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Fichário do Educador Ambiental [MMA] - Vol. 1 Ano 2 - Especial Água

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Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 1
ESPECIAL ÁGUA
vol. 1/Ano 2
FiChÁrio d@ EduCAdor AmbiEntAl
Textos para se pensar a EA
pág. 7
- As diretrizes de Educação Ambiental no 
Singreh
açÕes e projetos
pág. 11
- Em busca da governança da água
- A EA voltada aos recursos hídricos nos 20 
anos do Consórcio PCJ
- Percepção ambiental dos educadores da 
bacia do itajaí (SC) 
- Projeto “Pé na Água”
- Programa de EA no Comitê de bacia lagos 
São João/rJ
- Política pública de EA para a gestão das águas 
na bahia
entrevistas
pág. 41
- deborah munhoz
- Eldis Camargo
- Vera Catalão
- ninon machado
Cooperação Internacional
pág. 33
- Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais 
da bacia do Prata - Perspectiva regional em 
EA
- iniciativa mAP
Agenda da EA
pág. 55
- Eventos e Cursos para @ Educador
 Ambiental
Indica-se
pág. 57
- livros e publicações voltados à Educação 
Ambiental
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mma.gov.br com o assunto: recebimento 
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autor será notificado e a publicação se dará 
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EA ou por meio do blog Coleciona (http://
coleciona-ea.blogspot.com). Se possível 
nos comunique sobre seu envolvimento 
com atividades de Educação Ambiental.
Produção
oG/PnEA - dEA/mmA - CGEA/mEC 
Srhu/mmA
Coordenação Editorial
Fabiana mauro
Projeto Gráfico e Diagramação
ricardo Ferrão
Organização
Andréa Paula de Carestiato Costa 
Franklin de Paula Júnior
Sandra michelli da Costa Gomes
2
Fica autorizada a publicação total ou parcial do conteúdo 
deste fichário, desde que citada a fonte.
O conteúdo dos eventos e cursos são de inteira 
responsabilidade de seus organizadores/coordenadores.
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 3
Editorial
o Coleciona Especial “Água” expressa o reconhecimento mútuo e estratégico entre as agendas de recursos 
hídricos e de educação ambiental.
Se, por um lado, a Água é o elo de ligação entre tudo o que pulsa no Planeta, constituindo-se em matriz 
ecopedagógica ou em elemento gerador e integrador de processos educativos e formativos, por outro lado, a 
Educação Ambiental constitui-se em plataforma pedagógica dotada de estratégia e ferramentas para oxigenar, 
reorientar e fortalecer democraticamente o universo da gestão dos recursos hídricos. 
A democratização da gestão dos recursos hídricos, conforme propugnado pela Constituição Federal de 
1988 e pela lei das Águas (lei Federal 9.433/97), requer uma apropriação crescente pela sociedade brasileira, 
tanto dos seus princípios legais norteadores como do seu linguajar teórico-conceitual e do seu instrumental 
disponível para a prática de uma gestão compartilhada das águas. 
Ante o forte componente técnico estruturador dos modelos vigentes de gestão dos recursos hídricos, é 
preciso cuidado permanente para que os mesmos não se distanciem dos princípios essenciais da cidadania 
e das importantes questões estratégicas globais relacionadas ao modelo de produção e consumo vigente, às 
mudanças climáticas, a promoção dos direitos humanos (incluindo o acesso à água em quantidade e qualidade), 
ao comprometimento da base natural de sustentação da vida e dos modelos societários, e aos desafios da 
sustentabilidade. 
neste contexto, a Educação Ambiental surge com uma potência de ação muito oportuna, pois que é 
uma das principais portas de entrada da problemática socioambiental no contexto da Política, do Sistema e da 
gestão integrada dos recursos hídricos, contribuindo para transcender às eventuais tendências setorialistas e 
corporativas existentes. 
Assim, a Educação Ambiental tem um papel fundamental a desempenhar, por exemplo, na tradução dos 
conteúdos técnicos para linguagens de amplo alcance e apropriação cidadã, no diálogo entre diferentes saberes, 
na análise crítica da realidade, no estímulo à mobilização e participação social nos processos de formulação e 
elaboração das políticas públicas de recursos hídricos, na sensibilização e promoção do respeito às diversidades 
humanas, no comprometimento ético e político, no aperfeiçoamento dos mecanismos de prestação de contas pelo 
poder público, na promoção do controle social e no monitoramento dos processos de gestão pela sociedade.
A necessária aliança das agendas de recursos hídricos e educação ambiental expressa-se, oportunamente, 
não apenas neste informativo, mas em uma série de ações em curso e em outras iniciativas importantes, como 
nas reuniões da Câmara técnica de Educação, Capacitação, mobilização Social e informação em recursos 
hídricos do Conselho nacional de recursos hídricos (CtEm/Cnrh), na implementação do Programa iV 
“desenvolvimento tecnológico, Capacitação, Comunicação e difusão de informações em Gestão integrada 
de recursos hídricos” do Plano nacional de recursos hídricos (Pnrh), na estratégica de mapeamento da 
Educação Ambiental no Sistema nacional de Gerenciamento de recursos hídricos (Singreh), na realização do i 
Encontro nacional de Educadores Ambientais nos Colegiados do Singreh, em Salvador, e no encontro brasileiro 
do processo formativo do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da bacia do Prata, na unicamp.
Em um cenário dramático como o sinalizado pelos impactos das mudanças ambientais globais em curso, 
a água se configura como o recurso natural mais ameaçado e, com isso, a produção de alimentos, as atividades 
industriais, a biodiversidade e a própria sobrevivência humana enfrentam seu mais complexo desafio, que vai 
requerer a atuação incisiva de todos os atores sociais nesse enfrentamento.
Coleciona Especial Água
4
Talvez esse momento de profunda inflexão no modelo de desenvolvimento planetário represente exatamente 
a oportunidade para a integração dos povos e o início do caminho para efetiva sustentabilidade. 
buscando contemplar tudo isso, o presente volume do ColECionA traz um conjunto de artigos, entrevistas 
e indicações bibliográficas que abordam o papel da educação ambiental em todos os níveis de conexão entre o 
Sistema nacional de Gerenciamento de recursos hídricos e o tecido social vivo do qual ele mesmo faz parte e 
se fortalece.
na coluna “textos para Pensar a Educação Ambiental”, bruno Veiga e mônica branco problematizam a 
crença na existência de uma especificidade na educação ambiental voltada para a gestão de recursos hídricos 
diferente de outras concepções existentes no campo da EA, ao mesmo tempo em que relatam o processo 
de discussão e negociação, no âmbito da Câmara técnica de Educação, Capacitação, mobilização Social e 
informação em recursos hídricos (CtEm/Cnrh), que levou a aprovação da resolução Cnrh nº 98/2009, 
que traz as diretrizes para a educação ambiental, o desenvolvimento de capacidades, a mobilização social e 
informação no âmbito do Singreh.
na coluna “Ações e Projetos” são apresentados seis artigos que descrevem algumas iniciativas relevantes 
de programas de educação ambiental voltados para a gestão integrada de recursos hídricos. o primeiro, de autoria 
de Graciane regina Pereira, apresenta os resultados do diagnóstico da percepção ambiental dos educadores 
no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Itajaí, emSanta Catarina, ressaltando a necessidade de 
avanço rumo a uma educação ambiental crítica, emancipatória e comprometida com a transformação social. no 
artigo “Programa de EA no Comitê de bacia lagos São João”, denise Pena faz um breve relato do histórico de 
construção participativa deste Programa e apresenta a sua estrutura nas principais linhas de ação e atividades. 
na seqüência, outro programa desenvolvido na região transfronteiriça da bacia da APA e que aborda o papel 
estratégico da educação ambiental para a governança da água é sucintamente apresentado por Synara olendzki 
broch, ressaltando a importância de se tratar as questões da água de modo holístico, multidisciplinar, tendo a 
bacia hidrográfica como unidade de planejamento, e produzindo materiais pedagógicos em linguagem simples e 
bilingüe (português e guarani). Andréa borges e márcia Kano Castro relatam a experiência de institucionalização 
do Consórcio Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), ao longo destas duas últimas décadas, e o uso da metodologia 
de formação de multiplicadores de informação e de um conjunto diversificado de projetos para o enraizamento das 
ações de educação ambiental. Por fim, Maria Henriqueta Andrade Raymundo e Itana Augusta dos Santos Barreto 
abordam a experiência do estado da bahia, através do instituto de Gestão das Águas e Clima, com o Programa 
Agentes Voluntários das Águas que enfatiza o estímulo ao exercício da cidadania e do voluntariado junto aos 
grupos sociais minoritários e excluídos nas comunidades, visando a construção de sociedades sustentáveis nas 
bacias hidrográficas.
na coluna “Cooperação internacional”, dois artigos inéditos abordam o protagonismo brasileiro no 
desenvolvimento de programas multilaterais que têm como foco a educação ambiental para a gestão compartilhada 
das águas no contexto de integração regional de duas grandes bacias hidrográficas transfronteiriças. No 
primeiro deles, são apresentadas a gênese, a articulação e a implementação do Centro de Saberes e Cuidados 
Socioambientais da bacia do Prata, envolvendo diversos segmentos governamentais e não-governamentais 
(incluindo sociedade civil) da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, num magnífico exemplo de que é 
possível construir um sentimento de pertencimento e de identidade territorial compartilhada entre esses países 
que, além dos aspectos comuns, possuem as suas singularidades, contemplando, ainda, uma sócio-biodiversidade 
e pluralidade étnico-cultural riquíssimas. Em seguida, no artigo “iniciativa mAP (madre de dios-PE, Acre-br e 
Pando-bo): uma experiência de mobilização social na bacia do rio Acre no contexto da Amazônia”, a dra. 
Vera lucia reis relata esta experiência singular envolvendo brasil, bolívia e Peru, e que acabou se tornando 
mais um movimento social que propriamente institucional (embora também tenha obtido importantes avanços 
organizacionais e normativos), a partir da participação de cidadãos livres e independentes dos três países que 
desejam a construção de uma gestão compartilhada das águas no âmbito desta bacia hidrográfica.
na coluna “Entrevistas” quatro convidadas foram entrevistadas para apresentar suas visões sobre o uso 
estratégico da educação ambiental na gestão das águas. A professora dra. Vera margarida lessa Catalão abre 
esta seção relatando, a partir da experiência com o Projeto Água como matriz Ecopedagógica conduzido na 
extensão universitária da unb, caminhos para a ampliação da percepção ambiental, construção de novos valores 
e o aprofundamento da sensação de pertencimento a diferentes escalas territoriais em busca da sustentabilidade 
socioambiental. A importância do trabalho nas interfaces entre Gênero, Água e Educação são discutidos pela 
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 5
editorial
dra. ninon machado considerando os dispositivos presentes em diversos atos internacionais, a incorporação 
da equidade de gênero no Singreh (em especial o papel da CtEm/Cnrh), os Planos de recursos hídricos e a 
efetiva institucionalização da Política nacional de recursos hídricos e da Política nacional de meio Ambiente. 
Em seguida, a sra. Débora Munoz aborda a educação ambiental no contexto do setor produtivo. Por fim, a Dra. 
Éldis Camargo faz uma breve interpretação jurídica sobre os princípios constitucionais da água e o desafio da 
educação ambiental frente às normas legais. 
Esta edição especial conta ainda com a coluna com a “Agenda da EA”, contendo eventos para os próximos 
meses, bem como na seção “indica-se”, materiais para leitura àqueles interessados em ampliar e construir novos 
conhecimentos sobre a educação ambiental para o uso sustentável da água em nosso país.
desejamos a tod@s uma boa leitura!
JoÃo boSCo SEnrA E ClAudiSon rodriGuES
6
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 7
Textos para se pensar a EA
A Câmara técnica de Educação, Capacitação, mobilização Social e informação em recursos hídricos 
(CtEm) foi instituída na estrutura do Conselho nacional de recursos hídricos (Cnrh), no ano de 2004, com o 
desafio de enraizar os princípios da gestão integrada dos recursos hídricos em toda a sociedade.
No ano seguinte, a CTEM constituiu um Grupo de Trabalho específico sobre a temática da educação e 
capacitação – o Gt Cap. desde a sua criação, o Gt Cap direcionou esforços para a construção participativa 
de orientações gerais para a educação ambiental, o desenvolvimento de capacidades, a mobilização social e 
informação no âmbito do Sistema nacional de Gerenciamento de recursos hídricos - Singreh.
Assim, a construção da resolução Cnrh nº 98/2009 – que trata dessas temáticas – tornou-se ela mesma 
um processo educativo, envolvendo vários espaços e atores no diagnóstico, debate crítico e a negociação de 
consensos em torno da educação ambiental para a gestão dos recursos hídricos.
mas existe mesmo uma educação ambiental para a área de recursos hídricos diferente de outras concepções 
existentes de educação ambiental? Esse breve artigo visa exatamente explorar essa questão enquanto trata da 
trajetória da resolução do Cnrh que estabelece diretrizes para a educação, desenvolvimento de capacidades, 
mobilização social e informação em recursos hídricos.
A preocupação da CtEm e do Gt Cap sempre foi trabalhar temas e, por conseguinte, editar resoluções 
contextualizadas pela realidade dos entes do Singreh, em especial dos comitês de bacia hidrográfica. No entanto, 
percebia-se pelo contínuo trabalho da câmara que uma grande diversidade de concepções fundamentava as 
iniciativas em educação ambiental com enfoque em água – quer fossem projetos, programas e ações do governo 
federal ou mesmo da sociedade civil organizada – em diferentes bacias hidrográficas.
de fato, o conhecimento sobre a educação ambiental com enfoque para a gestão da água era bastante 
parco, assim como sua estruturação nos entes do Singreh, cuja instituição é bastante recente e organizada a 
partir da Política nacional de recursos hídricos (lei nº 9.433/1997). 
Como primeira iniciativa da CTEM nesse campo, foram realizadas duas oficinas em 2006, uma para 
identificar experiências, concepções e métodos de capacitação no âmbito do governo federal, e a segunda, 
durante o Fórum nacional de Comitês de bacia (FnCbh), com representantes dos três principais segmentos 
presentes na gestão participativa da água – governo, sociedade civil e usuários - separadamente.
Com essa primeira iniciativa, o Gt Cap percebeu uma grande confusão conceitual entre educação 
ambiental e capacitação com enfoque na gestão integrada de recursos hídricos. A capacitação para a gestão 
integrada dos recursos hídricos é fundamental para manter dinâmica e eficiente toda a estrutura participativa do 
Singreh prevista na lei nº 9.433/1997. 
mudanças constantes nos membros, despreparo, falta de diálogo entre representantes e seus segmentos, 
frágil conhecimento técnico para contribuir na tomadade decisão eram e são apenas alguns dos problemas dos 
espaços decisórios no Singreh. Entretanto, boa parte dos participantes da segunda oficina durante o FNCBH 
apresentava como ação, programa ou projeto de capacitação, apenas projetos de educação ambiental envolvendo 
escolas, alunos e professores.
Ao mesmo tempo, somente a educação ambiental não pode dar conta de formações continuadas 
envolvendo uma gama de conteúdos técnicos especializados que são necessários para empoderar os atores 
que participam dos processos de tomada de decisão. Tais conhecimentos dificilmente podem ser repassados 
As diretrizes de Educação Ambiental no Sistema 
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos 
(Singreh)
Bruno A. da Veiga 1
Mônica Branco 2
A trajetória da Resolução CNRH nº 98/2009
8
adiante pelos sujeitos da aprendizagem com a eficiência necessária, o que pressupõe um processo permanente 
de formação para a gestão da água no Singreh. 
Por outro lado, a educação ambiental contém os pressupostos para orientar a formação de sujeitos durante 
os processos de capacitação e não pode ser dissociada desses. Assim, temos duas vertentes de trabalho no 
campo da gestão integrada dos recursos hídricos: a primeira, que trata do desenvolvimento de capacidades 
para a gestão, conceito surgido no Capítulo 37 da Agenda 21, e que se consolidou como orientação na agenda 
internacional da gestão de águas; e a segunda, a educação ambiental propriamente dita, que permite a 
sensibilização e o engajamento de toda a sociedade para a conservação e preservação das bacias hidrográficas 
e para o uso sustentável da água.
de fato, muitos projetos de educação ambiental com enfoque em recursos hídricos podem ser mais 
classificados como ações do que realmente processos educativos, porque na sua concepção são esquecidos os 
objetivos de ensino-aprendizagem. Além de não possuírem uma concepção adequada, os projetos redundam 
praticamente nos mesmos tipos de ações: limpeza de margens de rios, coleta de amostras de água, plantio de 
mudas em matas ciliares, etc. 
não se trata de uma crítica a esse tipo de ação, pelo contrário. mas a pouca diversidade de ações em geral 
desenvolvidas em complementaridade ao processo de ensino-aprendizagem revela não só o pouco conhecimento 
que os educadores possuem sobre a gestão da água, como também a fraca capilaridade da Política de águas nas 
bacias. não desconsideramos aqui as muitas exceções, e ainda, não falamos apenas de iniciativas locais, mas 
também de projetos no âmbito do governo federal que desconsideravam inclusive os fundamentos e objetivos da 
Política nacional de Educação Ambiental - PnEA (lei nº 9.795/2000). 
Assim, não há uma educação ambiental diferente para a área de recursos hídricos, e a necessidade de 
realinhar o seu desenvolvimento no Singreh com a PnEA, além da fragilidade das ações, projetos e programas 
voltados para a gestão da água, levou o Gt Cap a desenhar a resolução Cnrh nº 98/2009.
não defenderemos aqui a resolução, pois ela pode ser lida diretamente pelos interessados na página do 
CNRH. Mas nos interessa, sobretudo, apresentar o seu processo de construção, pois nele temos um significativo 
retrato de como educação ambiental é pensada e estruturada dentro do Singreh.
Com base na construção colaborativa realizada nas duas oficinas anteriores, o GT Cap sistematizou 
uma proposta de resolução em 2007 que foi bastante debatida na CtEm e encaminhada para um processo de 
consulta aos Comitês de bacia em fevereiro de 2008. Em sua primeira fase de discussão interna, a resolução 
recebeu uma série de contribuições oriundas de sujeitos com diferentes trajetórias e experiências de vida no 
campo da Educação Ambiental - EA. 
de fato, essa diversidade de idéias e concepções é própria do movimento ambientalista, intimamente 
associado à evolução da EA no brasil, que acolheu diferentes agendas de luta política de grupos sociais 
diferenciados. E, no intuito de tornar legítima a proposta de resolução, percebemos que, quanto mais pertencimento 
dos atores, menos objetiva e clara ficava a resolução. 
no entanto, esse realmente foi o verdadeiro objetivo do seu processo de construção e de consulta pública: 
levar o debate sobre a educação e outros temas, mesmo com o texto impreciso e inacabado, para o seio do 
Singreh, provocando reflexões e promovendo o retorno que a CTEM necessitava para aprimorar sua atuação e 
diálogo como câmara técnica. Assim, o objetivo principal da resolução, antes de ser promulgada, era o de apoiar 
a identificação das necessidades e demandas de fortalecimento dos espaços de EA no Singreh. 
no exercício dos órgãos gestores na esfera federal de governo ou mesmo nos órgãos associativos do 
Singreh, não se tem uma idéia de quantos comitês ou conselhos estaduais de recursos hídricos possuem espaços 
deliberativos e de construção da EA no brasil. isso é preocupante e revela uma profunda falta de comunicação 
dentro do próprio Singreh, e de óbice aos esforços que a CtEm vem desenvolvendo há quase cinco anos de 
existência, na tentativa de estabelecer tal processo dialógico de construção da política de águas no que tange à 
EA.
Como pacto federativo que a Pnrh representa, e levando em conta as diferenças e peculiaridades 
regionais, não podemos estabelecer então, no campo da EA, uma normatização para todo o Singreh e, portanto, 
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 9
Textos para se pensar a EA
a CtEm optou por uma resolução inicialmente com diretrizes, ou seja, orientações fundamentais para que 
os diferentes entes do Singreh, e até instituições presentes nos seus segmentos, possam desenvolver uma 
educação ambiental permanente e processual, respeitada a PnEA.
Ao final da consulta pública, o GT Cap organizou, com a participação do FNCBH e a Rede Brasileira de 
organismos de bacia - rebob, um novo seminário no X Encontro Anual do Fórum nacional, no rio de Janeiro, 
em novembro de 2008. nesse evento, representantes dos organismos de bacia que possuíam em seus comitês 
câmaras técnicas ou grupos de trabalho específicos de educação ambiental, evidenciaram que quase 60% não 
tinham idéia do que fazia a CTEM, e 30 % afirmava que a resolução não havia sido discutida pelo seu comitê, e 
outros 30% que não faziam idéia se ela havia sido discutida. 
Essa situação demonstra, mais do que uma falta de comunicação entre os entes do Singreh – em especial 
do Cnrh com os organismos de bacia, a fragilidade com que a educação ambiental vem ocupando os espaços 
no sistema, quando, em muitos casos, foram processos educativos para a gestão das águas que levaram à 
mobilização para a criação de comitês. 
Ainda existem muitos pontos na resolução que não são consenso ou precisam ser aprofundados e 
aprimorados. mas de fato, o processo de construção serviu como um verdadeiro diagnóstico da EA na gestão da 
água, despertando os diferentes espaços de EA no Singreh para o diálogo e a reflexão, buscando assim o seu 
fortalecimento e consolidação.
nas últimas duas décadas, os espaços de participação por oferta estatal têm se multiplicado e inúmeros 
planos, programas e outros documentos têm sido construídos de forma colaborativa, o que torna fundamental 
estabelecer o potencial educativo desses processos como parte de seu planejamento.
1 bruno Veiga, Engº Florestal e doutor em desenvolvimento Sustentável, é pesquisador do Centro de 
desenvolvimento Sustentável da universidade de brasília, tendo sido representante do ministério da Educação 
na CtEm em 2004 e 2005, como convidado pela CtEm. integrante do Gt Cap.
2 mônica branco, arquiteta e urbanista, mestre em desenvolvimento Sustentável, é especialista da 
Superintendência de Saneamento e infraestrutura da Caixa Econômica Federal e representou o ministério da 
Fazenda na CtEm de 2004 a 2009, como coordenadora do Gt Cap.
10
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 11
ações eprojetos
introdução
A promulgação da Constituição Federal de 1988, denominada Constituição Cidadã, além de identificar em 
diversos artigos a necessidade da participação social na definição de políticas públicas, também estabelece que 
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado...”, Art. 225, e define que a União deve instituir 
o Sistema nacional de Gerenciamento de recursos hídricos (Art. 21). Este representa o marco referencial 
importante da atual etapa da gestão integrada dos recursos hídricos no brasil.
A Lei 9.433/97 regulamenta esse artigo da Constituição, define o modelo brasileiro de gestão das águas e 
inclui a participação social na formulação e execução da política de recursos hídricos. Estabelece a necessidade 
de articulação entre as diversas esferas administrativas para a implantação dessa política.
no Sistema que surge com a lei, foram definidos os comitês de bacia: organismos de caráter deliberativo e 
normativo, atuantes nas atividades de formulação da política de recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, 
unidade de planejamento e gestão dos recursos hídricos no brasil. nos comitês se praticam os conceitos de 
descentralização decisória e de participação. o comitê é o foro onde são tomadas as principais decisões políticas 
sobre a utilização das águas da bacia, com a representação da sociedade civil, do poder público e dos usuários 
da água.
todo um processo recente de participação social e de gestão da água foi instituído no país, sendo 
identificada a necessidade de realização de eventos de formação com os diversos atores que compõem esses 
colegiados.
nesse sentido, a rede brasileira de Capacitação em recursos hídricos - Cap-net brasil criou, em 2008, 
um programa que teve por objetivo realizar uma programação de formação e capacitação, implementado junto 
a 12 comitês de bacia hidrográfica de rios de domínio estadual e outros organismos de bacia existentes, com 
vistas a apoiar a qualificação de seus membros. As ações do Programa visaram alcançar a sociedade civil, os 
usuários da água e o poder público, como participantes desses organismos, tendo em conta a Gestão integrada 
dos recursos hídricos -Girh.
1 – A experiência do Programa de Desenvolvimento de Capacidade em Comitês de Bacias Hidrográficas 
brasileiros
o Programa foi elaborado considerando algumas premissas básicas que vêm orientando o trabalho 
desenvolvido no âmbito da Cap-net brasil: 
 (i) que um trabalho de desenvolvimento de capacidades para membros de Comitês deve visar o debate 
sobre os valores voltados para a participação responsável na Girh;
 (ii) a necessidade de respeitar as especificidades e diversidade cultural dos participantes dos diversos 
Comitês formados; 
 (iii) que o trabalho de Girh deve estar relacionado com o de Educação Ambiental, tendo este como um 
instrumento que possa fortalecer o processo de gestão da água e dos recursos hídricos; 
 (iv) necessidade de estabelecer uma grade mínima de temas que devem ser abordados em todos os 
eventos de formação, com o objetivo de desenvolver conceitos homogêneos sobre esses temas.
Considerando essa base conceitual, a proposta apresentada aos Comitês era composta de duas partes; 
na primeira foram elencados os temas considerados básicos, ou seja, que tinham que ser abordados em todos 
os eventos de formação; a segunda parte era definida pela diretoria do Comitê e composta por temas que foram 
considerados essenciais para o momento.
Andréa Paula de Carestiato Costa1
Maria Manuela Martins Alves Moreira2
Leonardo Julian Rodrigues Klosovski3
Em busca da governança da água
Circuito de desenvolvimento de capacidades em 12 bacias 
hidrográficas do Brasil*
12
os temas considerados básicos no Programa foram:
Gestão e gerenciamento: conceitos, desenvolvimento sustentável; conceitos e evolução histórica da • 
gestão ambiental;
Hidrologia e Ciclo Hidrológico: definições; as águas superficiais, meteóricas e subterrâneas; • 
Bacia Hidrográfica: conceitos; parâmetros característicos; a bacia como um sistema e como unidade • 
de planejamento e gestão de recursos hídricos; 
Divisão Hidrográfica Nacional;• 
Gestão de recursos hídricos e o uso múltiplo das águas: os usos preponderantes e prioritários;• 
Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH): definição; consideração dos diversos elementos do • 
meio natural, com ênfase na questão do clima; aspectos antrópicos relacionados aos diversos usos; a 
transversalidade da perspectiva de gênero. A gestão integrada de recursos hídricos e a relação com a 
zona costeira. Águas transfronteiriças. Conservação e reuso de água;
metas de desenvolvimento do milênio e a temática da água, em especial a perspectiva da eqüidade • 
de gênero na Girh;
Aspectos da participação social na definição de políticas públicas: a questão da governança e da • 
governabilidade;
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh): definição, atribuições e relações • 
entre os entes que o compõem, destacando os Comitês de Bacias Hidrográficas;
representação (organizações privadas, instituições públicas, empresas, associações, entre outras) e • 
Representatividade: o papel dos diversos atores nos Conselhos e Comitês; resolução de conflitos;
temas transversais: a articulação da Política nacional de recursos hídricos com as políticas dos • 
setores usuários e com outras políticas públicas, como a do meio Ambiente e de Saneamento. A 
articulação dessas políticas no espaço geográfico da bacia hidrográfica.
O Programa estabeleceu, então, que na articulação com os parceiros e com os Comitês identificados 
essa grade mínima seria adequada às especificidades locais e complementada pelos temas identificados no 
colegiado. 
O principal critério utilizado para definir quais seriam os comitês selecionados, entre os 142 que estavam 
em funcionamento no momento de criação deste Programa, foi identificar os Comitês que tinham até dois anos 
de formação e serem preferencialmente comitês de rios de domínio estadual. Em seguida, após o primeiro 
contato com o Comitê, o interesse deste em participar ativamente do processo foi decisivo para a inclusão do 
mesmo nos trabalhos.
2 - A implementação do Programa 
A primeira etapa do Programa envolveu o trabalho de articulação com os parceiros institucionais, a montagem 
das equipes técnicas locais, a mobilização de participantes e instrutores dos módulos temáticos, a preparação 
de materiais pedagógicos e a realização propriamente dos eventos de formação. nesta etapa conduzida 
pela Coordenação Técnica foi possível dispor de recursos institucionais – disponibilidade de profissionais – e 
financeiros de parceiros, que viabilizaram a realização de cada uma das oficinas e a consolidação de seus 
resultados em relatórios. 
A partir do Programa da Cap-Net Brasil, os recursos financeiros alocados, e de acordo com a estruturação 
acima exposta, foi promovida a articulação com atores relevantes, muito especialmente o ministério do meio 
Ambiente, o ministério das Cidades, a Secretaria Executiva dos Comitês de bacia, a rede brasil de organismos 
de Bacia (REBOB) e o Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH), Agencia Nacional de 
Águas (ANA), evoluindo para a definição final do Programa Circuito de Desenvolvimento de Capacidade em 
Comitês de Bacia Hidrográfica e sua implantação. 
Em alguns eventos houve contribuição efetiva dos órgãos estaduais e municipais. As universidades 
regionais e locais também participaram de modo importante com seus professores, além, de conjuntamente com 
a Cap-Net Brasil, emitir a certificação acadêmica aos participantes nas oficinas, que é um documento relevante 
para participantes e docentes. 
Ao longo do período executivo do Programa, a Cap-Net Brasil mobilizou e desenvolveu as oficinas nas 
seguintes bacias:
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 13
ações e projetos
CBH TEMASESPECÍFICOS Data da Oficina Local Participantes
miranda tecnologias alternativas agrícolas de cultivo no Pantanal. 09 e 10/09/2008 Campo Grande, mS 33
mundaú - manguaba integração das políticas de recursos hídricos e zona costeira; Sustentabilidade e planejamento do Cbh.
17 e 18/07/2008 maceió, Al 26
Paraguaçu novas iniciativas de mobilização local para gestão das águas. 06 e 07/08/2008 Salvador, bA 24
recôncavo norte Agências de bacia;integração das políticas de recursos hídricos e zona costeira.
04 e 05/08/2008 Salvador, bA 23
Verde - Jacaré novas iniciativas de mobilização local para gestão das águas; Educação ambiental com ênfase e saneamento e desertificação.
08 e 09/08/2008 irecê, bA 37
tarumã Gestão de recursos hídricos;representação e representatividade.
26 e 27/06/2008 manaus, mA 24
itapemirim Agências de bacia;integração das políticas de recursos hídricos e zona costeira.
25 e 26/06/2008 Cachoeiro, ES 60
lagos São João Gestão de recursos hídricos; representação e representatividade.
29 e 30/11/2007 Cabo Frio, rJ 40
ribeira do iguape
Sustentabilidade das águas; 
Sistema de gestão integrada de recursos hídricos;
Classificação de Corpos d’água – Resolução 357 Conama;
Sistema de informação geográfica para gestão de BH;
legislação relacionada a recursos hídricos.
28 e 29/07/2008 Juquitiba, SP 52
Alto Jacuí
representação e representatividade; 
Gestão integrada de recursos hídricos; 
Planejamento Estratégico de Bacias Hidrográficas.
13 e 14/08/2008 Passo Fundo, rS 114
Passo Fundo
representação e representatividade; 
Gestão integrada de recursos hídricos; 
Planejamento Estratégico de Bacias Hidrográficas.
13 e 14/08/2008 Passo Fundo, rS 113
Várzea
representação e representatividade; 
Gestão integrada de recursos hídricos; 
Planejamento Estratégico de Bacias Hidrográficas.
24 e 25/07/2008 Frederico Westfallen, 
rS
38
totAl 584
* Em todas as Oficinas foram também abordados os temas: “Diagnóstico regional/local, debate e problematização” e “Aspectos 
institucionais e legais sobre a gestão dos recursos hídricos e suas interfaces da legislação da gestão de recursos hídricos”.
Na quase totalidade dos Comitês de Bacia, a realização da oficina de formação foi um evento inédito, 
conforme registrado nos respectivos relatórios, disponibilizados em meio virtual no sítio da Cap-net brasil (http://
www.capnet-brasil.org/circuito.asp) e compilados em dVd.
É importante ressaltar que, segundo a avaliação realizada após cada oficina, todos os eventos foram 
considerados bastantes satisfatórios pelos participantes, principalmente no que tange aos assuntos abordados 
nas palestras ministradas pelo grau de interface entre tais assuntos.
2 – Oficina de Avaliação – Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas - Rio de Janeiro 
Do ponto de vista da avaliação do Programa, foi realizada uma Oficina no dia 13 de novembro de 2008, no 
Rio de Janeiro, no âmbito do Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas quando foram analisados 
seus resultados e feitas as reflexões e propostas para o desenvolvimento futuro do Programa. 
A avaliação foi positiva e como proposta de continuação do Programa foram realizadas as seguintes 
observações:
dar continuidade ao programa de formação presencial nos comitês que participaram da primeira • 
rodada;
os comitês devem escolher os temas de acordo com a sua necessidade;• 
o público-alvo deve ser melhor definido, para que na haja desmotivação do público em relação ao • 
tema e ao palestrante;
elaborar eventos específicos orientados para os segmentos que compõem o comitês: prefeituras, • 
usuários, sociedade civil, etc;
14
colocar temas de mediação de conflitos nos temas básicos;• 
promover o intercâmbio das experiências entre os Cbhs;• 
ensino a distância, realização de conferências virtuais e elaboração de material pedagógico;• 
formação presencial: 1) temas estruturantes e básicos; 2) temas específicos;• 
ampliar para não membros e sociedade de forma a dar mais visibilidade aos Cbhs, e promovendo o • 
fortalecimento das bases.
Essas indicações deverão orientar os trabalhos da Cap-net brasil na continuidade do Programa.
3 – o Programa e seus próximos passos
Para a dinâmica dessas atividades e seus desdobramentos futuros a médio e longo prazos, na perspectiva 
da consolidação da governança, a Cap-net brasil está potencializando inúmeras alternativas de avanço do 
Programa em outros formatos e metodologias que devem surgir no exercício da sua implantação. 
Cursos a distância poderão gerar avanços no esforço de conseguir o equilíbrio entre suas dimensões 
tecnológicas e suas dimensões institucional, espacial e socioambiental, especialmente no que diz respeito às 
atividades de sensibilização/mobilização social e educação ambiental nas comunidades. 
Em seu Programa de trabalho para 2009, a Cap-net brasil tem presente em todos os projetos propostos 
temas transversais como inclusão social, mitigação da pobreza, acesso à água e saneamento e a perspectiva 
de gênero. Assim, a continuidade do Programa deverá ser em bases otimizadoras dos esforços institucionais, 
técnicos e financeiros com os demais Programas da Cap-Net Brasil na medida em que se articulem mutuamente, 
promovendo sinergias. 
Pode-se também examinar a possibilidade de difundir esta experiência nos demais países lusófonos, no 
contexto da Parceria lusófona pela Água em cooperação com a Parceria brasileira pela Água – GWP brasil.
As sinergias entre projetos são fundamentais como ponto de partida para a discussão com as 
instituições parceiras, visando a estrutura e a gestão do projeto de continuidade, lembrando que os custos são 
significativos. 
Com este somatório de ações em conjunto, a Cap-net brasil poderá desenvolver mais uma vez um projeto 
de vanguarda e inovador, aliando as suas ações que historicamente vêm se consolidando no brasil na área de 
desenvolvimento de capacidades para a gestão integrada de recursos hídricos.
1 Andréa Paula de Carestiato Costa é graduada em licenciatura em Ciências habilitação biologia, pela 
universidade Federal rural do rio de Janeiro, e mestre em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social, 
pela universidade Federal do rio de Janeiro. Em 2008 coordenou o Programa Circuito de desenvolvimento de 
Capacidades nos Comitês de Bacias Hidrográficas pela Cap-Net Brasil. Atualmente é técnica do Departamento 
de Educação Ambiental – dEA/SAiC/mmA.
2 Maria Manuela Martins Alves Moreira é geógrafa/UFMG, e doutora em Geografia e Planejamento pelo Instituto 
daniel Fauché da universidade toulouse-le-mirail, na França. Atualmente é consultora na Secretaria de recursos 
hídricos do ministério do meio Ambiente.
3 leonardo Julian rodrigues Klosovski é graduado em biologia pelo Centro universitário de brasília. Pós-
Graduação lato-Sensu em Gestão de recursos hídricos. Atualmente é técnico especializado da Srhu.
* Programa de Desenvolvimento de Capacidade em Comitês de Bacias Hidrográficas da Rede Brasileira de Capacitação em Recursos 
hídricos - Cap-net brasil
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 15
ações e projetos
nas últimas décadas muito se investiu em conscientização e em gestão de recursos hídricos no Estado 
de São Paulo. A gestão dos recursos hídricos é a forma de se evitar e reduzir conflitos, facilitando o convívio dos 
distintos interesses de uma região. A bacia hidrográfica é reconhecidamente o espaço mais adequado para se 
debater estes assuntos ambientais. E para geri-lo, se faz necessário um trabalho de mobilização e conscientização 
junto aos usuários de água, para que estes contribuam no processo de implantação das políticas públicas 
relacionadas aos recursos hídricos e às ações de preservação, recuperação e conservação, imprescindíveis à 
proteção da água.
Fundado em 13 de outubro de 1989, o Consórcio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba, Capivari 
eJundiaí (Consórcio PCJ) é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos que tem como objetivo a 
recuperação dos mananciais da sua área de abrangência, no planejamento e no fomento de ações preventivas 
em gestão dos recursos hídricos, na integração regional e na conscientização ambiental. Tem como finalidade 
contribuir para a implantação de um sistema de gestão descentralizada dos recursos hídricos e desenvolver, em 
parceria com entidades públicas e privadas, projetos e ações práticas para a recuperação e preservação dos rios 
das bacias PCJ, buscando assim garantir o desenvolvimento econômico e sustentável da região.
A iniciativa de se constituir o Consórcio PCJ surgiu em 1985 e estava diretamente ligada a movimentos da 
Sociedade Civil organizada. Prova disso foi movimento regional denominado “Campanha Ano 2000 - redenção 
Ecológica da bacia do rio Piracicaba”, que estabeleceu os pilares para a criação do Consórcio. inspirado na 
gestão da França, o primeiro Plano de Atuação do Consórcio estabeleceu prazos e ações para criação de 
legislação específica para o setor (na época existia apenas o Código da Águas, de 1934). A Política do estado de 
São Paulo de recursos hídricos estava prevista e foi promulgada em 1991 (lei 7.663/91). 
 Um a um os alicerces foram edificando a “Gestão dos Recursos Hídricos”. Foi necessário envolver a 
comunidade do estado de São Paulo e o movimento extrapolou os limites das bacias PCJ. de forma crescente, 
em 1997 chegamos à Política nacional dos recursos hídricos (lei 9.433/97). E assim vieram os Comitês de 
bacias, a Agência de Água, e todas as peças e instrumentos do sistema de gestão. hoje, a entidade se constitui 
em uma força política suprapartidária expressiva e, devido ao pioneirismo de suas ações na gestão dos recursos 
hídricos, possui grande respeitabilidade junto à opinião pública, sendo considerada modelo e referência no brasil 
e no exterior. 
O Consórcio PCJ possui independência técnica e financeira e os recursos arrecadados se aplicam em 
programas e ações ambientais. desta forma, desenvolve e aplica, de acordo com o seu plano de atuação, treze 
programas, que são eles: Apoio aos Consorciados, Grupo das Empresas, investimento r$ 0,01m3, racionalização, 
Combate as Perdas de Água e Saneamento, Educação Ambiental, Gestão de bacias, Cooperação institucional, 
Proteção aos mananciais, resíduos Sólidos, Sistema de monitoramento das Águas, Gerência de Comunicação 
Social e de Parcerias e Agência de Águas PCJ. Junto com seus associados e parceiros vem trabalhando para 
aumentar o índice de tratamento de esgoto, reduzir perdas nos sistemas de distribuição, aumentar o reuso da 
água, além de promover proteção aos mananciais através do reflorestamento ciliar, da educação ambiental, 
dentre outras ações. 
Atualmente um dos principais desafios do Consórcio PCJ é a COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA. Desde 
2005 o Consórcio através da indicação dos Comitês PCJ desempenha as funções de agência delegatária, ou seja, 
Agência de Águas nas bacias PCJ, com o objetivo de apoiar o gerenciamento dos recursos hídricos e gerenciar 
os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água nos rios de domínio da união. mais recentemente foi 
indicado pelo Conselho Estadual de minas Gerais para exercer o papel de Agência de bacia PJ.
Andréa Borges1
Márcia Kano Castro2
A Educação Ambiental voltada aos recursos
hídricos nos 20 anos do Consórcio PCJ
16
no próximo dia 13 de outubro de 2009, o Consórcio PCJ comemora vinte anos de fundação. Ao usar o termo 
“comemora” não é apenas um recurso retórico, mas uma forma de demonstrar a satisfação pelas conquistas até 
aqui implementadas. o que aprendemos neste intervalo? Como abordamos os aspectos pertinentes à educação 
ambiental ontem e hoje? Estas são algumas das perguntas que pretendemos elucidar neste texto, trazendo ao 
leitor desta edição especial de o ColECionA um pouco da experiência do Consórcio PCJ.
 As bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí possuem 15.320 km2 e formam uma região de grandes 
conflitos pelo uso da água em virtude da baixa disponibilidade e alta demanda desse recurso natural. A região 
possui 5 milhões de habitantes e a atividade econômica é altamente desenvolvida, considerada o segundo pólo 
industrial do país, responsável por mais de 5% do PIB brasileiro, o que tem acarretado um aumento considerável 
no uso e consumo de água e, consequentemente, grande deterioração de sua qualidade. Além disso, ocorre 
nas bacias PCJ a reversão de até 31 m3/s de água pelo Sistema Cantareira, para o abastecimento de 50% da 
população da região metropolitana de São Paulo, com aproximadamente 9 milhões de habitantes.
 Aliada a esses problemas, existe também a falta de informação da sociedade sobre a gestão adequada 
dos recursos hídricos. o uso irregular de bocas de lobo, vasos sanitários e água tratada; a disposição inadequada 
dos resíduos sólidos; a ausência de tratamento de esgotos; o uso e ocupação inadequado do solo, dentre outros, 
traz, portanto, uma necessidade urgente de se encontrar formas de comunicação velozes e eficazes para que a 
população possa contribuir para esse delicado processo da implementação do sistema de gestão. 
desde a sua fundação em 1989, o Consórcio PCJ fomenta ações de educação ambiental, mas foi a partir 
de 1994, através da aplicação piloto do programa de educação ambiental voltado a gestão dos recursos hídricos, 
SEMANA DA ÁGUA – cidadania e responsabilidade sócio-ambiental, que se firmou com uma metodologia 
diferenciada, linguagem acessível e conhecimento prático de todo o conteúdo teórico permeado por visitas 
técnicas. A formação de multiplicadores de informação tem se mostrado um meio eficiente para atingir os 
mais diversos setores da sociedade na região. o espírito do trabalho em rede e a troca de experiências são 
fundamentais para o sucesso deste modelo, que vem se aprimorando no enfoque à gestão dos recursos hídricos 
como solução à escassez da água.
 não menos importante é a aceitação dos programas do Consórcio PCJ por parte da comunidade na 
qual se insere. A participação maciça demonstra como nossos programas têm sido bem recebidos desde sua 
implantação: somente na SEmAnA dA ÁGuA foram mais de dois milhões de participantes, de forma direta e 
indireta. Este talvez seja o maior legado do Consórcio PCJ: a formação de uma “massa crítica” através dos 
projetos de educação ambiental. 
Foram inúmeros os resultados alcançados desde a fundação do Consórcio PCJ através do Programa 
de Educação Ambiental. Em 1999, a AShoKA Empreendedores Sociais premiou a SEmAnA dA ÁGuA no iii 
Concurso de idéias inovadoras em Captação de recursos. Já em 2000, a Conservation internacional e a Ford 
motors do brasil premiaram a SEmAnA dA ÁGuA com o Prêmio henry Ford – Categoria Educação Ambiental 
e em 2002 com o Projeto de Educação Ambiental mini-Viveiro Florestais, o Prêmio re-Source Award (Suiça). 
Claro que o sucesso destes projetos educacionais não seria alcançado sem as parcerias e o apoio constante 
das Secretarias municipais de Educação e de meio Ambiente, diretorias regionais de Ensino, Autarquias e 
Empresas municipais de Água e Esgoto, além de entidades da sociedade civil e empresas públicas e privadas.
As principais atividades desenvolvidas pelo programa de Educação Ambiental são: 1) mini-viveiros 
Florestais: criação de um mini-viveiro de mudas de árvores nativas da mata ciliar da região e o plantio das 
mudas produzidas; 2) Semana da Árvore: acompanhamento ano a ano de áreas de mata ciliar recompostas pelo 
Consórcio, bem como o registro das modificações favoráveis e não favoráveis; 3) Projeto Gestão dos Recursos 
hídricos: difusão de técnicas e mobilização participativa: capacitação de membros das organizações da sociedade 
civil como agentes multiplicadores para a difusão da Gestão dos recursos hídricos; 4) Projeto Enduro das Águas 
(enduro ecológico) e Gincana Ecológica:tem a finalidade de sensibilizar sobre a conservação dos recursos 
hídricos e do meio ambiente através de atividades que estimulem o processo de cooperação de forma dinâmica 
e lúdica; 5) Projeto Conhecendo nossas bacias: visitas técnicas (estudos do meio) tendo como princípio básico 
o conhecimento da realidade local; 6) Projeto Conscientizando com Arte: através de apresentações cênicas 
procura conscientizar sobre a importância da participação da sociedade no processo de gestão dos recursos 
hídricos; 7) Oficinas técnicas e pedagógicas: diversos projetos com temas específicos, como é o caso da oficina 
técnico-pedagógica “Fazendo Arte com Sucata”, que tem como reflexão a redução e utilização de lixo; 8) Materiais 
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 17
ações e projetos
didáticos e audiovisuais: produção de materiais didáticos e audiovisuais relacionados à gestão dos recursos 
hídricos. os materiais já produzidos foram: livro de orientação ao Educador; livro A Gestão dos recursos 
hídricos; Cartazes uso racional da água, resíduos e saneamento, Ciclo da água e uso e conservação do solo, 
Bacia hidrográfica e usos múltiplos da água; Glossário de Termos Técnicos e a série de vídeos Água é Vida.
o mais novo projeto desenvolvido pelo Consórcio PCJ é a Casa modelo Experimental de uso racional 
de água e energia elétrica. Este instrumento tem se mostrado uma importante ferramenta de trabalho para o 
desenvolvimento de ações de educação ambiental, além de ter incorporado tecnologias voltadas ao uso racional 
de água e energia. A Casa modelo, desenvolvida dentro da proposta de uma moradia sustentável e sócio-
responsável, possui 190 metros quadrados de área construída na qual foram utilizadas novas tecnologias aliadas 
aos métodos tradicionais da construção civil. 
Quanto à garantia do balanço hídrico em relação às bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e 
Jundiaí trata-se de um complexo desafio, que demanda estudos balizadores e envolvimento das forças técnicas 
e políticas para o seu equacionamento. Fica evidente, portanto, a extrema importância da atuação do Consórcio 
PCJ como um agente de coordenação, garantindo o atendimento de prioridades, racionalidade nos investimentos 
e política de satisfação coletiva. nosso empenho em educação ambiental conscientiza os envolvidos de que se 
trata de um processo em que não existem perdedores ou vencedores, mas sim o cumprimento da cota-parte de 
cada envolvido para o convívio harmônico e a manutenção da sustentabilidade coletiva.
Referências Bibliográficas
COMITÊ das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Fundo Estadual dos Recursos Hídricos 
(Projeto 386/2000) e Consórcio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Capacitação 
de educadores em Educação Ambiental voltada à Gestão de recursos hídricos. Americana, 2001.
COMITÊ das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.(CBH-PCJ). Implantação, Resultados 
e Perspectivas. Campinas: Arte brasil, 1996.
ConSÓrCio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba e Capivari. Acervo básico para Capacitação. 
(Projeto: “Gestão dos recursos hídricos. difusão de técnicas de mobilização participativa”). Americana, 1999.
ConSÓrCio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba e Capivari. Glossário de termos técnicos. 
Americana, 2000.
ConSÓrCio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Educação Ambiental para 
Gestão dos recursos hídricos. livro de orientação ao Educador. Americana, 2002.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
www.agua.org.br
www.comitepcj.sp.gov.br
1 Andréa borges – Coordenadora de Projetos em Educação Ambiental do Consórcio intermunicipal das bacias 
dos rios Piracicaba e Capivari (Consórcio PCJ). bióloga e mestranda em Ecologia pela universidade Estadual 
de Campinas (unicamp).
2 márcia Kano Castro – Gerente de Parcerias do Consórcio intermunicipal das bacias dos rios Piracicaba e 
Capivari (Consórcio PCJ). bacharel em Ciências Contábeis com mbA em Gestão de negócios pela unimep.
18
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 19
ações e projetos
introdução 
Trabalhos de educação ambiental contextualizados em bacias hidrográficas são importantes para estimular 
os processos participativos tão necessários na gestão de recursos hídricos, conforme pressupõe a Política 
Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97). O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Itajaí (Santa Catarina) vem, 
desde sua origem, incorporando a educação ambiental em suas atividades. desenvolve há mais de 10 anos a 
Semana da Água, um movimento de mobilização social que discute anualmente temas pertinentes à proteção da 
água, além de outras atividades1. uma das mais importantes tem sido o Projeto Piava, apoiado pelo programa 
Petrobras Ambiental, cujo objetivo é a construção de políticas sustentáveis de proteção de nascentes e matas 
ciliares. 
A bacia do itajaí2, pela forte motivação de seus educadores, construiu uma rede de educadores ambientais 
(rEAbri3) e um Coletivo Educador4 que vêm fortalecendo institucionalmente esse conjunto de pessoas que 
acreditam no potencial educativo para a transformação socioambiental.
Para apoiar e fortalecer as atividades educativas foram realizados diagnósticos de percepção ambiental dos 
educadores. Compreender como os educadores percebem o seu meio é compreender o que sentem, enxergam 
e interpretam, que são processos mentais que levam à tomada de decisão. hoeffel e Fadini (2007) colocam que 
ideias sobre o ambiente envolvem tanto resposta e reações a impressões, estímulos e sentimentos mediados 
pelos sentidos, quanto processos mentais relacionados com experiências individuais, associações conceituais e 
condicionamentos culturais. 
Entender como essa percepção se apresenta ao longo do tempo é entender como se dá a prática dos 
educadores e a partir daí poder direcionar ou redirecionar os processos formativos e políticos estabelecidos.
Este artigo tem a intenção de apresentar e discutir alguns dos resultados dos diagnósticos de percepção 
ambiental dos educadores da bacia do itajaí que participaram de atividades formativas do Projeto Piava, em 
2005 (Pereira, 2005), 2006 (Pereira, 2006) e 2009 (Pereira, 2009), procurando comparar e analisar os resultados. 
diagnósticos de percepção ambiental são subsídios interessantes em processos educativos, desde o planejamento 
até a avaliação.
Análise e discussão dos resultados
• Perfil dos entrevistados
Percebeu-se que nos três trabalhos, que abrangeram 213 educadores, a maioria dos entrevistados era 
do sexo feminino (83,86%). 77,30% dos entrevistados moram em áreas urbanas e têm idade variáveis, mas 
a maioria tem mais de 30 anos. 11,71% dos educadores têm graduação incompleta, 32,67% têm graduação 
completa e 55,60% têm pós-graduação. O resultado demonstra a tendência da busca por uma complementação 
da formação.
• A percepção dos educadores com relação à educação ambiental em bacias hidrográficas
A formação dos educadores do Projeto Piava foi embasada em princípios educativos transformadores que, 
além de atenderem às políticas públicas de Educação Ambiental - EA, buscavam estimular a formação de cidadãos 
mais críticos e participativos. A tendência adotada pelo Projeto Piava nas formações foi a EA transformadora, 
entendida “... como um processo permanente, cotidiano e coletivo pelo qual agimos e refletimos, transformando 
Graciane Regina Pereira*
Percepção ambiental dos educadores da
bacia do Itajaí (SC) 
Uma contribuição aos processos educativos 
20
a realidade da vida. [...] baseia-se no princípio de que as certezas são relativas; na crítica e autocrítica constante 
e na ação política como forma de estabelecer movimentos emancipatórios e de transformação social que 
possibilitem o estabelecimento de novos patamares de relações na natureza” (lourEiro, 2004, p. 81). 
Para se contrapora essa tendência tomou-se como referência a EA convencional entendida pelo mesmo 
autor como uma educação que enfatiza o individual, e suas vivências práticas de sensibilização, sem haver o total 
entendimento de que a relação com o mundo se dá por múltiplas mediações sociais. A EA convencional destaca 
o ato comportamental pouco articulado à ação coletiva e à problematização e transformação da realidade de 
vida, despolitizando a práxis educativa.
na questão “o que você entende por educação ambiental”, os resultados demonstraram que os educadores 
praticamente se dividem entre as tendências (56,22%) EA convencional e 43,76% EA transformadora), 
sobressaindo a convencional. Steinbach, Florit e Frank (2007) também apontaram essa ambivalência dos 
educadores com relação às tendências da EA. Apesar das práticas dos educadores serem permeadas por um 
caráter conservador, eles concordam com o discurso da tendência da EA emancipatória.
outra questão solicitava os temas sugeridos pelos educadores para se trabalhar o uso sustentável das 
águas. Comparando-se as três amostras, percebeu-se que os temas similares mais sugeridos foram: a importância 
e recuperação da mata ciliar, o uso racional da água, o saneamento básico e a proteção de nascentes. A sugestão 
destes temas reflete, além da influência da formação do Projeto Piava na qual esses temas foram trabalhados, 
as demais atividades educativas do Comitê do itajaí5. os temas citados são também os principais problemas da 
bacia. Embora o reconhecimento dos problemas relacionados não implica que sejam resolvidos, pelo menos se 
identifica a necessidade de uma intervenção.
A bacia hidrográfica é a unidade de gestão dos recursos hídricos. Esta dimensão física precisa ser entendida 
pelos educadores, pois ultrapassa os limites políticos dos municípios e incita a um pensar e agir mais coletivo 
com o reconhecimento das inter-relações complexas inerentes desta unidade de gestão. uma das perguntas 
objetivava entender qual o conceito de bacia hidrográfica que os educadores tinham. Nos três trabalhos, os 
educadores mostraram que têm um entendimento da dimensão física de bacia (68,3%), como por exemplo, “área 
demarcada por um relevo diferenciado onde existem variados percursos de águas que desembocam em um 
único lugar“. Os demais educadores (28,9%) demonstraram um entendimento de bacia que estabelecia relações 
desta dimensão física com aspectos sociais e ambientais, por exemplo: “é uma unidade delimitada por cursos 
d’água, na qual encontra-se inserida uma população, que por sua vez, age de modo a utilizar e a modificar o 
meio” . 
ter esta visão mais sistêmica de bacia auxilia no processo de gestão de recursos hídricos, que exige 
pessoas que possuam compreensão das causas e efeitos relacionadas à água e saibam intervir adequadamente. 
Lamonica (2004) coloca que a utilização da bacia hidrográfica como unidade de gestão é interessante pois ela é 
integradora das águas e consegue promover processos de descentralização de gestão. 
• Considerações finais
diagnósticos de percepção ambiental em processos educativos são relevantes na construção, 
acompanhamento e avaliação de planos, projetos e políticas de EA, que buscam estimular a participação crítica 
dos envolvidos.
os resultados demonstraram que há muito por fazer com relação à fundamentação conceitual e 
metodológica da formação que promova movimentos emancipatórios e de transformação da sociedade da bacia. 
taglieber (2007) coloca que se a maioria dos autores aponta para formas de agir e pensar mais críticas, que 
resultem em pessoas mais críticas; na sala de aula as abordagens ainda são convencionais formando pessoas 
submissas e sem identidade. Para o autor, as políticas públicas ressentem-se de uma filosofia de educação que 
mostre os valores éticos que o cidadão brasileiro deveria ter como base em sua formação. 
A EA transformadora traz não só princípios diferenciados, mas todo um entendimento diferenciado de 
pensar e agir que se opõe ao que é praticado atualmente, sob uma perspectiva crítica de transformação social. A 
gestão de recursos hídricos, que se pressupõe participativa e integrada, depende desta formação transformadora, 
que mobilize os cidadãos para ações de interesse coletivo.
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 21
ações e projetos
Referências Bibliográficas
brASil. lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997. www.planalto.gov.br.
FrAnK, beate. o projeto Piava: origem, concepção e organização. revista de Estudos Ambientais - rEA. 
blumenau, volume 9, número 1, janeiro-junho/2007. p.5.
hoEFFEl, João luiz; FAdini Almerinda A . b. in Percepção Ambiental. Encontros e caminhos: formação de 
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Fundamentos, práticas e desafios. Antonio Fernando S. Guerra, Jose Erno Taglieber (Orgs.). Itajaí: Univali, 2007. 
p. 69
* Graciane regina Pereira (gracianerp@hotmail.com) é bióloga, mestre em Engenharia Ambiental, professora do 
instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia Catarinense - Campus rio do Sul - SC
1 o Programa de recuperação e mata Ciliar, lançado em 2001 que estimulou diversos projetos nos municípios; e o Prêmio otto rohkohl 
que reconhece e encoraja projetos de proteção de água e uso sustentado de recursos naturais do Vale do itajaí, desde 2003 (FrAnK, 
2007).
2 A bacia do itajaí localiza-se no Vale do itajaí em Santa Catarina, com um território de 15.000 km2, no qual vivem aproximadamente 1 
milhão de pessoas em 53 municípios.
3 rEAbri – rede de Educação Ambiental da bacia do rio itajaí
4 Coletivo Educador da bacia do itajaí e litoral Centro norte Catarinense
5 nos anos 2004 e 2005 a Semana da Água, campanha de mobilização social da bacia do itajaí, teve como tema o esgoto sanitário, e no 
ano de 2001 foi a recuperação de mata ciliar.
22
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 23
ações e projetos
o envolvimento e a participação dos segmentos sociais em projetos relacionados à gestão pública é um 
desafio para sociedade brasileira, diante dos processos de construção da cidadania para a consolidação da 
governança das águas, que não dependem apenas de procedimentos técnicos e administrativos. 
nesse contexto, o projeto “Pé na Água - Água e Cidadania na bacia do Apa - uma Abordagem Sistêmica 
e transfronteiriça na década brasileira da Água”, apoiado pelo CnPq (Conselho nacional de desenvolvimento 
Científico e Tecnológico), sediado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e coordenado pelo Professor 
Paulo robson de Souza, promoveu nos municípios do território brasileiroda bacia do Apa, uma discussão sobre 
a importância de se tratar as questões da água de modo holístico, multidisciplinar, tendo a bacia hidrográfica 
como unidade de planejamento. 
Com a finalidade de fomentar o trabalho em rede, visando à ampliação dos resultados com novas 
parcerias, ancorado no conhecimento da realidade local e na ação da escola, sem que os limites territoriais 
fossem obstáculo, as atividades culminaram com a distribuição gratuita de materiais de apoio contextualizados à 
cultura e biodiversidade da região, incentivando a educação ambiental e a participação de todos na gestão das 
águas.
A disseminação do conhecimento à comunidade dos municípios que compõem a bacia do Apa ocorreu 
por intermédio de informações fidedignas inseridas em um conjunto de materiais impressos e eletrônicos 
(disponibilizados via internet e em CD) utilizados nos treinamentos em oficinas e cursos, tendo como público 
preferencial, professores de escolas públicas, técnicos e educadores ambientais que atuam como agentes 
multiplicadores nessa bacia hidrográfica. 
o material produzido expôs questões e propostas de conservação dos recursos naturais, com ênfase 
nos problemas e características da bacia do Apa, segundo os princípios da Educação Ambiental e da Política 
nacional de recursos hídricos, incentivando discussões e ações diretamente ligadas ao ambiente próximo, ao 
bem-estar e ao desenvolvimento sustentável. 
o material impresso, composto por um livro e uma cartilha voltada às crianças, foi avaliado pelo público 
alvo, em oficinas de trabalho realizadas nos municípios brasileiros da Bacia do Apa. O mesmo procedimento foi 
adotado com as propostas pedagógicas propostas para serem adotadas em sala de aula, inseridas no conteúdo 
de um Cd de encarte do livro elaborado.
Na ocasião da realização dessas oficinas, junto ao público alvo, foram respondidos questionários para 
subsidiar a avaliação dos conhecimentos e dos saberes locais, em relação à abordagem do Projeto, e para 
possibilitar a verificação de qual seria a visão dos entrevistados quanto aos problemas ambientais e de recursos 
hídricos da bacia do Apa. 
Aproximadamente 250 pessoas participaram das oficinas de trabalho realizadas em todas as cidades da 
bacia do Apa, no território brasileiro, totalizando 100 entrevistados, dentre estes, pessoas diretamente envolvidas 
com a prática de ensino.
O livro possui textos originais, mapas e fotografias da Bacia do Apa com o propósito de difundir o 
conhecimento, de modo regionalizado.
A cartilha tem o mesmo conteúdo do livro, porém a abordagem textual e a forma de apresentação foram 
adaptadas aos escolares, e elaborada com uma linguagem simples e bilingüe (português e guarani), com 
Synara Olendzki Broch*
Projeto “Pé na Água”
A busca pela governança das águas por meio da 
educação ambiental
24
ressalvas à importância da participação da comunidade para a formação de organismos de bacia para a gestão 
de recursos hídricos.
um número especial da revista Aguapé , que contem uma abordagem jornalística e adaptada ao formato 
impresso, transformou os dados coletados em notícias e, conseqüentemente, em informação pública.
livro, cartilha e revista foram distribuídos gratuitamente aos professores da rede pública dos municípios da 
bacia do Apa, em território brasileiro, aos elos/animadores da rede Aguapé , aos organismos governamentais e 
não-governamentais, às entidades ambientalistas e aos demais interessados que atuam pelo desenvolvimento 
sustentável na bacia do Apa.
os três produtos impressos são disponibilizados, gratuitamente, na página www.redeaguape.org.br/
penagua, em formato PdF.
Por meio das entrevistas realizadas no âmbito do Projeto “Pé na Água, percebeu-se que conceitos 
referentes à unidade de planejamento para a gestão hídrica (bacia hidrográfica) não são reconhecidos pela 
maioria da população, e nem mesmo por diversos atores envolvidos na tomada de decisão para a preservação 
dos recursos hídricos. 
Absolutamente, nenhum entrevistado que participou do Projeto “Pé na Água” destacou corretamente, 
numa listagem que citava o nome de 20 municípios, quais eram os 13 municípios que integram a bacia do Apa.
o governo brasileiro adota, para as questões relacionadas à gestão de águas transfronteiriças nas bacias 
hidrográficas que compõem a Bacia do Prata, a estrutura institucional e legal já consolidada do CIC Prata (Comitê 
Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata). Quanto às especificidades das sub-bacias 
que compõe a bacia do Prata, como a bacia do Apa, estas são tratadas por meio de Acordos entre os países 
envolvidos. (Senra ).
Nas oficinas realizadas pelo Projeto “Pé na Água”, foi possível observar que o sentimento de pertencimento, 
numa delimitação tão abrangente como o da bacia do Prata, está distante das pessoas que em geral, quando se 
interessam, compreendem as questões hídricas relacionadas ao local onde vivem, que as atingem no dia-a-dia 
de maneira concreta. 
tal constatação foi considerada como um fator limitante à gestão integrada de águas na bacia do Apa. o 
entendimento conceitual das questões relacionadas à unidade de gestão “bacia hidrográfica”, bem como, das 
estratégias de participação no estabelecimento de diretrizes, planejamento e ações de manejo, são fundamentais 
à gestão integrada de recursos hídricos, que necessariamente envolvem a sociedade, tanto no contexto local, 
regional e nacional, quanto entre os países que compõem o território da bacia.
Apesar das fronteiras, historicamente, serem o palco de disputas e conflitos de interesses, após a fase de 
consolidação dos limites territoriais, o diálogo e o próprio respeito entre diferentes soberanias pode levar a uma 
eficiente gestão dos recursos hídricos. 
Espera-se que as experiências e lições aprendidas na realização do Projeto “Pé na Água” sejam difundidas 
e aplicadas a outros municípios de bacias hidrográficas compostas de recursos hídricos transfronteiriços, 
considerando a capacidade multiplicadora que tem a escola e as organizações sociais, formadores de opinião 
nas suas localidades, no intuito de fomentar a participação da sociedade na gestão integrada dos recursos 
hídricos. 
* Synara olendzki broch é engenheira civil, doutora em desenvolvimento Sustentável, pela universidade de 
brasília; Especialista em Engenharia Ambiental, pela universidade Federal de mato Grosso do Sul, uFmS, 
representante da regional de mato Grosso do Sul da Associação brasileira de recursos hídricos.
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 25
ações e projetos
um pouco da história
A Câmara técnica Permanente de Educação Ambiental do Cbh lagos São João (CtEA) se constitui em 
fevereiro de 2005, no mesmo dia da criação do Comitê reflexo de um acúmulo de integração já existente entre 
educadores e lideranças ambientais da região. Esta integração construída e vivida ao longo de três anos dentro 
da rede de Educação Ambiental rEAJo.rEAlAGoS (bacia do rio São João e ostras e da região dos lagos) 
, foi e tem sido essencial para nossa dinâmica de trabalho. Antes de sermos um agrupamento de técnicos somos 
um coletivo de pessoas que tem um sonho comum que sustenta o compromisso e a dedicação, às vezes, indo 
além do que normalmente se espera. 
“A rede é um padrão organizacional capaz de reunir pessoas, que prima pela flexibilidade e pelo dinamismo 
de sua estrutura; pela democracia e descentralização na tomada de decisão; pelo alto grau de autonomia de 
seus membros; pela horizontalidade das relações entre os seus elementos.” 
“A articulação sob a forma de redes tem como características gerais, a não hierarquização do poder”, a 
presença de valores e interesses compartilhados cujo propósito unificador é o espírito da rede. 
A criação da CtEA, inicialmente composta por alguns educadores da rede que já integravam o Cbh 
lagos São João, ao ampliar-se conformeprevia o regimento interno de seu funcionamento, logo se transformou 
em espaço institucional importante para legitimar e dar visibilidade à Educação Ambiental e àqueles que a 
exerciam. 
A resolução de criação da CTEA deixa bem clara a dimensão dos seus objetivos e aponta para um desafio 
que não se encontra entre as competências que normalmente se atribui a este tipo de Câmara Técnica: o desafio 
de transformar as diretrizes em ação!
i – Elaborar, discutir, aprovar e encaminhar para ser referendado pelo Plenário do Comitê lagos São João 
o Programa de Educação Ambiental (PEA) para o Plano de bacia. 
ii- orientar a implementação do PEA aprovado e dos seus processos de monitoramento e de avaliação.
iii- Elaborar relatório anual das atividades desenvolvidas dentro do PEA.
duas escolhas foram essenciais para o caminho que trilhamos a seguir: 
não queríamos construir mais um projeto ou programa de EA, mas sim, contribuir para que as diversas • 
iniciativas em curso incorporassem os conteúdos e princípios da gestão dos recursos hídricos.
Partiríamos do mapeamento do que os educadores e seus projetos já haviam acumulado como pontos • 
fortes e do que estavam identificando como fragilidades em suas práticas.
Estas decisões mostraram-se importantes e adequadas naquele momento em função do fato de que 
ainda inexistiam formas de financiamento para o Programa visto que o Comitê ainda não estava recebendo os 
recursos advindos da cobrança pelo uso da água. trabalhamos apenas com o que já, de fato, cada instituição 
envolvida dispunha. 
Denise Pena*
Programa de EA no Comitê de 
Bacia Lagos São João/RJ
26
Durante 10 meses, em encontros mensais que se realizaram de forma intinerante em toda a Bacia Hidrográfica 
lagos São João construímos coletivamente uma proposta de Programa de Educação Ambiental aprovada pelo 
Comitê em maio de 2006, junto com a resolução de garantir 20% dos recursos anuais recebidos para contribuir 
em sua implantação e fortalecimento. naquela época esta resolução não implicou em recebimento de recursos 
mas, sem dúvida, está sendo determinante atualmente para que os repasses ao Programa aconteçam.
os princípios do Programa
o Comitê lagos São João adota o princípio da gestão descentralizada e participativa já praticado em quase 
todos os países que avançaram na gestão dos recursos naturais e recomendado pela lei Federal 9.433/97. “A 
filosofia da gestão descentralizada é de que tudo quanto pode ser decidido em níveis hierárquicos mais baixos 
de governo não será resolvido por níveis mais altos dessa hierarquia. Quanto à gestão participativa, esta constitui 
um método que enseja aos usuários, à sociedade civil organizada, às onGs e outros agentes interessados 
a possibilidade de influenciar no processo da tomada de decisão sobre investimentos e outras formas de 
intervenção na bacia hidrográfica. O grande desafio é o de estabelecer uma relação de poder compartilhada 
e descentralizada, criando oportunidades de participação social, construindo consensos, dirimindo conflitos e 
pactuando a unidade na diversidade.”
Conseqüentemente, em relação ao gerenciamento e planejamento de trabalho a visão adotada tem uma 
abordagem regional integrando proteção e recuperação de terras, águas e biodiversidade com as necessidades 
humanas. Este método de gestão, conhecido como “Abordagem Ecossistêmica” (i) é aplicado dentro de uma 
estrutura geográfica definida por limites ecológicos - a bacia hidrográfica (ii), enfatizando os processos, funções e 
interações essenciais entre os organismos e o ambiente físico, reconhecendo o ser humano como um componente 
do ecossistema. A delimitação territorial por Bacia Hidrográfica geralmente é diferente da divisão administrativa, 
ou seja, da divisão por estados e municípios, exigindo uma efetiva integração das políticas públicas e ações 
regionais.
o Programa de Educação Ambiental do Comitê comprometido com a cidadania considera que “a Gestão 
Ambiental é um processo de mediação constante de interesses e conflitos entre os diferentes atores sociais. 
leva também em conta que a percepção dos problemas ambientais é mediada por interesses econômicos, 
políticos, ideológicos, sendo fundamental o desenvolvimento de uma consciência crítica acerca destas questões 
superando uma visão fragmentada da realidade.”
 À luz dos princípios do Comitê, o Programa de Educação Ambiental se apresenta como ferramenta 
essencial “proporcionando condições para produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e o 
desenvolvimento de atitudes visando à participação individual e coletiva neste modelo de gestão adotado.” 
o objetivo Geral
Contribuir para a efetiva participação social no processo de gestão dos recursos naturais das bacias 
Hidrográficas das Lagoas de Araruama, Saquarema e dos Rios São João, Una e Ostras.
As linhas de Ação e as Atividades de cada uma para 2009
Estimular formação de redes locais / municipais de Educadores Ambientais e fortalecer as redes 
regionais.
Promover curso de qualificação em utilização de ferramentas telemáticas e facilitação e moderadores • 
de redes.
Estimular a criação de sinergia entre educadores/lideranças socioambientais dos municípios.• 
Promover e estimular a realização de encontros, fóruns e grupos de trabalho na CtEA visando à troca • 
de experiência e a integração das equipes locais/municipais de educadores.
Coleciona Especial Água Volume 1/2009 - pág. 27
ações e projetos
Promoção da Educomunicação
Qualificar CTEA/Coletivo Educador em Educomunicação (ferramentas e conceitos).• 
Criar equipe para trabalhar especificamente a sistematização das informações, noticias para o boletim, • 
jornais e rede (repórteres populares).
Fomentar os sistemas solidários e participativos de produção e veiculação de comunicações • 
socioambientais (repórteres populares).
Promover e apoiar parceiros na realização de processos de formação e qualificação de lideranças e 
professores da bacia
revisão do PEA/Cbh lagos São João anexando a Proposta Pedagógica de Formação de Educadores • 
Ambientais e as diretrizes do Cnrh.
Qualificar as lideranças ambientais para o controle social no licenciamento ambiental com ênfase nos • 
recursos hídricos.
Promover aperfeiçoamento da CtEA.• 
Qualificar as lideranças ambientais para o controle social dentro dos Conselhos de Unidades de • 
Conservação e dos Conselhos de meio Ambiente com ênfase nos recursos hídricos.
Fortalecer e compartilhar conteúdos nos processos de formação de âmbito regional.• 
Garantir que a Educação Ambiental seja contemplada de forma transversal nos programas e ações do 
Comitê
ter representação em todas as câmaras técnicas.• 
Fomentar a criação de sistemas locais de gestão descentralizada e participativa (Agendas 21 e Grupos 
Gestores de microbacias)
Continuar o Processo Comunidades em Ação nas microbacias (Processo CAm) na microbacia do • 
Córrego Cambucaes.
Iniciar “ Processo CAM” na Microbacia do Rio Imbaú e Olhos d’Água.• 
Criar sinergia com o Programa Estadual de microbacias.• 
Identificar os projetos de Agenda 21 Municipais que tem interface com o Plano de Bacia do Comitê.• 
Acompanhar a construção e colaborar na implantação das Agendas Água nas escolas que participaram • 
do Programa Agenda Água nas Escolas na região.
incentivar a criação e o desenvolvimento de Políticas Públicas municipais de Educação Ambiental.
Garantir recursos para implantação de projetos de impacto socioambiental
Propor comprometimento do orçamento dos municípios com a execução das Políticas municipais de • 
Educação Ambiental.
Definir anualmente dentro da CTEA o plano de aplicação dos recursos previstos para o Programa.• 
Articular e promover programas de estágio e voluntariado
Referências Bibliográficas
mArtinho, Cássio. redes: uma introdução as dinâmicas da Conectividade e da Auto-organização. brasília: 
WWF brasil. 2001.
SChErEr-WArrEn,

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