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ECONOMIA MONETARIA 1 ECONOMIA MONETARIA Bem vindo - Portal de Dados Abertos do Banco Central do Brasil https://dadosabertos.bcb.gov.br/ Mini Bibliografia - Principais Economistas Irving Fisher (Yale, 1867-1947) Irving Fisher foi um economista, já descrito como um dos maiores que os Estados Unidos teve. É tido como um dos primeiros economistas neoclássicos do país. A teoria quantitativa da moeda de Irving Fisher foi essencial para o surgimento da escola do monetarismo. Teoria que enfatiza o papel da política monetária para a estabilidade macroeconômica de uma economia de mercado através de instrumentos como alteração na oferta de moeda e de outros meios de pagamento. A reputação de Irving Fisher foi relativizada após declarações envolvendo a quebra a Grande Depressão de 1929, que abalou os Estados Unidos. Na época, ele alegou que “mercado de ações havia atingido um patamar permanentemente alto”. John Maynard Keynes (Cambridge, 1883-1946) A doutrina Keynesiana ficou conhecida como uma “revisão da teoria liberal”. Nesta teoria, o Estado deveria intervir na economia sempre que fosse necessário, afim de evitar a retração econômica e garantir o pleno emprego. De acordo com Keynes, a teoria liberal-capitalista não disponibiliza mecanismos e ferramentas capazes de garantir a estabilidade empregatícia de um país. Segundo Keynes, o poder público deveria investir em áreas em que as empresas privadas negligenciavam. Com a grande depressão, ficou claro que o liberalismo clássico, sozinho, não foi capaz de garantir o pleno emprego. Em 1932, com a quebra da bolsa de valores e com uma grande crise financeira, o presidente Franklin Delano Roosevelt, baseado nos princípios defendidos por Keynes, implementou o famoso plano “New Deal”, visando tirar o EUA da retração econômica. De fato, o plano funcionou. Além da intervenção estatal, o plano estabelecia o controle na emissão de valores monetários, o investimento em setores básicos da indústria e, claro, políticas de criação de emprego. Principais características: Defesa da intervenção estatal em áreas que as empresas privadas não podem ou não desejam atuar, oposição ao sistema liberal, redução da taxa de juros, equilíbrio entre demanda e oferta, garantia do pleno emprego e introdução de benefícios sociais para a população de baixa renda, afim de garantir um sustento mínimo. Mitchal Kelcki (Polônia, 1899-1970) Em sua formação recebeu profundas influências das obras de Marx. Klecki fez contribuições teóricas e práticas importantes nas áreas de ciclo de negócios, crescimento, pleno emprego, distribuição de renda e risco. Em seu artigo Aspectos Políticos do Pleno Emprego, previu a revolução Keynesiana não duraria. Ele acreditava que o pleno emprego proporcionado pela política Keynesiana acabaria por levar a uma classe trabalhadora mais assertiva e ao enfraquecimento da posição social dos líderes empresariais, fazendo com que a elite reagisse à erosão de seu poder político e forçaria um deslocamento daquela política, apesar dos lucros serem maiores do que sob um sistema de laissez-faire. “Os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas ganham o que gastam”. https://dadosabertos.bcb.gov.br/ ECONOMIA MONETARIA 2 Capítulo 1 - Teoria Quantitativa da Moeda A teoria quantitativa da moeda (Teoria de demanda por moeda em sua versão clássica) Quantidade de moeda em circulação multiplicada pela velocidade de sua circulação resulta no PIB. MV = PIB NOMINAL Foi na elaboração do economista Irving Fisher, em 1911, através das equações de troca, que a teoria ficou conhecida e popularizada. O desenvolvimento da teoria monetária esteve relacionado à necessidade de definição de diretrizes políticas para aplicação no mundo real. Na Inglaterra, os problemas monetários emergiam quando as notas de papel, especialmente as notas dos bancos, começaram a competir com a moeda metálica como meio de troca, levantando as restrições técnicas que mantinham a oferta de moeda limitada. Controvérsia Bullionistas: Debate gerado em torno do Relatório da comissão do ouro. Os Bullionistas atribuíam a elevação no preço do ouro em barra a uma emissão excessiva do papel-crédito, devido à má administração monetária do Banco da Inglaterra. Os Antibullionistas encontravam uma explicação circunstancial nos efeitos das despesas externas efetuadas pelo governo Inglês devido às guerras, que eram acompanhadas pela desaceleração das exportações na primeira década do século XIX. Debate entre a Escola do Meio Circulante (Currency School), a Escola Bancária (Banking School) e a Escola dos Bancos Livres (Free Banking School). 1) Escola do Meio Circulante: Procurava encontrar um nível de preços que fosse o mesmo tanto para uma oferta de moeda completamente metálica quanto para um moeda mista. Defendiam a adoção de uma regulação rígida sobre os bancos que assegurasse que o estoque de papel moeda não fosse excessivo nem deficiente. 2) Escola Bancária: O volume das notas em circulação é determinado pela demanda, necessidades do comércio. Os defensores dessa escola, não tinham um programa legislativo para reformar o sistema monetário, pois para eles o bom gerenciamento bancário não poderia ser legislado. 3) Escola dos Bancos Livres: Defendia uma visão favorável ao livre comércio na emissão de moeda conversível em espécie. Para esta, um sistema bancário descentralizado e competitivo não emitia sem limites, mas sim uma quantia estável de moeda. As Escolas do Meio Circulante e Bancária estavam de acordo que um Banco Central com o direito exclusivo de emissão era essencial para zelar pela saúde da economia, mas diferiam quanto à necessidade de uma regra para emissão de notas. A Escola dos Bancos Livres desaprovava tanto uma regra-limite como uma autoridade sob a forma de Banco Central. A Lei Bancária de 1844 (Bank Charter Act) reconheceu a necessidade de centralizar o controle da oferta de moeda e estabeleceu formalmente o Banco da Inglaterra como autoridade monetária principal. A Inglaterra adotava, assim, as regras do padrão-ouro, que obrigavam o governo de um país a responder automaticamente aos sinais gerados pelo seu balanço de pagamentos. Padrão Ouro: Foi um sistema monetário que regeu a economia mundial do século 19 à Primeira Guerra Mundial, antes da formação da globalização. Esse sistema ganhou estabilidade na década de 1870, sendo utilizado principalmente pela Inglaterra. O padrão ouro tinha como embasamento a teoria quantitativa da moeda, elaborada por David Hume em 1752 e que recebeu o nome de modelo de fluxo de moedas metálicas. No padrão ouro, era obrigatório que cada país mantivesse uma parte de seus ativos em forma de ouro, criando reservas financeiras. O regime cambial era fixo, isso significa que o valor da moeda de cada país era fixado conforme a quantidade de ouro que ele detinha. Teoria Quantitativa da Moeda - Versões de transações de Fisher A Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) costuma ser, no geral, a teoria utilizada pelos economistas clássicos para explicar que a variação do nível geral de preços é determinada pela variação da quantidade de moeda quando se analisa a economia como um todo. Modelos Neoclássicos Keynesianos de Demanda de Moeda Risco mensurável X Incerteza ECONOMIA MONETARIA 3 Risco: O risco designa uma situação em que as possibilidades do futuro são conhecidas. Incerteza: Já a incerteza se refere a uma situação em que não se conhecem essas possibilidades. Situações arriscadas são aquelas que a distribuição de probabilidades dos casos possíveis não é conhecida. Tobin e o modelo de composição de carteira. O modelo Baumol-Tobin é um modelo econômico da demanda de transações por dinheiro desenvolvido independentemente por William Baumol e James Tobin. A teoria baseia-se na compensação entre a liquidez fornecida pela retenção de dinheiro e os juros perdidos ao manter os ativosna forma de dinheiro sem juros. Demanda transacional: Discordam de Keynes, juros interfere na demanda transacional. Assimetria de informação no mercado de crédito (Stiglitz) A taxa de juros não se comporta como um preço que regula de modo ótimo a oferta e demanda no mercado de crédito. Seleção Adversa (Problema antes de uma transação): Alta dos juros - Quanto maior a taxa de juros, mais se seleciona mais demandantes de crédito. Risco Moral (Problema depois da transação): Projeto mais arriscados, isso diminui a chance dos empréstimos serem pagos. Capítulo 2 - A teoria quantitativa na versão dos saldos monetários de Cambridge O aspecto principal da moeda enfatizado na abordagem de transações é que, para um ato de venda poder ser separado de um ato de compra, é preciso haver algo que sirva como moeda, que todos os agentes aceitem como poder de compra geral. Na abordagem dos saldos monetários (“cash-balance”), a moeda serve como uma residência temporária para o poder de compra, no intervalo de tempo entre venda e compra de mercadoria. É um objeto que cada um de nós possa usar para transportar poder de compra da data em que o recebemos para aquela em que o gastaremos. Para que haja equilíbrio no mercado de moeda, a quantidade ofertada deve ser igual à quantidade demandada. Pela teoria quantitativa, o único motivo para uma economia experimentar inflação ou deflação resulta de desvios na oferta de moeda do nível de equilíbrio de longo prazo. A Teoria Quantitativa da Moeda e seus postulados básicos 1) Equiproporcionalidade entre moeda e preços: a proposição básica da TQM é que “uma mudança na quantidade de moeda normalmente causa uma mudança proporcional no nível de preços”, pois, como visto, o volume de bens transacionados e a velocidade de circulação da moeda são independentes do estoque de moeda no longo prazo. 2) Causalidade da moeda para preços: a causalidade da moeda para preços é assegurada à medida que nenhuma das variáveis da equação de trocas (V e y) pode absorver permanentemente o impacto da mudança em M. 3) Não neutralidade de curto prazo e neutralidade da moeda no longo prazo: para a TQM, um aumento na oferta de moeda não pode aumentar de forma permanente o nível de produto, já que este depende da disponibilidade dos fatores de produção. 4) Independência entre oferta e demanda por moeda na versão Fisher: o estoque de moeda numa economia aberta é determinado exogenamente por um dado estado do balanço de pagamentos, resultante de um certo nível de preços externos em relação ao doméstico. Por isso, a oferta é considerada independente da demanda por moeda. 5) Dicotomia preços relativos/preços absolutos: dado o estoque de moeda, a velocidade da moeda e o nível de troca de bens, as mudanças induzidas por um choque real em preços relativos produzem mudanças ECONOMIA MONETARIA 4 compensatórias em outros, deixando o nível de preços absolutos inalterado. Wicksell e o processo cumulativo (Perda de reservas → nível de equilíbrio natural) Wicksell desenvolveu uma teoria monetária muito peculiar, em que diferenças entre a taxa de juros de empréstimos e a taxa natural de juros afetam o equilíbrio monetário da economia, com impacto sobre o nível de preços. O processo cumulativo de Wicksell considera tanto o mecanismo direto de transmissão monetária quanto o indireto. Mecanismo direto: Efeito do aumento da oferta de moeda diretamente sobre a demanda por bens, saldos reais e efeitos saldos reais. Mecanismo indireto: Se apoia no reconhecimento da existência de uma relação entre a demanda por moeda (e sua velocidade) e a taxa de juros, na qual um aumento na oferta de moeda reduz primeiro a taxa de juros, elevando a demanda por bens e causando uma aumento no nível de preços. Economia de moeda pura O aumento da oferta de saldos de ouro assegura que os preços se movem proporcionalmente à quantidade de moeda no equilíbrio de longo prazo. Economia mista de Moeda-crédito (Relacionado com a taxa de juros) Análise do processo de desequilíbrio cumulativo. Movimentos no nível de preços e discrepâncias entre duas taxas de juros: 1- Uma taxa de juros de empréstimos, cobrada pelos bancos pelos créditos que oferecem, que é determinada no mercado de crédito pelo sistema bancário. 2- Uma taxa natural de juros, que é a taxa de equilíbrio que iguala a poupança desejada com o investimento planejado a pleno emprego → corresponde à produtividade marginal Quando a taxa de empréstimo permanece abaixo da taxa natural, o investimento planejado excede a poupança → pressão para aumento nos preços. Já quando a taxa de empréstimo permanece acima da taxa natural, o custo do capital é maior que a taxa de retorno esperada do capital, a poupança excede o investimento planejado. O resultado será um nível de preços menor, pois haveria mais estímulo a poupar do que a investir. ECONOMIA MONETARIA 5 💡 1- Qual a influência da taxa de juros no crédito no país? A taxa de juros é um dos principais fatores que afetam o mercado de crédito em um país. Quando a taxa de juros é alta, o custo do dinheiro é mais elevado, o que pode desencorajar as pessoas a tomarem empréstimos, tanto para consumo quanto para investimento. Isso pode levar a uma diminuição na demanda por crédito e, consequentemente, a uma redução na oferta de crédito por parte das instituições financeiras. Por outro lado, quando a taxa de juros é baixa, o custo do dinheiro é mais acessível e, portanto, as pessoas e empresas podem estar mais dispostas a tomar empréstimos. Isso pode estimular a demanda por crédito e, consequentemente, aumentar a oferta de crédito por parte das instituições financeiras. Além disso, a taxa de juros também pode influenciar o tipo de crédito que é mais procurado. Por exemplo, em momentos de alta taxa de juros, os empréstimos de longo prazo tendem a ser menos atraentes, enquanto que empréstimos de curto prazo podem ser mais procurados. 2. Qual a influência da taxa de juros nas contas públicas? A taxa de juros também pode ter uma grande influência nas contas públicas de um país. Quando a taxa de juros é alta, o governo precisa pagar mais pelos seus empréstimos, o que pode resultar em um aumento no déficit orçamentário e no endividamento do país. Isso ocorre porque, para financiar seus gastos, o governo muitas vezes emite títulos da dívida pública, que são comprados por investidores, como bancos e fundos de investimento. Quando a taxa de juros é alta, o governo precisa pagar mais juros sobre esses títulos, aumentando assim seus custos de empréstimo. Por outro lado, quando a taxa de juros é baixa, o governo pode reduzir seus custos de empréstimo, o que pode levar a uma melhoria nas contas públicas. Com custos de empréstimo mais baixos, o governo pode ter mais recursos disponíveis para investir em áreas como saúde, educação, infraestrutura, entre outras. Além disso, a taxa de juros também pode afetar a inflação e o crescimento econômico, que são fatores importantes para as contas públicas. Uma taxa de juros mais alta pode desacelerar o crescimento econômico e aumentar a inflação, enquanto uma taxa de juros mais baixa pode estimular o crescimento e controlar a inflação. Portanto, a taxa de juros pode ter uma grande influência nas contas públicas de um país, afetando seus custos de empréstimo, o crescimento econômico, a inflação e, consequentemente, o orçamento e as políticas públicas do governo. Capítulo 3 - A demanda por Moeda, a escolha dos ativos e a preferência pela liquidez em Keynes. A arte da política monetária é transformar a moeda ativo em meio de troca. (Para os clássicos a moeda era utilizada somente como meio de troca/economia se auto regula, Keynes descordava dessa ideia e abordava a opinião que a moeda funcionava como um ativo). Eficácia da Política monetária: Não depende apenas dos investimentos da política monetária, depende fundamentalmente das aplicações sobre contextos futuros feitos pelos agentes econômicos e consequentementedas decisões. Velhos Keynesianos/síntese neoclássica ECONOMIA MONETARIA 6 Monetaristas Curva de Phillips (Aversão a versão aceleracionista de Friedman) Ilusão monetária: desconsidera a inflação, consequentemente não houve um aumento real no salário, mas sim nos níveis de preços em geral(perda do poder de compra); Curto prazo, redução do desemprego gerando aumento na inflação. A teoria da preferência pela liquidez trata de uma visão alternativa à teoria monetária clássica, que era dominante à época em que estava escrevendo suas obras. Economia monetária de Keynes → Crítica a Teoria Quantitativa da Moeda. Ao contrário do que preceituava a Teoria Quantitativa da Moeda, na economia monetária desenvolvida por Keynes não é possível definir posições de equilíbrio, seja no curto ou no longo períodos, sem considerar o comportamento da moeda e da política monetária. A moeda, nesta concepção, não é apenas um meio de troca, mas também uma reserva de valor, pelo seu atributo de transportar a riqueza no tempo. 1- Quanto mais incerto o futuro, maior é a preferência pela liquidez dos agentes ( Moeda → Ativo) Teoria da Preferência pela Liquidez Ao elaborar o que ficou conhecido como teoria da preferência pela liquidez, Keynes criticou a tradição clássica, segundo a qual a taxa de juros é o “preço” que equilibra a demanda por recursos para investir e a propensão de abster-se do consumo imediato. Para Keynes, em contraste, a taxa de juros é definida como uma recompensa por se abrir mão da liquidez e, portanto, da riqueza na forma monetária, uma vez que a moeda é o ativo com o maior prêmio de liquidez entre todos os ativos. Em vez de ser a recompensa pela “espera”, a taxa de juros pelo adiamento do ECONOMIA MONETARIA 7 consumo é, segundo Keynes, a recompensa por não entesourar; ou seja, a taxa de juros é o que se ganha não porque se poupa, mas porque se aplica essa poupança em outros ativos que não a moeda. Keynes → Forma líquida e ilíquida de riqueza Clássicos → Consumo presente e consumo futuro Circulação da moeda segundo Keynes: 1- Circulação Industrial: Refere-se à quantidade de moeda necessária para dar suporte ao giro de bens e serviços produzidos na economia. Essa quantidade depende do intervalo médio durante o qual a moeda é retida entre transações por parte do público, isto é, da velocidade da moeda. A circulação industrial incorpora uma visão de moeda e suas funções muito próximas às da TQM. 2- Circulação Financeira: Inclui operações com ativos financeiros, isto é, cobre as necessidades de moeda para a realização de compras de ações, títulos de dívida etc. não relacionadas ao giro da renda corrente. Nesse circuito, porém, ao contrário do anterior, a moeda não é apenas um meio de circulação, podendo tornar-se, ela própria, objeto de retenção, como um ativo. Motivos para demandar Moeda Saldos monetários ativos: Retidos em antecipação da realização de uma transação futura já definida. Saldos monetários inativos: Retidos em antecipação de compras futuras possíveis, mas ainda não decididas. 1-TRANSAÇÃO Refere-se à retenção de moeda para realização de um ato definido de compra numa data especificada. 2- PRECAUÇÃO Os agentes podem reter moeda por precaução para atender às contingências inesperadas e às oportunidades imprevistas na realização de negócios vantajosos, já que a moeda é um ativo seguro que serve para atravessar um futuro incerto e nebuloso. 3- ESPECULAÇÃO Trata da relação da demanda com moeda em relação às expectativas do mercado sinalizadas pela taxa de juros. 💡 A curva de preferência pela liquidez mostra que a demanda por moeda aumenta à medida que a taxa de juros se reduz. A curva de preferência pela liquidez, a partir de determinado ponto, torna-se horizontal, ou seja, a demanda por moeda torna-se infinitamente elástica a algum patamar baixo da taxa de juros, fenômeno que ficou conhecido como armadilha da liquidez. Exemplo: Considere um agente que tenha dois ativos a escolher para aplicar seus recursos: moeda, que é um ativo seguro, e títulos, que não são tão seguros, mas rendem juros. Conforme a taxa de juros corrente esteja situada acima ou abaixo da taxa normal, os agentes procurarão vender ou comprar títulos: eles compram títulos quando esperam que seu preço suba (e os juros caiam) e os vendem, obtendo dinheiro em contrapartida, quando esperam que o seu preço caia (os juros subam). 4- FINANCEIRO Refere-se à demanda por moeda antecipada a alguma despesa discricionária planejada. É um gasto mais vultoso e menos rotineiro. O pressuposto é que o investimento planejado (ex-ante) pode precisar garantir sua provisão financeira antes que ocorra o investimento, gerando uma demanda temporária e antecipada de moeda para uma despesa excepcional. Precificação de ativos e preferência pela liquidez A análise parte do mesmo princípio geral da teoria da preferência pela liquidez de que diferentes graus de liquides devem ser compensados por retornos pecuniários que definem a taxa de retorno obtida pela posse dos diferentes ativos, de modo a compensar sua relativa iliquidez comparada a um ativo de referência. Cada ativo oferecerá uma taxa própria de juros e os investidores escolherão os que oferecerem as mais altas taxas de retorno. ECONOMIA MONETARIA 8 O retorno total esperado oferecido por um ativo – sua taxa própria de juros – é calculado através dos valores assumidos por quatro atributos: Ra = a + q - c + l a) Taxa esperada de quase-renda ou, mais simplesmente, taxa de rendimentos que se espera ganhar pela posse ou uso do ativo. (q) b) Custo de carregamento incorrido na retenção dos ativos de modo a manter o ativo em seu estado original. (c) c) Prêmio pela liquidez, que mede a facilidade de negociação de um ativo no caso de desejo de mudança da composição do portfólio. (I) d) Taxa esperada de apreciação do ativo ao final de um período. (a) Capítulo 4 - Modelos neoclássicos de demanda por moeda A crítica de Tobin a Keynes: Segundo Keynes, a demanda especulativa por moeda dependia precisamente da taxa de juros, e esta relação demanda por moeda/taxa de juros era um importante elemento para a formulação de política monetária. Tobin critica principalmente dois aspectos da proposta de Keynes. Em primeiro lugar, a existência de uma demanda especulativa por moeda parece depender de um comportamento quase irracional e que, portanto, deveria desaparecer em equilíbrio. Em segundo lugar, a implicação empírica da teoria de Keynes parece contrariar a realidade. Tobin aceitou a ideia fundamental de Keynes quanto à existência de uma relação definida entre as duas variáveis, mas criticou o modo como Keynes expôs o argumento. O resultado desse reexame foi a reformulação da demanda especulativa por moeda, criando-se um novo modelo que se tornou um dos pilares da chamada síntese neoclássica, isto é, a teoria criada pelos economistas que se dispuseram a sintetizar os ensinamentos tanto da economia dita clássica quanto da keynesiana. Keynes argumentava que a expectativa de taxa de juros dependia do nível de taxa de juros que cada agente considerasse normal. É aqui que as objeções de Tobin se explicitam. Por um lado, diz ele, vamos supor que a taxa de juros permaneça inalterada por um período mais ou menos longo. Nesse caso, todos acabarão achando que esta é a taxa normal e, portanto, a demanda especulativa por moeda será zerada. O segundo problema apontado por Tobin é que, se eu acho que a taxa de juros vai subir e os preços dos títulos vão cair, eu venderei agora todos os títulos que tenho e manterei só moeda em carteira, para evitar perdas. Modelo de Tobin Remuneração esperada de um título para o seu detentor resulte de duas fontes: a) O rendimento do título, A, sob a forma do pagamento que ele recebe como juros, normalmente expresso como uma percentagem do seu valor nominal. b) O ganho de capital potencial, g, relacionado a um possível aumento do preço do título entre o momento da compra e o da venda.Capítulo 5 - O modelo de composição da carteira O problema proposto por Tobin é o seguinte: em que proporções o investidor dividirá sua carteira de ativos entre moeda e títulos, ou, em outras palavras, entre o ativo seguro mas sem remuneração e o ativo pagante mas arriscado? Equação que descreve a relação entre retornos esperados da carteira e seus riscos: A curva de oportunidades descreve o trade-off (significa a escolha de uma opção em detrimento de outra) entre riscos e retornos que cada investidor tem de considerar ao tomar sua decisão de aplicação. 1. Diversificador: avesso ao risco - curvas de indiferença com inclinação positiva e convexas para cima. 2. Jogadores: comportamento de “tudo ou nada”. ECONOMIA MONETARIA 9 3. Amante ao risco: Inclinação negativa, indivíduo que mostra um comportamento de maximização do risco. O ponto que irá maximizar a carteira dos agentes será aquele em que a receita marginal das aplicações em títulos se igualar ao custo marginal. A insuficiência, ou assimetria, de informações pode afetar o comportamento de cada tomador individual (risco moral) ou o grau de risco do conjunto de tomadores de crédito (seleção adversa), gerando um racionamento no crédito. O racionamento de crédito pode ocorrer de duas formas: a) Um emprestador recusa-se a fazer um empréstimo a qualquer taxa de juros a um tomador, mesmo que o tomador deseje pagar uma taxa de juros mais elevada. b) Um emprestador deseja fazer um empréstimo, mas restringe o tamanho do empréstimo a menos do que o tomador gostaria. Capítulo 6 - A demanda por moeda no modelo monetarista: a nova Teoria Quantitativa da Moeda Monetaristas (Novos quantitativistas) → Crítica à análise por moeda elaborada pelos Keynesianos. A conclusão final do modelo é semelhante à encontrada pelos antigos teóricos quantitativistas: a de que a demanda por moeda depende fundamentalmente da renda da comunidade, e que qualquer aumento na taxa de crescimento da oferta de moeda acima da taxa de crescimento do produto acarreta no longo prazo tão-somente um aumento no nível preços. Considerações sobre a Teoria Monetarista 1- Alterações na oferta de moeda terão um impacto significativo mas previsível sobre o comportamento dos agentes, mesmo que exista algum movimento de compensação na velocidade de circulação da moeda. 2- O estoque de moeda é visto como estando sob o controle do governo e, assim, a oferta de moeda é determinada exclusivamente pelas autoridades monetárias. Logo, a demanda por moeda deve mudar quando a oferta de moeda for alterada pelas autoridades monetárias. 3- A visão monetarista trata a moeda como um ativo que rende um fluxo particular de serviços para o seu possuidor e depende de valores permanentes da riqueza, da renda e da taxa de juros. 4- O tratamento dado à demanda por moeda é similar à demanda por estoque de outros ativos. Em particular, a demanda por moeda depende do volume de transações, das frações da renda e da riqueza que o público deseja manter sob a forma de saldos monetários e dos custos de oportunidade de reter moeda em vez de outros ativos que produzem juros, como ativos financeiros, ativos físicos. Modelo de demanda por moeda de Friedman Teoria da demanda por moeda como se ela fosse um ramo da teoria do capital: trata-se de abordar a moeda como uma forma de riqueza, a ser retida da mesma forma que outras formas de riqueza. Em Friedman (1956), a demanda por moeda depende dos retornos dos seus substitutos (títulos, ações, bens duráveis etc.). Como esses retornos são previsíveis, então a demanda por moeda é previsível e, nesse sentido, é estável, o que torna a velocidade da moeda estável. O ponto de partida do seu modelo de demanda por moeda é que a manutenção de uma forma de riqueza em vez de outra no portfólio do indivíduo envolve uma diferença na composição dos fluxos de renda gerados por um dado portfólio, e são essencialmente essas diferenças que são fundamentais para determinar o nível de utilidade oferecido por uma estrutura qualquer de carteira. Elementos determinantes da função demanda por moeda: Riqueza: Onde r é a taxa de juros e que indica que a renda permanente (Y) de uma sociedade é o retorno que se pode obter da sua riqueza acumulada (W). → Demanda por moeda orientada por fatores de longo prazo. (Riqueza total, inclui todas as formas de riqueza, riqueza humana como capacidade produtiva, e de riqueza não humana, como moeda, ativos financeiros). ECONOMIA MONETARIA 10 A riqueza não humana pode ser comprada e vendida. O mesmo não ocorre com a riqueza humana, o que a torna menos líquida do que a riqueza não humana. Quanto maior for a participação de riqueza humana no portfólio do indivíduo, maior deverá ser a demanda por moeda, de modo a compensar a iliquidez. Custo de oportunidade de retenção de saldos monetários O pressuposto básico é que, ao manter saldos monetários, o indivíduo perde um rendimento que poderia obter com um outro ativo que gera determinada renda. A taxa de retorno nominal sobre os outros ativos consiste de duas partes: (a) o rendimento corrente pago ou custo e (b) uma mudança no preço nominal do ativo, particularmente sob condições de inflação e deflação. O custo de oportunidade de se manter moeda no portfólio cresce quando a taxa de retorno (por exemplo, juros de um título) dos ativos não monetários se eleva, já que o montante de rendimentos perdido cresce. Outra variável importante que afeta a utilidade proporcionada pelo uso da moeda é o grau de estabilidade econômica que se espera que prevaleça, uma vez que a instabilidade aumenta o valor dado pelos detentores de riqueza aos atributos vinculados à liquidez. Capítulo 7 - Teorias da Política Monetária: a teoria da política monetária no modelo de Keynes Segundo John Maynard Keynes, a política monetária é um importante instrumento. Contudo, os economistas seguidores de Keynes não formam um grupo completamente homogêneo. Alguns deles não acreditam que a política monetária (interferência nos níveis de inflação e desemprego) seja eficaz para reduzir o desemprego. → Velhos Keynesianos e Keynesianos horizontalistas Entre os primeiros, merecem ser citados os Prêmios Nobel Paul Samuelson e Lawrence Klein. Há, contudo, keynesianos que, tal como Keynes, consideram que a política monetária é eficaz para alterar variáveis reais. Entre estes estão, por exemplo, Hyman Minsky, Paul Davidson, Jan Kregel e Victoria Chick.→ Pós Keynesianos A teoria da política monetária de Keynes e dos pós-keynesianos Os pós-keynesianos, que consideram que a política monetária é capaz de afetar o nível de emprego, se apoiam nos escritos originais de Keynes. Seu ponto de partida é a principal mensagem do conhecido artigo “A Monetary Production Economy”, onde o economista inglês afirmou que: “A moeda joga um papel próprio e afeta motivos e decisões e é, em síntese, um dos fatores operativos na situação, de tal forma que o curso dos eventos não pode ser previsto, seja no curto ou seja no longo período, sem o conhecimento do comportamento da moeda entre o último e o primeiro estágio. E é isso que podemos dizer quando falamos de uma economia monetária.” Em suma, Keynes defendeu a ideia de que a moeda não é neutra nem no curto nem no longo período e que, consequentemente, a política monetária pode ser eficaz para alterar variáveis reais. Keynes elaborou sua teoria da política monetária baseando-se nas características da Economia Inglesa e Americana. → Possibilidade de decisões de portfólio Política monetária: Instrumentos Através do controle de reservas compulsórias e da taxa de juros das operações de redesconto, as autoridades monetárias afetam diretamente o volume de crédito ofertado pelos bancos e, consequentemente, as decisões empresariais relativas ao volume de produção (também chamadas sinteticamente de decisões de produção). 1- Fixação compulsória de reservas bancárias. 2- Determinação da taxa de juros das operações de redesconto. 3- Operações de comprae venda de títulos públicos. Os dois primeiros instrumentos afetam a capacidade dos bancos comerciais de conceder crédito de curto termo para satisfazer as necessidades de antecipação de receitas das firmas. ECONOMIA MONETARIA 11 Keynes acreditava que mesmo aquelas empresas que praticavam uma política de distribuição reduzida de lucros aos seus proprietários não eram capazes de diminuir a sua dependência em relação ao sistema bancário. Necessidade de antecipação de receitas → Pagamento de fornecedores e folha de pagamento → Transformação rapidamente das mercadorias produzidas em moeda. Para os pós-keynesianos, as operações de compra e venda de títulos públicos realizadas pelo Banco Central podem afetar as decisões empresariais de investimento. Potenciais investidores → Ao adquirir um ativo consideram a rentabilidade esperada e a liquidez. “Uma queda na taxa de juros estimula a produção de bens de capital não porque reduz o seu custo de produção, mas porque cresce o seu preço de demanda”. O banco central pode afetar o nível da taxa de juros através das operações em mercado aberto. Na visão de Keynes e dos pós-Keynesianos, a redução dos percentuais de reservas bancárias compulsórias e/ou a redução da taxa de juros das operações de redesconto por parte das autoridades monetárias com o objetivo de estimular decisões privadas de investimento poderia não ser bem-sucedida. Essa redução simplesmente poderia aumentar as reservas disponíveis dos bancos, mas não estimularia a tomada de crédito que financiaria decisões de investimento. Nessas circunstâncias, os agentes privados não teriam motivos para alterar a composição dos seus portfólios adquirindo ativos ilíquidos – comparativamente, papéis financeiros, máquinas ou apartamentos alugados teriam seus retornos esperados inalterados. Se as autoridades têm o objetivo de promover o investimento, uma política monetária mais adequada seria aquela que desperta o interesse pela recomposição de portfólios com o objetivo de torná-los mais ilíquidos (porém, mais rentáveis) e, simultaneamente, provê fundos à economia para que essa estratégia possa ser realizada. Operações da política monetária O Banco Central opera suas políticas em uma economia monetária que pode ser sinteticamente definida como sendo uma economia de duas esferas de circulação da moeda: a industrial e a financeira. Industrial: A moeda assume um papel de meio de troca. Financeira: A moeda transforma-se em um ativo. Segundo a Política monetária de Keynes e pelos pós Keynesianos, que visam aumento do produto e redução do desemprego → tem como objetivo transformar moeda-ativo em moeda de meio de troca (Circulação financeira para circulação industrial). A política monetária que objetiva o crescimento econômico visa, por um lado, à troca de liquidez por iliquidez e, por outro, à troca de rendimentos de juros por lucros recompensadores, isto é, busca desestimular a posse de ativos financeiros e estimular a aquisição e uso de máquinas, por exemplo. Capítulo 8 - Curvas IS-LM A curva IS é uma das ferramentas utilizadas na macroeconomia para mostrar a relação entre a taxa de juros e a renda em uma economia. A curva IS representa o equilíbrio do mercado de bens e serviços, que é onde a produção de bens e serviços de uma economia se encontra com a demanda por bens e serviços. A demanda por bens e serviços depende da renda, e a renda, por sua vez, é afetada pela taxa de juros. Quando a taxa de juros é alta, o custo do financiamento para investimentos é maior, o que desencoraja o investimento e o consumo, reduzindo assim a demanda por bens e serviços. Quando a taxa de juros é baixa, o custo do financiamento para investimentos é menor, o que estimula o investimento e o consumo, aumentando assim a demanda por bens e serviços. A curva IS é uma ferramenta importante para a macroeconomia, pois permite analisar o impacto das mudanças na política fiscal sobre a economia. Quando o governo altera seus gastos ou impostos, isso pode afetar a renda e, portanto, a taxa de juros. A curva IS pode ajudar a prever como essas mudanças afetarão a economia como um todo. ECONOMIA MONETARIA 12 A curva LM é uma das ferramentas utilizadas na macroeconomia para mostrar a relação entre a taxa de juros e a renda em uma economia. A curva LM representa o equilíbrio do mercado monetário, que é onde a oferta de dinheiro em uma economia se encontra com a demanda por dinheiro. A curva de demanda por dinheiro mostra como a demanda por dinheiro varia em resposta a mudanças na taxa de juros. Quando a taxa de juros é alta, a demanda por dinheiro é menor, e quando a taxa de juros é baixa, a demanda por dinheiro é maior. A curva LM é uma ferramenta importante para a macroeconomia, pois permite analisar o impacto das mudanças na política monetária sobre a economia. Quando o Banco Central altera a oferta de dinheiro, isso pode afetar a taxa de juros e, portanto, a renda. A curva LM pode ajudar a prever como essas mudanças afetarão a economia como um todo. Capítulo 9 - A teoria da política monetária do modelo monetarista Em oposição à velha tradição keynesiana, Milton Friedman, o maior expoente do monetarismo, tentou demonstrar durante as décadas de 1950 e 1960 que a moeda importa. Segundo Friedman, é possível reduzir a taxa de desemprego com políticas monetárias expansionistas, ainda que apenas temporariamente. Monetarismo. Trata-se do modelo que tem como foco a política monetária, bem como seus efeitos sobre os níveis de preços no curto e longo prazo. A teoria defende o livre comércio, pouca ou nenhuma presença do Estado na Economia e crescimento lento e controlado da oferta de papel-moeda. Monetarismo → Oposição ao Fiscalismo Keynesiano Friedman apoia suas ideias no tripé: taxa natural de desemprego, curva de Phillips e expectativas adaptativas. 1- Taxa natural de desemprego Segundo Friedman, quando a economia está em repouso, isto é, não está sob o efeito de nenhuma intervenção de política macroeconômica, a sua taxa corrente de desemprego é igual à taxa natural. Quando a economia possui uma taxa de desemprego igual à sua taxa natural, somente vigoram o desemprego friccional e o desemprego voluntário. Desemprego friccional: É aquele em que os trabalhadores estão apenas temporariamente desempregos, isto é, em transição entre um emprego e outro. Desemprego voluntário: É aquele em que os trabalhadores estão decididamente desempregados porque consideram que não vale a pena trabalhar pelo salário real que lhes é oferecido. A hipótese da taxa natural pode ser resumida na noção de que existe um único ponto de desemprego (friccional e voluntário) de equilíbrio na economia em que os agentes têm as suas preferências satisfeitas. A taxa natural de desemprego muda ao longo do tempo em função, por exemplo, de mudanças nas preferências dos trabalhadores. Curva de Phillips: A Curva de Phillips é uma teoria que mostra a relação entre a inflação e o desemprego. Na prática, ela serve para calcular como o desemprego afeta a inflação e vice-versa. Em outras palavras, ela mostra o impacto da população empregada nos preços de tudo aquilo que precisamos comprar no dia a dia. No modelo monetarista, os trabalhadores formam expectativas de preços utilizando-se exclusivamente de informações sobre o passado. Por exemplo: A expectativa de inflação para um período X é exatamente a inflação do período imediatamente anterior. Dada uma situação de equilíbrio, em que o estoque de moeda tenha sido mantido constante por vários períodos, uma expansão monetária provocará uma redução da taxa corrente de desemprego em relação à taxa natural, se as expectativas são formadas tal como na equação anterior. Caso haja uma expansão monetária, os empresários poderão oferecer um salário nominal mais elevado aos trabalhadores voluntariamente desempregados. Os trabalhadores pensarão que um salário nominal mais elevado representa um salário real mais elevado. Dessa forma, alguns trabalhadores,antes ociosos, aceitarão trabalhar pelo novo salário esperado. Entretanto, o salário nominal mais elevado não representará um salário real mais elevado, pois os preços estão aumentando em função da expansão do estoque de moeda. Haverá uma decepção de expectativas. Os trabalhadores, contudo, somente perceberão que estavam sofrendo de ilusão monetária ao realizar suas compras. Desfeita a ilusão monetária, os trabalhadores decidem retornar ao ECONOMIA MONETARIA 13 desemprego voluntário que lhes proporcionava um nível mais elevado de satisfação do que o emprego é capaz de proporcionar. Quando os trabalhadores subestimam a inflação futura em razão de uma política monetária expansionista, o desemprego se reduz. A curva de Phillips indica que quanto maior for a decepção de expectativas, maior será a diferença entre a taxa corrente e a taxa natural de desemprego. Para que a taxa corrente de desemprego seja mantida abaixo do patamar natural, é necessário que os trabalhadores sejam, de forma permanente, iludidos. Para tanto, o governo deveria ampliar a variação do estoque de moeda que realizou no período anterior. Sendo assim, as expectativas dos trabalhadores subestimariam a inflação futura e o desemprego permaneceria abaixo da taxa natural. Friedman → Crítica a condução da política monetária Costuma-se dizer que, no modelo monetarista, a política monetária somente é eficaz no curto prazo. No longo prazo, seria neutra, somente alteraria o valor nominal das variáveis preço, salário e outras. Como a política monetária não é capaz de alterar em definitivo a situação da economia, Friedman se opõe ao seu uso. O monetarismo identificou dois tipos de defasagens na condução da política monetária, os quais formam a base de outros de seus argumentos contrários à sua utilização. A primeira defasagem, também chamada de defasagem interna, refere- se ao intervalo entre um choque econômico e a ação das autoridades monetárias em resposta ao distúrbio. A segunda, chamada de defasagem externa, é decorrente do intervalo entre a implementação das medidas e seus efeitos sobre a economia. Seu receituário é uma meta de expansão monetária publicamente pré-anunciada, algo em torno de 3% a 5% a.a. Isso porque seria melhor ter uma taxa fixa, que produziria, segundo Friedman, uma inflação ou uma deflação moderadas – desde que fossem constantes – do que sofrer perturbações amplas e irregulares, que são uma decorrência inevitável do discricionaríssimo monetário. Os monetaristas sugerem que a Inflação deve ser eliminada mediante uma redução da taxa de crescimento do estoque monetário. Contudo, uma redução da taxa de expansão monetária resulta em aumento da taxa corrente de desemprego em relação a taxa natural. Capítulo 10 - Independência do Banco Central A independência do banco central é um princípio da política monetária que defende a autonomia do banco central em relação ao governo, para que ele possa tomar decisões de política monetária de forma independente, sem interferência política indevida. Em um sistema financeiro, o banco central é responsável por conduzir a política monetária, que inclui a regulação da oferta de moeda e das taxas de juros, para estabilizar a economia e alcançar objetivos como o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico. Quando o banco central é independente, ele é livre para definir e implementar suas políticas sem influência direta do governo ou de outros grupos de interesse. ECONOMIA MONETARIA 14