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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS CAMPUS DE CAICÓ FÁBIO CUNHA DE AZEVEDO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: um estudo de caso sobre a divulgação de conteúdo nas páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó - RN CAICÓ – RN 2015 FÁBIO CUNHA DE AZEVEDO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: um estudo de caso sobre a divulgação de conteúdo nas páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó - RN Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador(a): Profª Esp. Clara Monise Silva CAICÓ – RN 2015 Azevedo, Fábio Cunha de. Tecnologia da Informação na Gestão Pública: um estudo de caso sobre a divulgação de conteúdo nas páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó - RN / Fábio Cunha de Azevedo. - Caicó, 2015. 60f: il. Orientadora: Esp. Clara Monise Silva. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó - Campus Caicó. Bacharelado em Ciências Contábeis. 1. Tecnologia da Informação. 2. Gestão Pública. 3. Transparência Eletrônica. I. Silva, Esp. Clara Monise. II. Título. RN/UF/BS07-Caicó CDU 004:35 Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI FÁBIO CUNHA DE AZEVEDO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: um estudo de caso sobre a divulgação de conteúdo nas páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó - RN Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Prof.ª Esp. Clara Monise Silva - UFRN/CERES Orientador ___________________________________________________________________________ Prof.ª Ms. Izabel de Medeiros Coelho - UFRN/CERES Examinador 1 ___________________________________________________________________________ Prof. Ms. Carlos José Wanderley Ferreira - UFRN/CERES Examinador 2 CAICÓ – RN 2015 Dedico este trabalho à minha família, em especial, à minha mãe Ednah, que sempre acreditou e investiu no meu potencial. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, Pai eterno, por me conceber o dom da vida, zelando por minha saúde e me dando forças para seguir em frente nos momentos mais difíceis. Agradeço à minha grande mãe Ednah Azevedo por tudo que ela representa em minha vida, por ter me mostrado o caminho da educação e ter me apoiado, incentivando e acreditando no meu potencial para que eu pudesse galgar conquistas como essa. Agradeço aos meus avós maternos (in memoriam) Severino Cunha e Dona Terezinha Azevedo por toda ajuda que me prestaram nos primeiros anos de formação educacional. Agradeço à minha tia Eunice Azevedo (in memoriam) pelo apoio em todos os momentos de dificuldade. Agradeço a todo o corpo docente por terem dedicado parte de suas vidas na minha educação, me auxiliando e orientando na busca pelo conhecimento. Agradeço à gestão pública municipal de Jardim do Seridó e aos servidores que prestaram grande ajuda em minha pesquisa. Agradeço à minha orientadora por toda ajuda prestada na elaboração deste estudo. Agradeço aos colegas de ensino médio e aos colegas de faculdade, pela imensa contribuição e motivação que me deram durante todos esses anos de aprendizado. Agradeço aos meus colegas de trabalho, pela compreensão e paciência que tiveram quando mais necessitei. Por fim, meus mais sinceros agradecimentos a todos os amigos que direta ou indiretamente trilharam comigo o caminho para chegar na realização desse trabalho. RESUMO A evolução da informática deu origem à Tecnologia da Informação que passou a fazer parte da gestão pública, trazendo consigo novas possibilidades e desafios para seus usuários. Nesse cenário de informatização, o presente trabalho justifica-se pelo fator de relevância em compreender como a tecnologia da informação se desenvolveu e como a utilização de seus recursos servem para fortalecer o elo que une cidadãos e gestores na construção de uma administração pública moderna, pautada na credibilidade e transparência de suas ações. Este estudo tem como objetivo principal verificar quais das informações consideradas obrigatórias e recomendáveis estão disponíveis on-line através das páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó/RN. A pesquisa classifica-se como descritiva, aplicando uma abordagem do problema de forma qualitativa. Os instrumentos utilizados para a coleta e seleção de dados e informações neste estudo de caso foi a aplicação de um questionário e o acesso à página virtual do município analisado. Por fim, buscou verificar se as informações disponibilizadas nas páginas da transparência eletrônica ativa encontram-se em conformidade com o que determina a Lei de Acesso à Informação, que representa um importante instrumento jurídico-administrativo para combater práticas ilícitas e incentivar a democracia social. Palavras-chave: Tecnologia da Informação, Gestão Pública, Transparência Eletrônica. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 – Notebook, Tablet e Smartphone..................................................................................................... 23 Imagem 2 – Portal da Transparência do Governo Federal......................................................................................... 32 Imagem 3 – Transparência Ativa e Transparência Passiva.................................................................................... 35 Imagem 4 – Histórico de normativos que ampliaram o acesso à informação no Brasil........................................................................................ ................................... 39 Imagem 5 – Página Inicial da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó na web................................ 45 Imagem 6 – Página da Transparência de Dados Pessoais da Prefeitura de Jardim do Seridó................................................................................................................................ 46 Imagem 7 – Páginas das Licitações da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó........ 47 Imagem 8 – Página do Portal da Transparência da Prefeitura de Jardim do Seridó ....... 48 Imagem 9 – Pagamento das Despesas Orçamentárias..................................................... 49 Imagem 10 – Perguntas Frequentes, Ferramenta de Pesquisa e Instruções de Contato............................................................................................................................50 Imagem 11 – Formulário de Solicitação de Informações e Código de Segurança.......... 51 Imagem 12 – Estruturação da Informação....................................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CGU - Controladoria Geral da União E-MAG - Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação GE - Governo Eletrônico IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LAI - Lei de Acesso à Informação LC - Lei Complementar LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal OP - Orçamento Participativo RCL - Receita Corrente Líquida REO - Relatório de Execução Orçamentária RGF - Relatório de Gestão Fiscal SIAFI - Sistema Integrado de Administração Financeira SIC - Serviço de Informações ao Cidadão SISP - Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação STN - Secretaria do Tesouro Nacional TI - Tecnologia da Informação WWW - Word Wide Web SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA ............................................ 10 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 12 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................ 12 1.3.1 Geral ................................................................................................................................ 12 1.3.2 Específicos ....................................................................................................................... 13 CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 14 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................ 14 2.1.1 A Contabilidade ............................................................................................................... 15 2.1.2 Contabilidade Aplicada Ao Setor Público ....................................................................... 16 2.1.3 Orçamento Participativo .................................................................................................. 17 2.1.4 Controle Social ................................................................................................................ 18 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................................................................................ 19 2.2.1 A Informática: Origem e Evolução ................................................................................. 20 2.2.2 O Computador ................................................................................................................. 22 2.2.3 A Internet ......................................................................................................................... 23 2.2.4 Inclusão Digital ............................................................................................................... 24 2.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA ...................................... 25 2.4 GOVERNO ELETRÔNICO .............................................................................................. 27 2.5 TRANSPARÊNCIA ELETRÔNICA ................................................................................. 31 2.5.1 Transparência Ativa ......................................................................................................... 34 2.5.2 Transparência Passiva...................................................................................................... 34 2.6 LEGISLAÇÃO PERTINENTE .......................................................................................... 35 2.6.1 Lei De Responsabilidade Fiscal ...................................................................................... 36 2.6.2 Lei Complementar 131 .................................................................................................... 37 2.6.3 Lei De Acesso à Informação ........................................................................................... 38 CAPÍTULO II – METODOLOGIA ..................................................................................... 40 3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA .................................... 40 3.1.1 Quanto à Abordagem ....................................................................................................... 40 3.1.2 Quanto à Natureza ........................................................................................................... 40 3.1.3 Quanto aos Objetivos ...................................................................................................... 41 3.1.4 Quanto aos Procedimentos .............................................................................................. 41 3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO ........... 42 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS ........................................ 42 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ..................... 43 CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................. 44 4.1 PÁGINAS DA TRANSPARÊNCIA DA PREFEITURA DE JARDIM DO SERIDÓ ..... 44 4.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ................................................................................ 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 53 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56 APÊNDICES ........................................................................................................................... 59 10 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO TEMA Fatos históricos identificam que desde os primórdios da civilização que a humanidade busca novos recursos para expandir sua capacidade, minimizar limitações e, assim, chegar o mais próximo possível de atingir seus interesses. No campo da tecnologia primitiva, destacou- se a invenção do ábaco, um dos mais antigos instrumentos de cálculo de que se tem notícia, por volta de 3.000 a.C. e que serviu de inspiração para o surgimento dos primeiros computadores digitais. Ainda nesse mesmo período, os primeiros sinais da existência da Contabilidade foram observados na civilização Sumério-Babilonense e coincidiu com a invenção da escrita. Relatos e achados históricos comprovam que por volta do ano 2000 a.C. no Egito (Sá, 1997, p.16), já havia a obrigação da existência de livros e documentos fiscais, cuja guarda era dos funcionários do Estado, os escribas. A influência do Estado como instrumento de intervenção econômica e controle tributário foi um fator importante para o desenvolvimento e evolução dos registros no Egito, onde a Contabilidade pública se desenvolveu consideravelmente. Exaustivos esforços na área tecnológica imprescindíveis para a invenção do computador e o surgimento da internet abriram caminhos para um mundo globalizado e digital onde o processamento de diferentes dados e sua conversão em informações automáticas (informática) alcançaram diferentes níveis da sociedade. Sobre isto, assim descreve Cornachione Jr. (2001, p. 105): “hoje não é mais possível aceitar o eficaz desempenho profissional em um amplo leque de atividades econômicas, científicas e educacionais,e mesmos esportivas, sem o apoio da informática, a contabilidade não foge à regra”. A Contabilidade tem como uma de suas finalidades o provimento de informação aos usuários internos e externos, como também aos stakeholders (partes interessadas). Essa informação contábil pode ser considerada o resultado final dos sistemas de informação contábeis, cujo objetivo é auxiliar os usuários no momento da tomada de decisão (MORAES, 2007). 11 Portanto, para que a contabilidade esteja em condições de fornecer informações, é necessário que atue juntamente com o sistema de informações contábil e outras ferramentas da tecnologia da informação que estejam disponíveis na organização, de forma a atender às necessidades dos diversos usuários (STRASSBURG et al., 2007). No caso da Contabilidade Pública, além de o gestor público estar obrigado a prestar contas de sua administração, ele cumpre também um papel social, pois interage diretamente com o cidadão nas audiências públicas que ocorrem frequentemente em todo o Brasil. Com o auxílio da Tecnologia da Informação, principalmente com a utilização da internet, é possível estar conectado (em tempo real) com quase tudo que acontece numa administração pública e além de suas fronteiras, obtendo importantes subsídios para combater não só a corrupção, como outras práticas ilícitas. O crescimento da internet estimulou os governantes a investir na informatização do setor público que vem adotando o uso da Tecnologia da Informação para desenvolver importantes mecanismos de transparência eletrônica para promoção da democracia, cidadania e controle social. A ideia de Governo Eletrônico reforçou ainda mais esse pensamento pois possui como principal meta aproximar cidadãos de seus governantes construindo pontes para o alcance da democracia e do bem-estar social. No entanto, pode haver dificuldades relacionadas ao uso da Tecnologia da Informação intensificadas pelas desigualdades sociais que comprometem o acesso aos dispositivos, à internet e ao conhecimento sobre informática, fazendo com que a inclusão digital seja ainda mais difícil de ser alcançada. A imersão da sociedade nesse novo mundo de possibilidades que representa a internet a nível global, também trouxe respaldos jurídicos com a instituição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Lei de Acesso à Informação (LAI), consideradas dois grandes marcos legislativos que regulamentam a máxima divulgação de informações públicas com exceção daquelas protegidas por sigilo. O cumprimento das referidas leis em conjunto com os recursos em TI, permitiram desenvolver os portais de transparência pública em todas as esferas de Governo Eletrônico representando o fim da cultura do sigilo no país. 12 PROBLEMÁTICA: Considerando a importância da Tecnologia da Informação para a gestão pública e atendendo ao que determina o § 1º e 3º do artigo 8º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, quais das informações consideradas obrigatórias e recomendáveis estão disponíveis on-line através das páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó no Rio Grande do Norte? 1.2 JUSTIFICATIVA A relevância deste trabalho se justifica devido à importância em compreender como surgiu a tecnologia da informação, como se desenvolveu e como a utilização de seus recursos servem para fortalecer o elo que une cidadãos e gestores na construção de uma administração pública moderna, pautada na credibilidade e transparência de suas ações contribuindo, efetivamente, para a promoção da cidadania e para a integração da gestão pública com uma sociedade cada vez mais conectada pela rede mundial de computadores da qual obtém acesso a informações fundamentais para lutar pelo interesse da coletividade e que, amparada pela Lei de Acesso à informação e pela inclusão digital, possui importantes incentivos para investigar e combater possíveis irregularidades, sugerir soluções, dispor de serviços básicos e ter sua representatividade nas decisões que poderão gerar o melhor custo-benefício para os envolvidos nessa interação. 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.3.1 Geral O objetivo geral deste estudo consiste em identificar a importância que a tecnologia da informação representa para a gestão pública e quais informações obrigatórias e recomendáveis devem constar on-line, atendendo ao que determina o texto da Lei de Acesso à Informação para garantir a acessibilidade e utilização das páginas da transparência eletrônica municipal pela sociedade. 13 1.3.2 Específicos Apresentar os principais fatos históricos que contribuíram para o surgimento da Tecnologia da Informação e sua implantação na gestão pública; Evidenciar o surgimento da Transparência Eletrônica e sua importância para os gestores e para a sociedade; Investigar quais dispositivos presentes no texto da Lei de Acesso à Informação podem auxiliar a população na promoção do controle social. Verificar se a Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó atende às exigências da Lei de Acesso à Informação. 14 CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A palavra administração vem do latim ad (direção) e minister (obediência), ou seja, o administrador dirige obedecendo à vontade de quem o contratou. Assim, o administrador público vai conduzir seu trabalho procurando atender à necessidade da população que o elegeu (obediência ao seu objetivo). Entende-se por Administração Pública em sentido global, segundo Meirelles (1998, p. 65), “é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”. Em todos os países, qualquer que seja sua forma de governo ou organização política, existe uma administração pública. É a administração pública que permite aos governantes cumprir as funções básicas do governo, de forma a tratar o bem público da melhor maneira possível. A gestão pública será tanto melhor quanto mais pessoas boas e honestas participarem do processo eleitoral. A população deve receber instrução e participar mais ativamente da administração pública para aprender a distinguir o bom do mau governante. Partindo-se de uma perspectiva histórica, verifica-se que a administração pública - cujos princípios e características não devem ser confundidos com os da administração das empresas privadas - evoluiu por meio de três modelos básicos: a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. a) Administração Pública Patrimonialista – Nesse modelo de administração é comum haver uma certa confusão entre o patrimônio público, o Estado e o patrimônio particular do detentor do poder. Portanto, são mais frequentes práticas de corrupção e nepotismo. b) Administração Pública Burocrática – Emergiu em meados do século XIX e sua principal característica é defender a coisa pública. O modelo burocrático enfatiza aspectos formais, controle dos processos decisórios, rígida hierarquia das funções com base em princípios profissionais e formais. 15 c) Administração Pública Gerencial – Destacou-se na segunda metade do século XX, como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e sociais do Estado e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do modelo anterior. Pressupõe-se que entre os três modelos apresentados, o gerencial é o mais coerente com o que é pretendido esboçar no presente estudo uma vez que seus pontos de maior destaque visam integrar a participação da sociedade civil com os agentespúblicos e privados dando ênfase aos resultados e à eficiência administrativa com o objetivo de defender a coisa pública. 2.1.1 A Contabilidade Considerada por diversos autores como uma das ciências mais antigas, a Contabilidade surgiu devido a ambição e curiosidade humana em descobrir se suas reservas haviam crescido ou decrescido de um período de tempo para outro. No que define Sá (2010, p. 46) em sua teoria “Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. Isso significa que a Contabilidade consegue reunir diversas informações relevantes que permitem compreender e comparar as mutações patrimoniais em um determinado período de tempo e, dessa forma, constitui um avançado instrumento para o sucesso do controle social. Em seu processo evolutivo a Contabilidade se diversificou em três grandes áreas do conhecimento como Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial. O presente estudo aborda a Contabilidade Pública que está inserida no campo de atuação da Contabilidade Financeira. Contudo, para compreender como a Contabilidade aplicada ao setor público alcançou importante destaque na publicidade de informações e controle das contas públicas, é preciso fazer um breve histórico sobre os primeiros vestígios da Contabilidade Pública brasileira. 16 2.1.2 Contabilidade Aplicada Ao Setor Público A chegada da Família Real ao Brasil em 1808 demarcou o início da Contabilidade Pública no país quando o desenvolvimento econômico juntamente com a expansão da atividade colonial desencadeou um aumento nos gastos, o que exigiu um melhor controle das contas públicas, e para solucionar este problema, D. João VI aprovou o Alvará de 1808, que criou o Erário Régio e o Conselho da Fazenda, cujo objetivo era unificar a arrecadação, a distribuição e a administração da fazenda real. Ele estabeleceu as regras contábeis, determinando a utilização do método das partidas dobradas, já utilizado em Portugal. Em 25 de março de 1824, foi outorgada, pelo então Imperador D. Pedro I, a primeira constituição do País. De acordo com Silva et al. (2004, p. 21), esta Carta Magna: [...] estabeleceu os princípios gerais da administração pública, criou o Tesouro Nacional para executar, controlar e escriturar as receitas e as despesas e também estabeleceu o princípio da anuidade do orçamento, que era executado pela Assembleia Geral, visando um controle maior e periódico das receitas e despesas. Em 1869 foi criada a Associação dos Guarda-Livros da Corte, que foi reconhecida oficialmente apenas em 1870, pelo Decreto Imperial nº 4.475. Segundo o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (2010), este Decreto foi importante, pois o guarda-livros passou a ser a primeira profissão liberal do Brasil e era o nome dado antigamente ao profissional de Contabilidade. Também comenta Silva et al. (2004, p. 33) que: [...] a falta de um sistema de contabilidade adequado foi motivo de vergonha nacional em 1914, no momento em que a Inglaterra se recusou a conceder empréstimos ao Brasil, pelo fato do Ministro da Fazenda não conseguir apresentar aos emissários a documentação contábil para comprovar as garantias oferecidas. Tal constrangimento permitiu que no início de 1922 fosse assinado por Epitácio Pessoa, o presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, o Decreto nº 4.536 que aprovou o Código de Contabilidade Pública. Segundo Lock e Pigatto (2005, p. 46), o referido código “foi o coroamento dos esforços de organização e sistematização para se construir uma contabilidade realmente informativa”. 17 Tal fato já caracterizava uma preocupação maior dos governantes para com a população, entendendo que se devia dar um destino mais correto para o dinheiro público, que de alguma forma beneficiasse a população, e não a uma minoria, mas ainda sem transparência alguma. Já com a administração burocrática em vigor e tendo como base o Decreto de 1940, foi promulgada, em 17 de março de 1964, a lei 4.320, que foi um divisor de águas para a contabilidade pública, uma lei criada à frente do seu tempo, tanto que ainda vigora até os dias de hoje. Este documento estatui normas orçamentárias e contábeis, reafirma conceitos de exercício financeiro, determina quais demonstrações devem ser apresentadas pelas entidades da administração e a estrutura dessas demonstrações. Após quase vinte anos, com a evolução da administração gerencial, que fora implantada em 1967, e que precisou evoluir naturalmente devido ao processo de globalização que o país vinha sofrendo, e logo após o fim da ditadura militar, foi publicado, em 1986, o Decreto nº 95.432/86, que criou a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), na estrutura do Ministério da Fazenda, com o intuito de promover a integração e a modernização dos sistemas de programação financeira, de contabilidade e de execução orçamentária dos Órgãos e Entidades Públicas do Governo Federal. A criação da STN foi seguida pela instituição do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), em 1987 que teve o intuito de acabar, ou pelo menos, diminuir os problemas administrativos da União e seus objetivos eram: promover mecanismos adequados, para o controle diário da execução contábil, financeira e orçamentária, aos Órgãos da Administração Pública; possibilitar que a contabilidade pública seja fonte confiável e tempestiva de informações gerenciais para a Administração Pública; integrar as informações em todo âmbito do Governo Federal e ainda fornecer maior transparência dos gastos públicos. 2.1.3 Orçamento Participativo O Orçamento Participativo (OP), alinhado às tecnologias informacionais, possibilita o empoderamento de determinados grupos sociais e é um importante instrumento de complementação da democracia representativa. 18 Esse tipo de orçamento permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma cidade e isso se torna mais evidente na concepção de Brian Wampler (2003, p. 61), quando explica que o orçamento participativo é: [...] uma das construções institucionais mais inovadoras do Brasil que oferece aos cidadãos a oportunidade de se envolverem diretamente nas questões públicas, a esperança de justiça redistributiva e a possibilidade de reforma do processo de tomada de decisão nos municípios e nos estados brasileiros. Compreende-se, então, que é através dele que a população decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados anualmente, com os recursos do orçamento da prefeitura. Além disso, ele estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem público e a corresponsabilização entre governo e sociedade sobre a gestão da cidade. A gestão pública pode fazer uso da Tecnologia da Informação para desenvolver uma ouvidoria através da internet com o intuito de incentivar a participação mais ativa e permanente da comunidade na elaboração de seu orçamento que ocorre até o dia 15 de abril de cada ano. Sem essa participação, os recursos públicos podem ser aplicados obedecendo critérios que sequer representam as melhores soluções para os problemas de maior prioridade da população. 2.1.4 Controle Social As ideias de participação e controle social estão intimamente relacionadas: por meio da participação na gestão pública, os cidadãos podem intervir na tomada da decisão administrativa, orientando a Administração para que adote medidas que realmente atendam ao interesse público e, ao mesmo tempo, podem exercer controle sobre a ação do Estado,exigindo que o gestor público preste contas de sua atuação. A participação contínua da sociedade na gestão pública é um direito assegurado pela Constituição Federal, permitindo que os cidadãos não só participem da formulação das políticas públicas, mas, também, fiscalizem de forma permanente a aplicação dos recursos públicos. 19 É dever da prefeitura informar a população, com clareza, sobre como é gasto o dinheiro público. A prefeitura deve prestar contas à população e publicar suas contas de forma simples em local visível e de fácil acesso para todos os cidadãos. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, art. 48 e 49, a prefeitura deve, ainda, incentivar a participação popular na discussão de planos e orçamentos. (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2015) Assim, o cidadão tem o direito não só de escolher, de quatro em quatro anos, seus representantes, mas também de acompanhar de perto, durante todo o mandato, como esse poder delegado está sendo exercido, supervisionando e avaliando a tomada das decisões administrativas. 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Uma grande aliada nesse processo de participação e controle social, sem dúvida é a Tecnologia da Informação que atuando em parceria com a administração pública permitiu o surgimento de novos conceitos de governança e do início da cultura de acesso à informação. As tecnologias da informação são instrumentos utilizados para alavancar a modernização, aumentar a competitividade e apoiar o desenvolvimento econômico e social de todos os setores da economia: local, nacional e mundial – públicos e privados. Atualmente, a compreensão sobre o conceito de Tecnologia da Informação (TI) está ligada ao entendimento de outros conceitos importantes. Padoveze (2004, p. 49) comenta que “informação é o dado que foi processado e armazenado de forma compreensível para seu receptor e que apresenta valor real ou percebido para as decisões correntes ou prospectivas”. E explica que: “Dado é o registro puro, ainda não interpretado, analisado e processado. Comunicação é o processo de transmissão de informação e de compreensão que somente se efetiva mediante uso de símbolos comuns”. Resumindo, informação é o dado processado de forma a ser entendido pelo receptor. A transferência de informação é a comunicação. Para Reynolds e Stairs (2002, p. 63) “a informação é uma coleção de fatos organizados de modo que adquirem um valor adicional além do valor dos próprios fatos”. 20 Carnachione Jr (2001, p. 113) considera tecnologia da informação como: Um domínio que contém todo e qualquer recurso e solução computacional que visa suportar e, sempre melhorar o processo de concepção, sensoriamento, geração, transporte e entrega da informação desejada ao seu interlocutor principal. Nesse sentido, todos os elementos disponibilizados com a finalidade de corroborar e suportar as diversas fases pelas quais permeia a informação são objetos de discussão no âmbito da tecnologia da informação. Segundo Prado, Neves e Ricco (2010, p. 1), a tecnologia da informação é entendida como “[...] um conjunto integrado de atividades realizadas através de recursos tecnológicos, computacionais e humanos para geração, utilização de informações, com o objetivo de criar soluções organizacionais e vantagem competitiva na tomada de decisão” Dessa maneira a TI representa um resultado evolutivo do surgimento e combinação de diferentes recursos analógicos e digitais que tiveram suas origens baseadas nas contribuições de diversos colaboradores responsáveis pelo desenvolvimento da informática. 2.2.1 A Informática: Origem e Evolução Quando ouvimos a palavra informática, de imediato a associamos aos computadores. Esta associação é muito lógica, pois nada mais é do que a junção das palavras “informação” e “automática”, que emergiram com os progressos realizados no domínio dos computadores. Desse modo, compreende-se que informática é o tratamento automático da informação através da utilização de técnicas, procedimentos e equipamentos adequados. Computar e calcular são palavras sinônimas, logo podemos identificar as raízes históricas dos primeiros instrumentos de cálculo utilizados pelo homem por volta de 3.000 a.C. através da invenção do ábaco que serviu de inspiração para o surgimento das primeiras máquinas mecânicas de cálculo automático no século XIX. Em 1943, após grandes avanços quanto ao uso da eletricidade, Alan Turing, considerado o “pai da computação”, conseguiu desenvolver uma máquina que foi utilizada pelos ingleses para decodificar mensagens secretas alemães. 21 Essa importante invenção cujo funcionamento era à base de válvulas, recebeu o nome de Colossus Mark 1 e foi o primeiro computador digital programável de que se tem notícia. O Mark 1 foi seguido pelo Colossus Mark 2, que foi o primeiro computador produzido em série, com 10 unidades no total. Por se tratar de um projeto secreto da Segunda Guerra Mundial, seus inventores não receberam o devido crédito e esse importante fato histórico permaneceu isolado até torna-se público na década de 70. Por outro lado, os americanos foram muito mais liberais com relação ao anúncio e compartilhamento de informações, o que fez com que o ENIAC (Electronic Numerical Integrator Analyzer and Computer) se tornasse o pontapé inicial na era dos computadores digitais. O ENIAC foi construído entre 1943 e 1945 e entrou oficialmente em operação em julho de 1946. Ele era composto por nada menos do que 17.468 válvulas, além de 1.500 relés e um grande número de capacitores, resistores e outros componentes. A invenção de Turing foi incrementada por Maurice Wilkes, renomado cientista inglês, que em 1949 desenvolveu o Edsac. Cerqueira (2004, p. 30) relata que o sucesso desse computador se deve ao fato dele “ser o primeiro computador operacional com a capacidade de armazenar os seus próprios programas”. A invenção do transistor em 1952 permitiu a substituição das válvulas e Grace Hopper foi pioneira ao desenvolver um compilador capaz de criar duas linguagens de programação possibilitando que os computadores tivessem utilidade comercial. Os primeiros circuitos integrados, os chips, surgiram na década de 60 contribuindo para a miniaturização dos computadores. Cerqueira (2004, p.34) comenta que os chips “incorporavam, numa única peça de tamanho exageradamente reduzido, várias dezenas de transistores interligados formando assim complexos circuitos eletrônicos”. Na década de 70, a Intel foi pioneira na invenção do primeiro processador central e na comercialização do primeiro microcomputador. Nos anos 80, grandes empresas como a HP e a Motorola destacaram-se pela criação dos microcomputadores de 32 bits, cujas dimensões ao longo dos anos, passaram a reduzir e o poder de processamento a expandir. 22 A expansão dos recursos informacionais somada à evolução de outras importantes tecnologias como multiprogramação, multiprocessamento e o teleprocessamento desencadearam um processo de informatização tornando o computador cada vez mais acessível sendo utilizado inicialmente por entidades educacionais, instituições financeiras, órgãos públicos, empresas comerciais, etc. 2.2.2 O Computador O computador representa um dos maiores progressos tecnológicos do século XX para a humanidade que, em virtude de sua relevância, ganhou tamanha notoriedade chegando aos mais diversos ambientes organizacionais, educacionais e domésticos. Porém, em algumas ocasiões, só é reconhecido de fato o quão importante são essas máquinas quando elas se tornam inoperantes. Sua importância histórica pode ser facilmente comparada à descoberta dofogo, da escrita, da eletricidade, da impressa, do automóvel, etc. Seria um enorme retrocesso pensar como seria o mundo sem essa engenhosa invenção. Com o decorrer dos anos, seus componentes eletrônicos encolheram chegando a escala microscópica o que permitiu que estes fossem integrados em outros importantes dispositivos utilizados diariamente e que podem ser transportados para qualquer lugar devido seu tamanho reduzido. Os notebooks, tablets e, mais recentemente, os smartphones estão entre os itens tecnológicos mais populares e que representam a portabilidade digital em diferentes tamanhos, faixas de preço e capacidade de processamento de dados cada vez mais acessíveis e consumidos mundialmente. O Smartphone, sem dúvida, é potencialmente o dispositivo móvel mais versátil da atualidade pois é capaz de unir a telefonia móvel, o compartilhamento de dados via internet e diversos outros recursos disponíveis oferecendo inúmeras possibilidades ao seu usuário como enviar e receber mensagens, acessar conteúdo on-line, proporcionar entretenimento, permitir a comunicação mundial de maneira simples, barata, rápida e eficaz, armazenar grandes quantidades de informações, etc. 23 Imagem 1 – Notebook, Tablet e Smartphone. Fonte: Google Imagens Todos esses aparelhos digitais possuem suas funcionalidades ampliadas quando conectados entre si por meio de uma ferramenta de comunicação global que na década de 90 destacou-se como a mais visível contribuição da informática para a humanidade que foi o surgimento da rede mundial de computadores, posteriormente conhecida como internet. 2.2.3 A Internet No ano de 1957, sob fortes tensões da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) disputavam o poder mundial e numa ação defensiva para proteger suas linhas de comunicação, peritos militares norte-americanos desenvolveram a primeira rede de computadores que recebeu o nome de ARPANET. Um elemento essencial de sua razão de ser era que a rede pudesse sobreviver à retirada ou destruição de qualquer computador ligado a ela, na realidade, até a destruição nuclear de toda a infraestrutura de comunicações. (BRIGGS e BURKE, 2006, p. 301). 24 Nas décadas de 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares, a ARPANET também foi um importante meio de comunicação acadêmico. Estudantes e professores universitários, principalmente dos EUA, trocavam ideias, mensagens e descobertas pelas linhas conectadas entre si. Contam Briggs e Burke (2006, p. 301), que “no início, tratava-se de uma rede limitada (Arpanet), compartilhando informações entre universidades ‘hi-tec’ e outros institutos de pesquisa”. Nas montanhas suíças, mais precisamente nos laboratórios do CERN, um instituto europeu de pesquisa, Tim Berners-Lee, um pesquisador inglês imaginou, relatam Briggs e Burke (2006, p. 302), “o que chamou de ‘World Wide Web’, em 1989”. Berners-Lee imaginava a possibilidade de integrar seu computador numa rede mundial onde cada computador fosse um arquivo desta mesma rede, podendo ser acessado por qualquer computador ligado à Net. Foi somente no ano de 1990 que a Internet começou a alcançar a população em geral. O padrão World Wide Web (WWW), possibilitou a utilização de uma interface gráfica e a criação de sites mais dinâmicos e visualmente interessantes. A partir deste momento, a Internet cresceu em ritmo acelerado revolucionando a comunicação em escala global. 2.2.4 Inclusão Digital O acesso à internet no Brasil nos primeiros anos após sua chegada era bastante limitado a um pequeno número de pessoas que faziam parte da inclusão digital pois possuíam um computador, uma linha telefônica e o conhecimento em informática necessário para buscar por conteúdo on-line. Na direção oposta, a grande maioria, que não tinha acesso a esses três elementos, fazia parte da chamada exclusão digital. A exclusão digital se combate mediante iniciativas de inclusão digital, que tratam da possibilidade de acesso dos cidadãos às tecnologias de informação, como forma de melhorar as condições de vida. Para Maria Bonilla (2001, p. 7), o conceito de inclusão digital é abrangente, “significa que aquele que está incluído é capaz de participar, questionar, produzir, decidir, transformar, é parte integrante da dinâmica social, em todas as suas instâncias”. 25 Para que haja inclusão, além de disponibilizar locais e equipamentos para acesso, é preciso também ensinar as pessoas a utilizarem os recursos da informação. Nesse contexto surge o conceito de alfabetização digital. Uma pessoa é considerada “alfabetizada digital” se tiver conhecimentos suficientes para navegar e utilizar os recursos da internet, bem como utilizar aplicativos como processadores de textos e planilhas eletrônicas. O conceito de “letramento digital” utilizado por Brandão (2005, p. 33) é mais restrito: corresponde à “capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação eletrônica, estando essa em palavras, elementos pictóricos, sonoros ou qualquer outro”. Percebe-se que o termo alfabetizado digital é apenas um dos elementos da inclusão digital, que pressupõe a utilização dos recursos eletrônicos, com destaque para a internet, como meio de participação do cidadão na vida pública – e numa visão mais ampla – como meio para a redução das desigualdades sociais. As várias ações de governo nessa área já apresentam resultados positivos, mas a desigualdade social e educacional ainda prejudica a inclusão digital no Brasil. Os telecentros públicos e comunitários são espaços que proporcionam acesso público e gratuito às tecnologias da informação e da comunicação, com computadores conectados à internet. A inclusão digital deve levar as pessoas a compreenderem que o computador e as tecnologias permitem o acesso à educação, ao trabalho, à vida social e à cidadania, possibilitando crescimento individual e melhoria da qualidade de vida. 2.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA Recentes descobertas e inovações na área de tecnologia tem impulsionado a conquista mundial através da praticidade de soluções e essa tendência tem gerado maiores cobranças para os envolvidos na gestão pública, com destaque para os profissionais da Contabilidade, que necessitam de constante atualização de seus conhecimentos a fim de executar aplicações inteligentes que demandem menos esforços e mais resultados. 26 A Contabilidade desenvolveu-se em resposta a mudanças no ambiente, novas descobertas e progressos tecnológicos. Não há motivo para crer que a Contabilidade não continue a evoluir em resposta a mudanças que estamos observando em nossos tempos. (HENDRIKSEN & BREDA 1999, p. 38) A Contabilidade Pública, influenciada direta e indiretamente pela modernidade e pelo ritmo da globalização, passou por grandes modificações na década de 1980 com a introdução de tecnologias modernas que desencadearam um processo de informatização dos ambientes de trabalho onde as atividades contábeis passaram a ser automatizadas. Praticamente forçada a acompanhar esse novo ritmo do progresso, a área contábil sofreu mutações em seus métodos de escrituração com a implantação do computador. Posteriormente, os softwares contábeis passaram a integrar escritórios e órgão públicos e novos desafios tiveram que ser enfrentados. Havia grande necessidade de treinamentos e conhecimentos sobre informática, considerados vitais para explorar todas as funcionalidades dessas novas tecnologias. Superados os obstáculos iniciais, o contador passou a ter um ganho de tempo considerável e houve redução significativa de eventuais erros oriundosde suas respectivas funções. Com isso, os relatórios contábeis que constituem uma importante ferramenta para a gestão pública e para a sociedade, ganharam mais confiabilidade e passaram a ser emitidos com mais frequência, representando um avanço enorme para o setor público que, a partir de então, passou a dispor de um grande volume de informações para serem analisadas. Desse ponto de vista, pode-se averiguar relevante contribuição da informática no desempenho de tarefas diárias na gestão dos recursos públicos, sobretudo no campo da contabilidade, quando é observado a praticidade na execução de trabalhos em um tempo relativamente reduzido quando comparado aos processos manuais de outrora. A Contabilidade, atualmente, está inserida no mais amplo contexto mundial devido ao grande fluxo de informações proporcionado pela expansão da comunicação em escala global nas últimas décadas e que só foi possível graças ao surgimento da Tecnologia da Informação. Com o auxílio da Tecnologia da Informação, principalmente com a utilização da internet, é possível estar conectado (em tempo real) com quase tudo que acontece numa administração pública e além de suas fronteiras, obtendo importantes subsídios para combater não só a corrupção, como outras práticas ilícitas. 27 Cabe aos contabilistas, confirmar sua importância perante a sociedade, reafirmar o seu papel, utilizando a Internet de forma eficiente, mostrando que essa aliança além de fortalecer o profissional, contribuirá para o enriquecimento das informações geradas na área contábil. 2.4 GOVERNO ELETRÔNICO Um recurso fundamental para modernizar o Estado e consequentemente ampliar o alcance da democracia nas ações governamentais, sem dúvida, foi o desenvolvimento da internet que, atuando com outras tecnologias, se consolidou como ferramenta de inclusão social indispensável para a participação popular nas decisões de interesse coletivo. A chegada da internet ao setor público integrou e viabilizou um novo conceito de gestão pública, surgindo a partir de então o termo denominado Governo Eletrônico (GE), que representa um novo recurso, evolução e ampliação da TI para as sociedades conectadas. Paludo (2012, pág. 157) explica que “Governo Eletrônico é um instrumento para melhorar os serviços públicos e o relacionamento com a sociedade, mediante a utilização das tecnologias da informação e comunicação”. O GE constitui uma vasta quantidade de portais de comunicação acessíveis através de interface virtual eletrônica cujo objetivo principal é aproximar cidadãos e órgãos públicos, contribuindo na construção de uma sociedade justa e participativa pautada numa gestão mais transparente que proporcione combater a corrupção, otimizar os gastos públicos, reduzir custos, exercer a cidadania, opinar nas decisões de interesse coletivo, disseminar o controle social, entre outros benefícios. Quanto aos investimentos em TI, apesar de ser um país em desenvolvimento, o Brasil tem se esforçado de maneira intensa e contínua para proporcionar maior disseminação e exploração desses recursos tecnológicos na esfera pública, investindo bilhões em reais anualmente. O processo evolutivo da TI na área pública iniciou-se com a administração de sistemas de informações, em seguida veio a administração dos Recursos de Informação e atualmente verificamos a administração de Tecnologia da Informação na Era da Informação. 28 Esses estágios passam do operacional para o estratégico, partindo da busca da eficiência administrativa, na automação e agilização dos procedimentos operacionais e burocráticos, à melhoria da atividade fim, na relação direta do Governo com o cidadão. Eduardo Diniz et al. (2009) analisa o foco das ações de TI desenvolvidas em "três fases: gestão interna (1970 a 1992); serviço e informações ao cidadão (1993 a 1998); e a entrega de serviços via internet (a partir de 1999)". As principais causas que levaram ao surgimento da necessidade do GE segundo Eduardo Diniz et al. (2009) foram: O uso intensivo das TI pelos cidadãos, empresas privadas e organizações não governamentais; a migração da informação baseada em papel para mídias eletrônicas e serviços on-line; e o avanço e universalização da infraestrutura pública de telecomunicações e da internet. Outras causas estão associadas às forças provenientes do próprio movimento de reforma do Estado, da modernização da gestão pública e da necessidade de maior eficiência do Governo. Não é somente uma questão de disponibilizar serviços na rede mundial de computadores ou talvez otimizar a prestação dos mesmos, mas compreende diversos processos tecnológicos que podem alterar em ampla escala a maneira como o povo e seus representantes no Estado interagem. Paludo (2012, pág. 157), enfatiza a ideia de interatividade: O Programa de Governo Eletrônico brasileiro pretende transformar as relações do Governo com os cidadãos e empresas, e também entre os órgãos do próprio Governo, de forma a aprimorar a qualidade dos serviços prestados; promover a interação com empresas e indústrias; e fortalecer a participação cidadã por meio do acesso à informação e a uma administração mais eficiente. Dentre os avanços institucionais relacionados às políticas de Governo Eletrônico, Wagner Araújo e Marco Gomes (2006) destacam "os portais públicos de governo na internet, que permitem ao cidadão realizar um conjunto de serviços, ter acesso a informações públicas disponíveis e estabelecer canais de comunicação com o Governo". O Governo Eletrônico, com serviços e informações prestados pela internet e por outros meios de comunicação, abrange quatro linhas de ação: 29 Voltadas ao cidadão: procuram oferecer informações e serviços aos cidadãos em geral, com qualidade e agilidade; Voltadas à eficiência interna: relativas ao funcionamento interno dos órgãos de governo, com destaque para sua utilização nos processos de licitações e contratações em geral; Voltadas a cooperação: tem a finalidade de integrar os diversos órgãos governamentais, assim como promover a integração com outras organizações públicas, públicas não estatais, e privadas; Voltadas à gestão do conhecimento: visam gerar e manter um banco de dados atualizado dos conhecimentos do Governo, para servir como fonte de informação e inovação a gerar melhorias nos processos em geral. Desse modo, as ações da internet podem ocorrer em quatro áreas: a prestação de serviços da Administração Pública; as interações da sociedade civil; a democracia eletrônica; e a democratização do acesso à internet. Essa interação entre governos e cidadãos ocorre através dos portais do Governo na internet e possibilita ações que incluem desde a comunicação direta (via e-mail) com a autoridade máxima do Poder Executivo, a formulação de reclamações através de ouvidorias nos principais órgãos governamentais, até a divulgação e troca de informações do processo de orçamento participativo. Santana Junior (2008) destaca ainda a "redução do custo do exercício da cidadania, uma vez que o cidadão terá a oportunidade de despender uma quantidade menor de tempo e dinheiro para a obtenção das informações do seu interesse". Em 2007, a Portaria nº 3, de 7 de maio, institucionalizou o e-MAG no âmbito do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP, tornando sua observância obrigatória nos sítios e portais do governo brasileiro. O Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (e-MAG) consiste em um conjunto de recomendações a ser considerado para que o processo de acessibilidade dos sítios e portais do governo brasileiro seja conduzido de forma padronizada e defácil implementação. (GOVERNO ELETRÔNICO, 2015) 30 O e-MAG é coerente com as necessidades brasileiras e em conformidade com os padrões internacionais. Foi formulado para orientar profissionais que tenham contato com publicação de informações ou serviços na Internet a desenvolver, alterar e/ou adequar páginas, sítios e portais, tornando-os acessíveis ao maior número de pessoas possível. Um portal de governo é um site público e pode ser definido como uma forma (porta) de acesso à internet patrocinada por algum órgão público, em que são disponibilizados serviços, informações, canal de comunicação via e-mail, busca na internet, links para diversos outros portais, informações e serviços etc. Segundo Maria Cunha (2000) "Um portal é uma porta de entrada na rede mundial. É a partir do portal que muitos usuários definem seus próximos passos na Web”. Para Luiz Akutsu e josé Pinho (2002): Um portal é uma página na internet a partir do qual todos os serviços e informações da entidade podem ser acessados. É também um "cartão de visitas", um "palanque eletrônico", que permite divulgar ideias 24 horas por dia, todos os dias da semana; é ainda um canal de comunicação entre governos e cidadãos que possibilita a estes exercitar a cidadania e aperfeiçoar a democracia. Sintetizando, as ações do Governo Eletrônico visam a: permitir maior participação do cidadão, com vistas ao fortalecimento da cidadania; oferecer serviços diversos diretamente pela internet; fornecer uma enorme e variada quantidade de informações de interesse da sociedade; desburocratizar, facilitar e expandir as formas de comunicação com os cidadãos, a sociedade em geral, órgãos públicos e governos, com vistas a melhorar a governança; aumentar a eficiência administrativa, com redução simultânea de custos; melhorar a eficácia e os resultados da gestão pública; aumentar a transparência das ações governamentais; promover o accountability governamental. 31 2.5 TRANSPARÊNCIA ELETRÔNICA A transparência eletrônica constitui importante avanço tecnológico que se tornou viável graças às modernas Tecnologias da Informação e aos investimentos para sua implantação, compreensão e utilização nos mais variados ambientes. Segundo Luiz Akutsu e José Pinho (2002), "a internet, ao permitir o acesso a informações disponibilizadas pelos órgãos públicos a partir de qualquer lugar do mundo, 24 horas por dia, pode ser um dos instrumentos mais eficazes para a construção de uma democracia mais efetiva". A possibilidade de compartilhar informações a longas distâncias em tempo hábil e com custo reduzido estimulou a iniciativa estatal que passou a investir no uso da internet e de meios necessários à sua propagação, dando início a um processo de informatização crucial para o sucesso desse novo veículo de comunicação. Ainda no contexto de democratização da informação, a transparência eletrônica inclui o acesso de qualquer público que possui conhecimentos mínimos em informática sendo possível fazer consultas relevantes sobre o Governo e sua estrutura administrativa, os diversos órgãos públicos, os processos licitatórios, as transferências de recursos, a legislação, etc. Paludo (2012, pág 157) nos mostra o quão é necessário zelar pela transparência quando comenta que: Mesmo que os cidadãos não disponham de tempo ou conhecimentos técnicos necessários para a fiscalização e o controle das contas de governo e demais informações disponibilizadas pela internet, a própria disponibilização da informação já se constitui numa espécie de controle. A divulgação eletrônica de informações públicas abriu novas portas para o conhecimento das ações governamentais e a maior expressividade nesse quesito pode ser facilmente constatada através dos portais públicos de transparência eletrônica. Um portal governamental é um documento em hipertexto disponibilizado por um ente na internet, capaz de divulgar informações com facilidade e abrangência, criar canais de comunicação e interação entre governantes e governados, prover meios para a prestação de serviços públicos e desta forma promover a accountability democrática. 32 O primeiro portal público brasileiro para acesso via endereço eletrônico foi o da Receita Federal criado em 1996, um ano depois da chegada da internet ao Brasil. Em 1997, já era possível enviar, de forma on-line, declarações de Imposto de Renda através de um programa chamado Receitanet. Seguindo essa nova tendência, outros importantes portais foram criados e colocados à disposição dos internautas, inclusive, alguns encontram-se disponíveis até hoje e foram aperfeiçoados conforme a internet foi se desenvolvendo. Todavia, quando o assunto é transparência, nenhum outro portal possui tal representatividade quanto o portal da transparência eletrônica desenvolvido pela Controladoria Geral da União (CGU) no ano de 2004. Imagem 2 – Portal da Transparência do Governo Federal Fonte: http://www.portaltransparencia.gov.br/ 33 O referido portal permite uma navegação intuitiva e prática, onde o internauta pode exercer o papel de fiscal do dinheiro público, verificando gastos com compras e contratações, transferências de recursos, salários pagos a servidores, etc. Caso seja constatado alguma irregularidade, o visitante encontra um espaço destinado para denunciar aquilo que julgar incompatível com boas práticas de gestão do patrimônio público. Pode-se deduzir que o portal da transparência é o mais efetivo meio de acompanhamento da destinação de recursos e sua abrangência pode ser verificada em todas as esferas de Governo seja ela no âmbito Federal, Estadual, Distrital e Municipal. O portal da Transparência disponibiliza dois tipos de consultas: referente às aplicações diretas e referente às transferências. As aplicações diretas contêm informações sobre os gastos diretos do Governo Federal em compras ou contratação de obras e serviços; as transferências de recursos contêm informações sobre como é feita a transferência dos recursos federais a estados, municípios, Distrito Federal, ou diretamente ao cidadão. O portal da Transparência reúne informações sobre como o dinheiro público federal é aplicado. Pode-se consultar, por exemplo, quanto foi repassado/quanto cada município recebeu do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB –, ou mesmo quem são os Beneficiários do Bolsa Família, quanto receberam e em que meses. Também encontram-se publicadas informações sobre os recursos federais transferidos diretamente ao cidadão e sobre os gastos diretos realizados pelo Governo Federal, em compras ou contratação de obras e serviços, incluindo os gastos de cada órgão com diárias, material de expediente, compra de equipamentos e obras e serviços, entre outros, bem como os gastos realizados por meio de Cartões de Pagamento do Governo Federal. Cabe destacar, ainda, a existência de "portais de Transparência" em todos os Ministérios e entidades da Administração indireta, a divulgar as mais variadas informações de interesse da sociedade, além de informações sobre contratações e gastos públicos. De acordo com o IBGE (2012), conforme o estágio do seu desenvolvimento, um portal pode ter caráter informativo, interativo e transacional. Entende-se o caráter informativo como aquele que permite a difusão de informações sobre os mais diversos órgãos e departamentos da administração pública, disponibilizando portal que não permite nenhum tipo de interação com o usuário e funcionando unicamente como fonte de informação. 34 Já o interativo é aqueleque permite também receber informações e dados por parte dos cidadãos, empresas ou outros órgãos. Transacional é aquele que permite também troca de valores que podem ser quantificáveis, como pagamento de impostos e contas, educação a distância, matrículas na rede pública de ensino, marcação de consultas, compras de materiais, etc. É o que permite, além da troca de informações, troca de valores e serviços. 2.5.1 Transparência Ativa A transparência ativa ocorre quando a iniciativa de divulgar as informações, que servirão para o conhecimento geral ou coletivo, partem do próprio órgão público dispensando, portanto, a necessidade de solicitação expressa. Uma vez que as informações já se encontrem previamente disponíveis eletronicamente, os cidadãos são beneficiados pois dispõem de praticidade para efetuar suas consultas ao órgão público otimizando o tempo que seria dispendido para obter respostas através de requerimentos. Em contrapartida, a administração pública também consegue se beneficiar já que o acesso on-line a uma única informação pode responder a vários interessados e, desse modo, fazer com que o número de solicitações, que necessitam do acompanhamento dos servidores para efetivar uma resposta, seja bem menor reduzindo, inclusive, os esforços e o tempo demandado para disponibilizar informações. 2.5.2 Transparência Passiva Também previsto na LAI, o princípio da transparência passiva consiste na busca por informações de interesse geral ou coletivo, exceto as protegidas por sigilo, cuja iniciativa parte do solicitante ao ente ou órgão público. Conforme regulamenta a LAI em seu Art. 10. “Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1° desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida”. 35 Imagem 3 – Transparência Ativa e Transparência Passiva Fonte: Escola Virtual da CGU Enquanto na transparência ativa a administração pública tem um custo para divulgar as informações e milhares de pessoas podem acessar as informações disponibilizadas, na transparência passiva a administração pública incorre em custos com pessoal e serviços e consegue atender somente a quem solicitou a informação. 2.6 LEGISLAÇÃO PERTINENTE A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 70, parágrafo único, estabelece que qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro e bens públicos, ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária, deve prestar contas de sua administração. Ao mesmo tempo, dispõe em seu artigo 5º, inciso XXXIII, que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 36 2.6.1 Lei De Responsabilidade Fiscal A Lei Complementar nº 101, conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi editada em 04 de maio de 2000. Segundo Rogers e Sena (2007, p. 1), “Tendo como base planejamento, transparência e controle, a Lei de Responsabilidade Fiscal surgiu como um dos principais instrumentos reguladores das finanças públicas, objetivando uma melhor gestão dos gastos e uma maior responsabilidade de seus administradores”. Os mesmos autores (2007, p. 2) acreditam que: [...] com essa Lei enfatizou-se o interesse das informações contábeis não apenas para a Administração Pública e para seus gestores, mas também para a sociedade, que se tornou mais ativa no processo de acompanhamento e fiscalização das contas governamentais, mediante os instrumentos por ela fornecidos. Conforme Pellini (2003, p. 14), a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) procurou, através de seus dispositivos, fechar o circuito do controle das finanças públicas tratando de: 1 - planejamento: definição de objetivos e metas fiscais; 2 - limites para despesas com pessoal e dívida, inclusive para novas operações de crédito, e para despesas de caráter continuado; 3 - mecanismos de compensação e correção de desvios; 4 - transparência e controle social; 5 - sanções institucionais e responsabilização pessoal em caso de descumprimento das normas. A LRF dedica o capítulo IX para a transparência, o controle e a fiscalização da gestão pública, que, de acordo com Marques et al. (2006, p. 7), são as “razões inspiradoras para a criação desta norma”. A transparência se apresenta através dos planos, orçamentos, das diretrizes orçamentárias, das prestações de contas e o respectivo parecer prévio, e da emissão de relatórios de Execução Orçamentária (REO) e de Gestão Fiscal (RGF); aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público (art. 48). Sendo que um incremento à transparência consiste no incentivo à participação popular e à realização de audiências públicas. 37 Além disso, esta mesma Lei em seu artigo 19 estabelece um limite percentual relacionado à receita corrente líquida (RCL) para as despesas com pessoal, incluindo-se aí aposentados e pensionistas, em cada período de apuração. Sendo que na esfera da União esse valor não deve exceder a 50%, nos estados este percentual não pode ultrapassar 60%, e por fim, as despesas com pessoal nos municípios também não podem exceder os percentuais de 60% da receita corrente líquida. Para o disposto neste artigo é importante ressaltar que a RCL é composta pelo somatório das receitas tributárias, patrimoniais, de serviços e as transferências correntes. 2.6.2 Lei Complementar 131 A Lei Complementar 131 (LC 131), promulgada em 27 de maio de 2009, acrescentou dispositivos à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e determinou que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios disponibilizem na internet, em tempo real, informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira. De acordo com o Decreto nº 7.185, de 27 de maio de 2010, o conceito de tempo real corresponde à “disponibilização das informações, em meio eletrônico que possibilite amplo acesso público, até o primeiro dia útil subsequente à data do registro contábil no respectivo sistema”. Os prazos estabelecidos para os Municípios e os demais entes que se sujeitam à LRF cumprir as exigências acrescentadas pela LC 131 são os seguintes: I - 28 de maio de 2010: para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; II - 28 de maio de 2011: para os Municípios que tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; e; III - 28 de maio de 2013: para os Municípios que tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitantes. Ressalta-se que os entes que não disponibilizarem suas informações orçamentárias e financeiras nesses prazos estarão proibidos de receber transferências voluntárias enquanto perdurar essa irregularidade (art. 73 - C da LRF). 38 Além disso, os gestores responsáveis que não cumprirem as exigências impostas pela LC n°131/09 e sua regulamentação poderão sofrer ações de improbidade administrativa por atentarem contra o princípio da publicidade (Art. 11, IV, da Lei n° 8429/92). 2.6.3 Lei De Acesso à Informação A Lei de Acesso à Informação entrou em vigor no dia 16 de maio de 2012 com o objetivo de garantir aos cidadãos brasileiros acesso aos dados oficiais do Executivo, Legislativo e Judiciário. Além de órgãos e entidades públicas dos três níveisde governo, as autarquias, fundações, empresas públicas e entidades privadas sem fins lucrativos que recebem recursos públicos devem colocar as informações à disposição do cidadão de forma gratuita. Conforme o artigo 3º da referida Lei de Acesso à Informação “os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes” Art. 3º [...] I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V - desenvolvimento do controle social da administração pública. Esta lei também expõe em seu artigo 8º que “é dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas”. Sendo assim, utilizando-se dos recursos da tecnologia da informação é possível fornecer o mínimo de informações que trata o texto da LAI em seu art. 8º § 1º: 39 [...] Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão constar, no mínimo: I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros; III - registros das despesas; IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados; V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. Para atender ao cidadão que deseja solicitar o acesso à informação pública, a lei prevê a criação em todos os órgãos e entidades do poder público de um serviço de informações ao cidadão (SIC). Além disso, o pedido de solicitação de informação não precisa ser justificado, sendo que a resposta ao cidadão deve ser dada no prazo máximo de 30 dias. Imagem 4 – Histórico de normativos que ampliaram o acesso à informação no Brasil Fonte: Manual da Lei de Acesso à Informação para Estados e Municípios da CGU, 2013 As demais leis que tratam de transparência, como a LRF e a LC 131, divulgam os relatórios que são obrigatórios para a prestação de contas. No entanto, por meio da Lei de Acesso à Informação, o cidadão poderá solicitar qualquer tipo de informação que seja do seu interesse, mas que não seja obrigatória por lei. 40 CAPÍTULO II – METODOLOGIA 3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA Este estudo foi desenvolvido através da utilização das técnicas da pesquisa descritiva, da pesquisa exploratória, do estudo de caso e da pesquisa qualitativa como meios necessários para a coleta e seleção dos dados. 3.1.1 Quanto à Abordagem A pesquisa foi desenvolvida com base no caráter qualitativo que conforme afirma Pereira (1999, p. 21) “Ocupa-se da investigação de eventos qualitativos, aqueles representados por dados qualitativos com referenciais teóricos menos restritivos e com maior oportunidade de manifestação para a subjetividade do pesquisador”. Ou seja, a pesquisa qualitativa concede ao pesquisador uma maior liberdade de expressar sua opinião decorrente de suas análises. Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58). 3.1.2 Quanto à Natureza Quanto à natureza escolhida, utilizou-se a pesquisa aplicada, uma vez que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos envolvendo verdades e interesses locais. 41 3.1.3 Quanto aos Objetivos No processo de elaboração desse estudo, empregou-se o método de pesquisa exploratória por se tratar de um tema novo, com pouca matéria publicada nessa área, pois ainda está em implantação e ainda está sofrendo muitas mudanças e alterações. Segundo Marconi e Lakatos (2006, p.190): Os estudos exploratórios são investigações por meio de pesquisa empírica com o objetivo de formular questões para o desenvolvimento de hipóteses, aumento da familiaridade com o ambiente do tema, visando esclarecer os conceitos para a elaboração de pesquisas futuras mais precisas. Portanto, a pesquisa exploratória destina-se a tratar de assuntos que não tinham sido objeto de profundo conhecimento, assim sendo permite conhecer com mais afinco o ambiente que será analisado. Outro método utilizado, foi o da pesquisa descritiva. De acordo com Gil (2002), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Nada impede que uma pesquisa descritiva assuma a forma de um estudo de caso (possibilidade mais comum das pesquisas exploratórias). Entretanto, as pesquisas descritivas geralmente assumem a forma de levantamentos. Quando o aprofundamento da pesquisa descritiva permite estabelecer relações de dependência entre variáveis, é possível generalizar resultados. 3.1.4 Quanto aos Procedimentos No que tange à coleta dos dados, tem-se que o procedimento técnico escolhido foi o estudo de caso, o qual conceitua Trivinos (1987, p. 133) como “[...] uma categoria de pesquisa cujo objetivo é uma unidade que se analisa aprofundadamente”. 42 Nesse contexto, uma Prefeitura Municipal foi o foco principal da pesquisa, sendo conduzida por meio de questionário direcionado aos servidores que já utilizam os recursos das diversas tecnologias da informação disponíveis. 3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO O espaço escolhido para a coleta dos dados foi a sede da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó, cujas atividades estão funcionando provisoriamente no Solar Padre Justino (Sobrado) que é um prédio histórico localizado na Rua Coronel Felinto Elísio, número 20, no centro de Jardim do Seridó – RN. Localizado a 240 km da capital potiguar, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, o município de Jardim do Seridó, de acordo com o último censo oficial realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, possuía cerca de 12.113 habitantes e de acordo com o artigo 8º da LAI, municípios com população superior a 10.000 habitantes são obrigados a disponibilizar um rol mínimo de informações que proporcione aos cidadãos a prestação de contas da gestão pública. Além disso, a referida Lei ainda recomenda alguns requisitos necessários para a ampla utilização das páginas da transparência eletrônica pela sociedade. Os sujeitos envolvidos na investigação foram precisamente os endereços na internet das páginas da transparência eletrônica ativa da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó e seu respectivo conteúdo de informações disponível para acesso em cumprimento com o que determina a Lei 12.527 de
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