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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - “Sociedade Nilza Cordeiro Herdy de Educação e Cultura S/S Ltda.” UNIGRANRIO - ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO SUPERIOR EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS LEVI JOÃO DE FREITAS CARDOSO LIGIA DE AQUINO FERREIRA LUIZ CARLOS FONSECA MOACIR FREIRE DA SILVA CONTABILIDADE GERENCIAL A Relevância da Contabilidade Gerencial na Tomada de Decisão ORIENTADOR: PROF.: Anderson Fumaux Duque de Caxias – RJ 2015 LEVI JOÃO DE FREITAS CARDOSO LIGIA DE AQUINO FERREIRA LUIZ CARLOS FONSECA MOACIR FREIRE DA SILVA CONTABILIDADE GERENCIAL: A Relevância da Contabilidade Gerencial na Tomada de Decisão Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Grande Rio – “Prof. José de Souza Herdy” como requisitos necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Anderson Fumaux Duque de Caxias – RJ 2015 LIGIA DE AQUINO FERREIRA LUIZ CARLOS FONSECA MOACIR FREIRE DA SILVA CONTABILIDADE GERENCIAL: A Relevância da Contabilidade Gerencial na Tomada de Decisão Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Sociedade Nilza Cordeiro Herdy de Educação e Cultura S/S Ltda., como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contabéis. ______________________________ Profº Orientador: Anderson Fumaux Duque de Caxias, 27 de Junho de 2015. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________ Prof. da Sociedade Nilza Cordeiro Herdy de Educação e Cultura S/S Ltda. ___________________________________________________________ Prof. da Sociedade Nilza Cordeiro Herdy de Educação e Cultura S/S Ltda. ___________________________________________________________ Prof. da Sociedade Nilza Cordeiro Herdy de Educação e Cultura S/S Ltda. Duque de Caxias – RJ 2015 A Deus, qυе nos criou e foi criativo nesta tarefa. Sеυ fôlego dе vida еm nós fоі o sustentáculo е o encorajamento para questionarmos realidades е propormos sempre υm novo mundo dе possibilidades. AGRADECIMENTOS A Deus por ter nos dado saúde e força para superar as dificuldades. A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbramos um horizonte superior, eivados pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes. Ao nosso orientador Anderson Fumaux, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. As nossas esposas (marido) pela compreensão. Aos nossos pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.” (Charles Chaplin) RESUMO No mundo de hoje a competitividade no mercado de trabalho está cada vez maior, em função do aumento no número de clientes que, por sua vez, estão mais exigentes e a procura dos melhores produtos e serviços, junto com a melhor qualidade possível. Deste modo as empresas precisam se adaptar às essas exigências, batalhando contra a concorrência. Assim, temos a Contabilidade Gerencial que é aquela que identifica informações, auxiliando, assim, os administradores na gestão de suas empresas. Ela tem por objetivo fornecer dados reais para aperfeiçoar o processo de tomada de decisão, almejando o planejamento e a prosperidade das organizações. Neste trabalho foram usadas pesquisas bibliográficas através de livros, referente ao o tema, com o objetivo de definir e demonstrar a Relevância da Contabilidade Gerencial para a Tomada de Decisão como uma das principais ferramentas de auxílio à tomada de decisões. Palavras-chave: Qualidade; Exigências; Contabilidade Gerencial; Gestão; Informações; Relevância e Decisão ABSTRACT In today's world competitiveness in the labor market is increasing, due to the increase in the number of customers, in turn, they are discerning and demand for better products and services, along with the best possible quality. Therefore companies need to adapt to these requirements, battling competition. Thus we have the Managerial Accounting is one that identifies information, helping, so, administrators in managing their businesses. It aims to provide real data to improve the decision-making process, aiming the planning and prosperity of organizations. In this work we were used library research through books, related to the subject in order to define and demonstrate the relevance of Managerial Accounting for Decision Making as a major tool to aid decision making. Keywords: quality, requirements, Management Accounting, management, information, relevance, decision. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Balanço Patrimonial – Fonte: www.portalcfc.org.br ..................................... 23 Figura 2 Composição do BP – Fonte: www.portalcfc.org.br ...................................... 24 Figura 3 Estrutura do BP – Autor: Profº Francisco Viana .......................................... 29 Figura 4 Estrutura da DRE – Fonte: Autores ............................................................. 37 Figura 5 Demonstração de Lucros ou Prejuizos – Fonte: Autores ............................ 40 Figura 6 Funções da Contabilidade Gerencial – Fonte: ATKINSON (2000) .............. 44 Figura 7 Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira – Fonte: PADOVEZE (2009, p. 24) .............................................................................................................. 45 Figura 8 Comparativo Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira – Autor: Profº Virgílio de Oliveira ............................................................................................ 46 Figura 9 Alavancagem Financeira – Fonte: www.cavalcanteassociados.com.br ..... 57 Figura 10 Elaboração do Planejamento – Fonte: Autores ......................................... 60 Figura 11 Princípios – Fonte: www.pmkb.com.br ...................................................... 61 Figura 12 Controladoria (Missão x Objetivos) – Fonte: Autores ................................ 64 Figura 13 Diferenças entre Métodos de Custeio – Fonte: Autores ............................ 71 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................... 12 1.2 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 12 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 12 1.4 DELIMITAÇÃO ............................................................................................... 14 1.5 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 14 1.6 METODOLOGIA ............................................................................................. 15 1.7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 15 2 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE E A IMPORTANCIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................... 16 2.1 CONCEITO DE CONTABILIDADE ................................................................. 17 2.2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................................................................. 19 2.2.1 As Normas e Padronização .................................................................. 20 2.2.2 Principais Demonstrações Contábeis ................................................ 21 2.2.3 Demonstrações Contábeis Básicas .................................................... 22 2.2.3.1 Balanço Patrimonial ................................................................................ 22 2.2.3.1.1 Composição Patrimonial..........................................................................23 2.2.3.1.2 Estrutura Patrimonial Resumida..............................................................24 2.2.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ................................... 30 2.2.3.2.1 Composição dos Resultados...................................................................30 2.2.3.2.2 As Diferentes Fases do Lucro ................................................................ 35 2.2.3.2.3 Estrutura da DRE .................................................................................... 37 3 CARACTERIZAR A CONTABILIDADE GERENCIAL E O SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO ....................................................................................................... 42 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL ............................. 42 3.2 CONTABILIDADE GERENCIAL X CONTABILIDADE FINANCEIRA ............. 44 3.3 A APLICABILIDADE DA CONTABILIDADE GERENCIAL .............................. 47 3.4 O CONTADOR E A CONTABILIDADE GERENCIAL ..................................... 48 3.5 A RELEVÂNCIA DOS INDICADORES PARA A CONTABILIDADE GERENCIAL .......................................................................................................... 50 4 A RELEVÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, DO CONTROLE E DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA A CONTROLADORIA ............................... 58 4.1 O PLANEJAMENTO ....................................................................................... 59 4.2 O CONTROLE ................................................................................................ 61 4.3 MISSÃO E OBJETIVO DA CONTROLADORIA .............................................. 63 4.4 A CONTABILIDADE GERENCIAL NA CONTROLADORIA ............................ 64 5 A RELEVÂNCIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS PARA A CONTABILIDADE GERENCIAL ............................................................................... 67 5.1 CONTABILIDADE DE CUSTOS ..................................................................... 67 5.2 MÉTODO DE CUSTEIO ................................................................................. 68 5.3 CUSTEIO POR ABSORÇÃO .......................................................................... 69 5.4 CUSTEIO VARIÁVEL OU DIRETO ................................................................ 69 5.5 DIFERENÇAS ENTRE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E VARIÁVEL ............... 70 5.6 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES ......................................................... 72 6 DETERMINAR A RELEVÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL NA TOMADA DE DECISÃO ........................................................................................... 74 6.1 GESTÃO E A CONTABILIDADE GERENCIAL ............................................... 75 7 A CONTABILIDADE GERENCIAL COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL ................................................................................................................ 78 7.1 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL COMO FERRAMENTA DE APOIO GERENCIAL .............................................................................................. 80 7.1.1 Sistema de Suporte da Decisão (SSD) .................................................. 80 7.1.2 Sistema de Suporte Executivo (SSE) .................................................... 81 7.1.3 Sistema de Informação Gerencial (SIG) ................................................ 81 7.2 A RELEVÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PARA AS EMPRESAS ........................................................................................................... 83 7.3 ASPECTOS QUE FORTALECEM O SISTEMA GERENCIAL NAS EMPRESAS ........................................................................................................... 84 7.4 RELATÓRIOS DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL ..................... 85 7.5 CONDIÇÕES DE TOMADA DE DECISÃO ..................................................... 86 7.6 OS NÍVEIS ABRANGIDOS PELO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL........................................................................................................... 86 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 88 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 94 12 1 INTRODUÇÃO Nas constantes mudanças desse nosso cenário econômico mundial as organizações tentam se adequar às práticas de gestão aplicadas à nossa realidade de mercado. Tais mudanças estão ocorrendo em todos os campos, seja tecnológico, político, social, ambiental, econômico, financeiro e etc., o que exige das empresas, meios confiáveis de obter informações, que deverão ser seguras, adequadas e em tempo hábil, para subsidiá-las no processo de tomada de decisão. Nesse momento de constantes mudanças e de aumento da competitividade nos negócios, as empresas vêm expondo sua importância para o crescimento da economia brasileira e mundial. O mundo de negócios é extremamente vasto, outrora; esses empreendimentos devem ser dotados de informações gerenciais seguras, transparentes e confiáveis, garantindo, dessa forma, o sucesso e a sua permanência no atual mercado. Assim, como excelente ferramenta de gestão, temos a Contabilidade Gerencial fornecendo informações que propiciam uma análise do desenvolvimento do negócio, o que permite ações corretivas no tempo certo e corretas decisões de investimentos contribuindo na busca contínua do seu crescimento, bem como na sua perpetuação no mercado. IUDÍCIBUS (1998), entende que a Contabilidade Gerencial está voltada para a administração, com vistas de fornecer informações úteis que possam ser utilizadas no modelo decisório. De maneira geral, todo procedimento, técnica, informação ou relatório contábil é feito para que a administração os utilize no processo de tomada de decisões. Um dos focos da Contabilidade Gerencial é o crescimento da empresa. Para isso é necessário estabelecer os processos de análise, controle e, como um fator de grande relevância, de planejamento que deverão ser realizados com o auxílio da Controladoria. Portanto, a incongruência das informações gerenciais pode comprometer o sucesso do empreendimento. Na visão de MARION (2009), a Contabilidade Gerencial é o instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. 13 Ele cita ainda que é por meio dela que a empresa avalia o desempenho dos negócios e obtém diretrizes para as decisões. A presente pesquisa buscará conduzir o gestor a utilizar as informações fornecidas pela Contabilidade Gerencial como auxílio à tomada de decisão e, assim, garantir o sucesso da empresa, possibilitando-a tomar decisões sólidas e confiáveis para a permanência e o sucesso da instituição nos negócios. Pretendemos, também, diferenciar os métodos de custeio absorção e variável para relatar as vantagens e desvantagens de cada um e, assim, refletirmos sobre qual o melhor método a ser utilizado dentro de uma empresa. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA O problema de pesquisa deste trabalho é constatar de que forma a utilização da Contabilidade Gerencial pode auxiliar nas tomadas de decisão e na saúde econômico-financeira, gerando benefícios à entidade e reduzindo as decisões erradas que levam a encerrarem suas atividades. 1.2 OBJETIVO GERAL Compreender a relevância da Contabilidade Gerencial como sistema de informações imprescindíveis as tomadas de decisões tempestivas, com o maior nível de segurança possível. 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar a Contabilidade Gerencial e o seu Papel nas Organizações; Perceber a Importância do Planejamento, do Controle e da Contabilidade Gerencial para Controladoria; Diferenciar os Métodos de Custeio por Absorção e Variável, ABC; Determinar a Relevância da Contabilidade Gerencial na Tomada de Decisão e 14 Descrever a contribuição da utilização do Sistema de Informação para a Contabilidade Gerencial. 1.4 DELIMITAÇÃO Este trabalho limitou-se a evidenciar a relevância da Contabilidade Gerencial como ferramenta de auxílio à tomada de decisões no sistema organizacional, considerando as ferramentas gerencias que podem ser utilizadas pelos gestores, de forma a auxiliá-los no alcance de metas e objetivos pretendidos, caracterizando o papel fundamental da Contabilidade Gerencial na organização, bem como sua integração indispensável com a Controladoria, a Contabilidade de custos e o uso de um Sistema de Informação Contábil que abasteça seus diversos usuários de informações imprescindíveis para a melhor tomada de decisão. 1.5 JUSTIFICATIVA A Contabilidade Gerencial é responsável por coletar dados, interpretá-los e transformá-los em informações úteis, contribuindo positivamente para o sucesso das empresas e auxiliando o processo de tomada de decisão. Segundo CREPALDI (2008, p.5), “Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas com vistas a auxiliá-los em suas funções gerenciais”. Por ser um importante instrumento de apoio na gestão dos negócios, a Contabilidade Gerencial contribui significativamente para a eficiência operacional da organização pois trata a informação para uma variedade de decisões operacionais e administrativas. De acordo com PADOVEZE (2009), se houver dentro da organização pessoas que consigam traduzir conceitos contábeis em ações práticas, tradução essa realizada a partir das contribuições fornecidas pela Contabilidade Gerencial, a contabilidade estará sendo um instrumento para a administração. Assim, a presente pesquisa justifica-se em compreender a importância da Contabilidade Gerencial, tentando responder à seguinte questão: Qual é a relevância da Contabilidade Gerencial nas tomadas de decisão no sistema organizacional? 15 1.6 METODOLOGIA Para elaboração da pesquisa serão utilizados autores que darão suporte ao desenvolvimento do estudo, tais como CREPALDI (2008), IUDÍCIBUS (1998), PADOVEZE (2009), entre outros. A pesquisa será de forma descritiva e bibliográfica, buscando a solução do problema levantado, por meio de livros, artigos e sites especializados, sendo estruturada em três seções: Introdução, Desenvolvimento e Considerações Finais, onde será incluída a conclusão da pesquisa, bem como a resposta do problema. Nesse sentido, será utilizado o método dedutivo para verificação das informações coletadas, que serão analisadas e interpretadas com vistas à resumir a idéia que nos permitirá evidenciar a relevância da Contabilidade Gerencial como ferramenta de auxílio à tomada de decisões no sistema organizacional. 1.7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste trabalho, serão apresentados aspectos teóricos que farão a ligação entre os objetivos específicos e o objetivo principal. Primeiramente, será abordada a evolução da Contabilidade, seu conceito e suas demonstrações contábeis básicas. Em seguida, uma demonstração de que a Contabilidade Gerencial está relacionada a área de “Controle” e “Gerenciamento”. Segundo Iudícibus (1998): A Contabilidade Gerencial é de suma importância dentro das várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de Custos, nas Análises Financeiras e etc., fornecendo a seus diversos usuários informações econômico-financeiras e sociais, que auxiliam na tomada de decisão gerencial. Iudícibus (1998), enfatiza que todos procedimentos contábeis e financeiros ligados a orçamento empresarial, a planejamento empresarial, a fornecimentos de informes contábeis e financeiros para decisão, recaem no campo da contabilidade gerencial, pois é ela que contribui para elaboração de planejamentos estratégicos, controles e avaliações de desempenho da companhia. 16 2 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE E A IMPORTANCIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Na história da contabilidade, o período moderno foi a fase da pré-ciência. A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do século XIII. Os empréstimos à empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados (GUSDORF 1988). A necessidade de acompanhar a evolução do patrimônio foi o grande motivo para seu desenvolvimento. O surgimento do capitalismo deu impulso definitivo à essa importante disciplina, potencializando seu uso e aumentando sua eficácia. Através dos tempos, verifica-se que o grau de avanço da contabilidade está diretamente associado ao grau de progresso econômico, social e institucional de cada sociedade. Entretanto é inegável explicitar que, embora a contabilidade seja instrumento eficaz de gestão nas, é nas economias de mercado que a contabilidade atinge seu ponto mais alto. Verifica-se até 1920 aproximadamente, uma influência muito grande da escola européia e da italiana em particular, e a partir de então desenvolve-se o approach norte americano favorecido não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, más também por pesquisa e trabalho dos órgãos associativos (RODRIGUES, 1986). A contabilidade só cria foros de metodologia realmente científica se houver muito trabalho e muita pesquisa. Temos todos os pré-requisitos para transformar a profissão em algo importante no Brasil. É preciso primeiramente organizar talentos e recursos. Por outro lado, em apreciação geral, é importante conhecer qual foi a evolução histórica da disciplina para podermos entender melhor o que ela é hoje. A contabilidade é uma ciência essencialmente utilitária, no sentido de que responde por mecanismos próprios, a estímulos dos vários setores da economia. Portanto, entender a evolução das sociedades, em seu aspecto econômico, dos usuários da informação contábil em suas necessidades informativas, é a melhor forma de entender e definir os objetivos da contabilidade. Apesar das diferenças de abordagens das várias escolas, devemos reconhecer que somente existe uma contabilidade, baseado em postulados, princípios, normas e procedimentos 17 racionalmente deduzidos e testados pelo desafio da praticabilidade. Todavia, não devemos desprezar um postulado, um princípio ou procedimento somente porque não é praticável imediatamente em termos de custo da informação e de benefício (SÁ,1997) 2.1 CONCEITO DE CONTABILIDADE A Contabilidade Financeira não era suficiente para resolver tais problemas, surgindo a Contabilidade de Custos, primeiramente utilizada apenas com fins de mensuração monetária de estoques e resultado. Porém, o mercado está em constante evolução e o crescimento das empresas originou novas necessidades. A Contabilidade de Custos e seus métodos de custeio são utilizados agora como instrumento importante do planejamento estratégico das empresas. Mudando o ambiente e a estrutura dos negócios, as informações fornecidas para a tomada de decisões devem mudar também. A competitividade tem exigido das empresas a busca contínua em aprimorar a qualidade em todos os processos e atividades que executam, buscando obter a aceitação dos seus produtos e/ou serviços e alcançar a permanência no mercado que atuam. Um dos aspectos primordiais para alcançar esta permanência é a formação do preço de venda dos produtos e serviços que oferece ao mercado. As variáveis que interferem no preço de venda são tão numerosas e de intensidade diversa que nem sempre serão as mesmas nas empresas que exploram ramos de atividades similares. A interação sistêmica com as áreas que mantêm relacionamentos diretos e indiretos exige que este preço de venda sofra influências que não permitirão às empresas o estabelecimento daquele preço que pretendem, diante da lucratividade que gostariam de obter. Conhecendo a estrutura do preço de venda, um dos elementos participantes desta estrutura que se destaca na atualidade é o custo. Dependendo do método utilizado para determinação do custo do produto e do serviço, a taxa de marcação – mark-up - que tem o objetivo de facilitar e criar uma rotina para os procedimentos de identificação do preço de venda terá diferentes valores. Como o elemento custo é um dos principais na formação do preço de venda e, quando se pretende gerenciá-lo para determinados objetivos da empresa, tais como: aumentar preço de venda, diminuir algum componente deste custo, 18 estabelecer objetivos de custo-meta ou até de preço-meta, entre outros, a análise dos componentes deste custo passa a ser também procedimento primordial. Para que esta análise seja eficiente e contribua para o melhor gerenciamento dos custos e na definição do preço de venda que atenda as políticas, estratégias e objetivos traçados pela empresa poderão ser necessários a união das virtudes apresentadas por todos os métodos de custeio, notadamente quando se compara o custo padrão estabelecido e aqueles efetivamente ocorridos, juntamente com a análise de valor apregoada pelo Activity-Based Costing (ABC). A Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. A Contabilidade de Custos, cuja função inicial era fornecer elementos para avaliação dos estoques e apuração do resultado, passou, nas últimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na Contabilidade Gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle e tomada de decisões. No que diz respeito à função administrativa de controle, a Contabilidade de Custos fornece informações para o estabelecimento de padrões, orçamentos ou previsões e, a seguir, acompanhar o efetivamente acontecido com os valores previstos. Com relação à utilização dos dados da Contabilidade de Custos para a tomada de decisões, estes podem ser muito úteis para o administrador pesar as conseqüências de medidas, tais como: se a capacidade de produção da fábrica é insuficiente para atender todos os pedidos dos clientes, qual produto ou linha de produtos deve ser cortado? Como fixar o preço de venda de um produto? deve-se continuar comprando matérias-primas de terceiros ou interessa fabricá-las na empresa? A Contabilidade Gerencial mensura e relata informações financeiras, bem como outros tipos de informações, que ajudam aos gerentes atingir as metas da organização. A Contabilidade Financeira, como vimos, está limitada pelos princípios fundamentais de contabilidade. Estes princípios restringem as regras de reconhecimento da receita e mensuração de custo e também os tipos de itens que são classificados como ativos, passivos e patrimônio líquido no balanço patrimonial. Ao contrário, a Contabilidade Gerencial não está restrita àqueles princípios contábeis. Por exemplo, uma companhia de produtos de consumo pode apresentar um valor estimado específico de uma marca (a marca NIKE) nos seus relatórios 19 financeiros internos para os gerentes de marketing, embora isto não esteja de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade. A Contabilidade Gerencial não se destina exclusivamente aos usuários internos da empresa. Os gestores estão cada vez mais compartilhando a informação contábil com os usuários externos, como fornecedores e clientes. A tarefa principal dos gestores é o gerenciamento de custos. Utiliza-se o gerenciamento de custos para descrever as ações que os gerentes tomam com o intuito de satisfazer os clientes enquanto continuamente reduzem e controlam custos. Um importante componente do gerenciamento de custo é o reconhecimento de que decisões tomadas hoje muitas das vezes comprometerão a organização na incorrência de custos subseqüentes. Consideremos os custos de disponibilização de materiais numa fábrica. Decisões acerca do layout da fábrica e a extensão dos movimentos físicos dos materiais requisitados pela produção são tomadas tipicamente antes do início da produção. Estas decisões influenciam o custo de disponibilização de materiais assim que a produção começa. Os gestores em todo o mundo estão cada vez mais conscientes da importância da qualidade e conveniência dos produtos e serviços vendidos aos clientes externos. Por sua vez, os contadores estão se tornando mais sensíveis à qualidade e utilidade da informação contábil solicitada pelos gestores. Por exemplo, conforme mencionado por Horngren, um grupo de contadores gerenciais na Johnson & Johnson (indústria produtora de diversos produtos de consumo, como Band Aids) tem sua declaração de visão resumida nas frases “encante nossos clientes” e “seja o melhor”. O sucesso da contabilidade gerencial existe à medida que há uma melhora nas decisões tomadas pelos gestores que têm a posse da informação contábil. 2.2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Nesta Unidade você conhecerá as Demonstrações Contábeis obrigatórias, aprofundando seu conhecimento na composição da estrutura das demonstrações contábeis básicas. Para tanto apresentaremos três tópicos centrais: Conhecer as Normas e Padronização das Demonstrações Contábeis obrigatórias; Conhecer quais são as Demonstrações Contábeis e 20 Entender a composição patrimonial e do Resultado do Exercício, bem como a definição dos itens que compõem as demonstrações contábeis básicas. Esses temas serão trabalhados nas próximas três seções, por meio das quais você conhecerá as Demonstrações Contábeis obrigatórias e estudará detalhadamente a estrutura das demonstrações contábeis básicas e a classificação e definição dos itens que as compõem. 2.2.1 As Normas e Padronização A padronização das demonstrações contábeis (também usualmente denominada “demonstrações financeiras), para fins de análise tem por finalidade levar as peças contábeis a um padrão que atenda às diretrizes técnicas internas da instituição ou do profissional, facilitando o trabalho do analista financeiro, independentemente de que o mesmo esteja desenvolvendo a análise para tomar a decisão de investimentos, a decisão de crédito ou tenha qualquer outro objetivo. Há todo um aparato legal e conceitual que orienta os profissionais da área contábil na elaboração das demonstrações financeiras, isto é, do balanço, da demonstração de resultado do exercício, da demonstração das mutações do patrimônio líquido e da demonstração de fluxo de caixa, quando for o caso. Segundo Martins (1996), a legislação comercial, tributária, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), são alguns dos órgãos nacionais que cuidam de normas contábeis. Na esfera internacional o IFAC (Internacional Federation of Accounting), o IASC (Internacional Accouting Standards Committee) e até a Organização das Nações Unidas (ONU) são exemplos de instituições que têm preocupação com a qualidade das informações e que emitem normas e orientações de natureza contábil. Assim sendo, as exigências externas, da legislação, dos princípios contábeis geralmente aceitos e de outras normas visando a regulamentar os procedimentos contábeis têm grande validade na medida em que podem transmitir segurança ao analista quanto às técnicas e padronizações adotadas pela empresa na elaboração das demonstrações financeiras. 21 2.2.2 As Principais Demonstrações Contábeis Para melhor entendermos este tópico, vamos realizar alguns esclarecimentos sobre terminologias adotadas na análise financeira: o resultado do exercício corresponde ao valor obtido da diferença entre receitas e despesas, e pode representar lucro se as receitas forem maiores que as despesas, ou prejuízo, sendo estas menores que as despesas. Outra terminologia utilizada refere-se a exercício social. Esta representa um período de 12 meses, que é a base para apurar o resultado ou levantar o balanço da empresa, podendo iniciar e terminar em qualquer época do ano. Ressalta-se, no entanto, que o mais usual é que o exercício social comece em 1º de janeiro e termine em 31 de dezembro. Ainda exercícios futuros, exercícios seguintes e exercícios subseqüentes têm a mesma definição e referem-se a períodos posteriores ao levantamento da demonstração, não sendo necessariamente o próximo. A Lei 6.404/76, segundo Silva (2005), obriga à elaboração de algumas demonstrações financeiras. Vejamos o que diz em seu artigo 176, o qual foi alterado em 28 de dezembro de 2007 pela Lei 11.638: Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; IV – demonstração de fluxo de caixa V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. Ressalte-se que uma companhia fechada, com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração do fluxo de caixa. Assim sendo, a legislação obriga às sociedades anônimas e demais sociedades mercantis à elaboração destas demonstrações financeiras, que por sua vez são complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos necessários para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. 22 Obviamente, o ideal seria que as empresas dispusessem de informações sobre seus resultados e sua solidez, independentemente de qualquer obrigatoriedade legal, de modo que houvesse a imposição cultural e profissional no sentido de orientar suas decisões a partir de análises realistas e fundamentadas em informações fidedignas. 2.2.3 Demonstrações Contábeis Básicas As demonstrações contábeis básicas são duas: 1) Balanço Patrimonial e 2) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A primeira evidencia as informações do ponto de vista patrimonial, isto é, bens, direitos e obrigações; já a segunda apresenta o comportamento dos itens que compõem o resultado (as receitas e despesas) em um determinado período. A seguir você conhecerá cada uma delas em detalhe. 2.2.3.1 Balanço Patrimonial A Contabilidade retrata, por meio do balanço, a situação patrimonial da empresa em determinada data, propiciando aos analistas o conhecimento de seus bens e direitos, de suas obrigações e de sua estrutura patrimonial. Sinteticamente, o balanço retrata a posição patrimonial da empresa em determinado momento, composta por bens, direitos e obrigações. É a fotografia da empresa em determinado momento, normalmente por ocasião do encerramento do exercício social (Silva, 2005). De acordo com a NBC T 3, item 3.2.1.1: “O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade”. De acordo com a legislação vigente, segue apresentada abaixo a estrutura do balanço patrimonial, de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade: 23 Figura 1 – Balanço Patrimonial Fonte: wwwportalcfc.org.br Para melhor compreendê-lo,vamos dividir seu estudo em duas partes: Composição Patrimonial e Estrutura do Balanço Patrimonial. 2.2.3.1.1 Composição Patrimonial O Balanço Patrimonial é dividido em dois grandes blocos: ativo e passivo. O ativo mostra tudo o que existe concretamente na empresa, na estática patrimonial; representa as aplicações de recursos. Todos os bens ou direitos devem ser comprovados por documentos, que podem ser tocados ou vistos. Ainda encontram- se no Balanço Patrimonial as despesas antecipadas e as diferidas, as quais representam investimentos que beneficiarão exercícios futuros. O passivo é expresso pelo passivo exigível e pelo patrimônio líquido, que mostram as origens dos recursos que se encontram investidos no ativo. É preciso lembrar, porém, que as demonstrações mostram apenas os fatos registráveis, segundo os princípios contábeis, ou seja, os fatos objetivamente mensuráveis em 24 dinheiro, como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, depósitos, débitos em conta, despesas incorridas, receitas faturadas, etc., deixando de lado uma série inumerável de fatos, como marcas, participação de mercado, imagem, tecnologia, os quais só podem ser contabilizados, isto é, registrados, quando forem avaliados por técnicos especialistas, com capacidade para determinar o valor destes intangíveis. Vejamos a composição do Balanço Patrimonial elaborado de acordo com os critérios previstos na NBCT 3.2, com nova redação dada pela Lei nº 11.638/2007 e MP nº 449/2008 alterada pela Lei 11.941 de 27/05/2009 : Figura 2 – Composição do Balanço Patrimonial ATIVO CIRCULANTE Disponibilidade Duplicatas a Receber (-) Duplicatas Descontadas Contas a Receber Estoques Outros Créditos Despesas do Exercício Seguinte NÃO-CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Valores a Receber Investimentos Participação em Outras Empresas Outros Investimentos Imobilizado Bens em Operação Imobilizado em Andamento (-) Depreciação Acumulada Intangível Direito Autoral Fundo de Comércio Software (-) Amortização Acumulada PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos e Financiamentos Bancários Fornecedores Nacionais Fornecedores Estrangeiros Obrigações Trabalhistas Obrigações Tributárias Outras Obrigações NÃO-CIRCULANTE Financiamentos Obrigações PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados Fonte: wwwportalcfc.org.br 2.2.3.1.2 Estrutura Patrimonial Resumida A seguir vamos detalhar cada um destes subitens. ATIVO O Ativo representa as aplicações dos recursos. São de natureza devedora, isto é, aumentam quando são debitadas e diminuem quando são creditadas. Estas contas estão dispostas segundo a ordem de liquidez. Assim, as contas com maior 25 liquidez são as que aparecem na parte superior do ativo, e as de mais difícil realização, na parte inferior. Por isso é que o dinheiro aparece em primeiro lugar, por representar o ativo de liquidez imediata. Fazem parte deste grupo os Bens, representados pelo caixa, estoques, veículos, máquinas, entre outros, e os Direitos, sendo representados pelos valores a receber, ações de outras empresas, depósitos bancários, entre outros. Atenção para o fato de que no grupo do Ativo existem as contas redutoras, que têm esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o Ativo. Ativo Circulante O primeiro grupo de ativo, Ativo Circulante, compreende as seguintes subdivisões: Disponibilidades – são compostas por recursos financeiros possuídos pela empresa que podem ser utilizados imediatamente, sem restrições, tais como: caixa, bancos conta movimento, aplicações de liquidez imediata; Créditos – são os direitos que a empresa possui para receber em um futuro próximo. expressam as contas a receber de clientes, a provisão para devedores duvidosos e os descontos de duplicatas; Estoques – são as aplicações de liquidez não imediata. Para se transformarem em disponibilidades os créditos precisam ser vendidos. Despesas de Exercícios Seguintes – são as aplicações de recursos em bens e serviços que no exercício subseqüente irão se transformar em despesas, tais como contrato de seguro com prazo de vigência para 12 meses, contrato de aluguel com prazo determinado. Ativo Não Circulante No grupo de contas contábeis denominado Ativo Não Circulante são registrados todos os bens de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal da entidade e do seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa finalidade. O Ativo Não Circulante será composto dos seguintes subgrupos: 26 Realizável a Longo Prazo No segundo grupo do ativo aparecem os direitos realizáveis a longo prazo, quais sejam, os direitos realizáveis após o término do exercício social seguinte, que como já referido anteriormente é o mesmo que exercício social subseqüente, tais como os valores a receber de sociedades coligadas e/ou controladas, contas a receber a longo prazo, entre outras. Ativo Permanente É no terceiro e último grupo que estão os investimentos, o imobilizado e o ativo diferido. Os investimentos – neste grupo estão classificados os bens e direitos que não são utilizados na atividade operacional da empresa, tais como imóveis destinados à locação, obras de arte, investimentos em ouro e as participações em outras empresas. O imobilizado – compreende os itens que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial e comercial. É representado por bens tangíveis ou intangíveis que são utilizados nas atividades da empresa, que tenham vida superior a um ano, relevância do valor e que não sejam destinados à venda. São exemplos os imóveis e terrenos, desde que estejam sendo utilizados na atividade-fim da empresa, máquinas e equipamentos, equipamentos de informática, veículos, móveis e instalações, imobilizações em andamento, entre outros. PASSIVO O passivo representa as fontes, também conhecidas como origem de recursos utilizadas pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes de terceiros (dívidas) ou dos sócios por meio de aporte de capital ou de lucro gerado pela própria empresa. São de natureza credora, isto é, aumentam com o crédito e diminuem com o débito. Como já mencionado no Ativo, também o grupo do Passivo possui contas redutoras; tem esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o Passivo. 27 Passivo Circulante No grupo denominado “Passivo Circulante” são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamento para aquisição de direitos do ativo não-circulante, quando se vencerem no exercício seguinte (prazo de 12 meses seguintes ao do balanço). Como exemplo de subcontas que deverão ser incluídas no Passivo Circulante: 1) Obrigações com funcionários, relativas a salários, participações nos resultados, férias a pagar, abonos pecuniários e outras verbas de natureza trabalhista. 2) Provisões de Férias e 13º Salário, incluindo os respectivos encargos sociais e adicionais de 1/3 de férias. 3) Obrigações Tributárias, inclusive parcelas a vencerem a curto prazo relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e previdenciárias (como REFIS), FGTS e outros encargos de natureza tributária, incluindo multa e juros. 4) Fornecedores (incluindo juros, multas e outras obrigações contratuais, pelo regime de competência). 5) Instituições Financeiras: empréstimos, financiamentos e saldos devedores bancários, incluindo cheques pré-datados e valores dos limites de crédito de contas correntes utilizadas. 6) Créditos de sócios, acionistas, diretores e empresas coligadas e controladas, quando sua liquidação estivar estipulada para o exercício seguinte. Passivo Não Circulante No grupo denominado “Passivo Não Circulante” são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamento para aquisição de direitos do ativo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. Normalmente tais obrigações correspondem a valores exigíveis a partir do 13º mês seguinte ao exercício social. Como exemplo de subcontas que deverão ser incluídas no Passivo Não Circulante: 1) Instituições Financeiras: parcelas de empréstimos e financiamentos, incluindo os respectivos juros e encargos contratuais decorridos, vencíveis 28 após o exercício seguinte ao do fechamento de balanço (ou seja, a partir do 13º mês do encerramento do exercício). 2) Créditos de sócios, acionistas, diretores e empresas coligadas e controladas, quando sua liquidação estivar estipulada após o exercício seguinte. 3) Obrigações Tributárias de longo prazo, incluindo parcelas relativas a programas de refinanciamento de dívidas fiscais e previdenciárias (como REFIS), acrescidos dos encargos legais previstos pelo regime de competência. 4) Debêntures e outras obrigações contratuais exigíveis após o exercício seguinte. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Por fim, no passivo consta o Patrimônio Líquido, que representa a parte da empresa que pertence a seus proprietários. Ele representa as fontes próprias à disposição da empresa. É subdividido em: Capital Social No caso das sociedades anônimas, o capital social pode ser representado pelas ações, ou por cotas, quando se trata de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada. Reservas de capital Estas se constituem numa espécie de reforço ao capital social. Assim, capital social, reservas e lucros ou prejuízos acumulados compõem o patrimônio líquido da empresa. Estas compreendem: ágio na emissão de ações, alienação de partes beneficiárias, alienações de bônus de subscrição, prêmio recebido pela emissão de debêntures, doação de bens, subvenções recebidas pelas empresas e correção monetária do capital realizado. Reservas de lucros São constituídas a partir do lucro da empresa no período. Destacam-se: as reservas legais, estatutárias, para contingência e as reservas de lucros a realizar. 29 Prejuízos acumulados A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é a demonstração contábil destinada a evidenciar, num determinado período, as mutações nos resultados acumulados da Entidade (NBCT 3.4) Como referido anteriormente, o Balanço Patrimonial é estruturado por meio do ativo e do passivo. O ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, quais são os bens e direitos de que dispõe. O passivo retrata de onde vieram os recursos, isto é, quais são as fontes ou origens de recursos da empresa. O quadro a seguir representa a estrutura legal do Balanço Patrimonial: Figura 3 – Estrutura do BP ATIVO TOTAL 505.211,72 ATIVO CIRCULANTE 317.597,01 Disponível 74.820,51 CAIXA 31.857,23 BANCO 42.963,28 Outros ativos circulantes 242.776,50 CLIENTES 178.425,20 ESTOQUE 64.351,30 ATIVO NÃO CIRCULANTE 187.614,71 Realizável a longo prazo 82.827,15 DUPLICATAS A RECEBER LP 82.827,15 Imobilizados 104.787,56 MÓVEIS E UTENSILIOS 35.614,80 (-) DEPRECIAÇÃO ACUMULADA MOVEIS E UTENSILIOS (3.561,48) EQUIPAMENTOS DE PROC DE DADOS 12.500,00 (-) DEPRECIAÇÃO DE EQUIP. PROC DE DADOS (5.000,00) EQUIPAMENTOS 81.542,80 (-) DEPRECIAÇÃO EQUIPAMENTOS (16.308,56) PASSIVO + PATRIMONIO LÍQUIDO 505.211,72 PASSIVO CIRCULANTE 242.715,92 Obrigações com funcionários 109.674,22 SALÁRIOS A PAGAR 59.728,52 PRO-LABORE 15.000,00 OBRIGAÇÕES PREVIDENCIARIAS 14.945,70 DIVIDENDOS A PAGAR 20.000,00 Outras Obrigações 87.453,72 DUPLICATAS A PAGAR 87.453,72 Tributos e contribuições 45.587,98 SIMPLES NACIONAL A PAGAR 45.587,98 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 125.416,74 Exigível a longo prazo 125.416,74 FORNECEDOR 125.416,74 PATRIMONIO LIQUIDO 137.079,06 Capital social 100.000,00 CAPITAL SOCIAL SUBSCRITO 100.000,00 Reserva de capital - Ajuste de avaliação patrimonial - Reserva de lucro 37.079,06 Ações em Tesouraria - Autor: Profº Francisco Viana 30 2.2.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A primeira demonstração financeira básica que você estudou foi o Balanço Patrimonial. A segunda é a Demonstração do Resultado do Exercício, que também é reconhecida pela sigla DRE. Esta demonstração mostra o lucro ou o prejuízo obtido pela empresa no período. Expressa o desempenho econômico, por meio das receitas dos custos e despesas de um período, para apurar o resultado. É uma demonstração dos aumentos e reduções causados ao Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do Ativo, pelo ingresso de novos elementos. As despesas representam redução do Patrimônio Líquido, por meio da redução do ativo ou do aumento do passivo exigível (SILVA, 2005). Objetivamente a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é o confronto entre receitas e despesas, ou seja, a partir dessa demonstração pode-se obter os valores correspondentes ao lucro ou ao prejuízo da empresa. Quando as receitas do período forem maiores que as despesas e custos temos um lucro e quando as despesas e custos forem maiores que as receitas temos um prejuízo. Cabe salientar que a DRE retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Sendo assim, o resultado obtido pela empresa em um dado período não representa o saldo da conta caixa desse mesmo período, mas reforça o fato de que lucro não significa saldo positivo no caixa ou prejuízo pode não representar saldo negativo. Vamos imaginar uma situação considerando que determinada empresa obteve prejuízo. Esse prejuízo e as conseqüentes dificuldades de recursos financeiros levaram essa empresa a buscar um financiamento. O saldo do caixa será positivo, porém o resultado da empresa continua sendo negativo. Para a DRE não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido, entre duas datas. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se os custos e as despesas e em seguida indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Para entender melhor a DRE vamos organizar o seu estudo em 3 partes: a composição dos resultados, as diferentes fases do lucro e a estrutura da DRE. 2.2.3.2.1 Composição dos Resultados 31 Como o próprio nome indica, para realizarmos a composição do resultado é necessário uma composição de itens: a) Receita Operacional; b) Custos dos Produtos, Mercadorias ou Serviços Vendidos; c) Lucro Bruto; d) Despesas Operacionais; e) Lucro Operacional; f) Receitas e Despesas não Operacionais; g) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações; h) Imposto de Renda, contribuição social e participações; i) Lucro Líquido do Exercício. Vamos agora compreender o significado de cada um desses itens: a) Receita Operacional A Receita Operacional decorre das operações normais e habituais da empresa. Se a empresa é comercial, decorre das vendas das mercadorias, se é de prestação de serviços, decorre dos serviços prestados. Dentro do item Receita Operacional você poderá encontrar: 1) Receita operacional bruta; 2) Vendas canceladas; 3) Abatimentos sobre vendas; 4) Impostos incidentes sobre vendas e 5) Receita operacional líquida. A seguir uma breve descrição de cada uma delas. a.1) Receita operacional bruta – ROB Representa o faturamento bruto da empresa. É também denominada vendas brutas. Estas vendas ocorrem durante o ano e os preços unitários da venda de determinados produtos pode variar ao longo do próprio exercício social. a.2) Vendas canceladas Vendas canceladas são aquelas decorrentes das devoluções efetuadas pelos clientes, em função de os produtos não atenderem as suas especificações, apresentarem defeitos ou por qualquer outra razão. São aquelas vendas que não se efetivaram de fato, e que, por razões de registro contábil, assim são denominadas. a.3) Abatimentos sobre vendas 32 Os abatimentos são decorrentes de descontos especiais concedidos aos clientes em função de defeitos apresentados, por exemplo. a.4) Impostos incidentes sobre vendas No caso de impostos incidentes sobre vendas, trata-se de valores que foram transferidos pela empresa para os governos federal (IPI), estadual (ICMS) ou municipal (ISS), por exemplo. A empresa é mera depositária destes recursos, porém eles são registrados na contabilidade. a.5) Receita operacional líquida – ROL A receita operacional líquida é efetivamente a parte da receita que ficará para a empresa cobrir seus custos e despesas e para gerar lucro. Origina-se da dedução das devoluções, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas da receita operacional bruta. b) Custo dos Produtos, Mercadorias ou Serviços Vendidos A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser especificada por setor da economia: Para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo dos Produtos Vendidos (CPV) Para as empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) Para as empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP) c) Lucro Bruto É a diferença entre a receita operacional líquida e o custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos. d) Despesas Operacionais Despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Seus principais grupos são: 1) Despesas com vendas; 2) despesas administrativas; 3) despesas financeiras e 4) resultado de equivalência patrimonial. Na seqüência o conceito que define cada uma desses grupos: 33 d.1) Despesas com vendas Abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor (comercialização e distribuição). São despesas com o pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas, salários e encargos do pessoal da área de vendas, aluguéis relativos aos escritórios de vendas, material de escritório, propaganda e publicidade, marketing. Também a provisão para devedores duvidosos é considerada uma despesa operacional com vendas, porém não dedutível para fins de apuração do lucro tributável. d.2) Despesas administrativas São aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa. Podem-se citar como exemplo: honorários administrativos, salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguéis, materiais e seguro dos escritórios, depreciação de móveis e utensílios, assinatura de jornais e periódicos, etc. d.3) Despesas financeiras São remunerações aos capitais de terceiros, tais como juros pagos ou incorridos, comissões bancárias, correção monetária pré-fixada sobre empréstimos, descontos concedidos, juros de mora pagos, etc. As despesas financeiras devem ser compensadas com as receitas financeiras (conforme disposição legal), isto é, estas receitas são deduzidas daquelas despesas. d.4) Resultado de equivalência patrimonial Conforme o artigo 248 da Lei 6.404, é obrigatório o uso do método da equivalência patrimonial para avaliação dos investimentos relevantes em sociedades coligadas, sob cuja administração tenha influência ou de que participe com 20% ou mais do capital social, e em sociedades controladas. É considerado relevante o investimento em cada sociedade controlada ou coligada se o valor contábil é igual ou superior a 10% do patrimônio líquido da companhia ou se no conjunto de sociedades controladas e coligadas esse valor for igual ou superior a 15%. No caso das sociedades anônimas de capital aberto, elas devem avaliar seus investimentos em sociedades controladas pelo método da equivalência patrimonial, independentemente de o investimento ser ou não relevante. 34 Por este método, a empresa investidora irá reconhecer em sua demonstração de resultado uma parcela do lucro ou prejuízo da empresa na qual tem investimentos, na proporção de sua participação no capital da outra. e) Lucro Operacional O lucro operacional é o lucro bruto menos as despesas operacionais, mais o ganho ou perda por equivalência patrimonial. f) Receitas e Despesas não Operacionais Este item que integra a composição do resultado de uma empresa pode se subdividir em: 1) Receitas não operacionais 2) Despesas não operacionais. Saiba como elas são constituídas. f.1) Receitas não operacionais Por receitas não operacionais entendem-se os valores relativos às receitas decorrentes de transações eventuais, isto é, algo que não é recorrente, que não se repete habitualmente. Exemplo: lucro obtido na venda de ativo imobilizado, ou ganho na alienação de um investimento, etc. f.2) Despesas não operacionais Seriam os valores atinentes às perdas em transações eventuais, como prejuízos na venda de bens do imobilizado, ou na alienação de investimentos. Perdas eventuais decorrentes de incêndios ou inundações, sem que haja cobertura de seguros, também são classificadas como despesas não operacionais. g) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações Compreende o lucro do período antes de deduzir o Imposto de Renda, a Contribuição Social e as participações estatutárias no lucro. h) Imposto de Renda, Contribuição Social e Participações O Imposto de Renda do exercício é uma percentagem do lucro tributável. Este se distingue do lucro contábil que aparece na demonstração de resultado. Segundo a legislação fiscal, o lucro real (lucro tributável) é o lucro líquido do exercício, mais as despesas não dedutíveis (consideradas na apuração do lucro líquido), menos os valores autorizados pela legislação tributária, que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido, menos as receitas não tributáveis. 35 A provisão constituída pela empresa para o Imposto de Renda é debitada no resultado do exercício e creditada como obrigação no passivo circulante ou no exigível a longo prazo. D – Resultado do Exercício C – Provisão para Imposto de Renda A contribuição social é outra parcela que é calculada com base no lucro da empresa, sendo recolhida ao governo federal, conforme determinado na Constituição Brasileira. As participações estatutárias representam parcelas dos lucros destinadas aos empregados, diretores, debenturistas ou a portadores de partes beneficiárias, por exemplo. Chegamos ao último dos itens que podem integrar a composição dos resultados de uma empresa. i) Lucro Líquido do Exercício Após a apuração do lucro, já debitados o Imposto de Renda e a contribuição social fazem-se a dedução das participações previstas nos estatutos e aí se encontra o lucro líquido, que é a sobra líquida à disposição dos sócios ou acionistas. 2.2.3.2.2 As Diferentes Fases do Lucro Como indicado no início do estudo da DRE, sua análise foi dividida em 3 partes para facilitar o entendimento. Após termos detalhado a primeira parte, constituída pela composição dos resultados, passamos à segunda parte, que são as diferentes fases do lucro. Este item, no entanto, também merece uma subdivisão: a) Lucro Bruto; b) Lucro Operacional; c) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações e d) Lucro Líquido do Exercício. Vamos às definições de cada um e à fórmula pela qual se chega a cada um desses valores. a) Lucro Bruto O resultado obtido da diferença entre a receita operacional líquida e o Custo da mercadoria Vendida – CMV, Custo do Produto Vendido – CPV ou Custo do 36 Serviço Vendido – CSV, é o chamado lucro bruto. E a margem bruta é a relação percentual entre o lucro bruto e a receita líquida. RECEITA BRUTA ( – ) DEDUÇÕES ( = ) RECEITA LÍQUIDA ( – ) CUSTOS DAS VENDAS ( = ) LUCRO BRUTO Ou ainda: (Receita bruta) – (Deduções) = Receita líquida (Receita líquida) – (Custos das vendas) = Lucro bruto b) Lucro Operacional O lucro operacional é o lucro bruto menos as despesas operacionais, mais ou menos o efeito (ganho ou perda) de equivalência patrimonial. Pode ser visualizado pelo seguinte esquema, que parte do anterior: LUCRO BRUTO ( – ) DESPESAS OPERACIONAIS (+/-) RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Ou ainda: (Lucro bruto) – (despesas operacionais) -/+ (resultado de equivalência patrimonial) = Lucro operacional c) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações Compreende o lucro do período antes de deduzir o Imposto de Renda, a contribuição social e as participações estatutárias no lucro. É o mesmo que o lucro operacional mais as receitas não operacionais, menos as despesas não operacionais. LUCRO OPERACIONAL ( – ) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS ( + ) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS ( = ) LUCRO ANTES DO IR, CONTRIB. SOCIAL E PARTICIPAÇÕES Ou ainda: (Lucro operacional) – (despesas não operacionais) + (receitas não operacional) = Lucro antes do IR, contribuição social e participações d) Lucro Líquido do Exercício 37 O lucro líquido é obtido depois de computarmos todas as receitas e deduzirmos os custos e despesas. O lucro líquido, portanto, é a parcela do resultado do período que sobrou para os acionistas ou sócios. O lucro líquido terá sua destinação orientada segundo os estatutos ou contrato social da empresa, segundo a assembléia dos acionistas ou decisão dos sócios e de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas, que determina que 5% do lucro líquido do exercício, antes de qualquer destinação, deverão constituir a reserva legal, que não pode exceder 20% do capital social. Seguramente o lucro líquido é um dos itens mais importantes para os proprietários da empresa, pois possibilitará o retorno sobre os investimentos. LUCRO ANTES DO IR, CONTRIB. SOCIAL E PARTICIPAÇÕES ( – ) PROVISÃO PARA IR, CONTRIB. SOCIAL E PARTICIPAÇÕES ( = ) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 2.2.3.2.3 Estrutura da DRE Chegamos ao final do estudo da DRE, dividido em 3 partes das quais já vencemos duas. Nesta última vamos conhecer a estrutura legal sugerida para elaboração da DRE. Figura 4 Estrutura DRE – Fonte: Autores A seguir você vai conhecer o que cada um desses elementos representa. 38 Elementos que Integram o Demonstrativo Saldo no início do período – É o valor contábil remanescente do exercício anterior, ou seja, o saldo da conta lucros ou prejuízos acumulados constante do balanço patrimonial daquele exercício. Este saldo poderá ser credor ou devedor, dependendo se expressar lucros ou prejuízos, respectivamente. Ajustes de exercícios anteriores – A compreensão dos lançamentos contábeis de ajustes de exercícios anteriores se reveste de suma importância, pois seu uso indevido ou sua não utilização, quando cabível, causam distorções no resultado do exercício. A Lei 6.404, no § 1º de seu artigo 186, define-os como sendo lançamentos efetuados em decorrência da mudança de critério contábil ou de retificação de erro imputável a exercício anterior, desde que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. Assim, apenas nestas duas condições eles podem e devem ser feitos. Destinação no exercício – É procedimento normal nas empresas que o lucro líquido do exercício, após deduzidas as participações e as provisões para contribuição social e imposto de Renda, seja destinado já por ocasião do levantamento do balanço patrimonial respectivo. Dessa forma, neste próprio balanço já estarão consignadas as destinações do lucro, sejam elas para reservas, retenções de lucros ou para pagamentos de dividendos, de modo a que o chamado saldo no início do período já tenha sido afetado por estas destinações. Assim, os acionistas, por ocasião da assembléia geral ordinária destinada à aprovação das contas do exercício anterior, já terão a proposta de destinação dos lucros daquele exercício devidamente contabilizada e constando das respectivas demonstrações financeiras, cabendo a eles aprová-las ou modificá-las. As destinações no exercício, portanto, referem-se a valores acrescidos à proposta original da administração ou a destinações decorrentes de assembléia geral extraordinária, normalmente para aumento do capital social, distribuição de dividendos adicionais ou para aquisição de ações da própria empresa (ações em tesouraria). Reversão, absorção e transferência de reservas – Entende-se como reversão o retorno de valores destacados do lucro líquido de períodos anteriores destinados à formação de Reservas Estatutárias, de Reservas de Contingência, de 39 Reservas de Lucros a Realizar e de Reservas de Lucros para Expansão, que voltam à composição de lucros acumulados para redestinação. A absorção é definida como sendo a utilização de Reservas de Capital, de Reserva Legal e, eventualmente, da Reserva de Reavaliação, na compensação de prejuízos contábeis. Já a transferência é o lançamento contábil de qualquer destinação de reserva, que não se caracterize como reversão ou absorção. O tipo mais comum de transferência é a destinação de reservas para aumento de capital social. Correção monetária do saldo inicial ajustado – até 31/12/95 também fazia parte da demonstração o valor da correção monetária do saldo inicial, considerando- se para esta correção as alterações ocorridas no período em função de Ajustes de Exercícios Anteriores, das Destinações do Exercício e das Reversões, Absorções ou Transferências de Reservas. Resultado do exercício – é o valor do lucro líquido ou do prejuízo do período, após as participações e as provisões para o Imposto de Renda e a contribuição social. Este valor corresponde ao saldo final da conta transitória intitulada Resultado do Exercício, que é aberta por ocasião do encerramento do exercício social para receber os saldos de todas as contas de resultado, quais sejam, as de receitas, custos e despesas. Saldo à disposição da assembléia – é o valor resultante da soma algébrica do saldo inicial da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, dos Ajustes de Exercícios Anteriores, das Destinações do Exercício, das Reversões, Absorções e Transferências de Reservas e do Resultado do Exercício correspondente à demonstração. Proposta de destinação do saldo – determina o artigo 192 da Lei 6.404 que os órgãos de administração da companhia apresentarão à Assembléia Geral Ordinária, juntamente com as demonstrações financeiras, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. Deve-se entender a determinação do dispositivo legal não de forma ampla com relação ao próprio saldo de Lucros Acumulados, pois é este valor que fica à disposição da Assembléia Geral. Entender o contrário significaria que o valor remanescente de Lucros Acumulados deveria permanecer eternamente intocável, o que não seria lógico admitir-se. Assim, é com base no saldo total, isto é, o remanescente do período anterior acrescido ou diminuído do resultado do próprio período, que os órgãos de 40 administração farão sua proposta de destinação, mandarão contabilizá-la e ficarão no aguardo da ratificação da assembléia. Para seu melhor entendimento vamos exemplificar a metodologia de elaboração da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Considere os seguintes dados: a) Saldo no início do período R$ 18.000; b) Saldo no final do exercício R$27.000; c) Lucro do Exercício R$ 60.000; d) Proposta de destinação do saldo R$ 51.000. Para elaborar essa demonstração é bastante simples: basta preencher a estrutura com os dados citados anteriormente nas letras a, b, c e d. Figura 5 - Demonstração de Lucros ou Prejuízos DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS R$ SALDO NO INÍCIO DO EXERCÍCIO 18.000 AJUSTE DE EXERCÍCIOS ANTERIORES 0 ( = )SALDO INICIAL AJUSTADO 18.000 ( – ) DESTINAÇÃO NO EXERCÍCIO (51.000) ( + / – ) RESULTADO DO EXERCÍCIO 60.000 ( = ) SALDO A DISPOSIÇÃO DA ASSEMBLÉIA 27.000 ( = ) SALDO AO FINAL DO EXERCÍCIO 27.000 Fonte: Autores Relatórios que Acompanham as Demonstrações Financeiras Nesta seção você vai constatar que os relatórios que acompanham as demonstrações financeiras podem ser de dois tipos: notas explicativas e/ou relatório da administração. a) Notas Explicativas e Pareceres Segundo Iudícibus (1988) o § 4º do artigo 176 da Lei 6.404, de 1976, determina que as demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis, necessários para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. A finalidade das notas explicativas é auxiliar e esclarecer o usuário das demonstrações financeiras a entendê-las melhor, de forma a evitar que as mesmas 41 se tornem enganosas. Além do mais, as informações destacadas em notas explicativas devem ser relevantes quantitativa e qualitativamente (SILVA, 2005). Quando ocorrerem mudanças nos procedimentos contábeis de um ano para outro, estas devem ser destacadas se a repercussão no resultado for relevante. Podemos citar como exemplo a mudança no critério de avaliação dos estoques e a alteração no método de cálculo de depreciação de ativos. As demonstrações financeiras das companhias abertas são obrigatoriamente auditadas por auditores independentes, registrados na Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Por isso estes pareceres integram as demonstrações publicadas, constituindo-se num importante instrumento para o analista. b) Relatórios da Administração O Relatório da Administração, também chamado de Mensagem aos Acionistas, deve funcionar como uma prestação de contas dos administradores aos acionistas e, ao mesmo tempo, deve fornecer uma análise prospectiva. Tais relatórios também podem apenas submeter as demonstrações financeiras à apreciação dos acionistas, sem apresentar qualquer in-formação relevante. Por outro lado, podem trazer um conjunto de informações importantes sobre o estágio em que se encontram determinados projetos, o histórico da empresa, os planos futuros, políticas de recursos humanos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento (SANTOS, 2000). Dessa forma, entende-se que o relatório da administração apresenta e comenta a empresa, seus resultados, as expectativas futuras da direção e demais dados relevantes. Para que você entenda melhor o que é este relatório tomamos como exemplo os impactos gerados no patrimônio de uma empresa de terraplanagem a partir de uma transação referente ao contrato de prestação de serviço pelo prazo de 5 anos a uma construtora. Tal relatório deverá explicar a expectativa de resultados durante o período, com argumentos relevantes a respeito. 42 3 CARACTERIZAR A CONTABILIDADE GERENCIAL E O SEU PAPEL NAS ORGANIZAÇÕES O objetivo da contabilidade gerencial, é fornecer informações que auxiliem os gestores na tomada de decisão. Iudícibus (1994, p.26) define o objetivo da contabilidade como sendo o de: “[...] fornecer informação econômica relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança”. Sendo assim a contabilidade fornece parâmetros para que o usuário, bem como seus gestores possam traçar seus objetivos e definir suas metas, tomando decisões alicerçados em fatores confiáveis. Nesse aspecto, segundo CHING (2003, p.4), “para poder trabalhar de maneira efetiva, as pessoas em uma organização precisam constantemente de informação a respeito do montante de recursos envolvidos e utilizados”. Se torna impossível uma organização funcionar e alcançar suas metas sem um sistema de informação que abasteça seus gestores de informações relevantes para a durabilidade do negócio. Ching (2003, p.6) diz que: “A natureza das informações da contabilidade gerencial é mais subjetiva, interpretativa e relevante”. São estas características que difere a contabilidade gerencial das demais, o fato de ser mais interpretativa e relevante quanto a situação real da empresa. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL A Contabilidade Gerencial é atualmente um dos muitos segmentos da ciência contábil. Padoveze (2009) a caracteriza como uma área contábil autônoma em função do tratamento dado à informação, onde o foco é o planejamento, o controle e a tomada de decisão, bem como por seu caráter integrativo dentro de um sistema de informação contábil. A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira, de balanços e etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada de maneira a auxiliar os 43 gerentes das entidades em seu processo decisório. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 21). A Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para o planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização, para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos. É a Contabilidade Gerencial que irá fornecer de informações contábeis, de maneira a auxiliar a administração na definição de sua política e na operação diária de um empreendimento. A técnica contábil é de máxima importância porque opera como o maior e quase universal instrumento existente para a representação de fatos. Por sua vez, para Oliveira (2001), a Contabilidade Gerencial fornece informações claras, precisas e objetivas para a tomada de decisão. A Contabilidade Gerencial tem ainda a função de fazer um planejamento perfeito, com objetivo de se chegar a um controle eficiente e eficaz, ou seja, controlar as atividades da empresa e organizar o sistema gerencial a fim de permitir à administração ter conhecimento dos fatos ocorridos, bem como seus resultados. Anthony (1979) destaca que a Contabilidade Gerencial preocupa-se com a informação contábil útil à administração. Cabe citar o entendimento de Padoveze (2009, p.34): Contabilidade Gerencial deve suprir, através do sistema de informação contábil gerencial, todas as áreas da companhia. Como nível de administração dentro da empresa utiliza a informação contábil de maneira diversa, cada qual com um nível de agregação diferente. O sistema de informação contábil-gerencial deverá providenciar que a informação contábil seja trabalhada de forma específica para cada segmento hierárquico da companhia. Conforme Crepaldi (2008, p.18), afirma que: A Contabilidade Gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores das empresas, para que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos, efetuado por um sistema de informação gerencial. 44 A Contabilidade Gerencial tem como foco o processo de tomada de decisão dos usuários internos da organização, em qualquer nível hierárquico, com a informação contábil necessária para as tomadas decisões. Segundo Atkinson (2000), a Contabilidade Gerencial possui diversas funções dentro de uma organização, com vistas de suprir os gestores com informações em todos os níveis da empresa. São elas: Figura 6 - Funções da Contabilidade Gerencial Função Definição Controle Operacional Fornece informações sobre a eficiência e qualidade das tarefas executadas. Custeio do Produto e do Cliente Mensura os custos dos recursos
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