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Já na introdução a autora faz uma reflexão sobre a disparidade entre os antigos diários, que conservavam as lembranças e registros de sentimentos ou experiências e que eram guardados sob a segurança de um cadeado, desejosos de que ninguém lesse seus "segredos". Na contemporaneidade as pessoas transpassaram o uso do diário para as páginas de uma página na web, com a ressalva de que agora elas fazem questão de que outros usuários leiam, ou melhor, publicam com esta intenção, indo além, desejando que deixem seus likes, comprovando a leitura.
Seu cotidiano é reportado contando com os comentários alheios, para que posteriormente esse comentário seja correspondido, como que "uma moeda de troca" (SILVA, p. 16).
Silva nos traz dados estatísticos, dizendo que 90,8% dos brasileiros, com acesso a internet, fazem uso das redes sociais para postagens, seja de seu cotidiano, de seus pensamentos, fotos, etc. A conquista de usuários para essas redes virtuais se dá pela viabilidade de serem vistos por mais pessoas.
A autora expõe que em sua pesquisa introdutória compreendeu que as pessoas utilizam-se das redes sociais para tornar públicos seus pensamentos, anseios e desejos e, assim, serem ouvidas (ou lidas). A reclamação de se sentirem muito sozinhas ou pela timidez de se comunicar, justifica o excesso de exposição de suas vidas íntimas.
Traz reflexões sobre o excesso de individualismo na nossa sociedade e a cultura que incita a busca pela felicidade a qualquer preço, responsabilizando o sujeito pela não satisfação plena de sua vida, tornando esse indivíduo cada vez mais sozinho e desamparado. As companhias virtuais são sua única solução, pois estas se envolvem em suas intimidades, estreitando uma relação virtual.
As pessoas têm mensurado suas qualidades pela notoriedade de suas postagens, definindo sua importância pelo número de likes ou comentários, conferindo importância ao olhar do outro como exclusivo parâmetro de seus atributos.
Em várias plataformas midiáticas é possível ver essa tendência de expor sua intimidade a todos. Como exemplo a autora citou os reality shows, alguns dizendo ser de cunho jornalístico, para expor pessoas ou fatos íntimos e muitas vezes grotescos. Os famosos "15 minutos de fama" são o objetivo de tais exposições.
A autora vai além, dizendo que a interação com a tecnologia interfere diretamente na subjetividade do sujeito, produzindo um interesse cada vez maior em compartilhar suas vidas, devido à facilitação da conexão a uma rede de internet, mediocrizando seu cotidiano.
O acesso a várias partes do mundo, em questão de segundos, facilitados pelo avanço tecnológico fomentou a busca por uma identidade própria idealizada pela mídia, em um processo bastante individualizado, narcísico.
Silva (2018) nos convida a refletir que na prática de uma sociedade capitalista, "seguidores também são objetos de consumo para a vaidade individual alimentada por números de curtidas" (SILVA, p. 21).
A autora nos coloca que devemos pensar a tecnologia também considerando as grandes invenções da humanidade, como a caneta, aparelhos domésticos, etc. e de como esses inventos modificaram a vida do homem, fomentando novas urgências e novos inventos.
Faz uma reflexão sobre o advento das máquinas em nossa sociedade, que tinha o intuito de diminuir a carga pesada de trabalho sobre o homem e em contrapartida a isso, aumentou as horas a serem trabalhadas, as metas e o desemprego, corroborando para a desigualdade social.
Após esse momento da invenção das máquinas a tecnologia só avançou como atualmente temos as benéfices da comunicação que ampliam as relações pessoais e nossas capacidades humanas, como a memória, por exemplo.
Silva (2018) nos diz que a subjetividade está em incessante formação, demandando mudanças no meio à sua volta, inclusive o tecnológico, requerendo novos domínios cognitivos ao sujeito.
Ela cita a autora Donna Haraway, que cunha o termo "ciborgue" (SILVA, p.30) para conceituar o sujeito da atualidade acompanhado da tecnologia em seu dia-a-dia, demonstrando com exemplos como a substituição de câmeras fotográficas, mapas, agendas telefônicas e de compromissos pelos smartphones.
Desta forma, os dispositivos eletrônicos tornaram-se cárceres, onde a urgência é a palavra chave para designar nossas ações, estando conosco aonde quer que vá para responder prontamente uma mensagem de texto, registrar fatos instantaneamente, desligando-nos de pessoas presentes e invadindo a privacidade alheia. As fotos já não servem só para arquivar nossos momentos, mas tornam-se "vitrines compartilhadas" (SILVA, p. 31).
A autora fala da sociedade contemporânea, ligada ao ciberespaço, alterando as relações pessoais e nossa relação com o tempo. Estamos conectados às redes virtuais quase que 24 horas ao dia, pela disponibilidade de acesso que nos dão os smartphones. Os espaços sociais não possuem mais um local fixo, eles são ampliados e rapidamente visitados através da internet.
Os locais públicos, como as praças em tempos remotos, onde as pessoas se encontravam para conversar, namorar, etc., deslocaram-se para os ciberespaços, sendo que este possibilita o anonimato, onde qualquer pessoa pode estar, nos alertando apenas através de mensagens, como em grupos do whatsapp.
Esse falso anonimato dos espaços virtuais fomenta agressões verbais, posicionamentos ofensivos e disseminação do preconceito, fatos que não havia nos locais públicos com tanta veemência.
Silva (2018) comenta ainda sobre a urgência em que as comunicações virtuais acontecem e a ubiquidade do sujeito, disponibilizada pela internet e que está disseminada por toda parte, sem haver necessidade dele sair de sua casa. Sendo assim, os ciberespaços acabam sendo cômodos, tendo na sociedade atual espaços públicos tão violentos as pessoas podem ali encontrar seu grupo afim, discutir interesses em comum, buscar encontros amorosos, estudar, promover reuniões de trabalho, uma infinidade de possibilidades que alterou a maneira de constituir relações pessoais.
A autora nos aponta estudos realizados entre novembro de 2015 e junho de 2016, que nos dizem que 58% dos brasileiros utilizam a internet e, entre esses, 89% buscam acesso através dos smartphones, aonde as notificações de mensagens chegam prontamente ao usuário.
Com um capítulo intitulado como "Vida alheia: mais interessante que a sua" (Silva, p. 43), a autora faz referência ao programa humorístico televisivo que retratava com ironia os veículos de comunicação que expunham a intimidade de personalidades midiáticas, fomentando a curiosidade das pessoas. Com a ampla retratação deste tipo de notícia, na TV, revista e jornais, as pessoas comuns, que não despertavam qualquer interesse da mídia, buscaram, também, retratar sua vida e intimidade nas mídias sociais, com o objetivo de atrair olhares para si.
A globalização abalou as subjetividades e as identidades singulares dão espaço a múltiplas identidades a serem escolhidas conforme sua aspiração da vez. Apesar de nos abrirmos para a inovação, buscamos, ainda, um parâmetro de identidade. Quando não adotamos as identidades prontas para consumo difundidas pela mídia, corremos o risco de não ser ninguém.
Silva (2018) nos diz que para não corrermos o risco de não ser alguém, somos constantemente intoxicados com as mídias televisivas, livros de autoajuda, religiões e identidades prontas para consumo, com o objetivo de anestesiar a angústia deixada pelo não parâmetro identitário. Sendo assim, as identidades se mostram como produtos de consumo, onde o indivíduo busca nas mídias esse referencial, com a aparente liberdade de escolha.
O excesso de publicações expondo sua intimidade em redes sociais incita a competição por visibilidade, alterando a subjetividade do sujeito, que fica no limiar entre sua vida privada e uma vida acessível a todos.
Silva (2018, p.46) cita Bezerra Jr. que diz que "na sociedade do espetáculo o anonimato não tem valor positivo", ou seja, o cotidiano de uma pessoa comum tornou-se atração de interesse público, constatando-se viveruma vida de igual banalidade, sendo esta comparação útil para suportar sua própria vida desinteressante.
A necessidade de exposição de sua vida particular, seu dia-a-dia, tem como objetivo obter visibilidade desta, alcançando, assim, reconhecimento público, como se este reconhecimento representasse seu real valor.
Há desta forma, como nos apresenta a autora, um real interesse apensas em si mesmo, uma necessidade em ser diferente adquirindo ou vivendo algo diferente dos outros. O que o define quem ele é não mais é ele próprio, mas sim as coisas que ele possui, como relações sociais, seu corpo, roupas, etc.
Esse culto ao corpo é devido à necessidade de exposição constante, fazendo com que o sujeito dedique atenção à sua imagem apresentada, seja através do excesso de exercícios, cirurgias plásticas, dietas "milagrosas", moldando seu corpo para tornar-se singular sua identidade e só assim terá seu devido reconhecimento, sendo vista.
Ser diferente é como se fosse uma obrigação, imita-se com certa peculiaridade pessoal, e ter um perfil em rede social, onde se registra toda sua intimidade, imitando a tendência que está em vigor. Busca-se dar uma cara própria e única ao seu perfil, acreditando desta forma, expressar sua "personalidade".
Sua intimidade não é mais desconhecida das pessoas. Silva (2018, p.49) cita Paula Sibilia quando diz que "a intimidade converte-se em palco para encenação da própria personalidade". Antigamente preservávamos essa intimidade, hoje a exposição desta é parâmetro de valor, não sendo de poder público, mas acessível a ele.
A busca por exibição do corpo perfeito e seu reconhecimento, denota um desejo de aprovação de algo que é interno, assim, representam um papel de uma vida sem profundidade, rasas, de personagens padronizados, buscando afirmar sua existência de maneira fictícia.
A autora nos diz que esse excesso de exibição pode ser compreendido como solidão, devido ao tempo corrido e ocupado em demasia e das relações fluidas da contemporaneidade. Desta forma o sujeito não se sente solitário, vendo que mais pessoas compartilham de uma vida corriqueira.
Silva (2018) recorre à etimologia da palavra intimidade, que se contradiz com a que vemos na atualidade, pois se por definição, intimidade quer dizer "aquilo que está no interior", atualmente ela gera resultados no exterior, ou seja, o que antes era próprio de sua vida privada, familiar, hoje se encontra nos olhares alheios. Ela cita Bauman, que fala de Pós-Modernidade, referindo-se a uma delimitação, existente na Modernidade, da vida privada ao âmbito familiar e ao reconhecimento da importância do passado como forma de conhecimento de si, na atualidade há a primazia da diferença, da demanda do gozo imediato e consumo desregrado. A mazela atual é o excesso de autonomia, que tem o custo da insegurança, onde o sujeito recorre às orientações em livros que se destinam à resolução de seus problemas, como guias de como viver.
Nas redes sociais o indivíduo conhece uma nova maneira de como viver, através dos relatos de outros, que também expõem as suas, tendo neles uma referência de como viver a sua própria vida. Os parâmetros de vida não mais estão nas famílias ou profissões, estão nas vidas banalizadas das redes, onde se pode escolher qual delas fará parte de nossa "personalidade".
A autora expõe que a imposição midiática de ideias de vida nos induz a busca por uma identidade, que esta seja flexível, pois são variados os produtos e técnicas que surgem para fazer valer essa "vida ideal". O mercado entra patrocinando e dominando essas "vidas ideais" para torná-las públicas, aumentando seus seguidores e vendendo seus produtos.
Citando Foucault, a autora fala da sociedade disciplinar, onde ele usava esse conceito para falar de uma sociedade que mantinham a ordem através do castigo, Silva (2018) usa para designar a sociedade contemporânea, onde a mídia, o consumismo, a institucionalização de determinada necessidade, a exigência de exposição pública, são itens que dominam e controlam nossa sociedade atual.
As teorias da conspiração, que eram temas de obras de ficção, hoje são materializadas por empresas que criam bancos de dados, através de perfis de usuários virtuais, que ao fazerem compras, visitarem sites, curtirem determinadas postagens ou produtos, têm seus interesses catalogados e enviados a agentes publicitários que os usam em divulgação de seus produtos, criados a partir de uma necessidade criada pela própria mídia.
Silva (2018) usa, ainda, uma expressão de Foucault, o "biopoder", para falar desse artifício que o capitalismo usa que "cria saber e produz discursos" (SILVA, p. 55), ou seja, incitam o que se deve fazer o que se deve ter o que se deve falar ou pensar.
Os produtos viabilizados através de pessoas de "vida ideal" geram a fantasia de que através dele conseguiremos a "identidade ideal", mas, assim como os produtos, a "vida ideal" também é fugaz, só vale enquanto é novidade, depois ela perde seu valor e precisa de substituição. Vemos uma repetição de ideias, seja nas selfies, com as mesmas poses ou legendas, fomentando uma competição de quem ganha mais curtidas. Silva (2018, p.57) nos implica com o questionamento, "afinal, são autores da própria vida ou marqueteiros de si?".
A autora fala sobre temas descritos em rede, que possuem a característica de confissões. Cita a historicidade de confissão, que na Igreja assume o caráter de um sacramento, cujo sentido é o de remissão dos pecados. Passando pelas esferas jurídicas, de saúde e educacionais, a confissão alcança as mídias. Em todos os seus alcances, a confissão assume o caráter de verdade sobre o sujeito, estando este sob a proteção do sigilo.
O tema descrito em rede remete-se a questões individualistas, onde a importância dada ao coletivo é substituída pela importância que se dá ao "eu". A autora cita Sennet, onde este chama este fato de "cultura ao narcisismo" (Silva, 2018, p. 62). O que importa é o que eu sinto não minhas ações ou o coletivo. 
Os escritores de diários em tempos remotos e os escritores de diários virtuais da atualidade são antagônicos, pois além de exporem seus sentimentos de maneira pública, suplementam-no com imagens, musicas e poesias. Escolhem o que divulgam com o objetivo de obter mais visualizações, mas revelam não falsear suas postagens. Desta forma, conseguem mais seguidores e este é o parâmetro para saber se sua vida é interessante, afastando o sentimento de solidão.
A autora relata que os blogs surgiram em 1999 e chegou ao conhecimento dos brasileiros em 2000. Expõe, ainda, o termo é uma abreviação de weblog, sendo que web significa teia e log, diário. Neste mesmo caminho surgiram os fotologs, onde são postadas fotos com a legenda especificando onde e quem está presente nas fotos ou referindo-se à situação representada nas fotos. Neste formato de publicação muitas vezes ocorrem os comentários feitos por seguidores, e dentro deste formato o blog possui uma infinidade de acessos, como o citado por Pierre Lévy pela autora, como "hipertexto", que os levam a outros blogs.
Os usuários das redes sociais ostentam relações íntimas que não correspondem à verdade, como o número de amigos apresentados em seus perfis e como está se sentindo no momento.
As redes sociais apresentam a característica de demonstrar um caráter extremamente individualista do sujeito, onde ele vê em outros usuários apenas um espectador e se vê como sujeito merecedor de ser visto. No tempo atribulado em que vivemos na atualidade, onde o quesito tempo é tão estimado, parar para apreciar a intimidade alheia nos diz que esta prática de publicação é importante no contexto atual.
As publicações virtuais têm como objetivo ver e ser visto como dependesse disto sua existência como sujeito. Faz-se necessário o olhar alheio e explorar outras intimidades além da sua, torna a vida alheia um norte a ser seguido.
As telas dos computadores ou smartphones estabelece um afastamento do outro, que torna mais descomplicado sua exposição nas redes. Podem até surgir pontosde vista diferentes dos seus, mas estes podem ser contidos pela extinção da postagem ou do comentário divergente, sendo este recurso virtual possível de se converter.
Ocupando-se com as trivialidades diárias, preenche seu tempo de forma a não gastá-lo olhando para si, preocupa-se apenas com a vida idealizada de outros, esquecendo-se de sua própria realidade.
Silva (2018) nos conta que as amizades são criadas nas redes virtuais, não abrindo mão do contato físico, mas algumas vezes laços de amizades mais antigos são perdidos e trocados por outros mais novos, criados na rede. Assim ocorre também com grupos virtuais, criados com o intuito de adesão de membros afins com suas ideias, igualmente são substituídos por outros grupos de maior interesse no momento. Essa busca desenfreada pelo novo e transitório aumenta a solidão, já instaurada e que justifica as relações virtuais, e a insegurança.
A presentificação dos acontecimentos é algo bastante marcante nas redes virtuais. Não há preocupação com o futuro e o passado é esquecido prontamente, sempre que algo novo acontece. O que importa em rede é o que ocorre de imediato, a última postagem é mais significativa para leitura, comentários e curtidas.
A autora ainda se reporta ao alcance que se consegue com as redes sociais, onde um grande número de pessoas é atingido pelas postagens, de uma forma ligeira e abrangente, que além de divulgação de suas intimidades, são utilizadas também com o propósito de fazer negócios, publicar pensamentos e notícias. Mas, constata a autora, que se publica como intimidade apenas o que é trivial, o cotidiano banal, suas questões íntimas e importantes ao sujeito conserva-se em sigilo, temendo as críticas.
Há ainda, segundo a autora, consequências nos relacionamentos amorosos e em seu emprego, gerando desconforto nos parceiros amorosos devido às inter-relações virtuais, na primeira e demissões na segunda, ao postarem fotos em ambiente de trabalho ou comentários em postagens desfavoráveis à empresa que o emprega.
Em se tratando de produção de subjetividade, a autora nos expõe que "a subjetividade é produzida por instâncias individuais, coletivas e institucionais" (SILVA, 2018, p. 80), assim, todo o ambiente que o rodeia como família, sociedade, mídias, entre outros, são produtores de subjetividade do sujeito. Desta forma, sendo a tecnologia uma ferramenta que gera visibilidade, onde se publica a intimidade na rede e nela visualiza a intimidade de outros, o sujeito fica vulnerável a outras tantas identidades, sendo elas responsáveis, também, pela produção de subjetividade do sujeito.
Silva (2018) cita Guattari, onde se faz a diferenciação de indivíduo e subjetividade, dizendo que "os indivíduos são o resultado de uma produção em massa, sendo serializados, registrados, modelados; e a subjetividade não é passível de totalização ou centralização no indivíduo", ou seja, a subjetividade não é de propriedade do indivíduo, mas sim produto do meio, das relações que se estabelecem nesse meio.
Tendo a sociedade um papel fundamental nesse processo, o capitalismo detém o poder sobre a subjetividade do indivíduo, onde a normalidade concebida por ela serve como parâmetro para incitar o consumo e manter o domínio.
É fundamental o papel da tecnologia no mundo atual, tanto pelo acesso a globalização do mundo, como pela produção de subjetividade do indivíduo, que é afetado pela produção de conhecimento através do mundo digital, como pela sua atuação através desse meio. Ele afeta e é afetado pela tecnologia digital.
Silva (2018) nos diz que o consumo de identidades prontas, permite familiarizar-se com a intimidade do outro e a partir daí adquire-se um parâmetro de análise sobre sua própria vida e sobre a "normalidade" de suas ações, buscando um protótipo de comportamento a ser adotado.
Nas identidades atuais prontas para consumo existem tênues distinções que falseam uma individualização, fazendo o sujeito confiar numa identidade autêntica, que é meramente superficial, como é nossa cultura.
O anseio de pertencimento e a liberdade da individualização aparecem como sentimentos ambíguos, pois são inúmeras propostas apresentadas em nossa sociedade de modelos de grupos aos quais se possa vincular-se, mas todos efêmeros.
Segundo a autora as pessoas são regidas pela necessidade de exposição, assim a aparência física torna-se uma incumbência, pois ao expor sua intimidade, constrói-se uma identidade através do olhar do outro, que também atribui valor a ela.
O mercado capitalista de consumo concebe constantemente a necessidade de contrair bens, dentre eles os tecnológicos, que se converte em artifício de dominação, como as câmeras de segurança, que vendem uma proteção, mas na verdade comandam de maneira bem sutil, com a alegação de ser indispensável sua utilização em espaços públicos.
Silva (2018) nos diz que assim como os bens materiais, que devem ser trocados a cada surgimento de novos, também o é a intimidade, que deve ser consumida e controlada em favor de um mercado o qual exige a aquisição de novidades e descarta o que considera obsoleto.
Os relatos polêmicos ou que tocam emocionalmente às outras são disparados em rede de imediato, não havendo preocupação com as fontes, se são seguras ou não, a veracidade dos fatos é o que menos importa, dando-se maior importância ao alcance, medido pelos likes.
As redes sociais abrem espaço, em uma época onde o tempo é artigo raro e as pessoas não podem mais perdê-lo para estar junto à outra e ouvi-la, afastando o sentimento de solidão e isolamento.

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