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Slides 3 - Direito Civil III

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04/05/2015
1
CONTRATO PRELIMINAR
Não é uma minuta ou rascunho, é contrato mesmo que visa
concretizar um contrato futuro e definitivo (462).
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter
todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
É muito usado na aquisição de imóveis a prazo, afinal poucas
pessoas podem comprar imóveis a vista e muita gente precisa de
habitação. Se o contrato preliminar for descumprido, ou o contrato
definitivo não for celebrado oportunamente, caberá indenização
por perdas e danos (465) ou mesmo a execução forçada (463).
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Consiste no poder das partes de estipular livremente mediante
acordo de vontades, a disciplina de seus interesses envolvendo além de
tudo a liberdade de contratar, de escolher ou outro contraente e de fixar o
conteúdo do contrato, limitadas pelo principio da função social do
contrato, pelas normas de ordem pública, pelos bons costumes e pela
revisão judicial dos contratos.
No principio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a se
ligar contratualmente, só fazendo o que achar conveniente. Importante
lembrar que nesse principio as partes são livres para expressar sua
vontade desde que não afronte leis de ordem pública e bons costumes.
04/05/2015
2
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Para Maria Helena Diniz:
“O principio da autonomia da vontade se funda na liberdade
contratual dos contratantes, consistindo no poder de estipular livremente,
como melhor convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus
interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica”. (DINIZ, 2014,
p.23).
Maria Helena Diniz, ainda comenta que:
“Além da liberdade de criação do contrato, abrange a liberdade de
contratar e não contratar, liberdade de escolher outro contratante, liberdade
de fixar o conteúdo do contrato, escolhendo quaisquer modalidades
contratuais reguladas por lei, devendo observar que a liberdade de contratar
será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. (DINIZ,
2014, p.23 e 24).
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Silvio Rodrigues, afirma:
“O Princípio da Autonomia da Vontade consiste na prerrogativa
conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde
que se submetam as regras impostas pela lei e que seus fins coincidam
como o interesse geral, ou não o contradigam. (RODRIGUES, 2012, p.15)
Assim, as partes são livres para celebrar um contrato no que diz
respeito ao seu objeto no que bem entender, portanto, sendo observada
por estas a licitude do objeto para que não afronte a ordem pública e os
bons costumes.
04/05/2015
3
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
No direito contratual as partes têm liberdade para contratar ou
não, adquirindo direitos e contraindo obrigações, relacionando-se com
quem quiser, dispondo de seus bens como entender e até inventando
contratos (425).
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos,
observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Ao contrário do Direito Administrativo, onde existe muito limite na
atuação do governante. Então se qualquer um de nós ou um empresário
pode contratar como quiser, o Prefeito/Governador/Presidente fica sujeito
às diretrizes e orçamentos previstos na Constituição e aprovados pelo
Poder Legislativo. E deve ser assim, afinal o governante lida com a coisa
pública e não com a coisa própria.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Este princípio contratual da autonomia da vontade é um poder
criador, sendo amplo mas não absoluto, encontrando limites na ordem
pública e nos bons costumes:
- ordem pública: são as leis imperativas/obrigatórias presentes no direito
privado e que interessam à sociedade e ao Estado.
04/05/2015
4
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Exemplos:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites
da função social do contrato.
Art. 2.035. [...]
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar
preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código
para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
Em que consiste a função social do contrato, prevista neste art. 421?
Em trocas úteis e justas, afinal ninguém contrata para ter prejuízo.
A propriedade, outro pilar do Direito Civil, também deve ser exercida
respeitando sua função social (§ 1º do art. 1228).
Carlos Roberto Gonçalves, defendendo o caráter restritivo da
função social do contrato, leciona que este “constitui, assim, princípio
moderno a ser observado pelo intérprete na aplicação dos contratos. Alia-
se aos princípios tradicionais, como o da autonomia da vontade e da
obrigatoriedade, muitas vezes impedindo que estes prevaleçam.”
(GONÇALVES, 2010, p.25).
04/05/2015
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
- bons costumes: são as maneiras de ser e de agir, correspondendo à
influência da moral no Direito.
A moral varia de acordo com o tempo e o lugar, de modo que um
desfile de moda-praia num shopping center é permitido, mas não na
entrada de uma igreja, por violar a moral da maioria da sociedade.
Igualmente nossa moral não aceita o nudismo, todos nós usamos roupas,
mas em algumas praias ou comunidades, o nudismo já é permitido.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
1 – Autonomia da vontade
A exigência de que, tanto o contrato, como a propriedade,
cumpram uma função social, é novidade do Código de 2002, por
consequência da publicização do Direito.
O que é isto? É a intervenção, cada vez maior, do Estado na
atividade particular das pessoas e na autonomia privada.
Chama-se de dirigismo contratual esta iniciativa do Estado de
elaborar leis para dar superioridade jurídica a certas categorias
economicamente mais fracas, como os trabalhadores, os inquilinos, os
consumidores e os devedores.
04/05/2015
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
Um simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar o
contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é
consensual, embora alguns, por serem solenes, tenham sua validade
condicionada a observância de certas formalidades legais.
Maria Helena Diniz, prescreve que:
“Segundo esse princípio, o simples acordo de duas ou mais
vontades basta para gerar um contrato válido, pois a maioria dos negócios
jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns, por serem solenes,
tenham sua validade condicionada a observância de certas formalidades
legais”. (DINIZ, 2014, p.36)
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
Um simples acordo, já possui uma força para surgir um contrato,
porém, devendo atender certas formalidades por um motivo de interesse
social.
Havendo um acordo de vontade, qualquer forma contratual é
válida, seja por telefone, verbal, etc. Somente os atos solenes exigem uma
formalidade.
04/05/2015
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
Todo contrato exige acordo de vontades. No contrato de adesão o
consentimento surge com o aceite do consumidor. Nos contratos solenes e
reais, o acordo de vontades antecede a assinatura da escritura ou a
entrega da coisa.
A vontade é tão importante que ela pode predominar sobre a
palavra escrita (art. 112, notem com atenção as expressões intenção, que
é a vontade real, e sentido literal, que é a vontade declarada).
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
Assim, aquilo que as partes queriam dizer é mais importante do
que aquilo que as partes disseram, escreveram e assinaram. Não se trata
aqui de rasgar o “preto no branco” mas sim de respeitar a vontade das
partes. Exemplos:
a) art. 1899, embora testamento não seja contrato, mas este artigo revela
a importância da vontade nos negócios jurídicos.
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de
interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a
observância da vontade do testador.
04/05/2015
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
b) agora um exemplo contratual: José aluga a João por cem reais um
quartinho nos fundos de sua casa, mas no contrato, ao invés de escrever
“aluga-se um quarto”, se escreveu “aluga-se uma casa”, vai prevalecer a
intenção que era de alugar o quarto, João não vai poder exigir a casa pois
sabia que, por aquele preço e naquelas circunstâncias, a locação era só de
um aposento.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
2 – Princípio do consentimento ou consensualismo
c) outro exemplo contratual: José morreu e deixou uma casa para seu filho
João, só que João precisa viajar e não pode esperar a conclusão do
inventário, então João vende a Maria os seus direitos hereditários por cem
mil reais (ressalto que não se trata aqui do pacta corvina do 426, e sim da
cessão do 1793 pois José já morreu); eis que depois se descobre que José
era muito rico e, além da casa, tinha ações, outros imóveis, carros, jóias,
aplicações financeiras, etc, neste caso Maria não será dona de tudo pois só
o que ela adquiriu, naquelas circunstâncias, foi uma casa, e não tantos
bens, embora no contrato constasse que João lhe cedia todos os seus
direitos hereditários.
Nestes exemplos, prevalecerá a vontade sobre aquilo que foi
escrito.
04/05/2015
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
As estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente
cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente.
Devem-se observar o formalismo do contrato, pois se uma das
partes se não cumprir o preposto, responderá por perdas e danos pela
inadimplência contratual.
Se a parte celebra o contrato, logicamente o contrato deve ser
cumprido por elas, respondendo o patrimônio do devedor pela dívida não
paga.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Maria Helena Diniz ressalta que:
“Por esse princípio, as estipulações feitas no contrato deverão ser
fielmente cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o
inadimplente. O ato negocial, por ser uma norma jurídica, constituindo lei
entre as partes é intangível, a menos que ambas as partes o rescindam
voluntariamente, ou haja a escusa por caso fortuito ou força maior
(CC,art.393, parágrafo único), de tal sorte que não se poderá alterar seu
conteúdo, nem mesmo judicialmente. Entretanto, tem se admitido, ante o
principio do equilíbrio contratual ou da equivalência material das
prestações, que a força vinculante do contrato seja contida pelo
magistrado em certas circunstancias excepcionais ou extraordinárias que
impossibilitem a previsão de excessiva onerosidade no cumprimento da
prestação.” (Diniz, 2014.p.37)
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Contrato faz lei entre as partes, deve ser cumprido por uma
questão de segurança jurídica e paz social.
País nenhum se desenvolveu sem respeitar a propriedade privada
e os contratos.
Diziam os romanos pacta sunt servanda (= contrato deve ser
cumprido), princípio que prevalece até hoje. Celebrado o contrato, ele se
torna intangível, não podendo ser modificado unilateralmente, por apenas
uma das partes. Se uma das partes não cumprir o contrato, a parte
prejudicada exigirá o cumprimento forçado, através do Juiz, ou uma
indenização por perdas e danos (art. 475).
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Todavia, face ao referido dirigismo contratual, a lei permite,
excepcionalmente, que o Juiz, nos contratos comutativos de longa
execução, diante de um fato novo, modifique o contrato para manter a
igualdade entre as prestações, afinal ninguém contrata para ter prejuízo
(art 478).
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da
citação.
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
3 - Princípio da Força Obrigatória
Da Resolução por Onerosidade Excessiva (Art. 478).
Neste artigo encontramos a chamada Teoria da Imprevisão (ou
cláusula rebus sic stantibus = revogável se insustentável). A Teoria da
Imprevisão permite ao Juiz modificar o contrato a fim de restabelecer o
equilíbrio entre as partes em face de um caso fortuito que tornou a
prestação excessivamente onerosa para uma das partes.
A Teoria da Imprevisão é assim consequência da função social do
contrato, que exige trocas úteis e justas, conforme art. 421 e p.ú. do art.
2035 do CC.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
4 – Princípio da boa-fé
Na interpretação do contrato, é necessário verificar mais a intenção
do que o sentido literal da linguagem, as partes deverão agir com lealdade
e confiança, auxiliando-se na formação e na execução do contrato.
Maria Helena Diniz destaca que:
“Segundo esse princípio, na interpretação do contrato, é preciso ater-se
mais a intenção do que o sentido literal da linguagem, e, em prol do
interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir
com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na
formação e na execução do contrato. Daí está ligado ao principio da
probidade”. (DINIZ, 2014,p.37)
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
4 – Princípio da boa-fé
Este princípio obriga as partes a agirem num clima de honestidade
e de colaboração recíproca para que ambas alcancem o objetivo daquele
contrato. A boa fé deve estar na mente de todo contratante. Felizmente
esse princípio é naturalmente seguido pela população, tanto que a imensa
maioria dos contratos nasce, produz seus efeitos e se extingue sem
problemas, só um pequeno percentual é que vai trazer controvérsias e
terminar sobrecarregando o Judiciário (113, 422).
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-
fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão
do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
A avença apenas vincula as partes que nela intervirem, não
aproveitando e nem prejudicando terceiros. Sobre esse princípio, o
contrato deverá atingir somente as partes contratantes nãoprejudicando
e nem aproveitando terceiros, porém, admitindo exceções.
Por este princípio, o contrato é relativo às partes celebrantes, ou
seja, não interessa a terceiros/não é absoluto.
Diziam os romanos: res inter alios acta, aliis neque nocet neque
prodest (a coisa contratada entre uns, nem prejudica e nem beneficia
terceiros).
Este princípio tem exceções, de modo que terceiros não
celebrantes podem participar dos contratos, vejamos:
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
a) os herdeiros: nas obrigações personalíssimas o contrato não se
transfere aos herdeiros, mas nas obrigações de dar sim. Então se A toma
cem reais emprestado com B e vem a falecer, os herdeiros de A terão que
pagar a dívida a B, dentro dos limites da herança recebida de A. Se A não
deixar herança, os filhos não terão obrigação de pagar a dívida (arts. 1792
e 1997).
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido;
mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em
proporção da parte que na herança lhe coube.
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver
inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
b) na estipulação em favor de terceiro, quando se pode beneficiar um
terceiro com um contrato (ex: alugo minha casa e determino que o aluguel
seja pago a meu irmão desempregado; outro ex: faço um seguro de vida
para beneficiar meu filho). Tanto o contratante como o beneficiário
poderão exigir a prestação se a outra parte atrasar (436). Na estipulação, a
qualquer momento o beneficiário pode ser substituído, bastando
comunicar ao outro contratante (438).
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento
da obrigação.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do
outro contratante.
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
c) nas convenções coletivas: no Direito do Trabalho e no Direito do
Consumidor se permitem que sindicatos e associações negociem relações
de trabalho e de consumo com os patrões e os fornecedores. Tais
convenções irão obrigar todos os trabalhadores filiados àquele sindicato e
todos os consumidores filiados àquelas entidades, e não apenas os
dirigentes signatários da convenção. (art. 611 da CLT e art. 107 do CDC).
Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de
categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho
aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações
individuais de trabalho. (CLT)
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
c) nas convenções coletivas:
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de
fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem regular, por
convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto
estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à
garantia e características de produtos e serviços, bem como à
reclamação e composição do conflito de consumo. (CDC)
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
d) nas obrigações reais, quando muda o devedor porque mudou o
proprietário da coisa (ex: 1345);
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do
alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros
moratórios.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
e) no contrato com pessoa a declarar, do art. 467 (ex: compro um
apartamento para pagar em quinze anos e celebro um contrato preliminar
com a construtora - 462, pois o contrato definitivo só virá ao término do
pagamento integral; então, após os quinze anos, posso pedir à
construtora-vendedora que coloque o imóvel logo no nome dos meus
filhos).
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos
e assumir as obrigações dele decorrentes.
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PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS
5 – Princípio da relatividade
f) na promessa de fato de terceiro quando, por exemplo, um empresário
promete trazer um artista para cantar na cidade. Se o artista não vier, o
empresário será responsabilizado (439). Diferente da estipulação em favor
de terceiro, vista acima, o empresário não vai beneficiar o artista, vai sim
se responsabilizar pela sua apresentação.
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por
perdas e danos, quando este o não executar.

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