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PRÉ-PROVA DE PARTE GERAL DE DIREITO CIVIL (prova 2)

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A matéria da prova será a seguinte: 
1) Pessoa Jurídica 
2) Domicilio 
3) Teoria do fato jurídico (excluída fraude contra credores e simulação) 
4) Dois textos de leitura obrigatória disponíveis no moodle. 
* será permitida a consulta ao Código Civil 
** A prova iniciará às 19:00hs e terá duração máxima de duas horas. 
1) Uma questão dissertativa (valendo 2 pontos) sobre um defeito de negócio jurídico semelhante aos 
exercícios postados no moodle, provavelmente sobre Falso Motivo: 
Art. 140. O falso motivo (razão interna que faz com que se celebre o contrato, ex. alguém que recebe notícia que 
tinha uma doença e vende patrimônio para pagar o tratamento, mas verifica-se que a notícia da doença era falsa) 
só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante (pode-se anular o negócio se o 
comprador soubesse dessa motivação). 
2) Uma questão sobre o texto do Veloso, imagino que a questão da prova antiga seja um bom parâmetro para 
ser estudado: 
A. Para Zeno Veloso, o ato ilícito, ou contrário ao direito é fato jurídico, mas não integra a categoria dos atos jurídicos. 
Segundo o autor, no ato ilícito não há nexo de causalidade entre a vontade e os efeitos jurídicos, mas o que prepondera 
é a responsabilidade do causador do dano como produtora de consequências jurídicas. (V) 
B. A classificação dos fatos jurídicos segundo Zeno Veloso situa os atos-fatos jurídicos logo após o fato jurídico em 
sentido estrito, anteriormente ao ato jurídico em sentido amplo. Ao adota este posicionamento, Zeno Veloso acolhe a 
doutrina de Pontes de Miranda e de Marcos Bernardes de Mello. (F) 
Comentário: Segue doutrina que todo comportamento humano a que o ordenamento jurídico confere efeito deve 
ser considerado um ato, sem que se tenha de entrar num campo nebuloso, numa investigação dificílima sobre a 
consciência dos efeitos que ia gerar. Evita-se excesso de abstração e para simplificar as coisas, incluiu-se os 
denominadas atos-fatos jurídicos (ou atos reais, ou materiais) dentre os atos jurídicos stricto sensu, sem criar para 
eles uma categoria diferente. 
C. Segundo Zeno Veloso é possível cogitar de atos ineficazes que não produzem efeitos, ou que ainda não os produzem, 
e que não inválidos. (V) 
D. Zeno Veloso filia-se à corrente doutrinária que reconhece o denominado “plano de existência”. Para ele, não existir 
não é o mesmo que não valer. (V) 
E. Para Zeno Veloso é possível cogitar a hipótese de invalidade superveniente, dado que alguns negócios jurídicos 
poderão nascer válidos e posteriormente ser contaminados por causas invalidantes. (F) 
 
 
 
FATOS
FATOS NÃO 
JURÍDICOS 
FATOS JURÍDICOS LATO 
SENSU
STRICTO SENSU 
(natureza)
ATO JURÍDICO LATO 
SENSU (homem)
ATO JURÍDICO 
STRICTO SENSU 
(inclui-se o ato-fato)
NEGÓCIO 
JURÍDICO
Ato Ilícito 
(Fato e não Ato)
3) Uma questão sobre o texto do Godoy 
Caso o fato jurídico decorra de conduta humana então se classifica esse fato como um ato jurídico. E isso é uma substancial 
alteração do novo CC. 
No CC anterior tínhamos que o ato jurídico era todo aquele que tivesse por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, 
modificar ou extinguir direito. Entretanto há exemplos de uma conduta voluntária que o direito reconhece efeitos jurídicos apesar 
deles não serem a finalidade a que se voltava aquele comportamento. 
De tal forma que podemos distinguir ato-fato de ato jurídico estrito da seguinte maneira: 
1. Ato-fato jurídico é que aquele possui uma vontade natural que altera o plano físico das coisas, 
2. Ato jurídico estrito é um ato com vontade finalística de obter determinados efeitos jurídicos. 
 
Por outro lado, o que possuem em comum é a voluntariedade do ato humano que corresponde a uma previsão legal. 
No CC de 2002 diferenciou-se ato jurídico que constava no artigo 81 do CC/1981 por negócio jurídico e diferenciando tal termo 
dos outros atos jurídicos lícitos. 
Negócio jurídico (art. 104 ao 184) é uma espécie do gênero fato jurídico por possuir significação e estrutura próprias. No novo CC 
temos diferenciação entre o negócio jurídico e o ato jurídico lícito (ato não negocial, ato jurídico em sentido estrito ou ato-fato). 
O Código Civil de 2002 adotou a teoria dualista para a classificação dos atos jurídicos, disciplinando o negócio jurídico, que não 
era tratado explicitamente pelo Código de 1916, pois utilizava apenas a expressão genérica “atos jurídicos”. Para a corrente 
unitária não existe qualquer diferença entre ato e negócio jurídico, enquanto a dualista entende que são distintos. O 
pensamento unitarista é encontrado no Código Civil francês, no italiano e no brasileiro de 1916, e é defendido 4473 por juristas 
como Vicente Ráo. Como exemplos do dualismo, estão os Códigos português e brasileiro de 2002, cujos precursores foram 
autores germânicos (Hugo Thibaut e Savigny), da escola pandectista. 
A base do entendimento do conceito está na vontade e sua consequência (s). Pois se trata de uma vontade externada de maneira 
que o ordenamento faz atuar efeitos jurídicos exatamente correspondentes ao querer do declarante, uma manifestação de vontade 
diretamente voltada a um fim prático e que ordenamento tutela enquanto expressão da autonomia do sujeito, de auto-
regulamentação de seus interesses. 
 Negócio jurídico = Declaração de Vontade + Efeitos Normativos provocados pela declaração de vontade. 
 Ato Jurídico em Sentido Estrito = Vontade constitutiva de Direito não qualificada para finalidades jurídicas. (Pág. 390) 
 
O CC/16 possuía visão voluntarista ou subjetiva do negócio que fazia repousar sobre a vontade os seus efeitos jurígenos, como se 
a vontade não precisasse ser declarada de modo consonante com exigências valorativas do ordenamento. Isso decorre da influência 
dos direitos de primeira geração, cujo objetivo era a afirmação dos indivíduos em face da atuação do Estado. 
O CC/02 baseia-se na teoria preceptiva ou objetiva na qual o negócio jurídico encerra uma norma jurídica concreta, um preceito 
concreto, um comando objetivo a que o ordenamento empresta eficácia jurígena. A força jurígena no negócio nem está só na vontade, 
nem só na lei. A rigor, a lei autoriza a autonomia privada, tornando possível que o negócio produza efeitos jurídicos, munindo-o de 
eficácia. 
O conceito atual de negócio jurídico está centrado na Autonomia Privada (em contraposição ao centro na vontade do indivíduo 
resultante dos direitos de primeira geração). Uma vontade exprime um ato de iniciativa merecedor de tutela, e assim, de efeitos 
jurídicos, caso atenda aos interesses coessenciais dispostos no ordenamento, por exemplo, valores básicos da dignidade da pessoa 
humana e solidarismo consoantes na CF. 
O negócio jurídico, do ponto de vista genético, deveria ser considerado o ato pelo qual o sujeito regula seus próprios interesses 
nas relações com os outros (ato de autonomia privada), mas ao qual o direito reconhece efeitos jurídicos desde que conforme uma 
função econômico-social que o caracterize. 
A real diferença que no atual tratamento do negócio jurídico se encontra, com especial interesse no novo CC, está no abandono 
de sua consideração a partir, exclusivamente, da vontade que, manifestada, movimenta a sua formação. 
Temos então a Teoria da Auto Responsabilidade a dar substrato ao regramento do negócio jurídico no novo CC. A 
responsabilidade de quem declara vontade e cria situação de confiança a terceiros que deve também ser preservada. 
 
4) Questão de Prescrição e Decadência (coloquei uma ordem por grau de probabilidade de ser cobrado) 
Questão antiga 
A prescrição é a perda da do direito de pretensão em virtude da inércia do titular de um direito. 
No CC/02 o prazo prescricional geral é de 10 anos, caso não exista previsão específica nalei, enquanto no CC 
de 1916 o prazo prescricional geral era de 20 anos 
O juiz pode decretar de ofício a prescrição. 
A Decadência é a perda do direito potestativo em virtude da inércia do seu titular. 
Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam a decadência as normas que impedem, suspendem ou 
interrompem prescrição. 
Existe decadência legal e convencional. 
A decadência legal pode ser conhecida de ofício, a decadência convencional, não. 
Esquema dado em aula 
Semelhanças entre prescrição e decadência: 
 Ambas são formas de extinção de direitos baseadas no mesmo fundamento, qual seja o de paz e ordem social. 
 Os fatores determinantes são idênticos: inércia do titular do direito e o decurso de tempo. 
 
Diferenças entre prescrição e decadência: 
 Na prescrição é punida a inércia no exercício da pretensão, que deveria ser exercida em determinado período, 
na decadência priva-se do direito quem deixou de exercê-lo no prazo determinado. 
 Interesse preponderante na prescrição é o individual e o interesse preponderante na decadência é o geral. 
 Na prescrição, o prazo começa a contar da violação do direito subjetivo, na decadência, desde que o direito 
nasce. 
 A prescrição pressupõe um direito nascido e efetivo, mas que pereceu pela falta do exercício da ação contra a 
violação sofrida; a decadência supõe um direito que, embora nascido, não se tornou efetivo. 
 Na prescrição, a natureza das ações judiciais em jogo é a condenatória (ex.: cobrança e reparação de danos). 
 Na decadência, a natureza das ações judiciais é constitutiva/declaratório (ex.: ação anulatória de negócio 
jurídico). 
 Prazos contados em dias, meses, ou ano e dia, serão sempre decadenciais. 
 A ação declaratória é imprescritível. 
 Não se pode renunciar à decadência prevista em lei, mas se pode renunciar à prescrição. 
OAB 2010-2 
A respeito das diferenças e semelhanças entre prescrição e decadência, no Código Civil, é correto afirmar que: 
(A) a prescrição acarreta a extinção do direito potestativo, enquanto a decadência gera a extinção do direito subjetivo. 
 O contrário: Prescriçao – Direito subjetivo; Decadência – Direito Potestativo (ou substantivo). 
(B) os prazos prescricionais podem ser suspensos e interrompidos, enquanto os prazos decadenciais legais não se suspendem ou 
interrompem, com exceção da hipótese de titular de direito absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo 
prescricional nem prazo decadencial.(CERTA) 
(C) não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição, mesmo após consumadas. (Pode-se renunciar à prescrição) 
(D) a prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício 
pelo juiz. (prescrição é a ação que pode...) 
 
5) Defeitos dos Negócios Jurídicos 
Sobre a manifestação de vontade existem duas teorias: 
1) Teoria da vontade – dá preponderância à real vontade do agente 
2) Teoria da declaração – dá preponderância ao que foi declarado pelo agente 
Art. 112 do Código Civil: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do 
que ao sentido literal da linguagem. 
No CC/02 prevalece a vontade interna, mas moderadamente. Pois se o negócio cumpriu os requisitos, anular 
baseado num defeito precisa ser “bem” demonstrável, justificado. 
Defeitos nos NJ: 
1. Erro 
2. Dolo 
3. Coação/ Coação Econômica. 
4. Lesão 
5. Estado de Perigo 
 
 No erro, a vítima se engana sozinha; no dolo, ela é ludibriada pelo outro contratante ou por terceiro; e na 
simulação, ambos os contratantes agem para iludir terceiro. 
 No estado de perigo, diferentemente do que ocorre na coação, o beneficiário não empregou violência 
psicológica ou ameaça para que o declarante assumisse obrigação excessivamente onerosa. O perigo de não 
se salvar, não causado pelo favorecido, embora de seu conhecimento, é que determinou a celebração do 
negócio prejudicial. 
 O instituto da lesão visa proteger o contratante que se encontra em situação de inferioridade, diante de um 
prejuízo sofrido em uma relação contratual desproporcional. 
 
Do Erro ou Ignorância (art. 138 - 144) 
 
No erro há uma compreensão equivocada da realidade. É relacionado aos fatos. No caso do erro, o 
agente engana-se sozinho. Há a possibilidade do inciso III do art. 139 CC que é a exceção, por se tratar 
de erro de direito. Ex.: aquisição de um determinado terreno para implantar empreendimento, mas há 
vedação por parte de normas ambientais. Importo mercadoria que é proibida, desconhecendo. 
 “O erro ou a ignorância é o resultado de uma falsa percepção, noção ou mesmo da falta (ausência) de 
percepção sobre a pessoa, o objeto ou o próprio negócio que se pratica”. 
“Ignorância é o completo desconhecimento acerca de um objeto. Erro é a noção falsa a respeito desse 
mesmo objeto ou de determinada pessoa 
O erro de tipo pode ser escusável ou inescusável: 
a) Erro de tipo escusável, inevitável, invencível ou desculpável: é a modalidade de erro que não 
deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que houvesse agido com as cautelas do homem médio, 
não poderia evitar a falsa percepção da realidade. 
b) Erro de tipo inescusável, evitável, vencível ou indesculpável: é a espécie de erro que provém 
da culpa do agente, pois se houvesse agido com a cautela necessária, não teria incorrido no erro. 
Apenas erro escusável é passível de anulação. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. 
 
Dolo (art. 145 a 150) 
 
É o “enganar consciente”, a intenção de induzir o outro a realizar negócio jurídico em seu próprio prejuízo. 
Difere do dolo do direito penal, onde há intenção criminosa de fazer o mal. 
O dolo também se manifesta por silêncio intencional. Ex. Vendo algo omitindo fato que se viesse ao 
conhecimento do comprador o negócio não sairia. O Dever de informar é pilar do direito do consumidor. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não 
se teria celebrado. 
Dolo acidental: art. 146 – gera perdas e danos: 
“O sujeito declara pretender adquirir um carro; escolhendo um automóvel com cor metálica, e, quando do 
recebimento da mercadoria, enganado pelo vendedor, verifica que a coloração é, em verdade, básica. Neste 
caso, não pretendendo desistir do negócio poderá exigir compensação por perdas e danos”. 
 
Coação (Arts. 151 a 156) 
 
Para viciar a declaração de vontade, a coação deve incutir no paciente fundado temor de dano e considerável 
à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens. Ou seja, há que existir certa gravidade. 
“Não basta qualquer constrangimento para que se haja o ato jurídico por viciado. Para que ocorra a coação, 
mister se faz que se atinja o limite da anormalidade”. 
Na coação há a presença de medo e temor. Na coação absoluta há violência física, não havendo vontade do 
paciente, mas sim do coator. Na coação relativa ou moral há certa escolha por parte do coacto. 
Conforme o art. 152 levar-se-á em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde e o temperamento do paciente 
da alegada coação. 
Ameaça de exercício de direito e temor reverencial não implicam em coação (art. 153) 
Temor reverencial = receio de desagradar pessoas unidas por vínculo afetivo ou relação de hierarquia. 
Coação Econômica – economic Duress – Exemplo do Shopping Center que foi constrangido assinar um termo 
público para inauguração, do contrário a inauguração não teria ocorrido gerando um enorme prejuízo. Por isso 
coerção econômica. 
 
Estado de perigo (Art. 156 CC) 
Exemplo clássico: aquele que está se afogando promete, no desespero, todo o seu patrimôniopor sua vida. 
Pressupõe: 
- situação de necessidade 
- iminência de dano atual e grave 
- nexo de causalidade 
- conhecimento do perigo pela outra parte 
 
Lesão (Art. 157 CC) 
- inexperiência ou premente necessidade; 
- desconhecimento desse fato da outra parte; 
Na lesão, diferentemente dos vícios de consentimento, não há defeito na formação da vontade da parte, pois, 
via de regra, o contratante lesado expressa a sua vontade livremente, uma vez que compreende e quer o 
contrato bem como os seus efeitos, diferentemente do que ocorre nas hipótese de erro, dolo ou coação. 
 
6) Regime de Invalidades 
Semelhanças e diferenças entre nulidade e anulabilidade 
 Nulidade Art. 160 a 170 Anulabilidade Art. 171 a 180 
Interesse protegido Social Particular 
Legitimidade para requerer a 
invalidade 
Qualquer pessoa interessada, MP (art. 
168) 
Apenas o interessado direto (prejudicado) 
Decretação de ofício Permitida Vedada 
Desconstituição dos efeitos 
 
Absoluta (não produz efeitos*) Relativa (circunstâncias podem não 
recomendar que seja retroativa) (art. 182). 
Convalidação ou confirmação Impossível (art. 169) Possível (art. 172) 
 
Para existir o Negócio Jurídico precisa ter declaração de vontade. 
No plano de validade do negócio jurídico ou ele é válido ou ele é inválido. 
Requisitos de Validade servem para nulidades e anulabilidades – Art 104 do CC. 
A patologia é a Invalidade. Para tal é preciso fazer o teste de validade dos negócios jurídicos através dos requisitos de 
validade que se dividem em 3 ordens de questões: A capacidade das partes, o objeto e a forma. 
Teste: 
1- Negócio Jurídico é valido, ou inválido? 
2- Se inválido, então é nulo ou anulável? 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
NULIDADE (arts. 166 a 170 CC) 
A nulidade é a forma mais grave de invalidade. As hipóteses de nulidade afrontam não apenas os interesses das 
partes, ou de parte envolvida no negócio, mas vão além, ferindo interesses sociais, públicos. Enfim, há afronta a valores 
do sistema. (Paulo Lôbo) 
Hipóteses de nulidade: 
1) ilicitude do objeto do negócio jurídico. Ex: negócio sobre herança de pessoa viva. 
2) impossibilidade de alcançar o objeto ao tempo da celebração do negócio. Exs: captação de água em subsolo 
seco, imóvel inalienável em virtude de programa de reforma agrária 
3) indeterminação do objeto – há que se indicar no mínimo o gênero e quantidade. Por exemplo, dois 
computadores, sem indicar marca. 
4) incapacidade civil absoluta – é nulo o negócio jurídico celebrado diretamente por absolutamente incapaz. 
Excepcionados os atos existenciais (menor adquirindo produtos). 
5) forma – é nulo o negócio jurídico que não observar a forma prescrita em lei. Mas lembrar que o art. 107 CC 
prevê o princípio geral da liberdade de formas. 
6) fraude à lei – ato ardiloso, enganoso, com o intuito de conferir aparência de legalidade à intenção de 
descumprir a lei (ver exemplos do art. 497 do CC). 
ANULABILIDADE (art. 171 a 184) 
A anulabilidade é o campo da invalidade de menor gravidade. As situações que suscitam a invalidade não lesam 
diretamente interesses públicos ou sociais. 
Hipóteses de anulabilidade: 
1. incapacidade civil relativa de qualquer das partes do negócio 
2. defeito do negócio jurídico (Vícios da vontade: erro substancial, dolo e coação; lesão, estado de perigo, 
fraude contra credores) 
3. em casos que a lei expressamente determinar (art. 119 CC) 
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o 
representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. 
4. atos que a lei exija autorização de outrem, quando essa faltar (assentimento do curador, assentimento do 
cônjuge para alienação de bem imóvel comum, conforme a previsão do art. 1647, I, CC). 
 
A nulidade ou a anulabilidade atingem o negócio jurídico no todo ou em parte. Vigora o princípio da não-
contaminação (ou da conservação) no direito brasileiro (art. 184 CC), segundo o qual uma parte do objeto do negócio 
jurídico pode ser ilícita sem contaminar o todo: 
"Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na 
parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, 
mas a destas não induz a da obrigação principal." 
7) Negócio Jurídico 
Temos a Teoria da Declaração (Teoria objetiva – diz respeito ao que foi declarado) X Teoria da Vontade (Teoria 
Subjetiva – diz respeito à intenção interna das partes) 
Princípio da auto-responsabilidade- cada um é responsável pelos atos que pratica e seus efeitos. Declaraçao de 
Vontade vincula o emissor. 
Teoria da confiança – Dar valor à parte que confiou no declarante. 
Teoria da Auto Responsabilidade + Teoria da Confiança Obrigam quem declara. 
Teoria da Declaração ganhou maior importância no CC/02 que o CC/16. Se afastando do subjetivismo, para 
agregar mais segurança jurídica. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
Definição Boa-fé: Padrão de comportamento a ser adotado respeitando as expectativas individuais e do outro 
contratante. 
 
8) PERSONALIDADE JURÍDICA 
PJ - Entidade formada por grupo de pessoas para realização de determinado fim, ou um patrimônio direcionado para 
fim específico (ex. Fundação). 
A personificação é o processo da técnica jurídica que reconhece individualidade própria a um grupo, distinto de seus 
membros. É a atribuição de personalidade a um grupo de pessoas ou a um grupo de bens que os possibilita ter 
autonomia patrimonial (a criação de um novo centro de direitos e deveres). 
Constituição da pessoa jurídica exige: 
1) Vontade criadora das pessoas que a integram ou da pessoa que a cria. “affectio societatis”; 
2) Ato constitutivo - é o estatuto ou contrato social; 
3) Registro do ato constitutivo no órgão competente - Antes de registrada a sociedade está numa situação 
precária e será considerada sociedade de fato ou sociedade não personificada. 
“Art. 45 do CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo 
no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se 
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.” 
Registro é feito: 
 Juntas Comerciais (sociedades simples, sociedades anônimas) 
 Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (fundações, sindicatos, partidos políticos) 
 OAB (sociedade de advogados) 
As pessoas jurídicas de direito público são constituídas pela lei ou ato administrativo. 
Classificação 
“Art. 40 do CC As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.” 
Pessoas jurídicas de direito público interno: União, Estados, Municípios, autarquias (Banco Central, INSS, DNIT, INPI, 
UFRGS, etc.). 
Pessoas jurídicas de direito público externo: Estados da comunidade internacional, como Estados Unidos e França e 
organismos internacionais como ONU, FMI e UNESCO. 
Pessoas jurídicas de direito privado(art. 44 CC): associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e os 
partidos políticos, empresa individual de responsabilidade limitada*. Exemplos de pessoas jurídicas de direito privado: 
empresas em geral, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. 
O que diferencia as pessoas jurídicas de direito público das pessoas jurídicas de direito privado é o regime jurídico a 
que estão submetidas. As pessoas jurídicas de direito público estão submetidas ao direito público e as pessoasjurídicas 
de direito privado estão submetidas ao direito privado. 
Desconsideração da personalidade da pessoa jurídica 
Poderá o juiz, nas hipóteses previstas em lei, desconsiderar o princípio da separação do patrimônio da sociedade e dos 
sócios, atingindo o patrimônio particular destes últimos para a satisfação das dívidas da sociedade. A desconsideração da 
personalidade jurídica é uma medida excepcional (“violência”), e não pode ser considerada regra geral. Só onde ficar 
claro para o juiz de atitudes cena. 
Extensão patrimonial para atingir o sócio. 
Tem lugar quando sócios mal-intencionados tentam se esconder por detrás da personalidade jurídica da pessoa jurídica 
para fraudarem terceiros. 
 “Art. 50 do CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade (abuso de 
poder), ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir (...) que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos (1)administradores ou (2) sócios da pessoa jurídica.” 
O Código Civil adota a teoria maior da personalidade da pessoa jurídica, porque é mais difícil de ser aplicada, 
pois os requisitos são mais rigorosos para desconsiderar. 
Código não extingue a PJ pela desconsideração. 
O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria menor. Mais fácil de ser aplicada, pois os requisitos são 
menos rigorosos para desconsiderar. Há mais possibilidades para a aplicação da desconsideração. 
 
NOVO CPC – DESCONSIDERAÇÃO INVERSA 
Positivado no novo CPC. 
Patrimônio da empresa (PJ) é atingido numa ação contra um sócio que se utilizou da empresa para encobrir seu 
patrimônio. 
 
Regime Jurídico das Associações e das Fundações 
 
As fundações são patrimônios destinada a fins não econômicos: 
Associações são conjuntos de pessoas com fins recriacionais (não econômicos). 
Ambas não podem distribuir lucro. Isso não exclui possibilidade de ter resultado financeiro positivo. 
 
Associações (arts. 53 a 61 CC) 
- Exemplos de associações: LBV, ABNT, ABO, ABI, clubes de futebol, clubes de Porto Alegre como Associação 
Leopoldina Juvenil e Grêmio Náutico União. 
- CF, art. 5º, XVII, liberdade de associação para fins lícitos. (Nao pode paramilitares) Instrumentos de realização da 
liberdade de expressão (TSF liberou associação da marcha da maconha). Fins não lucrativos (não lucratividade dos 
fins). Os fins das associações são religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos. Podem 
produzir bens ou serviços, mas não pode haver distribuição de lucro. Eventual receita poderá ser utilizada para manter 
a instituição ou para aumentar patrimônio. 
Para que o associado possa ser excluído, deve haver justa causa, reconhecida em procedimento que garanta o direito 
de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto (art. 57 CC). 
Não cabe verificação do MP como nas associações. 
PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos políticos têm regime jurídico associativo, são primeiramente constituídos no Registro Civil das pessoas 
jurídicas do Distrito Federal e posteriormente o seu estatuto deve ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral. A 
constituição dos partidos políticos é regrada por lei própria (Lei 9096/1995). 
 
Fundações (arts. 62 a 69 CC) 
Exemplos: Iberê Camargo, Tiago de Moraes Gonzaga, Theatro São Pedro, OSPA (estas duas últimas são públicas). 
Conjunto de bens que assume a forma de pessoa jurídica, para a realização de um fim de interesse público, 
determinado e estável, definido pelo instituidor. Os fins, segundo o art. 62, § único do CC, serão de natureza religiosa, 
moral, cultural ou assistencial (mas também podem ser eleitos outros fins, como os científicos, educacionais, ou de 
promoção do meio ambiente). 
 decorre da vontade de uma pessoa, o instituidor. 
 é criada por testamento ou por escritura pública. 
 fiscalizadas pelo Ministério Público (“velamento das fundações”). 
 podem ser instituídas por particulares ou pelo Estado (fundações públicas). 
 as fundações públicas são criadas por lei (art. 37, XIX, CF). 
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
Existe um ciclo de vida das pessoas jurídicas. Elas são criadas, desenvolvem-se, modificam-se e extinguem-se. 
O começo da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado se dá com o registro do ato constitutivo no 
órgão competente (art. 45 CC). 
O término, denominado de dissolução, pode ocorrer por diversas causas: 
1) previsão do estatuto ou contrato social (art. 54, VI, CC) 
2) por se tornar ilícito o seu objeto, inútil sua finalidade, esgotado o prazo de existência (art. 69 CC) 
3) morte do sócio (art. 1028 CC) 
4) entre outros motivos, por deliberação dos sócios (art. 1033 e segs. CC) 
Modalidades de extinção: 
1) Convencional – por deliberação dos membros da sociedade (art. 1033 CC) 
2) Legal – em razão de motivo determinante na lei (art. 1028, II, 1033 e 1034 CC), como a morte dos sócios, 
decretação da falência, nos termos da Lei n. 11.101, 
3) Administrativa – casos em que pessoas jurídicas dependem de autorização do poder público e esta é caçada 
ou expira 
4) Judicial – configurando-se um dos casos de dissolução previsto em lei (art. 1034 e 1035 CC) 
Juntamente com a dissolução vem a liquidação da sociedade. Na liquidação avalia-se o patrimônio existente, paga-se 
as dívidas e partilha-se o restante entre os sócios. 
 
9) DOMICÍLIO 
 
DA PESSOA NATURAL (arts. 70 a 78 CC) 
Domicílio é a residência com ânimo definitivo (art. 70 CC). Não significa necessariamente longo tempo. Critério da 
habitualidade. 
Elemento material ou objetivo: fixação da pessoa em determinado lugar; 
Elemento subjetivo: ânimo de permanecer 
Domicílio profissional: relativo às atividades profissionais (art. 72). 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as 
relações que lhe corresponderem. 
Art. 73: Permite que uma pessoa não tenha domicílio. 
Art. 76: Domicílio legal ou necessário. Ex: preso. 
 
DA PESSOA JURÍDICA 
- Súmula 363 STF: “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou 
estabelecimento em que se praticou o ato”. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou 
onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
 
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos nele praticados. 
 
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, 
no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no 
Brasil, a que ela corresponder. 
 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que 
exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do 
comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, 
o lugar em que cumprir a sentença

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