SUCESSÃO - AULA 01

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DIREITO DAS SUCESSÕES
AULA 01
“A morte é a única certeza da Vida”
Professora: M.Sc. Dark’ Ane Mendes
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AULA 01 – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES 
I - DIREITO DAS SUCESSÕES: É O CONJUNTO DE NORMAS QUE DISCIPLINAM A TRANSFERÊNCIA DO PATRIMÔNIO DE UMA PESSOA, EM RAZÃO DE SUA MORTE.
II - MORTE: É UM FATO JURÍDICO QUE MARCA O FIM DA EXISTÊNCIA DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL (ART. 6º DO CC\02)
 OBS: MORTE PRESUMIDA – ARTS. 6º e 7º DO CC\02
 COMORIÊNCIA – ART. 8º DO CC\02
III - ABERTURA DA SUCESSÃO: OCORRE COM A MORTE! TEM-SE, DESDE LOGO, A TRANSFERÊNCIA DA HERANÇA AOS 
 HERDEIROS LEGÍTIMOS E TESTAMENTÁRIOS (ART.1784)
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IV - DIREITO DAS SUCESSÕES CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO: 
ARTIGO 5º, XXII (direito de propriedade), XXIII (propriedade atenderá a função social) e XXX (direito de herança).
OBS: Em conclusão, temos que o reconhecimento do direito hereditário encontra a sua razão existencial na projeção jurídica post mortem do próprio direito de propriedade privada, constitucionalmente garantido, segundo o princípio da intervenção mínima do Estado nas relações privadas.
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V - BREVE HISTÓRICO DA SUCESSÃO:
A ideia de suceder significa “substituir”, ou seja, “tomar o lugar”.
ANTIGUIDADE – herdeiro era o primogênito masculino na continuidade do culto doméstico. Fora do culto era exceção (Testamento)!
 IDADE MÉDIA – com a morte do servo retornava os bens ao senhor. Somente se admitindo que seus descendentes continuassem na posse com o pagamento de um tributo, que autorizaria a imissão.
IDADE MODERNA - o reconhecimento de uma transmissão imediata dos bens do falecido a seus herdeiros.
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VI - SISTEMAS SUCESSÓRIOS:
A) Sistema da Liberdade Testamentária — segundo este modelo, o direito sucessório seria uma manifestação pura da autonomia privada, em que o autor da herança teria a plena liberdade de dispor, como quisesse, do seu patrimônio, independentemente da existência de herdeiros próximos. Se amealhou os seus bens, durante a vida, teria todo o direito de fazer com eles o que bem entendesse, não se admitindo a interferência de terceiros ou do próprio Estado.
 B) Sistema da Concentração Absoluta ou Obrigatória — diametralmente oposto ao primeiro tipo, este modelo pretende que toda a herança seja deferida a apenas um sucessor. Trata-se de sistema superado, relacionado ao “benefício do morgadio ou da primogenitura”, por força do qual a herança, em sua totalidade ou maior parte, era deferida ao filho mais velho. 
C) Sistema da Divisão Necessária — de acordo com este modelo, o autor da herança teria apenas uma relativa margem de disponibilidade dos seus bens, caso existissem herdeiros considerados necessários. Vale dizer, em havendo sucessores desta categoria, parte da herança obrigatoriamente lhes tocaria, não sendo permitido ao seu titular, mesmo em vida, dispor da quota reservada. Acolhido pelo Direito brasileiro, conforme podemos observar da simples leitura dos arts. 1.845 e 1.846 CC.
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VII - NOÇÕES GERAIS SOBRE HERANÇA: 
CONCEITO – É o patrimônio deixado pelo falecido!
Patrimônio passa a ser designado de herança, submetendo-se às regras sucessórias que lhe são próprias.
OBS: Patrimônio não se confunde com o mero conjunto de bens corpóreos, mas sim com toda a gama de relações jurídicas (direitos e obrigações de crédito e débito) valoráveis economicamente de uma pessoa, natural ou jurídica.
OBS2: Não se descaracterizando a noção se os débitos forem superiores aos créditos, pois o patrimônio exprimirá sempre um valor pecuniário, seja positivo ou negativo. Sendo o ativo (conjunto de direitos) e o passivo (conjunto de obrigações).
ATENÇÃO!!! Não integra o conceito de herança o chamado “patrimônio moral”\os direitos personalíssimos (direito autoral lei nº 9610\98 art. 41; direitos reais coisa alheia art. 1410 do CC\02). 
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NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO À HERANÇA – É um bem imóvel por força de lei (arts. 80 e 1793 do CC\02), pouco importando a natureza do bem (ou dos bens) deixado(s), se móvel ou imóvel. Nessa categoria, não prevalece o aspecto naturalístico do bem, senão a vontade do legislador.
VIII - SUCESSÃO HEREDITÁRIA OU MORTIS CAUSA – CONCEITO E ESPÉCIES 
	SUCESSÃO: Significa a substituição do titular de um bem.
Ocorre quando, em virtude do falecimento de alguém (sucedido ou autor da herança\de cujus), o seu patrimônio é transferido a determinada(s) pessoa(s), legitimada(s) a recebê-lo (sucessores), as quais, assim, substituem-no na titularidade desses bens ou direitos. 
 
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VIII.1 - CLASSIFICAÇÃO DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA EM RAZÃO DA MATRIZ NORMATIVA 
a) SUCESSÃO HEREDITÁRIA LEGÍTIMA (arts. 1.829 a 1.856 do CC): observa as regras legais. Entenda-se aquela em que a transmissibilidade da herança é regrada não pelas normas do testamento, mas, sim, pela própria lei. Vale dizer, são as regras do Código Civil que cuidam de disciplinar a ordem de chamamento dos sucessores, também denominada ordem de “vocação legal”.
OBS: Assim, se o autor da herança morre sem fazer testamento (ab intestato) — ou sendo este inválido (nulo ou anulável) — é a própria lei que, atuando supletivamente, cuida de dispor a respeito da sucessão hereditária. 
OBS1: O mesmo se dá, vale observar, quando, a despeito de existir testamento válido, este não cuida de todos os bens do falecido, de maneira que, no que toca à parcela da herança não tratada, incidirão, também, as regras da sucessão legal.
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b) SUCESSÃO HEREDITÁRIA TESTAMENTÁRIA (arts. 1.857 a 1.990 do CC): é aquela em que a transmissibilidade da herança é disciplinada por um ato jurídico negocial, especial e solene, denominado testamento. Prevalece o princípio da autonomia da vontade.
VIII.2 - CLASSIFICAÇÃO DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA PELO CONJUNTO DE BENS TRANSMITIDOS 
a) Sucessão Hereditária Universal (arts. 1.829 a 1.856 do CC): sucede a título singular o legatário, pois a ele é deferido bem ou direito determinado. Tipo de sucessor: legatário (que sucede em bem ou direito individualizado).
b) Sucessão Hereditária Singular (arts. 1.912 a 1.940 do CC): Sucede a título universal o herdeiro, pois a ele é deferida uma fração (quota-parte) ou toda a herança. Tipo sucessores: o herdeiro, que sucede em caráter universal (a totalidade da herança ou uma fração dela). 
 
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IX - PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO DAS SUCESSÕES
IX.1 - PRINCÍPIOS GERAIS
a) Dignidade da pessoa humana: A noção jurídica de dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas.
b) Igualdade: Não pode dá tratamento de forma discriminatória, aqueles que se encontram na mesma categoria de interesses, pouco importa se o filho é consanguíneo ou adotivo. 
c) Função social da propriedade: respalda críticas à concepção ideológica do próprio Direito das Sucessões, uma vez que não “socializa” o processo de sua aquisição.
c) Boa-fé: é fundamental para a interpretação das disposições de última vontade, bem como para temas relacionados aos efeitos sucessórios do regime de bens adotado.
d) Autonomia da vontade: Em sucessões, com certas limitações. 
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IX.2 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS 
a) Princípio da “Saisine”: Consiste no reconhecimento, ainda que por ficção jurídica, da transmissão imediata e automática do domínio e posse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, no instante da abertura da sucessão. Derivada do verbo “saisir” significa a “posse imediata dos bens daquele que faleceu”. Atigo 1784 do CC.
Aberta a sucessão, o Droit de Saisine evita que se possa dar ao acervo hereditário a natureza de res derelicta (coisa abandonada) ou de res nullius (coisa de ninguém). Direito Abstrato, dependente de autorização judicial.
OBS1: FORMA-SE UM CONDOMÍNIO (MAIS DE UM HERDEIRO).
OBS2: LEGATÁRIO – ART. 1923, §1º DO CC.
OBS3: Sucessor na posse exclusiva- REsp 570.723/RJ,Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 27-3-2007, DJ, 20-8-2007, p. 268.
 
 
 
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IX.2 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS 
b) PRINCÍPIO (NON) ULTRA VIRES HEREDITATIS – Significa não vai “além do conteúdo da herança”. No Direito romano e no Direito brasileiro pré-codificado, o herdeiro respondia ultra vires hereditatis.
Em síntese: no Direito brasileiro, o herdeiro só responde intra vires here-ditatis (dentro das forças da herança), não mais se confundindo o patrimônio do falecido com o patrimônio do herdeiro (bonorum separatio).
OBS1: Prestação Alimentícia – Art. 1700 CC.
c) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA HERANÇA - Permite uma redistribuição da riqueza do de cujus, transmitida aos seus herdeiros, na medida em que visam a dar um tratamento equânime a herdeiros do autor da herança.
 
 
 
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B) PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE – A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Arts. 1785 do CC e 48 CPC.
c) PRINCÍPIO DA TEMPORARIEDADE: Consiste ele no postulado, insculpido no art. 1.787 do CC, de que regula “a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”. 
D) PRINCÍPIO DO RESPEITO À VONTADE MANIFESTADA: Conhecido como “favor testamenti”. Com efeito, o sentido de admitir a produção de efeitos post mortem em relação a determinado patrimônio está justamente no respeito à manifestação da declaração de vontade do seu titular originário. Percebe-se que a própria lógica da disciplina do Direito Sucessório é, em sede de testamento, a regulação de efeitos para quando o titular dos direitos não estiver mais presente. 
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