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Texto 2- Bain 1956 (cap 1)

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1
A IMPORTÂNCIA DA CONDIÇÃO DE ENTRADA* 
 
 
 
Este livro analisa o caráter o e significado da “condição de entrada” para os ramos de 
atividade manufatureiros; baseia-se numa investigação sobre a força da concorrência latente de 
potenciais novos vendedores em vinte ramos de atividade nos Estados Unidos. 
Realizou-se essa investigação em função de duas convicções: (1) de que a maioria das 
análises sobre a forma de atuação e o que faz atuar tem dado pouca ênfase à concorrência latente 
ou à ameaça de entrada de possíveis novos competidores, colocando uma ênfase 
desproporcionada sobre a concorrência entre as formas já estabelecidas em qualquer ramo de 
atividade; (2) de que tanto quanto os economistas tenham reconhecido a possível importância 
desta “condição de entrada”, eles não têm uma idéia muito clara de quão importante ela 
realmente é. 
Se essas convicções são razoáveis, parece necessário realizar duas tarefas: desenvolver 
uma teoria sistemática a respeito da possível importância da condição de entrada como uma 
influência na conduta e no desempenho empresarial; e avaliar, nas formas possíveis, o alcance e 
a natureza de sua importância efetiva. Estas são as principais metas deste livro. Além disso, 
poderemos deduzir uma política pública em relação ao monopólio e à concorrência. Inicialmente, 
porém, façamos um apanhado dos fatos e conceitos que estamos prestes a explorar. 
 
Concorrência efetiva versus ameaça de entrada 
 
Quando se fala na concorrência como um regulador dos preços e das quantidades 
produzidas pelas empresas, usualmente é a concorrência entre as firmas já estabelecidas neste ou 
naquele ramo da indústria que é enfatizada. Ao nível da conduta do mercado, dá-se uma atenção 
detalhada à questão de se as políticas de preço das firmas estabelecidas são formuladas 
independentemente ou à luz de uma “reconhecida interdependência” entre elas, se há ou não 
conluio entre estas firmas e, caso haja, até que ponto é imperfeito. Ao nível da estrutura de 
mercado, muita ênfase é dada àquelas características do ramo de atividade que presumivelmente 
influenciam a conduta competitiva entre rivais estabelecidos e, particularmente, ao número e à 
distribuição por tamanho destes vendedores rivais e ao modo pelo qual seus produtos 
diferenciam-se uns dos outros. A maior parte da atenção é dedicada à concorrência entre as 
firmas estabelecidas. 
Isto é verdadeiro tanto no que diz respeito à teoria econômica abstrata quanto às 
investigações empíricas que a implementam, testam ou aplicam. Quando a teoria convencional 
dos preços trata do funcionamento da concorrência empresarial, devota quase toda a sua 
minuciosa análise às conseqüências da rivalidade entre as várias conformações alternativas de 
vendedores estabelecidos, a tal ponto que os efeitos da entrada efetiva ou potencial de novos 
vendedores geralmente são referidos, quando o são, de forma ambígua e quase como uma 
reflexão tardia. Da mesma forma, os estudos empíricos sobre a estrutura de mercado centram-se 
comumente na concentração de vendedores dentro desses grupos e em outras determinantes do 
caráter da concorrência entre vendedores estabelecidos. A maior parte dos estudos sobre ramos 
de atividade particulares refere-se, quando discute a concorrência, quase que inteiramente à 
rivalidade entre as firmas estabelecidas. 
 
* Tradução de Joe S. Bain, Barriers to New Competition. (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1956) cap. 1. 
 2
Correspondentemente, a condição de entrada tem recebido geralmente apenas uma 
atenção nominal como elemento regulador da conduta e do desempenho do mercado. Versões 
típicas da teoria abstrata dos preços reconhecem o impacto a longo prazo de uma suposta “livre” 
ou “fácil” entrada de novos vendedores em ramos de atividade com muitos pequenos 
vendedores. Quando se voltam, contudo, para a importantíssima categoria das indústrias oligopo-
lizadas, elas usualmente não distinguem numerosas situações alternativas possíveis com respeito 
à condição de entrada, como também não identificam nem desenvolvem apropriadamente hipóte-
ses relativas aos determinantes estruturais da condição de entrada. Elas são incapazes, portanto, 
de oferecer quaisquer prognósticos sistemáticos, no que tange aos efeitos de variações na 
condição de entrada, sobre a conduta de mercado dos vendedores estabelecidos e o desempenho 
de longo prazo da indústria. A teoria dos preços em mercados não atomísticos é geralmente por 
demais simplificada para poder identificar ou distinguir variações de comportamento 
potencialmente grandes e significativas dentro do setor oligopolista das indústrias. 
Muitas investigações empíricas sobre a estrutura e a concorrência das atividades 
empresariais têm seguido a rota da teoria abstrata e encontrado um obstáculo no fato de que a 
teoria abstrata oferece poucas pistas na área da condição de entrada. Embora investigações sobre 
a amplitude da concentração existente entre vendedores em várias indústrias sejam hoje 
abundantes nas agências governamentais e em outros locais, nunca se empreendeu 
sistematicamente uma avaliação da altura e da natureza das barreiras à entrada. Os estudos sobre 
estrutura e desempenho concorrenciais dedicaram muita atenção a termos como o papel do líder 
de preços na eliminação ou canalização da concorrência entre vendedores estabelecidos e na 
forma como isso influencia a relação fundamental entre preço e custo na sua indústria, mas 
usualmente têm dedicado muito menos atenção ao grau em que as firmas estabelecidas moldam 
suas políticas de preço à luz de sua antecipação de nova entrada, decidindo tentar ou não impedi-
la. Em resumo, nem o significado teoricamente possível, nem efetivo da condição de entrada tem 
recebido muita atenção por parte dos economistas. 
É claro que é apropriada uma forte ênfase na concorrência efetiva entre os vendedores 
existentes. Tal concorrência, juntamente com seus determinantes é, muito provavelmente, de 
importância primordial como um regulador da atividade empresarial. Negligenciar a condição de 
entrada, porém, é algo definitivamente inadequado, dado que há considerável evidência da 
importância da condição de entrada como co-regulador da conduta e do desempenho das 
atividades empresariais. 
Entendemos o termo “condição de entrada” em uma indústria, como algo equivalente ao 
“estado de concorrência potencial” por parte de possíveis novos vendedores. Mais ainda, vamos 
visualizá-la como podendo ser avaliada, grosso modo, pelas vantagens dos vendedores 
estabelecidos em uma indústria sobre potenciais entrantes, vantagens estas que se refletem no 
grau em que os vendedores estabelecidos podem, persistentemente, elevar os seus preços acima 
de um nível competitivo, sem atrair a entrada de novas empresas na indústria. Como tal, a 
“condição de entrada” é, antes de tudo, uma condição estrutural, determinando em qualquer 
indústria os ajustes internos que poderão ou não induzir a entrada. A sua relação com a conduta 
potencial em vez da efetiva descreve, pois, basicamente, apenas as circunstâncias sob as quais a 
potencialidade da concorrência representada por novas firmas se efetivará ou não. Se 
entendermos a condição de entrada desta maneira, ficará clara a sua importância como um 
determinante do comportamento concorrencial. 
A teoria convencional dos preços tem sido bastante explícita no que diz respeito aos 
efeitos de um tipo de condição de entrada – a entrada livre ou fácil. Ela deduziu a partir de 
premissas razoáveis a acertada conclusão de que, em mercados com muitos pequenos 
 3
vendedores, a entrada fácil forçará, a longo prazo, o preço a igualar-se aos custos médios 
mínimos e levará a quantidade produzida a um nível suficiente para suprir todas as demandas a 
este preço. Ao voltar-se para mercados com poucos vendedores e com condiçõesde entrada 
diferentes da fácil, a teoria dos preços tem sido comumente pouco explícita, vaga ou silenciosa. 
Elaborações relativamente elementares da teoria recebida tornaram claro, contudo, que variações 
na condição de entrada, à medida que ela se afasta do pólo “fácil”, podem exercer uma influência 
substancial sobre o desempenho das firmas estabelecidas em qualquer indústria. 
Mesmo em indústrias organizadas atomisticamente, as barreiras à entrada podem, sob 
certas condições, conduzir, no longo prazo, a uma elevação dos preços e lucros e a uma restrição 
da quantidade produzida. Se as firmas estabelecidas são restritas em número e se se defrontam 
com deseconomias de escala, a entrada irá operar no sentido de limitar os preços unicamente 
quando estes tiverem excedido um certo nível supra-competitivo. Em indústrias oligopolizadas, 
algo adicional é geralmente verdadeiro. Cada um dos poucos grandes vendedores estabelecidos – 
agindo coletiva ou separadamente – vai estimar a condição de entrada e, antecipando que a 
entrada poderá ocorrer caso o preço exceda um dado nível, regulará sua política de preços 
adequadamente. Haverá, então, uma espécie de interdependência reconhecida das ações, não 
somente entre os vendedores estabelecidos, mas entre estes e os potenciais entrantes. Neste caso, 
pode-se presumir que variações na condição de entrada terão efeitos substanciais sobre o 
comportamento dos vendedores estabelecidos, apesar de que no decorrer de longos intervalos a 
entrada real raramente ou nunca se efetive. Extensões elementares da lógica dedutiva da teoria 
convencional dos preços sugerem, portanto, um importante papel da condição de entrada e 
enfatizam o desejo de descobrir o quanto esta varia de fato de indústria para indústria. 
Observações empíricas reforçam a impressão de que a condição de entrada é um 
importante determinante do comportamento do mercado, especialmente no caso de indústrias 
oligopolizadas. O exame de um número considerável de indústrias concentradas revela a 
existência de grandes diferenças em relação à conduta e desempenho de mercado entre elas, 
apesar do fato de que em cada uma delas uma interdependência reconhecida entre os vendedores 
estabelecidos parece estar definitivamente presente. Variações no grau de concentração ou de 
diferenciação do produto entre os oligopólios podem explicar uma parte destas diferenças de 
comportamento, mas não todas elas. A outra variação estrutural mais evidente entre oligopólios é 
a da condição de entrada e observações casuais indicam que esta variação está de alguma 
maneira vagamente associada com variações no comportamento. É necessário, portanto, um 
estudo empírico mais sistemático da importância da condição de entrada. 
 
O significado da condição de entrada 
 
Como foi sugerido acima, a condição de entrada é um conceito estrutural. Como outros 
aspectos da estrutura de mercado, pode ser tomada como potencialmente suscetível a uma 
avaliação quantitativa, nos termos de uma avaliação contínua. Esta variável é o percentual pelo 
qual as firmas estabelecidas podem elevar seus preços acima de determinado nível competitivo 
sem atrair novos entrantes – um percentual que pode variar continuamente de zero até uma 
medida bastante alta, tornando-se a entrada gradativamente “mais difícil” ao longo deste 
movimento. À medida que a dificuldade de entrada (assim entendida e avaliada) aumenta, pode-
se prever algumas variações sistemáticas no comportamento das firmas estabelecidas. 
A descrição anterior é obviamente pouco específica em numerosos detalhes. Baseado no 
fato de que aqui se trata primeiramente de um estudo empírico lidando com os dados disponíveis 
e de que não temos a intenção de elaborar um instrumento de precisão para captar todas as 
 4
minúcias do fenômeno, não parece proveitoso desenvolver uma definição precisa e detalhada da 
condição de entrada. (O autor deu alguns passos nesta direção em um artigo anterior1, e mesmo o 
moderado grau de detalhe ali utilizado parece, no presente quadro, fora de propósito.) Seria útil, 
contudo, ser algo mais específico e expor de modo simples, sem uma discussão teórica 
detalhada, o que deve ser entendido pelos vários termos e noções expressas ou implícitas na 
definição até então apresentada. 
Como já foi dito, a condição de entrada pode ser avaliada pela medida em que os 
vendedores estabelecidos podem elevar persistentemente os seus preços acima de um nível 
competitivo sem atrair novas firmas a entrarem na indústria. O primeiro termo que precisa ser 
considerado é “atrair novas firmas a entrarem na indústria”. Isto implica uma definição 
específica do conceito de entrada, envolvendo tanto a noção de “nova firma” como o significado 
do verbo “entrar”. Como uma primeira aproximação, a entrada de uma nova firma pode ser 
tomada como a combinação de dois eventos: (1) o estabelecimento, como produtor, de uma 
entidade legal independente, nova na indústria; e (2) a concomitante construção ou introdução 
pela nova firma de capacidade produtiva física que não era usada para produção na indústria 
antes do estabelecimento desta nova firma. Requer-se, portanto, uma adição à capacidade já em 
uso na indústria, mais o surgimento de uma firma nova nesta indústria. 
Esta definição exclui dois eventos relacionados com a condição de entrada. O primeiro é 
a aquisição por uma nova entidade legal de capacidade produtiva já existente, seja por meio de 
compra de uma firma pré-existente, seja por uma reorganização envolvendo uma mudança no 
nome e na estrutura da corporação, ou quaisquer outros meios. A simples mudança de 
propriedade ou controle de capacidade operativa existente não é considerada entrada. A segunda 
exclusão é a expansão de capacidade por uma firma estabelecida. Se, por exemplo, uma pequena 
firma estabelecida dobrar sua capacidade, isto deve ser considerado como uma fase da 
concorrência entre as firmas estabelecidas e não um ato de entrada. O crescimento de uma firma 
rival já estabelecida no ramo de atividade não é considerado, conseqüentemente, como uma 
entrada neste ramo de atividade. Ambas as exclusões são, em certa medida, arbitrárias, desde que 
a introdução de um novo dono de antiga capacidade pode constituir uma mudança perceptível na 
situação competitiva, e desde que a expansão de um concorrente já estabelecido pode ter, do 
ponto de vista de outra firma estabelecida, quase o mesmo significado da entrada de uma nova 
firma com nova capacidade. O presente propósito, não obstante, torna conveniente distinguir 
concorrência entre competidores já estabelecidos e entrada de novos concorrentes e traçarmos, 
então, as fronteiras indicadas. À medida que formos prosseguindo, teremos ocasião de fazer 
referência ao significado de eventos estreitamente relacionados com a entrada, na forma em que 
foi definida. 
Dadas estas exclusões, uma nova firma pode ingressar em uma indústria tanto pela 
construção de capacidade produtiva nova, quanto pela conversão, para uso neste ramo, de plantas 
previamente utilizadas em outros ramos de atividade, ou reativando capacidade previamente em 
uso naquele ramo mas presentemente ociosa. Qualquer um destes atos realizados por ma nova 
firma isoladamente ou em associação constituir-se-á, de acordo com a definição, em uma 
entrada, mesmo que a nova firma tenha também adquirido capacidade operacional de outra já 
existente. A compra de uma empresa já existente por uma nova firma simultaneamente com a 
expansão deste negócio constitui, pois, uma entrada, na medida da expansão. Uma 
implementação detalhada desta definição requer maiores especificações, como a duração do 
 
1 Ver J. S. Bain, “Conditions of Entry and the Emergence of Monopoly”. Monopoly and Competition and Their 
Regulation, editado por E. H. Chamberlin (Londres, 1954), pp. 215-241. 
 5
período de ociosidade,necessária para distinguir uma planta em operação de uma ociosa. De 
qualquer modo, já temos o suficiente para tornar clara a nossa definição. 
Vimos, portanto, que a condição de entrada pode ser avaliada pelo grau em que as firmas 
estabelecidas podem elevar seus preços acima do nível competitivo sem induzir novas firmas a 
adicionarem capacidade àquela já em uso na indústria. Quantas novas firmas ou de que tamanho? 
Por ora diremos “uma ou mais” novas firmas de “qualquer tamanho”. Posteriormente trataremos 
deste tópico quando considerarmos a diferença entre a condição imediata e a condição geral de 
entrada. 
O segundo conceito crucial é o “nível competitivo de preços”, o qual, por definição, as 
firmas estabelecidas podem exceder cada vez mais à medida que a condição de entrada torna-se 
progressivamente mais difícil. O “nível competitivo de preços” é aqui definido como o custo 
médio mínimo que pode ser conseguido na produção, distribuição e venda do bem em questão, 
incluindo a taxa de retorno normal do investimento da empresa2. 
De fato, esta é equivalente ao nível de preços hipoteticamente atribuído ao equilíbrio de 
longo prazo em concorrência pura. Se o equilíbrio fosse do tipo estacionário, freqüentemente 
descrito nos livros-texto de teoria, no qual cada firma produz regularmente e ininterruptamente 
ao nível mais eficiente, então este preço competitivo seria igual ao custo médio mínimo atingível 
(incluído o retorno sobre o investimento) para a escala mais eficiente da firma, quando a sua 
capacidade é utilizada sempre no ponto ótimo. Nas situações reais, onde a demanda é instável e 
incerta e o equilíbrio é, necessariamente, um ajustamento a uma média de situações variáveis no 
tempo, o nível competitivo de preços é elevado o suficiente para cobrir, para a escala mais 
eficiente da firma, os custos adicionais resultantes de desvios periódicos da taxa ótima de 
utilização, bem como aqueles que resultam de inevitáveis erros na estimativa das demandas, 
custos futuros e outras coisas do gênero. 
Este nível de preço competitivo ou de custo mínimo é uma referência útil para a 
avaliação da condição de entrada. A entrada completamente fácil ou desimpedida envolve a 
incapacidade das firmas estabelecidas de elevarem seu preço acima deste nível – 
persistentemente ou em média ao longo do tempo – sem atrair novos entrantes. Se o preço pode 
exceder persistentemente este nível sem induzir a entrada, então a entrada estará, de certa forma, 
impedida. Quanto maior este percentual de excesso atingido persistentemente sem induzir a 
entrada, mais difícil pode-se dizer que é a entrada. 
Deve ser notado que esta medida da condição de entrada refere-se a um padrão de custo 
definido independentemente e não necessariamente ao custo real das firmas estabelecidas na 
indústria. Portanto não é, simplesmente, uma medida das margens de lucro que elas podem 
estabelecer sem induzir a entrada, mas, de modo mais específico, da margem entre o preço 
indutor de entrada e os custos mínimos competitivos, na forma em que foram definidos. Haverá 
uma tendência a uma relação direta entre as duas margens. Porém, é possível que, por exemplo, 
numa indústria o preço possa ser substancialmente elevado acima do nível competitivo sem 
induzir a entrada, e os lucros, não obstante, possam estar ausentes, porque as firmas estabelecidas 
 
2 Os custos mínimos, como foram aqui definidos, pressupõem o uso das técnicas ótimas de produção disponíveis. 
Onde encontrarmos diferenciação de produtos e promoção de vendas, tais custos incluirão também os custos de 
promoção de vendas incorridos, de acordo com o critério de maximização de lucros. A distinção entre o custo 
médio mínimo atingível pela firma (supostamente atingido no equilíbrio de longo prazo em concorrência pura) e 
a aproximação àquele custo mínimo supostamente atingido em equilíbrio de concorrência monopolística será 
negligenciada na definição de custo mínimo ao longo da discussão que se segue. Hipoteticamente, o nível básico 
de custo mínimo a partir do qual a condição de entrada é medida, deve referir-se simultaneamente aos dois níveis, 
dependendo se a diferenciação de produto faz-se presente ou não. 
 6
foram construídas com tamanhos ineficientes. 
Um terceiro termo que precisa ser considerado é “persistentemente”. Utilizamos para 
nossa medida o nível de preço que pode ser persistentemente atingido pelos vendedores 
estabelecidos sem induzir a entrada. Esta condição é inserida deliberadamente para dar um 
aspecto estrutural e de longo prazo à nossa definição de condição de entrada, evitando assim que 
reflita meramente as condições transitórias e variáveis a curto prazo de ano a ano. Por uma 
elevação persistente do preço em relação a um nível competitivo, queremos dizer, portanto, uma 
elevação montada na média por um período de tempo substancial, longo o bastante para abranger 
uma gama típica de condições variáveis de demanda, preço dos fatores e de outros elementos. 
Pode-se pensar neste período como sendo normalmente de cinco a dez anos. A definição refere-
se, pois, sumariamente, à relação média entre o preço efetivo e o preço competitivo que pode ser 
mantida por um certo número de anos sem atrair a entrada. A relação entre a entrada e o nível de 
preços a curto prazo – mantida apenas por alguns meses ou um ano, por exemplo – é 
deliberadamente negligenciada como errática e sem muita significação na maior parte dos ramos 
de atividade. 
Voltemos nossa atenção agora para uma elaboração bastante necessária de nossa 
definição de condição de entrada, no intuito de levar em conta (1) as diferenças entre as firmas 
estabelecidas em um ramo de atividade; (2) as diferenças entre as potenciais firmas entrantes. 
Até agora, temos nos referido a todas as firmas estabelecidas num ramo de atividade como um 
agregado e, às firmas entrantes, sem fazer referência ao seu número ou identidade. Agindo assim, 
falamos como se, em geral, todas as firmas estabelecidas em um ramo de atividade cobrassem 
um preço único e tivessem um único nível competitivo de preço ou um custo mínimo comum. 
Também não demos conta da existência ou das conseqüências de possíveis diferenças de custos e 
outras mais entre as potenciais firmas entrantes. Embora ambas as proposições pudessem ser 
adotadas para propósitos de teorização simplificada, nenhuma das duas encontrará apoio nos 
fatos. Faz-se necessário, portanto, elaborar a definição. 
Com respeito às firmas estabelecidas, as complicações são duas. Pode haver um tipo de 
diferenciação entre seus produtos que justifique algum sistema de preços diferenciados, de forma 
que, na realidade, eles não cobrem em momento algum um único preço comum mas, em vez 
disso, mantenham um certo regime de preços diferenciados. Elas podem ter também custos 
mínimos distintos, os quais são utilizados na definição do nível “competitivo” de preço, uma vez 
que pode haver diferenças de qualidade entre seus produtos ou vantagens diferenciadas de custo. 
Tendo em vista estas diferenças de custo e preço, como definiremos o máximo excesso de preço 
sobre o nível competitivo ao qual a entrada pode ser impedida? 
Não existe uma resposta simples, pois a existência deste tipo de diferenças de custo e 
preço, verificadas na realidade, torna a condição de entrada a um ramo de atividade um conceito 
intrinsecamente mais complicado e que não pode ser plenamente avaliado pela diferença entre 
preço efetivo e preço competitivo de uma firma em particular. Só poderia ser plenamente 
avaliado através de um conjunto de diferenças individuais para todas as firmas individuais – isto 
é, margens de preços efetivos sobre custos mínimos – que seria encontrado quando todas as 
firmas tivessem simultaneamente elevado seus preços até o limite do ponto onde a entrada é 
induzida. Como este procedimento teoricamente satisfatóriode avaliação não é útil para fins 
práticos, requer-se uma simplificação arbitrária. 
Vamos sugerir os seguintes termos para a avaliação da condição de entrada onde existem 
diferenças entre as firmas pertencentes a um ramo de atividade. Em primeiro lugar, o hiato 
relevante entre preço e custo mínimo (em cujo limiar a entrada é induzida) será aquele 
encontrado quando todas as firmas estabelecidas elevarem seus preços simultaneamente em 
 7
quantias ou proporções similares, mantendo quaisquer diferenciais costumeiros de preços. (Não 
se fará referência aos hiatos associados com aumentos hipotéticos por uma ou poucas firmas, 
uma vez que são relativamente de pouco interesse.) Em segundo lugar, a condição de entrada 
pode, então, ser especificamente medida como o hiato máximo entre preço e custo mínimo com 
o qual a entrada pode ser impedida, para a firma ou firmas mais favorecidas estabelecidas no 
ramo de atividade, supondo elevações simultâneas de preços por parte de todas as firmas 
estabelecidas. (A “firma mais favorecida” pode ser identificada como aquela com o maior hiato 
preço-custo mínimo.) Pode-se introduzir uma maior precisão nesta medida através de qualquer 
informação que revele um hiato significativamente diferente para outras firmas estabelecidas. 
Uma aproximação mais precisa ou elaborada parece difícil de ser implementada com os dados 
que são ou podem vir a se tornar disponíveis. 
O nosso próximo problema refere-se às diferenças entre as potenciais firmas entrantes. A 
condição de entrada é medida pelo hiato de longo prazo entre custo mínimo e preço que as 
firmas mais favorecidas podem atingir sem atrair entrada – mas a entrada de quem e de quantos? 
Assumimos que todas as entrantes são iguais e que haverá uma oferta ilimitada e perfeitamente 
elástica de firmas entrantes se o hiato indutor de entrada for excedido? Caso contrário, o que 
assumimos sobre o número e o tamanho das entrantes atraídas quando o hiato indutor de entrada 
for excedido? 
Não é realista assumir que todos os entrantes em potencial sejam iguais, tanto em sua 
capacidade para entrar quanto com respeito ao hiato que as induzirá a entrar. Da mesma forma, 
não se pode assumir que as firmas estabelecidas se defrontarão com uma oferta indefinidamente 
grande de firmas entrantes, se excederem algum hiato preço-custo mínimo crítico. As hipóteses 
mais plausíveis são (1) que é concebível que as potenciais firmas entrantes possam diferir quanto 
ao hiato que as induzirá a entrar, na medida em que cada entrante em potencial difere dos outros 
neste aspecto; e (2) que qualquer hiato indutor de entrada específico pode induzir apenas a 
entrada de um número finito de firmas. A condição de entrada em qualquer indústria pode então 
ser plenamente medida só como uma sucessão, dentro de qualquer espaço concebivelmente 
relevante para o comportamento do mercado, de hiatos preço-custo mínimo indutores de entrada, 
sucessivamente mais elevados, que atrairão firmas ou grupo de firmas sucessivas a entrarem no 
ramo de atividade. 
Podemos, portanto, estabelecer dois conceitos complementares: a condição imediata de 
entrada e a condição geral de entrada. A condição imediata de entrada refere-se aos 
impedimentos à entrada da firma ou firmas que podem mais fácil ou rapidamente serem 
induzidas a entrar no ramo de atividade numa dada situação. Esta condição imediata de entrada é 
avaliada pelo hiato preço-custo mínimo de longo prazo (para as firmas estabelecidas mais 
favorecidas) que está no limiar (suficiente exatamente na margem) de induzir a entrada do que 
podemos chamar de entrante ou entrantes potenciais mais favorecidas. Em qualquer estágio do 
seu desenvolvimento, todo ramo de atividade tem alguma condição imediata de entrada assim 
definida e avaliada, embora o número de potenciais firmas entrantes às quais a medida se refere 
possa variar bastante de ramo de atividade a ramo de atividade. 
A condição geral de entrada refere-se, então, à sucessão de valores da condição imediata 
de entrada quando se realiza a entrada no ramo de atividade – à distribuição dos hiatos preço-
custo mínimo exatamente necessários para induzir firmas ou grupos de firmas sucessivamente 
menos favorecidas a entrarem consecutivamente no ramo de atividade, começando com a firma 
melhor situada. Em qualquer estágio de seu desenvolvimento, todo ramo de atividade tem uma 
condição geral de entrada em prospecto (assim como uma passada, ou uma enfrentada por várias 
firmas estabelecidas antes de ingressarem no ramo), refletindo a sucessão de hiatos preço-custo 
 8
mínimo de longo prazo indutores de entrada para os quais sucessivos incrementos à entrada são 
previstos de ocorrer. Num extremo, esta condição poderia ser representada pela repetição 
sustentada de um valor único de condição de imediata de entrada, refletindo de fato uma oferta 
perfeitamente elástica de entrantes. Em outro extremo, poderia ser representada por uma série de 
valores distintos, cada um referindo-se à entrada de uma única firma. Na maioria dos casos, 
deve-se supor que a condição geral de entrada esteja entre estes dois extremos. 
Se a condição de entrada refere-se às condições para a indução de entrada de sucessivos 
números finitos de firmas, ela deveria logicamente referir-se também ao tamanho de cada 
entrada, visto tanto como realizada ex post ou antecipada ex ante. Isto é, uma medida plena de 
condição imediata de entrada (a sucessão das quais define a condição geral), deve incluir não 
apenas uma medida do hiato preço-custo mínimo de longo prazo para as principais firmas 
estabelecidas, necessário para induzir algum incremento à entrada, mas também uma medida da 
escala de longo prazo (atingida ex post ou esperada de ser atingida ex ante) das firmas incluídas 
neste incremento. Uma tal medida de escala pode ser expressa como uma porcentagem da 
produção total do ramo de atividade. Se a escala a ser atingida pelos entrantes é uma gama de 
valores alternativos, dependendo da escolha de políticas alternativas disponíveis às firmas 
estabelecidas, então a condição de entrada é medida em parte por tal gama de valores. 
A última elaboração na medida de condição de entrada representa um refinamento de um 
tipo não muito útil para ser aplicado aos dados reais. Pode ser possível, contudo, ao avaliar várias 
condições de entrada, fazer alguma estimativa geral das escalas comparativas possíveis de serem 
atingidas pelos entrantes em potencial se eles entrarem, e das circunstâncias que, caso existam, 
limitariam os seus tamanhos. 
As elaborações e definições dos termos precedentes devem ter tornado o significado 
geral da condição de entrada em um ramo de atividade suficientemente explícito para os nossos 
propósitos. Refere-se às vantagens que as firmas estabelecidas em um ramo de atividade gozam 
sobre potenciais firmas entrantes. É avaliada em geral por medidas dos níveis de preços 
indutores de entrada relativos aos níveis competitivos definidos. Um ponto básico que não 
recebeu atenção nesta definição, contudo, refere-se aos retardos de entrada, isto é, os intervalos 
de tempo necessários para as firmas efetivarem suas entradas. 
Dada qualquer condição imediata de entrada particular avaliada por algum excesso de 
preço sobre o nível competitivo capaz de induzir à entrada, ainda há espaço para variação no 
período de tempo que uma firma entrante requer para tornar efetiva a sua entrada. Para fins de 
uma primeira aproximação, podemos dizer que uma entrada é iniciada quando uma nova firma 
toma medidas mais ou menos irrevogáveis no sentido de estabelecer e utilizar nova capacidade 
na indústria, e é completada quando a firma se estabeleceu e apossou-se de todos os meios 
necessários para permitir-lhe produzir de modo rotineiro no seu nível de produção planejado. O 
período de retardo, então, é o intervalo temporal entre essas duas datas e pode variar 
grandementeentre os ramos de atividade. Na indústria de vestuário feminino pode ser de apenas 
alguns meses; na indústria de cimento pode ser de um ano ou dois; na indústria de bebidas 
destiladas, requer-se mais de quatro anos para desenvolvimento de estoques de uísque 
envelhecido. 
Quanto maior for o intervalo de tempo em questão, menor a influência que qualquer 
ameaça de entrada terá sobre os vendedores estabelecidos. O fato de que a fixação do preço a um 
certo nível poderá induzir três novas firmas a entrarem na indústria tem mais probabilidade de 
dissuadir as firmas estabelecidas de chegarem a um preço tão alto se a entrada puder tornar-se 
efetiva em seis meses do que, digamos, em seis anos. O efeito que qualquer condição de entrada 
tem sobre o comportamento do mercado tenderá, assim, a variar de acordo com o tamanho do 
 9
retardo de entrada que a acompanha. 
A questão de se o “valor” da condição de entrada deve ser modificado para refletir o 
tamanho dos retardos de entrada parece ser principalmente uma questão semântica. Desde que 
não existe logicamente nenhum método singular para combinar medidas de um hiato de preço 
indutor de entrada com um retardo de entrada, seguiremos aqui a convenção de definir ou avaliar 
a condição de entrada em qualquer ramo de atividade sem fazer referência aos retardos de 
entrada, isto é, em termos de um excesso de preço indutor de entrada sobre o nível competitivo, 
seja qual for o período de retardo. Consideraremos, porém, os dados sobre os retardos de entrada 
como informação suplementar, útil para prever as conseqüências da condição de entrada, na 
forma como foi definida. Este procedimento parece colocar os intervalos necessários para a 
efetivação da entrada no seu papel apropriado em nossa análise. 
 
Os determinantes da condição de entrada 
 
Uma vez que a condição de entrada já foi definida e avaliada, a próxima questão é o que 
determina a condição de entrada em um ramo de atividade. Qual é a natureza das vantagens que 
as firmas estabelecidas possuem e que circunstâncias tecnológicas ou institucionais dão origem a 
essas vantagens? 
Pode-se buscar a identidade dos determinantes imediatos da condição de entrada 
considerando as características comumente atribuídas à situação teórica de “entrada fácil”. Na 
moderna teoria dos preços, a “entrada fácil” é concebida como uma situação onde não há 
impedimentos à entrada de novas firmas, na qual as firmas estabelecidas não possuem nenhuma 
vantagem sobre potenciais firmas entrantes ou na qual, mais precisamente, as firmas 
estabelecidas não podem elevar persistentemente os seus preços acima do nível competitivo de 
custo mínimo sem atrair a entrada de um número suficiente de firmas para provocar a queda do 
preço para o nível competitivo. A condição de entrada, como já vimos, pode ser avaliada pelo 
percentual que as firmas estabelecidas podem exceder o nível competitivo sem atrair entrada. 
Com a entrada fácil, pois, a condição imediata de entrada possui um valor zero em todos os 
pontos de qualquer seqüência de entrada possível (cada firma adicional que entra não tem 
nenhuma desvantagem em relação às firmas já estabelecidas) e a condição geral de entrada é 
correspondentemente representada por um único valor igual a zero. A entrada, é claro, deixa de 
ser fácil e torna-se mais difícil à medida que os valores da condição de entrada passam a exceder 
o zero ou quando, num ponto ou outro da progressão de entrada, as firmas estabelecidas podem 
fixar preços acima do nível competitivo sem induzir entrada. 
As características essenciais da situação na qual a entrada fácil prevalece devem fornecer 
uma pista direta sobre a identificação dos determinantes da condição de entrada em geral. Para a 
entrada fácil, três condições devem em geral ser simultaneamente verificadas. Em qualquer 
estágio da progressão relevante de entrada tem-se que (1) as firmas estabelecidas não possuem 
nenhuma vantagem absoluta de custo sobre potenciais firmas entrantes; (2) as firmas 
estabelecidas não têm nenhuma vantagem de diferenciação de produto sobre potenciais firmas 
entrantes; e (3) as economias de uma firma de grande escala são desprezíveis, no sentido de que 
a produção de uma firma de escala ótima (custo mínimo) é uma fração insignificante do total da 
produção do ramo de atividade. Vamos ver rapidamente o que cada uma dessas condições 
significa e porque é importante. 
A condição de que com a entrada fácil as firmas estabelecidas não possuem nenhuma 
vantagem absoluta de custo significa que, para um dado produto, as potenciais firmas entrantes 
podem trabalhar com o mesmo custo médio mínimo de produção com o qual as firmas 
 10
estabelecidas operavam antes de se dar a entrada. Isto, por sua vez, implica que (a) as firmas 
estabelecidas não devem dispor de nenhuma vantagem de preço ou de outra natureza sobre as 
entrantes na aquisição de qualquer fator produtivo (incluindo fundos para investimento); (b) que 
a entrada de uma firma adicional não tem nenhum efeito perceptível sobre o nível de preço de 
qualquer fator; e (c) que as firmas estabelecidas não têm nenhum acesso preferencial às técnicas 
produtivas. Se essas condições forem preenchidas, então as firmas estabelecidas não poderão 
elevar seu preço acima do nível competitivo sem atrair entrada, uma vez que não dispõe de 
nenhuma vantagem absoluta de custo sobre as potenciais firmas entrantes. Se ocorre 
diferenciação de produtos, então, o equivalente desta condição deve ser preenchido. 
A condição de que com entrada fácil não deve haver nenhuma vantagem de diferenciação 
de produto por parte das firmas estabelecidas significa ou que não há nenhuma diferenciação de 
produto ou que, se a diferenciação de produto se faz presente, as potenciais firmas entrantes 
devem ter a capacidade de assegurar uma relação preço-custo tão vantajosa quanto a das firmas 
estabelecidas. Geralmente, se as diferenças de produto, custos de produção e custos de venda são 
reconhecidas, a potencial firma entrante deve sempre ser capaz de assegurar uma relação do 
preço com o custo unitário de produção acrescido do de venda tão favorável quanto a das firmas 
estabelecidas, de forma que as firmas estabelecidas nunca possam usufruir de lucro quando as 
entrantes não puderem, ou mesmo não possam igualar as receitas e custos totais (break even) 
quando as entrantes estão perdendo dinheiro. Para isto ser verdadeiro, as firmas estabelecidas 
não devem dispor de nenhuma vantagem de preço ou custo de venda em função da preferência 
dos consumidores pelos seus produtos e também nenhuma vantagem de preço na aquisição dos 
fatores de produção. A condição de inexistência de vantagens de diferenciação de produto é 
obviamente essencial para a entrada fácil, pois de outro modo, as firmas estabelecidas poderiam 
elevar seus preços algo acima do nível competitivo sem criar uma situação na qual entrantes 
potenciais pudessem vender lucrativamente. 
A condição de que não haja economias significativas para a firma de grande escala 
significa, é claro, que uma firma entrante, mesmo se entrar com a escala ótima ou de custo 
mínimo, acrescentará tão pouco à produção do ramo de atividade que a sua entrada não terá 
nenhum efeito perceptível sobre os preços vigentes no ramo. As firmas entrantes não 
necessitariam aumentar a produção do ramo a ponto de tornar os preços aí praticados menos 
atrativos, para poder operar ao nível de custo mínimo das firmas estabelecidas. Desta forma, a 
persecução de economias de escala ao máximo é possível e não constitui um obstáculo à entrada. 
A importância desta condição é evidente quando consideramos a possibilidade oposta. 
Se para ingressar com uma escala ótima a firma tiver que acrescentar uma fração 
significativa à produção do ramo de atividade, são vários os cenários possíveis. Se as firmas 
estabelecidas mantiverem a produção vigente, a entrada comtal escala tenderá, em geral, a 
reduzir o preço do ramo. Se elas mantiverem ou aumentarem seus preços, a fatia de mercado 
passível de ser obtida pelas entrantes pode muito vem ser insuficiente para permitir-lhes operar 
numa escala ótima. Mais ainda, pode-se gerar uma fixação de preços retaliativa pelas firmas 
estabelecidas; e uma escala suficientemente reduzida para não perturbar o mercado irá requerer 
uma escala abaixo da ótima e custos mais elevados. 
De uma forma ou de outra, a entrada tende a ser obstaculizada em tal grau que permite às 
firmas estabelecidas elevarem seus preços pelo menos algo acima do nível de custo mínimo sem 
induzir entrada. O entrante em potencial, caso decida entrar com uma escala significativamente 
grande, irá provavelmente esperar ou temer um preço no ramo de atividade, após a entrada, algo 
menor do que o vigente antes dessa entrada, ou uma fatia de mercado envolvendo custos acima 
 11
dos de escala ótima3. Assim, ela provavelmente não será induzida a entrar por um preço supra-
competitivo no ramo. Se ela considerar a entrada com escalas insignificantes, incorrerá em 
custos acima do nível competitivo e não será, novamente, induzida a entrar por um preço acima 
do competitivo. Economias de escala significativas tendem, assim, a impedir a entrada e sua 
ausência é essencial para a entrada fácil. 
As três condições que acabamos de descrever são tanto necessárias quanto suficientes 
para a existência de entrada fácil. Se isto é verdade, está claro que identificamos por 
conseqüência as fontes de desvio da entrada fácil e os determinantes imediatos da condição de 
entrada na forma em que foi definida. 
Afastamentos da condição de entrada do “pólo zero” de entrada fácil devem ser 
atribuídos a um ou mais dos seguintes fatores: (1) vantagens absolutas de custo das firmas 
estabelecidas; (2) vantagens de diferenciação de produtos das firmas estabelecidas; e (3) 
significativas economias das firmas de grande escala. Correspondentemente, a altura das 
barreiras à entrada ou os “valores” da condição de entrada (expressos como percentuais pelos 
quais as firmas estabelecidas podem fixar seus preços acima do nível competitivo enquanto 
bloqueiam a entrada) irão claramente depender do grau dessas vantagens absolutas de custo ou 
de diferenciação de produtos e da extensão das economias de escala das grandes firmas. A 
natureza específica destes determinantes da condição de entrada é presumivelmente um tanto 
óbvia, mas um pequeno sumário dos seus caracteres servirá para sugerir o caráter das condições 
institucionais ou de outro gênero das quais eles se originam. 
As vantagens absolutas de custo das firmas estabelecidas originam-se, em geral, de uma 
dessas três coisas: (1) a entrada de uma única firma pode elevar perceptivelmente o preço pago 
por um fator de produção, tanto pelas firmas estabelecidas quanto pela entrante, elevando, assim, 
o nível de custos; (2) as firmas estabelecidas podem ter assegurado o uso de fatores de produção, 
incluindo fundos para investir, a preços mais reduzidos do que os pagos pelas entrantes 
potenciais; e (3) as firmas estabelecidas podem ter acesso a técnicas de produção mais 
econômicas do que as potenciais entrantes, capacitando-as, assim, a usufruírem custos menores. 
Tais vantagens absolutas de custos tendem a garantir para as firmas estabelecidas um nível de 
custos menor do que o das potenciais entrantes, permitindo-lhes, assim, fixarem seus preços 
acima de um nível competitivo, ao mesmo tempo em que impedem a entrada. 
As vantagens de diferenciação das firmas estabelecidas resultam, é claro, das 
preferências dos compradores pelos produtos daquelas firmas quando comparados com os 
produtos das entrantes. O que irá constituir uma vantagem efetiva de diferenciação de produto 
vai depender da importância das economias de escala de produção e venda no ramo de atividade. 
Se não há economias de escala, de forma que os custos unitários de produção e venda não são 
aumentados por uma redução da quantidade produzida a quantias bem pequenas, pode-se dizer 
que uma entrante em potencial não sofre de nenhuma desvantagem caso obtenha um preço tão 
alto, relativo ao custo unitário, quanto o das firmas estabelecidas produzindo no mesmo nível, 
embora ela só o consiga operando num nível bem mais reduzido do que o das firmas 
estabelecidas. (A existência de um grande número de tais potenciais entrantes – mesmo que cada 
um esteja restrito quanto ao volume de vendas – iria gerar uma entrada fácil.) Contrariamente, a 
 
3 Pode-se conceber logicamente casos nos quais uma fatia de mercado que permite uma escala de custo mínimo 
pudesse ser assegurada por um entrante – e.g. onde as firmas estabelecidas operassem numa escala acima da 
ótima antes da entrada, de forma que os vendedores em geral não seriam forçados a escalas sub-ótimas ao terem 
de repartir o mercado entre um número maior de participantes. Que isso ocorra, porém, bem como a ausência de 
algum tipo de retaliação por parte das firmas estabelecidas, parece improvável. 
 12
posse de uma vantagem pelas firmas estabelecidas no caso de inexistência de economias de 
escala implicaria a capacidade dessas firmas de assegurarem-se, em algum nível de produção, 
um preço mais elevado ou um menor custo – ou geralmente uma razão preço/custo de produção e 
venda mais alta – do que as entrantes potenciais mais favorecidas poderiam assegurar-se, seja 
qual for o nível de sua produção4. A existência de tais vantagens ligadas à diferenciação de 
produto é possível e confere às firmas estabelecidas a habilidade de elevarem seus preços acima 
de um nível competitivo e ao mesmo tempo impedirem a entrada. 
Se há algumas economias de escala sistemáticas para a firma, de forma que os custos 
unitários de produção e venda declinam em relação ao preço em alguns níveis de produção, a 
ausência de vantagens por parte das firmas estabelecidas requer a habilidade das entrantes em 
geral de obterem não apenas preços comparáveis, mas de consegui-los em um nível comparável 
de volume de vendas, assegurando-se, assim, igualmente de custos comparáveis. De outro lado, a 
posse de vantagens pelas firmas estabelecidas iria requerer apenas que elas fossem capazes de 
vender a um preço mais elevado do que o que as potenciais entrantes podem praticar, em escalas 
aproximadamente ótimas, mesmo que as entrantes potenciais pudessem alcançar uma paridade 
de preços operando em escalas pequenas e ineficientes. De fato, inexistência de desvantagens por 
parte das entrantes implica que estas obtenham não apenas uma paridade de preços, mas que 
alcancem esta meta a níveis de venda economicamente grandes. 
Não é preciso dizer muito mais sobre a natureza das vantagens das firmas estabelecidas 
que são inerentes a substanciais economias para a firma de grande escala. O fato de que as 
entrantes devam acrescentar uma quantia significativa à produção do ramo de atividade para 
poderem operar com custos mínimos e que incorreriam em custos perceptivelmente mais 
elevados se operassem em níveis de produção mais reduzidos garante às firmas estabelecidas a 
capacidade de elevarem seus preços algo acima do nível competitivo sem atrair entrada. As 
economias em questão podem ser tanto aquelas de produção e distribuição de grande escala ou, 
como foi sugerido na nota 4, aquelas de promoção de vendas em larga escala. As vantagens das 
firmas estabelecidas seriam obviamente aumentadas e a condição de entrada tornar-se-ia mais 
difícil tanto se a escala ótima da firma tornar-se maior em relação ao mercado, quanto se o 
aumento dos custos em escalas menores fizerem-se de forma mais abrupta. 
Uma questão relacionada a esses determinantes imediatos da condição de entrada, como 
foram definidos, refere-se à identidade das circunstâncias institucionais e tecnológicas básicas 
que dãoorigem aos bloqueios imediatos à entrada. Não se requer aqui nenhum tratamento 
exaustivo, mas a tabulação seguinte sugere os tipos de circunstâncias que tipicamente dão origem 
a uma entrada impedida e que podem logicamente ser objeto de uma investigação centrada na 
condição de entrada. 
Essas circunstâncias são, em certo sentido, as determinantes últimas da condição de entrada 
em um ramo. Enfatizamos ao longo desta exposição que a condição de entrada é um conceito 
estrutural e que é avaliada pela extensão na qual as firmas estabelecidas podem, na média por um 
longo período, elevar seus preços acima de um nível competitivo de longo prazo, ao mesmo tempo 
em que bloqueiam a entrada. Consistentemente, as determinantes últimas da condição de entrada 
refletem ou se referem diretamente às características estruturais de longo prazo dos mercados; e são 
elas que determinam a condição de entrada como a definimos aqui. 
 
4 Uma variedade disto é que as entrantes em potencial, na ausência de economias de escala diferentes das 
vantagens de preço e custo de venda das promoções de vendas em larga escala, poderiam, de modo equivalente, 
assegurarem-se um preço relativo aos custos unitários apenas a um nível de produção que constituísse uma fração 
significativa do mercado. Neste caso, as firmas estabelecidas também gozariam de uma vantagem líquida, embora 
fossem atribuídas, de certo modo, ao significado das economias de escala per se. 
 13
Circunstâncias que ocasionam impedimento à entrada 
 
I. Circunstâncias típicas que dão origem a uma vantagem absoluta de custo para as firmas 
estabelecidas 
A. O controle de técnicas de produção, via patentes ou segredo, pelas firmas estabelecidas. 
(Tal controle pode inviabilizar o acesso de entrantes à técnica ótima ou, alternativamente, 
implicar a cobrança de uma royalty discriminatória sobre seu uso.) 
B. Imperfeições no mercado de fatores (e.g. trabalho, matérias-primas, etc.) que implicam 
preços de compra mais baixos para as firmas estabelecidas. Alternativamente, teríamos o 
controle ou a propriedade da oferta de fatores estratégicos (e.g. recursos) pelas firmas 
estabelecidas, o que implica ou a impossibilidade das entrantes terem acesso a essa oferta, 
levando-as a empregar fatores de qualidade inferior, ou a fixação de preços 
discriminatórios para a compra destes fatores pelas referidas entrantes. 
C. Limitações significativas na oferta de fatores produtivos nos mercados e sub-mercados 
para eles, relativos à demanda de uma firma entrante eficiente. Um incremento à entrada 
irá, então, aumentar perceptivelmente o preço do fator. 
D. Condições no mercado de dinheiro que impõem taxas de juros mas elevadas para as 
entrantes em potencial do que para as firmas estabelecidas. (Essas condições tendem a 
constituir uma fonte de vantagem efetiva para as firmas estabelecidas à medida que a 
necessidade absoluta de capital para uma entrante eficiente aumente.) 
II. Circunstâncias típicas que dão origem a vantagens de diferenciação de produto para as 
firmas estabelecidas 
A. As preferências cumulativas dos compradores pelas marcas e reputação das companhias 
estabelecidas, tanto em geral ou apenas com a exceção de um pequeno número de 
compradores. 
B. O controle de desenhos superiores de produto pelas firmas estabelecidas através de 
patentes, implicando ou o não-acesso das entrantes a esses, ou a cobrança de uma royalty 
discriminatória. 
C. A propriedade ou o controle contratual dos melhores pontos de distribuição pelas firmas 
estabelecidas, em situações nas quais a oferta desses canais de distribuição não é 
perfeitamente elástica. 
III. Circunstâncias típicas que desencorajam a entrada pela manutenção de economias 
significativas à firma de grande escala 
A. Economias reais (isto é, em termos da quantidade de fatores utilizados por unidade 
produzida) de produção e distribuição de larga escala, de tal forma que uma firma ótima 
suprirá uma parcela significativa do mercado. 
B. Economias estritamente pecuniárias (isto é, economias apenas monetárias, tais como 
aquelas oriundas do maior poder de barganha dos grandes compradores) da produção em 
larga escala, tendo um efeito similar. 
C. Economias reais ou estritamente pecuniárias de propaganda ou promoção de vendas em 
larga escala, tendo um efeito similar. 
 
 14
Se estes são os determinantes da condição de entrada, deveríamos ter igualmente clareza 
sobre as coisas que não constituem seus determinantes. Os verdadeiros determinantes são 
aquelas coisas que determinam para as firmas estabelecidas a possibilidade de relações preço-
custo que induziriam ou não a entrada. Eles não são aquelas coisas que determinam se a entrada 
se efetivará ou não num dado momento. Temos então que, embora a vantagem persistente de 
diferenciação de produto para as firmas estabelecidas constitua um determinante verdadeiro da 
condição de entrada, a relação corrente e transitória entre a demanda do ramo de atividade e a 
capacidade não constitui um determinante. 
É verdade, obviamente, que se um ramo de atividade está correntemente acometido de 
um pesado excesso de capacidade (causado, por exemplo, por um declínio secular da demanda 
frente às plantas de longo prazo), os preços podem ficar em média abaixo dos custos e nenhuma 
entrada terá lugar por muitos anos. Isto, contudo, não significa que a condição de entrada seja 
conseqüentemente difícil, pois não elimina o fato de que bastaria um pequeno e persistente ex-
cesso de preço acima de um nível médio de custos mínimos de longo prazo (talvez improvável 
de acontecer nesta situação) para induzir à entrada. Devemos, pois, em geral, rejeitar movimen-
tos correntes seculares ou cíclicos de demanda, capacidade e custos como determinantes da 
condição de entrada a um ramo de atividade, da mesma forma que rejeitamos o registro corrente 
das entradas efetivadas como evidência direta ou conclusiva sobre a condição de entrada. Tais 
coisas, como a relação entre demanda e capacidade num ramo de atividade, afetariam a condição 
de entrada como foi definida apenas na medida em que persistissem por algum tempo e, em 
adição a isso, até o ponto em que afetassem a maneira pela qual os potenciais entrantes 
reagissem a determinadas diferenças persistentes entre o preço efetivo e o preço competitivo5. 
Já fizemos várias vezes referência ao fato de que a condição de entrada a um ramo de 
atividade é uma condição estrutural e de longo prazo. Isso não significa que ela seja 
necessariamente permanente e imutável. As características estruturais básicas de um mercado 
podem mudar e a condição de entrada poderá então se modificar em resposta a isso. A 
descoberta de novos depósitos de um determinado recurso natural pode, pois, minar a vantagem 
absoluta de custo mantida pelas firmas estabelecidas ligadas ao seu processamento, que 
controlavam todos os depósitos previamente conhecidos; o desenvolvimento de um novo projeto 
de produto por uma firma de fora pode reduzir as vantagens de diferenciação de produto das 
firmas estabelecidas que fabricam produtos similares; mudanças tecnológicas podem tanto 
aumentar quanto diminuir as vantagens de produzir em grande escala qualquer linha e em 
qualquer período. Quando tais mudanças ocorrem, a condição de entrada a um ramo de atividade 
tende a ser alterada. 
Isso levanta a questão de se a condição de entrada e os seus determinantes são 
suficientemente estáveis ao longo do tempo, de forma que possam ser tomados provisoriamente 
como determinantes quase independentes, de longo prazo, do comportamento do mercado. Se a 
condição de entrada e os seus determinantes se modificam lentamente ao longo do tempo e não 
são facilmente sujeitos a alterações deliberadas pela ação de potenciais entrantes e se, assim, eles 
representam, antes de tudo, um arcabouço estruturalpara o comportamento do mercado em vez 
de serem um resultado deste, então essa visão é legítima. Por outro lado, é claro, existe a 
 
5 A principal exceção possível ocorreria se movimentos seculares de demanda ou custo de longo prazo, seguidos 
por um ajustamento defasado da capacidade do ramo de atividade, levassem os entrantes potenciais a reagirem 
diferentemente a dadas diferenças persistentes entre os preços das firmas estabelecidas e seus [dos entrantes] 
custos mínimos. Que a reação dos entrantes potenciais possa ser afetada desta maneira parece ser algo 
inteiramente possível. 
 15
possibilidade da condição de entrada ser uma espécie de engodo instável, modificando-se 
rapidamente ao longo do tempo, ou ser prontamente alterada pela ação de potenciais entrantes. 
Neste caso, dificilmente haveria motivo para estudá-la como determinante estrutural de longo 
prazo do comportamento do mercado. 
Está postulado de forma definitiva para os propósitos do presente estudo – com base em 
ampla observação empírica – que a condição de entrada, como foi definida, e seus determinantes 
últimos são usualmente estáveis e se modificam lentamente ao longo do tempo e não são 
geralmente suscetíveis a alterações por entrantes prospectivos a vários mercados. A condição de 
entrada e as várias vantagens específicas das firmas estabelecidas que fixam o seu valor podem 
então ser vistos, em geral, como determinantes estruturais de longo prazo da ação empresarial. 
Essa generalização, como muitas outras sobre questões econômicas, só é verdadeira, é 
claro, sujeita a exceções ou como representação de uma tendência geral. Certamente que a 
condição de entrada se modificou rapidamente ao longo do tempo em alguns poucos ramos de 
atividade, assim como potenciais entrantes têm conseguido periodicamente modificá-la a seu 
favor em alguns casos. Essas exceções, contudo, parecem ser pouco freqüentes ou incomuns o 
bastante para justificarem o nosso procedimento com base na hipótese levantada. 
Só uma exceção específica pode merecer especial atenção quando estudamos os vários 
ramos de atividade. Em alguns ramos (embora definitivamente não na sua maioria), a habilidade 
de entrantes potenciais de desenvolverem inovações eficazes de produto tem periodicamente 
derrubado as vantagens de produto das firmas estabelecidas e efetivamente facilitado a entrada a 
esses mercados. Aqui, o papel das preferências pelos produtos existentes como determinantes 
estruturais da ação deve ser questionado. Será interessante ver se conseguimos identificar alguns 
determinantes mais fundamentais da condição de entrada nessa área, na forma dos elementos que 
determinam se os potenciais entrantes estarão ou não em posição de realizarem inovações 
eficazes de produto. 
 
Teoria a respeito dos efeitos da condição de entrada 
 
A razão pela qual temos dado tanta atenção à condição de entrada é a nossa crença na 
substancial influência que ela exerce no comportamento ou desempenho do mercado em vários 
ramos de atividade. A força da concorrência potencial como reguladora dos preços e quantidades 
produzidas pode ser encarada como de importância comparável aos efeitos exercidos pela 
concorrência real. Mas de que modo? Qual o provável impacto da condição de entrada no 
desempenho do mercado em um ramo de atividade? Como a variação da condição de entrada de 
um ramo a outro faz com que o desempenho do mercado também seja distinto entre eles? 
Poderemos abordar estas questões de duas maneiras – através de uma lógica teórica ou 
dedutiva, ou através de testes empíricos. Mais tarde empreenderemos alguns testes empíricos 
para o efeito da condição de entrada na medida em que os dados disponíveis permitirem. 
Infelizmente, os dados de que se dispõe no momento não permitem muita coisa, de forma que 
testes empíricos conclusivos e abrangentes não são possíveis. Somos forçados, pois, a nos basear 
no memento numa teoria a priori como fonte primaria de nosso conhecimento das conseqüências 
da condição de entrada. 
Se abordarmos as previsões das conseqüências da condição de entrada como um 
problema rigorosamente articulado numa teoria formal, um sistema de hipóteses bastante 
complicado e elaborado pode emergir mediante extensões simples da teoria recebida. A condição 
de entrada é intrinsecamente uma idéia muito complexa e pode assumir uma variada gama de 
“valores” significativamente distintos, com efeitos prováveis significativamente diferentes. Mais 
 16
ainda, as conseqüências da condição de entrada irão variar com as variações na estrutura de 
qualquer mercado ou entre vendedores estabelecidos. Assim, uma variedade bastante 
considerável de modelos teóricos formais poderia ser construída para distinguir: (1) um grande 
número de padrões variáveis de “condição geral de entrada”; (2) diferentes fontes de 
impedimentos à entrada, na medida em que estas diferenças forem significativas; e (3) diferentes 
situações estruturais entre vendedores estabelecidos. 
Algumas tentativas nesse sentido foram feitas num artigo anterior6. Não parece desejável 
reproduzir aqui ou expor extensamente os argumentos teóricos ou a gama de hipóteses teóricas, 
relativamente elaborados, aí desenvolvidos. Tais hipóteses são por demais minuciosas, mesmo 
para testes e verificações experimentais com os dados disponíveis no momento, ou num futuro 
próximo. Parece desejável, porém, estabelecer, como uma espécie de guia experimental para 
nossas investigações, algumas hipóteses simplificadas com relação aos efeitos da condição de 
entrada. 
Três coisas parecem ser de importância básica para o desenvolvimento dos prováveis 
efeitos da condição de entrada. A primeira é o valor da condição de entrada, medido pelo 
percentual em que as firmas estabelecidas podem fixar seu preço acima de um nível competitivo 
enquanto impedem a entrada7. Esta “medida” pode ser traduzida como um valor único para a 
condição imediata de entrada, quando calculada para o entrante ou entrantes potenciais mais 
favorecidos, ou como uma série de valores sucessivos para a condição geral de entrada, quando 
calculada com referência a potenciais entrantes ou grupo de entrantes com status progressi-
vamente menos favorecido. O segundo elemento é o grau de concentração entre os vendedores já 
estabelecidos no mercado, a correspondente existência ou não de uma reconhecida interdepen-
dência ou de uma colusão expressa ou tácita entre eles ou o grau de imperfeição de sua colusão, 
expressa ou tácita. O terceiro elemento é a fonte de afastamento da entrada fácil e, se esse afasta-
mento envolve ou não a existência de economias significativas para a firma de grande escala. 
A interação dos três determinantes mencionados deve, hipoteticamente, determinar o efeito 
da condição de entrada. Um quarto determinante em potencial, aqui negligenciado, diz respeito ao 
fato de as firmas estabelecidas defrontarem-se ou não com deseconomias de grande escala, isto é, 
custos unitários em elevação em razão de a firma ter excedido um certo tamanho. Consideraremos 
esta probabilidade improvável e assumiremos custos unitários aproximadamente constantes à medida 
que o tamanho da firma excede o mínimo necessário para os custos mais reduzidos. 
[Primeiro determinante] O “valor” da condição de entrada – e vamos nos referir aqui 
basicamente à sucessão de valores individuais englobados na condição de entrada – é 
obviamente importante, pois coloca potencialmente um limite ao nível em que os preços podem 
se manter a longo prazo num ramo de atividade. Ligado a isto, podem ser feitas duas distinções 
entre as diferentes condições gerais de entrada. 
A primeira distinção refere-se às diferenças entre os potenciais entrantes. Em primeiro 
lugar, existe potencialmente a condição geral de entrada na qual, numa dada situação, ou depois 
de se ter atingido certo estágiode desenvolvimento do ramo de atividade, todos os potenciais 
entrantes possuem o mesmo status ou enfrentam as mesmas desvantagens em relação às firmas 
estabelecidas e irão permanecer nesta mesma situação independentemente de quantos deles 
ingressem no ramo de atividade. Temos então, de fato, uma oferta perfeitamente elástica de 
entrantes para um dado hiato preço-custo mínimo indutor de entrada. A condição imediata de 
 
6 J. S. Bain, “Conditions of Entry and the Emergence of Monopoly”, op. cit. 
7 Para os propósitos de teorização, este percentual pode ser identificado como aquele válido para as firmas 
estabelecidas melhor colocadas. 
 17
entrada, por sua vez, permanecerá no mesmo valor para cada entrante sucessivo; e a condição 
geral de entrada será, portanto, representada por um único valor da condição imediata de entrada 
(representando o excesso de preço do ramo de atividade sobre um dado nível competitivo de 
preço) independentemente de quanta entrada ocorre. Uma tal situação pode ocorrer, por 
exemplo, se as firmas estabelecidas vendendo um dado produto tivessem uma vantagem de custo 
de dez por cento sobre todas as entrantes potenciais em virtude de direitos de patente (as 
economias de escala sendo desprezíveis) e se um número indefinidamente grande de novas 
firmas pudessem entrar somente sujeitas a essa desvantagem de custo de dez por cento. 
Em segundo lugar, temos a condição geral de entrada refletindo as vantagens diferenciais 
entre sucessivas entrantes potenciais, de forma que as desvantagens das entrantes potenciais, 
registradas pelo hiato indutor de entrada, são sucessivamente maiores ou assim se tornam à 
medida que essas firmas vão ingressando no ramo de atividade. As entrantes potenciais são, 
assim, classificadas em grupo ou individualmente e à medida que percorremos as classes, o 
percentual pelo qual os preços efetivos podem exceder um dado nível competitivo sem induzir a 
entrada torna-se maior. Isso se dá porque as potenciais entrantes possuem desvantagens 
diferenciais ab initio, ou porque a entrada efetiva de uma ou mais firmas torna a condição de 
entrada mais difícil para as restantes. 
A segunda distinção refere-se à altura das barreiras à entrada. Esta distinção deve ser 
feita separadamente para os casos da condição geral de entrada “constante”, no qual todas as 
entrantes potenciais estão e permanecem no mesmo estado de desvantagem em relação às firmas 
estabelecidas, e para os casos da condição geral de entrada “progressiva”, no qual as sucessivas 
entrantes potenciais defrontam-se com desvantagens progressivamente maiores. 
Vamos supor que haja uma condição geral de entrada constante para um ramo de 
atividade, representada por um valor único da condição imediata de entrada. Depois do ramo 
atingir um certo estágio, portanto, há um único percentual pelo qual os preços podem 
persistentemente exceder um dado nível competitivo enquanto impedem a entrada, 
independentemente de quantas novas firmas venham a ingressar no ramo: se o percentual deste 
excesso tornar-se e permanecer maior, todas as entrantes potenciais (até um número 
indefinidamente grande) estarão prontas para ingressar no ramo. Um dado núcleo de firmas 
estabelecidas tem, pois, uma vantagem mais ou menos mutável sobre qualquer e todas as 
entrantes potenciais. Como veremos abaixo, uma condição de entrada constante só pode ocorrer 
onde as economias das firmas de grande escala estão ausentes ou são desprezíveis, de modo que 
os custos das firmas estabelecidas e das potenciais entrantes não serão perceptivelmente elevados 
por uma redução das suas fatias de mercado à medida que a entrada ocorre8. Nesta situação, a 
condição de entrada pode assumir qualquer de quatro valores, cada um designado doravante por 
um termo especial a ser usado apenas com o significado específico que exporemos a seguir: 
(1) Pode haver entrada “fácil”, de forma que o preço a longo prazo não possa exceder de 
modo algum o nível competitivo de custo das firmas estabelecidas sem atrair a entrada. 
(2) O valor da condição de entrada pode ser positivo (medido com referência às firmas 
estabelecidas mais favorecidas), mas tão baixo que decorrem certas conseqüências. 
Poderá haver o que chamaremos de entrada “ineficazmente impedida”, no seguinte 
sentido: as firmas estabelecidas mais favorecidas podem elevar seus preços (com os pre-
ços das outras firmas do ramo movendo-se simultaneamente) algo acima do nível compe-
titivo sem atrair entrada, mas elas podem obter um lucro de longo prazo maior fixando os 
 
8 O leitor está lembrado da hipótese de inexistência de deseconomias de grande escala. 
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seus preços acima do nível que impede a entrada – e atraindo, assim, algumas entrantes – 
do que fixando-os em um nível reduzido o bastante para impedir a entrada. Isto implica 
que o preço efetivamente impeditivo da entrada garante a essas firmas apenas um lucro 
de certa forma pequeno e similarmente apenas um pequeno percentual de excesso sobre o 
custo mínimo. Implica, mais ainda, que se a entrada é induzida por preços mais altos, ela 
se dará com uma defasagem suficiente para permitir a essas firmas lucros mais atraentes 
durante o intervalo em que as entrantes estão se estabelecendo. Esta situação é 
apropriadamente caracterizada como tendo uma entrada ineficazmente impedida9. 
(3) O valor da condição de entrada pode ser positivo e pode haver entrada “eficazmente 
impedida” no seguinte sentido: as firmas mais favorecidas podem elevar seus preços 
(com os outros preços do ramo alterando-se simultaneamente) suficientemente acima do 
nível competitivo sem atrair entrada, a ponto de garantir que seus lucros de longo prazo, 
ao melhor preço impeditivo de entrada, sejam maiores do que se elas cobrassem preços 
mais elevados e induzissem à entrada (repartindo assim o mercado com outros 
vendedores). Ao mesmo tempo, o melhor preço impeditivo de entrada é inferior àquele 
que maximizaria seus lucros se não houvesse ameaça de entrada. Isto implica que o 
preço impeditivo de entrada está moderadamente acima dos custos, mas não é tão ele-
vado como um preço “monopolístico” seria na ausência de qualquer ameaça de entrada. 
(4) O valor da condição de entrada pode ser positivo e a entrada pode ser “bloqueada” no 
sentido de que o nível de preços inibidor de entrada no ramo de atividade está acima 
daquele que maximizaria os lucros das firmas mais favorecidas na ausência de qualquer 
ameaça de entrada. Elas não têm, portanto, nenhum virtual incentivo para elevarem seus 
preços a um nível que induza à entrada. 
A situação precedente refere-se a quatro tipos de valores da condição de entrada, se o 
valor permanece sempre num único nível para qualquer número de sucessivas entradas. Na 
medida em que se verifica uma condição geral de entrada constante, o tipo de valor pode 
influenciar o desempenho do mercado dentro de um ramo de atividade. Antes de explorar essas 
influências, vamos considerar os possíveis valores da condição de entrada quando há uma 
condição geral de entrada “progressiva”. 
Neste caso, há uma vantagem diferencial entre as sucessivas entrantes potenciais – seja 
ab initio ou que se desenvolve à medida que a entrada vai se efetivando – de forma que a condi-
ção imediata de entrada, medida com referência aos custos mínimos iniciais das firmas estabe-
lecidas mais favorecidas, torna-se mais elevada à medida que sucessivas firmas ou grupo de fir-
mas ingressam no ramo de atividade. Se o percentual pelo qual o preço do ramo de atividade po-
de exceder o referido nível competitivo enquanto impede no limiar a entrada da entrante ou en-
trantes potenciais mais favorecidas está então em um certo valor, o percentual de excesso atin-
gível enquanto impede a entrada dos próximos entrantes potenciais mais favorecidos serámaior, 
e assim por diante. A condição geral de entrada é representada por uma sucessão de valores da 
condição imediata de entrada correspondente a entrantes sucessivamente menos favorecidas. 
Há geralmente duas fontes possíveis da condição “progressiva” de entrada. Em primeiro 
lugar, potenciais firmas entrantes diferentes podem ter vantagens diferenciais absolutas de custo 
ou de diferenciação do produto. Essas vantagens podem tanto existir previamente à entrada de 
qualquer firma, quanto se desenvolver à medida que a entrada se processa – por exemplo, as 
“primeiras” entrantes no ramo asseguram-se de vantagens sobre as subseqüentes. Em qualquer 
 
9 É claro que quanto maior as defasagens temporais encontradas na indução à entrada, maior será o “excesso de 
preço inibidor de entrada sobre o custo” considerado como aquele que impede ineficazmente a entrada. 
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dos casos, algumas entrantes potenciais tenderão a serem capazes de assegurar-se preços mais 
elevados ou custos mais reduzidos relativamente às outras, levando, assim, a uma progressão no 
valor da condição imediata de entrada à medida que a entrada se processa. 
Em segundo lugar, podem haver significativas economias de escala, no sentido de que 
uma firma de tamanho ótimo irá suprir uma fração significativa do mercado total e que os custos 
unitários de uma firma se tornarão progressivamente maiores para escalas progressivamente 
menores. Neste caso, uma progressão no valor absoluto da condição de entrada torna-se mais ou 
menos inevitável à medida que a entrada se processa, mesmo que todas as firmas estabelecidas 
ou entrantes em potencial tenham precisamente as mesmas condições de custo. A razão disto é 
que as sucessivas entradas irão tender a reduzir sucessivamente de modo significativo a fatia de 
mercado de todas as firmas estabelecidas e ocasionar-lhes, assim, custos significativamente mais 
elevados; e a confrontar as outras potenciais entrantes com fatias de mercado menores e custos 
mais elevados. Preços cada vez mais altos (relativos aos custos mínimos atingíveis) serão 
necessários para atrair uma subseqüente entrada, à medida que a entrada adicional eleva o nível 
vigente de custos, impondo tamanhos cada vez mais não-econômicos às firmas que entram para 
o ramo de atividade. Onde significativas economias de escala se fazem presentes, uma condição 
progressiva de entrada é mais ou menos automaticamente encontrada. 
E o que podemos dizer dos possíveis valores da condição geral progressiva de entrada? É 
neste ponto que a teorização torna-se especialmente difícil, desde que um número 
indefinidamente grande de diferentes padrões de condição de entrada são logicamente possíveis. 
Para propósitos de uma generalização inicial – grosso modo, contudo – pode ser suficiente 
distinguir alguns padrões gerais. Eles são sumariamente listados abaixo, em cada caso com a 
suposição de que a condição imediata de entrada é medida com referência aos custos mínimos 
das firmas estabelecidas mais favorecidas. 
(5) A condição imediata de entrada tem inicialmente um valor absoluto pequeno. Com 
progressivas entradas, assume valores apenas ligeiramente maiores em qualquer ponto 
da seqüência relevante; a entrada está ineficazmente impedida do ponto de vista das 
firmas estabelecidas mais favorecidas. Em outras palavras, a condição de entrada é 
sempre suficientemente baixa, de modo que um preço mais elevado indutor de entrada 
seria mais lucrativo para as firmas estabelecidas no longo prazo do que o melhor preço 
inibidor de entrada. 
(6) A condição imediata de entrada tem inicialmente um valor absoluto pequeno e 
encaminha-se para valores cada vez maiores com as sucessivas entradas; mas ao longo 
desta elevação, ela progride de ineficazmente impedida para eficazmente impedida do 
ponto de vista das firmas estabelecidas mais favorecidas (e possivelmente, mais tarde, 
para um valor bloqueado). Isto é, a entrada torna-se eficazmente impedida, no sentido 
que o maior preço inibidor de entrada seria no longo prazo mais lucrativo para essas 
firmas do que um preço mais elevado que induzisse a entrada. 
(7) A condição imediata de entrada encontra-se inicialmente num valor considerado como 
de entrada eficazmente impedida pelas firmas estabelecidas, crescendo com as 
progressivas entradas e permanecendo eficazmente impedida ou tornando-se bloqueada. 
(8) A condição imediata de entrada encontra-se inicialmente num valor bloqueado – isto é, 
o maior preço inibidor de entrada excede aquele que maximiza os lucros das firmas 
estabelecidas. 
(9) A condição imediata de entrada tem inicialmente um valor absoluto relativamente 
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pequeno, mas com as sucessivas entradas ela progride regularmente para valores 
absolutos substancialmente maiores. A condição de entrada, contudo, continua a ser 
considerada pelas firmas estabelecidas como ineficazmente impedida ao longo da 
seqüência de entrada, nunca atingindo um valor eficazmente impeditivo. Isto se dá 
porque, com as sucessivas entradas, a elevação do preço inibidor de entrada é 
contrabalançada por uma elevação dos custos, de modo que preços inibidores de entrada 
cada vez mais elevados não proporcionam lucros adequados. (Este padrão deve ser 
encontrado apenas onde se verificam substanciais economias de escala.) Neste caso, as 
firmas estabelecidas nunca consideram mais lucrativo, numa longa seqüência de entrada, 
fixar o preço em um nível suficientemente baixo para impedir a entrada10. A seqüência de 
valores ineficazmente impeditivos tenderia a resultar, com a progressão da entrada, num 
valor bloqueador, no ponto onde o preço mais lucrativo permitisse às firmas 
estabelecidas igualarem suas receitas aos seus custos e não atraísse a entrada. 
Foram listados, portanto, cinco tipos de condição geral “progressiva” de entrada em 
adição aos quatro tipos de condição “constante”. A lista total pode ser encurtada, porém, 
combinando-se os casos cujos efeitos previstos não diferem significativamente. De fato, o caso 
(5) acima, no qual o valor da condição de entrada permanece pequeno e é considerado 
indefinidamente como ineficazmente impeditivo, não difere significativamente do caso (2). 
Similarmente, o caso (7), envolvendo progressões de uma condição inicial de entrada 
eficazmente impedida, funde-se com o caso (3), representando uma condição constante de 
entrada eficazmente impedida, sem perda de detalhe na análise; o caso (8), da mesma forma, 
funde-se com o (4). Assim, apenas os casos (6) e (9) precisam ser acrescidos à nossa lista inicial 
de quatro. A lista combinada pode ser, portanto, assim apresentada: 
I. Entrada fácil constante. 
II. Entrada continuamente ineficazmente impedida, seja para um único pequeno valor 
absoluto constante da condição de entrada, seja para uma sucessão crescente de pequenos 
valores absolutos. 
III. Entrada inicialmente eficazmente impedida, seguida numa progressão de entradas seja 
por uma entrada eficazmente impedida, seja por uma entrada bloqueada (o valor absoluto 
da condição imediata de entrada pode permanecer constante ou aumentar com a entrada 
progressiva de novas firmas). 
IV. Entrada inicialmente ineficazmente impedida para pequenos valores absolutos da 
condição de entrada, progredindo para valores absolutos algo maiores e para a entrada 
eficazmente impedida. 
V. Entrada inicialmente ineficazmente impedida para pequenos valores absolutos da 
condição de entrada, seguida por valores substancialmente mais altos à medida que as 
entradas se processam, mas com a condição de entrada sendo considerada ineficazmente 
impedida ao longo de uma substancial progressão de entradas – e nunca atingindo um 
valor eficazmente impeditivo. 
VI. Entrada continuamente bloqueada, seja para um valor absoluto único constante da 
condição de entrada, seja para uma sucessão crescente de valores

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