Prévia do material em texto
Unidade II ECONOMIA MONETÁRIA Prof. Maurício Manzalli Objetivos da disciplina Compreender o papel que a moeda desempenha em uma economia capitalista. Entender o impacto que a moeda causa em variáveis reais e nominais. Ter contato com as teorias explicativas da economia monetária. Assuntos da Unidade I Funções e evolução da moeda Evolução histórica da moeda e dos sistemas monetários Da moeda aos meios de pagamento Oferta de moeda Assuntos da Unidade II Teorias da demanda por moeda Política monetária Regimes de metas para inflação Política monetária: mecanismos de transmissão monetária Teoria da demanda por moeda Teoria Quantitativa da Moeda (Fischer e Escola de Cambridge) A Teoria Quantitativa da Moeda, TQM, em sua versão original foi desenvolvida em torno do pensamento da escola do liberalismo clássico encontrada nas principais contribuições de Pigou, Marshall, Knut Wicksell e Irving Fischer, sendo o último de maior relevância para o assunto. Quais são as razões que levam os agentes econômicos a demandar moeda? Teoria da demanda por moeda Uma das razões está na não existência de sincronia entre os fluxos de recebimentos e pagamentos a que os agentes econômicos estão expostos. Outra razão reside no fato de que os agentes econômicos não têm certeza quanto ao futuro e que, portanto, suas previsões não são as mais corretas possíveis. Percebe-se então a moeda sendo utilizada como ativo para efetuar transações. É aqui que se insere a teoria quantitativa da moeda. Teoria da demanda por moeda A teoria quantitativa da moeda tem sua origem naquilo que os economistas convencionam chamar de equação de trocas: MV = PT Em que: M = representa a quantidade ou estoque ou oferta de moeda; V = velocidade de circulação da moeda, seu turnover; P = nível geral de preços em termos nominais; T = quantidade total de transações físicas de bens e serviços. Teoria da demanda por moeda Reformulações: MV = PY Versão cash balance: assume que a coletividade não transaciona toda a moeda disponível pois retém uma parte. MV = kPY Teoria da demanda por moeda Quais os fatores que explicavam a decisão do público de reter moeda? A periodicidade entre recebimentos e pagamentos por parte da coletividade. Nível de acesso da sociedade ao crédito, observando que em períodos de fácil concessão a demanda por moeda para gastos não programáveis se retrai. Grau de eficiência do sistema de compensação, bem como dos processos de comunicação entre os débitos e créditos que ampliam ou diminuem a ociosidade da moeda estrutural. Continua... Teoria da demanda por moeda Quais os fatores que explicavam a decisão do público de reter moeda? O grau de integração vertical do sistema econômico. Existência de substitutos próximos da moeda, as chamadas quase-moeda. O nível de taxa de juros de mercado. A taxa de inflação. Interatividade Considerando a teoria quantitativa da moeda, indique a alternativa correta. a) Encara a moeda como endógena. b) A moeda impacta variáveis reais. c) A moeda impacta variáveis monetárias. d) Assume a velocidade de circulação da moeda como dada ao longo do tempo e sem possibilidade de alteração. e) A moeda é entendida em termos de fluxo e não de estoque. Teoria da demanda por moeda A teoria monetária de Keynes Assumindo que a moeda também desempenha a função de reserva de valor e que, portanto, pode ser entesourada, ela deixa de ser considerada neutra tanto no curto como no longo prazo em que se considera, agora, a endogeneidade da moeda bem como sua não neutralidade. Em Keynes também não se deixa de lado outra importância da moeda, qual seja, ser o ativo mais líquido que existe na economia. Teoria da demanda por moeda A teoria monetária de Keynes É importante destacar que para Keynes o futuro está repleto de incerteza e que os agentes decidem seu futuro com base naquilo que percebem e fazem no presente diante das informações que detém para tal. Como a moeda está no centro das decisões dos agentes, devem também decidir como efetuar a melhor alocação de seus recursos monetários. Teoria da demanda por moeda A teoria monetária de Keynes: motivos da demanda por moeda. Motivo transação. Motivo especulação. Motivo precaução. Função keynesiana da demanda por moeda. L = Lt(Y) + Ls(i) Teoria da demanda por moeda Modelos neoclássicos keynesianos Consideram que os agentes econômicos inserem cálculos probabilísticos em suas decisões. James Tobin: modelo de escolha de carteiras O agente calcula a probabilidade de riscos de sua carteira. O retorno dos títulos é a soma da taxa de juros mais ganhos de capital. Quanto maiores os títulos na carteira, maior o risco da carteira. O agente busca retorno para minimizar o risco. Combina restrição orçamentária com curvas de indiferença. Teoria da demanda por moeda Modelos neoclássicos keynesianos Modelo Tobin-Baumol Manter saldos em moeda corrente faz o agente econômico ter a noção de existir em mãos um estoque de instrumento de troca como se este estoque fosse de uma mercadoria qualquer. O agente recebe no início do período uma determinada renda e a mantém depositada em uma conta corrente de elevada liquidez em que saques de qualquer valor podem ser efetuados a qualquer momento, mas há um custo fixo para cada saque, independentemente do valor. Teoria da demanda por moeda Modelos neoclássicos keynesianos Modelo Tobin-Baumol A ideia subjacente é a de que o agente econômico deve manter o mínimo possível de moeda corrente em função de procurar melhores rendimentos nas aplicações, transformando moeda líquida em quase-moeda ou mesmo manter saldos para suas transações. O modelo Tobin-Baumol quer explicar como o agente tem à sua disposição a oportunidade de deixar saldos monetários aplicados e que renderão juros no período de tempo que não utilizar tais saldos para pagar suas contas, a taxa de juros influenciará o montante que deixará aplicado. Teoria da demanda por moeda Teoria quantitativa moderna: as contribuições de Friedman Para o monetarismo não valeria mais a pena analisar a economia e seu sucesso pela via da política fiscal, pois seus efeitos e consequências já eram conhecidos. O monetarismo, portanto, analisará a importância econômica da moeda, assim como efetuada por Keynes, porém agora pelo lado da política monetária. As raízes teóricas do monetarismo fundamentam-se na teoria quantitativa da moeda, que explica as mudanças na renda nominal agregada em termos de variações no estoque de moeda e na velocidade de circulação da moeda, que é considerada como estável no longo prazo. Teoria da demanda por moeda Teoria quantitativa moderna: as contribuições de Friedman Dado que a demanda por moeda é uma função estável de certo número de variáveis, alterações na oferta de moeda terão um impacto significativo, mas previsível sobre o comportamento dos agentes, mesmo que exista algum movimento de compensação na velocidade de circulação da moeda. Como o estoque de moeda está sob o controle do governo, a demanda por moeda deve mudar quando a oferta de moeda for alterada pelas autoridades monetárias. Teoria da demanda por moeda As contribuições de Friedman: suposições do monetarismo A oferta de moeda influencia a renda nominal. No longo prazo, a influência da moeda revela-se nos preços e em outras variáveis nominais. No curto prazo, a oferta de moeda influencia variáveis reais e causa movimentos cíclicosna produção e no nível de emprego. O setor privado é estável, previsível, sendo a instabilidade econômica resultante de políticas econômicas governamentais. Interatividade Considerando a demanda por moeda em Keynes, indique a alternativa correta. a) Encara a moeda como exógena. b) A moeda é forte o bastante para impactar apenas variáveis nominais. c) A demanda por moeda pelo motivo precaução dá-se exclusivamente em função da taxa de juros. d) A demanda por moeda pelo motivo transação dá-se em função da renda do agente. e) O agente retém todo o montante monetário que possui devido ao motivo especulação. Teoria da demanda por moeda A teoria novo-clássica A corrente novo-clássica, cujo expoente é Robert Lucas, parte do princípio de que os agentes econômicos são maximizadores de satisfação e utilizam as informações disponíveis para tanto. De acordo com essa nova abordagem, os agentes formam suas expectativas com base no passado, mas olhando para o futuro. Assim, as expectativas são aquelas conhecidas como racionais e supõe-se que todo e qualquer agente possui o mesmo modo de entender a economia e que tal modo corresponde à verdadeira forma de operação da economia. Teoria da demanda por moeda A teoria novo-clássica Partindo da noção da ineficiência da política monetária e assumindo a existência de uma taxa natural de desemprego é que desenvolvem seu modelo. O modelo leva em consideração: taxa corrente de desemprego; taxa natural de desemprego; inflação no período t; inflação esperada para o mesmo período t; parâmetro positivo relacionado à taxa de inflação. Teoria da demanda por moeda A teoria novo-clássica O modelo permite avaliar que os agentes conhecem, de certa forma, a maneira com que a autoridade monetária efetua a variação do estoque de moeda. Assim, não há possibilidade de se admitir alguma decepção em relação à formação das expectativas em termos de preços. Política monetária Objetivos finais: estabilidade de preços; manutenção de certo nível de emprego; crescimento e desenvolvimento econômico; estabilidade de taxa de câmbio; prevenção de falências bancárias; manutenção da saúde do sistema financeiro; manutenção da confiança dos investidores estrangeiros. Política monetária Metas intermediárias Tem-se em mente que a atuação da política monetária sobre a economia não seja imediata, instantânea, mas que leve algum tempo até que seus efeitos sejam percebidos. Uma coisa é o formulador da política econômica pensar como a coletividade reagiria a uma determinada ação e a reação propriamente dita e efetivamente tomada pelos agentes econômicos. As metas intermediárias são referências, sinais ao Banco Central de que sua ação terá ou não o efeito desejado. Política monetária Metas operacionais São resultado direto da operacionalização de um determinado instrumento de política monetária. Com o emprego de qualquer instrumento de política monetária, o Banco Central consegue causar impacto nas taxas de juros ou mesmo na forma com que os bancos se relacionam com os depósitos à vista que têm à sua disposição. Metas operacionais: determinação da taxa de juros e controle das reservas bancárias. Política monetária Instrumentos: emissão de moeda; administração da taxa de juros; coeficiente de recolhimento compulsório; operação de redesconto; operação de open market; seleção do crédito. Política monetária Instrumentos de intervenção direta: controlam a base monetária. Emissão primária de moeda: expande e contrai o volume de moeda disponível na economia de acordo com seus objetivos. Política monetária Instrumentos de intervenção indireta: afetam o multiplicador monetário. Recolhimento compulsório: Interfere na capacidade dos bancos comerciais criarem novos depósitos e, consequentemente, no nível de meios de pagamento. Funções: fornecimento de liquidez ao sistema bancário; controle de crédito; estabilização da demanda por reservas bancárias. Interatividade Quando a autoridade monetária deseja uma política monetária expansionista, deverá: a) elevar as taxas de juros. b) efetuar open market de venda. c) elevar as taxas do recolhimento compulsório. d) elevar os limites da operação de redesconto. e) apertar o crédito. Regime de metas para inflação Compreende uma mudança de postura dos governos e principalmente da autoridade monetária quanto à adoção da política monetária que passa a ser pautada pela busca de estabilidade de preços bem como pela transparência de todo o processo no sentido de buscar maior credibilidade por parte da autoridade monetária junto à sociedade. Regime de metas para inflação Regime de metas para inflação: pressupostos O primeiro relacionado a não mais operacionalidade apresentada pelo monetarismo de Friedman e à crença de que políticas monetárias ativas são fortes o bastante para impactar variáveis reais da economia como aquele teórico acreditava. A realidade econômica de agora revela efeitos inócuos quando do uso de políticas monetárias expansionistas, pois os agentes formam suas expectativas e não mais são ingênuos como antes. Regime de metas para inflação Regime de metas para inflação: pressupostos O segundo é o de que independentemente da influência provocada pela política econômica, existe nas economias uma taxa natural de desemprego que é determinada tanto por fatores reais como institucionais. O regime de metas está inserido nos desenvolvimentos teóricos dos novos clássicos, em que a política monetária é ineficaz para afetar variáveis reais da economia devido aos agentes econômicos formarem suas expectativas com bases racionais, além de existir uma inconsistência temporal da política monetária e o que se convenciona chamar de viés inflacionário. Regime de metas para inflação Regime de metas para inflação Nas questões de credibilidade, reputação e transparência reside a tese da independência do Banco Central. Para que o regime de metas seja efetivo, o que é necessário? A escolha de uma meta que seja pontual ou mesmo de uma banda. A escolha do período de tempo no qual se espera que a meta seja alcançada. Que seja definido um índice de preços a ser adotado como referência para a meta. Política monetária: mecanismos de transmissão Análise do mercado monetário influenciando o mercado de bens. O fato é que na atualidade a política monetária vem ganhando um espaço bastante grande nas economias capitalistas via administração das taxas de juros que acaba influenciando toda uma cadeia de decisões, aquisições, investimentos produtivos ou financeiros, formação de poupança e outras variáveis, tanto reais quanto nominais, das quais não conseguimos nos desvencilhar. Política monetária: mecanismos de transmissão Mecanismos de transmissão 1. Valor dos ativos Sofrem influência direta da taxa de juros Anúncios de baixa ou de subida impactam posição dos agentes 2. Crédito Sofre influência direta da forma com que a autoridade monetária trabalha com o open-market 3. Taxa de câmbio Adoção do câmbio flutuante como autoajuste Interatividade Sobre o regime de metas para inflação, é correto afirmar que: a) reconhece que a combinação política monetária e fiscal é o melhor arranjo para a estabilidade. b) o mercado por si só ajusta a taxa de inflação com a taxa de juros esperada. c) a estabilidade deve ser alcançada sem que uma questão temporal esteja envolvida. d) o estabelecimentode objetivos críveis quanto à taxa de inflação a ser alcançada deve ser bem pensado. e) a taxa de inflação esperada sempre será alcançada apenas com o autoritarismo do Banco Central. ATÉ A PRÓXIMA