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DIREITOS E CIDADANIA - AVALIAÇÃO II

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UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Disciplina: Direitos e Cidadania 
Docente: Clóvis Schimitt Souza 
Discente: Karolyne Viebrantz 
 
Avaliação II 
 
1. A partir da leitura e compreensão dos autores da teórica contratualista (Hobbes e 
Locke) construa argumentos para explicar os seguintes aspectos: 
a) Como o conceito de liberdade plena é confrontado pela ideia do surgimento do 
Estado? 
R.: Hobbes e Locke concordam que o único modo de tornar o poder do Estado 
legítimo é por meio de um pacto/contrato. Para Hobbes o homem em seu estado 
natural é puro egoísmo e que quando é deixado por si mesmo a situação que se 
instaura é de anarquia que gera insegurança, angústia e medo. Já Locke, vê que 
os homens são livres, iguais e independentes em seu estado de natureza e sendo 
assim, sujeitos aos riscos das paixões e da parcialidade que podem desestabilizar 
as relações entre os homens. Por isso para que a segurança e a tranquilidade 
existam é necessário um soberano, neste caso o Estado, para julgar o bem e o 
mal, o justo e o injusto e manter a paz na sociedade. 
 
b) Qual seria a visão dos autores para o papel exercido pelo Estado na condução 
das disputas entre os indivíduos em uma sociedade? 
R.: Os autores prezavam o estado por natureza que nada mais era do que uma 
condição social em que era inexistente um estado político, como uma constante 
ameaça à vida dos indivíduos. Embora não fossem selvagens, os homens no 
estado de natureza representavam iminentes ameaças uns aos outros. Para 
Hobbes, os homens seriam "opacos" aos olhos uns dos outros. 
Esta opacidade tende a gerar suposições recíprocas sobre as possíveis ações dos 
indivíduos, o que culminaria, para o autor, em ataques visando a autopreservação, 
isto é, agressão preventiva, mediante possível ofensiva externa. Em qualquer das 
situações, a condição bélica está necessariamente posta. 
A partir dessas ameaças constantes decorreria a generalização incontrolável de um 
estado de guerra de "todos contra todos. A partir daí percebe-se que não se 
permite visualizar os verdadeiros conflitos decorrentes da vida em sociedade, no 
estado de natureza. 
Somente a partir da instauração do Estado é que os homens abandonam o estado 
de natureza e passam a viver em sociedade.O Estado, fundado a partir do contrato 
precisa, na visão de Hobbes, gozar de absoluta soberania; ser inquestionável e ter 
a liberdade para arbitrar, inclusive, sobre a vida ou morte dos cidadãos. Não pode 
haver espaço para o questionamento do Estado por um motivo cristalino: 
questionar o Estado significaria questionar sua soberania. Por conseguinte, esta 
soberania deixaria de ser absoluta, resultando no retorno do estado de natureza,ou 
seja, um estado de guerra constante. Nesse estado, os indivíduos não mais 
reconheceriam autoridade absoluta, salvo a sua própria. 
A única possibilidade efetiva, não de questionamento do Estado, mas de rebelião 
individual, ocorre quando o Estado não cumpre sua função primordial, ou seja, 
quando não consegue preservar a vida dos cidadãos. Somente nessa ocasião o 
indivíduo que se sente prejudicado pode reservar-se quanto à obediência ao 
soberano. Esta possibilidade é dada apenas ao indivíduo em sua singularidade, 
não sendo tolerada, portanto, a união de cidadãos em prol de qualquer 
reivindicação. Este indivíduo lesado recuperaria, então, sua liberdade natural. 
 
 
2. De que modo Maquiavel constrói uma argumentação para explicar o que é a 
para o que serve a política. 
R.: Maquiavel buscou investigar a política pela política, sem utilizar em sua análise 
conceitos morais, éticos e religiosos que pudessem direcionar seus estudos. A 
política em sua filosofia tem a capacidade de se autogovernar, de buscar suas 
próprias decisões de forma livre, sem que outras áreas do conhecimento interfiram 
em suas conclusões. 
Em seus estudos aparecem claramente interesses históricos, pois ele busca a 
recriação de uma nação italiana com inspiração na República Romana. Dessa 
forma busca na origem latina da Itália inspiração para seus estudos políticos. O 
estudo desses princípios deve ser feito através do realismo e não dos conceitos 
morais ou religiosos. Maquiavel dessa forma funda a objetividade nos estudos 
históricos. 
Para unir novamente a Itália na forma de uma nação republicana nos moldes 
romanos Maquiavel busca um príncipe que possa agrupar e dirigir os vários 
pequenos estados em que está fragmentada a Itália da sua época. 
Esse príncipe político em seu empreendimento não pode contar somente com a 
boa vontade das pessoas, pois estas não são naturalmente nem boas nem más, 
mas podem ser tanto uma como outra. O príncipe político que desejar ter sucesso 
em seu empreendimento deve partir da regra de que as pessoas são más e que na 
primeira oportunidade elas demonstrarão essa maldade, geralmente traindo o seu 
superior. O príncipe não deve ter a bondade como fundamento de suas ações, mas 
deve saber ser bom ou mau conforme a necessidade política. Se puder, deve ser 
bom, mas se necessário deve usar da maldade, evitando sempre o meio termo. 
Deve evitar ficar em cima do muro e pender hora para um lado hora para outro, 
pois isso seria sua ruína. 
A política, vista por Maquiavel, justifica-se por si mesma e não deve buscar fora de 
si uma moral que a justifique. O objetivo da política é levar os homens a viver na 
mesma comunidade de forma organizada e se possível em liberdade. O príncipe 
político busca estabilidade do cargo, busca manter-se no poder. 
O príncipe tem que ser virtuoso e aqui Maquiavel não utiliza o conceito cristão de 
virtude, mas o conceito grego pré-socrático, onde a virtude é vitalidade, força, 
planejamento, esperteza e a capacidade se impor e profetizar. O príncipe que tiver 
essa virtude vai ser dono do próprio destino, vai criar sua própria sorte, que para 
ele determinava somente metade dos acontecimentos na vida das pessoas, a outra 
metade é definida pela liberdade. 
 
 
3. Explique o conceito de bom selvagem para Rousseau. 
R.: O conceito do “bom selvagem” diz que o homem por natureza é bom, nasceu 
livre, mas sua maldade provém da sociedade que em sua organização não só 
permite, mas impõem a servidão, a escravidão, a tirania e inúmeras outras leis que 
privilegiam as elites dominantes em detrimento dos mais fracos firmando assim a 
desigualdade entre os homens, enquanto seres que vivem em sociedade. Desta 
forma Rousseau faz uma crítica objetiva contra a sociedade moderna e um grito de 
alerta sobre a exploração do homem pelo próprio homem, desta forma privilegiando 
o ter em desfavor do ser.

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