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ANATOMIA HUMANA - MATERIAL 5

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PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar a função geral do SNC; Estudar, do ponto de 
vista morfológico e funcional, as estruturas anatômicas 
que formam a medula espinal, tronco encefálico (bulbo, 
ponte e mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo, telencéfalo, 
meninges, ventrículos encefálicos, líquido cerebrospinal 
e vascularização.
• Apresentar a função geral do SNP. Estudar, do ponto de 
vista morfológico e funcional, as estruturas anatômicas 
que o formam os nervos espinais, nervos cranianos, ple-
xos nervosos, terminações nervosas, gânglios nervosos e 
lesões nervosas.
• Apresentar a função geral do SNA. Estudar, do ponto de 
vista morfológico e funcional, o SNA simpático e o SNA 
parassimpático.
• Apresentar a função geral do sistema endócrino. Estudar, 
do ponto de vista morfológico e funcional, as principais 
glãndulas (hipófise, tireoide, paratireoide, pineal, suprar-
renal, pâncreas, testículo e ovário).
Sistema Nervoso 
Central (SNC)
Sistema Nervoso 
Periférico (SNP) Sistema Endócrino
Sistema Nervoso 
Autônomo (SNA)
Dra. Carmem Patrícia Barbosa
Sistema Neuroendócrino
Sistema Nervoso 
Central (SNC)
Prezado(a) aluno(a), o controle das funções or-
gânicas e a integração do organismo ao ambiente 
depende da atuação do Sistema Nervoso (SN) e 
do sistema endócrino que controlam todas as 
funções dos demais sistemas permitindo modi-
ficações a fim de manter a homeostasia.
O sistema endócrino age sob influência do SN, 
cujas funções são voluntárias ou involuntárias. 
A complexidade desses sistemas é maior com a 
complexidade do organismo e atinge seu desen-
volvimento máximo no homem uma vez que res-
pondem por fenômenos psíquicos altamente com-
plexos (raciocínio, aprendizado, memória e sono).
O endócrino age por meio de glândulas cuja 
secreção (hormônios) é lançada no sangue. A hipó-
fise é a “glândula-mestre”, pois produz hormônios 
que estimulam o funcionamento de outras como 
tireoide, suprarrenais, ovários e testículos.
As funções do SN estão diretamente relacio-
nadas às células que constituem o próprio tecido 
nervoso: neurônios (células nervosas) e neuro-
glia (células gliais, neurogliais ou neurogliócitos). 
Neurônios são unidades estruturais e funcionais do 
SN, pois são especializados na rápida comunicação 
intercelular (sinapse). A neuróglia, embora, cinco 
vezes mais abundante do que os neurônios, não é 
excitável, mas sustenta, isola e nutre os neurônios.
203UNIDADE 5
Didaticamente, o SN pode ser dividido segundo critério anatômico, embriológico, segmentar e fun-
cional. O critério embriológico considera seu desenvolvimento intrauterino, o segmentar considera a 
presença ou não de nervos, o anatômico considera o local onde o sistema nervoso está localizado e o 
funcional considera sua forma de atuação.
O texto será fundamentado em autores como Machado e Haertel (2014), Afifi e Bergman (2008), 
Miranda Neto e Chopard (2014). A nomenclatura está atualizada (CFTA, 2001) e é necessário que uti-
lize atlas como Narciso (2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) e outros. O objetivo é descrever 
aspectos relevantes do SN e do endócrino, suas inter-relações e a influência que exercem sobre os outros 
sistemas do corpo.
Função do SNC
De maneira geral, o sistema nervoso é responsável por receber, analisar e integrar informações prove-
nientes do meio interno e externo. Representa o local onde ocorrem as tomadas de decisão e de onde 
são enviadas as ordens para o funcionamento de todo o corpo. Ele age em conjunto, e de maneira 
dependente, ao sistema nervoso periférico (MOORE et al., 2014). 
Estruturas do SNC
O sistema nervoso central é organizado em encé-
falo e medula espinal. Enquanto, o encéfalo é pro-
tegido pela cavidade craniana, a medula espinal é 
protegida pela coluna vertebral. Tanto o encéfalo 
quanto a medula apresentam em sua constituição 
corpos celulares e fibras nervosas. A substância 
cinzenta é formada predominantemente por cor-
pos neuronais e a branca por fibras nervosas que 
se aglomeram formando tratos. 
Todavia, segundo Miranda Neto e Chopard 
(2014), enquanto o encéfalo tem substância cin-
zenta por fora da branca constituindo o córtex 
cerebral, a substância cinzenta da medula espinal 
(que tem a forma de uma borboleta ou da letra 
“H”) localiza-se internamente à branca (que é for-
mada por fibras que sobem e descem na medula). Figura 1 - Sistema nervoso central e Sistema nervoso periférico
204 Sistema Neuroendócrino
Medula Espinal (ME)
Com certeza você já ouviu falar de alguém que 
teve uma lesão na medula e ficou paraplégico ou 
tetraplégico. Nesses casos, muitas perguntas sur-
gem, por exemplo, será que estas pessoas conse-
guirão sentir seu corpo normalmente? Será que 
a paralisia poderá ser revertida? Como ficam 
as funções sexuais? E tantas outras dúvidas 
que para serem respondidas é preciso enten-
der melhor como a medula funciona. Então, 
lá vamos nós.
Conforme Machado e Haertel (2014), a 
medula espinal é uma massa cilíndrica de 
tecido nervoso, ligeiramente achatada no 
sentido anteroposterior, que fica dentro do 
canal vertebral. Seu nome (medula) significa 
miolo justamente pelo fato de sua localização 
protegida no interior deste canal.
Seu calibre não é uniforme, pois apresenta 
duas dilatações (chamadas intumescência 
cervical e intumescência lombossacral) 
onde as raízes nervosas que formam o plexo 
braquial e o plexo lombossacral fazem co-
nexão. Esses plexos inervam os membros su-
periores e inferiores. Assim, nas intumescências há 
maior quantidade de neurônios que entram ou saem da 
medula espinal.
Esse fato tem apoio na anatomia comparada, uma vez 
que dinossauros com membros superiores pequenos não 
têm intumescência cervical, mas a intumescência lombar 
tem o tamanho aproximado do encéfalo. Em contraparti-
da, a baleia que não apresenta membros expressivos, tem 
a medula larga, mas sem dilatações.
Superiormente, a medula espinal limita-se com o bulbo 
(ao nível do forame magno do osso occipital) e, inferior-
mente, termina afilando-se para formar o cone medular 
que continua com um delgado filamento meníngeo, o fila-
mento terminal, ao nível da segunda vértebra lombar. Assim, 
no adulto a medula não ocupa todo o canal vertebral tendo 
aproximadamente 45 cm no homem e 42 cm na mulher.
205UNIDADE 5
Tal fato tem importância 
clínica, pois abaixo da segunda 
vértebra lombar o canal ver-
tebral não tem medula, mas 
contém apenas as meninges e 
as raízes nervosas dos últimos 
nervos espinais que constituem 
a cauda equina. Isto decorre de 
ritmos diferentes de crescimen-
to entre medula e coluna verte-
bral. Por exemplo, até o quarto 
mês de vida intrauterina am-
bas crescem no mesmo ritmo, 
mas a partir de então, a coluna 
cresce mais do que a medula 
causando como consequência 
o afastamento dos segmentos 
medulares das vértebras cor-
respondentes.
Além disso, caro aluno, a 
superfície da medula apresenta 
sulcos longitudinais (como o 
sulco lateral anterior e o sulco 
lateral posterior) onde se co-
nectam os pequenos filamen-
tos radiculares que se unirão 
para formar as raízes ventral 
e dorsal dos nervos espinais. 
Considerando que estes nervos 
trazem à medula informações 
sensitivas da periferia do corpo 
que deverão ser conduzidas ao 
encéfalo, e que levam as ordens 
do encéfalo à periferia do cor-
po, é possível entender porque 
uma lesão medular causa perda 
sensitiva e motora, as quais não 
serão revertidas se a lesão me-
dular for completa.
Por isso, para maior proteção da medula, membranas fibrosas cha-
madas meninges fazem seu revestimento externo. A dura-máter é 
a mais externa, espessa e resistente. Superiormente, a dura-máter 
espinal continua com a dura-máter craniana e caudalmente termi-
na ao nível da segunda vértebra sacral. Por sua vez,a pia-máter é 
a mais delicada e interna, e adere intimamente ao tecido nervoso. 
Já a aracnoide-máter se dispõe entre as outras duas formando um 
emaranhado de trabéculas aracnóideas.
Assim, entre a medula e as meninges se formam três espaços. 
O epidural ou extradural fica entre o periósteo das vértebras e a 
dura-máter, contém tecido adiposo e um grande número de veias. 
O espaço subdural fica entre a dura-máter e a aracnóide-máter 
e contém pequena quantidade de líquido para evitar a aderência 
das paredes. 
Já o espaço subaracnóideo é o mais importante, pois con-
tém maior quantidade de líquido cerebrospinal. Vale ressaltar 
que abaixo da segunda vértebra lombar não há perigo de lesão 
medular, sendo esta área ideal para a introdução de agulhas 
com a finalidade de coletar o líquido cerebrospinal para fins 
terapêuticos ou diagnósticos, para medir a pressão do líquido, 
para introdução de substâncias que aumentam o contraste nas 
radiografias (mielografia) ou para introdução de anestésicos 
nas anestesias raquidianas.
Medula espinal
Substância cinzenta
Substância branca
Pia-máter
Aracnoide-máter
Dura-máter
Meninges
espinais
Canal central da medula espinal
Figura 3 - Sulcos da medula Espinal e meninges
206 Sistema Neuroendócrino
Por isso, para cirurgia das extremidades inferiores, períneo, cavida-
de pélvica e em algumas cirurgias abdominais, podem ser feitas anes-
tesias raquidianas ou epidurais (também chamadas de peridurais). 
Na raquidiana, o anestésico é introduzido no espaço subaracnoideo 
entre as vértebras L2-L3, L3-L4 ou L4-L5 certificando-se de que a agulha 
atingiu o espaço subaracnoideo pela presença do líquido que goteja 
na extremidade da agulha. Na peridural, o anestésico é introduzido no 
espaço epidural onde se difunde e atinge as raízes dos nervos espinais. 
Certifica-se de que a agulha atingiu o espaço epidural após a per-
furação do ligamento amarelo. Embora, exija uma habilidade técnica 
muito maior, não causa cefaleia em decorrência de vazamento do 
líquido cerebrospinal. 
Encéfalo
Tronco Encefálico (TE)
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula espinal e o diencéfalo, 
ventralmente ao cerebelo. É constituído por corpos de neurônios que 
se agrupam em núcleos e fibras que se agrupam em tratos, fascículos 
ou lemniscos os quais formam relevos ou depressões em sua superfície.
Divide-se em bulbo (inferiormente), mesencéfalo (superiormente) 
e ponte (entre ambos), e apresenta 10 dos 12 pares de nervos cra-
nianos, sendo por isso uma região extremamente importante. Todo 
o texto que segue será escrito a partir das considerações de Afifi e 
Bergman (2007) e Machado e Haertel (2014).
Bulbo
O bulbo relaciona-se superior-
mente com a ponte (por meio 
do sulco bulbo-pontino) e, 
inferiormente, com a medula 
espinal. Embora não haja uma 
demarcação nítida entre bul-
bo e medula, considera-se que 
o limite entre eles é um plano 
horizontal que passa acima do 
filamento radicular mais cranial 
do primeiro nervo cervical ao 
nível do forame magno.
Sua superfície é percorrida 
por sulcos contínuos aos sulcos 
da medula. Assim, de cada lado 
da fissura mediana anterior 
existe uma eminência alonga-
da, a pirâmide, que é formada 
por um feixe de fibras nervosas 
descendentes que ligam as áreas 
motoras do cérebro aos neurô-
nios motores da medula espi-
nal. Fibras desse trato cruzam 
obliquamente o plano mediano 
e formam a decussação das pi-
râmides. Lesões neste trato cau-
sam déficit motor contralateral 
à lesão. Em contrapartida, na 
área posterior do bulbo estão os 
fascículos grácil e cuneiforme 
os quais são constituídos por 
fibras nervosas ascendentes.
Em relação às funções, o 
bulbo é um importante centro 
nervoso, pois se relaciona à fun-
ção respiratória, cardiovascular, 
à tosse, ao vômito, ao espirro, à 
deglutição e ao bocejo. Comple-
mentarmente, dele emergem os 
Mesencéfalo
Mesencéfalo
Ponte
Figura 4 - Visão Geral do Troco Encefálico
207UNIDADE 5
Cerebelo
O cerebelo situa-se posteriormente ao bulbo e 
à ponte, repousa sobre a fossa cerebelar do osso 
occipital e está separado do lobo occipital por 
uma prega da dura-máter chamada tentório do 
cerebelo. Ele se relaciona à medula espinal e ao 
bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior, à ponte 
pelo pedúnculo cerebelar médio e ao mesencéfalo 
pelo pedúnculo cerebelar superior.
Sua porção mediana e ímpar é chamada de 
verme, e suas massas laterais são os hemisférios 
cerebelares. Tanto o verme quanto os hemisférios 
apresentam sulcos transversais que delimitam lâ-
minas finas chamadas de folhas. Os sulcos mais 
profundos são as fissuras e estas delimitam os 
lóbulos do cerebelo.
Em corte, é possível identificar que o cerebelo 
é constituído por um centro de substância bran-
ca, o corpo medular do cerebelo, e é revestido 
por uma fina camada de substância cinzenta, o 
córtex cerebelar. No interior do corpo medular 
existem quatro pares de núcleos de substância 
cinzenta, os núcleos centrais do cerebelo: den-
teado, emboliforme, globoso e fastigial.
filamentos dos nervos hipoglosso, glossofaríngeo, 
vago e a raiz craniana do nervo acessório, além de 
ajudar a formar o IV ventrículo. Por isso, várias 
síndromes podem acometê-lo desencadeando 
vasta sintomatologia.
Ponte
A ponte se localiza anteriormente ao cerebelo, en-
tre o mesencéfalo e o bulbo. Lembra que a ponte e 
o bulbo são separados pelo sulco bulbo-pontino? 
Pois é! Desse sulco emergem, de cada lado a par-
tir da linha mediana, os nervos abducente, facial 
e vestíbulococlear (por isso, tumores nesta área 
causam a síndrome do ângulo ponto-cerebelar 
com muitos sintomas). Além disso, a ponte ajuda 
a formar o IV ventrículo.
Sua base (na região ventral) apresenta estrias 
transversais em virtude de feixes de fibras trans-
versais que a percorrem, as quais convergem, de 
cada lado, para formar o pedúnculo cerebelar mé-
dio ou braço da ponte. Esse pedúnculo penetra 
o cerebelo e é limitado em relação à ponte pela 
emergência do nervo trigêmeo.
Mesencéfalo
O mesencéfalo fica entre a ponte e o cérebro e é 
atravessado em toda a sua extensão por um canal 
estreito chamado aqueduto do mesencéfalo que 
une o III ao IV ventrículo. Nele existe uma área 
escura (chamada substância negra) que é formada 
por neurônios que contém melanina e se relacio-
nam ao movimento. Além disso, dele emerge os 
nervos oculomotor e troclear, e está relacionado 
às vias auditivas e visuais.
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Figura 5 - Bulbo, Ponte e Mesencéfalo
208 Sistema Neuroendócrino
Todo profissional da saúde deve conhecer bem 
o cerebelo devido seus aspectos funcionais. Isso 
porque o cerebelo está bastante relacionado ao 
equilíbrio, à coordenação dos movimentos e à 
aprendizagem motora. No entanto, estudos têm 
sugerido que o cerebelo também apresenta fun-
ções não motoras, por exemplo, função autônoma, 
de comportamento e de cognição, além de ajudar 
a formar o IV ventrículo. Além disso, é descrito 
que autistas apresentam hipoplasia cerebelar e 
que lesões cerebelares podem causar síndromes 
com diferentes sintomas (GARCIA; MOSQUE-
RA, 2011).
Diencéfalo
O diencéfalo e o telencéfalo juntos formam o 
cérebro, que é a porção mais desenvolvida e im-
portante do encéfalo ocupando cerca de 80% da 
cavidade craniana. Todavia, o telencéfalo se de-
senvolveu em sentido lateral e posterior forman-
do os hemisférios cerebrais e encobrindo quase 
completamente o diencéfalo que permaneceu em 
situação impar e mediana, podendo ser visto ape-
nas na face inferior do cérebro.
O diencéfalo, embora seja um região pequena 
em termos de tamanho, é extremamente importan-
te em termos funcionais. Ele compreende quatro 
regiões principais: tálamo, hipotálamo, epitálamo e 
subtálamo, os quais se relacionam ao III ventrículo.
Otálamo é uma massa volumosa e ovoide de 
sustância cinzenta, disposta uma de cada lado do 
diencéfalo (essas massas são unidas pela aderên-
cia intertalâmica). Ele recebe e reencaminha ao 
córtex motor e sensitivo os impulsos motores e 
sensitivos vindos da periferia do corpo (exceto o 
olfato). Devido sua íntima relação com a dor, uma 
lesão talâmica pode causar a síndrome talâmica 
dolorosa, além de déficit de memória, de lingua-
gem e vários outros sintomas.
O hipotálamo é uma área relativamente peque-
na situada abaixo do tálamo, mas com importan-
tes funções relacionadas principalmente ao con-
trole da atividade visceral. Assim, é considerado 
um grande centro autônomo e endócrino atuando 
em processos como alimentação, ingestão de lí-
quidos, comportamento sexual, comportamento 
emocional, regulação da temperatura, memória 
e crescimento. Suas disfunções podem causar 
diabetes insípido, distúrbios da termorregulação 
(hipo, hiper ou pecilotermia – alterações da tem-
peratura corporal em decorrência de variação na 
temperatura ambiental), distúrbios do equilíbrio 
calórico, do comportamento emocional (raiva, 
medo e apatia) e da memória.
O epitálamo se localiza acima do sulco hipo-
talâmico limitando, posteriormente, o III ventrí-
culo. Seu elemento mais evidente é a glândula 
pineal que atua no controle do ritmo circadiano 
e na função gonadal. Por isso, lesão pode retardar 
a puberdade ou fazê-la surgir precocemente ou 
alterar o ritmo circadiano.
O subtálamo localiza-se abaixo do tálamo e 
seu elemento mais evidente é o núcleo subtalâ-
mico que atua no controle e modulação do mo-
vimento voluntário. Sua lesão pode provocar o 
hemibalismo (doença na qual ocorrem movimen-
tos violentos e involuntários da metade do corpo 
contralateral ao subtálamo lesado).
Figura 6 - Cerebelo Inteiro
209UNIDADE 5
Telencéfalo
O telencéfalo ocupa toda a cavidade supratentorial do crânio e 
compreende os dois hemisférios cerebrais e uma pequena parte 
mediana situada na porção anterior do III ventrículo. Tais he-
misférios são parcialmente separados pela fissura longitudinal do 
cérebro, cujo assoalho é formado pelo corpo caloso (o principal 
meio de união entre eles).
Ele possui cavidades chamadas de ventrículos laterais, tem três 
pontos mais projetados (polo frontal, polo occipital e polo tempo-
ral), cinco lobos (grandes regiões dentro de um polo) e três faces 
(súperolateral, medial e inferior ou base do cérebro). Estudaremos 
cada uma dessas regiões. 
A superfície do cérebro humano apresenta depressões denomi-
nadas sulcos que delimitam os giros. Esses giros permitem aumentar 
a superfície do cérebro sem aumentar o volume cerebral (dois terços 
da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondidos” nos sulcos) 
fazendo com que seja chamado de girencéfalo (ao contrário de 
encéfalos sem giros que são chamados de lisencéfalos). 
LOBO FRONTALLOBO FRONTAL
LOBO LÍMBICOLOBO LÍMBICO
LOBO
PARIETAL
LOBO
PARIETAL
LOBO
OCCIPITAL
LOBO
OCCIPITAL
CEREBELOMEDULA ESPINAL
BULBO 
PONTE
Figura 7 - Diencéfalo e Cérebro
210 Sistema Neuroendócrino
Muitos sulcos são inconstantes e não recebem 
qualquer denominação, mas outros são constan-
tes e recebem denominações especiais ajudando 
a delimitar os lobos e as áreas cerebrais. Além 
disso, é importante salientar que o padrão dos 
sulcos e dos giros pode ser diferente nos dois 
hemisférios de um mesmo indivíduo, e não exis-
te nenhum sulco ou giro que seja característico 
de uma determinada raça humana, sendo assim 
impossível a identificação da raça pelo estudo de 
um único cérebro.
Os dois sulcos mais importantes são o lateral e o 
central. O lateral é uma fenda profunda que se-
para os lobos frontal e parietal do lobo temporal. 
Ele dirige-se para a face súperolateral do cérebro 
onde termina dividindo-se. Já o sulco central é 
profundo e percorre obliquamente a face súpero-
lateral do hemisfério separando os lobos frontal 
e parietal. Inicia na face medial do hemisfério e 
segue em direção ao sulco lateral. É ladeado por 
dois giros paralelos, o pré-central (anterior ao sul-
co) e o pós-central (posterior a ele). Esses giros 
relacionam-se, respectivamente, à motricidade e 
à sensibilidade do corpo.
Dos cinco lobos cerebrais, quatro recebem sua 
denominação de acordo com os ossos do crânio 
com os quais se relacionam. Assim, são chamados 
de lobo frontal, temporal, parietal e occipital. To-
davia, o quinto lobo situa-se profundamente e não 
se relaciona diretamente com os ossos do crânio 
sendo chamado de lobo da ínsula. Esse lobo, que 
se relaciona a funções autônomas, é o que menos 
cresce e, por isso, é recoberto pelos lobos vizinhos. 
Tem forma cônica e também apresenta sulcos e 
giros (como o sulco circular da ínsula, o sulco 
central da ínsula, os giros curtos e o giro longo 
da ínsula).
Você também precisa saber que o peso do en-
céfalo depende do peso corporal do indivíduo e 
da complexidade do encéfalo que é expressa pelo 
coeficiente de encefalização (K). O K aumenta à 
medida que se sobe na escala zoológica, sendo 
quatro vezes maior no homem do que no chim-
panzé. No homem adulto brasileiro normal, ele 
pesa em torno de 1300 gramas (1200 gramas na 
mulher). Além disso, saiba que o peso do encé-
falo não tem relação com o estado cultural ou 
com a inteligência do indivíduo (o encéfalo do 
Einstein, por exemplo, pesava 1230 gramas).
Hemisfério 
cerebral 
esquerdo
Hemisfério 
cerebral 
direito
Fissura longitudinal do encéfalo
Figura 8 - Telencéfalo. Note os Hemisférios e a Fissura Lon-
gitudinal do Cérebro
Lobo parietal Lobo frontal
Lobo
temporal
Ponte 
Bulbo
Medula espinal
Cerebelo
Lobo
occipital
Figura 9 - Polos, Lobos e Faces
211UNIDADE 5
Por fim, o maior encéfalo humano registrado pesava 2850 gramas e 
o seu dono tinha um nível normal de inteligência (tem bebês que não 
nascem com este peso, já pensou?) e se admite que o menor encéfalo 
compatível com a inteligência normal deve pesar cerca de 900 gramas.
Figura 10 - Telencéfalo (vista lateral). Note os sulco lateral e central, e os giros 
pré-central e pós-central
Especificidades das Diversas 
Regiões do Encéfalo
De agora em diante, estudaremos algumas das particularidades mais 
interessantes do encéfalo. Vamos começar com aquilo que pode ser 
estudado na face súperolateral dele.
O lobo frontal apresenta o sulco pré-central, o sulco frontal 
superior e sulco frontal inferior. Entre o sulco central e o sulco 
pré-central está o giro pré-central onde se localiza a área motora 
primária do cérebro. Acima do sulco frontal superior e continuando 
na face medial do cérebro localiza-se o giro frontal superior. Entre o 
sulco frontal superior e o inferior está o giro frontal médio e, abaixo 
do sulco frontal inferior, está o giro frontal inferior (este, do lado 
esquerdo do cérebro, é chamado de giro de Broca e é onde se localiza 
o centro cortical da palavra falada, na maioria dos indivíduos). Já 
o giro frontal superior e o médio estão relacionados à cognição, ao 
raciocínio lógico e matemático, e à memória recente.
O lobo temporal apresenta 
dois sulcos principais: o tempo-
ral superior e o sulco temporal 
inferior. Entre o sulco lateral e 
o temporal superior está o giro 
temporal superior onde está 
a área de Wernicke envolvida 
na compreensão da linguagem 
falada. Entre o sulco temporal 
superior e o inferior está o giro 
temporal médio. Abaixo do 
sulco temporal inferior locali-
za-se o giro temporal inferior 
(este está envolvido na percep-
ção visual de cor e forma). Além 
disso, afastando-se os lábios do 
sulco lateral, aparecem peque-
nos giros transversais dos quais 
o mais evidente e importante é 
o giro temporal transverso ante-
rior, pois nele se localiza o cen-
tro cortical da audição ou área 
acústica primária.
O loboparietal apresenta 
dois sulcos principais, o sulco 
pós-central e o sulco intraparie-
tal (este separa o lóbulo parietal 
superior do inferior). O lóbulo 
parietal superior está envolvi-
do na interação do indivíduo ao 
meio ambiente e, por isso, lesões, 
principalmente, no hemisfério 
não dominante, causam negli-
gência de partes do corpo. Nele 
existem dois giros, o supramar-
ginal e o angular (ambos envol-
vidos na integração de diversas 
informações sensoriais quanto 
à fala e percepção e, por isso, le-
sões, principalmente, no hemis-
fério dominante, causa distúrbio 
Giro pré-central
Giro pós-central
Sulco central
Sulco lateral
212 Sistema Neuroendócrino
de compreensão da linguagem e reconhecimento 
de objetos). Já o lobo occipital apresenta pequenos 
sulcos e giros inconstantes e irregulares.
Agora, estudaremos os principais aspectos ana-
tômicos e funcionais da face medial do encéfalo. 
Essa face é visível a partir de secção pelo plano 
sagital mediano e expõe o diencéfalo, o corpo ca-
loso, o fórnice e o septo pelúcido. O corpo caloso 
é a maior comissura inter-hemisférica e aparece 
como uma lâmina branca arqueada. Ele é forma-
do por um grande número de fibras mielínicas 
que cruzam o plano mediano e penetram de cada 
lado no centro branco medular do cérebro unindo 
áreas simétricas do córtex cerebral de cada hemis-
fério. O fórnice emerge abaixo do corpo caloso 
e entre ele e o corpo caloso estende-se o septo 
pelúcido que separa os dois ventrículos laterais. 
Esse septo é constituído por duas delgadas lâmi-
nas de tecido nervoso que delimitam a cavidade 
do septo pelúcido.
Ainda na face medial, podemos identificar dois 
sulcos que passam do lobo frontal para o parietal, 
o sulco do corpo caloso (que contorna o corpo ca-
loso) e o sulco do cíngulo (que é paralelo ao sulco 
do corpo caloso). Entre esses sulcos está o giro do 
cíngulo, que faz parte do sistema límbico e, por 
isso, afeta o funcionamento visceral, as emoções 
e o comportamento. Além disso, o lobo occipital 
apresenta dois sulcos importantes: o parietocci-
pital e o calcarino entre os quais se situa um giro 
triangular chamado cúneo. Nas bordas do sulco 
calcarino está localizada a área visual primária.
Por fim, na face inferior do encéfalo, o lobo 
frontal apresenta apenas o sulco olfatório, me-
dialmente o qual se situa o giro reto (relaciona-
do ao olfato) e lateralmente ao qual se situam 
os giros orbitários. Já o lobo temporal apresenta 
os sulcos occipito-temporal, colateral e sulco 
do hipocampo.
Ventrículos Encefálicos e 
Líquido Cerebrospinal
Por várias vezes, nesta unidade, falamos sobre 
ventrículos e usamos os termos “III ventrículo”, 
“IV ventrículo” e “ventrículos laterais”. Contudo, 
você sabe o que é um ventrículo?
Ventrículos são cavidades que existem dentro 
do nosso encéfalo. Temos quatro deles. Os ven-
trículos laterais (direito e esquerdo) são as cavi-
dades dos hemisférios cerebrais. O III ventrículo 
é a cavidade do diencéfalo e o IV ventrículo é a 
cavidade do rombencéfalo (fica entre o bulbo, a 
ponte e o cerebelo).
Eles produzem líquido cerebrospinal, mas 
como os ventrículos laterais são maiores, eles 
produzem maior quantidade deste líquido. No 
entanto, eles se comunicam entre si por meio de 
“ductos” e este líquido vai escoando e circulando. 
Por exemplo, o líquido cerebrospinal deixa os ven-
trículos laterais e chega ao III ventrículo pelo fora-
me interventricular. Depois, sai do III ventrículo e 
passa ao IV ventrículo por meio do aqueduto do 
mesencéfalo. Do IV ventrículo ele é drenado para 
o espaço subaracnoideo por meio das aberturas 
laterais e da abertura mediana do IV ventrículo. 
Por fim, o líquido sobe até a parte superior do en-
céfalo, é absorvido pelas granulações aracnoideas 
e é drenado para as veias que drenam o encéfalo. 
Dessa forma, o líquido se mistura ao sangue e sofre 
os mesmos processos de filtragem que ele.
É bem provável que você já ouviu falar desse 
líquido. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar 
de alguém que tenha tido que tirar um pouco dele 
para saber se está com meningite ou já ouviu falar 
de alguém que perdeu este líquido ao tomar uma 
anestesia raquidiana e, por isso, teve dor de cabeça. 
Entretanto, você já parou para pensar para que ele 
serve e do que ele é composto?
213UNIDADE 5
O líquido cerebrospinal (ou líquor) é um fluido aquoso e incolor 
que ocupa o espaço subaracnoideo e os ventrículos. Ele dá proteção 
mecânica formando um coxim líquido entre o sistema nervoso 
central e os ossos, reduzindo o risco de traumatismo. Além disso, 
como o espaço subaracnoideo envolve todo o sistema nervoso cen-
tral, este fica totalmente submerso no líquor de forma que se torna 
mais leve. Permite, por exemplo, que o encéfalo flutue impedindo 
que seu peso comprima as raízes dos nervos cranianos e os vasos 
sanguíneos contra a superfície interna do crânio.
Ele é ativamente formado pelos plexos coroides dos ventrículos, 
mas sua circulação é extremamente lenta sendo auxiliada pelo fato 
de sua produção ser em uma extremidade e sua absorção em outra. 
Além disso, a pulsação das artérias intracranianas a cada sístole au-
menta a pressão liquórica empurrando-o por meio das granulações 
aracnóideas. Seu volume total é de 400 a 500 ml/dia, renovando-se 
completamente a cada oito horas.
Algumas doenças podem interferir em sua produção, circula-
ção e/ou absorção causando hidrocefalia que se caracteriza por 
aumento da quantidade e da pressão do líquor, levando à dilata-
ção dos ventrículos e à compressão do tecido nervoso com graves 
consequências. Essa doença pode ser corrigida por meio de um 
procedimento cirúrgico que drena o líquor por meio de um cateter 
desde os ventrículos cerebrais até a veia jugular interna, ou ao átrio 
direito ou à cavidade peritoneal.
Vale lembrar que o aumento do volume de qualquer componente 
da cavidade craniana (por tumor, hematoma ou hidrocefalia, por 
exemplo) causa aumento da pressão intracraniana, podendo cau-
sar a protrusão de tecido nervoso e graves sintomas como perda 
de consciência, coma profundo ou morte por lesão dos centros 
respiratório e vasomotor.
Núcleos da Base
Já vimos que o encéfalo apresenta uma camada superficial de subs-
tância cinzenta (o córtex cerebral) que reveste um centro de subs-
tância branca (o centro branco medular do cérebro). No interior 
desse centro existem massas de substância cinzenta chamadas de 
núcleos da base do cérebro, os quais atuam, principalmente, sobre 
o controle do movimento, embora tenham funções não motoras 
(como seleção de informação sensitiva para o controle motor, fun-
214 Sistema Neuroendócrino
ção cognitiva, função emocional e de motivação). 
Suas lesões podem causar vários distúrbios moto-
res como: coreia, atetose, balismo, distonia, tiques, 
síndrome de Tourette (tiques motores e vocais) e 
distúrbios hipocinéticos (como o parkinsonismo).
Dentre esses núcleos pode-se citar o caudado, 
o lentiforme (dividido em putame e glóbulo pá-
lido), claustrum, corpo amigdaloide (faz parte do 
sistema límbico e é um importante centro regula-
dor do comportamento sexual e da agressividade), 
núcleo basal de Meynert e núcleo accumbens.
Centro Branco Medular 
do Cérebro
O centro branco medular do cérebro é formado 
por fibras mielínicas, as quais podem ser de pro-
jeção ou de associação. As de projeção ligam o 
córtex cerebral a centros subcorticais (são o fór-
nice e a cápsula interna). As de associação unem 
áreas corticais situadas em pontos diferentes (são 
o corpo caloso, a comissura do fórnice e a comis-
sura anterior).
Meninges
O sistema nervoso central é envolto por mem-
branas conjuntivas denominadas meninges (du-
ra-máter, aracnoide-máter e pia-máter), as quais 
têm papel de proteção aos centros nervosos (já 
havíamos mencionado isto quando estudamosa 
medula espinal, lembra?).
Assim, o acesso cirúrgico ao sistema nervoso 
central envolve, necessariamente, o contato com 
essas meninges. Além disso, elas podem ser fre-
quentemente acometidas por processos patoló-
gicos como infecções (meningites) ou tumores 
(meningiomas).
A dura-máter é ricamente inervada e vascu-
larizada. Como o encéfalo não tem terminações 
nervosas sensitivas, quase toda a sensibilidade 
intracraniana se localiza nela que é responsável 
pela maioria das cefaleias (dores de cabeça).
A aracnoide-máter, em alguns pontos, forma as 
granulações aracnoideas que absorvem o líquido 
cerebrospinal (como já estudado), mas no adulto e 
no idoso, algumas delas tornam-se muito grandes 
constituindo os chamados corpos de Pacchioni 
que frequentemente se calcificam e podem deixar 
impressões na abóboda craniana.
A pia-máter adere intimamente à superfície 
do encéfalo acompanhando os sulcos, os giros e, 
inclusive, os vasos que penetram o tecido nervoso. 
Assim, ela dá resistência ao encéfalo, pois este tem 
consistência mole. Aracnoide-máter e pia-máter 
são membranáceas e delicadas.
Figura 11 - Núcleos da Base e Centro Branco Medular do 
Cérebro
215UNIDADE 5
Vascularização da Cabeça e do Pescoço
Embora represente apenas uma pequena parte do peso do corpo, 
o encéfalo recebe aproximadamente um sexto do débito cardíaco 
e um quinto do oxigênio consumido pelo corpo em repouso. Isto 
porque é formado por estruturas nobres e altamente especializa-
das que exigem um suprimento permanente e elevado de glicose e 
oxigênio para seu metabolismo. 
Por isso, a parada da circulação cerebral por mais de sete se-
gundos leva à perda da consciência e após cerca de cinco minutos 
começam a aparecer lesões irreversíveis. O fluxo sanguíneo é maior 
em áreas com mais sinapses (é maior na substância cinzenta e há 
diferença entre as diversas áreas do córtex cerebral, mas tendem a 
diminuir durante o sono). Assim, a falta de oxigenação faz com que 
áreas diferentes sejam lesadas em tempos diferentes.
A vascularização do en-
céfalo é originada a partir do 
arco da aorta por meio da arté-
ria carótida interna e da artéria 
subclávia. A artéria carótida 
interna passa o canal carótico 
na base do crânio, faz uma in-
flexão conhecida como sifão 
carotídeo (onde existem baro e 
quimioceptores que detectam 
variações de pressão sanguí-
nea e dos níveis de gases como 
O2 e CO2 no sangue) e emite 
a artéria oftálmica (que irriga 
retina), a artéria cerebral ante-
rior, a cerebral média, a coriói-
dea anterior e a comunicante 
posterior.
As artérias vertebrais sobem 
pelos forames transversos das 
seis primeiras vértebras cer-
vicais, entram no crânio pelo 
forame magno, unem-se e for-
mam a artéria basilar. Essa arté-
ria emite as artérias cerebelares, 
artéria do labirinto e a cerebral 
posterior.
As veias do encéfalo não 
acompanham as artérias, são 
maiores e mais calibrosas, têm 
paredes muito finas, não têm 
válvulas e são praticamente des-
providas de musculatura. Elas 
se dispõem em sistema venoso 
superficial e profundo, os quais 
se comunicam por anastomoses 
e desembocam na veia jugular 
interna, a qual, por sua vez, de-
semboca na veia subclávia e, 
posteriormente, no átrio direito 
do coração.
Seio sagital superior
lâmina periostal
 lâmina meníngea
Dura-máter
encefálica 
Espaço subdural
Aracnoide-máter
Espaço
subaracnóideo
Pia-máter
Substância
cinzenta 
Substância
branca 
Cérebro
Crânio
Foice do cérebro
Vasos sanguíneos
Granulações
aracnoideas
Figura 12 - Meninges Encefálicas
216 Sistema Neuroendócrino
Na base do encéfalo existem várias artérias que, em conjunto, constituem o círculo arterial do encé-
falo (popularmente conhecido como polígono ou círculo de Willis, em homenagem ao médico inglês 
Thomas Willis que o estudou). Esse círculo permite a troca de sangue entre as artérias que irrigam 
a região anterior e posterior do encéfalo, em situações de emergência. Leia mais sobre o assunto 
no artigo “Variações anatômicas na porção posterior do polígono de Willis” de Peixoto et al. (2015).
Fonte: Peixoto et al. (2015)
.
Figura 13 - Artérias do Encéfalo
Círculo arterial 
do encéfalo
217UNIDADE 5
Sistema Nervoso 
Periférico (SNP)
Função do Sistema 
Nervoso Periférico
Moore et al. (2014) afirmam que, de maneira geral, 
o sistema nervoso periférico é responsável por 
conduzir os estímulos da periferia do corpo ao 
sistema nervoso central e por levar os comandos 
provenientes do sistema nervoso central aos ór-
gãos efetores (os quais são representados pelos 
músculos e pelas glândulas). 
Estruturas do Sistema 
Nervoso Periférico
O sistema nervoso periférico é formado por cor-
pos celulares e fibras nervosas localizadas fora 
do sistema nervoso central, que conduzem im-
pulsos que chegam ou saem do sistema nervoso 
central. De acordo com Miranda Neto e Chopard 
(2014), ele é organizado em 4 estruturas princi-
pais: a) nervos espinais e b) nervos cranianos 
218 Sistema Neuroendócrino
que unem a parte central do sistema nervoso às estruturas periféricas do corpo), c) terminações 
nervosas que são estruturas especializadas em captar os estímulos da periferia do corpo e d) gânglios 
espinais ou autônomos que são constituídos por um conjunto de corpos celulares. Todo o texto que 
segue será escrito a partir das considerações de Afifi e Bergman (2007) e Machado e Haertel (2014).
Figura 14 - Tipos de Receptores
Terminações Nervosas
As terminações nervosas são originadas a par-
tir das ramificações das extremidades das fibras 
nervosas dos nervos. Elas podem ser sensitivas ou 
aferentes (chamadas de receptores), e motoras ou 
eferentes (chamadas de junção neuroefetora). Os 
receptores, quando estimulados por uma forma 
adequada de energia (calor, luz, pressão etc.), ori-
ginam um impulso nervoso que segue até atingir o 
sistema nervoso central e ser interpretado por áreas 
cerebrais próprias (como o giro pós-central ou área 
3, 2, 1 de Brodmann). As terminações nervosas mo-
toras trazem as ordens do sistema nervoso central 
até os órgãos efetores desencadeando contração 
muscular ou secreção glandular.
Os receptores podem ser classificados como 
especiais ou gerais. Os especiais são mais comple-
xos, pois estão ligados a um neuroepitélio (como 
retina e o órgão de Corti) e, assim, fazem parte 
dos órgãos especiais dos sentidos (visão, audição, 
equilíbrio, olfato e gustação). Os receptores ge-
rais são mais simples, estão espalhados por todo o 
corpo (principalmente na pele) e podem ser livres 
ou encapsulados conforme tenham ou não uma 
cápsula de tecido conjuntivo.
219UNIDADE 5
Os receptores gerais livres não têm uma cápsula 
de tecido conjuntivo que os envolva. São mais 
abundantes, ramificam-se na pele sendo que al-
guns estão relacionados ao tato (enrolam-se nos 
folículos pilosos) e outros estão relacionados à 
sensibilidade térmica e dolorosa. Os receptores 
gerais encapsulados são mais complexos, pois 
ocorre uma intensa ramificação da extremidade 
do axônio no interior de uma cápsula de tecido 
conjuntivo.
São exemplos de receptores gerais encapsulados 
ao órgão tendinoso de Golgi (OTG): o fuso neu-
romuscular (FNM) e os corpúsculos sensitivos da 
pele. Esses corpúsculos incluem o corpúsculo de 
Meissner (presente principalmente na pele espessa 
das mãos e pés, atuam como receptores de tato e 
pressão), o de Ruffini (também atuam como re-
ceptores de tato e pressão e está presente principal-
mente na pele espessa das mãos e pés e parte pilosa 
do resto do corpo) e de Vater-Paccini (presente 
principalmente no tecido subcutâneo das mãos 
e pés, septos intermusculares e periósteo atuando 
como receptores de sensibilidade vibratória).
O FNM é um receptor proprioceptivo compos-
to por feixes de fibras muscularesmodificadas (as 
fibras intrafusais) contidas em uma cápsula fibrosa. 
Está disposto paralelamente às fibras musculares 
extrafusais e se liga ao tendão do músculo. Ele res-
ponde às variações no comprimento das fibras mus-
culares (estiramento ou contração). Ele é impor-
tante para a manutenção do tônus muscular e para 
o reflexo miotático, o qual pode ser desencadeado 
artificialmente, por exemplo, na região patelar.
O OTG também é um receptor sensorial pro-
prioceptivo, mas fica localizado na inserção da 
fibra muscular com o tendão do músculo esque-
lético (na junção músculo-tendão). Ele permite 
ao sistema nervoso central avaliar a força que o 
músculo está exercendo e é muito sensível à alte-
ração na tensão do músculo, ao contrário do FNM 
que é mais sensível à alteração do comprimento 
muscular. Esses receptores serão melhor vistos no 
seu segundo ano de graduação quando a relação 
sistema nervoso-movimento for estudada.
Os receptores podem ser classificados de 
acordo com o tipo de estímulo que os ativa. As-
sim, quimiorreceptores são ativados por estímu-
los químicos como, por exemplo, os do olfato, 
gustação e da artéria carótida; os osmorrecepto-
res detectam variações na pressão osmótica; os 
fotorreceptores são ativados por estímulos lu-
minosos (como os cones e bastonetes da retina); 
os termorreceptores são ativados por estímulos 
térmicos (como as terminações nervosas livres); 
os nociceptores são ativados por estímulos no-
civos (como as terminações nervosas livres); os 
mecanorreceptores são ativados por estímulos 
mecânicos (como ocorre na audição, equilíbrio, 
tato, pressão, vibração, nos barorreceptores da 
carótida, OTG e FNM).
Além disso, os receptores também podem ser 
classificados de acordo com o local onde estão. 
Assim, ínteroceptores ou vísceroceptores estão 
localizados nas vísceras e nos vasos. Permitem 
sensações viscerais pouco localizadas como 
fome, prazer sexual, sede e dor visceral. Os exte-
roceptores estão na superfície externa do corpo 
e são ativados pelo calor, frio, tato, pressão, luz e 
som. Já os proprioceptores estão nos músculos, 
tendões, ligamentos e cápsulas articulares. Seus 
impulsos podem ser conscientes (como localizar 
partes do corpo de olhos fechados) ou incons-
cientes (quando o cerebelo participa).
A terminação nervosa motora pode ser somá-
tica ou visceral. A somática termina no músculo 
estriado esquelético formando a placa motora 
onde muitas vesículas sinápticas liberam o neu-
rotransmissor acetilcolina. As viscerais terminam 
no músculo liso, estriado cardíaco ou nas glându-
las e pertencem ao sistema nervoso autônomo. 
Seu neurotransmissor pode ser a acetilcolina ou 
a noradrenalina. 
220 Sistema Neuroendócrino
Gânglios
Os gânglios são estruturas formadas por um con-
junto de corpos de neurônios localizados fora do 
sistema nervoso central (se estivesse no sistema ner-
voso central seria chamado de núcleo, lembra?). Tais 
corpos neuronais são recobertos por pequenas célu-
las chamadas células satélites as quais os protegem.
Podem ser espinais ou autônomos. Os gân-
glios espinais são constituídos por um conjunto 
de neurônios sensitivos, do tipo pseudounipola-
res e estão ligados à raiz dorsal do nervo espinal. 
Os gânglios autônomos pertencem ao sistema 
nervoso autônomo e podem ser constituídos 
por corpos de neurônios simpáticos (gânglios 
simpáticos) e parassimpáticos (gânglios parasim-
páticos). Enquanto os gânglios simpáticos estão 
localizados predominantemente na cavidade to-
rácica e na abdominal, os gânglios parasimpáti-
cos estão localizados principalmente no interior 
de órgãos e, por isso, são também denominados 
gânglios intramurais. 
Nervos
Nervos são cordões esbranquiçados formados por 
feixes de fibras nervosas e tecido conjuntivo fora 
do sistema nervoso central. Eles unem o sistema 
nervoso central aos órgãos periféricos de forma 
que sua função é conduzir impulsos nervosos 
do sistema nervoso central à periferia do corpo 
(impulsos eferentes) e da periferia do corpo ao 
sistema nervoso central (impulsos aferentes).
Alguns nervos são formados apenas por fibras 
nervosas sensitivas (nervos sensitivos), outros por 
fibras nervosas motoras (nervos motores) e outros 
Gânglio espinal
Figura 15 - Gânglios
podem ter fibras nervosas sensitivas e motoras 
(nervos mistos). Geralmente nervos motores são 
profundos e os sensitivos são superficiais.
Além disso, em um mesmo nervo podem existir 
fibras inativas, pois elas têm funcionamento inde-
pendente. Assim, eles podem se bifurcar ou se anas-
tomosar por rearranjos de suas fibras e, próximo 
à sua terminação, ramificam-se muito. São muito 
vascularizados, mas são quase desprovidos de sensi-
bilidade (estímulos dolorosos causam dor no trajeto 
do nervo e não no ponto onde foi feito o estímulo).
221UNIDADE 5
Os nervos são muito fortes, pois suas fibras 
nervosas são sustentadas e protegidas por três 
membranas de tecido conjuntivo, as quais são 
mais espessas em nervos superficiais: o endo-
neuro envolve cada fibra nervosa; o perineuro 
envolve um fascículo de fibras nervosas; o epi-
neuro circunda um feixe de fascículos, emite sep-
tos para seu interior e tem tecido adiposo, vasos 
linfáticos e sanguíneos. Eles têm uma origem 
real (onde estão os corpos dos neurônios que o 
formam) e uma origem aparente (de onde eles 
emergem e são vistos). Alguns autores também 
consideram uma origem aparente no esqueleto.
A velocidade de condução do impulso nervoso 
varia de 1 a 120 m/s dependendo do calibre da 
fibra nervosa. Fibras A presente nos nervos mistos 
têm grande calibre, são mielinizadas e subdividi-
das em α, β e g. Fibras B são pré-ganglionares do 
SNA e têm médio calibre. Fibras C são pós-gan-
glionares do SNA e têm pequeno calibre. Podem 
ser espinais ou cranianos conforme estejam liga-
dos à medula espinal ou ao encéfalo.
Nervos Cranianos
Existem 12 pares de nervos cranianos nomina-
dos individualmente e enumerados por algaris-
mo romano (de I a XII). Eles têm conexão com 
o encéfalo e saem da cavidade craniana através 
de forames no crânio. A maioria se conecta ao 
tronco encefálico (apenas os nervos olfatório e 
óptico ligam-se, respectivamente, ao telencéfalo 
e ao diencéfalo, e o nervo acessório se origina na 
parte superior da medula). As fibras dos nervos 
cranianos se unem centralmente aos núcleos dos 
nervos cranianos e sua classificação funcional está 
apresentada a seguir.
Gerais: Tato, propriocepção, dor, T°, pressão origem nos exteroceptores 
e proprioceptores.
Somáticas
Especiais: Visão, audição, equilíbrio origem na retina e ouvido interno.
Fibras aferentes
Gerais: Dor visceral, origem nos vísceroceptores.
Viscerais
Especiais: Origem nos receptores gustativos e olfatórios.
Somáticas: Para músculos estriados esqueléticos miotômicos.
Fibras eferentes
Gerais: Inervam músculos lisos, cardíacos e das glândulas (formam o 
sistema nervoso autônomo parassimpático).
Viscerais
Especiais: Inervam músculos estriados esqueléticos branquioméricos.
Figura 16 - Classificação funcional das fibras dos nervos cranianos
Fonte: o autor.
222 Sistema Neuroendócrino
Os nervos olfatório (I par) e óptico (II par) 
são classificados como sensitivos, pois são respon-
sáveis, respectivamente, pelo olfato e pela visão. 
Já os nervos oculomotor (III par), troclear (IV 
par) e abducente (VI par) são classificados como 
motores, pois são responsáveis pelos movimentos 
dos músculos extrínsecos do bulbo do olho.
O nervo trigêmeo (V par) é o maior nervo cra-
niano. Ele emerge da face lateral da ponte por uma 
grande raiz sensitiva e uma pequena raiz motora. 
Os processos periféricos dos neurônios sensitivos 
formam três nervos: o oftálmico, o maxilar e o com-
ponente sensitivo do nervo mandibular. As fibras 
da raiz motora são distribuídaspor meio do nervo 
mandibular fundindo-se com suas fibras (por isso 
é um nervo misto). De maneira geral, ele é respon-
sável pela sensibilidade exteroceptiva (temperatura, 
dor, pressão e tato) de grande parte da cabeça (face, 
dentes, boca, cavidade nasal e dura-máter craniana), 
sensibilidade exteroceptiva e proprioceptiva dos 
músculos mastigatórios e da articulação tempo-
romandibular. 
Além disso, inerva movimentos mastigatórios, 
milo-hioideo, ventre anterior do digástrico, tensor 
do véu palatino e tensor do tímpano. Assim, devido 
sua vasta área de inervação, a nevralgia ou neuralgia 
do trigêmeo é um distúrbio neuropático que causa 
episódios de dor intensa no couro cabeludo, man-
díbula, fronte, olhos, nariz e lábios. Pode ser tratada 
por termocoagulação controlada (procedimento 
que destrói parcialmente suas fibras nervosas).
O nervo oftálmico é exclusivamente sensitivo e 
seus principais ramos são os nervos frontal, nasoci-
liar e lacrimal (os quais inervam regiões correspon-
dentes). O nervo maxilar sai da cavidade craniana 
pelo forame redondo, é exclusivamente sensitivo 
e localiza-se na região da maxila. Seus principais 
ramos são os nervos infraorbital, alveolar superior 
anterior, médio e posterior, nasopalatino, palatino 
maior e palatinos menores. O gânglio pterigopa-
latino está associado a essa divisão do trigêmeo.
O nervo mandibular passa pelo forame oval e é 
considerado misto, pois, a raiz motora do trigêmeo 
acompanha suas fibras sensitivas. Seus principais 
ramos incluem nervos sensitivos (como o lingual, 
alveolar inferior, mentual e aurículotemporal) e 
nervos motores (como os temporais profundos, 
pterigoideos medial e lateral, bucal, massetérico e 
milo-hioideo). Dois gânglios parassimpáticos re-
lacionados à inervação das glândulas salivares, o 
ótico e o submandibular, estão associados a essa 
divisão do nervo trigêmeo.
O nervo facial (VII par) emerge do sulco bul-
bopontino como duas divisões, o nervo facial pro-
priamente dito (raiz motora) e o nervo intermédio 
(raiz sensitiva e visceral que conduz fibras sensiti-
vas somáticas, parassimpáticas e do paladar). Ele 
atravessa o forame estilomastoideo e a glândula 
parótida, dá origem ao nervo petroso maior, nervo 
para o músculo estapédio, nervo corda do tímpano 
e ramo auricular posterior. 
Na glândula parótida, ele forma o plexo in-
traparotídeo e dá origem aos cinco ramos motores 
terminais: temporal, zigomático, bucal, marginal da 
mandíbula e cervical, os quais inervam músculos da 
expressão facial, da orelha, ventre posterior do di-
gástrico, estilo-hioideo e músculo estapédio. Além 
disso, ele envia fibras para o gânglio pterigopalatino 
(para inervar glândulas lacrimais) e para o gânglio 
submandibular (para inervar as glândulas salivares 
sublingual e submandibular). Adicionalmente dá 
sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores 
da língua e do palato mole e supre uma pequena 
área de pele da concha da orelha, perto do meato 
acústico externo.
O nervo vestibulococlear (VIII par) é respon-
sável pelo equilíbrio, orientação espacial e audição. 
Sua lesão pode causar enjoo, alteração de equilíbrio, 
nistagmo, vertigem e hipoacusia. Emerge do sulco 
bulbopontino, entra no meato acústico interno e 
se divide nos nervos vestibular e coclear. Enquanto 
o nervo vestibular é sensível à aceleração linear e 
223UNIDADE 5
à aceleração rotacional em relação à posição da 
cabeça, o nervo coclear está relacionado à audição.
O nervo glossofaríngeo (IX par) é misto, emer-
ge da face lateral do bulbo e deixa o crânio através 
do forame jugular. Ele permite movimento para o 
músculo estilofaríngeo e emite alguns seguintes 
ramos sensitivos como o nervo timpânico, nervo 
do seio carótico, nervo faríngeo, tonsilar e lingual.
O nervo vago (X par) tem seu nome derivado 
do latim vagari que significa errante, devido sua 
extensa distribuição (tem o trajeto mais longo e a 
distribuição mais extensa de todos os nervos cra-
nianos, principalmente fora da cabeça). Origina-
-se por radículas na face lateral do bulbo as quais 
se fundem e deixam o crânio pelo forame jugular. 
Continua inferiormente na bainha carótica, envia 
ramos para o palato, faringe, laringe, brônquios 
pulmões e coração. Formam os troncos vagais 
anteriores e posteriores que se unem ao plexo eso-
fágico inervando esôfago, estômago e intestinos 
(até a flexura esquerda do colo). Assim, é misto 
e tem fibras aferentes somáticas gerais, aferentes 
viscerais gerais e especiais, eferentes somáticas, 
eferentes viscerais gerais e proprioceptivas.
O nervo acessório (XI par) é formado por uma 
raiz craniana (bulbar) e outra espinal. Une-se tem-
porariamente ao nervo vago (com o qual inerva 
músculos da laringe e vísceras torácicas), penetra os 
músculos esternocleidomastoideo e trapézio dando-
-lhes motricidade (é classificado como nervo motor).
O nervo hipoglosso (XII par) dá movimento 
aos músculos extrínsecos e intrínsecos da língua. 
Sua lesão pode causar desvio lateral da língua quan-
do se faz protrusão. Origina-se no bulbo como um 
nervo motor e deixa o crânio pelo canal do nervo 
hipoglosso, unindo-se a ramos do plexo cervical.
Assim, a inervação da língua pode ser resumida da 
seguinte forma: sua motricidade é dada pelo ner-
vo hipoglosso; a sensibilidade geral (temperatura, 
dor, tato e pressão) de seus dois terços anteriores é 
dada pelo nervo trigêmeo e a sensibilidade gusta-
tiva pelo nervo facial (por meio do nervo lingual); 
a sensibilidade geral e gustativa do terço posterior 
é dada pelo nervo glossofaríngeo. 
Figura 17 - Nervos Cranianos
Todos os 12 
pares de nervos 
cranianos estão 
destacados em 
amarelo
224 Sistema Neuroendócrino
Nervos Espinais
Existem 31 pares de nervos espinais que inervam 
o tronco, os membros, o pescoço e a parte da cabe-
ça (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 
1 coccígeo). Com exceção do primeiro nervo que 
emerge entre o osso occipital e o atlas, todos os 
demais deixam o canal vertebral pelos forames 
intervertebrais. São identificados por uma 
letra (que identifica a região da medula à 
qual pertence) e um número (que iden-
tifica sua ordem). Por exemplo: o nervo 
T4 é o 4° nervo da região torácica.
Da medula espinal emergem radículas 
dos sulcos lateral anterior e posterior que 
convergem para formar as raízes ventral 
e dorsal, respectivamente. A raiz ventral 
apresenta axônios de neurônios mo-
tores cujos corpos estão nos cornos 
anterior e lateral da medula espinal 
e se direcionam aos órgãos efeto-
res situados na periferia do corpo 
(músculos e glândulas). A raiz dor-
sal apresenta axônios de neurônios 
sensitivos que chegam ao corno 
posterior da medula espinal vindos 
das terminações sensitivas locali-
zadas na periferia do corpo e cujos 
corpos estão nos gânglios espinais 
das raízes dorsais.
Próximo do forame interver-
tebral, as raízes ventral (moto-
ra) e dorsal (sensitiva) se unem 
para formar o tronco do nervo 
espinal que funcionalmente é 
misto e tem componentes so-
máticos e viscerais. O tronco sai 
do canal vertebral pelos forames 
intervertebrais e se divide em um 
ramo dorsal e outro ventral (ambos 
mistos). O ramo dorsal, geralmente menor do 
Todos os nervos es-
pinais estão conecta-
dos à medula espinal 
e inervam os mem-
bros superiores, os 
membros inferiores 
e o tronco
Medula 
espinal
Figura 18 - Nervos Espinais
225UNIDADE 5
que o ventral, dirige-se posteriormente à pele, aos 
músculos da região occipital, nuca, região dorsal 
do tronco e articulações sinoviais da coluna verte-
bral. São separados uns dos outros e não formam 
plexos nervosos (são unissegmentares).
Em contrapartida, o ramo ventral (que é prati-
camente a continuação do tronco do nervo espinal) 
se distribui a pele, músculos, ossos, articulações e 
vasos daregião ântero-lateral do pescoço, ao tron-
co e aos membros. Na região torácica tem trajeto 
paralelo às costelas (são unissegmentares), mas em 
outras regiões se anastomosam e formam plexos 
plurissegmentares (com fibras de mais de um seg-
mento medular). Os principais plexos formados são 
o cervical, braquial, lombar e sacral (todos pares). No 
entanto, também é descrito o plexo coccígeo que é 
uma pequena rede de fibras nervosas formada pelos 
ramos anteriores de S4 e S5 e os nervos coccígeos. 
Ele supre a articulação sacrococcígea, o músculo 
coccígeo e parte do levantador do ânus. Os nervos 
anococcígeos originados dele suprem uma pequena 
área de pele entre o cóccix e o ânus.
Resumidamente, o plexo cervical é formado 
pelos ramos ventrais dos quatro primeiros nervos 
cervicais. Inerva pele e músculos da cabeça, pescoço, 
ombro e tórax e tem um ramo de cada lado, o nervo 
frênico, que inerva o músculo diafragma. Alguns de 
seus ramos se interconectam com alguns nervos 
cranianos (X, XI e XII pares).
O plexo braquial é formado pelos ramos ventrais 
dos quatro últimos nervos cervicais e do primeiro 
nervo torácico. Estende-se inferior e lateralmente, 
passa abaixo da clavícula, entra na região axilar e 
desce pelo membro superior. Já o plexo lombar si-
tua-se próximo ao músculo psoas maior, ao lado da 
coluna vertebral. É formado pelos ramos ventrais 
dos três primeiros nervos lombares, pela maior parte 
do quarto nervo lombar (L1 a L4) e um ramo anasto-
mótico de T12. Emite vários nervos que se destinam 
aos músculos abdominais, regiões inguinal e púbica, 
e membros inferiores.
Por fim, o plexo sacral é formado pelo ramo anas-
tomótico de L4 unido a L5, pelos ramos ventrais do 
primeiro ao terceiro nervos sacrais e parte do quarto, 
e o restante do quinto nervo sacral unindo-se ao 
plexo coccígeo. Ele inerva as vísceras pélvicas e o 
membro inferior, e emite seu ramo terminal, o ner-
vo isquiático. Esse nervo (popularmente conhecido 
como nervo ciático) é o mais calibroso e longo do 
corpo humano (suas fibras descem até os dedos dos 
pés). Ele não supre estruturas da região glútea, mas 
os músculos posteriores da coxa, todos os músculos 
da perna e do pé, e a pele da maior parte da perna 
e do pé. Envia ramos articulares para todas as ar-
ticulações do membro inferior. Além dele, o plexo 
sacral emite vários outros nervos (como os glúteos 
superior e inferior, o nervo pudendo, os nervos para 
os músculos obturatório interno e gêmeo superior, 
para o músculo piriforme, para o quadríceps da coxa 
e gêmeo inferior e esfíncter externo do ânus, o nervo 
cutâneo posterior da coxa, o nervo cutâneo femoral 
posterior e nervo para o músculo quadrado femoral).
Figura 19 - Formação dos Nervos Espinais 
226 Sistema Neuroendócrino
Lesão Nervosa
As lesões nervosas são frequentes, podem ser 
causadas por diversos fatores (como arma 
branca, arma de fogo e traumas) e podem 
causar graves danos motores e sensitivos, pois 
neurônios não se proliferam no sistema nervo-
so do adulto (exceto os neurônios do epitélio 
olfatório relacionados ao olfato). Em caso de 
lesão, é comum ocorrer degeneração anteró-
grada onde o axônio que foi separado de seu 
corpo celular degenera. Essa degeneração é in-
versamente proporcional à distância da lesão 
ao corpo e é máxima entre 7 e 15 dias.
Um fator que pode contribuir para a rege-
neração é a presença da glicoproteína laminina 
produzida pelas células de Schwann no sistema 
nervoso periférico. A laminina atua como um 
fator neurotrófico estimulando o crescimento 
axonal do coto distal em busca do coto proxi-
mal (aquele ligado ao corpo celular). No entan-
to, essa aposição dos cotos pode não ocorrer 
espontaneamente e pode inclusive predispor à 
formação de neuroma (os ramos do coto proxi-
mal crescem desordenadamente, entrelaçam-se 
e formam uma estrutura muito sensível provo-
cando dor; é comum em casos de amputação). 
Por isso, uma lesão por secção no nervo re-
quer intervenção cirúrgica porque a regenera-
ção do axônio exige a aposição das extremida-
des seccionadas por suturas do epineuro. Vale 
ressaltar que a laminina não é produzida no 
sistema nervoso central onde a célula respon-
sável pela mielinização é o oligodendrócito e 
não a célula de Schwann. O comprometimento 
do suprimento de um nervo por longo período 
pela compressão dos vasos dos nervos (vasa 
nervorum) pode causar degeneração do nervo 
(lesão por isquemia).
Lesões de nervos periféricos são muito comuns 
e podem ocorrer a partir de traumas com arma 
de fogo, arma branca ou mesmo acidentes. Na 
maioria das vezes, sua correção é cirúrgica, mas 
o sucesso no tratamento dependeria de fatores 
como idade, a lesão propriamente dita, o tipo de re-
paro realizado no nervo, o nível da lesão e período 
transcorrido entre lesão e reparo. Leia mais sobre 
este assunto no artigo de Siqueira (2007), intitulado 
“Lesões nervosas periféricas: uma revisão”.
Fonte: Siqueira (2007).
Figura 20 - Plexos
Plexo lombar
Plexo braquial
227UNIDADE 5
Você se lembra que o sistema nervoso pode ser 
classificado de várias maneiras como, por exem-
plo, de acordo com critérios anatômicos, embrio-
lógicos, segmentares e funcionais? Pois bem! A 
classificação anatômica (que estuda o sistema 
nervoso central e periférico) nós vimos no iní-
cio desta unidade. A classificação embriológica e 
segmentar nós só estudaremos no segundo ano 
da sua graduação quando uma abordagem mais 
pormenorizada sobre este sistema for feita. Já a 
classificação funcional, divide o sistema nervoso 
em somático (ou de vida de relação) e sistema 
nervoso visceral (ou de vida vegetativa). Estuda-
remos sistema nervoso autônomo de acordo as 
proposições de Miranda Neto e Chopard (2014), 
Moore et al. (2014) e Watanabe e Erhart (2009).
O sistema nervoso somático faz com que o 
organismo se relacione com o meio em que vive 
e, por isso, apresenta vias sensitivas e motoras. 
As vias sensitivas iniciam-se nos exteroceptores 
(receptores sensitivos localizados na parte exter-
na do corpo) e levam informações da periferia 
do corpo ao sistema nervoso central. Já as vias 
motoras trazem os comandos do sistema ner-
voso central ao músculo estriado esquelético 
possibilitando o movimento voluntário.
Sistema Nervoso 
Autônomo (SNA)
228 Sistema Neuroendócrino
Por outro lado, no sistema nervoso visceral 
as vias sensitivas iniciam nos ínteroceptores ou 
vísceroceptores (receptores sensitivos localiza-
dos nos órgãos) e vão até o sistema nervoso cen-
tral. Esses neurônios sensitivos têm seus corpos 
nos gânglios sensitivos localizados ao lado da 
coluna vertebral. Já as vias motora do sistema 
nervoso visceral levam as ordens dos centros 
nervosos para o músculo liso, para o múscu-
lo estriado cardíaco, para glândulas ou para os 
adipócitos possibilitando ações involuntárias, 
como o batimento cardíaco, os movimentos 
peristálticos ou a secreção glandular.
Tudo isso, nós já tínhamos estudado no início 
desta unidade. Não é novidade! Todavia, você sabe 
o que realmente é o sistema nervoso autônomo? 
Embora eu creia que você já tenha ouvido falar 
dele, a maioria das pessoas faz uma certa confusão. 
Vamos entender, pois é bem fácil!
O SNA nada mais é do que a via eferente do sis-
tema nervoso visceral. Assim, pode ser entendido 
como o conjunto de neurônios centrais e periféri-
cos responsáveis pela inervação motora das vísce-
ras, ou seja, do músculo liso, do músculo estriado 
cardíaco e das glândulas. Ele é dividido em parte 
simpática, parassimpática e sistema nervoso enté-
rico. A via eferente da parte simpática e parassim-
pática apresenta apenas dois neurônios, sendo que 
um deles tem o corpo no sistema nervoso central 
(chamado de neurônio pré-ganglionar), e o outro 
tem o corpo celular localizado em gânglios mo-
tores pertencentes ao sistema nervosoperiférico.
A parte parassimpática é considerada cranios-
sacral, pois seus neurônios pré-ganglionares loca-
lizam-se em núcleos do tronco encefálico, anexos 
aos nervos cranianos (III, VII, IX e X pares) e na 
coluna lateral da substância cinzenta dos segmen-
tos sacrais da medula espinal (S1 a S4). Suas fibras 
pré-ganglionares geralmente são muito longas e 
fazem sinapse com os neurônios pós-ganglionares 
integrantes dos gânglios motores viscerais, locali-
zados próximos ou dentro das vísceras. Quando 
estimulados fazem as glândulas lacrimais e sali-
vares secretarem e causam constrição da pupila 
e dos brônquios, acomodação visual, bradicardia, 
ativação dos movimentos peristálticos, relaxa-
mento dos esfíncteres do tubo digestório, esti-
mulação da secreção das glândulas anexas dos 
genitais e ereção.
Em contrapartida, a parte simpática é consi-
derada toracolombar, pois seus neurônios pré-
-ganglionares estão localizados nos segmentos 
torácicos (T1 a T12) e lombares (L1 a L5) da medula 
espinal. Suas fibras pré-ganglionares geralmente 
são curtas e fazem sinapse com neurônios pós-
-ganglionares localizados em gânglios simpáticos 
vertebrais e pré-vertebrais. Suas fibras pós-gan-
glionares, geralmente são longas e estendem-se 
até os órgãos efetores. O simpático é responsável 
pela constrição dos vasos sanguíneos, dilatação da 
pupila, secreção das glândulas sudoríparas, ereção 
dos pelos, aumento do ritmo cardíaco, dilatação 
dos brônquios, diminuição do peristaltismo, fecha-
mento dos esfíncteres do tubo digestório, estimu-
lação da secreção da glândula suprarrenal, aumen-
to da contração da musculatura lisa do sistema 
genital masculino e feminino e pela ejaculação.
Vale ressaltar que o tabagismo e as diversas 
situações de estresse emocional (raiva, medo e 
ansiedade) provocam grande estimulação do SNA 
simpático predispondo à elevação da pressão ar-
terial, impotência sexual e distúrbios do sistema 
digestório. Por isso, quando sofremos um grande 
estresse emocional (por exemplo, se uma pessoa 
bate em nosso carro ou recebemos uma notícia 
muito perturbadora), sentimos taquicardia, “frio 
na barriga”, dor no estômago, alterações na respi-
ração e tantos outros sinais de ativação do SNA 
simpático. Se estes estímulos forem persistentes 
ou frequentes, pode haver sobrecarga em vários 
órgãos, inclusive no coração. Portanto, tal fato é 
extremamente maléfico.
229UNIDADE 5
Para finalizar o SNA simpático e parassimpático, é importante pontuar que os neurônios centrais do 
SNA constituem núcleos viscerais na medula espinal e tronco encefálico, os quais são subordinados 
a centros superiores do diencéfalo, do cerebelo e do córtex cerebral. Adicionalmente, os gânglios ver-
tebrais dispõem-se ao lado da coluna vertebral, são unidos entre si por feixes nervosos e formam o 
tronco simpático (direito e esquerdo) que se ligam aos nervos espinais através dos ramos comunicantes 
brancos e cinzentos.
Além disso, enquanto os gânglios pré-vertebrais localizam-se anteriormente à coluna vertebral e 
compreendem, por exemplo, os gânglios celíacos, mesentérico superior e mesentérico inferior, os gânglios 
periféricos estão situados muito próximos ou no interior do órgão (como o gânglio ciliar, pterigopalatino, 
ótico, submandibular e intramurais).
Por fim, o sistema nervoso entérico é constituído por redes neuronais encontradas entre as 
células que constituem a parede do tubo digestório. Ele é formado por neurônios motores, sensi-
tivos e interneurônios, e seus principais componentes são o plexo submucoso e o mioentérico. A 
maioria de seus neurônios motores é formada por neurônios pós-ganglionares do SNA parassim-
pático os quais recebem influência dos neurônios sensitivos e interneurônios do plexo entérico, 
dos neurônios simpáticos pré-ganglionares e de fibras simpáticas pós-ganglionares. 
Os neurônios sensitivos são estimulados por alterações na tensão da parede dos intestinos e por 
alterações químicas na luz intestinal. Assim, pode-se dizer que o sistema nervoso entérico é funda-
mental para o controle da motilidade do intestino, da tonicidade dos vasos sanguíneos intestinais, 
da velocidade de proliferação das células do revestimento epitelial do tubo digestório, da secreção de 
hormônios e para a absorção de nutrientes (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Figura 21 - Sistema Nervoso Entérico 
230 Sistema Neuroendócrino
Sistema 
Endócrino
Generalidades
Todos nós já ouvimos falar que os hormônios são 
essenciais para o funcionamento do nosso corpo e 
que se eles estiverem em alta ou baixa concentração, 
muitas disfunções podem aparecer. Por isso, um tu-
mor hipofisário, por exemplo, pode ser tão danoso 
quanto um tumor encefálico. Vamos compreender 
melhor este sistema tão importante que atua em 
sinergia ao sistema nervoso. Para isso, faremos um 
estudo do sistema endócrino de acordo com as 
proposições de Miranda Neto e Chopard (2014), 
Moore et al. (2014) e Watanabe e Erhart (2009).
Em primeiro lugar, você precisa ter claro que o 
sistema endócrino é composto por glândulas en-
dócrinas macroscópicas. Essas glândulas não pos-
suem canais excretores, mas lançam seus produtos 
(os hormônios) na corrente sanguínea fazendo 
com que eles sejam distribuídos, em pouco tem-
po, para todo o corpo. Assim, tais glândulas são 
consideradas glândulas de secreção interna (são 
diferentes das glândulas exócrinas que secretam 
para fora da corrente sanguínea, como as glându-
las lacrimais, salivares, sudoríparas e sebáceas).
231UNIDADE 5
No corpo humano participam do sistema en-
dócrino a glândula hipófise, a tireoide, as para-
tireoides, as suprarrenais, a pineal e as porções 
endócrinas do pâncreas e das gônadas. Todavia, 
a placenta e o timo também podem ser incluí-
dos dentre os órgãos deste sistema. Isto, porque 
a placenta produz estrógeno, progesterona e go-
nadotropina, e o timo age sobre o metabolismo 
estimulando o crescimento corpóreo e secreta 
hormônios relacionados à imunidade (vale men-
cionar que o mecanismo de sua ação ainda não 
é totalmente esclarecido). Ele fica atrás do osso 
esterno, entre os pulmões (na porção superior do 
mediastino) e é bem desenvolvido na primeira 
idade sofrendo atrofia após a puberdade.
Além desses órgãos, existem também inúme-
ras glândulas endócrinas microscópicas represen-
tadas por células secretoras de hormônios isoladas 
ou organizadas em pequenos agregados. Elas se 
distribuem por todo o corpo, por exemplo, na 
mucosa do trato gastrointestinal. Alguns autores 
denominam estas glândulas endócrinas micros-
cópicas de “sistema neuroendócrino difuso”.
Os hormônios produzidos pelas glândulas en-
dócrinas são frequentemente considerados como 
mensageiros químicos e participam da regulação 
de muitas atividades do organismo, atuando tanto 
no meio intra quanto extracelular. Assim, partici-
pam da regulação e integração corpórea num papel 
regulador muito semelhante ao do sistema nervoso.
Quando os hormônios agem sobre as células 
de um grande número de órgãos, diz-se que há 
uma regulação geral. Isso ocorre com a adrena-
lina, por exemplo, a qual quando liberada pelas 
glândulas suprarrenais sob situação de estresse, 
causa efeitos em praticamente todos os órgãos do 
corpo. Todavia, a ação de um hormônio também 
pode ser bem específica afetando as células de um 
órgão em particular, como é o caso do hormônio 
antidiurético liberado pela neuro-hipófise para 
aumentar a absorção de água nos néfrons.
Alguns hormônios são esteroides derivados do 
colesterol (como o cortisol), outros são proteicos 
(como a prolactina) e outros são derivados de 
aminoácidos (como a epinefrina). Eles podem 
agir na célula de várias maneiras (modificando 
a permeabilidade da membrana, agindo sobre 
segundos mensageiros, influenciando o material 
genético, agindo sobre enzimas etc.).
Isso posto,vamos, a seguir, abordar as prin-
cipais glândulas do sistema endócrino e seus 
hormônios. Também mencionaremos algumas 
disfunções que podem surgir pelo aumento ou 
diminuição de alguns hormônios e as principais 
correlações com o exercício físico.
Hipotálamo
Glândula 
Hipófise
Glândula Tireoide 
e Paratireoide
Pâncreas
Glândula 
Suprarrenal
Placenta 
(durante a 
gravidez)
Testículos
Glândula 
Pineal
Timo
Ovário
Figura 22 - Estruturas Gerais do Sistema Endócrino
232 Sistema Neuroendócrino
Principais Glândulas do Sistema Endócrino e seus Hormônios
Glândula Hipófise
A glândula hipófise é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de 
diâmetro e 1 grama de peso. Ela é encontrada na fossa hipofisial do 
osso esfenoide e está ligada ao hipotálamo por meio do infundíbulo. A 
íntima relação entre o sistema endócrino e o nervoso pode ser vista ao 
constatar que quase todas as secreções da glândula hipófise são contro-
ladas por sinais hormonais ou nervosos provenientes do hipotálamo o 
qual recebe sinais de quase todas as regiões do sistema nervoso.
Essa glândula pode ser dividida em lobo anterior (ou adeno-hi-
pófise) e lobo posterior (ou neuro-hipófise). A adeno-hipófise tem 
natureza glandular e é controlada por hormônios hipotalâmicos de 
liberação ou de inibição (secretados pelo próprio hipotálamo e trans-
portados para a adeno-hipófise por pequenos vasos sanguíneos). A 
neuro-hipófise tem natureza nervosa, pois é controlada por sinais 
nervosos que partem do hipotálamo.
Os hormônios da adeno-hipófise atuam nas funções metabólicas 
do corpo. São eles o hormônio de crescimento (ou popularmente co-
nhecido pela sigla GH), a corticotropina, a tireotropina, a prolactina, o 
hormônio folículo estimulante e o hormônio luteinizante. O hormô-
nio de crescimento afeta a síntese de proteína e causa multiplicação e 
diferenciação celular. A corticotropina controla a secreção de alguns 
hormônios do córtex da glândula suprarrenal os quais afetam o meta-
bolismo da glicose, de proteínas e de gorduras. Enquanto o hormônio 
tireotropina controla a secreção de tiroxina pela glândula tireoide, a 
prolactina desenvolve as glândulas mamárias e estimula a produção 
do leite. Já o hormônio folículo estimulante e o luteinizante controlam 
o crescimento das gônadas e suas atividades reprodutivas.
233UNIDADE 5
Figura 23 - Glândula Hipófise 
234 Sistema Neuroendócrino
Por fim, a neuro-hipófise pode ser considerada 
uma extensão anatômica e fisiológica do sistema 
nervoso (apresentando, inclusive, a mesma origem 
embriológica). Secreta o hormônio antidiurético e 
a ocitocina. Enquanto a ocitocina ajuda a liberar 
o leite das glândulas mamárias durante a sucção e 
ajuda no trabalho de parto, o hormônio antidiuré-
tico (também chamado de vasopressina) tem como 
função regular a excreção de água na urina contro-
lando a quantidade de água dos líquidos corporais.
A disfunção dessa glândula pode ser extrema-
mente maléfica levando inclusive o indivíduo a óbito. 
De igual modo, alterações na produção e liberação 
de seus hormônios pode ser bastante prejudicial. É o 
caso, por exemplo, do hipertireoidismo ou do hipo-
tireoidismo que resultam de anormalidades no hor-
mônio do crescimento. Além disso, pode-se afirmar 
que seus hormônios são determinantes para a boa 
prática de atividades e exercícios físicos, pois se re-
lacionam ao metabolismo e à homeostasia corpórea.
Glândula Pineal
À semelhança da neuro-hipófise, a glândula pineal está intimamente relacionada ao sistema nervoso 
central. Ela se localiza no epitálamo, pesa cerca de 150 mg, tem a forma de uma pequena pinha (por 
isso seu nome) e produz o hormônio melatonina.
A melatonina é produzida a partir do aminoácido triptofano e está relacionada a quase todos os 
processos fisiológicos do corpo, pois causa sono e regula o ciclo sono-vigília. Assim, ela atua nos relógios 
circadianos (aqueles que ocorrem durante o dia) e ajuda a modular os circuitos do tronco encefálico.
Segundo Miranda Neto e Chopard (2014), para sincronizar o ciclo orgânico com o ciclo cla-
ro-escuro do ambiente, os organismos são dotados de sincronizadores chamados de “fotoagentes 
arrastadores” que detectam as variações nos níveis de luz à medida que a noite se aproxima. Esses 
receptores estão localizados na camada externa da retina e deles partem neurônios que chegam ao 
núcleo supraquiasmático do hipotálamo cuja ativação ativa neurônios que descem até os neurônios 
pré-ganglionares simpáticos. Esses neurônios modulam neurônios nos gânglios cervicais simpáticos 
superiores dos quais partem neurônios pós-gan-
glionares que se projetam à glândula pineal. 
Assim, esta ativação permite que a ativação 
dos fotorreceptores da retina reduza a produção 
de melatonina. Por outro lado, ao entardecer, com 
a menor luminosidade e redução de ativação des-
tes fotorreceptores, a pineal aumenta a síntese e 
liberação de melatonina na corrente sanguínea 
provocando sono (sua síntese atinge o nível má-
ximo entre 2 e 4 horas da manhã). Por isso, sua 
disfunção pode causar, por exemplo, alteração do 
ciclo sono-vigília. Adicionalmente, vale destacar 
que a melatonina tem relação direta com o exer-
cício físico e com o repouso após sua prática.
Figura 24 - Glândula Pineal
Glândula pineal
(destacada em 
vermelho)
235UNIDADE 5
Glândula Tireoide
A glândula tireoide é um dos maiores órgãos endócrinos do corpo. 
Ela está localizada anteriormente à traqueia, próximo à junção 
com a laringe.
Ao contrário, a falta destes hor-
mônios causa a doença chama-
da hipotireoidismo. Nesse caso, 
ocorre aumento do colesterol 
circulante, desaceleração do 
metabolismo corpóreo, can-
saço, alterações menstruais e 
deficiência cardíaca. A falta 
completa desses hormônios 
causa queda do metabolismo 
basal para cerca de 40% abaixo 
do normal.
Pelo fato dos hormônios 
tireoidianos serem fundamen-
tais para o crescimento e de-
senvolvimento físico e mental, 
crianças com hipotireoidismo 
têm atraso na maturação do 
esqueleto, podem desenvolver 
nanismo, hipotonia muscular e 
deficiência mental. Esses sinais 
clínicos caracterizam o qua-
dro de cretinismo o qual pode 
ocorrer por ausência congênita 
da glândula, defeito genético 
em sua função ou falta de iodo 
na dieta. Por isso, segundo Mi-
randa Neto e Chopard (2014), 
gestantes devem ingerir iodo 
diariamente a quantidade mí-
nima necessária (em torno de 
100 microgramas de iodo/dia).
Além disso, na ausência de 
iodo a glândula tireoide fica 
edemaciada formando o bócio 
(uma espécie de “papo” que se 
forma na região anterior do pes-
coço). Um detalhe interessante 
que merece ser pontuado é que 
em regiões onde o solo é pobre 
em iodo (por exemplo, em lo-
Laringe
Lobo direito da
glândula tireoide
Traqueia
Lobo esquerdo da
glândula tireoide
GLÂNDULA TIREOIDE
Figura 25 - Glândula Tireoide
Sua função é sintetizar os hormônios tiroxina (T4), triiodotironina 
(T3) e calcitonina a partir do aminoácido tirosina e do iodo. En-
quanto a calcitonina diminui os níveis sanguíneos de cálcio e fosfato 
(provavelmente, acelerando a absorção de cálcio pelos ossos), os 
hormônios T3 e T4 aumentam o metabolismo de carboidratos, esti-
mulam a síntese de proteínas, estimulam a degradação de gorduras, 
aumentam o metabolismo da água, de sais minerais e de vitaminas.
A secreção excessiva destes hormônios causa uma doença co-
nhecida como hipertireoidismo. Nessa condição clínica, ocorre 
perda de nitrogênio pela urina, redução do colesterol circulante, 
agitação psicomotora, perda de peso corporal, insônia, instabili-
dade afetiva, tremor nas mãos, taquilalia (fala rápida), taquicardia, 
palpitação, hipertensão arterial, dispneia, hiperfasia, fraqueza mus-
cular e osteoporose. Além disso, o excesso extremo dos hormônios 
T3 e T4 podem elevar o metabolismo

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