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Arquitetura Gótica

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Unidade II: medievo
Arquitetura Gótica
Histórico
“Se Bizâncio, no Oriente, sucedera a Roma como capital mundial, o mesmo se passou com Paris, no Ocidente. A Ilha da França tornou-se um cofre onde se preservava a civilização. De Paris e das catedrais da Ilha de França – Saint-Denis, Laon, Chartres, Amiens, Beauvais, Le Mans e Bourges – brotaram os princípios estéticos e estruturais do gótico, que irradiaram através da Europa graças aos grandes mestres de obra.” (R. Jordan)
Fases do estilo gótico : clássico e tardio;
Gótico clássico (c.1150-1250)
Gótico tardio (c.1250-1500)
“Em 1140 foi lançada a pedra fundamental do novo coro da abadia de Saint Denis, perto de Paris, que seria consagrada em 1144. (...) Pode-se dizer com segurança que, seja quem for que tenha projetado o coro em Saint Denis, essa pessoa inventou o estilo gótico.” (N. Pevsner)
Histórico
Histórico
Vista (atual) do coro de Saint Denis
Fonte: www.patrimonie-histoire.fr
Histórico
Curiosidade: o estilo gótico foi originalmente denominado “estilo francês” (Opus Francigenum). O termo “gótico” surgiu bem mais tarde, quando esse estilo já havia caído em desuso. O termo “gótico”, portanto, em sua referência aos godos (um dos povos “bárbaros” da Europa), surgiu como uma forma de crítica negativa (ainda que inexata e preconceituosa). (Jackie Craven)
Contudo, praticamente todas as regiões da Europa medieval emprestaram seu cunho próprio à arquitetura gótica (como, aliás, já havia acontecido com a arquitetura românica);
A arquitetura alemã, a espanhola, a inglesa etc., cada uma constitui uma variante regional do “grande tema estrutural” desenvolvido pelos construtores franceses.
Histórico
Características do Gótico
“Um estilo não é apenas um agregado de características, mas um todo integrado.” (N. Pevsner) 
As principais características do gótico são:
O arco ogival
O arcobotante
A abóbada nervurada
Características do Gótico
O arco ogival
Características do Gótico
Arcobotante
Características do Gótico
Abóbada nervurada
Características do Gótico
Abóbada nervurada
Características do Gótico
Abóbada nervurada
Características do Gótico
Lembrete: Estes elementos (arco ogival, arcobotante e abóbada nervurada) não foram uma invenção gótica! A novidade decisiva, portanto, foi a combinação desses motivos numa nova proposta estética!
Essa proposta, por sua vez, tinha como objetivo “animar massas inertes de pedra, acelerar o movimento do espaço e reduzir toda a construção” a um sistema “inervado de linhas de ação.” (N. Pevsner)
Características do Gótico
Outro ponto fundamental do gótico: “este desejo de substituir a parede por vitrais.” (R. Jordan)
Características do Gótico
Ou seja, o estilo gótico procurou “inundar” de luz aqueles espaços que, até então (estilo Românico) viviam na penumbra.
Igreja de St. Chapelle (Paris): 1243-1248
Características do Gótico
“Através de magníficos vitrais (...) a luz banha o espaço. Desde o começo da história cristã, a luz se liga à origem e princípio divino das coisas, e não é de se estranhar, portanto, o papel decisivo que ela deve desempenhar para despertar a religiosidade dentro das catedrais góticas”. (Carlos Brandão)
Catedral de Chartres (França)
Características do Gótico
“Concretizando toda a espiritualidade buscada desde o Cristão Primitivo, a luz desmaterializa a construção.” (Carlos Brandão)
Catedral de Lincoln (Inglaterra)
Gótico: Vantagens Estruturais
Uma das maiores vantagens estruturais do arco ogival é a expressiva redução no empuxo lateral a ser absorvido pelas paredes (e contrafortes). 
Em comparação ao arco semicircular (arco pleno) dos romanos, por exemplo, essa redução chega a quase 50%!
Gótico: Vantagens Estruturais
No arco ogival, o empuxo maior é justamente o vertical, o que torna a estrutura bem mais segura do que uma estrutura composta de arcos plenos ou abatidos (figura)
Gótico: Vantagens Estruturais
De fato, variando a altura das flechas dos vários arcos ogivais, o tramo podia ter praticamente qualquer forma, adequando-se à função da planta; 
Exemplos: os tramos em forma de losango dos deambulatórios, as capelas poligonais etc.
Gótico: Vantagens Estruturais
O arco ogival, permitiu ainda o aparecimento de uma multiplicidade de nervuras de abóbadas; todas arrancando de um mesmo fuste, todas com curvatura diferente; todas podendo ter inclusive a mesma altura.
Gótico: Vantagens Estruturais
Gótico: Vantagens Estruturais
As características estéticas do gótico, portanto, só foram possíveis graças às qualidades técnicas do arco ogival. (R. Jordan)
Saint Severin (Paris), coluna construída na reforma de 1489
Com o uso dos vãos retangulares, por sua vez, torna-se possível aumentar o número de pontos de apoio das coberturas em abóbadas e com isso reduzir o esforço aplicado individualmente em cada um deles (em comparação à abóbada de arestas tradicional e o seu tramo quadrado).
Gótico: Vantagens Estruturais
A abóbada gótica alongada (retangular) era então construída com nervuras destinadas a reforçar as arestas (uma solução tecnicamente vantajosa); 
As nervuras dos tramos abobadados, porém, não tinham que atingir necessariamente a mesma altura. Ou seja, com o uso do arco ogival, a altura de cada nervura ficava a critério do autor do projeto. 
Gótico: Vantagens Estruturais
O peso (empuxo) das abóbadas da nave principal, por sua vez, era agora transmitido através dos arcobotantes por cima das naves laterais, e destes para os contrafortes (na parte externa) até o chão.
Gótico: Vantagens Estruturais
arcobotantes
Do século XII ao século XVI, de fato, esse sistema (arcobotantes e contrafortes) foi possibilitando “desbastar a parede”, de modo que, por fim, não restou praticamente parede alguma; nada a não ser janelas enormes entre os contrafortes, vedadas com o uso de impressionantes vitrais.
Gótico: Vantagens Estruturais
O Gótico e os Arquitetos
O estilo gótico foi, sem dúvida, uma “inovação deliberada, obra de algumas personalidades fortes e seguras de si”;
“Ao contrário do românico, o gótico depende a tal ponto da colaboração entre o artista e o engenheiro, é uma tal síntese entre qualidades estéticas e técnicas, que apenas um homem muito versado na arte de construir poderia tê-lo inventado. Encontramo-nos aqui no começo de uma especialização que, cada vez mais, foi decompondo nossas atividades em especializações cada vez menores.” (Pevsner)
Os edifícios góticos, portanto, devem ser atribuídas a um novo tipo de arquiteto: o mestre-artesão, reconhecido como verdadeiro artista; 
“Sem dúvida, já tinha havido antes mestres-artesãos criativos, e que, provavelmente, sempre projetaram a maior parte do que era construído. Mas agora o seu status começou a se alterar.” (Pevsner)
O Gótico e os Arquitetos
No decorrer do século XII, e sobretudo no XIII, a autoconfiança dos indivíduos em si mesmos se fortaleceu, e a personalidade passou a ser cada vez mais considerada. Exemplo: os nomes dos arquitetos das catedrais de Reims e de Amiens foram registrados no próprio pavimento das naves!
O Gótico e os Arquitetos
Detalhe do piso de Amiens (arquiteto: Robert de Luzarches)
O Gótico e os Arquitetos
Exemplo (2): Catedral de Reims (França): lápide tumular do arquiteto Huges Liberger (c. 1268), segurando nos braços uma maquete da sua igreja de St. Nicaise (que hoje não existe mais). Neste caso, além da honra de possuir uma lápide dentro da própria Reims, ele é representado usando vestes acadêmicas típicas de um intelectual da época. 
Após a construção do coro em Saint Denis, entre 1140 e 1220, novas catedrais foram iniciadas em escala cada vez maior;
Das primeiras igrejas góticas francesas, sabemos que assemelhavam-se muito às igrejas românicas normandas, “onde os primeiros pedreiros góticos da França, (...) foram buscar sua inspiração”;
Essas primeiras edificações tinham, portanto, três andares: arcada, galeria e clerestório (lembrete: as abóbadas,
a esta altura - a partir do exemplo de Durham - já eram nervuradas).
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Vista interna de Saint-Denis (França)
Em Noyon, cerca de 15 anos após St. Denis, surgiu um elemento novo : as paredes ganharam um trifório, isto é, uma passagem baixa aberta na parede, entre a galeria e o clerestório. 
A divisão da parede em quatro andares, em vez de três, “elimina muito da inércia anterior.” (N. Pevsner)
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Vista interna da catedral de Noyon (França)
trifório
Em harmonia com esse ritmo, temos ainda, por algum tempo, a abóbada sexpartida (solução típica das igrejas românicas da Normandia);
E mais: na fase inicial do gótico, o tramo quadrado ainda é dominante.
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Abóbadas sexpartidas de Notre Dame de Paris
Todavia, em Notre Dame de Paris, testemunhamos um passo adiante da concepção da nave principal: o fim da alternância românica dos pilares (ou seja, nem os pilares cilíndricos e nem as colunas engastadas que se apoiam neles são mais diferenciados). 
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Corte da versão original de Notre Dame de Paris, com a parede dividida em quatro seções, tendo uma fileira de janelas circulares substituído o trifório.
A planta baixa de Notre Dame, porém, é ainda mais “audaciosa” que sua elevação: o arquiteto colocou o transepto quase exatamente a meio caminho entre as duas extremidades;
Disso tudo resulta um ritmo espacial muito mais suave do que o das catedrais românicas: o espaço não mais se divide em numerosas unidades “que é preciso como que somar mentalmente para ter a ideia do conjunto”, mas concentra-se agora em três áreas: oeste, centro e leste.
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Vista interna do transepto de Notre Dame de Paris
Lembremos ainda “a instituição de peregrinações que, (...) já nos tempos românicos parece ter conduzido a uma maior especialização da planta nas igrejas, com [naves] colaterais, deambulatórios e capelas radiantes. No gótico, a planta destas capelas do lado oriental atingiu o máximo da capacidade inventiva”. (R. Jordan)
Chartres
Beauvais
Magdeburg
Gótico Primitivo (Fase Inicial) 
Gótico CLÁSSICO
c.1150-c.1250
Abóbadas da nave principal voltam a ter apenas nervuras diagonais (ou seja, não são mais sexpartidas);
Tramos retangulares (ao invés de quadrados);
Colunas cilíndricas que prolongam-se, normalmente, até o início das abóbadas;
As altas e amplas galerias desaparecem (ou seja, as naves voltam a ter apenas três andares). Com isso, apenas um trifório baixo separa as altas arcadas das janelas do clerestório.
Principais características:
Gótico Clássico
Catedral de Chartres (França) – 1194 a 1220
Gótico Clássico
Catedral de Chartres (França)
Gótico Clássico
“Depois de Chartres ter introduzido seu novo tipo de pilares, sua elevação com três andares e suas abóbadas quadripartidas, Reims, Amiens e Beauvais não fizeram mais do que aperfeiçoar esse tipo para levá-lo aos extremos mais ousados e excitantes”; (Pevsner)
Portanto, tanto nas plantas baixas quanto nos interiores, atingiu-se, sem dúvida, um certo equilíbrio na França (país de origem do estilo gótico).
Gótico Clássico
Gótico Clássico
Amiens
Chartres
Reims
Gótico Clássico
Amiens
Chartres
Reims
Enquanto o sentido da igreja renascentista era concretizar “a imagem de um universo matematicamente organizado, uniforme e belamente proporcionado”, na catedral gótica “o resultado é um movimento vertical vertiginoso e uma impulsão mística que não favorece uma contemplação sossegada, mas sim um sentimento de êxtase, transcendência e admiração”. (Carlos Brandão)
Gótico Clássico: O Espaço
Catedral de Amiens
“A catedral gótica recolhe as potencialidades espaciais dos períodos precedentes do medievo e as desenvolve plena e organicamente em seu espaço. Dizemos ser ela a clássica expressão da Idade Média porque nela se reúnem a longitudinalidade do Cristão Primitivo, a espiritualidade, misticidade e transcendência bizantinas e o estruturalismo” do Românico”. (Carlos Brandão)
Gótico Clássico: O Espaço
O espaço do gótico clássico, portanto, procura atingir “um equilíbrio entre dois impulsos de igual força e direções opostas”: um vertical e outro horizontal; (Pevsner)
A primeira impressão é a de “uma altura prodigiosa que corta nossa respiração”.
Gótico Clássico: O Espaço
Catedral de Amiens
Graças à delicadeza de todos os componentes, “o impulso vertical” é tão irresistível quanto o era o impulso na direção leste nas primeiras igrejas cristãs (arquitetura paleocristã);
Apesar disso, o impulso em direção ao leste (ao altar-mor) não diminuiu: a estreiteza das arcadas e a uniformidade dos pilares não parecem levar a qualquer mudança de direção (mesmo que momentânea). 
Gótico Clássico: O Espaço
Catedral de Amiens
“Nessa caminhada para a frente, os pilares nos acompanham, surgindo e desaparecendo. (...) No entanto, (...) o transepto nos faz parar e desvia o nosso olhar para a esquerda e a direita. Aí nós nos detemos e tentamos, pela primeira vez, apreender o todo”. (Pevsner)
Gótico Clássico: O Espaço
Além disso, “o arquiteto gótico, muito mais audacioso em suas construções, com sua alma ocidental de eterno pesquisador e inventor, sempre em busca do inédito, procura criar um contraste entre um interior espiritual e um exterior racional e assim apelar tanto para a nossa capacidade emocional quanto a intelectual;
De fato, quando estamos no interior da catedral, “não podemos compreender, e não se espera que compreendamos, as leis que a governam em seu conjunto”. Nós apenas “nos descobrimos perdidos na resplandecência mística, púrpura e azulada dos seus vitrais”. (N. Pevsner)
Gótico Clássico: O Espaço
Gótico Clássico: O Espaço
Catedral de Amiens: interior
Fonte: www.conectparis.com
No lado externo, pelo contrário, “o mecanismo complicado da estrutura nos é exposto com franqueza.” (N. Pevsner)
Gótico Clássico: O Espaço
Catedral de Chartres
Amiens: vista externa
Amiens: interior
Gótico Clássico: O Espaço
Gótico Clássico: Ornamentos
A introdução do rendilhado, uma invenção do estilo gótico, é particularmente significativa; 
É possível seguir o desenvolvimento dessa técnica de Chartres a Reims e de Reims a Amiens. 
Chartres (rosácea)
Amiens
Antes de Reims, o rendilhado não é mais do que o recorte de um certo padrão numa parede cuja superfície permanece intacta;
Em Reims, pela primeira vez, encontramos o rendilhado de nervuras, em oposição ao rendilhado plano; 
A ênfase maior repousa, agora, nas linhas do desenho e não mais na superfície da parede.
Gótico Clássico: Ornamentos
As molduras de cada pedra, além de enriquecer a sua natureza decorativa, demarcando as linhas de força em todo o edifício, também reduziam o seu peso (sem perda de sua função).
Gótico Clássico: Ornamentos
Catedral de Reims
Gótico Clássico: Ornamentos
Catedral de Amiens (rosácea)
Gótico Clássico: Ornamentos
A catedral, na verdade, era trabalhada como uma verdadeira “enciclopédia talhada na pedra”: são retratadas a vida de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, cenas e personagens do Antigo Testamento etc. 
Amiens: Facebook/Medieval ImagoDiesIdadeMedia
Gótico Clássico: Ornamentos
Catedral de Amiens
Os tímpanos, ornamentados desde o românico, evoluíram de uma maneira incrível, compondo algumas das superfícies mais trabalhadas das igrejas góticas.
Gótico Clássico: Ornamentos
Gótico Clássico: As Catedrais
Processo produtivo das grandes aberturas (janelas, rosáceas etc.) góticas 
Gótico Clássico: Ornamentos
O exterior das catedrais góticas do fim do século XII e começo do XIII estava em perfeita harmonia com o interior – pelo menos na forma na qual eram planejadas, pois raras foram as catedrais dessa época que foram terminadas!
Na parte externa, destaque para as torres altíssimas.
Uma das exceções: Catedral de
Laon (França)
Gótico Clássico: Ornamentos
O intenso verticalismo dos exteriores, portanto, vai ser outra inovação do gótico francês; 
A flecha (“criação do espírito gótico”) é a expressão máxima desse “ímpeto em direção ao céu” e representa um importante avanço quando a comparamos com as “flechas” românicas, que apresentam-se como simples coberturas de formas cônicas ou piramidais.
Gótico Clássico: Ornamentos
torres românicas
torres góticas
Gótico Clássico: Ornamentos
Tudo nos leva a crer que, nas principais catedrais, as torres deveriam terminar em flecha: Chartres, Laon, Reims, Amiens etc.;
A primeira flecha na França é a da torre sul de Chartres e, na Inglaterra, a da catedral de Oxford.
Catedral de Chartres
Catedral de Oxford
Gótico Clássico: Ornamentos
Chartres: exemplo da evolução das flechas (norte e sul)
Gótico Clássico: Ornamentos
Os arcobotantes, elementos que compõe o exterior, aparecem pela primeira vez em Notre Dame de Paris e em Canterbury (Inglaterra), nos anos 1160 e 1170 respectivamente.
Notre Dame de Paris
Gótico Clássico: Ornamentos
Além de atender a necessidade estrutural, a construção dos arcobotantes é “intrincada é fascinante; não é fantasiosa nem inconsequente, mas sim orientada pela lógica, e exprime, de fato, a mesma tensão que governa os interiores.” (Pevsner)
Notre Dame de Paris
Gótico Clássico: Ornamentos
Faziam recair o peso onde era necessário, perpendicularmente à linha de empuxo; 
Dividiam pelo lado de fora cada um dos tramos internos.
Os contrafortes (mais evoluídos que os românicos) também desempenham uma função estrutural e estética ao mesmo tempo:
Gótico Clássico: Ornamentos
Outro elemento ornamental característico das edificações góticas (a partir do início do século XIII) é a gárgula (provavelmente do francês “gargouille”, que significa garganta);
Esses elementos eram originalmente destinados a escoar as águas pluviais dos grandes telhados, conduzindo-as o mais longe possível de paredes e fundações. 
Gótico Clássico: Ornamentos
Gárgulas
Gótico Clássico: Ornamentos
Algumas gárgulas, contudo, possuem apenas uma função ornamental. Determinados autores fazem essa distinção, denominando esses elementos “quimeras” ou “grotescos”.
Notre-Dame de Paris
Gótico Clássico: Ornamentos
Todas têm plantas muito largas, mas ainda são cruciformes – isto é, os transeptos representam pequenas projeções. A Catedral de Notre Dame de Paris (1163-1267), por exemplo, com as suas naves laterais duplas e perfeita unidade em todo o seu comprimento, pode ser considerada “a materialização de um ideal”. 
As edificações religiosas desse período, especialmente as francesas, têm vários pontos em comum:
Gótico Clássico: As Catedrais
Essas catedrais têm, quase todas, portais profundos. Os de Laon, Reims e Amiens, por exemplo, contam-se entre as grandes obras da arquitetura.
Gótico Clássico: As Catedrais
Chartres
Laon
Gótico Clássico: As Catedrais
Amiens
Facebook/Medieval ImagoDiesIdadeMedia
A maior parte das catedrais francesas inclui ainda torres ocidentais (ou infraestrutura preparada para as receber). Lembrete: poucas catedrais chegaram a ser acabadas exteriormente!
Gótico Clássico: As Catedrais
Chartres
Notre-Dame
Amiens
No interior, como já dissemos, essas grandes catedrais do apogeu do estilo gótico apresentam uma estrutura em três andares: primeiro, há a arcada da nave central (que abre para as naves laterais), acima fica o trifório e finalmente temos o clerestório, que “inunda de luz” a nave central.
Gótico Clássico: As Catedrais
O arco que separa os tramos, porém, deixa de se diferenciar das outras nervuras – como acontecia no românico – e, por isso mesmo, o que vemos no teto não é tanto uma série de tramos em sequência, mas sim um padrão de nervuras iguais, “crescendo organicamente a partir dos fustes”.
Gótico Clássico: As Catedrais
Uma vez que os painéis de vidro tinham que ser sustentados, e dado que tais janelas tinham necessariamente de ser resistentes ao vento, eram então dividas por colunelas e rendilhados;
Por seu turno, essa circunstância deu uma tal projeção ao artífice de vitrais, que esta arte se tornou um acessório do estilo gótico, tal como o mosaico o fora do bizantino. 
Gótico Clássico: As Catedrais
Em resumo: foi sobretudo alterando as proporções relativas da arcada, trifório e clerestório que os construtores góticos clássicos franceses edificaram catedrais diferentes umas das outras. 
Gótico Clássico: As Catedrais
O Gótico na Inglaterra
Os cistercienses, nova ordem reformada francesa do século XII, foram os primeiros a adotar e difundir a arquitetura gótica na Inglaterra (R. Jordan); 
As construções cistercienses inglesas estão entre as primeiras a usar ativamente os arcos ogivais; 
Em Canterbury, após o incêndio de 1174 na catedral, Guilherme de Sens teria introduzido o estilo gótico na construção das catedrais inglesas. 
Ruínas da abadia cisterciense de Melrose (c.1146)
O Gótico na Inglaterra
Em compensação, sua arquitetura é tão elegante quanto a das catedrais francesas, ao mesmo tempo que permanece tipicamente nacional;
Lembrete: o gótico inglês, assim como o estilo românico, encontra suas origens na França (Normandia).
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Lincoln
Early English (c.1175 a c.1275), que corresponde ao gótico clássico no resto da Europa;
O decorated style (c.1280 a c.1380) foi o estilo dos relevos decorativos e dos rendilhados mais imaginativos, além de incluir novas experiências de espaço; 
O perpendicular style (c.1360 até o século XVI) despontou depois de 1330, quando desapareceram as características curvilíneas do decorated style e que perdurou com poucas variantes até o século XVI. 
A partir do século XIX, os pesquisadores dividiram o gótico inglês em três períodos:
O Gótico na Inglaterra
Entre as particularidades do gótico inglês (ilustrando muito bem a diferença de abordagem entre as arquiteturas da França e da Inglaterra) são os transeptos duplicados, tal como encontramos em Canterbury, Lincoln, Wells, Salisbury e em muitas outras catedrais: tratava-se de um esquema que prolongava todo o braço oriental, possibilitando assim um enorme coro para os religiosos.
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Canterbury
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Lincoln (sem o claustro e a Lady Chapel)
Catedral de Wells
Na França, como vimos, o estilo gótico tendia para uma concentração espacial. O Early English, por outro lado, não tem essa característica! Uma catedral como a de Salisbury, com sua extremidade leste quadrada e seu transepto duplo quadrado, ainda se compõe de uma soma de unidades (ou seja, uma série de “compartimentos reunidos)”. 
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Salisbury
Outro exemplo: “Comparando-se (...) Lincoln com Reims, essa diferença se evidencia claramente. Reims parece vigorosamente compacta; Lincoln se esparrama (...).” (Pevsner)
O Gótico na Inglaterra
Reims
Lincoln
Early English e a Catedral de Salisbury: “A horizontalidade do interior é (...) característica do gótico inglês. Não há qualquer acentuação vertical, como por exemplo um fuste que ligue os três andares.” (R. Jordan)
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Salisbury
Quando as fachadas, como as de Lincoln (c.1192) e Wells (c.1191) - representantes fiéis do Early English -, se desenvolvem plenamente, sua existência não tem relação com o interior que está por trás delas; “são como telas colocadas diante da igreja propriamente dita, e não o exterior logicamente concebido, como projeção do sistema interior – como as fachadas francesas.” (Pevsner)
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Lincoln
Catedral de Wells
As naves de Lincoln e Amiens evidenciam outro contraste evidente entre os dois países: às nervuras principais da clássica abóbada quadripartida, os ingleses acrescentam outras nervuras, chamadas terciarões, que, irradiando do mesmo ponto, sobem até a mesma altura. Em Lincoln, por exemplo, de cada mísula irradiam
sete nervuras, ficando a abóbada subdividida em 14 partes!
O Gótico na Inglaterra
O Gótico na Inglaterra
Catedral de Amiens
Catedral de Lincoln
Além dos terciarões, o arquiteto de Lincoln acrescentou também uma nervura contínua na aresta culminante;
A nervura da aresta culminante, que se tornou modelo na Inglaterra, sublinha uma vez mais o comprimento (a horizontalidade), minimizando a altura das edificações.
O Gótico na Inglaterra
A Lady Chapel , por vezes considerada “a obra-prima” do estilo gótico inglês, é outro elemento típico desse estilo no país;
Ela consiste normalmente de uma pequena igreja-salão, com abóbadas quase sempre suportadas por fustes monolíticos bastante delgados.
Exemplos: Salisbury (Early English) e Ely (decorated style)
O Gótico na Inglaterra
Planta baixa da catedral de Ely
O Gótico na Inglaterra
Lady Chapel de Salisbury
Lady Chapel de Ely
“O clássico é apenas um momento na história de uma civilização. Nas mais avançadas, França e Inglaterra, ele foi atingido ao final do século XII.” (Pevsner) 
Por volta de 1275, contudo, os franceses “perderam o vigor”. As novas catedrais construídas a partir deste momento não trouxeram qualquer elemento novo, permanecendo fiéis às regras estabelecidas em Saint Denis e Beauvais décadas antes; 
A Inglaterra, pelo contrário, manteria sua energia criadora por mais um século. De fato, a arquitetura inglesa entre 1250 e 1350 foi a mais avançada, a mais importante e a mais inspirada da Europa.
Gótico Clássico: Século XIII
Gótico tardio
c.1250-c.1500
O Gótico Tardio
“O gótico tardio, embora ainda faça parte do estilo gótico em virtude do uso predominante do arco ogival, é essencialmente diferente do gótico clássico das grandes catedrais”; (Pevsner)
Em termos de ornamentação das edificações religiosas, nota-se uma tendência para um maior refinamento e também para uma maior complexidade;
Destaque para as edificações inglesas.
O decorated style (estilo que se seguiu ao Early English) é caracterizado sobretudo pela evolução dos rendilhados: a introdução de um grande número de colunelas e um tratamento mais refinado das janelas. 
O Gótico Tardio na Inglaterra
Catedral de York (1220-1472)
Catedral de Carlisle (c.1290)
A mais perfeita expressão “desse deleite com o decorativo mais do que com o estritamente arquitetural”, é o tipo de rendilhado chamado flowing, em contraposição ao rendilhado geométrico utilizado entre os anos 1230 e 1300. 
O Gótico Tardio na Inglaterra
A enorme variedade do decorated style (do qual o flowing é uma expressão) contrasta fortemente com a economia do Early English, “própria de toda época clássica”; 
Onde antes havia exclusivamente círculos com trifólios ou quadrifólios inscritos, veem-se agora trifólios pontudos, formas semelhantes a adagas etc., e todo tipo de sistema reticulado.
O Gótico Tardio na Inglaterra
Jesse Window, na Abadia de Oxfordshire
O Gótico Tardio na Inglaterra
O arco ogival tridimensional é, nesse contexto, um novo motivo de grande significação: confere ao espaço um movimento mais rápido e mais complexo do que tudo o que havia sido tentado antes nas igrejas do Early English.
Detalhe da sala capitular da catedral de York (c.1290) 
O Gótico Tardio na Inglaterra
Detalhe da fachada da Catedral de Canterbury 
O Gótico Tardio na Inglaterra
Facebook/Medieval ImagoDiesIdadeMedia
Realmente não existe qualquer ornamento esculpido em sua nave e, no entanto, dos feixes de nervuras à aglomeração dos pilares, raros são os trechos de parede lisa; 
As nervuras das abóbadas foram multiplicadas até a nave central parecer uma “floresta de pedra”.
O melhor exemplo do decorated style inglês é representado pela Catedral de Exeter (c.1280):
O Gótico Tardio na Inglaterra
Catedral de Exeter
O Gótico Tardio na Inglaterra
O clerestório e o trifório desaparecem e com isso as naves laterais são da mesma altura da principal; 
Na abóbada central, vemos um novo tipo de nervura: os liernes;
Tal como a nave central de Exeter, a de Bristol também se encontra mais dependente do jogo de luz e sombra do conjunto de molduras do que propriamente dos ornamentos em si.
O desenvolvimento do perpendicular style, por sua vez, pode ser evidenciado na Catedral de Bristol (c.1298):
O Gótico Tardio na Inglaterra
Catedral de Bristol – os LIERNES são pequenas nervuras na abóbada, que ligam uma nervura principal a outra, formando desenhos de estrelas, um motivo que atingiu a máxima complexidade nas abóbadas perpendiculares, na Inglaterra, e nas abóbodas do gótico tardio, na Alemanha.
O Gótico Tardio na Inglaterra
Catedral de Bristol
O Gótico Tardio na Inglaterra
Ao que tudo indica, um mestre de obras, durante a construção da catedral de Gloucester, percebeu que se aumentasse indefinidamente o número de nervuras, a abóbada ficaria toda de pedra maciça. Nos claustros de Gloucester, portanto, a abóbada consiste apenas de uma série de cones de pedra invertidos, com imitações de nervuras esculpidas no intradorso. Esta viria a ser chamada “abóbada em leque”, tornando-se o teto típico do gótico tardio inglês.
Na evolução das abóbadas do perpendicular style, observa-se ainda a existência de uma nova fase, iniciada pouco depois do ano 1315:
O Gótico Tardio na Inglaterra
Claustro da catedral de Gloucester
O Gótico Tardio na Inglaterra
Sherborne Abbey (Dorset), do final do séc. XIV 
O Gótico Tardio na Inglaterra
A criação de um espaço unificado, com a forma de uma “igreja-salão” (ou seja, com naves laterais da mesma altura da nave central e sem o clerestório). Esta tendência, ao que tudo indica, teve sua origem nos dormitórios e refeitórios da arquitetura monástica.
Em termos da disposição dos espaços no gótico tardio, os aspectos relevantes são:
Corte da catedral de Ely
O Gótico Tardio na Inglaterra
Pilares compósitos (apresentam capitéis apenas em fustes de menor importância; os outros lançam-se para o alto e se inserem nas abóbadas, sem nenhuma interrupção).
Catedral de Bristol
Em termos da disposição dos espaços no gótico tardio, os aspectos relevantes são:
O Gótico Tardio na Inglaterra
As abóbadas se assentam inteiramente sobre uma rede em forma de estrela, constituída de nervuras primárias (ogivais), secundárias (terciarões) e terciárias (liernes).
Catedral de Ely
Em termos da disposição dos espaços no gótico tardio, os aspectos relevantes são:
O Gótico Tardio na Inglaterra
As naves laterais comportam, ao nível do ponto de origem de suas abóbadas, estruturas semelhantes a “pontes” lançadas de uma parede a outra sobre arcos transversais.
Catedral de Bristol
Em termos da disposição dos espaços no gótico tardio, os aspectos relevantes são:
O Gótico Tardio na Inglaterra
Catedral de Bristol: arcobotantes menores que os do gótico francês
O Gótico Tardio na Inglaterra
Dessa forma, em catedrais como Bristol, Ely e Wells, “nossos olhos são constantemente atraídos para perspectivas fugidias e oblíquas, para cima e para os lados”(ao contrário do que ocorria no gótico clássico, com a predominância de apenas duas direções).
Catedral de Bristol
O Gótico Tardio na Inglaterra
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu
Enquanto na Inglaterra a nova experiência de um espaço em movimento se exprime de modo complexo com o perpendicular style, no continente europeu “procura-se obter um resultado semelhante com meios opostos”; 
“As tendências predominantes em todos os países do continente europeu não eram no sentido de uma maior complexidade tridimensional do espaço, mas sim da amplidão ininterrupta.” (Pevsner)
Essas tendências, na Espanha, Alemanha, Itália e França, estavam ligadas ao desenvolvimento de duas ordens religiosas - os franciscanos e os dominicanos, fundadas em 1209 e 1215 respectivamente - que rapidamente se expandem a partir de 1225;
O que caracterizava todas as igrejas dos frades era, mais do que qualquer coisa, o fato de serem igrejas onde eram feitos grandes sermões.
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu
Ou seja, eram igrejas grandes, simples e funcionais, apresentando “poucos elementos que sugerissem uma atmosfera especificamente eclesiástica”; 
Eram necessárias, portanto, naves espaçosas para abrigar as multidões que vinham ouvir as pregações dos religiosos. 
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu
“Os frades, como se sabe, pertenciam a ordens populares. Desprezavam a existência fácil e segregada das outras ordens em seus domínios retirados no interior; instalavam-se em cidades movimentadas, e lá desenvolviam sua notável técnica de pregação, como um veículo de propaganda religiosa (...). Assim, só precisavam de um amplo auditório, de um púlpito e de um altar”. (Pevsner)
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu
A França também foi influenciada por esse novo modelo de igreja (o das novas ordens religiosas);
A edificação mais espetacular do fim do século XIII é a catedral de Albi, iniciada em 1282;
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: França
Ela se apresenta, exteriormente, como um bloco “poderoso e único”, totalmente desprovido da “complicada articulação entre contrafortes e arcobotantes” (típica dos exteriores góticos clássicos).
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: França
Catedral de Albi (França)
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: França
Catedral de Albi (França)
Facebook/Medieval ImagoDiesIdadeMedia
Essa simplicidade exterior, independente do que acontecia no interior, também é típica das igrejas dos frades na Alemanha;
Na Alemanha, os interiores inicialmente não tinham naves laterais, mas depois, sobretudo após 1300, assumiram, praticamente como regra, a forma das igrejas-salão (ou Hallenkirche), aquelas igrejas em que – como vimos - naves laterais têm a mesma altura da nave principal.
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Catedral de St. Marien - Freiberg (final do séc. XV)
A decoração, tal como na França e na Inglaterra, tornou-se progressivamente mais ornamentada, mas por quase 300 anos a forma básica permaneceu a mesma: o clerestório e o trifório desapareceram e a igreja transformou-se num salão com colunas, iluminado pelas janelas altas das naves laterais.
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Catedral de St. Marien - Freiberg
A Igreja de S. Lourenço em Nuremberg é uma das que melhor demonstra as possibilidades estéticas da igreja-salão: “Como em Bristol, as perspectivas diagonais se abrem em todas as dimensões. Enquanto caminhamos pela igreja, o espaço parece fluir à nossa volta, sem direção.” (Pevsner)
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Igreja de São Lourenço (Nuremberg)
Igreja de São Lourenço (Nuremberg)
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Igreja de São Lourenço (Nuremberg)
As representações naturalistas de troncos e galhos de árvores que substituem fustes e nervuras (um motivo que os ingleses já haviam usado mais de 150 anos antes) também combinam perfeitamente com as vestimentas intrincadas das imagens esculpidas em São Lourenço e que aparecem em profusão nos interiores e exteriores das igrejas alemãs do gótico tardio. 
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Igreja de São Lourenço (Nuremberg)
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Igreja de São Lourenço
(Nuremberg)
As nervuras flutuantes são também “uma especialidade das mais audaciosas” dessas igrejas do gótico alemão tardio; 
Surgem pela primeira vez na catedral de São Vito em Praga (c.1352).
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Exemplo de uma “abóbada esquelética” (nervuras flutuantes)
Os alemães, por fim, mantiveram sempre “o efeito dramático da altura” em suas construções.
O Gótico Tardio no 
Continente Europeu: Alemanha
Catedral de Colônia: 157,40m – prédio mais alto do mundo até 1884
A partir do século XIV, ocorrem uma série de mudanças sociais na Europa;
Uma nova classe social surgiu - a classe à qual pertenciam os administradores reais, os homens de negócio, os líderes da Liga Hanseática alemã etc. – a mesma classe que agora seria responsável pela construção de dezenas de esplêndidas igrejas paroquiais;
Ou seja, a antiga aristocracia, aos poucos, dividiu o poder com os burgueses, os “novos ricos”, cuja proporção nas cidades aumentaria cada vez mais.
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
“Os mercadores, os burgueses e as guildas fundaram cidades. O poder destas associações (...) teve enorme importância. Câmaras municipais, casas de guildas, armazéns e grandes praças de mercado (...) mostram que, muito antes do final da Idade Média, os edifícios monumentais deixaram de provir apenas da Igreja e tornaram-se igualmente um símbolo de sucesso mundano.” (R. Jordan)
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Prefeitura de Gouda (Holanda) – séc. XV 
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Prefeitura de Louvain 
(Bélgica): 1448-1469
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Palazzo Ducale (Veneza) – c. 1345-1365
Quanto à construção de igrejas, o poder das cidades se manifesta na predominância e nas dimensões das igrejas paroquiais; 
Suas torres estão entre os feitos mais notáveis da arquitetura do gótico tardio: não se trata mais de torres agrupadas, como convinha à concepção de equilíbrio do gótico clássico, mas sim de torres isoladas que alcançavam alturas sem precedentes; 
A mais alta dessas flechas medievais – 161m – é a de Ulm Munster, uma igreja paroquial (inaugurada no séc. XV).
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Contudo, foi em Portugal, durante o próspero reinado de D. Manuel I (1495-1521), que o gótico tardio apresentou um de seus resultados mais interessantes, com uma decoração quase “frenética”; 
A “decoração manuelina” – como vemos no Mosteiro de Batalha e no Convento de Cristo em Tomar - é extremamente rica, uma espécie de crescimento exuberante de formas, “às vezes aparentemente inspiradas em crustáceos, às vezes em vegetação tropical.” (Pevsner)
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Mosteiro de Batalha (Portugal) – c. 1515
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Mosteiro de Batalha (Portugal) – c. 1515
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Convento de Cristo em Tomar (Portugal) – c.1520
Gótico Tardio: Séculos XIV e XV
Convento de Cristo em Tomar
Referências:
BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. A formação do homem moderno vista através da arquitetura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2006.
CRAVEN, Jackie. 1100-1450: Gothic. Architecture reaches new heights. Disponível em: <http://architecture.about.com/od/periodsstyles/ig/Historic-Styles/Gothic.htm>. Acesso em: 21 abr. 2014.
FRANKL, Paul. Gothic Architecture. London: Yale University Press, 2001.
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
MACDONALD, Fiona. JAMES, John. Fique por dentro da história: uma catedral medieval. São Paulo: Editora Manole Ltda., s.d.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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