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APOSTILA LIBRAS BASICO UEA NOVA

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2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Professor: Marlon Jorge Silva de Azevedo 
 
 
 
 
É expressamente proibido a reprodução total ou parcial de imagens ou texto deste 
produto inclusive quanto às características gráficas de seu conteúdo sem autorização 
escrita de seu autor, a violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 
184, Lei nº 6.895 de 17/12/1980). 
 
 
Estudos Surdos no Ensino Superior 
3 
 
 APRESENTAÇÃO 
 
Aos Professores e Professoras, 
 
 É com satisfação que lhes apresento o material do aluno/Cursista 
referente ao Curso de Língua Brasileira de Sinais LIBRAS, incluído na Disciplina 
Curricular Obrigatória para a formação de professores. O “ Estudos Surdos no 
Ensino Superior” Tem como propósito apoiar e incentivar o desenvolvimento 
profissional de professores e especialistas para a aprendizagem e posterior 
utilização pedagógica da língua de sinais em sala de aula em qualquer ambiente 
educacional, lhes proporcionando a ampliação do conhecimento socialmente 
construído e poder exercer a sua cidadania e conhecer um pouco do sujeito 
surdo sua língua e sua cultura. 
 A ideia central desse material é favorecer o estudo e a aplicabilidade 
do ensino de língua de sinais, por meio da aprendizagem em parceria com os 
surdos da comunidade e sua localidade profissional onde esta inserida, 
favorecendo assim práticas que estimulem no desenvolvimento da comunicação 
entre surdos e não surdos. 
 O curso utilizar material impresso e vídeos que podem, além de 
ampliar o universo de conhecimento dos participantes, ajudar a elaborar 
propostas de trabalho com toda comunidade escolar, criando novas 
possibilidades de trabalho com os alunos para melhorar a qualidade de sua 
aprendizagem. 
 Esperamos que este curso colabore o processo de institucionalização 
de educação escolar dos surdos em nosso país, garantindo-lhes o respeito a sua 
diversidade sociocultural e uma educação de qualidade. 
 Desejo a todos um bom trabalho. 
 
 O autor 
4 
 
 
 
 
 
Conceito, o que é LIBRAS? ..............................................................06 
Clichês sociais/ Cumprimentos .........................................................08 
Alfabeto Manual.................................................................................11 
Empréstimo linguistico.......................................................................13 
Pedagogia Surda ..............................................................................14 
Inclusão e Exclusão ..........................................................................16 
História da Educação de Surdos.......................................................18 
Parâmetros .......................................................................................20 
Numeral: Cardinais/Quantidade e ordinais........................................24 
Identidade cultural surda na diversidade Brasileira ..........................26 
Características de sinais de pessoas ...............................................31 
Iconicidade e arbitrariedade ........................................................... 32 
Estrutura e variações linguísticas .....................................................33 
Estrutura sintática .............................................................................35 
Tempo/Dias de Semana ...................................................................37 
Meses/calendário .............................................................................39 
Pronomes pessoais ..........................................................................41 
Pronomes interrogativos ..................................................................44 
Família .............................................................................................48 
Quem são os surdos....................................................................... 51 
SÚMARIO 
5 
 
Lei 10.436 de 24 abril de 2002 ........................................................52 
Decreto 5.626 de 22 de dezembro 2005..........................................53 
Cores................................................................................................65 
Material escolar ............................................................................. 67 
Matérias disciplinas ....................................................................... 68 
Meios de transportes ..................................................................... 70 
Principais verbos em Libras .......................................................... 71 
O Congresso de Milão em 1880 .....................................................76 
Oralismo, Comunicação total, Bilinguismo, Comunicação Total e 
Atendimento Educacional Especializado ...................................... 78 
Documentos ....................................................................................80 
Estado Civil ................................................................................... 82 
Substantivos/Sinônimos ................................................................ 83 
Meios de comunicação e tecnológico............................................. 91 
Profissões / Especialidade ............................................................. 93 
Frutas ............................................................................................. 97 
Sinais Religiosos .......................................................................... 99 
Produções Literários em Libras ......................................................101 
Alimentos variados ........................................................................ 106 
Animais/Peixes............................................................................... 109 
Classificadores .............................................................................. 113 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
Língua Brasileira de Sinais –LIBRAS é a Língua oficial da comunidade surda 
brasileira, foi desenvolvida a partir da língua de sinais francesa, é uma língua 
gestual-visual, com estrutura gramatical própria, articulada através das mãos e 
da expressão facial e corporal, compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, 
o morfológico, o sintático e o semântico. O que diferencia as Línguas de Sinais 
das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial, faz se necessário 
esclarecer também que a LIBRAS não é uma língua limitada, e não é universal, 
cada país possui a sua língua. 
 
A LIBRAS pois, ao contrario do que muitos pensam, ela não expressa somente 
informações concretas, mais também transmite, assim como qualquer outras 
línguas, ideias abstratas seus usuários podem discutir historia, literatura, política, 
poesia, esportes, filmes, teatro, humor, contar histórias etc... 
 LEI 10.436 de 24 de abril de 2002 no Art. 1o É reconhecida como meio legal de 
comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos 
de expressão a ela associados. 
 Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - 
Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de 
natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema 
linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de 
pessoas surdas do Brasil. 
 Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral 
e empresas concessionárias de serviçospúblicos, formas institucionalizadas de 
apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de 
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 
Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, regulamenta a inclusão da libras 
como disciplina curricular, no Capitulo ll do Art. 3o A Libras deve ser inserida 
como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores 
CONCEITO O QUE É LIBRAS? 
7 
 
para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de 
Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema 
federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
 § 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, 
o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e 
o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de 
professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. 
 § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais 
cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da 
publicação deste Decreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLICHÊS SOCIAIS/ CUMPRIMENTOS 
OI! TUDO BEM! 
COMO É SEU! 
NOME! 
MEU NOME É!... PRAZER CONHECER-LO! 
BOM (@) 
DIA! TARDE! NOITE! 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESCULPA! POSSO AJUDÁ-LO! 
QUAL A SUA IDADE? 
ÓTIMO! COM LICENÇA! SORTE! 
MAIS OU MENOS! 
QUE SAUDADE! DE-ME UM ABRAÇO! MEUS SENTIMENTOS! 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMO VAI VOCÊ! EU ESTOU BEM! 
MEU SINAL É! COMO É SEU SINAL! OBRIGADO! 
OK! DE NADA! 
OLÁ/TCHAU! 
11 
 
 
 
 
A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e 
outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras 
separadas por hífen. 
Ex.: M-A-R-I-A, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de utilização do alfabeto: 
 
NOME DE LUGARES E SINAIS DESCONHECIDOS. 
NOME PESSOA, A-N-A, B-E-N-J-A-M-I-M 
O NOME DELA É M-A-R-I-A! 
 VOU VIAJAR PARAR-E-C-I-F-E! 
 EL@ COMPRAR CARRO C-O-M-O TER DINHEIRO? 
N-U-N-C-A ESQUEÇA QUE TE AMO! 
ALFABETO MANUAL 
12 
 
1. Treinamento do alfabeto manual, 
2. Faça seu nome em datilologia e de seus colegas, 
3. Você será capaz de descobrir os sinais feitos em datilologia 
apresentado pelo professor de libras. 
 
Espaço para rascunho: 
 
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
.................................................................................................................. 
1ª Ligue as palavras conforme 
 
LIBRAS 
LIVRO 
APRENDER 
ENSINAR 
CONVERSAR 
ESCOLA 
 
ESCOLA 
CONVERSAR 
LIBRAS 
APRENDER 
LIVRO 
ENSINAR 
13 
 
 
EMPRESTIMO LINGÜISTICO (É DENOMINADO QUANDO USAMOS O 
PORTUGUES SOLETRADO NO LUGAR DOS SINAIS) 
O sinal soletrado, ou seja, uma palavra da língua portuguesa que, por empréstimo, 
passou a pertencer à LIBRAS por ser expressa pelo alfabeto manual com uma 
incorporação de movimento próprio desta língua, está sendo representado pela 
datilologia do sinal em itálico. Exemplos: R-S “reais”, A-C-H-O, QUM “quem”, N-U-NC-
A, etc; 
 
 
DEUS É P-A-I 
 VAMOS PARA O B-A-R! 
N-U-N-C-AESQUEÇAQUE TE AMO! 
 
 
Na LIBRAS não há desinências para gêneros (masculino e feminino) e número 
(plural), o sinal, representado por palavra da língua portuguesa que possui estas 
marcas, está terminado com o símbolo @ para reforçar a idéia de ausência e não 
haver confusão. Exemplos: AMIG@ “amiga(s) e amigo(s)” , FRI@ “fria(s) e frio(s)”, 
MUIT@ “muita(s) e muito(s)”, TOD@, “toda(s) e todo(s)”, EL@ “ela(s), ele(s)”, ME@ 
“minha(s) e meu(s)” etc; 
 
Rascunho: 
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
.................................................................................................................. 
 
 
14 
 
 Porque precisamos de Pedagogia da diferença? 
 
Novos paradigmas estão se fazendo surgir no horizonte. E em contraste o ser 
outro e a sua alteridade despontam nas tramas do pós-moderno. A essência de 
ser, a identidade, a alteridade, a diferença surgem e se fazem marcos 
necessários da dinâmica interna da individualidade. Skliar( 2003) um atributo 
essencialista pode ter vigor como aspecto negativo para o modernismo e se 
infiltrar na educação. Atribuir uma ideia à essencialidade como uma deficiência, 
significa uma estratégia de pouca valia para com o que é antes de tudo uma 
atitude essencial. Uma estratégia onde as atitudes experiências de vida 
constituem no espaço outro da diferença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É preciso antes de tudo, nos adentrarmos no espaço do pós-colonial. Entrar lá 
naquele espaço outro onde o “povo gosta de estar” ( Bhabha 2002). É preciso 
retomar aqui este aspecto da essencialidade do ser diferente, esta atitude 
experiencial e teoriza-la no seu aspecto de validade invertendo a lógica habitual 
de que tudo que é diferente de mim é maléfico. Assim temos o espaço positivo 
das diferenças entre os grupos, o espaço constitutivo do ser o outro na sua 
etnicidade, e instâncias culturais motivadoras, tais como a língua, o jeito de ser, 
15 
 
o modo de encarar a vida, em síntese a atitude experiencial de vivencia no 
essencial das diferenças comuns ao grupo, etnia ou povo. 
A diferença como pedagogia nos permite retomamos esta atitude experiencial, o 
aspecto essencial como inovador no processo de aprendizagem sem causar 
interferência na radicalidade do ser diferente, respeitando a alteridade. 
A pedagogia da diferença como pedagogia do surdo – Aspectos da pedagogia. 
Qual língua, qual currículo, qual professor, qual povo, qualcultura para que o 
surdo seja radicalmente o outro na sua essencialidade? 
1 –A língua que acompanha esta pedagogia é a Língua de Sinais. Deve ser a 
língua do surdo e desde cedo ele deve iniciar contatos com ela. Ela não é 
somente a sinalizada, senão também a língua de sinais escrita. 
2 – Os conteúdos para os surdos não devem ser inferiores aos dos ouvintes, 
inclusive devem ter outras noções vai ter de conviver numa sociedade ouvinte e 
isto não quer dizer oralização, mas como ser surdo hoje? Notadamente as 
crianças surdas gostam muito de informações sobre a sociedade em geral. 
3 – O português como língua estrangeira tem lugar especial nesta pedagogia 
além disso querem aprender outras línguas como o inglês. 
4 – O ambiente entra na pergunta por qual povo a pedagogia de surdos deve 
dotar. A essência dos surdos, sua pertença a um povo diferente, sua cultura e 
história. 
5 – Acompanha uma forte tecnologia direta para a aquisição visual do 
conhecimento. 
6 –Tecnologias de comunicação à distancia. 
Pedagogia da diferença e professores surdos 
Uma maiores dificuldades do professor surdo está na observância do processo 
educacional. Ele se sente um marginal, e ao mesmo tempo um revolucionário 
diante do processo educacional vigente que envolve o seu povo. Qual processos 
histórico, social e cultural teve o objetivo de apoiar exclusiva e amplamente sua 
visão da educação dos surdos? Consequentemente a sua ideia sempre foi 
16 
 
absorvida pelo processo colonial. Ela inclusive é tão repetida pelos modelos 
históricos como o oralismo e o bilinguismo que o declaram deficiente, o 
controlam, e lhe impõem na memória, no corpo, na historia esta visão inclusive 
lhe tirando o espaço da essencialidade. 
O espaço que o professor surdo encontra trata-se do espaço da luta interna 
entre diferença de ser e exigência de subordinação a esta milenar estratégia da 
aparente normalidade do ouvinte. 
 
Inclusão e exclusão? 
Nos encontramos defronte a uma narrativa e a um legado quando utilizamos a 
palavra diferença. Esta palavra mexe com seus adeptos. Obriga a um a 
reviravolta, uma atitude revolucionaria, a uma instabilidade, uma errância , uma 
busca teórica. Inclusive a implicância de visualizar que a diferença obriga a fazer 
uma inclusão na nas diferenças e devia-se pensar a exclusão das diferenças 
como um aspecto a ser trabalhado. No entanto isto não ocorre quando usamos 
a educação sob o aspecto formal da temporalidade moderna onde a inclusão 
significa excluir a deficiência e trazer para a normalidade e não significa como o 
pós-moderno sugere: incluir na diferença da alteridade. 
É evidentemente certo que com a educação que vigora hoje, incluir o surdo 
numa escola de surdos ou incluir o surdo numa escola de ouvintes tem a mesma 
significação como? Foi observado durante estas colocações, sem presença da 
representação do surdo em sua alteridade significativa, sem pedagogia da 
diferença não haverá inclusão escolar. A inclusão social acontece a parti da 
inclusão do surdo numa pedagogia da diferença onde o surdo constrói sua 
subjetividade como diferente do ouvinte. 
“ Sabemos desde Platão que a pedagogia é constitutiva de um olhar de cima. E 
para que este olhar seja possível temos que fabricar retórica e ontologicamente 
um abaixamento: a infância, o povo, os estudantes, os imigrantes, os imorais, os 
pobres, os desempregados, os trabalhadores, os consumidores, os jovens, os 
professores, os ignorantes, os selvagens... os outros..., sempre definindo por 
uma distancia: pelo que lhes falta, pelo que necessitam, pelo que não são, pelo 
17 
 
que deveriam ser, por sua resistência a submeter-se às boas intenções dos que 
tratam do que sejam como deveriam ser”( Larrosa 2003) 
E preciso considerar que os povos surdos são 
povos que constróem e reconstróem de maneira 
diferentes suas próprias culturas, suas formas de 
viver e de pensar a educação para as novas 
gerações. Essas múltiplas maneiras surdas de 
pensar, de relacionar-se com os ouvintes, de 
construir a vida são inspiradas para a superação 
de alguns dos grandes desafios da prática 
pedagógica constantes na inclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 História da Educação de Surdos 
 
Primeira iniciativa de educação de surdos quando o professor francês surdo Ernest 
Huet, a convite de D. Pedro II, veio ao Brasil e preparou um programa que consistia 
em usar o alfabeto manual e a Língua de Sinais da França. Apresentou documentos 
importantes para educar os surdos, mas ainda não havia escola especial. Solicitou 
então ao imperador D. Pedro II um prédio para fundar uma escola. 
O filósofo grego Sócrates perguntou ao seu discípulo 
Hermógenes: “Suponha que nós não tenhamos voz ou língua, 
e queiramos indicar objetos um ao outro. Não deveríamos nós, 
como os surdos-mudos, fazer sinais com as mãos, a cabeça e 
o resto do corpo?” Hermógenes respondeu: “Como poderia ser 
de outra maneira, Sócrates?” (Cratylus de Plato, discípulo e 
cronista, 368 a.C.). 
Na Idade Média Os surdos eram sujeitos estranhos e objetos de curiosidades da 
sociedade; Aos surdos era proibido receberem a comunhão; Também existiam leis 
que proibiam os surdos de receberem heranças, de votar e, enfim, de usufruírem de 
todos os direitos como cidadãos. 
O monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1510- 1584), 
defendeu o direito à herança. Fray de Melchor Yebra, de 
Madrid, escreveu livro chamado “RefugiumInfirmorum”, que 
descreve e ilustra o alfabeto manual da época. 
Samuel Heinicke (1729-1790), “Pai do Método Alemão” – 
Oralismo puro – iniciou as bases da filosofia oralista, onde um 
grande valor era atribuído somente à fala, na Alemanha. Em 
1778- Fundou a primeira escola de oralismo puro em Leipzig, 
inicialmente a sua escola tinha 9 alunos surdos. 
Idade Contemporânea até hoje Abade Charles Michel de 
L’Epée(1712-1789), em Paris conheceu duas irmãs gêmeas 
surdas que se comunicavam através de sinais, iniciou e 
manteve contato com os surdos carentes e humildes, 
procurando aprender seu meio de comunicação e levar a efeito 
os primeiros estudos sérios sobre a língua de sinais. Fundou a 
primeira escola pública para os surdos “Instituto para Jovens 
Surdos e Mudos de Paris” e ensinou inúmeros professores para 
surdos. 
 
19 
 
Em 1789 Abade Charles Michel de L’Epée morre. 
Na ocasião de sua morte, ele já tinha fundado 21 escolas para 
surdos na França e na Europa. 
 
Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851). Em 1864 foi 
fundada a primeira universidade nacional para surdos 
“Universidade Gallaudet” em Washington – Estados Unidos, um 
sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo filho do 
mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917). 
 
 
 
 
“Universidade Gallaudet” em Washington – Estados Unidos. 
 
Em 1855 Eduardo Huet, como professor surdo, com 
experiência de mestrado e cursos em Paris, chega ao Brasil 
sob beneplácido do imperador D.Pedro II, com a intenção de 
abrir uma escola para pessoas surdas. 
 
Em 1857 foi fundada a primeira escola para 
surdos no Rio de Janeiro – Brasil, o “Imperial 
Instituto dos Surdos-Mudos”, hoje, “Instituto 
Nacional de Educação de Surdos”– INES, no 
dia 26 de setembro. O dia do surdo é 
comemorado no dia 26 de setembro, homenagem 
à inauguração da primeira escola de surdos do 
Brasil em 1857, o INES (Instituto Nacional de 
Educação de Surdos).Em 1875, um ex-aluno do 
INES, Flausino José da Gama, aos 18 anos, 
publicou “Iconografia dos Signaes dos Surdos-
Mudos”, o primeiro dicionário de língua de sinais 
no Brasil. 
 
20O que é denominado de palavra ou item 
lexical nas línguas orais-auditivas, são 
denominados sinais nas línguas de sinais. O 
sinal é formado a partir da combinação do 
movimento das mãos com um determinado 
formato em um determinado lugar, podendo 
este lugar ser uma parte do corpo ou um 
espaço em frente ao corpo. Estas articulações 
das mãos, que podem ser comparadas aos 
fonemas e às vezes aos morfemas, são 
chamadas de parâmetros, portanto, nas 
línguas de sinais podem ser encontrados os 
seguintes parâmetros: 
 
 
 
1. Configuração das mãos: são formas das 
mãos, que podem ser da datilologia 
(alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os 
destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais 
APRENDER,LARANJA e ADORAR têm a mesma configuração de mão; 
 
 
 
 
 
 
 
2. Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, 
podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do 
meio do corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais 
TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais 
ESQUECER, APRENDER e PENSAR são feitos na testa. 
 
2.1 ESPAÇO NEUTRO 
 
O sinal e seus Parâmetros 
APRENDER LARANJA ADORAR 
(( )) 
(( )) 
(( )) 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 NA TESTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 NO PEITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 NO BRAÇO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTELIGENTE 
TRABALHAR BRINCAR CONSERTAR 
LEMBRAR ESQUECER 
CORAÇÃO AMOR IDADE 
BRANCO CURSO EDUCADO 
22 
 
 
3. Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima 
tem movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, 
não tem movimento; 
 
3.1 SEM MOVIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Orientação: os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar 
idéia de oposição, contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais 
QUERER E QUERER-NÃO; IR e VIR; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PENSAR AJOELHAR EM PÉ 
QUERER NÃO-QUERER IR/VAI VIR/VEM 
ACENDER 
FECHAR ABRIR 
APAGAR 
23 
 
 
5. Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros 
mencionados acima, em sua configuração tem como traço diferenciador também a 
expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos 
somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL. 
Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as 
mãos é, portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam 
as frases em um contexto. 
Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso 
aprender as regras de combinação destas palavras em frases. 
 
 
Sinais faciais: em algumas ocasiões, o sinal convencional é modificado, sendo 
realizado na face, disfarçadamente. 
 
 
 
 
 
5.1 Expressão corporal 
 
 
 
ANDAR DE MOTO SUSTO 
LADRÃO ATO-SEXUAL 
MAGRO GORDO ALEGRE TRISTE 
24 
 
 
 
 
NUMERAL CARDINAL 
 
 
 
 
 
 
O Número Cardinal é usado em: número do telefone e celular, número da caixa 
postal, número da casa, apartamento, número da conta no banco, número do sapato, 
placas de carro e moto, e quantidade e idade parti do número 5. 
 
Ex: 
 
1) Número seu telefone qual? 99530-1821 
2) Ônibus ir CENTRO número qual? 203 
3) Qual sua idade? 18 
4) Número seu sapato? 40 
5) Ônibus número 605. 
6) Número minha casa 3352 
 
 
 
 NUMERAL QUANTIDADE 
 
 
 
 
 
Há diferenças na configuração de mão e no posicionamento dos números de 1 a 4. 
Quantidade de canetas na mesa, quantidade de pessoas presentes, quantidade de 
ônibus....etc. 
 
Ex: 
1) Sala de aula tem 3 computadores 
2) Eu ter 2 canetas 
3) Em cima da mesa ter 4 pratos 
4) Ontem faltaram aula 3 alunos 
5) Ontem a Clara fez 1 aninho! 
6) Comprei 1 celular. 
 
NUMERAL: CARDINAL/QUANTIDADE/ORDINAIS 
25 
 
 
 
 
NUMERAIS ORDINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) Eu morar apartamento 3° andar 
2) Conseguir 6° lugar corrida 
3) Fila banco eu 4° 
3) Brasil 1º lugar na Copa do Mundo de futebol. 
4) P-a-u-l-a foi a 2º no concurso para professor. 
5) Antes almoçar e jantar 1º orar. 
 
 
 
 
Em grupo: Escreva várias frases utilizando os números para cardinais, quantidade e 
ordinais, treine as frases para serem apresentada ao grupo. 
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
.....................................................................................................
..................................................................................................... 
EXÉRCICIOS PRÁTICOS 
26 
 
 
 
 
Os conceitos de Surdez no que refere à diferença e à deficiência, o etnocentrismo da 
tradição oralista, as Identidades Surdas, o multiculturalismo são pontos relevantes neste 
trabalho. O enfoque deste trabalho é a Identidade Cultural Surda dentro do contexto 
multicultural, perpassando as várias fases da História dos Surdos, no contexto do 
oralismo, nas relações sociais, na sua trajetória para romper a homogeneidade, aos 
momentos atuais e desafios na educação. 
Surdez: diferença ou deficiência? 
A discussão sobre os termos diferença e deficiência se presta aos olhares, vivências, 
conhecimentos diversos da sociedade, do imaginário social e se faz necessário 
esclarecê-los. Portanto, a minha primeira tarefa é permear uma diversidade de conceitos 
e termos, particularmente nos campos da antropologia e da medicina. 
Ao longo do trabalho, a questão da surdez, estereotipada pelo imaginário social como 
algo deficiente, de menos valia e patológico, se fez testemunha de forma árdua e 
marcante. A discussão dentro de uma visão clínico-patológica não é o objetivo deste 
trabalho, visto que esta não é a perspectiva a ser aspirada pela Comunidade Surda, 
pelos pesquisadores Surdos e ouvintes. Estabelecer uma nova perspectiva que vise 
reconhecimento à Identidade Cultural Surda é a prioridade máxima. 
No transcurso deste trabalho, estes termos diferença e deficiência são usados e 
explicitados de forma a tornar claro o seu significado. Pretendo lançar um novo olhar 
sobre os Surdos, no que tange à Identidade Surda. 
Etnocentrismo: tradição oralista 
O Oralismo é uma filosofia educacional que propõe o ensino da língua oral para que o 
sujeito Surdo se integre ao mundo ouvinte, pressionando o ensino da fala como 
essencial, algo que lhe desse status, o que não corresponde às condições ideais para 
que o sujeito Surdo adquira linguagem e forme o pensamento. 
O etnocentrismo tem a tendência de postular a cultura dominante e vigente como padrão 
para as demais culturas, partindo do princípio de que os seus valores e a suacultura são 
superiores, os mais esmerados, os mais adequados. 
A questão do etnocentrismo é constantemente marcante na Educação dos Surdos, 
particularmente na tradição oralista, perpassando por vezes fragmentada e questionada 
nas representações sobre a surdez. E se faz necessária uma análise mais profunda 
dessa tradição oralista na Educação dos Surdos, mostrando as suas múltiplas facetas. 
Identidade Cultural Surda na Diversidade Brasileira 
 
27 
 
Ao longo deste século, a Educação dos Surdos vem assumindo uma concepção oralista, 
como Ideologia Dominante, através de uma visão clínica sobre o sujeito Surdo, o qual é 
tratado como deficiente, não se pensando na sua diferença linguística. 
A educação oferecida aos Surdos tem enfatizado demasiadamente o ensino da fala 
como suposta devolução da humanidade. Extremamente concentrados nesta tarefa, os 
educadores perdem de vista a importância da formação da Identidade e Cultura Surda 
para o Surdo, deixam de formá-los enquanto cidadãos críticos e muito pouco se 
confrontam a trabalhar o sentido real do conceito da eqüidade, a qual busca a igualdade 
sem, entretanto, eliminar a diferença. 
Como disse Skliar (1998: 07): "As ideias dominantes, nos últimos cem anos, são um 
claro testemunho do sentido comum segundo o qual os surdos correspondem, se 
encaixam e se adaptam com naturalidade a um modelo de medicalização da surdez, 
numa versão que amplifica e exagera os mecanismos da pedagogia corretiva, 
instaurada nos princípios do século XX e vigente até nossos dias. Foram mais de cem 
anos de práticas enceguecidas pela tentativa de correção, normalização e pela violência 
institucional; instituições especiais que foram reguladas tanto pela caridade e pela 
beneficência, quanto pela cultura social vigente que requeria uma capacidade para 
controlar, separar e negar a existência da comunidade surda, da língua de sinais, 
das identidades surdas e das experiências visuais, que determinam o conjunto de 
diferenças dos surdos em relação a qualquer outro grupo de sujeitos." (grifo meu) 
Nesse sentido, a negação da Cultura Surda, da Língua de Sinais, das Identidades 
Surdas é inerente à tradição oralista imperativa nas escolas, com o pressuposto de que 
o Surdo é estigmatizado como deficiente auditivo, que carece de educação oralista, que 
sofre de patologia, necessitando de especialistas para restituir-lhe a fala. 
Identidades Surdas: conceitos e heterogeneidades 
O estudo da identidade se fez presente de forma árdua. Foram diversos os autores 
pelos quais embarquei procurando definir, discutir, analisar e, apesar do termo ser 
amplo, muito discutido nas pesquisas contemporâneas, me aterei apenas às 
descobertas da autora Gladis Perlin, particularmente às Identidades Surdas. 
Para PERLIN (1998: 52) a identidade é algo em questão, em construção, uma 
construção móvel que pode freqüentemente ser transformada ou estar em movimento, e 
que empurra o sujeito em diferentes posições. 
Conceituar a identidade é dizer que a mesma não é inata, está em constante 
modificação, partindo da descoberta, da afirmação cultural em que um certo sujeito se 
espelha no outro semelhante, criando uma situação de confronto, e ainda segundo 
PERLIN (1998: 53), a identidade surda sempre está em proximidade, em situação de 
necessidade com o outro igual. O sujeito surdo nas suas múltiplas identidades sempre 
está em situação de necessidade diante da identidade surda. 
Para discutir as experiências vivenciadas pelos sujeitos Surdos na sua Identidade Surda, 
através da construção, resistência, batalha e dominação em vista da presença 
28 
 
hegemônica ouvinte, usarei um conjunto dos termos, não podendo dissociá-lo do 
processo histórico. 
Gladis Perlin critica a influência do poder ouvintista que prejudica a construção da 
Identidade Surda: É evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas 
em vista das fragmentações a que estão sujeitas, face à presença do poder ouvintista 
que lhes impõem regras, inclusive, encontrando no estereótipo surdo uma resposta para 
a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo. 
O termo identidade, que melhor atende à temática surdez, é usado na busca do direito 
de ser Surdo. De acordo com a trajetória vivenciada pelos sujeitos Surdos, nas suas 
lutas e intempéries, o tema (re)construção da Identidade Surda é sempre usado ao 
responderem à pergunta – o que é ser Surdo no Brasil? 
Ao longo do último século, tem sido travado um verdadeiro embate imposto por alguns 
Surdos ao redor do mundo, devido ao processo histórico da colonização sobre os 
sujeitos Surdos, no que se refere à medicalização, à normalização, levando à 
degradação da Língua de Sinais, da Cultura Surda, das Identidades Surdas. Em 
resposta a essa colonização, o Movimento Surdo tem dado início à criação de 
Associações de Surdos como uma resistência contra a cultura dominante, contra a 
ideologia ouvintista. 
O foco do nosso olhar é o sujeito Surdo, com suas peculiaridades. O termo Surdo é 
carregado, no imaginário social, de estigma, de estereótipo, de deficiência, e significa a 
urgência da necessidade de normalização, em antagonismo ao conceito da diferença, 
como disse PERLIN (1998: 54): o estereótipo sobre o surdo jamais acolhe o ser surdo, 
pois imobiliza-o a uma representação contraditória, a uma representação que não 
conduz a uma política da identidade. O estereótipo faz com que as pessoas se 
oponham, às vezes disfarçadamente, e evitem a construção da identidade surda, cuja 
representação é o estereótipo da sua composição distorcida e inadequada. 
Afirmo a necessidade de uma nova visão sobre o sujeito Surdo, que é diferente e não 
deficiente. Por que não podemos repensar o nosso olhar? O que o sujeito Surdo tem de 
diferente? Segundo PERLIN (1998: 56) ser surdo é pertencer a um mundo de 
experiência visual e não auditiva. Viver uma experiência visual é ter a Língua de Sinais, 
a língua visual, pertencente a outra cultura, a cultura visual e lingüística. 
Há de se considerar outro conceito da Identidade Surda, de relevância política, dentro do 
multiculturalismo, de igual importância para outros movimentos sociais, pela batalha 
contra a ideologia dominante: a Identidade Política Surda. É um movimento pela força 
política em prol da nossa diferença... é uma luta contra o estigma, contra o estereotipo, 
contra o preconceito, contra a deficiência e especialmente contra o poder do ouvintismo. 
Cultura Surda no multiculturalismo 
Discussões referentes à Cultura Surda têm sido travadas nos dias atuais, levando à 
impossibilidade de definir sobre o que seja a Cultura Surda. Entretanto, algumas 
questões serão levantadas com o pressuposto de seguir os estudos culturais, que 
propõem pensar a surdez numa perspectiva antropológica. 
29 
 
O multiculturalismo se expressa, como sucessão no mundo contemporâneo, para que os 
sujeitos sociais valorizem, expressem suas diferenças, suas culturas específicas, em 
busca da afirmação cultural. É um movimento social em oposição a todas ações 
homogeneizadas da vida social. É uma oposição a todas as tentativas dos outros a 
imprimirem a cultura dominante, vigente sobre uma outra cultura pré-existente: a Cultura 
Surda. 
Comunidade e Cultura Surda do Brasil 
 As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande 
e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos 
alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram 
também algumas variações linguísticas regionais. As escolas de surdos, de surdos, 
mesmo sem uma proposta bilíngüe (língua portuguesa e língua de sinais), propiciam o 
encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos 
possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores 
que jásabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de 
oferecer cursos também para os pais destas crianças. 
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modifica ló a fim de se 
torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que 
contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades 
surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os 
hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda: 
IMAGENS CULTURA SURDA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da 
cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural 
assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta 
política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se 
defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da 
sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social.(PERLIN, 
2004, p. 77-78 
Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) 
estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade: 
[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de 
pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; 
uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, 
compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. 
 
IMAGENS DE ARTEFATOS CULTURAIS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ATIVIDADE: Os alunos devem informar para o professor, os sinais ou 
característica que possuem para ser batizado um sinal de identificação. 
 
 
 
Características de sinais de pessoas 
Os sinais de características da pessoa podem ser tirado através da aparência: 
letra do nome, altura, pinta no corpo, altura, olhos, cabelo, números, etc.. 
 
ALTO LOIRO BAIXO OBESA 
BIGODE OU BARBA CORPO OU CABELO MARCAS 
32 
 
ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE 
 
A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida 
pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o 
“desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua 
natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características 
do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria 
dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma 
com seu referente. Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, 
a pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos 
que fazem alusão à imagem do seu significado. 
 
 
Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINAIS ARBITRÁRIOS 
São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que 
representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade 
existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as 
línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, 
conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos 
também podem ser representados, em toda sua complexidade. 
 
Exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONVERSAR
R 
PESSOA PERDOAR 
ÁRVORE TELEFONE BORBOLETA 
33 
 
 
ESTRUTURA VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS 
 
Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente na 
comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na 
mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das 
línguas orais, pois foram produzidas dentro das comunidades surdas. A Língua de 
Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, 
por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex.: NOME EM LIBRAS. EX: NOME EM ASL. 
 
 
Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS 
apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de 
língua natural. 
VARIAÇÃO REGIONAL: representa as variações de sinais de uma região para outra, 
no mesmo país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex.:VERDENO AM. VERDE EM SP/RS. VERDE EM PR. 
 
VARIAÇÃO SOCIAL: refere-se à variações na configuração das mãos 
e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal.Ex.:MAS 
 
 
 
34 
 
Podendo ser usando em diferentes formas contextuais. 
O sinal AJUDAR também vária dependendo do tema contextual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sinal CONVERSAR em contexto na língua de sinais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sinal AVIÃO no Amazonas. Sinal AVIÃO no Rio e São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sinal 1-SEMANA2-SEMANA 
35 
 
 
MUDANÇAS HISTÓRICAS: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer 
alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRUTURA SINTÁTICA 
 
A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, porque ela 
tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na 
construção de um enunciado obedece a regras próprias que refletem a forma de o 
surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual espacial da 
realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa 
independência sintática do português: 
 
Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional) 
Português : " Eu irei para casa. " 
 
Para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo 
Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃO(verbo direcional) 
Português: "Eu dei a flor para a mamãe." 
Sinal BRANCO 
no passado... 
Sinal BRANCO de 
ontem... 
Sinal BRANCO no 
presente. 
Sinal AZUL 
passado... 
Sinal AZUL no 
presente. 
36 
 
 
Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) 
Português: "Para que serve isto?" 
 
Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação) 
Português: “Quantos anos você tem?” 
 
Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS: 
Exemplo 5: LIBRAS: CINEMA O-P-I-A-N-O MUITO-BOM 
Português: “O filme O Piano é maravilhoso!” 
 
Exemplo 6: LIBRAS: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR 
Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!" 
 
Exemplo 7: LIBRAS: PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE... DEPRESSA 
VIAJAR 
 
Português: “Quando chegaram as férias, eu fiquei ansiosa para viajar.”Observação: 
na estruturação da LIBRAS observa-se que a mesma possui regras próprias; não são 
usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão 
incorporados ao sinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMPO/DIAS SEMANA 
(( )) 
ANO SEMANA MINUTO HORA 
MANHÃ CEDO DIA 
AMANHÃ
A 
ONTEM TARDE NOITE 
ANTEONTEM FUTURO PASSADO MADRUGADA 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHUVA FRIO CALOR ESTRÊLA 
VENTO PLANETA NEVE 
LUA 
HOJE/AGORA SEGUNDA TERÇA QUARTA 
QUINTA SEXTA SÁBADO DOMNGO 
LUA 
RELAMPAGO NUBLADO SOL 
(( )) (( )) 
(( 
)) 
)) 
39JANEIRO 
MESES/CALÉNDARIO 
 FEVEREIRO 
 MARÇO ABRIL 
 MÊS 
 MAIO 
JANEIRO FEVEREIRO 
)) 
(( 
)) 
)) 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 JUNHO JULHO 
 AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO 
NOVEMBRO DEZEMBRO 
(( 
)) 
)) 
(( 
)) 
)) 
41 
 
 
 
Pronomes pessoais: a LIBRAS possui um sistema 
pronominal para representaras seguintes pessoas do 
discurso: 
 
 
 
 
Primeira pessoa Singular: EU - apontar para o peito do 
enunciador (a pessoa que fala) 
 
 
 
 
 
Segunda pessoa Singular: VOCÊ - apontar para o 
interlocutor (a pessoa com quem se fala). 
 
 
 
Terceira pessoa Singular: ELE - apontar para uma pessoa 
que não está na conversa ou para um lugar convencional. 
 
 
 
 
 
Terceira pessoa Singular: TU- apontar para uma 
pessoa que não está na conversa ou para um lugar 
convencional. 
 
 
PRONOMES PESSOAIS 
42 
 
 
NÓS DOIS: A mão ficará com o formato da letra K, mais 
próximo da pessoa que fala. 
 
 
 
VOCÊS DUAS: A mão em forma da letra K, mais distante 
da pessoa que fala. 
 
 
VOCÊS TRÊS: A mão assume o formato de três 
((números quantidade) 
 
 
 
VOCÊS QUATRO: A mão assume o formato de quatro 
(números quantidade) 
 
 
 
NÓS TODOS: Usa-se o indicador girando sentindo um 
círculo. 
 
 
 
43 
 
 
 
1 Agora vou te ensinar os pronomes! 
2 Onde você mora? 
3 Ela é minha amiga! 
4 Onde você trabalha? 
5 Ele gosta do Flamengo! 
6 Nós dois vamos viajar juntos. 
 7 Você é bonita! 
 8 Tu alta e bela! 
 9 Eu gosto de namorar! 
 10 Ele não fuma! 
11 Nós três vamos almoçar juntos! 
 
12 Vocês duas são professoras? 
 
13 Vocês são inteligentes! 
 
14 Vocês dois são amigos! 
 
15 Elas duas foram ao cinema! 
 
16 Vocês todos precisam aprender libras? 
 
17 Eles dois não aprenderam libras! 
 
18 Nós três iremos pescar! 
 
19 Nós quatro fomos para o sitio! 
 
 20 Eles dois não aprenderam libras! 
21 Nós dois aprendemos libras! 
 
22 Vocês todos estudam na UEA 
ATIVIDADES A PARA SEREM TREINADAS EM GRUPO. 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRONOMES INTERROGATIVOS 
QUE DIA? 
ONDE? PARA QUE? 
QUAL? 
COMO? 
POR QUE? 
QUANDO? QUE DIA? 
45 
 
 
 
 
 
 
 
1- BOM DIA, EU QUERO COMPRAR UMABLUSA. 
2- QUAL COR VOCÊ QUER? 
3- QUAL A MAIS BONITA? VERDE OU VERMELHA? 
4- A VERMELHA! 
5- OBRIGADO! 
 
 
 
 
 
1- COMO VOCÊVAI A ESCOLA ? DE CARRO OU DE ÔNIBUS? 
2- COMO TU QUERES VIAJAR SEM DINHEIRO? 
3- COMPRASTE ESTE CARRO PRA QUÊ? 
JÁ TENS UM IGUAL! 
EXEMPLOS : PRONOMES INTERROGATIVOS 
QUAL? 
COMO? 
PRA QUÊ? 
46 
 
 
 
 
 
POR QUEVOCÊ FALTOU CURSO ONTEM? 
- POR CAUSA DA CHUVA! 
 
 
 
 
 
1- COMO FOI A FESTA? 
2- PARA QUÊ COMPRASTE ESSA BLUSA? 
3- POR QUE FALTASTE A AULA? 
4- ONDE VOCÊ VAI? 
5- QUANDO É SEU ANIVERSÁRIO? 
6- POR QUE TU É MAGRO? 
7- POR QUE TU NÃO GOSTA DE MIM? 
8- COMO VOCÊ VAI PARA CASA, MOTO OU BICICLETA? 
9- ONDE É O BUMBÓDROMO? 
FALTOU TRABALHOPOR QUÊ? 
- PORQUE ESTAVA DOENTE! 
 
POR QUE? 
47 
 
 
 
 
ESPAÇO PARA ANOTAÇÕES. 
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
..................................................................................................................
................................................................................................................. 
 
 
EXERCÍCIOS: ATIVIDADE EM GRUPO, ELABORAÇÃO DE FRASES, REVISÃO 
AULA ANTERIORES. 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAMÍLIA 
MÃE 
MÃE PAI 
HOMEM MULHER 
IRMÃO IRMÃ 
FILHO FILHA 
49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRIMO 
PRIMO PRIMA 
TIO TIA 
SOBRINHO SOBRINHA 
CUNHADO CUNHADA 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MENINO 
NETO NETA 
AVÔ AVÓ 
MENINO MENINA 
51 
 
 
MONENCLATURA - PARA CONHECIMENTO E REFLEXÃO: 
Como chamar o portador desta deficiência? 
Deficiente Auditivo 
Surdo-mudo 
Mudinho 
Surdinho 
Surdo 
 
 
 
SURDO 
1. O posto do ser ouvinte, aquele que nasceu surdo, tem a incapacidade ou total da audição, 
Se comunica com a libras, entende pelos lábios. 
SURDO-MUDO 
2. Impossibilitado de falar; privado do uso de palavra por defeito orgânico, podendo omitir 
sons, mas como não ouve não sabe a fonética, se comunica com os gestos, essa atribuição é 
incorreta aos surdos, e infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de 
comunicação, principalmente televisão, jornais e rádio. 
DEFICIENTE AUDITIVO 
3.É aquele que perdeu a audição, ouve pouco, fala com dificuldades, é oralizado, entende 
pelos lábios, usa aparelho auditivo, sabe pouco a libras. 
 
 
 
 
 
(não) 
(não) 
(não) 
(não) 
(SIM) 
 
Quem são os surdos? 
 
52 
 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. 
 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais 
- Libras e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira 
de Sinais- Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, 
com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de 
idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e 
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e 
de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos 
portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais 
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação 
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do 
ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. 
 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
53 
 
 
 Presidência da República 
 Casa Civil 
 Subchefia para Assuntos Jurídicos 
DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. 
 
Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de 
abril de 2002, que dispõe sobre a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da 
Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 
2000. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 
84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de 
abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 
 DECRETA: 
CAPÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 
18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
 Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por 
ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências 
visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de 
Sinais - Libras. 
 Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou 
total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas 
freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
CAPÍTULO II 
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR 
 Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos 
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e 
superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e 
privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios. 
 § 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o 
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso 
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de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e 
profissionais da educação para o exercício do magistério. 
 § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos 
de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação 
deste Decreto. 
CAPÍTULO III 
DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS 
 Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do 
ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em 
nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em 
Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. 
 Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação 
previstos no caput. 
 Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e 
nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia 
ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham 
constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. 
 § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na 
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em 
nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no 
caput. 
 § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no 
caput. 
 Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por 
meio de: 
 I - cursos de educação profissional; 
 II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino 
superior; e 
 III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por 
secretarias de educação. 
 § 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por 
organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o 
certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos 
II e III. 
55 
 
 § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no 
caput. 
 Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não 
haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino 
dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por 
profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: 
 I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou 
com formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de 
exame promovido pelo Ministério da Educação; 
 II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com 
certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo 
Ministério da Educação; 
 III - professor ouvinte bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação 
ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em 
Libras, promovido pelo Ministério da Educação. 
 § 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade 
para ministrar a disciplina de Libras. 
 § 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as 
instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o 
professor de Libras em seu quadro do magistério. 
 Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a 
fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. 
 § 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo 
Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para 
essa finalidade. 
 § 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor 
para a função docente. 
 § 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca 
examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdose 
lingüistas de instituições de educação superior. 
 Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que 
oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as 
instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de 
formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos 
seguintes prazos e percentuais mínimos: 
56 
 
 I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; 
 II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; 
 III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e 
 IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. 
 Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular 
deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e 
Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. 
 Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto 
de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a 
educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e 
Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste 
Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação: 
 I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e 
anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngüe: Libras - Língua 
Portuguesa como segunda língua; 
 II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, 
como segunda língua para surdos; 
 III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam 
cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-
graduação para a formação de professores para o ensino de Libras e sua 
interpretação, a partir de um ano da publicação deste Decreto. 
 Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda 
língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos 
de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino 
fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em 
Letras com habilitação em Língua Portuguesa. 
 Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para 
surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. 
CAPÍTULO IV 
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 
ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO 
57 
 
 Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às 
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos 
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os 
níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. 
 § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto 
no caput, as instituições federais de ensino devem: 
 I - promover cursos de formação de professores para: 
 a) o ensino e uso da Libras; 
 b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e 
 c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; 
 II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e 
também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; 
 III - prover as escolas com: 
 a) professor de Libras ou instrutor de Libras; 
 b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; 
 c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para 
pessoas surdas; e 
 d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade 
lingüística manifestada pelos alunos surdos; 
 IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos 
surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de 
recursos, em turno contrário ao da escolarização; 
 V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, 
alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de 
cursos; 
 VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda 
língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e 
reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua 
Portuguesa; 
 VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de 
conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo 
ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos; 
58 
 
 VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e 
comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos 
ou com deficiência auditiva. 
 § 2o O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em exame de 
proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, pode exercer 
a função de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta 
da função de professor docente. 
 § 3o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos 
alunos surdos ou com deficiência auditiva. 
 Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de 
Libras e o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua 
para alunos surdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e 
instrumental, como: 
 I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e 
anos iniciais do ensino fundamental; e 
 II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do 
ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior. 
 Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser 
ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno 
distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e 
da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa 
modalidade. 
 Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade 
oral da Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para 
atuação com alunos da educação básica são de competência dos órgãos que 
possuam estas atribuições nas unidades federadas. 
CAPÍTULO V 
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA 
PORTUGUESA 
 Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve 
efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação 
em Libras - Língua Portuguesa. 
59 
 
 Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a 
formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, 
deve ser realizada por meio de: 
 I - cursos de educação profissional; 
 II - cursos de extensão universitária; e 
 III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino 
superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. 
 Parágrafoúnico. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser 
realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, 
desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso 
III. 
 Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não 
haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus 
quadros, profissionais com o seguinte perfil: 
 I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras 
para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, 
e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, 
para atuação em instituições de ensino médio e de educação superior; 
 II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras 
para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, 
e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, 
para atuação no ensino fundamental; 
 III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de línguas 
de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. 
 Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino 
federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas 
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência 
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
 Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o 
Ministério da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para 
essa finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em tradução 
e interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo 
60 
 
conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, lingüistas e tradutores e 
intérpretes de Libras de instituições de educação superior. 
 Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais 
de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus 
quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras -
 Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à 
educação de alunos surdos. 
 § 1o O profissional a que se refere o caput atuará: 
 I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; 
 II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e 
conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e 
 III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de 
ensino. 
 § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o 
acesso à comunicação, à informação e à educação. 
CAPÍTULO VI 
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU 
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
 Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica 
devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da 
organização de: 
 I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, 
com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino 
fundamental; 
 II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a 
alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou 
educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes 
da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de 
tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. 
 § 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngüe aquelas em 
que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução 
utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. 
61 
 
 § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do 
atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação 
curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação. 
 § 3o As mudanças decorrentes da implementação dos incisos I e II implicam a 
formalização, pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência pela 
educação sem o uso de Libras. 
 § 4o O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido também para os alunos 
não usuários da Libras. 
 Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, 
devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - 
Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como 
equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à 
educação. 
 § 1o Deve ser proporcionado aos professores acesso à literatura e informações 
sobre a especificidade lingüística do aluno surdo. 
 § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o 
acesso à comunicação, à informação e à educação. 
 Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, 
preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de educação a 
distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor 
e intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de 
legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas, 
conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004. 
CAPÍTULO VII 
DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU 
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
 Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de 
Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos 
de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com 
deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, 
prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a 
atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades 
médicas, efetivando: 
 I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; 
62 
 
 II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as 
especificidades de cada caso; 
 III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento para 
a área de educação; 
 IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de 
amplificação sonora, quando indicado; 
 V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica; 
 VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; 
 VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens 
matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da 
educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno; 
 VIII - orientações à família sobre

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