresce, também se ampliam os gastos com produtos importados, podendo resultar 
em exportações líquidas negativas.
+1
0
–1
Y
NX((Y, Yrm, R)
Figura 6 – Exportações líquidas
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Unidade I
Com base no cartesiano do modelo IS-LM e sua relação com o gráfico das exportações líquidas, 
supomos que houve um aumento do crescimento da economia norte-americana, que, por sua vez, 
elevou a renda agregada do resto do mundo e do Brasil, conforme podemos ver no primeiro cartesiano 
do gráfico a seguir, elaborado a partir de Dornbusch e Fischer (1991, p. 219). O fato de a renda agregada 
do resto do mundo aumentar, eleva as exportações brasileiras e desloca a curva IS do ponto A para o 
ponto B. Com isso, as exportações tendem a se ampliar mais que as importações, deslocando a curva de 
exportações líquidas também do ponto A para o ponto B, como podemos ver no segundo cartesiano do 
gráfico seguinte, cujo ponto B fica acima de zero, na região positiva do cartesiano, o que significa um 
resultado positivo e favorável para a economia em seu lado externo.
Portanto, um acréscimo na renda agregada do resto do mundo dilata as exportações, fazendo com 
que a curva de exportações líquidas se desloque para cima e para a direita. O caso de uma depreciação 
real também aumenta as exportações líquidas para cima e para a direita. Já uma depreciação real irá 
reduzir as exportações e elevar as importações.
i
LM
B
B
Y
Y
NX2
NX1
A
A
+1
0
–1
IS 2
IS 1
Figura 7 – O impacto do aumento da renda agregada do resto do mundo
1.1.6 O mercado de bens e serviços e seu equilíbrio: a curva IS em uma economia aberta
A demanda agregada, ou curva IS, passa a exibir em sua estrutura as variáveis do lado externo da 
economia, representado pelas exportações e importações, ou seja, as exportações líquidas, e pode ser 
apresentada pela seguinte equação matemática:
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MACROECONOMIA ABERTA
Curva IS = DA = Y = C + I + G + X – Q
ou
Curva IS = DA = Y = A(Y, i) + NX(Y, Yrm, R)
É fundamental essa formalização do complemento da curva IS em uma economia aberta para 
esclarecer as variáveis que definem a própria demanda agregada, isto é, os gastos autônomos e as 
exportações líquidas, bem como as variáveis que impactam diretamente sobre cada uma das variáveis 
determinantes, como a renda agregada nacional, a taxa de juros interna, a renda agregada do resto do 
mundo e da taxa real de câmbio.
Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 220), há uma relação de causa e efeito entre essas variáveis 
que gera distúrbios na renda e nas exportações líquidas. Por exemplo: caso haja um acréscimo nos gastos 
nacionais ou domésticos, leia-se gastos autônomos, haverá uma ampliação da renda agregada nacional, 
mas uma queda ou um resultado negativo nas exportações líquidas. O incremento na renda do resto 
do mundo eleva a renda agregada nacional e um aumento ou um resultado positivo nas exportações 
líquidas e, por fim, uma depreciação real elevará a renda agregada e as exportações líquidas, conforme 
podemos ver no quadro a seguir.
Quadro 1 – Efeitos de um distúrbio na renda e nas exportações líquidas
Aumento nos 
gastos domésticos
Aumento na renda 
do resto do mundo Depreciação real
Renda + + +
Exportações líquidas - + +
Fonte: Dornbusch e Fischer (1991, p. 220).
1.1.7 Dilemas da política econômica
Nem sempre os objetivos da política econômica são harmoniosos, isto é, podem ser conflitantes. 
Na macroeconomia aberta temos os objetivos de equilíbrio interno (crescimento econômico com pleno 
emprego) e o equilíbrio externo (crescimento econômico sem endividamento externo).
O gráfico a seguir demonstra as possibilidades de conflitosque podem existir entre os objetivos de 
política econômica em uma macroeconomia aberta. No cartesiano, que relaciona a renda agregada 
nacional (Y) e a taxa de juros doméstica (i), temos, além das curvas IS e LM, duas linhas verticais, sendo 
a primeira de exportações líquidas (NX = 0) e a segunda é a renda agregada de pleno emprego (Y*).
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Unidade I
NX = 0
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
Y*
LM
0
I
II
III
IS
Figura 8 – Conflito entre objetivos da política econômica
A primeira linha vertical (NX = 0) representa o equilíbrio entre exportações e importações, isto 
é, o equilíbrio externo. Caso a intersecção IS-LM seja sobre esta linha, haverá o equilíbrio externo. À 
esquerda desta linha, há um superávit devido à renda agregada nacional baixa implicar importações 
baixas. No entanto, à direita de NX = 0 haverá um déficit devido à elevação da renda agregada nacional 
também ampliar as importações acima das exportações.
Já a segunda linha, referente ao pleno emprego (Y*), irá apresentar desemprego à esquerda e superemprego 
à direita da linha. Portanto, ao longo de NX = 0 haverá o equilíbrio externo via o equilíbrio da balança comercial 
e, no nível produtivo Y*, haverá o pleno emprego. Na região I do gráfico, uma elevação da demanda agregada 
irá reduzir o desemprego com equilíbrio no lado externo. Na região III, a demanda agregada está abaixo do 
pleno emprego, resultando em desemprego e déficit no lado externo. Já na região II, temos um maior conflito 
de política econômica devido à necessidade de um equilíbrio externo precisar de um maior desemprego.
Em alguns contextos, os conflitos entre políticas econômicas podem ser resolvidos por efeitos de repercussão. 
Por exemplo: um aumento da renda agregada dos Estados Unidos tende a ampliar a renda agregada mundial, 
que, por sua vez, eleva as exportações de vários países, inclusive o Brasil, gerando crescimento econômico via 
expansão da renda nacional e superávit comercial, leia-se equilíbrios interno e externo.
1.1.8 Mobilidade de capital
A mobilidade de capital significa a liberdade de escolha para a compra e venda de ativos em qualquer 
país, de forma rápida e ilimitada. Dornbusch e Fischer (1991, p. 225) afirmam o seguinte:
O capital é perfeitamente móvel internacionalmente quando os investidores 
podem comprar ativos em qualquer país que escolherem, rapidamente, 
com custos de transação baixos e em volumes ilimitados. Quando o capital 
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MACROECONOMIA ABERTA
é perfeitamente móvel, os proprietários de ativos estão dispostos e são 
capazes de mover grandes volumes de fundos entre as fronteiras em busca 
de um retorno maior ou de um custo de empréstimo menor.
Os ativos são moeda e quase-moedas, em que os ativos monetários estão no mercado de moedas 
para câmbio, hedge e especulação, e os ativos financeiros estão nos mercados financeiros e de capitais 
por meio da compra e venda de ações, títulos públicos e outros títulos privados. A questão dos fluxos 
de capitais passa a ser importante, dentro de um contexto de macroeconomia aberta, dos anos 1970 
em diante, com a globalização financeira, pois representa uma forma de financiamento do balanço de 
pagamentos por meio da conta capital e conta financeira.
 Saiba mais
Entre os trabalhos que explicam muito bem a globalização financeira, 
está o indicado a seguir:
CARNEIRO, R. A globalização financeira: origem, dinâmica e perspectivas. 
Texto para Discussão, Campinas, n. 90, out. 1999. Disponível em: <www.eco.
unicamp.br/docprod/downarq.php?id=1720&tp=a>. Acesso em: 22 jul. 2016.
1.2 Balanço de pagamentos e os fluxos de capitais
A equação matemática do balanço de pagamentos passa a ser representada da seguinte forma:
BP = NX(Y, Yrm, R) + FK (i – irm)
Em que:
FK é o fluxo de capitais na conta de capital.
i é a taxa nominal de juros no Brasil.
irm é a taxa nominal de juros no resto do mundo.
A estrutura dessa equação demonstra a divisão do balanço de pagamentos em duas principais 
contas. A primeira é a conta das transações correntes, representada por NX, que depende da renda 
agregada nacional, da renda agregada do resto do mundo e da taxa real de câmbio, e a segunda conta 
é a conta capital, revelada por FK, que depende do diferencial da taxa nominal de juros brasileira (i) e da 
taxa nominal de juros do resto do mundo (irm). Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 227-8):
A ideia é extremamente importante. Os países frequentemente enfrentam 
o seguinte dilema: a produção doméstica é baixa e eles querem expandi-la, 
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Unidade I
porém, o balanço de pagamentos está em dificuldades e eles não acreditam 
que possam suportar um déficit maior neste. Se o nível de renda aumenta, 
as exportações líquidas irão cair quando a demanda doméstica aumentar, 
tendendo a piorar o balanço de pagamentos – o que o país deseja evitar. A 
presença da sensibilidade [dos] juros dos fluxos de capital sugere que um país 
pode impor uma política doméstica expansionista sem incorrer necessariamente 
em problemas do balanço de pagamentos. A implicação da perfeita mobilidade 
de capital é a de que as taxas de juros teriam que ser aumentadas somente 
muito pouco para se obter o financiamento para o déficit comercial.
Percebe-se que expandir a renda agregada nacional irá reduzir as exportações líquidas (NX) por 
meio de uma aceleração das importações acima das exportações, o que resulta em déficit comercial. 
Entretanto, esse déficit comercial poderá ser financiado por meio do fluxo de capitais, em que a taxa de 
juros brasileira deverá ser mais atraente que a taxa de juros do resto mundo, leia-se uma taxa de juros 
nacional mais elevada.
Note que estamos discutindo uma alternativa à questão dos equilíbrios interno e externo. No gráfico 
a seguir, com base em Dornbusch e Fischer (1991, p. 229), podemos ver esses conflitos de uma forma 
mais clara. Veja que no quadrante A temos o conflito de objetivos de política econômica diante de um 
superávit comercial, entretanto, com um nível de desemprego. Já o quadrante D apresenta uma relação 
inversa, isto é, um resultado de déficit comercial com superemprego.
A questão colocada aqui atende ao quadrante D. Caso o país faça a opção por um crescimento 
econômico para obter uma condição de superemprego ou equilíbrio interno, apresentará um desequilíbrio 
externo por meio de um déficit comercial, isto é, um crescimento econômico com endividamento externo 
que poderá ser financiando pelo fluxo de capitais, cuja taxa de juros deverá ser mais elevada que a taxa 
de juros do resto do mundo.
(A)
Superávit comercial
e
Desemprego
(B)
Superávit comercial
e
Superemprego
(C)
Déficit comercial
e
Desemprego
(D)
Déficit comercial
e
Desemprego
Taxa de 
juros (i)
BP = 0
Nível de 
renda (y)
Y*
Figura 9 – Pontos de conflito entre os equilíbrios interno e externo
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2 POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL EM ECONOMIA ABERTA
2.1 O modelo Mundell‑Fleming ou modelo IS‑LM‑BP
O modelo Mundell-Fleming é o modelo IS-LM com a curva BP, isto é, modelo IS-LM-BP que 
faz a interligação do lado real da economia (IS), com o lado monetário (LM) e com o lado externo 
(BP), caracterizando a dinâmica da macroeconomia aberta e os objetivos de política econômica e 
seus instrumentos (políticas monetária e fiscal) dentro de regimes cambiais diferentes (câmbio fixo 
e flutuante), cujapolítica cambial e os fluxos de capitais passam a ser elementos essenciais para a 
determinação da renda de equilíbrio.
No modelo IS-LM-BP, os fluxos de capitais passam a ser tratados em dois contextos. O primeiro é a 
mobilidade perfeita de capitais, marcada pela existência de ativos ou portfólios nacionais ou domésticos 
e estrangeiros homogêneos ou substitutos perfeitos; por exemplo, os ativos possuem a mesma taxa de 
juros e a curva do balanço de pagamentos ou curva BP é elástica ou horizontal, conforme o gráfico a 
seguir, elaborado a partir de Froyen (2006, p. 596).
Taxa de 
juros (i)
i brasil = i rm
Nível de 
renda (Y)
BP
Figura 10 – Curva BP em um contexto de mobilidade perfeita de capitais
O segundo contexto é o da mobilidade imperfeita de capitais, que é caracterizada pela existência 
de ativos ou portfólios nacionais ou domésticos e estrangeiros heterogêneos ou substitutos, mas não 
perfeitos, seja pelo diferencial de taxas de juros, riscos (cambiais, fiscais, entre outros), seja pelos custos 
de transação, como o imposto sobre operações financeiras (IOF), informações assimétricas, entre outros. 
A curva BP nesse contexto é inelástica ou verticalizada e é positivamente inclinada devido a um aumento 
da renda agregada, que eleva as importações, que, por sua vez, serão financiadas por um aumento da 
taxa de juros, ou seja, o déficit em transações correntes será financiado pela conta capital, conforme o 
gráfico a seguir, formado com base em Froyen (2006, p. 583).
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Unidade I
BPTaxa de 
juros (i)
i brasil > ou < i rm
Nível de 
renda (Y)
Figura 11 – Curva BP em um contexto de mobilidade imperfeita de capitais
Dos anos 1970 em diante, com o avanço das telecomunicações, a globalização financeira ficou mais 
intensa devido à possibilidade de acesso às informações de cada país e à possibilidade de transações 
financeiras em qualquer parte do mundo em tempo real. O fluxo de capitais em cada país gera tendências 
econômicas e sociais positivas e negativas, bem como interfere nas políticas econômicas adotadas pelos 
países que possuem uma economia aberta, principalmente na política cambial, isto é, no regime e taxas 
cambiais vigentes. Conforme Dornbusch e Fischer (1991, p. 230):
Sob perfeita mobilidade de capital, o mais delicado diferencial de juros provoca 
infinitos fluxos de capital. Segue-se que, em uma situação de perfeita mobilidade 
de capital, os bancos centrais não podem conduzir uma política monetária 
independente sob taxas de câmbio fixas. A razão é a seguinte: suponha que 
um país decida aumentar as taxas de juros. A política monetária é restritiva e, 
como resultado, as taxas de juros sobem. Imediatamente, os administradores de 
portfólios em todo o mundo sentem a taxa mais alta e deslocam sua riqueza 
para um país que tenha esta taxa. Como resultado da enorme entrada de capital, 
o balanço de pagamentos mostra um gigantesco superávit comercial, a pressão 
resultante por uma apreciação da moeda força o banco central a intervir, 
comprando moeda estrangeira e vendendo moeda doméstica. Esta intervenção 
implica [faz] que o estoque monetário doméstico aumenta[e]. Como resultado, a 
contração monetária inicial é anulada. O processo caminha para um fim quando 
as taxas de juros domésticos voltarem ao seu nível inicial.
Dependendo do regime cambial e da mobilidade de capital, fica claro que os policy makers, ou 
fazedores de políticas econômicas, necessitam escolher qual política econômica, monetária e/ou fiscal 
escolher para alcançar os objetivos propostos. Por exemplo, em um contexto de taxas de câmbio fixas 
e perfeita mobilidade de capital, não há condições da adoção de uma política monetária independente 
devido à chance de desalinhamento das taxas de juros internas das taxas de juros que prevalecem no 
resto do mundo. Caso seja implementada uma política monetária independente, haverá uma variação 
nos fluxos de capitais e a necessidade de uma intervenção monetária do Banco Central para que as taxas 
de juros voltem a se alinhar.
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MACROECONOMIA ABERTA
Os gráficos a seguir demonstram bem essa dependência da política econômica vigente, no caso a 
política monetária, dos regimes cambiais. No primeiro gráfico, temos uma restrição monetária, isto é, 
uma redução da liquidez e elevação da taxa de juros. Essa elevação, dentro de um contexto de mobilidade 
perfeita de capitais, resulta na entrada de capitais e acréscimo das reservas internacionais, o que favorece 
um regime de câmbio fixo, equilíbrio externo por conta do BP ser positivo, em que a intersecção IS-LM está 
acima da curva BP, e em desequilíbrio interno devido à mesma intersecção IS-LM estar abaixo da linha Y*.
Entretanto, no segundo gráfico, em que há uma política monetária expansionista por causa do aumento 
da liquidez e à queda da taxa de juros, não é uma condição cambial sustentável dentro de um regime de 
câmbio fixo, mas apenas dentro de um regime de câmbio flutuante. Percebe-se que há desequilíbrio externo 
devido ao BP ser negativo – pela intersecção IS-LM estar abaixo da curva BP, e em equilíbrio interno em 
virtude da mesma intersecção IS-LM estar além da linha Y*. No entanto, esse não é um cenário favorável, pois 
um BP negativo significa perda de reservas internacionais, o que pode levar à mudança do regime cambial.
LM 2
LM
BP = 0
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i = i rm
IS
Y*
Figura 12 – Restrição monetária
LM 2
LM
BP = 0
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i = i rm
IS
Y*
Figura 13 – Expansão monetária
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2.2 A determinação das principais variáveis do modelo Mundell‑Fleming ou 
modelo IS‑LM‑BP
O modelo Mundell-Fleming ou modelo IS-LM-BP é um modelo macroeconômico que leva em conta 
a dinâmica entre o lado monetário, por meio da curva LM, e o lado fiscal, por meio da curva IS, e a 
interação de ambas as curvas com o lado externo da economia, por meio da curva BP.
A curva BP não representa apenas o fluxo de mercadorias, mas também os fluxos de capitais e o 
saldo de reservas internacionais que permitem definir o regime e a taxa de câmbio adotada por cada 
política econômica em uma dada conjuntura econômica.
Dado que todo modelo econômico é uma abstração da realidade, faz-se necessário retomarmos as 
curvas IS, LM e BP e promover a interação dessas curvas, como forma de determinar a renda.
Ampliando o modelo, podemos descrever a curva IS da seguinte forma:
Y = 1/[1-c(1-t)+m] x (A – bi + vR)
Em que:
A são os gastos autônomos.
b é o coeficiente de sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros.
i é a taxa de juros.
v é o coeficiente de sensibilidade do balanço de pagamentos no tocante à taxa real de câmbio.
A curva LM apresenta a mesma forma:
M/P = kY – hi
Em que:
M/P é a oferta real de moeda.
k é o coeficiente de sensibilidade da demanda por moeda a cerca da renda.
Y é o nível de renda.
h é coeficiente de sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros.
De forma teórica, o balanço de pagamentos, para estar em equilíbrio, deve ser igual a zero (BP = 0), 
e sua curva pode ser apresentada da seguinte forma:
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BP = NX + Ka
Em que:
NX são as exportações líquidas.
Ka é o fluxo de capital monetário e financeiro.
Em que:
NX = NX – mY + vR
Ka = Ka + x(i – i* – Re)
Aqui apresentamos o lado das contas de transaçõescorrentes do balanço de pagamentos (NX), em 
que temos as exportações líquidas, a propensão marginal a importar mais e a sensibilidade à taxa real de 
câmbio (vR). Já na segunda equação, temos a conta de capital e financeira (Ka) composta pela entrada 
autônoma de capitais, mais o coeficiente de sensibilidade do diferencial da taxa de juros interna (i), da 
taxa de juros externa (i*) e do impacto cambial.
Portanto, temos as variáveis exógenas, como os gastos autônomos (A), a oferta real de moeda (M/P), 
as exportações líquidas (NX), e a taxa de juros externa (i*) e o impacto cambial (Re). Os níveis de preços 
ou inflação interna (P) e externa (P*) também são exógenos.
Exemplo de aplicação
A partir dos valores mencionados a seguir, derive as equações de equilíbrio IS, LM e BP. Para que 
todos os mercados estejam em equilíbrio, determine os valores do nível de renda (Y), da taxa de juros 
interna (i) e da taxa de câmbio nominal (e).
O lado real ou mercado de bens é dado da seguinte forma:
C = 4,75 + 0,75Yd
T = 3 + 0,3Y
I = 35 – 2i
X = 10 – 5/R
Q = 20 + 2/R + 0,2Y
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O lado monetário é dado da seguinte forma:
L = 0,25Y – 0,5i
M/P = 3/P
Ka = 20,5 + (i – i* – Re)
i* = 5
Re = 10
P = 1
P* = 1
Vamos começar resolvendo a curva IS:
C = 4,75 + 0,75Yd
Yd = Y – T
T = 3 + 0,3Y
Yd = Y – (3 + 0,3Y)
Yd = Y – 3 – 0,3Y
Yd = 0,7Y – 3
Em que:
C = 4,75 + 0,75 (0,7Y – 3)
C = 4,75 + 0,525Y – 2,25
C = 2,5 + 0,525Y
Já que encontramos a função consumo, vamos complementar o modelo com as outras variáveis:
I = 35 – 2i
G = 30
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MACROECONOMIA ABERTA
NX = X – Q
X = 10 – 5/R
Q = 20 + 2/R + 0,2Y
NX = (10 – 5/R) – (20 + 2/R + 0,2Y)
NX = 10 – 5/R – 20 – 2/R – 0,2Y
NX = – 10 – 7/R – 0,2Y
Considerando que:
R = eP*/P em que P = 1 e P* = 1
R = e
Em que:
NX = -10 – 7/e – 0,2Y
Portanto, temos:
Y = 2,5 + 0,525Y + 35 – 2i + 30 – 10 – 7/e – 0,2Y
Y – 0,525Y + 0,2Y = 57,5 – 2i – 7/e
0,675Y = 57,5 – 2i – 7/e
Y = 57,5/0,675 – 2i/0,675 – (7/e)/0,675
Então, passa a ser igual a:
Y = 1/0,675(57,5 – 2i – 7/e) → Equação (I)
A curva IS passa a ser, nessa primeira fase, igual a:
Y = 1,4815(57,5 – 2i – 7/e)
Elaboremos a curva LM:
3/P = 0,25Y – 0,5i
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Em que:
Y = 12 + 2i → Equação (II)
Agora montaremos a curva BP:
BP = NX + Ka
Ka = 20,5 + (i -15)
BP = – 10 – 7/e – 0,2Y + 20,5 + i -15
BP = -5,5 – 7/e – 0,2Y + 20,5 + i
Como, teoricamente, BP = 0, temos:
-5,5 – 7/e – 0,2Y + i = 0
-5,5 – 7/e + i = 0,2Y
Y = -22,5 – 35/e + 5i → Equação (III)
Muito bem, agora vamos pegar a equação (II) e substituir na equação (I) e, nela, igualar as equações 
(I) e (II) e depois as equações (II) e (III):
1,4815(57,5 – 2i – 7/e) = 12 + 2i → Equação (I´)
12 + 2i = -22,5 – 35/e + 5i → Equação (III´)
Lembremos que a incógnita não poderá ser um número negativo, então multiplicamos por -1 ou 
invertemos os lados:
35/e = 3i + 34,5
Para facilitar, vamos desmembrar o 35, isto é, 35/5 = 7:
5(7/e) = 3i – 34,5
Em seguida, passamos o 5 para o outro lado, dividindo:
7/e = 3i/5 – 34,5/5
7/e = 3i/5 – 6,9
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Subtraiamos a equação (I´):
1,4815 [57,5 – 2i(3i/5 – 6,9)] = 12 + 2i
1,4815(64,4 – 13i/5) = 12 + 2i
95,41 – 3,85i = 12 + 2i
83,41 = 5,85i
i = 83,41/5,85
i = 14,26
Por fim, substituamos o valor de i nas equações (II) e (I´):
Y = 12 + 2(14,26)
Y = 40,52
7/e = [3/5(14,26)] – 6,9
7/e = 8,556 – 6,9
e = 7/1,656
e = 4,23
3 MOBILIDADE DE CAPITAIS E SUA DINÂMICA
3.1 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial fixo
Ao estudarmos políticas econômicas e seus objetivos, temos que ter claro os quatro fundamentos 
macroeconômicos que norteiam as teorias e modelos desenvolvidos. São eles: crescimento econômico, 
baixo desemprego, estabilidade de preços e distribuição equitativa da renda.
Com tal compeensão, é possível entender melhor os objetivos de política econômica, bem como 
saber a eficiência dessas políticas por meio desses fundamentos, isto é, ao tomarmos uma decisão de 
política monetária ou fiscal, isso levará ao crescimento econômico? São essas questões que temos que 
analisar e avaliar no modelo IS-LM-BP.
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Em um contexto de mobilidade perfeita de capitais, regime de câmbio fixo e a decisão de uma política 
monetária expansionista por meio do aumento da oferta de moeda (M1) na economia ou aumento da 
liquidez, há um deslocamento da curva LM para a direita, isto é, para um novo ponto de equilíbrio IS-LM 
abaixo da curva BP, cujo resultado será um maior nível de renda (Y), supostamente, um crescimento 
econômico, conforme podemos ver no próximo gráfico, elaborado a partir de Froyen (2006, p. 596).
Percebe-se que o novo ponto de equilíbrio IS-LM será abaixo da curva BP, em que a taxa de juros 
doméstica será abaixo da taxa de juros internacional e, por esse motivo, haverá a saída de capitais do 
Brasil devido ao fato de os capitais estarem buscando o maior rendimento possível entre os países do 
resto do mundo, nesse caso evidenciado pela taxa de juros (i rm). Como estamos em um contexto de 
câmbio fixo determinado pelo Banco Central (Bacen), em que sabemos que para manter um câmbio fixo 
há a necessidade de acumular reservas internacionais, mas com a política monetária adotada, há a saída 
de capitais, ou seja, a redução das reservas internacionais.
Nesse cenário, o Banco Central irá anular a política monetária expansionista devido à perda de 
reservas internacionais para manter o regime cambial no regime de câmbio fixo, isto é, o Bacen irá 
elevar novamente a taxa de juros interna, cuja curva LM e o nível de renda voltaram para a posição 
inicial, ou seja, a decisão da política monetária expansionista deverá ser anulada, o que, por sua vez, 
não surtirá os efeitos desejados de crescimento econômico, portanto, iremos considerar que a política 
monetária expansionista foi ineficaz.
LM (M1)
LM
BP
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i brasil = i rm
IS
Ye
Figura 14 – Ineficiência da expansão monetária
No entanto, dentro do mesmo contexto de mobilidade perfeita de capitais e regime de câmbio fixo, a 
utilização de uma política fiscal expansionista, isto é, elevação dos gastos públicos (G1) passa a ser uma 
alternativa viável em relação à política monetária expansionista, conforme o gráfico a seguir, também 
com base em Froyen (2006, p. 597).
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MACROECONOMIA ABERTA
A partir do equilíbrio IS-LM inicial, um aumento dos gastos públicos desloca a curva IS para a 
direita, cujo novo ponto de equilíbrio será acima da curva BP e em um ponto em que a taxa de juros 
interna será maior que a taxa de juros internacional, ponto B do gráfico, proporcionando a entrada de 
capitais e o acúmulo de reservas internacionais. Caso o Banco Central queira manter a taxa de juros 
inicial, entretanto, com um nível de renda mais elevado, ele irá fazer uma acomodação monetária, ou 
seja, elevar a oferta de moeda na mesma proporção do aumento da demanda por moeda gerado pelo 
ampliaçãodo nível de renda (Y2).
Percebe-se que a política fiscal foi eficiente, pois resultou no acréscimo do nível de renda de Ye para 
Y2 de forma consolidada, isto é, elevou o nível de renda sem gerar conflitos de política econômica, ou 
seja, a decisão de uma política fiscal expansionista permitiu uma acomodação monetária que evitou 
também o efeito crowding-out, ou efeito deslocamento de gastos privados por gastos públicos, que são 
gerados pela extensão da taxa de juros e inibem o nível de investimento do setor privado (Y1). Assim, 
preservou o regime de câmbio fixo.
LM (M1)
LM
BP
IS (G1)
CA
B
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i brasil = i rm
i brasil > i rm
IS
Ye Y1 Y2
Figura 15 – Eficiência da expansão fiscal
3.2 Mobilidade perfeita de capitais e os impactos das políticas econômicas 
dentro de um contexto de regime cambial flutuante
Mantendo nossos estudos dentro de um contexto de mobilidade perfeita de capitais, entretanto, 
altera-se o regime cambial, que agora passa a ser o de câmbio flutuante ou flexível, em que a taxa de 
câmbio é determinada pela oferta e demanda de moeda estrangeira ou dólares.
Conforme o gráfico a seguir, elaborado a partir de dados de Froyen (2006, p. 601), que faz a relação 
entre taxa de câmbio (e) e a quantidade de moeda estrangeira ou reservas internacionais (Q US$), em 
um regime de câmbio fixo, teríamos uma taxa de câmbio fixa ou constante (ē), em que o Banco Central, 
para manter a taxa constante, faria a oferta de moeda estrangeira em relação à demanda por moeda 
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Unidade I
estrangeira, ponto A do gráfico. No entanto, caso a demanda por moeda estrangeira seja maior que 
a oferta de moeda estrangeira, haverá uma desvalorização cambial (e1), ponto B do gráfico, e caso a 
oferta seja maior que a demanda, haverá uma valorização cambial, cujo ponto C do gráfico demonstra 
a taxa de câmbio voltando para seu nível inicial.
Oferta US$ 1
Demanda US$ 1
Oferta US$ 2
Demanda US$ 2
CA
B
Taxa de 
câmbio (e)
Reservas 
internacionais
e
e1
Q US$ 1 Q US$ 2 Q US$ 3
Figura 16 – Oferta e demanda por dólares e taxa de câmbio
 Observação
Segundo Froyen (2006, p. 600): “Crises cambiais são episódios em que 
um governo é obrigado a abandonar sua política de controle ou fixação do 
câmbio por deixar de dispor de reservas internacionais.”
Nesse contexto de câmbio flutuante, a decisão de uma política monetária expansionista por meio do 
aumento da oferta de moeda (M1) na economia ou elevação da liquidez, em que há um deslocamento 
da curva LM para a direita e o novo ponto de equilíbrio IS-LM abaixo da curva BP, demonstra ser uma 
política econômica eficaz para gerar um maior nível de renda (Y1), conforme o gráfico a seguir, também 
elaborado a partir de Froyen (2006, p. 599).
Percebe-se que o novo ponto de equilíbrio IS-LM será abaixo da curva BP, como também é no 
regime de câmbio fixo, em que a taxa de juros doméstica fica abaixo da taxa de juros internacional e, 
por esse motivo, causa a saída de capitais do Brasil. No entanto, no regime de câmbio flutuante, a saída 
de capitais causa uma desvalorização cambial que tem impacto direto sobre o fluxo de exportações e 
importações, ou seja, causa um acréscimo das exportações líquidas que faz parte da curva IS, que irá se 
deslocar para a direita, IS(e1), e elevar o nível de renda para Y2.
Portanto, a política monetária expansionista é muito eficiente em um regime de câmbio flutuante, 
pois eleva o nível de renda de forma consolidada e sem conflitar com as políticas fiscal e cambial.
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MACROECONOMIA ABERTA
IS
BP
LM
IS(e1)
LM (M1)
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i brasil = i rm
i brasil < i rm
Ye Y1 Y2
Figura 17 – Eficiência da expansão monetária
No entanto, dentro do mesmo contexto de mobilidade perfeita de capitais e regime de câmbio 
flutuante, a utilização de uma política fiscal expansionista, isto é, expansão dos gastos públicos (G1, e0), 
passa a ser uma alternativa inviável, pois gera uma valorização cambial e leva o nível de renda ao nível 
inicial (G1, e1), conforme o gráfico a seguir, formulado a partir de Froyen (2006, p. 600).
A partir do equilíbrio IS-LM inicial, um aumento dos gastos públicos desloca a curva IS para a direita, 
cujo novo ponto de equilíbrio será acima da curva BP e em um ponto em que a taxa de juros brasileira 
(i brasil) será maior que a taxa de juros do resto do mundo (i rm), ocorrendo a entrada de capitais, o 
acúmulo de reservas internacionais e a valorização do câmbio.
Como o câmbio é flutuante e temos a curva IS dependente da taxa de câmbio devido ao impacto nos 
níveis de exportações e importações, a valorização cambial faz a curva IS deslocar-se para a esquerda, e 
faz o nível de renda voltar ao ponto de equilíbrio inicial, resultando em uma política econômica ineficaz 
ao não consolidar o crescimento econômico.
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Unidade I
IS = IS(G1, e1)
BP
LM
IS(G1, e0)
Taxa de 
juros (i)
Nível de 
renda (Y)
i brasil = i rm
i brasil > i rm
Ye
Figura 18 – Ineficiência da expansão fiscal
3.3 Mobilidade imperfeita de capitais e os impactos das políticas 
econômicas dentro de um contexto de regime cambial fixo
Para entender a mobilidade imperfeita, é necessário retomar os pressupostos que fundamentam o 
modelo IS-LM-BP nesse contexto, cujos pressupostos são:
• diferencial de riscos por meio do diferencial das taxas de juros;
• risco cambial;
• custos de transação;
• informações assimétricas;
• ativos substitutos, mas não perfeitos.
Na mobilidade imperfeita, a curva BP tem inclinação positiva, pois um aumento do nível de renda 
eleva o nível de importações acima das exportações, resultando em um desequilíbrio externo. Para 
reequilibrar o lado externo, isto é, um balanço de pagamentos igual a zero (BP = 0), a taxa de juros 
doméstica (Brasil) deverá ser mais elevada que a taxa de juros do resto e mundo (RM) para atrair capitais 
externos via conta capital para financiar a conta de transações correntes.
A curva BP será mais inclinada quanto menos os fluxos de capitais forem 
sensíveis à taxa de juros. Quanto menor o aumento da entrada de capitais 
para um dado aumento da taxa de juros [...], maior será o aumento da taxa 
de juros necessário para manter o equilíbrio do balanço de pagamentos 
quando passamos para um nível de renda (e, portanto, de importações) 
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MACROECONOMIA ABERTA
mais alto; ou seja, a curva BP será mais inclinada. A curva BP também 
será mais inclinada quanto maior for a propensão marginal a importar. 
Com uma propensão marginal a importar mais alta, um dado aumento na 
renda irá produzir um maior aumento nas importações. Para alcançar o 
equilíbrio no balanço de pagamentos, será necessário um maior aumento 
na entrada de capital e, consequentemente, um maior aumento da taxa de 
juros (FROYEN, 2006, p. 587).
O deslocamento da curva BP está em função das variações na taxa de câmbio flutuante. Uma 
desvalorização cambial desloca a curva BP para a direita devido ao aumento das exportações (X), que 
elevam o nível de renda (Y). Esse acréscimo no nível de renda elevará a taxa de juros doméstica (Brasil) 
acima da taxa de juros do resto e mundo (RM), que, por sua vez, valorizará a taxa de câmbio e elevará 
as importações, cujo resultado será um balanço de pagamentos equilibrado (BP = 0).
Em um contexto de mobilidade

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