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PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR/ PRÁTICA DE ENSINO EM LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA 
 
 CURSO: LETRAS/INGLÊS
MARIA LIDIA FERREIRA TIAGO LOPES
R.A: 1435528
POLO ARAÇUAI/MG
2018
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A IDADE DE RAZÃO
EM FOCO: OS POETAS METAFÍSICOS: JOHN DONNE
Ao ler o presente texto, é possível realizar uma analise reflexiva e construtiva, podendo levar o leitor a viajem profunda do pensamento, acerca dos “poetas metafísicos”: uma equipe de poetas do século dezessete que escreviam poesias associadas a temas espirituais e filosóficos. Dentre eles, o mais notável está John Donne (1572-1631), um importante escritor que buscava o seu estilo em uma combinação da linguagem do cotidiano e o uso de jogos de palavras, antagonismo e uma figura retórica chamada “conceitos”: justaposição e comparação de objetos dissimiles. Assim, também pode ser possível que os poemas tomem a forma de conclusão pois, esses poetas relacionam emoções intensas com o engenho intelectual.
A obra literária de John Donne pode ser subdividida em duas partes: a produção poética do jovem “Jack Donne”, em que o desejo carnal é o principal tema, e as poesias e discursos religiosos do Dr. Donne, escritos após ser ordenado pastor da igreja da Inglaterra em 1615 e tornou-se capelão do Rei James I.
O caráter da poesia de Donne é respectivo, onde o poeta tenta reconciliar os valores medievais com a concepção moderna do universo: a especulação religiosa, o anseio carnal e espiritual, a relação entre pensamento e sentimentos, o conflito permanente entre a fé e a razão. Com isso, o caráter alusivo da sua poesia, com sua forma elíptica, tom argumentativo, rima irregular, e o uso dos conceitos que, por um lado, dificultam a leitura e, por outro, tornam sua poesia tão atual.
Exemplificamos esse contexto em um de seus poemas mais conhecidos, “The Flea”, onde Donne se utiliza da figura da pulga (flea), humoristicamente associada na Renascença com o ato sexual, para convencer a sua dama a lhe entregar sua virgindade: se a pulga une seus sangues ao sugar ambos, porque eles não poderiam fazer o mesmo?
The Flea
Mark but this flea, and mark this,
How little that which you deny  me is;
It sucked me first, and now sucks thee,
And in this flea, our bloods mingled be;
You know  that this cannot be said
A sin, nor shame, nor loss of maidenhead,
Yet this enjoys before it woes
And pampered swells with one blood made of two,
An this, alas, is more than we would do.
                                                        (1950, p. 43)
É possível entender nesta estrofe o tom bem humorado e audacioso com que o poeta expõe o tema do poema, diferenciando-se da poesia de amor cavalheiresca por ser mais lógico do que sentimental, mostrando a figura do conceito, o poeta se utiliza de algo tão obsceno como o picar de uma pulga para sugerir o ato sexual.
    
Assim, esse mesmo Donne escreveu poesia e discursos religiosos. Seu tom, porém, mais do que de reverência pelo sagrado, toma a forma de uma argumentação filosófica sobre a fé. Vejamos “A Hymn to God the Father”,  poema que ele fazia cantar na capela de Saint Paul (onde era capelão):
Will you forgive that sin where I began.
Which is my sin, though it were done before?
Will you forgive those sins, through which I run,
And do run still: though I still do deplore?
When you have done so, you have not done so,
For, I have more.
                                        (1950, p. 57)
Desta forma pode-se perceber, que esta estrofe está organizada ao redor de um despautério. O Eu lírico confessa ser um pecador e pede a Deus para lhe perdoar o pecado por meio do qual foi concebido, embora este tenha sido cometido antes de ele abrolhar. Depois, pede a Deus para lhe perdoar os pecados cometidos, dos quais se arrepende mas os continua a cometer, como o faz todo o resto da humanidade. Por fim, diz que se Deus finalmente o perdoa, na verdade, não o faz, pois ele tem mais pecados para experimentar.
REFERÊNCIA:
Festino, Cielo. Literaturas de língua inglesa / Cielo Festino, Marilia Fátima Bandeiras – São Paulo: Editora Sol, 2013. Página: 33, 34.