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Teoria Geral Do Direito I - Livro Texto - Unidade II

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Unidade II
Unidade II
5 ELEMENTOS DO ESTADO
Soberania, território, povo e finalidade são elementos constitutivos porque só teremos um Estado 
se tivermos um povo vivendo em um território delimitado, sob autoridade de um governo que tem 
soberania em seus limites para aprovar o que for relevante para atingir o bem comum.
Essa construção de pensamento está presente em muitos estudiosos das áreas do conhecimento 
denominadas Teoria Geral do Estado e Direito Político, como ensina Soares:
A TGE, em sua formulação clássica, perpassando desde a sua primeira 
abordagem pela doutrina alemã até sua generalização posterior, e a Teoria 
do Estado, em seus novos paradigmas, têm distinguido três elementos 
constitutivos do Estado: a população ou povo, o território e a soberania 
ou poder.
A Teoria do Estado está essencialmente vinculada ao Direito Político, que 
lhe fornece o substrato para a compreensão do Estado contemporâneo. 
Assim, ao delinear a sua teoria da realidade do Estado, Stein considera que o 
Estado torna‑se mais visível no aparato estatal quando representado como 
pirâmide de poder:
‑ a direção do Estado (localizado em seu vértice): toma decisões políticas 
fundamentais, geralmente, em forma de lei;
‑ o corpo do Estado: órgãos administrativos, que executam decisões 
políticas fundamentais, e tribunais, que decidem sobre a observância da lei;
‑ a base do Estado (objetivo do poder do Estado): população e território.
Constata‑se, pois, que o Direito Político serve de parâmetro para que a 
Teoria do Estado possa buscar o seu fundamento nas concepções clássicas, 
que desvendem a origem e evolução dos elementos constitutivos do Estado 
(SOARES, 2008, p. 88).
A realidade é que a forma mais fácil de concretizarmos a ideia de Estado em nossas vidas é 
observarmos que vivemos em um país com fronteiras delimitadas em relação a outros (território), com 
um governo de leis que devem ser cumpridas por todos (população ou povo). O que nos mantém unidos 
nesse território e sob o comando de um governo é a perspectiva de que estaremos seguros, livres de 
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TEORIA GERAL DO DIREITO I
ameaças ou agressões que impeçam a nossa felicidade. Isso será possível para todos, porque somos 
todos iguais em direitos e deveres.
Evidentemente a realidade do cotidiano nem sempre nos permite perceber claramente esses 
contornos do Estado. Não é incomum que o povo se sinta inseguro em relação a determinadas 
decisões de seus governantes, que não perceba claramente como as leis são aplicadas ou, ainda, não 
concorde com determinadas práticas de outras pessoas com quem convive – práticas muito nocivas 
para todos nós.
O Estado deixa de existir nesses momentos?
Não! O Estado em sua formação original está presente. O que ocorre é que nesses momentos 
estamos nos apercebendo das imperfeições que o sistema contém e que precisam ser corrigidas. 
Esse é, aliás, um excelente exercício de cidadania, de participação social: constatar as falhas do 
funcionamento do Estado e refletir sobre o que é necessário para melhorar a estrutura, com o objetivo 
de contribuir para o aprimoramento das instituições que organizam a vida política, administrativa e 
jurídica do Estado brasileiro.
5.1 Elementos do Estado – a soberania
O primeiro elemento constitutivo do Estado que vamos analisar é a soberania, que, em princípio, 
parece ser um conceito de fácil construção por estar associado à ideia de liberdade de um Estado em 
relação a outro.
De fato, ninguém imagina que o Estado brasileiro precise cumprir regras determinadas pela França, 
pelo Chile ou pelo Japão. Em seu território, o Estado brasileiro é livre para decidir o que é melhor para 
sua população e ninguém poderá alterar isso, o que caracteriza a soberania.
Esse é, no entanto, apenas um aspecto que podemos aplicar para compreender a soberania.
Ensina Dallari:
O conceito de soberania, claramente afirmado e teoricamente definido 
desde o século XVI, é um dos que mais têm atraído a atenção dos teóricos 
do Estado, filósofos do direito, cientistas políticos, internacionalistas, 
historiadores das doutrinas políticas e de todos quantos se dedicam ao 
estudo das teorias e dos fenômenos jurídicos e políticos.
Por isso mesmo, deu margem ao aparecimento de uma tão farta 
bibliografia e à formulação de uma tal multiplicidade de teorias 
que acabou sendo prejudicado, tornando‑se cada vez menos preciso 
e dando margem a todas as distorções ditadas pela conveniência 
(DALLARI, 2010, p. 74)
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Soberania pode ser compreendida, portanto, como a característica de autodeterminação de um 
povo situado em um território sob um regime jurídico legítimo. É a capacidade de um povo decidir no 
campo político, econômico, social e cultural sem interferência de nenhum outro Estado, com ampla 
liberdade e em respeito a seus valores culturais, morais e sociais.
Vamos procurar um entendimento que nos auxilie a compreender com clareza o papel da soberania 
na constituição de um Estado.
Em princípio, é preciso considerar que não há no Estado contemporâneo uma forma de 
soberania absoluta, na medida em que os diferentes Estados precisam conviver política, social 
e economicamente, o que impõe que obedeçam a regras de caráter internacional, que regulam essa 
convivência com o objetivo de que ela seja pacífica e positiva para todos.
Assim, muitos Estados em todo o mundo, como o Brasil, participam da Organização das 
Nações Unidas (ONU), entidade criada após a II Guerra Mundial com o intuito de promover ações 
conjuntas para a garantia da paz, do progresso, da segurança e da proteção dos direitos humanos 
em todo o mundo.
O Brasil participa ainda da Organização dos Estados Americanos (OEA), que tem objetivos semelhantes 
aos da ONU no âmbito das Américas (do Norte, Central e do Sul).
Além disso, o Brasil participa de organismos específicos da ONU, como a Organização Mundial do 
Comércio (OMC), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Comissão de Direitos Humanos, a Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), a Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco), entre outras tantas.
 Lembrete
Os organismos mundiais gerais e setorizados têm sido criados com o 
intuito de permitir que os distintos problemas dos povos do planeta Terra 
sejam tratados de forma específica, com a participação de todos os países 
e de especialistas nos diferentes temas.
Todos esses organismos possuem recomendações que devem ser seguidas pelos Estados‑parte, 
ou seja, pelos Estados que, por meio de seus governos, aderiram às regras e se comprometeram a 
implementá‑las em seu território, em benefício de sua população.
Isso representa uma notável diminuição da independência do país. Porém, há razões muito 
importantes para isso, porque as sugestões que emanam desses organismos internacionais foram 
pensadas com o objetivo de beneficiar a população em cada uma das áreas (saúde, educação, 
trabalho), o que é um forte motivo para que sejam seguidas, ainda que isso possa representar 
redução da soberania.
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É importante lembrar, ainda, que o Brasil e outros Estados aderiram à ONU por livre vontade, não 
foram obrigados por nenhum outro motivo que não a vontade de participar desses órgãos importantes 
da política mundial. Portanto, exerceram sua soberania para concordar que seguiriam regras mundiais 
orientadoras de melhores resultadosem cada uma das áreas mencionadas. Não podem, assim, utilizar 
a soberania como um impeditivo para cumprir regras recomendadas por esses órgãos, porque a eles 
aderiram por livre vontade.
Dallari nos explica que:
[...] apesar do progresso verificado, a soberania continua a ser concebida de 
duas maneiras distintas: como sinônimo de independência, e assim tem 
sido invocada pelos dirigentes dos Estados que desejam afirmar, sobretudo 
a seu próprio povo, não serem mais submissos a qualquer potência 
estrangeira; ou como expressão de poder jurídico mais alto, significando 
que, dentro dos limites da jurisdição do Estado, este é que tem o poder de 
decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer norma jurídica. É 
óbvio que a afirmação de soberania, no sentido de independência, se apoia 
no poder de fato que tenha o Estado, de fazer prevalecer sua vontade dentro 
de seus limites jurisdicionais. A conceituação jurídica de soberania, no 
entanto, considera irrelevante, em princípio, o potencial de força material, 
uma vez que se baseia na igualdade jurídica dos Estados e pressupõe o 
respeito recíproco, como regra de convivência. Neste caso, a prevalência 
da vontade de um Estado mais forte, nos limites da jurisdição de um mais 
fraco, é sempre um ato irregular, antijurídico, configurando uma violação 
da soberania, passível de sanções jurídicas. E mesmo que tais sanções não 
possam ser aplicadas imediatamente, por deficiência de meios materiais, o 
caráter antijurídico da violação permanece, podendo servir de base a futuras 
reivindicações bem como à obtenção de solidariedade de outros (DALLARI, 
2010, p. 84).
Existem inúmeros exemplos de soberania ultrajada por um Estado mais forte em relação a um mais 
fraco, no aspecto econômico ou meramente de potencial militar.
A América do Sul presenciou um conflito armado entre a Argentina e a Inglaterra, em 1982, quando 
o país sul‑americano invadiu com suas tropas o arquipélago onde estão localizadas as Ilhas Malvinas, 
ou Ilhas Falkland, sob a alegação de que em 1833 a Inglaterra havia se apossado injustamente daquela 
região, que pertencia à Argentina.
O conflito armado durou pouco tempo, mas foi suficiente para provocar milhares de 
mortos e feridos. A Inglaterra retomou o domínio das Ilhas Malvinas pelo uso da força e com o 
sacrifício de vidas humanas, usurpando todo e qualquer princípio de soberania supostamente 
pertencente à Argentina.
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 Saiba mais
É importante pesquisar mais sobre esse assunto. Existem documentários 
disponíveis na rede mundial que explicam as causas e consequências desse 
fato histórico:
A DAMA de ferro. Dir. Phyllida Lloyd. Reino Unido; França: Pathé, 2011. 
104 minutos.
ILUMINADOS pelo fogo. Dir. Tristan Bauer. Espanha; Argentina: Canal+ 
España, 2005. 100 minutos.
Na atualidade, as relações econômicas estabelecidas entre os diferentes países do mundo são uma 
fonte permanente de redução da soberania dos Estados.
O Brasil pertence ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), organizado a partir de 1991 pela assinatura do 
Tratado do Paraguai. Na Europa, muitos países estão organizados na União Europeia, que também é um órgão 
de decisão conjunta dos vários países que nele foram aceitos; e, na América do Norte, Estados Unidos, Canadá 
e México possuem regras para o funcionamento da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Os acordos internacionais regulam a atividade econômica desses países e, no caso da Europa, 
regulam até outras atividades além da econômica, como a circulação de pessoas entre os diferentes 
países, a concessão de visto de permanência e de trabalho e a possibilidade de utilização de serviços 
públicos entre os diferentes cidadãos.
Tudo isso significa que a soberania já não se apresenta de forma absoluta, mas, sim, relativa. E 
relativa a quê? Aos diferentes interesses que um Estado tenha em relação a outros. Por exemplo, se 
for conveniente para o Brasil aceitar trabalhadores paraguaios para atuarem aqui, porque em troca 
terá vantagens na compra da energia elétrica gerada pela Usina de Itaipu, então os vistos de trabalho 
deverão ser concedidos.
Por outro lado, se permitir a passagem de caminhões da Argentina para o Uruguai pelo Rio Grande 
do Sul, sem direito de cobrar por isso, não for interessante para o Brasil, ele terá que suportar as 
consequências do desgaste das estradas sem cobrar pedágio, por exemplo, caso isso tenha sido acordado 
com todos os países em algum tratado do Mercosul.
Outro exemplo interessante vivenciado recentemente pelo Brasil foi sediar a Copa do Mundo, um 
evento esportivo de futebol organizado pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), órgão 
particular que tem o poder de organizar esse campeonato e que exige dos países‑sede uma série de 
contrapartidas para poderem ter o evento em seu território.
A Fifa exigiu e o Brasil fez aprovar uma lei que diminuiu muito a soberania brasileira durante os dias 
do evento. Por determinação da Fifa, foi fechado o espaço aéreo brasileiro nas cerimônias de abertura e 
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encerramento da Copa, bares e restaurantes em um eixo de um quilômetro dos estádios foram proibidos 
de vender alimentos e bebidas, que seriam vendidos nos estádios para não fazer concorrência, entre 
outros aspectos que, além de exagerados, eram frontalmente contrários à soberania brasileira.
Valeu a pena o Brasil abrir mão de sua soberania para sediar a Copa?
Bem, no aspecto esportivo não, porque o time brasileiro não ganhou. Porém, no âmbito internacional, 
a visibilidade do País foi muito positiva, porque o evento transcorreu em paz, com estádios novos e muito 
bonitos, público ordeiro e que fez um bonito papel na torcida, hotéis de boa qualidade, gastronomia 
reverenciada pela excelência, enfim, o Brasil mostrou que tem condições de organizar um evento e que 
possui muitos pontos positivos.
Além disso, foi inegável que a realização da Copa do Mundo trouxe importantes recursos econômicos 
para o País, com os gastos efetuados pelas delegações esportivas, pela imprensa e pelos torcedores que 
vieram assistir ao evento. Eles fizeram com que bares, hotéis, restaurantes, transporte e toda a economia 
nacional lucrasse muito dinheiro, o que foi realmente importante para a economia do País.
Esse foi o chamado legado da Copa, uma boa visão do Brasil para outros países do mundo, o que, 
em alguma medida, pode dar impulso a negociações econômicas que sejam favoráveis para o País. Isso 
somente o tempo vai poder dar elementos para analisar.
6 TERRITÓRIO
O território, ou seja, a porção de solo, subsolo, espaço aéreo e mar, é essencial para a existência do 
Estado, porque é nesse espaço que vigora uma ordem jurídica que une todas as pessoas que ali habitam 
em torno de um mesmo objetivo comum. Em outras palavras, território é o espaço físico em que as 
pessoas cumprem deveres e usufruem de direitos, sempre com a finalidade de alcançar um objetivo 
comum (bem comum) que consideram essencial para sua existência digna, em paz e com respeito.
De Cicco e Gonzaga ensinam:
Para uma compreensão mais precisa sobre território nacional, 
depreendem‑se da Constituição Federal da República e da legislação 
ordinária (ou infraconstitucional) as partes que constituem o território:
(i) Solo: porção de terras visíveis e delimitadas pelas fronteiras 
internacionais e pelo mar.
(ii) Subsolo: porção de terras subjacentes ao solo, que têm a mesma 
configuração deste.
(iii) Espaço aéreo: coluna imaginária de ar que acompanha o contorno do 
território terrestre, acrescido do mar territorial.
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(iv) Embaixadas: sedes de representação diplomática dos diversos Estados. 
São considerados como parcela do território do Estado.
(v) Navios e aviões militares: em qualquer parte em que se encontrem são 
considerados como parte do Estado referente à bandeira que carregam.
(vi) Navios e aviões de uso comercial ou civil: em sobrevoo ou navegação 
de território não pertencente a outros Estados.
(vii) Mar territorial: a determinação da zona limítrofe é amplamente 
debatida. [...] Atualmente, adota‑se o limite para defesa de 12 milhas e, para 
exploração econômica, de 200 milhas (DE CICCO; GONZAGA, 2008, p. 44).
E complementam os mesmos autores: “[...] o território compreende os espaços geográficos terrestre, 
fluvial, marítimo, aéreo e diplomático, nos limites definidos em lei, em que o ordenamento jurídico tem 
coercitividade” (DE CICCO; GONZAGA, 2008, p. 44).
 Lembrete
Quando os autores se referem à legislação ordinária, ou 
infraconstitucional, estão utilizando uma classificação muito conhecida 
entre os estudiosos de Direito, que atribuem à Constituição Federal o topo 
de uma pirâmide de importância das leis. Assim, a Constituição Federal é a 
lei mais importante do Brasil e nenhuma lei pode confrontá‑la, sob pena de 
se tornar inconstitucional e não ter validade. As leis abaixo da Constituição 
Federal são chamadas de infraconstitucionais, ou leis ordinárias; recebem 
essa denominação pelo fato de terem sido concebidas pelo Poder Legislativo, 
ou seja, de modo ordinário, comum, corriqueiro, fruto da principal atividade 
desse Poder, que é, exatamente, construir leis.
A particularização dos espaços compreendidos como parte do território nacional é bem interessante 
e nos auxilia a compreender algumas situações do mundo em que vivemos. Recentemente, temos 
acompanhado pelo noticiário a vida de Julian Assange, australiano fundador do portal WikiLeaks, 
que publicou documentos secretos do exército norte‑americano sobre a Guerra do Afeganistão e do 
Iraque e, com isso, provocou uma polêmica de grande repercussão. Depois disso, ele foi acusado de ter 
praticado crimes sexuais, e a Inglaterra, país em que ele vivia, expediu um mandado de prisão contra 
ele. O que fez Julian Assange? Com medo de ser preso na Inglaterra e enviado para a Suécia, onde era 
acusado dos crimes sexuais, e de lá para os Estados Unidos, que tem tratado de extradição com a Suécia, 
ele entrou na embaixada do Equador em Londres, Inglaterra, e pediu asilo político.
Desde 19 de junho de 2012, ele vive em Londres, dentro da embaixada do Equador, sem poder 
sair; se fizer isso, será preso imediatamente pela polícia inglesa, que mantém vigilância permanente na 
porta do edifício. Entretanto, dentro da embaixada do Equador, ele não pode ser preso porque está em 
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território equatoriano, embora esteja fisicamente a 9.377,2 quilômetros de distância de Quito, a capital 
do Equador.
Isso também acontece com os navios e os aviões enquanto estão em movimento: eles são parte do 
território do país cuja bandeira carregam.
Figura 11 – Navio da Marinha do Brasil
Em outras palavras, vale a lei do Estado ao qual está vinculado o navio ou o avião, de finalidade 
comercial ou oficial. É por isso que se costuma afirmar que os comandantes de navio ou de avião, 
mesmo particulares, são a autoridade máxima daquele meio de transporte e podem aplicar a lei, inclusive 
para prender um passageiro (alguns navios de cruzeiro têm celas para essa finalidade), quando eles se 
comportam de maneira agressiva ou inadequada na avaliação do comandante. Ao chegar ao porto ou 
aeroporto aquele passageiro será entregue às autoridades do país e ficará sob custódia delas até que a 
situação se resolva.
7 POVO
A palavra povo é um termo de forte impacto emocional e enorme desgaste histórico. Ao mesmo 
tempo, é um elemento essencial, porque sem ele não há necessidade de constituição de um Estado.
Por que a palavra povo tem impacto emocional e desgaste histórico? Porque em benefício do povo já 
se cometeram enormes atrocidades. Todos os governantes, em todas as épocas, sempre garantiram agir 
em nome e em benefício do povo, embora em boa parte das vezes isso não fosse o objetivo principal. 
Para se manter no poder, garantir benefícios, obter o que queriam, muitos governantes juraram estar 
praticando atos de violência e de arbitrariedade em nome e para o bem do povo, quando, em verdade, 
estavam muito distantes disso.
O uso político do termo povo fez surgir até uma prática política conhecida em todo o mundo 
como populismo.
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Ludovico Incisa nos ensina:
Definições do populismo – Podemos definir como populistas as fórmulas 
políticas cuja fonte principal de inspiração e termo constante de referência 
é o povo, considerado como agregado social homogêneo e como exclusivo 
depositário de valores positivos, específicos e permanentes.
Alguém disse que o populismo não é uma doutrina precisa, mas uma 
“síndrome”. O populismo não conta efetivamente com uma elaboração 
teórica orgânica e sistemática. Muitas vezes ele está mais latente do que 
teoricamente explícito. Como denominação se amolda facilmente, de 
resto, a doutrinas e a fórmulas diversamente articuladas e aparentemente 
divergentes, mas unidas no mesmo núcleo essencial, da referência 
recorrente ao tema central, da oposição encarniçada a doutrinas e 
fórmulas de diversas derivações.
[...] Para evitarmos o risco de definições excessivamente vagas que, ou 
limitam demais o âmbito do populismo, ou o confundem com uma espécie 
de democratismo romântico, é mister ter presente que o conceito de povo 
não é racionalizado no populismo, mas antes intuído ou apodicticamente 
postulado. Uma tirada de estilo populista é o que encontramos numa frase 
de Eva Duarte: “ Um dia afirmou sabiamente Perón que, tendo percorrido 
o país de um cabo ao outro, e tendo conhecido todas as suas belezas e 
maravilhas, ao fim teve de se encontrar com a sua maior e mais alta beleza, 
o povo” (Eva Perón, 1952). Para além de uma exata definição terminológica, 
o povo é tomado como mito em nível lírico e emotivo (BOBBIO; MATTEUCCI; 
PASQUINO, 2004).
Juan Domingo Perón, presidente da Argentina por três mandatos, foi considerado um político 
importante, que contribuiu para a realização de mudanças relevantes na economia e na sociedade 
argentinas de sua época. Foi casado com Eva Perón, também conhecida como Evita. A atuação política 
de Perón foi marcada por forte apelo popular, sempre destinado ao povo mais desprovido de recursos 
econômicos e que ele denominava de descamisados. Parte de sua atuação foi dedicada a aumentar os 
direitos trabalhistas no país e incentivar as organizações sindicais, de quem recebia forte apoio para sua 
carreira política.
Eva Perón, que foi a segunda esposa de Juan Domingo Perón, atuou fortemente no aspecto social de 
seu governo, trabalhando pelos pobres com campanhas de doação de roupas e alimentos, construção 
de hospitais, escolas e creches, e se posicionando em favor de mais direitos para as mulheres, inclusive 
de voto. Ela foi um mito para a população mais pobre da Argentina de sua época, chamada de mãe dos 
descamisados. Morreu com 33 anos e seu velório durou 14 dias, tempo necessário para que a população 
pudesse ver seu caixão e se despedir. Ela é considerada um exemplo clássico da política populista da 
América do Sul, que teve outros muitos exemplos.
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No Brasil, o exemplo mais conhecido de populismo é Getúlio Dornelles Vargas, que foi presidente do 
País em duas oportunidades: de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, quando se suicidou no Palácio do Catete, 
no Rio de Janeiro, então sede do governo federal.
Getúlio Vargas era chamado de pai dos pobres porque, em seu primeiro governo, implantou a 
Consolidação das Leis do Trabalho, instituiu o salário mínimo e, em seus pronunciamentos e discursos, 
sempre se referia de forma vibrante e protetora às camadas menos favorecidas economicamente.
Ao estudar as formas pelas quais o populismo se manifestava no primeiro governo de Getúlio Vargas, 
a pesquisadora Tálita Jacy Rasoto explica:
A relação entre o presidente e o cidadão nesses moldes retrata uma das 
funções da política populista. Vargas simpatizava tanto com o ideal de estar 
unido ao povo que criou canais de ligação como, por exemplo, a oportunidade 
de os trabalhadores enviarem cartas ao presidente. As correspondências eram 
endereçadas e encaminhadas à Secretaria da Presidência da República. Entre 
1936 e 1945, Luiz Vergara – que chefiava a Secretaria – teve como função ler 
e responder as cartas, encaminhando as soluções em nome do presidente. 
Os objetivos eram pessoais e pediam por empregos, vagas em hospitais, 
promoções, entre outros. Estas cartas tinham a função da “gente comum” 
obter direitos e favores e, em consequência, a figura de chefe centralizador 
que Vargas divulgava reforçava‑se ainda mais, sendo ele considerado um 
justiceiro que dava valor aos anseios da população. Mas existia o lado cruel 
desta aparente proximidade. Ele mostrava em seus discursos que a relação 
entre os trabalhadores e o Estado tinha como pano de fundo boas intenções 
e sempre com resultados a favor de um só lado, no caso o do governo. 
A classe operária estava subordinada ao presidente, que, ao dissolver o 
Legislativo, eliminava os mediadores que poderiam atrapalhar as relações 
com os operários. A classe já vinha debilitada e o potencial reivindicatório, 
assim como a luta sindical, tornou‑se cada vez menos expressivo. A 
supressão de mediadores era propícia ao discurso de Vargas, que vivificava 
a legitimação e soberania do Estado por intermédio da personalização. 
Chegando a esse aspecto, neste processo de tornar o governo cada vez mais 
forte e indispensável, ele utilizava meios modernos para chegar às massas. 
[...] Até mesmo o modo de falar do presidente mudou quando da divulgação 
na imprensa de seu governo. Textos de linguagem rebuscada não cabiam 
mais ao discurso e à ideologia do populismo, pois, segundo J. S. Maciel 
Filho, dono do jornal, pareciam “muito acadêmicos, corretos demais, não se 
dirigem às massas, têm mais a ver com os intelectuais” (LEVINE, 2001, p. 95). 
Seu público maior estava no rádio e Vargas fazia questão de falar na Hora do 
Brasil, que além de notícias fazia os ouvintes apreciarem músicas, discursos 
animadores e dicas para o cotidiano. Também incentivava a publicação de 
livros para os jovens e literatura de cordel (RASOTO, 2009, p. 16‑18).
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Governos populistas existem até hoje em todas as partes do mundo e podem deixar um resultado 
negativo para a população, porque os excessos praticados em nome da suposta proteção ao povo quase 
sempre escondem interesses econômicos e políticos de grupos que fazem todo e qualquer esforço para 
se manter no poder, mesmo que esses esforços sejam moral e politicamente condenáveis.
 Saiba mais
Os filmes indicados a seguir reconstituem a época em que essas 
lideranças políticas e sociais atuaram e fornecem bons momentos para 
lazer e reflexão:
EVITA. Dir. Allan Parker. EUA: Hollywood Pictures, 1996. 114 minutos.
GETÚLIO. Dir. João Jardim. Brasil: Globo Filmes, 2014. 100 minutos.
O conceito de povo não se confunde com a definição de população, que é apenas uma unidade 
numérica, demográfica ou econômica, que não tem maior importância no âmbito político. Também não 
encontramos sentido jurídico para população. É uma expressão que, geralmente, está relacionada com a 
quantidade de pessoas que habitam um mesmo território ou áreas demarcadas de um território.
O conceito de povo também não se confunde com o de nação. Nação é normalmente definida como 
comunidade histórico‑cultural, composta de pessoas que nascem em um certo ambiente cultural e que, 
em decorrência disso, partilham tradições, costumes, crenças e valores. Essas mesmas pessoas partilham 
também projetos que se caracterizam como ideais coletivos.
Soares nos ensina:
Na doutrina brasileira, Miguel Reale conceitua nação como comunhão 
formada por laços históricos e culturais, alicerçada em sistema de relações 
históricas de ordem objetiva. Alexandre Moraes, na mesma trilha, a define 
como agrupamento humano, em geral numeroso, cujos membros, fixados 
num território, são ligados por laços históricos, culturais, econômicos e 
linguísticos. Dallari adverte que o termo nação é incorreto no sentido 
de definir povo, tendo tão somente pertinência a uma comunidade 
histórico‑cultural (SOARES, 2008, p. 152).
A questão não é simples e enseja resultados práticos que merecem nossa particular reflexão. Por 
exemplo, é possível encontrar uma nação que não tenha um território para viver.
Na atualidade, existem pessoas que têm as mesmas raízes históricas, religiosas, culturais, que falam 
a mesma língua e possuem valores sociais e objetivos semelhantes, mas que não vivem em um território 
no qual possam desenvolver seus objetivos porque nesse território existe outra nação.
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É o caso dos curdos. São mais de 20 milhões de pessoas que se definem como curdos, partilham história 
e cultura, mas que estão espalhados sem possuir um território em que possam viver em conformidade 
com seus objetivos. Hoje são considerados a maior nação sem território em todo o mundo.
Eles não são os únicos; os palestinos situados no Oriente Médio são estimados em 7 milhões de 
pessoas, partilham os mesmos valores sociais, culturais e históricos, mas não têm um território para 
se fixar e viver em conformidade com esses valores. Eles lutam pela obtenção de um território e a 
retomada de terras que hoje se encontram sob posse de Israel. Esse conflito é um dos mais antigos 
do mundo.
Existem ainda os tibetanos, que foram desapossados de seu território pelos chineses e almejam 
voltar a viver em uma área de terra em conformidade com seus valores. Também há os chechenos, que 
vivem em uma área de domínio russo e são mais de 1 milhão de pessoas, mas que não conseguem obter 
um território para si.
É importante pesquisar esse tema, em especial pelo grande drama social que essas nações vivem, em 
pleno século XXI, sem o direito de habitar seu próprio território.
Povo é tratado como um conceito recente nos estudos teóricos e que se tornou relevante para 
a compreensão do período histórico de formação do Estado moderno. Na atualidade, é um conceito 
bastante diferente daquele que foi utilizado pelas monarquias absolutistas. Para estas, o povo era o 
destinatário das ordens a serem cumpridas, em especial para pagamento de impostos e para formação 
dos exércitos. Nos regimes constitucionalistas que formaram os Estados, povo é aquele que detém a 
capacidade de decidir, de escolher os governantes e de governar quando se candidata a cargos eletivos. 
O povo escolhe quem vai representá‑lo no Legislativo e quem vai governá‑lo no Executivo.
Povo com poder não existia no período monarquista e é uma evolução própria da formação do 
Estado moderno, em que os poderes estão limitados pela existência de constituições (leis de grande 
importância), que determinamo que pode e o que não pode ser feito pelos governantes, e onde há 
alternância de poder, uma das maiores conquistas democráticas de um povo.
Contudo, devemos estar atentos para o fato de que o povo não é apenas composto daqueles que 
votam. Existem muitas pessoas que integram a categoria jurídica de povo e que não votam, como 
as crianças e os adolescentes até 16 anos (no Brasil). Estes também são povo, no âmbito jurídico do 
conceito, porque estão vinculados a um ordenamento jurídico que tem que ser rigorosamente cumprido 
por todos.
Assim, podemos considerar a existência de um conceito jurídico e de um conceito político de povo. 
No conceito político prevalece a importância de integrar o processo de escolha dos governantes e, no 
conceito jurídico, prevalece a obrigatoriedade de obedecer a um ordenamento jurídico que é comum a 
todas as pessoas.
Precisamos analisar, ainda, o conceito de cidadania, que, no direito brasileiro, é bastante relevante. 
De fato, a Constituição Federal brasileira, a lei mais importante do país, determina em seu artigo 1° 
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que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui‑se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania, 
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o 
pluralismo político.
 Observação
A expressão dignidade da pessoa humana foi construída 
historicamente a partir do Holocausto, ocorrido durante a II Guerra Mundial, 
em que milhões de judeus, ciganos e homossexuais foram assassinados 
porque deles havia sido retirado o direito de ter direitos, ou seja, não eram 
mais definidos como pessoas no sentido de serem sujeitos de direito.
O que definimos como cidadania, esse pilar do Estado Democrático de Direito que o Brasil pretende ser?
Cidadania tem inúmeras definições, mas pode ser concebida como a capacidade pública do indivíduo, 
o conjunto de direitos e deveres que ele possui e pode exercer perante o Estado.
Paulo Bonavides afirma:
Da cidadania, que é uma esfera de capacidade, derivam direitos, quais o 
direito de votar e ser votado (status activae civitatis), ou deveres, como 
os de fidelidade à Pátria, prestação de serviço militar e observância das 
leis do Estado. Sendo a cidadania um círculo de capacidade conferido 
pelo Estado aos cidadãos, este poderá traçar‑lhe limites, caso em 
que o status civitatis apresentará no seu exercício certa variação ou 
mudança de grau. De qualquer maneira é um status que define o 
vínculo nacional da pessoa, os seus direitos e deveres em presença do 
Estado, e que normalmente acompanha cada indivíduo por toda a vida 
(BONAVIDES, 2004, p. 82).
O mesmo autor explica:
Três sistemas determinam a cidadania: o jus sanguinis (determinação da 
cidadania pelo vínculo pessoal), o jus soli (a cidadania se determina pelo 
vínculo territorial) e o sistema misto (admite ambos os vínculos). Na 
terminologia do direito constitucional brasileiro em vez da palavra cidadania, 
que tem uma acepção mais restrita, emprega‑se com o mesmo sentido o 
vocábulo nacionalidade.
A matéria se acha regulada no artigo 12 da Constituição Federal, que define 
quem é brasileiro e por conseguinte, em face das nossas leis, quem constitui 
o nosso povo (BONAVIDES, 2004, p. 82).
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O artigo 12 da Constituição Federal brasileira determina que são brasileiros natos os nascidos na 
República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de 
seu país; e os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileiros, desde que qualquer um deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil. São ainda brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai 
ou mãe brasileiros, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira (BRASIL, 1988).
O mesmo artigo define, ainda, que serão considerados brasileiros naturalizados aqueles que, na 
forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigida aos originários de países de língua portuguesa 
apenas por residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; e aos estrangeiros de qualquer 
nacionalidade, residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde 
que requeiram a nacionalidade brasileira.
O Brasil contempla ainda um tratamento especial aos portugueses com residência permanente no 
País: se houver reciprocidade em favor de brasileiros, a eles serão atribuídos os direitos inerentes aos 
brasileiros, salvo casos específicos previstos na própria Constituição Federal.
A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, porém há cargos 
que são privativos de brasileiros natos, como é o caso da Presidência e Vice‑Presidência da República; 
Presidência da Câmara dos Deputados; Presidência do Senado Federal; cargo de ministro do Supremo 
Tribunal Federal, carreira diplomática, oficiais das Forças Armadas e ministro da Defesa do Estado.
A Constituição Federal brasileira disciplina, ainda, os casos de perda de nacionalidade, que ocorrerão 
quando for cancelada a naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; por aquisição de outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento da nacionalidade 
originária pela lei estrangeira, ou pela imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para exercício 
de direitos civis.
Como podemos constatar, o Estado brasileiro, por sua Constituição Federal, é generoso com 
estrangeiros que queiram se naturalizar brasileiros. Não há exigência de maior complexidade. Basta o 
tempo de residência em solo brasileiro, quinze anos, e que não tenham condenação penal.
Mas será que todos os Estados no mundo são assim complacentes com os estrangeiros? A resposta 
é não. Muitos países do mundo priorizam o conceito de jus sanguinis, ou seja, só poderá adquirir a 
cidadania quem for filho de pai ou mãe nascido no país. Isso dificulta bastante os processos imigratórios, 
em especial para quem precisa sair de seu país em razão de conflitos (guerras, insurreições, golpes de 
Estado) e buscar abrigo em outros países. Essa pessoa é recebida em razão do caráter humanitário do 
acolhimento, mas não pode trabalhar porque não tem documentos para isso.
É uma situação que tem se tornado cada vez mais dramática em todo o mundo, com a perda de 
milhares de vidas humanas em viagens perigosas, que os refugiados fazem para tentar chegar a outro 
país e se estabelecer ali. Porém, na prática, a vida em países estrangeiros nem sempre será acolhedora, 
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porque não se pode trabalhar formalmente em razão da ausência de visto apropriado para isso ou de 
documento que autorize a atividade.
Figura 12 – Em Boa Vista, Ana Lucíola e outros voluntários entregam 
marmitas para mulheres venezuelanas em situação de vulnerabilidade
Figura 13 – Visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, 
 em 8 de julho de 2017, ao Centro de Acolhimento ao Imigrante de Manaus, 
local de acolhida aos índios venezuelanos Warao, que migraram para a cidade 
brasileira em razão da situação de insegurança e escassez da Venezuela
 Saiba mais
No portal da Organização das Nações Unidas,você poderá pesquisar 
sobre o trabalho do Alto Comissariado das Nações Unidas para 
Refugiados (Acnur):
<http://www.acnur.org/portugues/>.
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Os refugiados são pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de 
perseguição, relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado 
grupo social ou opinião política, como também devido a uma grave e generalizada violação de direitos 
humanos e a conflitos armados. No final de 2016, a população global de refugiados atingiu a marca de 
22,5 milhões de pessoas, nível mais alto registrado em duas décadas (ACNUR, 2017).
A situação dos refugiados se agrava em várias partes do mundo, e os Estados deverão repensar suas 
políticas de acolhimento, embora isso não seja uma tarefa fácil em razão das dificuldades concretas que 
a movimentação de milhares de pessoas provoca nas regiões para onde elas se dirigem.
Além da necessidade de encontrar postos de trabalho, é preciso fornecer saúde, educação e moradia, 
o que nem sempre é possível para os Estados, em vista das dificuldades que já enfrentam com sua 
própria população.
Figura 14 – Palácio do Governo, Madri, Espanha
Figura 15 – Palácio do Governo, Madri, Espanha
É o que acontece no Brasil com os refugiados haitianos e venezuelanos que têm imigrado para cá. É 
preciso atendê‑los nesse momento difícil, embora seja preciso sopesar que o Brasil tem enormes dificuldades 
de atender sua própria população. São dilemas contemporâneos, próprios dos Estados do nosso tempo e 
que não podem ficar sem respostas positivas, porque a cidadania como conceito político ou jurídico não 
pode se sobrepor ao dever de acolhimento e proteção a que todos os seres humanos têm direito.
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Relegar os refugiados ao abandono sem criar políticas públicas que possam ajudá‑los é 
completamente contrário aos nossos compromissos com a justiça e o respeito ao ser humano. Não 
importa a nacionalidade e nem as causas que tornaram o exílio a única saída para essas pessoas, é 
preciso atuar de forma proativa, mesmo que isso signifique algum custo econômico.
Pior do que não acolhê‑las será viver com a consciência de que não fizemos nada e que seremos, 
assim, responsáveis por mortes de crianças, mulheres e homens que não tinham culpa por estar 
naquela situação.
Sem dúvida é um tema complexo para o Brasil e também para a Europa, que vive sérios problemas com 
o acolhimento de refugiados. Mas não será ignorando o problema e deixando as pessoas abandonadas 
que construiremos o mundo melhor que todos almejamos e que nossas leis determinam como objetivo 
a ser construído pela sociedade brasileira.
8 FINALIDADE DO ESTADO – O BEM COMUM
A finalidade de um Estado é garantir o bem comum de todos que nele vivem.
Definir o que pode ser benéfico para todos não é exatamente tarefa fácil, porque individualmente 
as pessoas almejam circunstâncias de vida muito variadas. Mas é correto afirmar que o bem comum 
consiste em garantir a todos e a cada um, individualmente, uma situação de vida digna, ou seja, em 
condições adequadas à proteção da dignidade humana.
Para isso, caberá ao Estado desenvolver políticas públicas para as áreas de educação, saúde, 
moradia, segurança e assistência social que permitam a todos alcançar as condições necessárias para 
a vida com dignidade.
Dalmo de Abreu Dallari ensina:
[...] verifica‑se que o Estado, como sociedade política, tem um fim geral, 
constituindo‑se em meio para que os indivíduos e as demais sociedades 
possam atingir seus respectivos fins particulares. Assim, pois, pode‑se concluir 
que o fim do Estado é o bem comum, entendido este como o conceituou 
o Papa João XXIII, ou seja, o conjunto de todas as condições de vida social 
que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade 
humana. Mas se essa mesma finalidade foi atribuída à sociedade humana 
no seu todo, não há diferença entre ela e o Estado? Na verdade, existe uma 
diferença fundamental, que qualifica a finalidade do Estado: este busca o 
bem comum de um certo povo, situado em um determinado território. 
Assim, pois, o desenvolvimento integral da personalidade dos integrantes 
desse povo é que deve ser o seu objetivo, o que determina uma concepção 
particular de bem comum para cada Estado, em função das peculiaridades 
de cada povo (DALLARI, 2010, p. 108).
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Estado é, portanto, um conceito político, sendo diferente do conceito de nação. Nação é a união 
de pessoas que integram o mesmo grupo étnico, falam o mesmo idioma e possuem cultura e costumes 
semelhantes, construídos ao longo de um período histórico. É essa identidade de costumes e tradições, 
além da unidade da língua, que dão àqueles que integram uma nação o sentimento de pertencimento.
Povo é um conceito derivado do vínculo jurídico que as pessoas estabelecem com um Estado; já 
nação é um conceito mais amplo, porque depende da unidade que se constrói ao longo de períodos de 
tempo em que pessoas vivem juntas e partilham valores, língua, tradição, costumes e vivências.
Não é difícil compreender, assim, que existem nações sem Estado, ou seja, grupos de pessoas unidas por 
valores, língua e tradição comuns que não possuem um território exclusivo e, dessa maneira, ou são obrigadas 
a viver em território de outros grupos, ou se espalham pelo mundo sem conseguirem se fixar adequadamente.
8.1 Poder do Estado – político e jurídico
Na atualidade, em grande parte do mundo, os Estados se organizam por meio de leis que são 
elaboradas por representantes do povo, escolhidos por meio de voto direto e com garantia de alternância 
de poder, ou seja, eleições que são realizadas regularmente para assegurar que todos tenham direito de 
ocupar cargos políticos importantes para a organização do Estado.
O poder do Estado é limitado àquilo que está disposto na Constituição Federal, a lei mais importante 
de um Estado Democrático de Direito, que contém toda a organização estatal e, principalmente, os 
limites de poder dos governantes, seus direitos e deveres, bem como os direitos e deveres de todos os 
cidadãos e agentes políticos.
No Brasil, a Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988 prevê expressamente quais os 
direitos e garantias dos cidadãos brasileiros, e o artigo 5°, que contém direitos individuais e coletivos de 
cada brasileiro, possui 75 previsões legais que devem obrigatoriamente ser obedecidas pelo Estado, por 
seus governantes e agentes públicos. Todos estão obrigados a respeitar os direitos individuais e coletivos 
dos cidadãos brasileiros e, caso isso não ocorra, poderão ser punidos pela falta de cumprimento aos 
ditames da Constituição Federal.
Isso é o que sintetiza a ideia de Estado Democrático de Direito, que é a organização estatal baseada em 
leis, em especial na Constituição Federal, construídas por representantes do povo. Esses representantes 
são escolhidos de forma direta nas urnas para um mandato com tempo de duração definido, e criam 
e votam leis que respeitam os princípios fundamentais da Constituição, que são a soberania do Estado 
brasileiro, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
e o pluralismo político.
O Estado Democrático de Direito ainda se caracteriza pela existência de organismos independentes 
que protegerão o cidadão brasileiro e a ele garantirão o pleno exercício da liberdade, como é o caso do 
Poder Judiciário e das polícias federal e estadual, civil e militar,cuja existência só encontra sentido na 
proteção ao cidadão brasileiro e ao estrangeiro residente no País, independentemente de sexo, raça, cor, 
religião, convicção política ou partidária, ou qualquer outro elemento de identidade física ou cultural.
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O Estado deve estar sempre a serviço do cidadão, e não este a serviço do Estado, salvo quando o 
cidadão tiver optado por uma das carreiras administrativas, cujas vagas devem ser preenchidas por 
concurso público. Nesse caso, o funcionário público estará a serviço do Estado, em caráter profissional. 
Nos demais casos, o cidadão deverá cumprir as leis de seu país e ter o Estado a seu serviço para lhe 
garantir condições adequadas de vida, em especial, o respeito a sua integridade física e a sua liberdade 
(de ir e vir, de se expressar, de escolher sua moradia), e para lhe garantir acesso a meios que viabilizem 
uma vida segura, com saúde e educação, entre outros direitos.
É por essa forma de organização democrática e complexa que o Estado depende dos aspectos 
políticos e jurídicos para o seu bom funcionamento. É preciso assegurar a escolha de representantes 
do povo, porém essa escolha e a atuação dos representantes está e estará sempre limitada àquilo que a 
lei permite; e essa lei, para ser elaborada e votada, deverá contar com a participação do maior número 
possível de representantes do povo.
 Resumo
Nesta unidade estudamos elementos que são característicos do 
Estado e cujo conhecimento aprofundado facilita a nossa compreensão 
do Estado, de sua organização e de seu funcionamento.
O primeiro elemento é a soberania, que se caracteriza pela capacidade 
de autodeterminação de um Estado, a qual ele utiliza para organizar suas 
instituições e os direitos e deveres de seu povo, sem precisar da influência 
de outros Estados.
Vimos que, na atualidade, essa soberania é relativizada por vontade dos 
próprios Estados, que se associam no plano internacional a organizações 
importantes, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização 
dos Estados Americanos (OEA) e outras tantas entidades de atuação 
específica, como a Unesco, a FAO e a OMS, todas focadas em oferecer 
estudos e orientações para a garantia dos direitos e do bem‑estar das 
diferentes populações do mundo.
O Brasil, por exemplo, é membro da ONU e de uma série de outras 
entidades internacionais e recebe delas orientações às quais adere 
por meio da assinatura de tratados, se comprometendo a cumpri‑los 
rigorosamente e a entregar relatórios sobre a implementação das 
medidas sugeridas, em especial na saúde, na educação e no respeito 
aos direitos humanos dos cidadãos brasileiros.
Essa participação em organismos internacionais relativiza a soberania, 
mas isso decorre de uma finalidade maior e preciosa, que se dá em benefício 
da população brasileira. Também vimos que a relativização da soberania de 
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um país pode decorrer de interesses econômicos, como aconteceu com o 
Brasil quando se tornou membro do Mercado Comum do Sul (Mercosul). 
A ampliação das relações econômicas com outros participantes desse 
bloco econômico era interessante para o Brasil e, por isso, justificava a 
relativização da soberania.
Território é outro elemento que caracteriza o Estado e é definido 
como a porção de solo, subsolo, espaço aéreo e mar essencial para a 
existência do Estado, porque é nesse espaço que vigora uma ordem 
jurídica que une todas as pessoas que ali habitam em torno de um 
mesmo objetivo comum.
Território é, assim, o espaço físico em que as pessoas cumprem deveres 
e usufruem de direitos, sempre com a finalidade de alcançar um objetivo 
comum (bem comum) que consideram essencial para sua existência digna, 
em paz e com respeito.
Povo é um conceito complexo e construído historicamente, que 
ensejou até mesmo a criação de uma tendência de governo a que 
denominamos de populismo.
Existe um conceito jurídico e um conceito político para povo. No âmbito 
jurídico são todos aqueles que vivem em um determinado território, 
unidos por origens culturais e históricas comuns, e que se sujeitam ao 
cumprimento das mesmas leis. No âmbito político, são aqueles que 
possuem condições de escolher governantes e de se candidatar a cargos 
do governo, sendo ou não escolhidos por outros membros para ocupar 
tais cargos.
Um povo se organiza em um território com soberania para alcançar 
um objetivo, que é a finalidade do Estado. A única finalidade válida de 
um Estado é atingir o bem comum, ou seja, garantir que todos tenham 
direito a uma vida digna, que possam progredir moral e materialmente, 
concretizar seus objetivos pessoais e adquirir as condições necessárias 
para efetivar sua felicidade.
O Estado tem uma finalidade, o bem comum, e não pode se desviar dela. 
É por isso que as leis garantem aos cidadãos de um Estado o direito à vida, à 
dignidade, à liberdade, à saúde, à educação, ao progresso material e intelectual, 
porque sem essa finalidade o Estado não se mantém, não será legítimo.
Por fim, ao refletirmos sobre o poder do Estado, verificamos que ele 
será jurídico e político.
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Será jurídico porque toda a organização do Estado deve se dar por meio 
de leis, redigidas e escolhidas pelos representantes do povo, que realizam 
no Parlamento, ou seja, no Poder Legislativo, o trabalho de criar leis que 
serão de cumprimento obrigatório, mas cuja finalidade deve ser sempre a 
de garantir o bem‑estar de todos na sociedade.
O poder político, por sua vez, é aquele que decorre do direito de organizar 
a escolha e a alternância dos governantes e representantes do povo, para 
que de forma democrática todos possam votar e ser votados e, com isso, 
garantir a democracia como elemento fundamental para a concretização 
da finalidade do Estado.
 Exercícios
Questão 1. O território é um dos elementos essenciais para a caracterização do Estado contemporâneo, 
ao lado da existência de um povo, que também é elemento essencial. Mas o conceito de nação não é 
fundamental para a caracterização de Estado, porque:
I – Nação não é um conceito jurídico, apenas filosófico.
II – Nação, conforme define Miguel Reale, é a comunhão de laços históricos e culturais, alicerçada 
em relações históricas de ordem objetiva e, portanto, sem necessidade de um território para existir.
III – Curdos, palestinos e cubanos são, na atualidade, exemplos de nação sem território.
IV – Nação é comunidade histórica e cultural que não pode possuir um território.
V – Chechenos, curdos e palestinos são exemplos atuais de nações sem território.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
B) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
C) Apenas as afirmativas II e V estão corretas.
D) Apenas as afirmativas III e V estão corretas.
E) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
Resposta correta: alternativa C.
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Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: nação é um conceito jurídico que significa comunhão de laços históricos e culturais, 
alicerçada em relações históricas de ordem objetiva, como ensina Miguel Reale.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a nação não precisa de um território para existir, embora possa tê‑lo e quase sempre 
o deseje. Mas mesmo alijada de um território físico não deixa de existir, porque seus laçoshistóricos e 
culturais se mantêm.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: os cubanos possuem o território da ilha de Cuba. Vivem em um regime pouco 
democrático, porém, constituem um Estado com povo, território, soberania e finalidade comum.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: toda nação pode e deve possuir um território, mas, quando esse direito lhe for 
usurpado por razões de ordem política, ela não deixa de existir e permanece ligada por seus laços 
culturais e históricos.
V – Afirmativa correta.
Justificativa: essas três nações no momento estão desprovidas de um território e, por isso, não 
conseguem organizar um Estado em um território definido, no qual possam viver como um povo, sob a 
regência de leis e costumes.
Questão 2. O portal de notícias G1 publicou em 8 de março de 2018 uma reportagem assinada pelo 
jornalista Glauco Araújo:
“Polícia Militar instaurou inquérito policial militar para apurar a conduta dos dois policiais militares 
envolvidos na agressão com tapas e soco a um jovem durante abordagem na noite de domingo (4), em 
frente a um mercado na Avenida Circular, no Jardim Esmeralda, Zona Oeste de São Paulo. A ação foi 
filmada por câmera de segurança [...]. Os dois PMs foram afastados das funções durante todo o curso 
da investigação do caso.
‘Soube dessa ocorrência na parte da manhã, tive acesso ao Boletim de Ocorrência e abri procedimento 
na Ouvidoria. Encaminhei requerimento de apuração à Corregedoria da PM. As imagens falam por si, elas 
colaboram para confirmar a agressão e transgressão disciplinar. Encaminhei pedido ao comando da Polícia 
Militar, que me informou que eles foram afastados durante toda a apuração do caso’, disse Benedito 
Domingos Mariano, ouvidor de Polícia” (ARAÚJO, 2018).
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Unidade II
Assinale a alternativa correta:
A) Os policiais militares agiram para apurar se o jovem era criminoso, porque a forma como ele 
estava vestido era suspeita.
B) A conduta do policial é contrária ao Estado Democrático de Direito porque todos têm direito a um 
tratamento que respeite a dignidade da pessoa humana.
C) A abordagem de rua feita pela polícia não pode ser gentil porque pode dar a ideia de fragilidade 
dos policiais.
D) A abordagem foi feita no período noturno, quando os policiais têm autorização para agir de 
forma mais agressiva, exatamente porque é maior a quantidade de bandidos nas ruas.
E) O Estado Democrático de Direito, ou seja, o império das leis sobre a força, não pode prevalecer em 
casos em que estejam em jogo a finalidade do Estado, que é, exatamente, proteger o bem comum.
Resolução desta questão na plataforma.
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FIGURA E ILUSTRAÇÕES
Figura 6
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100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/yoani_sanchez_0.jpg>. 
Acesso em: 26 abr. 2018.
Figura 7
GREVE‑DE‑FOME.JPEG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/C6Eb6QwYOZlkLixKWL4GR6zJZR
w=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/greve‑de‑fome.
jpeg>. Acesso em: 26 abr. 2018.
Figura 8
ALVARO_MINGUITO_03.JPG. Disponível em: <http://imagens.ebc.com.br/fgfcX6soWxTLDZDD‑ 
uqz94f8qck=/1100x370/smart/http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/alvaro_
minguito_03.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2018.
Figura 11
FGRETH34GHDSE4R3QER5T.JPG. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/sites/default/files/
noticias/fgreth34ghdse4r3qer5t.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2018.
Figura 12
03/06‑03‑18‑VENEZUELANOS‑RECEBEM‑ALIMENTOS‑NA‑PRA%C2%BAA‑CAPIT%C3%BAO‑CLOVES‑ 
FOTO‑REYNESSON‑DAMASCENO‑93.JPG. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugueswp‑content 
/uploads/2018/03/06‑03‑18‑Venezuelanos‑recebem‑alimentos‑na‑pra%C2%BAa‑Capit%C3%BAo‑ 
Cloves‑foto‑Reynesson‑Damasceno‑93.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2018.
Figura 13
DBF6997D‑B691‑4868‑82EE‑58F0F32ECD88.JPEG. Disponível em: <http://justica.gov.br/news/ministro 
‑e‑presidente‑da‑funai‑visitam‑centro‑de‑acolhimento‑a‑imigrantes‑de‑manaus/ministro‑manaus‑ 
centro‑de‑acolhimento‑2.jpg/@@images/dbf6997d‑b691‑4868‑82ee‑58f0f32ecd88.jpeg>. Acesso 
em: 27 abr. 2018.
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
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1981. 100 minutos.
GETÚLIO. Dir. João Jardim. Brasil: Globo Filmes, 2014. 100 minutos.
ILUMINADOS pelo fogo. Dir. Tristan Bauer. Espanha; Argentina: Canal+ España, 2005. 100 minutos.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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