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Civil III - Da Formação dos Contratos

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Direito Civil III- II GQ – Aula 04 - Artigos 876 – 886
 Pagamento Indevido e Enriquecimento sem Causa
Em 22.04.2015
No Código Civil, a partir do artigo 876, temos o chamado "pagamento indevido" e, logo e, seguida, temos o enriquecimento sem causa. Serão os temas da aula. 
Aprimora compreensão que a gente tem para a denominação deste ato unilateral é facilmente identificada. Evidente que quando falamos de pagamento indevido, estamos falando sobre o oposto de pagamento devido. Pagamento indevido é aquele realizado sem causa que o justifique. 
Pagamento significa adimplemento, ou seja, cumprimento da obrigação. Hoje, não vamos compreender pagamento em seu sentido comum, ou seja, apenas como entrega de quantia de dinheiro. Juridicamente, pagamento significa adimplemento, ou seja, o cumprimento de uma obrigação. 
Para que o adimplemento seja eficaz, para que extinga a obrigação, temos que identificar cinco elementos:
1) Que, paga ou deve pagar - devedor;
2) A quem se deve pagar - credor;
3) Tempo do pagamento - exigibilidade da prestação;
4) Lugar do pagamento; 
5) Objeto do pagamento - prestação. 
Tem que ter alguém que pague e alguém que receba; o pagamento deve ser realizado dentro do prazo ou, em outras circunstâncias, se o devedor acordar com o credor.
O pagamento deve ser realizado no local determinado para a sua efetivação. Quase sempre deve ser realizado no domicílio do credor, mas nada impede que se faça de outro modo - ficha de compensação financeira, domicílio do devedor...
A prestação deve ser cumprida em sua integralidade.
Presentes estes elementos, tem-se o pagamento como uma forma de extinção formal da obrigação civil. 
O nosso código civil disciplina as situações em que o pagamento se realiza sem causa que o justifique. Não é comum que essas situações aconteçam, mas ocorrem.
No pagamento temos a prevalência de um preceito que também tem conotação jurídica, "dar a cada um o que é seu". Toda pessoa que seja credora, está legitimada a receber a prestação; então, quem deve receber é quem seja o credor. 
Sempre que estivermos diante de uma situação em que quem paga não é devedor ou que quem recebe não é o credor, estaremos diante de um pagamento sem causa que o justifique, porque quem deve pagar é o devedor e quem deve receber é o credor, excetuadas situações específicas. 
Para que isto ocorra deve haver o erro, de um ou ambos. Quando isso vier a acontecer teremos um pagamento indevido, um pagamento que não se justifica, pela ausência de elementos essenciais. 
Quando ocorre um pagamento indevido, que é um ato unilateral, surge uma obrigação civil. O artigo 876, CC, configura esta circunstância. Diz:
A “repetição do pagamento” a que se refere o professor é um sinônimo do “restituir” de que trata o 876.
Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
Aqui está caracterizado o pagamento indevido; quando alguém recebeu o que não era devido. Isso pode acontecer porque a pessoa que pagou não era devedora ou pagou a quem não tinha legitimidade para receber. A segunda parte do artigo diz que também ocorre quando tivermos uma obrigação condicional, cuja condição não tenha sido cumprida. 
O pagamento realizado com a intenção de cumprir uma obrigação inexistente é indevido, porque não há causa que o justifique. Esse pagamento só se realiza em razão de um erro, ninguém paga sem ser devedor, ninguém recebe sem ser credor – ao menos não deveria. 
O que justifica o pagamento é a existência do vínculo obrigacional. 
Quando houver um terceiro interessado, ele teria interesse em extinguir a obrigação porque seria devedor por solidariedade – fiador. Nesse caso, sub-rogar-se-ia na posição de credor.
O pagamento com sub-rogação não caracteriza pagamento indevido, porque o terceiro, nesse caso, tem uma obrigação solidária. Sub-rogação é colocar uma coisa no lugar de outra, nessa situação, seria colocar uma pessoa no lugar de outra. Há um pacto em que o terceiro faz o pagamento em nome do devedor originário e se sub-roga na condição de credor. 
O artigo 877 estabelece a necessidade de se justificar a razão de ser do pagamento, quando há erro:
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.
Qual a implicação do pagamento indevido? 
O direito de repetir o pagamento. Por essa razão, o pagamento indevido é um ato unilateral, faz surgir uma obrigação. Então, se alguém recebe um pagamento indevido, obriga-se a repetir o pagamento; isso não significa que terá que se fazer um novo pagamento, mas sim que terá que ser realizados outra vez. Se eu pago indevidamente posso ter meu dinheiro de volta, ou seja, há obrigação de restituir o valor pago. 
As situações constantes nos artigos 880-883 descaracterizam o pagamento indevido.
Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Quem devia continua devendo, só que desta feita a quem efetuou o pagamento indevidamente. 
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Dívida prescrita é aquela que não pode mais ser cobrada em função do lapso de tempo transcorrido. Se o devedor pagou uma dívida prescrita, não tem direito de repetir o pagamento. Seria uma obrigação moral. 
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
Por exemplo: eu compro dinheiro falsificado. Isso é um fim ilícito, só quem pode imprimir dinheiro é o banco central. Se eu compro dinheiro falsificado é pago por ele, não posso repetir o que paguei, não posso pedir de volta o valor que paguei. Esse valor que foi entregue para obtenção de um fim ilícito, pode ser apreendido por ordem judicial e reverter em favor da constituição de beneficência. Que, recebeu para conceder um objeto ilegal ou imoral ou proibido por lei, não se beneficia daquele pagamento, visto que este pode ser objeto de apreensão ou o juiz pode determinar que o valor será doado para o IMIP. 
O que enseja maior dificuldade em relação ao alcance dessa obrigação em relação ao pagamento indevido é quando a prestação não é em dinheiro, mas é entrega de coisa e essa coisa pode receber ou gerar frutos, ascensões ou ter benfeitorias. Determina o artigo 878:
Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso.
Também ocorreriam outros efeitos quando o pagamento indevido se caracteriza pelo recebimento de um imóvel. 
Em razão dessas diversas situações que caracterizariam um pagamento indevido, temos como gênero a obrigação por ato unilateral por pagamento indevido. No próprio texto do Código, temos a espécie "enriquecimento sem causa", que, compreende os artigos 884-886.
Haverá enriquecimento sem causa quando realizado um pagamento indevido que implique em aumento patrimonial ou enriquecimento de quem recebe em detrimento de outro que pagou, cujo patrimônio diminui sem causa que o justifique. 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Ocorre o enriquecimento sem causa quando nãohá causa que o justifique, quando há um aumento patrimonial indevido ou quando esta deixe de existir. É fonte de obrigação por ato unilateral que cria uma obrigação para aquele que recebe indevidamente. Ex.: uma pessoa não era credora, mas como recebeu indevidamente, tendo aumento no seu patrimônio, cria-se uma obrigação de restituir. 
Sempre que houver ausência de causa jurídica ou de interesse pessoal de quem pagou, surge a obrigação de repetir o pagamento. 
________
Logo:
A restituição é devida quando não há causa jurídica que justifique o pagamento, ou quando não houver interesse pessoal de quem paga. Evidentemente, isso ocorre por erro. Se eu pagasse indevidamente teria que justificar que o fiz por erro.

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