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AULA 03 - AUTONOMIA PRIVADA

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AUTONOMIA PRIVADA
1. VONTADE, LIBERDADE E AUTONOMIA DA VONTADE.
Para o Direito, a VONTADE tem especial importância porque é um dos elementos fundamentais do ATO JURÍDICO. A vontade produz determinados efeitos, criando, modificando ou extinguindo relações jurídicas, bem como direitos. É, à vontade, critério diferenciador entre fato jurídico e ato jurídico, tendo também importância na criação de direitos subjetivos.
A POSSIBILIDADE DE A PESSOA AGIR DE ACORDO COM SUA VONTADE, podendo fazer ou deixar de fazer algo, chama-se LIBERDADE. É o PODER de criar, modificar ou extinguir relações jurídicas.
A ESFERA DE LIBERDADE de que o sujeito dispõe no âmbito do direito privado chama-se AUTONOMIA, direito de reger-se por suas próprias leis, pois pode praticar um ato jurídico, determinando-lhe o conteúdo, a forma e os efeitos.
É de se ressaltar que mesmo que presente em vários setores do direito privado, circunscreve-se em alguns como, por exemplo, no Direito de Família, a uma mera liberdade de conclusão, é sobretudo no domínio dos contratos (leia-se obrigações) que o princípio da autonomia privada assume a sua mais ampla extensão na forma de liberdade de celebração dos contratos e de liberdade de fixação do conteúdo patrimonial.
CONCEITO DE AUTONOMIA PRIVADA: é o poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações de que participam, estabelecendo-lhes o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica.
2. FUNDAMENTOS DA AUTONOMIA PRIVADA. PERSPECTIVA HISTÓRICA
O FUNDAMENTO ou pressuposto da autonomia privada é a LIBERDADE. A autonomia privada significa então, pelo fundamento da liberdade, o espaço livre que o ordenamento estatal deixa ao poder jurídico dos particulares, uma verdadeira esfera de atuação jurídica, reconhecendo que, tratando-se de relações de direito privado, são os particulares os melhores a saber de seus interesses e da melhor forma regulá-los juridicamente.
Na filosofia, é certo que seu antecedente é o INDIVIDUALISMO, doutrina segundo a qual se concede à pessoa humana um primado relativamente à sociedade, o indivíduo como fonte e causa final de todo direito. 
No campo da política, o INDIVIDUALISMO OPÕE-SE AO ESTATISMO, OU SEJA, À INTERVENÇÃO ESTATAL, AO CONFORMISMO E AO TRADICIONALISMO. Quer-se com isso dizer que para tal corrente doutrinária, a sociedade não é um fim em si mesmo, nem um instrumento de um fim superior aos indivíduos que a compõem, devendo as instituições sociais ter por fim a felicidade e a perfeição dos indivíduos.
Na ECONOMIA, o reflexo do individualismo é o LIBERALISMO ECONÔMICO, pelo qual se prega que o indivíduo deve ter a máxima liberdade de atuação no campo da economia, defendo o livre jogo da atividade econômica individual, com o mínimo de intervenção do Estado.
Historicamente, pode-se dizer que a autonomia privada sempre norteou o Direito, desde o Direito Romano, com a lex privata, expressa na Lei das XII Tábuas (“quando alguém celebrar um contrato, conforme o que for deliberado, seja direito, tem força de lei.”). 
3. INSTRUMENTOS DA AUTONOMIA PRIVADA: DIREITO SUBJETIVO E NEGÓCIO JURÍDICO
A autonomia privada manifesta-se, desde logo, na realização de negócios jurídicos, de atos pelos quais os particulares ditam a regulamentação das suas relações, constituindo-as, modificando-as, extinguindo-as e determinando seu conteúdo. Assim, O NEGÓCIO JURÍDICO É UMA MANIFESTAÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA, base de todo o direito privado.
Embora seja o negócio jurídico seu principal meio de atuação, não é só através dele que a autonomia privada se revela e atua. É também a autonomia privada que se manifesta no poder de livre exercício dos seus direitos ou de livre gozo dos seus bens pelos particulares – ou seja, é A AUTONOMIA PRIVADA QUE SE MANIFESTA NA “SOBERANIA DO QUERER” – NO IMPÉRIO DA VONTADE – QUE CARACTERIZA ESSENCIALMENTE O DIREITO SUBJETIVO.
Exemplificando, pode-se dizer que tanto é exercício da autonomia privada a conclusão de uma compra e venda em certas condições de preço e de entrega da coisa vendida, isso é, um negócio jurídico, como o consumo ou a destruição de um bem de que se é proprietário, a exigência ou não de um crédito de se que se é credor, isto é, o exercício de um direito subjetivo.
A autonomia privada encontra, pois, os veículos ou instrumentos da sua realização nos direitos subjetivos e na possibilidade de celebração de negócios jurídicos. 
4. LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA. FUNCIONALIZAÇÃO DA AUTONOMIA PRIVADA
A liberdade, conteúdo do princípio da autonomia da vontade, que é poder de criar, modificar ou extinguir relações jurídicas, não é, todavia, ilimitado. Deriva do ordenamento jurídico estatal, que o reconhece, e é exercida nos limites que esse fixa.
Com as modificações sociais provocadas principalmente pelas revoluções industrial e tecnológica, surgiram novos institutos jurídicos, tais como a empresa, os contratos de adesão, e outras figuras contratuais próprias do desenvolvimento econômico, com base no capitalismo, que tem como base o liberalismo econômico (hoje, neoliberalismo).
Resta claro, com isso, que a autonomia privada acabou por ter seu campo de atuação profundamente reduzido, considerando ainda a necessidade da maior intervenção do Estado na economia, a fim de estabilizar situações de desequilíbrio, protegendo o pólo mais fraco da relação jurídica, principalmente em matéria de contratos.
Percebe-se, então, uma publicização dos princípios norteadores da autonomia privada como, por exemplo, a constitucionalização dos princípios da proteção à livre iniciativa econômica, proteção à liberdade e à propriedade. 
A doutrina clássica e conservadora tenta fazer o povo acreditar que, se por um lado vê-se a redução ou anulação do individualismo subjacente aos postulados liberais do direito civil burguês, por outro lado, tem-se o reconhecimento constitucional desses mesmos postulados, revestidos, é certo, de uma dimensão pública, geral e funcional, no sentido de que, integrados na ordem econômica e social, servem como instrumentos de desenvolvimento e justiça social. 
Também, quer fazer crer que a funcionalização da propriedade e dos contratos representa, em realidade, uma preocupação com a sociedade, como um todo; emprestar ao direito uma função social significaria considerar que os interesses da sociedade se sobrepõem aos do indivíduo, sem que isso implique, necessariamente, a anulação da pessoa humana, justificando a ação do Estado pela necessidade de acabar com as injustiças sociais.
Todavia, é preciso dizer que tudo o que se fez, na realidade, nada mais foi do que pôr em prática (no caso, dentro da Constituição Federal), o antigo princípio “vão-se os anéis, ficam-se os dedos”, que muito bem define a social-democracia que demarcou o Direito, primeiramente na Alemanha, depois com seus reflexos aqui no Brasil. O medo dos grandes latifundiários em perder suas extensas propriedades foi preponderante no desenvolvimento da noção de função social da posse ou da propriedade. Até porque nunca foi razoável, desde os primórdios, que o ser humano pudesse explorar outro, impunemente. 
Os limites à autonomia privada, para além de representar simples intervenção do Estado na economia (tão criticada por quem tem) são, de verdade, garantias para aqueles que nada têm. Monopólio, truste, cartel, dumping, são conceitos que não se harmonizam com a pessoa humana.

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