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Unidade II CIÊNCIAS ECONÔMICAS INTEGRADA Prof. Claudio Ditticio Objetivos da disciplina Discussão de aspectos relacionados ao subdesenvolvimentismo, desenvolvimento e desenvolvimentismo sob a ótica de uma economia capitalista. Evolução do planejamento no Brasil a partir de uma perspectiva histórica, considerando os propósitos e as ações do governo em função dos projetos de crescimento e desenvolvimento econômicos. Questões que dificultam o desenvolvimento brasileiro. Assuntos integrantes da unidade II Análise do planejamento no setor público como condição para o alcance do crescimento e desenvolvimento econômicos. Duas formas de organização da atividade econômica: a) Descentralizada (economia de mercado): predominante nas economias ocidentais. b) Centralizada, predominante nas situações em que as economias são socialistas ou comunistas. Características da forma descentralizada Livre-iniciativa. Presença do Estado. Elementos de uma economia capitalista. Livre-iniciativa Nenhum agente econômico, empresas produtoras ou vendedoras ou famílias fornecedoras de fatores de produção e consumidoras de mercadorias se preocupa com o gerenciamento para o bom funcionamento do sistema de preços Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados e ela opera como coordenadora das atividades econômicas e sociais. Livre-iniciativa Auxilia na resposta ao problema econômico fundamental, isto é, resolve as questões principais de um sistema econômico: O que e quanto produzir? – Consumidores que dão sinais ao mercado e às empresas do que precisam produzir. Como produzir? – Determinada pela concorrência entre os produtores pela adoção do método de fabricação mais eficiente ou mais barato. Para quem produzir? – respondida pelo montante de renda individual. Fluxo circular da renda e do produto Fonte: Livro-texto. Fluxo circular da renda e do produto As famílias sinalizam o mercado sobre o que elas precisam consumir e, portanto, orientam as empresas sobre o que devem produzir. As empresas também dão sinais de mercado e necessitam empregar fatores de produção (terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial) em determinadas quantidades. São determinados os preços das mercadorias e dos fatores de produção. Fluxo circular da renda e do produto Altas taxas de inflação aliadas às dificuldades orçamentárias de governos de países subdesenvolvidos atuam como entraves à capacidade do setor público no financiamento de projetos em áreas estratégicas ou infraestruturais (transportes, educação, saúde, comunicações e área social). O sistema de preços determina preços e quantidade de equilíbrio, pois os consumidores estabelecem os preços máximos que desejam pagar pelo consumo das mercadorias e os produtores estabelecem os preços mínimos que desejam remunerar pela utilização dos fatores de produção. Presença do estado Em função das imperfeições apresentadas pelo sistema de preços da livre-iniciativa: O Estado surge para regulamentar estas atividades. A introdução do governo nesse modelo simplificado não o modifica, pois exerce funções normativas e regulatórias ao participar dos fluxos econômicos fundamentais. O governo se apropria de uma parte da renda e supre a sociedade com bens e serviços de uso coletivo, remunerando fatores de produção das famílias – tem ainda a função de adquirir produtos das empresas. Elementos de uma economia capitalista O sistema caracteriza-se por uma organização econômica baseada na propriedade privada dos meios de produção ou de capital. Os elementos da economia capitalista são: capital; propriedade privada dos meios de produção; divisão do trabalho através da especialização e da mecanização da produção; moeda. A mão invisível Cada agente cuida de si – competição é um fator inerente e determinante em uma Economia de Mercado – todos os agentes fazem escolhas racionais para obter mais poder de mercado que os demais, buscando maximizar seu benefício individual. A relação de troca das mercadorias é a peça-chave na solução do problema econômico, individual e coletivo. As trocas ocorrem com a intermediação da moeda/dinheiro. A mão invisível Para Jorge e Moreira (1990, p.27), qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica de uma comunidade, [...] os seus objetivos são muito semelhantes: busca-se otimizar a satisfação do indivíduo, de um lado e, de outro, maximizar a eficiência produtiva. Economias atuais Dizemos que elas são economias mistas e que combinam características das economias de mercado e das economias centralizadas. O planejamento nas economias capitalistas Para Betty Mindlin Lafer (1975, p.12), nas economias capitalistas a necessidade de planejamento relaciona-se com objetivos econômicos e sociais derivados das falhas de mercado que impedem o Ótimo de Pareto. Diante de crises cíclicas do capitalismo [...] [com] impacto no [...] emprego e crescimento econômico, a adoção “de modelos racionais de política econômica” poderiam permitir a alocação ótima de recursos. Não há que se pensar que o planejamento governamental sirva para substituir a economia de mercado, mas apenas para corrigir suas imperfeições, “aproximando a alocação de recursos correspondente a um ótimo pareteano e aumentando a eficiência dinâmica do sistema, ou seja, promovendo o desenvolvimento econômico”. (LAFER, 1975, p.16). Um país que esteja experimentando pela primeira vez a estratégia de planejamento não se dedica especificamente a entender pormenorizadamente as condições econômicas de setores isolados. Inicia, na maioria das vezes, com um amplo programa de investimentos públicos nas áreas de transportes, energia, educação e saúde que vai além de seu orçamento. O planejamento nas economias capitalistas Demanda derivada A iniciativa do governo de investir em uma área específica, por exemplo, a saúde, causa um efeito positivo em toda a sociedade. Trata-se do efeito cascata ou dominó: uma cadeia de produção puxa a outra. O porquê do planejamento Quando a economia atingir a maturidade, o seu desempenho passa a ser comandado por um conjunto de transformações pelas quais passou e que afetam o setor de mercado interno, independentemente do desempenho da base exportadora. O planejamento consiste em apontar o caminho mais racional do desenvolvimento, considerando as características da economia que se está analisando. O porquê do planejamento Para Matias-Pereira (2012) o planejamento é um elenco de ações interligadas e que se complementam entre diferentes instâncias governamentais para que seu real objetivo seja conquistado. O planejamento [...] é um processo dinâmico de racionalização coordenada das opções, permitindo prever e avaliar cursos de ação alternativos e futuros [para as] tomadas de decisões mais adequadas e racionais. Interatividade Aponte, entre as alternativas a seguir, o que é correto sob a ótica do sistema capitalista descentralizado: I. Nenhum agente econômico, empresas ou consumidores de bens e serviços, se preocupa em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. II. Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados e ela opera como coordenadora das atividades econômicas. III. Na teoria econômica, mesmo esta forma descentralizada somente é viável se houver a intervenção do governo na economia visando eliminar a ocorrência de preços altos. IV. O modelo do Fluxo Circular da Renda e do Produto nãoconsegue ser atendido sob a ótica da livre-iniciativa. Interatividade a) Estão corretos os itens I e IV. b) Estão corretos os itens II e III. c) Está correto o item II. d) Está correto o item I. e) Estão corretos os itens I e II. Resgate das iniciativas de planejamento no Brasil: breve revisão O Estado tem função explícita de planejamento. O planejamento governamental, portanto, além de um instrumento de ação pública, deve ser visto como uma imposição constitucional. Isso está explícito na Constituição Federal de 1988 por meio de vários dispositivos que lhe conferem caráter imperativo ao estabelecer a obrigatoriedade de formulação de planos, de forma ordenada e sequencial para viabilizar o alcance dos objetivos previamente estabelecidos, que buscam o atingimento do progresso econômico e social. Matias-Pereira (2012, p.284). Porque ocorreu o planejamento no Brasil Giambiagi e Além (2008) concluem que a expansão das atividades do Estado no Brasil não decorreu de uma atitude deliberada do Estado com vistas a ocupar o espaço do setor privado, tendo procurado: expandir a produção no país em decorrência de um setor privado restrito; atenuar as tensões internas provocadas por efeitos de crises internacionais; controlar a expansão do capital estrangeiro em áreas de interesse público, bem como nas áreas de exploração de recursos naturais; promover a industrialização do país de forma rápida. Estado desenvolvimentista Liderando um processo de substituição de importações, coloca o país na rota do crescimento econômico induzido pela produção interna em diferentes áreas, inicialmente na infraestrutura em que prevalecem os investimentos públicos seguidos dos privados em setores induzidos pelo Estado. A ideia principal é frear importações de bens finais e induzir a produção interna no intuito de abastecer o mercado interno. Retrospectiva histórica no Brasil Em termos de cronologia, no Brasil, até a década de 1930 é difícil afirmar a existência de planejamento econômico propriamente dito. Ações isoladas com relação a agricultura, preservação do capital estrangeiro, políticas de preços mínimos, apoio seletivo a alguns setores industriais a exemplo do têxtil foram algumas dessas iniciativas. As mudanças dos anos 1930 Devido aos efeitos da crise internacional, a diversificação industrial passa a ocupar papel de destaque perante as autoridades governamentais. As iniciativas adotadas na década de 1930 foram decisivas para que o período seguinte prosperasse em termos de formação do setor produtivo estatal. As mudanças dos anos 1930 Durante a década de 1930, conforme Giambiagi e Além (2008), a ação do Estado manifesta-se nas seguintes frentes: controle de preços nos setores de água, energia e combustível; manutenção dos lucros no setor cafeeiro via controle de preços; administração de taxas de juros; criação de autarquias; proteção à indústria local; criação de linhas de financiamento para favorecer os setores agrícola e industrial (forte atuação do Banco do Brasil). Novas medidas de medição da economia Foram adotadas novas medidas, em adição às meramente quantitativas de produção, ou de “crescimento”. Entre as medidas de crescimento econômico, destacam-se o PIB e o PNB. O PIB representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos no país (ou na região considerada) em determinado período de tempo. Para o seu cálculo, ele descarta a renda do exterior, tanto a recebida quanto a enviada. Considerando-se N o número de habitantes, o PIB per capita será dado por: PIB per capita = PIB/N Durante as décadas de 1940 e 1950 A partir da década de 1940 várias foram as tentativas de coordenar, controlar e planejar a economia brasileira. O que se pode dizer a respeito dessas tentativas, até 1956, é que foram mais propostas, como é o caso do relatório Simonsen (1944-1945); mais diagnósticos, como se deu na Missão Cooke (1942-1943), Missão Abbink (1948), Comissão Mista Brasil-EUA (1951-1953); mais esforços no sentido de racionalizar o processo orçamentário (Plano Salte (1948); mais medidas puramente setoriais (petróleo ou café) do que experiências que pudessem ser enquadradas na noção de planejamento propriamente dito. Durante as décadas de 1940 e 1950 No que diz respeito à evolução da participação estatal na economia, é interessante destacar que é neste período que surgem as empresas estatais dando suporte infraestrutural ao processo de industrialização brasileira. Além dos investimentos em hidrelétricas, outras empresas foram criadas, como: 1942, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional e CVRD – Companhia Vale do Rio Doce. 1943, FNM – Fábrica Nacional de Motores. 1952, BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, posteriormente BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. 1953, Petrobrás. Durante as décadas de 1940 e 1950 Os anos 1950 são marcados pela consolidação do nacional desenvolvimentismo com o comando da indústria. No governo de Juscelino Kubitschek – cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo – é lançado o Plano de Metas. Aglutinando capital estatal, privado e estrangeiro, o plano propunha expansão da indústria nacional pela iniciativa privada suportada por investimentos estatais em infraestrutura. Ao setor estatal, basicamente caberiam investimentos: nos setores de energia e transporte; em siderurgia; no petróleo. O Plano de Metas de JK Ao setor privado, caberiam investimentos: na indústria de transformação nos setores de insumos básicos e bens de capital, a exemplo da metalomecânica; na distribuição e fornecimento no setor de autopeças e apoio às grandes multinacionais. O Plano de Metas de JK Setores Participação do Investimento Total (%) Energia 43,4 Transportes 29,6 Indústrias básicas 20,4 Educação 3,4 Alimentação 3,2 O Plano de Metas de JK Celso Lafer (1975) destaca que devido à sua complexidade, arquitetura e o alcance de suas propostas em termos de objetivos, o Plano de Metas pode ser considerado como a primeira experiência de planejamento governamental efetivamente posta em prática no Brasil. O estudo desse Plano é importante quando se deseja conhecer a evolução histórica e as condições atuais do planejamento no Brasil. O Plano de Metas de JK Além da construção de Brasília, é possível destacar pontos positivos e negativos do Plano de Metas, como: crescimento de aproximadamente 80% na produção industrial, notadamente em setores de aço, mecânico, elétrico, de comunicação e também no setor de transporte; crescimento da produção de automóveis e caminhões; incentivo à entrada de capital estrangeiro, auxiliando investimentos privados; ingresso de empresas multinacionais no mercado doméstico, diversificando a produção industrial; O Plano de Metas de JK uso da tecnologia como indutora do crescimento de produtividade; economia doméstica dependente de importação tecnológica e de bens de capital; dificuldades de fechar contas em balanço de pagamentos. Os anos 1960 e 1970 Nas décadas de 1960 e 1970, o setor público prosseguiu ampliando a sua participação direta no setor produtivo, aprofundando a aliança entre “militares e tecnocratas”. A ação dos governos militares seguia, conforme Brum (1997), quatro diretrizes básicas: criar e assegurar condições para crescimento econômico acelerado; consolidar o sistema capitalista no Brasil; aprofundar a integração da economia brasileira no sistemacapitalista internacional e; transformar o Brasil em potência mundial, retirando-o da condição de país subdesenvolvido. Plano Trienal do governo Goulart Sob o regime parlamentarista e o governo João Goulart, em 1962 é lançado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (1963-1965). A principal preocupação do Plano era a inflação e seu elemento impulsionador: excesso de demanda sustentada por elevação de gastos públicos. Plano Trienal do governo Goulart Nascimento (2014) aponta algumas metas e medidas adotadas pelo Plano: crescimento do produto nacional de aproximadamente 7% com o objetivo de melhorar a repartição bem como o nível de vida da população; promoção da reforma agrária; melhoria do relacionamento financeiro com o setor externo via refinanciamento de dívidas; diminuição da pressão inflacionária até 1965, de forma que a variação de preços não ultrapassasse 10%; melhoria na qualidade do ensino. Início do regime militar No período seguinte, 1964-1967, sob o regime militar e por meio do Ato Institucional nº 1, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco assume a presidência do país. Nesse governo: foram criados instrumentos de controle quanto à informação; eliminou-se o direito à greve; surgiram as eleições indiretas para governos estaduais; instituiu-se o Cruzeiro Novo como moeda corrente; criou-se o Banco Central do Brasil e o BNH – Banco Nacional da Habitação; institui-se a correção monetária; institucionalizou-se o regime autoritário no país. A influência do modelo de substituição de importações O modelo de substituição de importações foi extremamente importante no processo de industrialização do país, mas quando começa a dar sinais de esgotamento, a economia brasileira não consegue continuar em sua trajetória de crescimento e inicia-se um período de estagnação. Entre as distorções, Martone (1975) destaca: o processo inflacionário presente em todo o período das iniciativas de industrialização; o sentido capital intensivo dado ao processo de industrialização no lugar do mão de obra intensiva; a crescente presença do setor público em diversos ramos da economia; a estagnação produtiva no setor agrícola. O Paeg Tentativa de recolocar a economia brasileira na trajetória de desenvolvimento com a formulação de uma política econômica capaz de eliminar as fontes internas de estrangulamento que freavam as condições de crescimento da economia. Após efetuar um diagnóstico bem apurado das condições da economia brasileira, foram estabelecidos os objetivos do plano. O Paeg Resultado: aprofundamento do processo inflacionário. Martone (1975, p. 73) comenta: [...] o plano interpreta o processo inflacionário brasileiro como o reflexo de uma inconsistência do ponto de vista da distribuição da renda: de um lado, o Governo procura injetar na economia um volume maior de recursos do que o poder de compra dela retirado, gerando déficits crônicos no orçamento federal; de outro lado, forma-se uma luta constante entre empresas e assalariados pela fixação dos salários nominais, redundando na famosa espiral preços-salários e pressionando o nível de demanda monetária para cima. Interatividade Indique o que pode ser considerado correto, entre as assertivas a seguir, tendo como base o Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek: I. O seu único objetivo era o controle da inflação. II. Fracassou na maior parte de seus objetivos que não foram atendidos pelo plano, desde a sua concepção até a sua realização. III. Esse plano pode ser enquadrado no pensamento econômico ortodoxo brasileiro. IV. O projeto propunha expansão da indústria nacional por parte da iniciativa privada, a qual era apoiada por investimentos infraestruturais propiciados pela atuação do Estado. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) Apenas III. b) I e II. c) Apenas II. d) Apenas IV. e) III e IV. A orientação dos planos para o atendimento ao modelo de substituição de importações Adotou-se a política desenvolvimentista expressa pela substituição de importações – o produto antes importado passa a ter produção doméstica – criam-se barreiras alfandegárias para proteção do produto nacional – custos maiores para o consumidor do que os do similar importado. Em ambiente de economia fechada sem relações comerciais com o exterior, o custo interno de produção se eleva, o que automaticamente é repassado para preços. Produção crescente eleva custos e preços, impulsionando a necessidade de mais moeda para a realização das compras, aprofundando o processo inflacionário. Ainda com relação ao Paeg O Paeg tinha como objetivos compatibilizar: revisão da política de crédito ao governo, no intuito de procurar diminuir o custo do endividamento governamental; política de crédito ao setor privado, procurando fazer com que a expansão do crédito pelo sistema bancário acontecesse concomitante ao crescimento do produto nacional; política salarial na tentativa de eliminar a instabilidade dos salários reais que se vinha verificando nos últimos anos, procurando mantê-los, por correção monetária, no mínimo constantes. O crescimento econômico brasileiro A década de 1970 é de relevante importância, notadamente pelo “milagre econômico”, ou “milagre brasileiro” (1968-1973). Ocorreu durante os Governos Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1974). O milagre econômico brasileiro Ano PIB Indústria Agricultura Serviços Inflação 1968 9,8 14,2 1,4 9,9 25,4 1969 9,5 11,2 6,0 9,5 19,3 1970 10,4 11,9 5,6 10,5 19,3 1971 11,3 11,9 10,2 11,5 19,5 1972 12,1 14,0 4,0 12,1 15,7 1973 14,0 16,6 0,0 13,4 15,6 1974 8,2 8,5 1,3 10,6 34,5 1975 5,6 6,2 3,4 11,8 29,3 1976 9,0 10,7 4,2 7,5 46,3 1977 4,7 3,9 9,6 4,1 38,8 1978 5,0 6,4 -2,7 6,2 40,7 Fonte: Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr (2002, p. 398); Brum (1997, p. 323-335). I e II PNDs I PND (1968-70) visava crescimento econômico sustentável, apoiado em política comercial expansionista, utilizando como instrumentos isenção de impostos ao exportador combinada com adoção de minidesvalorizações da moeda nacional da época. No lado social, em dezembro de 1970 o governo lança dois programas favorecendo assalariados e servidores públicos: o Programa de Integração Social e o Programa de Assistência aos Servidores Públicos (PIS-Pasep) que junto com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), configuram-se como formação de poupança para utilização do governo. Sequência do crescimento brasileiro Houve um interessante crescimento do PIB no período do milagre econômico, conjugado com diminuição nos índices de inflação. Mas esse crescimento não pode ser sustentado, tendendo ao declínio a partir de 1974 – primeira crise do petróleo, repercutindo profundamente na economia brasileira e mundial. O que foi o II PND Como resposta à crise, o governo brasileiro passa a adotar medidas que envolvem imenso programa de investimentos públicos com participação da iniciativa privada para elevar novamente as taxas de crescimento, mesmo que tais medidas implicassem em perdas significativas de reservas cambiais ou que tornassem o país devedor para com o setor externo. Tal programa ficou conhecido como Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND, lançado em 1975. O que foi o II PND A opção pelo crescimento implicou um excepcional aumento da dívida externa do país. O crescimento por meio da dívida era justificado pela possibilidade de as futuras economias de divisas resultantes dosprogramas de investimentos – devido à substituição de importações e ao desenvolvimento de uma nova capacidade de exportação – virem a criar uma situação na qual o Brasil poderia produzir superávits comerciais suficientemente grandes para pagar os juros e amortizar a dívida internacional. O que foi o II PND Aumenta a demanda social por melhores níveis educacionais – ascensão da classe média – e aquela classe dominante tradicional passa a sofrer com a concorrência de grupos industriais urbanos. Criam-se forças endógenas e autônomas para o crescimento econômico autossustentado – valorização da expertise individual do ser humano quanto ao seu potencial criativo. A inflação muda de patamar Diferentemente do passado, a inflação mostra-se realmente como uma crise e, como em toda crise, haverá perdas, a exemplo de diluição dos valores dos ativos monetários, falência de bancos e empresas, elevação de tributação para diminuir liquidez, além de demais medidas de política econômica de caráter restritivo. O início dos planos de estabilização Com o governo Sarney, o primeiro plano de estabilização foi o Plano Cruzado, implementado em fevereiro de 1986. De raiz heterodoxa, influenciado pelo sucesso do Plano Austral na Argentina, a ideia central desse plano era a admissão de que a inflação brasileira era inercial. As principais medidas do Plano Cruzado foram congelamento de preços e salários e reforma monetária, com a alteração do nome da moeda de Cruzeiro para Cruzado. Outros planos de estabilização Cruzado 2 Bresser No decorrer do ano de 1988, Mailson da Nóbrega adotou a chamada política “feijão com arroz”, que significa a rejeição às políticas heterodoxas de combate à inflação. Verão Mesmo com as medidas do Plano Verão, o ano de 1989 encerrou com a taxa anual de inflação próxima a 1.800%. Collor e Collor II A nova Constituição, que foi promulgada em outubro de 1988, elevava os custos governamentais, aumentando a transferência de impostos para Estados e Municípios, desequilibrando o orçamento federal. O Plano Collor Pode-se caracterizar como importante objetivo do período a redução do tamanho do Estado dentro da perspectiva de Estado mínimo e a eliminação de grande parte das barreiras ao livre-comércio. A transição para o Plano Real O período de 1990-1992 foi marcado pelo início de uma reestruturação produtiva, aceleração da abertura da economia, desregulamentação dos mercados e por aceleração dos processos de privatização de empresas estatais (Nascimento, 2014). Este período foi marcado também por forte recessão, aumento do desemprego e pela queda dos salários reais e da massa salarial. O desgaste político do governo, aliado às denúncias de corrupção, acabou por levar o presidente Collor ao impeachment em outubro de 1992. O Plano Real Estabelecimento do equilíbrio das contas públicas federais com objetivo de eliminar a principal causa da inflação. Criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor (URV). Emissão de uma moeda nacional nova, o Real, com poder aquisitivo estável. O Plano Real Implantação da URV (Unidade Real de Valor) teve como objetivo, inicialmente, separar duas funções de uma mesma moeda: a URV era moeda de curso legal para servir exclusivamente como padrão de valor monetário. O Plano Real é apontado como a melhor experiência de estabilização da economia brasileira. Houve de fato uma queda brusca da inflação e o objetivo da estabilização monetária foi amplamente alcançado. Interatividade O Plano Real foi, afinal, bem sucedido no combate à alta inflação e, sobre ele, pode ser entendido como correto que: I. Como nos planejamentos anteriores, usou fartamente a alternativa de congelamento dos preços dos bens. II. Costuma-se dividi-lo em três grandes etapas, iniciando com o lançamento da URV (Unidade Real de Valor) de forma a separar os efeitos trazidos pela alta inflação. III. Tinha como um de seus objetivos o forte combate ao que se denominava de inflação inercial. IV. Seus resultados foram pífios, quando se constata o retorno de índices inflacionários agressivos a partir do início do século XXI. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) Apenas IV. b) II e IV. c) II e III. d) I e IV. e) Apenas III. Os anos Lula e Dilma Eleito para decepção daquela parcela do eleitorado que nas eleições anteriores havia lhe dado apoio na expectativa de grandes mudanças, Lula adotou como política de governo o que havia prometido na “Carta aos Brasileiros”, de junho de 2002, mantendo, em linhas gerais, a política macroeconômica do governo anterior. Durante seu governo, a inflação continuou sendo rigorosamente controlada pela administração da taxa de juros e pelo Copom (Comitê de Política Monetária), com política monetária bastante conservadora e a manutenção de altas taxas de juros. Os anos Lula e Dilma A política macroeconômica foi anunciada e implementada com o objetivo de alcançar a autossustentabilidade das contas públicas (Nascimento, 2014), dando continuidade ao regime de câmbio flexível e metas de inflação sem que fosse necessária elevação da carga tributária, bastante penosa para a sociedade brasileira. Tais medidas visavam à sustentação do superávit primário de 4,25% do PIB ao mesmo tempo em que se reduzia o gasto com serviço de dívida. Os anos Lula e Dilma A principal deficiência do Governo Lula, se é possível pôr a questão nesses termos, é a ausência de um projeto nacional de desenvolvimento. A ruptura do pacto nacional-desenvolvimentista que se deu em 1964 deu lugar, com a redemocratização, a um pacto liberal-social, que [está mais para] o neoliberalismo [...]. Os anos Lula e Dilma A política macroeconômica do governo Lula apresentou, no período de 2003 a 2007, como principal prioridade, a estabilidade monetária. O Plano de Desenvolvimento Produtivo (PDP), de maio de 2008, indicava que a política monetária é condição necessária, mas não suficiente, para a aceleração da competitividade industrial, que pode ser comprometida se a ênfase da política econômica continuar a restringir-se à estabilidade monetária (via aumento ou manutenção das elevadas taxas de juros e da taxa de câmbio valorizada). O PPA (Plano Plurianual) Cabe destacar o que se determina no § 1 do Artigo nº 165 da Constituição Federal: A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao compilado.htm>. Acesso em 13 de novembro de 2014. O PPA (Plano Plurianual) O PPA apresenta-se como um instrumento de planejamento estratégico de todas as ações que serão tomadas por determinado governo. Elaborado para o período de quatro anos, procura expressar com clareza os resultados pretendidos pelo governante que o elabora e, por meio de seu acompanhamento e avaliação, verificar a efetividade da execução de seus programas, bem como rever objetivos e metas (MATIAS-PEREIRA, 2012). Quando vigora o PPA Para que não haja descontinuidade das ações propostas pelo planejamento de diferentes governantes, é importante ressaltar que a vigência do PPA não coincide com o mandato do governante, mesmo que o período de vigência do mandato seja de quatro anos. O primeiro ano de vigência do PPA será o segundo ano do mandato do governante,seja ele presidente, governador ou prefeito. Como é montado o PPA Desenvolvido por programas, articula um conjunto de ações representadas por projetos, atividades e operações especiais, que concorrem para o alcance dos objetivos governamentais. Os programas e ações do PPA são revisados anualmente para fins de elaboração das propostas orçamentárias setoriais que dão origem à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei de Orçamento Anual de que trataremos oportunamente. Histórico de elaboração dos PPAs 1991/1995 1996/1999 2000/2003 2004/2007 2008-2011 2012-2015 A sucinta apresentação dos planos plurianuais no livro-texto da disciplina remete às funções organizacionais e de planejamento privado conforme aquelas discutidas na Unidade I da disciplina. Cada vez mais o planejamento apresenta-se como técnico e não como político. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) Abrange as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre as alterações da legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) É com a Lei de Diretrizes Orçamentárias que se estabelecem as prioridades bem como as metas da administração pública federal no que diz respeito aos orçamentos anuais que formam o orçamento unificado, quais sejam, o orçamento fiscal, o da seguridade social e dos investimentos das empresas estatais. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) Giacomoni (2012) afirma ser de extrema importância analisar a Lei de Diretrizes Orçamentárias à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois esta última exige que se considere: equilíbrio entre receitas e despesas; metas fiscais; riscos fiscais; programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, a serem estabelecidos pelo Poder Executivo. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) Critérios e formas de limitação de empenho a serem efetivados nas hipóteses de risco de não cumprimento das metas fiscais ou de ultrapassagem do limite da dívida consolidada. Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos. Condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas. Forma de utilização e montante da reserva de contingência a integrar a lei orçamentária anual. Demonstrações trimestrais apresentadas pelo Banco Central sobre o impacto e o custo fiscal das suas operações. Concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita (p.228). Entraves ao crescimento e ao desenvolvimento: desafios infraestruturais Não nos referimos apenas à malha dos transportes e suas diversas modalidades, mas sim também da saúde, saneamento básico, educação, mobilidade social e questões demográficas dos grandes centros urbanos e melhorias nas condições de produção e sociais das áreas rurais. Nos serviços de eletricidade e telefonia, o Brasil ocupa posição pouco abaixo da que caberia esperar, dada a renda per capita [...]. Não obstante, [...] a infraestrutura de transporte ocupa posição bem pior, especialmente em relação aos portos e estradas. A qualidade dos aeroportos também se compara desfavoravelmente com outros países, embora a disponibilidade de assentos em aviões seja percebida como abundante. Interatividade O PPA é um instrumento de planejamento que precede os demais, como a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA (Lei do Orçamento Anual): I. O PPA vigora apenas durante o mandato do executivo que o elaborou. II. O PPA é de responsabilidade apenas do Executivo Federal. III. O PPA visa, entre outros, orientar a ação governamental, objetivando alcançar o desenvolvimento econômico e a promoção do bem-estar social. IV. No Executivo Municipal, o PPA é substituído pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Interatividade Está correto o que se afirma em: a) Apenas I. b) I e II. c) I e III. d) II e IV. e) Apenas III. ATÉ A PRÓXIMA!
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