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Sistema consonantal, vocálico, estrutura silábica e acento Cristófaro Silva, T. Fonética e Fonologia do português brasileiro. Contexto, 2009, pgs. 136 a 186. Sistema consonantal: alofones de “r” (1) Carro → V __V (4) torto → __ $ C desv. (7) corda→ __$ C voz. (2) Rato → #__ (5) garfo → __ $ C desv. (8) carbono → __$ C voz. (3) Israel → C$ __ V (6) marcha → __$ C desv. (9) orla → __ $ C voz. variação livre distribuição complementar variação de “r” forte: / / [h, ɦ, x, ɣ] (10) caro (11) carro V __V; C__V$ (12) careta (13) carreta dois fonemas distintos (14) era (15) erra /ɾ/ x / / (16) prato (17) grato → Neutralização de “r” pós-vocálico em __$ = arquifonema /R/ (18) Mar → [h,ɾ] (19) Carta → [h,ɾ] (20) Rato → [ , ɾ] Ambiente Exemplo BH RJ V __ V Caro [ɾ] /ɾ/ [ɾ] /ɾ/ C __ prato [ɾ] /ɾ/ [ɾ] /ɾ/ V__ V Carro / / [h] ou [ɦ] / / [x] ou [ɣ] # __ Rato / / [h] ou [ɦ] / / [x] ou [ɣ] C$ __ Israel / / [h] ou [ɦ] / / [x] ou [ɣ] __ # mar /R/ [h] ou [ɾ] /R/ [x] ou [ɾ] __ $ C voz. corda /R/ [ɦ] ou [ɾ] /R/ [ɣ] ou [ɾ] __ $ C desv. corta /R/ [h] ou [ɾ] /R/ [x] ou [ɾ] Arquifonema /S/ (21) a[s]a (22) a[z]a (23) a[ʃ]a (24) a[ʒ]a (25) ca[s,ʃ]ca perda de contraste fonêmico = neutralização= /S/ (26) ra[z, ʒ]ga Alofonia da lateral palatal (27) Palha → [ʎ, lj, y] (28) Agulha → [ʎ, lj, y] variação livre de /ʎ/ (29) Bolha → [ʎ, lj, y] Alofonia do “l” posvocálico (30) Lata → [l] (31) Bala → [l] (32) x (33) (32) Sal → [w, ɫ] → /l/ (salina) distribuição complementar (33) Salta → [w, ɫ] neutralização de /l/ e /w/ → /L/ O sistema vocálico oral • O contraste fonêmico entre as vogais no PB é dado de acordo com a posição das mesmas em relação à sílaba tônica da palavra. → Fonemas vocálicos em posição tônica: 7 fonemas /a/, /i/, /e/, /ɛ/, /u/, /o/, /Ɔ/ (34) a. eu v[i] x ele v[e] b. av[o] x av[Ɔ] c. f[ɛ] x F[e] (apelido de Fernanda) d. m[o]rro x m[u]rro e. s[a]p[a]to → não preciso fazer par mínimo para [a], pois não há nenhum som foneticamente semelhante a ele. → Fonemas vocálicos em posição pretônica: 5 fonemas /u/, /i/, /a/, /E/, /O/ (35) M[e]nino ou m[ɛ]nino → neutralização → /E/ (36) b[o]nito ou b[Ɔ]nito → neutralização → /O/ Obs: m[i]nino e b[u]nito → harmonia vocálica → assimilação da altura (37) m[o, Ɔ]rmaço/ *m[u]rmaço (38) m[e, ɛ]lado / *m[i]lado (39) B[a]nana → /a/ → Fonemas vocálicos em posição postônica: 3 fonemas /a/, /i/, /U/ (40) caval[o] ou caval[Ʊ] ou ?caval[Ɔ] → neutralização → /U/ (41) burri[e] ou burric[i] ou ?burric[ɛ] → neutralização → /i/ (42) menin[a] → /a/ Vogais nasais: Câmara Jr. (1970) • Em palavras como sim, cinto, cantodo ponto de vista da fonologia, há uma vogal oral seguida do arquifonema /N/. (43) [‘sĩ] → /‘siN / vogal nasal, porque a (44) [‘sĩtƱ] → /‘siNtU/ nasalidade é marcada na fonêmica (45) [‘KãtƱ] →/‘KaNtU/ (46) [‘kãmǝ] → /‘kama/ vogal nasalizada, pois a nasalidade é dada apenas na fonética via assimilação (47) [kã/ama‘ɾeir̯ǝ] → /kama‘ɾeira/ • Argumento 1: vogais nasais comportam-se como vogais orais seguidas de consoante em final de sílaba (sílaba travada), não havendo crase (junção de duas vogais idênticas) (48) Menina animada = [mi‘nina‘nimadǝ] (49) Mar alto = [‘mah‘au̯̯tƱ] (50) Lã azul = [‘lãa‘zu] = /‘laNa‘zul/ • Argumento 2: sílabas travadas são seguidas do forte e não do tepe. Vogais nasais comportam-se como sílabas travadas, pois são seguidas do R forte. (51) /is a‘el/ (52)/‘ʒeN U/ (genro) Treinando (53) conde (54) sanar (55) manto (56) panela (57) cantiga As semivogais (glides) – Câmara Jr. (1970) • No PB, as semivogais são interpretadas como vogais /i, u/ e não como consoante /y, w/. Argumento: se fossem consoantes, constituiriam uma sílaba travada. Após sílaba travada, só usamos o forte. Porém, em casos de ditongo, o “r” seguinte tem som de tepe, o que evidencia que a semivogal é interpretada como vogal. (58) is / / ael → C$ __ (59) ca /ɾ/o → V__V (60) Cai /ɾ/o → V__V (61) tou /ɾ/o → V__V (62) pai /ɾ/ar → V__V Estrutura silábica do PB • O elemento obrigatório na sílaba do PB é a vogal (V) e, por isso, dizemos que ela é o núcleo da sílaba. • A presença de consoantes (C) e de vogais que são foneticamente realizadas como semivogais (V’) é opcional. • A posição pré-vocálica, correspondente à parte anterior ao núcleo, é chamada de ataque ou onset silábico e pode não ser preenchida. • A posição periférica pós-vocálica, que corresponde à parte posterior ao núcleo, é chamada de coda silábica, e também pode não estar preenchida. • Para sabermos o número de sílabas que uma palavra possui, devemos contar o seu número de vogais, já que toda sílaba tem obrigatoriamente núcleo e que este, no PB, deve ser constituído por uma única vogal. (63) /‘mata/ = 2 vogais = 2 sílabas (64) /‘Keiʒo/ = 2 vogais /e/ e /o/ = 2 sílabas • Posição prevocálica: podemos ter 1 ou 2 consoantes (65) C1 V → /’kaza/ (66) C1 V V’ → /‘Keiʒo/ (67) C1 V’ V → /‘pia/ (68) C1 C2 V → /‘kɾepi/ (69) C1 C2 V V’ → /coN‘pɾou/ • Posição pós-vocálica: 1 ou 2 consoantes – essa é a posição em que aparecessem os arquifonemas (70) /‘ma / (71) /tɾaNS ‘po ti/ • Estrutura silábica final: (72) C1 (C2) V (V’) C3 (C4) → ditongo decrescente → /pai/ (73) C1 (C2) (V’) V C3 (C4) → ditongo crescente → /pia/ Acento • De acordo com Câmara Jr. O acento é distintivo em PB, pois é capaz de diferenciar palavras. (74) /‘kaɾa/ x /Ka‘ɾa/ (75) /‘seɾa/ x /se‘ɾa/ (76) /sekɾe‘taɾia/ x /sekɾeta‘ria/
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