Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
QUÍMICA GERAL E INORGÂNICA Josemere Both Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar os diferentes tipos de vidrarias de laboratório químico. Identificar as boas práticas de manipulação das vidrarias. Descrever as principais técnicas de laboratório de química. Introdução Os laboratórios são ambientes preparados para a realização de atividades experimentais, desde os experimentos mais complexos, que dão origem a teorias inovadoras, até as mais simples, que fazem parte da aprendi- zagem de estudantes em instituições de ensino. Porém, você já parou para pensar como é um ambiente de um laboratório de química? Quais são os principais materiais e ferramentas utilizados para a realização de pesquisas científicas? Será que os pesquisadores realmente são pessoas que trabalham apenas com materiais de manuseio difícil? Essas e outras respostas você encontra no decorrer do estudo deste capítulo. Neste texto, você vai estudar sobre o ambiente de um laboratório de química. Vai se familiarizar com a descrição de algumas operações básicas de laboratório e reconhecer materiais e vidrarias mais comumente utilizados na realização de experimentos. Diferentes tipos de vidrarias de laboratório químico A realização de pesquisas nos mais diversos campos de investigação, como quí- mica, física, biologia, entre outros, trabalha com a investigação da matéria e suas transformações, podendo ser transformações físicas ou químicas. As pesquisas que envolvem o estudo das transformações químicas da matéria são caracterizadas pela presença de reações químicas, em que uma substância é transformada em outra substância quimicamente diferente da inicial (ATKINS; JONES, 2011). A experimentação é o meio mais tradicional para construção dos conceitos científicos na química e possibilita, ainda, fazer correlação entre os diversos conhecimentos das ciências. Em um experimento químico, é possível observar na prática a transformação química da matéria. A realização de experimentos químicos requere ambientes que forneçam uma estrutura material e de segu- rança adequada. O laboratório é o ambiente mais adequado para realização de experimentos químicos e tem materiais como vidrarias e equipamentos que viabilizam a realização das práticas investigativas. A realização de um experimento envolve a utilização de vários equipamen- tos de laboratório e vidrarias muito simples, entretanto, com fins específicos. Os objetivos específicos e as condições em que serão realizados os experimentos determinam a escolha de determinado material ou equipamento. Dessa forma, antes de realizar experimentos, é importante conhecer as vidrarias mais utili- zadas em laboratório que facilitam a realização das atividades. A seguir, são apresentadas as principais vidrarias e suas finalidades. Tipos de vidrarias e suas funções Em laboratórios, a grande maioria das vidrarias ou utensílios utilizados é de vi- dro comum, pirex ou de quartzo fundido (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 2015). Entretanto, dependendo das características dos materiais e das condições experimentais, podem ser utilizados materiais plásticos. As vidrarias e outros materiais mais frequentes em laboratório estão apresentadas no Quadro 1. Tubo de ensaio Utilizado em reações químicas em pequena escala. Béquer Recipiente com ou sem graduação, utilizado em reações químicas, para o preparo de soluções não exatas, aquecimento de líquidos, recristalizações, entre outros. Erlenmeyer Frasco utilizado para efetuar titulações, na dissolução de substâncias, nas reações químicas ou no aquecimento de líquidos. Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório (Continua) Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório2 Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório Kitassato Frasco de paredes espessas, com saída lateral. É utilizado em filtrações sob sucção, ou com a utilização de vácuo. Balão de fundo chato ou de Florence É empregado no aquecimento de líquidos puros ou soluções. Pode ser utilizado também para efetuar reações que produzem gases e no armazenamento de soluções ou substâncias líquidas. Balão volumétrico Tem colo longo, com um traço de aferição situado no gargalo chamado de menisco. É um recipiente calibrado, de precisão destinado a conter um determinado líquido, a uma dada temperatura. Utilizado para o preparo de soluções de concentrações definidas. Proveta ou cilindro graduado Frasco com graduações, para medidas aproximadas de volumes de líquidos. Bureta Consiste em um tubo cilíndrico graduado, geralmente em centímetros cúbicos e apresenta na parte inferior uma torneira controladora de vazão. Equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos. Permite o escoamento de líquidos e é muito utilizada para titulação. Funil Utilizado para transferir um líquido de um frasco para outro, ou para fazer filtrações. Bastão de vidro Usado para agitar e transferir líquidos. Pipeta graduada Utilizada para escoar e medir volumes variáveis de líquidos. Pipeta volumétrica Utilizada para escoar volumes fixos de líquidos. Pipetador automático Equipamento automático que tem uma ponteira removível. Utilizado para medir pequenos volumes variáveis e fixos de líquidos. Dessecador Utilizado no armazenamento de substâncias quando se necessita de uma atmosfera com baixo teor de unidade. Também pode ser utilizada para manter as substâncias sob pressão reduzida. Vidro relógio Usado geralmente para cobrir béqueres contendo soluções e outras finalidades. (Continua) (Continuação) 3Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório Condensador Equipamento destinado à condensação de vapores, em destilações ou aquecimento sob refluxo. Funil de separação Equipamento para separar líquidos não miscíveis (sistemas heterogêneos). Tem em sua extremidade inferior uma torneira para controlar a vazão. Placas de petri É um recipiente cilíndrico, achatado, utilizado para a cultura de microrganismos. Lâminas Utilizadas para analisar materiais em microscópio. Funil de Büchner Utilizado em filtrações por sucção, devendo ser acoplado a um kitassato. Cadinho Usada para a calcinação de substâncias. Almofariz e pistilo Destinados à pulverização de sólidos. Além de porcelana, podem ser feitos de ágata, vidro ou metal. Cápsula Usada para efetuar evaporação de líquidos. Triangulo de ferro com porcelana Usado principalmente como suporte em aquecimentos de cadinhos. Agitador magnético (peixinho) Utilizado principalmente para agitar soluções sobre uma chapa magnética. Suporte e garra metalica Utilizado para segurar vidrarias. Pinça Utilizada para segurar objetos aquecidos Tela de amianto Tela metálica, contendo amianto, utilizada para distribuir o calor durante o aquecimento de recipientes de vidro a uma chama de vidro. Tripé Usado como suporte, principalmente de telas e triângulos. Bico de Bunsen Fonte de calor destinada ao aquecimento de materiais não inflamáveis. Suporte e Argolas Usada como suporte para funil de vidro ou tela metálica. Espátulas Utilizadas para transferir substâncias sólidas. (Continua) (Continuação) Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório4 Fonte: Adaptado de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013). Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório Pisseta Frasco geralmente contendo água destilada, álcool ou outros solventes utilizado para efetuar lavagem de recipientes ou materiais com jatos do líquido nele contido. Pera de sucção Material de borracha utilizado para transporte de líquidos empipetas. Funções: aspirar, liberar e soprar. Suporte para tubos de ensaio - Pipeta de Pasteur Utilizado para transferir pequenas quantidade de líquidos não exatos. (Continuação) Os materiais apresentados são os mais básicos encontrados em laboratório de química. Porém, cada área da ciência pode ter vidrarias específicas de utilização em determinadas técnicas. Boas práticas de manipulação das vidrarias As atividades realizadas em laboratório devem sempre ser realizadas com atenção e cuidados redobrados, a fim de evitar acidentes e possíveis danos aos materiais e vidrarias. Alguns cuidados devem ser observados quando realizamos atividades experimentais utilizando vidrarias. Você vai conhecer agora alguns aspectos importantes sobre a manipulação de vidrarias que devem ser considerados na realização de experimentos em laboratório. Antes de iniciar as atividades de laboratório, prepare protocolos que devem ser seguidos durante o experimento. Utilize perguntas como: O que vou fazer? Qual o objetivo? Quais são os princípios químicos envolvido nas transforma- ções? Quais são os cuidados que devo ter? Leia todas as instruções relacionadas à pratica que realizará para compreender o protocolo experimental antes de executar (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Quando for trabalhar com vidrarias, organize os materiais que serão uti- lizados e, se necessário, lave-os para eliminar qualquer resíduo que possa existir. A seguir, são elencadas atitudes corretas quando utilizamos materiais volumétricos. 5Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Ao utilizar pipetas, ou outro equipamento volumétrico para medida e transferência de líquidos ou soluções, deixe-a sempre à direita do frasco estoque para que sempre seja utilizada a mesma, sem misturar os reagentes. Não pipete aspirando pela boca, use a pera de segurança. A Figura 1 representa esquematicamente a forma correta de utilização da pera de sucção. Figura 1. Representação da pera de sucção e a forma correta de utilização em pipetas. Fonte: Adaptada de Ladislau (2016, documento on-line). a b c de Como visto na Figura 1 anterior, inicialmente, retire o ar da pera (Figura 1a), apertando simultaneamente a válvula representada pela letra A e o bulbo maior, como representado na Figura 1b. Em seguida, insira a pipeta a ser usada na abertura inferior da pera, abaixo da válvula representada pela letra S (Figura 1c). Para succionar/ou aspirar o líquido a ser pipetado, mantenha a ponta da pipeta imersa no líquido e aperte a válvula representada pela letra S (Figura 1d) até que o volume a ser pipetado seja atingido. Para liberar o líquido da pipeta, é necessário apenas apertar a válvula representada pela letra E (Figura 1e) (BRUNO, 2014). Repare nas indicações das pipetas: nas pipetas calibradas, que contém apenas um traço, não é necessário retirar a última gota que fica no interior da pipeta, pois ela já foi descontada na calibração. Nas pipetas Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório6 que são de transferência total, que contém dois traços na parte superior, retire até a última gota do líquido contido nela (Figura 2). Não utilize a mesma pipeta para medir soluções diferentes. Ao utilizar uma solução de trabalho ou sólidos, transfira a quantidade aproximada do recipiente estoque para um recipiente menor, como para um béquer, quando for líquido, e vidro de relógio, para sólidos, sempre identificando-os e deixando à direita do estoque correspondente. Não transporte soluções em recipientes de vidro de boca larga ou reci- pientes estoque por longas distâncias. Se precisar realizar essa manobra, triplique a atenção durante o percurso. Atente para as características das substâncias quando for armazenar soluções em recipientes de vidro. Dependendo da solução formada, o armazenamento deverá ser em recipiente plástico, pois pode ocorrer a interação da solução estoque com o vidro, causando corrosão do vidro. Nuca utilize vidrarias trincadas, quebradas ou com arestas cortantes. Figura 2. Representação de pipeta de transferência total e calibrada. Fonte: Adaptada de chromatos/Shutterstock.com. Traços de indicação Ao final da realização dos experimentos, as vidrarias devem ser recolhidas e os resíduos, ou sobras de reagentes, devem ser descartados em locais apro- priados para posterior correta destinação. Nuca descarte sólidos, líquidos ou 7Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório soluções na pia, pois as estações de tratamento tradicionais (esgoto) não são preparadas para tratar esse tipo de material. Sedo assim, sempre descarte os resíduos em local apropriado, seguindo as regras do laboratório. Caso contrário, poderá causar grandes impactos ambientais. Para realizar a limpeza de vidrarias, devem ser consideradas as carac- terísticas de cada material. As vidrarias não volumétricas, como frascos, béqueres, bastão de vidro, vidro de relógio, entre outros, devem ser limpas com uma escova e uma solução morna de detergente, enxaguando com água corrente e ao final, com pelo menos duas passagens em água pura (destilada ou deionizada). A secagem pode ser realizada em estufa aquecida. Muita atenção quando for realizar a limpeza de materiais volumétricos (pipetas, buretas, entre outros). Devem ter a superfície interna bem limpa para que o líquido em seu interior não fique aderido em algumas partes e se desfaça em gotas e manchas. O seu interior deve apresentar aparência lisa e uniforme. Para a limpeza, utiliza-se soluções de lavagem que podem ser: Soluções sulfocrônicas: solução a 10% de dicromato de potássio em ácido sulfúrico concentrado. Essa solução é guardada em frascos de vidro e pode ser utilizada repetidamente, enquanto mantiver a coloração marrom avermelhada. É utilizada para retirar resíduos orgânicos. Soluções alcoólicas de hidróxido de potássio 50%: é utilizada para eliminar substâncias gordurosas ou carbonizadas. Não deixe em con- tato com material volumétrico por mais de cinco minutos, pois ataca lentamente o vidro. Solução sulfopermangânica: solução a 4% de permanganato de potás- sio levemente acidulada em ácido sulfúrico. É muito eficaz para retirar resíduo de gordura, porém é perigosa. A secagem dos materiais volumétricos deve ser por evaporação natural ou temperatura ambiente. Não utilize estudas aquecidas ou ar comprimido para secar vidrarias volumétricas, isso danifica a calibração volumétrica, modificando sua estrutura sólida e, assim, sua condição de exatidão de medida necessária. A realização de experimentos em laboratório é um momento sério, por isso, evite sua distração e de seus colegas com brincadeiras. A responsabilidade para que não ocorram acidentes é de cada indivíduo que está participando da Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório8 realização do experimento. Por isso, cada um deve cuidar de si e do grupo, quando for o caso, evitando acidentes de trabalho. Quando observar situações amomais ou tiver dúvida sobre a realização de alguma prática no laboratório, não hesite em solicitar ajuda do professor ou de algum profissional responsável pelo laboratório, pois eles saberão como proceder corretamente. Medidas de segurança em laboratórios As regras de segurança em laboratório resultam de vários anos de esforços de entidades e pessoas preocupadas em tornar o trabalho no laboratório uma atividade segura. Para tirar o máximo de proveito delas, é necessário que todos os usuários as conheçam e as pratiquem, desde o primeiro instante que pretendem permanecer em um laboratório. Vamos conhecer alguns equipamentos de proteção individuais (EPIs) e coletivos (EPCs) (UTFPR, 2015), lembrando, sempre, que a segurança de todos depende do comportamento individual. Veja os EPIs: Avental ou guarda-pó (jaleco):protege as roupas contra borrifos químicos ou biológicos e também é uma proteção adicional ao corpo. Deve ter fios de algodão, cobrir de preferência até os joelhos, ter mangas compridas e ser abotoado nos momentos da realização das atividades. Luvas de proteção: oferecem proteção contra queimaduras químicas, riscos biológicos, calor ou frio excessivos e outros riscos físicos. De- vem apresentar as seguintes características: baixa permeabilidade, alta resistência e boa flexibilidade. Óculos de segunda e protetores faciais: são utilizados para evitar impactos, penetração de materiais estranhos, reagentes químicos, cul- turas microbianas, material biológico, emissão de fagulhas de vidro, emissão de vapores, ocorrência de refluxos, radiações, entre outros, com os olhos e a face. Máscaras de proteção respiratória: utilizadas em operações que envolvem a geração de vapores tóxicos. Sapato fechado: protege os pés e devem ser de couro ou assemelhado. Veja os EPCs: 9Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Chuveiro de emergência: utilizado quando ácidos, bases ou quaisquer outras substâncias tóxicas entrarem em contato com a pele do indivíduo. Sua localização deve permitir fácil acesso. Lavador de olhos: utilizado quando ocorrem respingos no rosto e nos olhos durante operações laboratoriais. Realizar a lavagem dos olhos bem abertos. Extintores de incêndio: utilizados quando para extinguir ou controlar princípios de incêndios em casos de emergência. Os principais são: ■ Água pressurizada: indicado para classe de incêndio tipo A (papel, madeira ou plástico). Dentro do cilindro existe gás junto com a água sobre pressão. Quando acionado o gatilho, a água é expelida, resfriando o material, tornando a temperatura inferior ao ponto de ignição. ■ Gás carbônico (CO2): indicado para classes de incêndio tipo C (equipamentos elétricos), mas também pode ser utilizado para em incêndios tipo B. Dentro do cilindro contém dióxido de carbono, um agente extintor não tóxico, não condutor de eletricidade, de baixíssima temperatura, que recobre o fogo em forma de uma camada gasosa, deslocando o oxigênio indispensável à combustão, extinguindo o fogo por abafamento. ■ Pó químico seco: indicado para classe de incêndio B (gasolina e vapores de solvente), mas pode ser utilizado em incêndio tipo C. Dentro do cilindro existe um composto químico em pó, normalmente bicarbonato de sódio, com um gás propulsor, normalmente dióxido de carbono ou nitrogênio. Ao entrar em contato com as chamas, o pó se decompõe, produzindo CO2, que desloca o oxigênio e extingue o fogo. Medidas exatas e precisas As medidas de volume e massa em laboratórios podem ser exatas ou precisas. Você vai entender agora a diferença entre medidas exatas e verdadeiras. É chamada de valor verdadeiro a grandeza física de medida que se tem por objetivo ao final do processo de medição. Nas atividades de laboratórios, essas grandezas podem ser a medida de volume de solução ou a massa de soluto. Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório10 Uma forma de verificar a qualidade da medida é por meio do conceito de exatidão. A exatidão refere-se ao grau de concordância de uma medida com seu valor-alvo. Ou seja, quanto mais próxima do valor verdadeiro correspondente, mais exata é a medida. Entretanto, pode-se considerar também o grau de precisão da medida, que se refere somente ao grau de dispersão da medida quando repetida sob as mesmas condições. Em outras palavras, uma medida é precisa se, repetida diversas vezes, apresentar resultados semelhantes. Vamos utilizar para exemplificar a analogia do tiro ao alvo. 1 2 3 4 Fonte: Adaptada de MisterEmil/Shutterstock.com. No primeiro alvo, as marcações foram exatas, mas não precisas. Isso quer dizer que, apesar de as marcações estarem perto do alvo central, as marcações estão distantes umas das outras. Para o segundo alvo, os pontos estão precisos, mas não exatos. Isso porque os pontos estão perto entre si, mas distantes do alvo central. Na situação do terceiro alvo, as marcações são precisas e exatas, ou seja, os pontos encontram-se perto uns dos outros e no alvo central. Por último, os pontos não estão exatos nem precisos. Principais técnicas de laboratório de química O ambiente de laboratório permite realizar muitas atividades. Estas podem ser de caráter experimental para descobertas de novas substâncias ou apenas de observação do comportamento dos materiais em reações químicas e mi- crobiológicas, que estudam os microrganismos, análises clínicas e biológicas, que realizam investigações de patologias, entre outros. Em todas as atividades realizadas podemos destacar algumas técnicas principais que não são espe- cíficas de uma só área, mas são utilizadas em todas elas. Para a realização delas, certifique-se da utilização dos EPIs. Vamos conhecer algumas dessas técnicas utilizadas em laboratório. 11Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Medidas de massa As medidas de massa de um material são realizadas utilizando balanças se- mianalíticas, que apresentam a massa em divisões de 0,01 g, e analíticas, em que é necessária maior exatidão e apresentam divisões de 0,0001 g (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013) (Figura 3). Figura 3. Balanças analítica e semianalítica. Fonte: Balanças analíticas (c2014, documento on-line). As medidas são realizadas com auxílio de um objeto para acondicionar a substância a ser medida, podendo ser um vidro de relógio, um béquer, entre outras. A medida é realizada de forma direta, bastando colocar o objeto na balança e destacar o peso dele. Em seguida, ir colocando a substância a ser medida no objeto até atingir a quantidade desejada, com auxílio de uma espátula para realizar a transferência. Caso a quantidade de substância ultrapasse a quantidade desejada, deve-se retirar a quantidade em excesso. As balanças são materiais bastante sensíveis e, em alguns casos, de alto valor financeiro. Por isso, a utilização de balanças requer alguns cuidados, como: Não remova os pratos nem os troque com os de outras balanças. Man- tenha a balança em seu lugar. Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório12 Não utilize a balança para pesar substâncias que não estejam em tem- peratura ambiente. Mantenha a balança em superfícies firmes e que não ocorram vibrações, mudanças bruscas de temperaturas ou de umidade e que o movimento do ar seja mínimo. Conserve a balança sempre limpa, retirando, com auxílio de um pincel e com movimentos suaves, qualquer respingo, partícula ou poeira de seus pratos. Nunca coloque substâncias diretamente sobre a balança. Utilize um recipiente para acondiciona-los na hora da pesagem. Toda transferência de substância ou medida de massa deve ser feita somente quando os pratos estiverem travados. Execute todas as operações com movimentos suaves e cuidadosos. Use pinças e espátulas; nunca use os dedos para manusear os objetos e as substâncias que estão sendo pesadas. Ao terminar seu trabalho, remova todos os pesos e objetos da balança. Mantenha-a coberta ou fechada. No caso de balanças elétricas, tenha a certeza de que ela esteja desligada ao encerrar as atividades (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Medida de volume e transferência de líquidos Na realização de medidas volumétricas utilizando pipetas volumétricas ou graduadas, a utilização da pera de sucção é obrigatória, pois evita o contato das mãos e/ou da boca com as substâncias líquidas que estão sendo transfe- ridas. De forma geral, para a realização de medidas aproximadas de volumes de líquidos, são utilizados provetas graduadas e béqueres. Já para medidas precisas, são utilizados pipetas, buretas e balões volumétricos, que constituem o chamado material volumétrico. As medidas de volumede um líquido são realizadas comparando-se o nível dele com os traços marcados na parede do recipiente. Esse nível é chamado de menisco. O menisco é a curvatura côncava (para baixo) ou convexa (para cima) do líquido que se forma na parte superior do recipiente (BRUNO, 2014). A leitura do nível para líquidos transparentes deve ser feita considerando a parte inferior do menisco (Figura 4a), estando este na linha de visão do analista perpendicular à escala graduada (Figura 4b). 13Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório Figura 4. Representação da leitura do nível de água (menisco) em uma proveta. Fonte: Bruno (2014, p. 18). Parte de trás da marca Parte frontal da marca Acerto do menisco a) b) Soluções incolores Ao realizar a transferência de líquidos observe alguns cuidados que devem ser considerados. A Figura 5 representa o esquema que mostra as formas corretas de transferência de líquidos. Figura 5. Representação da transferência de líquidos. Fonte: Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 28). Nunca coloque a tampa do frasco virada para baixo Utilize o bastão de vidro para transferir o líquido Quando for transferir um líquido de um béquer, você pode proceder desta maneira Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório14 Ao transferir o líquido de um frasco para outro, procure fazer sempre pelo lado oposto ao rótulo, pois isso evita um possível dano nele, dificultando a identificação da substância. Ao abrir o frasco, busque não deixar a tampa sobre a bancada com o lado aberto encostando nela, evitando a contaminação tanto da substância quanto da superfície da bancada. Ainda, não retorne líquidos retirados para o recipiente original sem ter certeza de que eles não estão contaminados (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Essas observações realizadas para substâncias líquidas são recomendadas também para substâncias sólidas. A forma de transferência dessas substâncias deve seguir como ilustrado na Figura 6. Figura 6. Representação de transferência de sólidos. Fonte: Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 29). 1. Pegue uma pequena quantidade de sólido com uma espátula 2. Retique da espátula a quantidade desejada Incline o frasco até a quantidade desejada cair no recipiente (só para grandes quantidades) Aquecimento Aquecimento de substâncias em laboratório é muito comum e pode ser reali- zado por meio da utilização de bico de gás (bico de Bunsen), aquecedores com agitação magnética, mantas elétricas, fornos, banho de água (banho-maria), lâmpadas, dentre outras formas. Vamos conhecer as duas formas mais comum de aquecimento, com utilização de bico de gás e banho de água. 15Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório O aquecimento com a utilização de bico de gás é realizado com o emprego do bico de Bulsen. Este é utilizado para quase todos os aquecimentos efetuados em laboratório, desde os de misturas ou soluções de alguns graus acima da temperatura ambiente, até as calcinações feitas em cadinhos, que exigem temperaturas de cerca de 600 ºC (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Seu funcionamento é com a utilização de gás, que chega ao bico por meio de um tubo de borracha ligado à torneira existente na mesa do laboratório e penetra pela entrada de gás. O ar entra pelos orifícios distribuídos em torno do anel e que compõem a base do tubo. O ar e o gás se misturam no tubo. Acende-se a mistura de ar e gás por meio de uma chama que se aproxima do topo do tubo de ignição. A Figura 7 representa um bico de Bulsen. Figura 7. Bico de Bunsen. Fonte: Adaptada de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 22). Chama Tubo com mistura de ar e gás Anel com entrada de ar Tubo de borracha Base O método apropriado para acender o bico é fechar a entrada de ar, abrir e acender. A chama será larga e amarela. Gradualmente, abre-se a entrada de ar até que a chama tome a coloração azul. Na mistura ideal de ar e gás, distingue-se dois cones: o cone interior com chama azul e o outro mais externo na cor violeta. O ponto mais quente da chama é justamente o topo do cone azul, com temperatura aproximada de 1560 °C. As demais regiões apresentam temperaturas menores (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório16 O banho de água, ou mais conhecido como banho-maria, é utilizado para aquecer substâncias em temperaturas abaixo do ponto de ebulição da água. Dependendo da região considerada, a temperatura não chega a 100 °C. Caso seja necessário realizar aquecimento em banho que atinjam temperaturas maiores, deve-se substituir a água por óleos minerais, glicerina ou ainda outras substâncias não voláteis que têm alta temperatura de ebulição. A composição de um sistema de banho-maria é simples e consiste em um béquer com água, aquecido por meio de uma chama. Entretanto, existe o banho-maria eletricamente aquecido, que mantém automaticamente o controle da temperatura e o nível de água do recipiente. A forma convencional de banho-maria é utilizada para aquecer substâncias não voláteis, enquanto a forma eletrônica é empregada para aquecer substâncias voláteis. A Figura 8 representa um banho aquecido eletronicamente. Figura 8. Banho-maria elétrico. Fonte: Adaptada de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 25). 17Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. BALANÇAS ANALÍTICAS. Balança analítica e semi analítica, saiba a diferença. c2014. Disponível em: <http://www.balancas-analiticas.com.br/home/balanca-analitica-e- semi-analitica-saiba-a-diferenca/>. Acesso em: 01 out. 2018. BRUNO, A. N. (Org.). Biotecnologia I: princípios e métodos. Porto Alegre: Artmed, 2014. LADISLAU, M. T. F. Pera de sucção. 2016. Disponível em: <http://atomizandoifam.wixsite. com/atomizando/pera-de-succao>. Acesso em: 08 ago. 2018. ROSA, G.; GAUTO, M.; GONÇALVES, F. Química analítica: práticas de laboratório. Porto Alegre: Bookman, 2013. UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR). Manual de boas práticas e segurança para utilização dos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da UTFPR — Câmpus Francisco Beltrão. Francisco Beltrão, PR: UTFPR, 2015. Disponível em: <http:// www.utfpr.edu.br/franciscobeltrao/estrutura-universitaria/diretorias/dirgrad/coexp/ manual-de-boas-praticas-e-seguranca-para-utilizacao-dos-laboratorios-1/manual- de-boas-praticas-e-seguranca-para-utilizacao-dos-laboratorios/view>. Acesso em: 09 ago. 2018. Leituras recomendadas BRAZ, D. C.; FONTELES, C. A. L.; BRANDIM, A. S. Calibração de vidrarias volumétricas com suas respectivas incertezas expandidas calculadas. In: CONGRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO, 2., 2007. Anais... João Pessoa, PB: CONNEPI, 2007. Disponível em: <https:// crispassinato.files.wordpress.com/2008/06/20080221_095045_quim-008.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018. TQLABORATORIOS. Disponível em: <https://tqlaboratorios.com/producto/pera-pipe- teadora-de-3-vias/>. Acesso em: 08 ago. 2018. Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório18 Conteúdo:
Compartilhar