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Aula 07 - Sistema Interamericano de Proteção dos DH

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AULA 07: SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Sistemas Regionais – aspectos gerais: 
- Os sistemas regionais complementam o sistema global (da ONU). Ambos têm o mesmo objetivo: proteger o indivíduo e combater as violações de direitos. O indivíduo pode optar pelo sistema que lhe for mais favorável (princípio da primazia da norma mais favorável ao indivíduo).
- Assim, sistema global e sistemas regionais não são incompatíveis, mas sim complementares. A base dos princípios e valores dos sistemas deve ser similar e deve refletir a DUDH. O global deve ter um conteúdo mais geral e os regionais devem ter direitos adicionais de acordo com as peculiaridades de cada região.
- Vantagens dos sistemas regionais: número menor de Estados participantes e maior proximidade entre eles (isso facilita o consenso com relação aos tratados, tornando mais efetivo também o monitoramento); refletem as características próprias de uma determinada região; 
- Há 3 sistemas regionais: europeu, interamericano e africano.
Sistema Interamericano: 
- A região abrangida pelo Sistema Interamericano é marcada por características que tornam maiores os desafios dos órgãos de proteção para a vigência plena dos DH: 
Democracias em fase de consolidação (alguns países tiveram regimes autoritários de governo/ditaduras e sofrem as consequências de uma cultura de violência e impunidade, por exemplo, Brasil, Chile, Argentina);
Alto grau de exclusão e desigualdade social (violações aos DH econômicos, sociais e culturais);
Pouca tradição de respeito aos DH;
- O sistema interamericano é coordenado pela OEA (Organização dos Estados Americanos), que foi fundada em 1948 e é como se fosse a ONU desse sistema regional. 
- Em 1948, foi também aprovada a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. Fala sobre direitos humanos universais e proclama direitos civis e políticos e também os econômicos, sociais e culturais. Enuncia também deveres, por exemplo, o dever do indivíduo de conviver com os demais, de pagar tributos, de adquirir pelo menos a educação primária, de obedecer à lei, etc. 
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (Pacto de San José da Costa Rica):
- É o instrumento mais importante do Sistema Interamericano. Foi assinada em 1969 em San José, na Costa Rica e entrou em vigor em 1978, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica. Apenas os membros da OEA podem ser partes desse tratado. A OEA possui 35 Estados-membros (todos os Estados das Américas) e desses 35, em 2010, 25 faziam parte da Convenção. O Brasil aderiu tarde à Convenção, só em 1992.
- Brasil ao aderir à Convenção fez uma reserva (ressalva) no sentido de que quando estiver sob investigação da Comissão Interamericana de DH, esta só poderá realizar visitas e inspeções no país com a autorização expressa do Estado brasileiro.
- A Convenção reconhece direitos civis e políticos de forma similar ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966. 
- Alguns direitos assegurados pela Convenção: direito à personalidade jurídica, à vida, a não ser submetido à escravidão, à liberdade, a um julgamento justo, à indenização no caso de erro judiciário, à ampla defesa, à possibilidade de recorrer das decisões, à privacidade, à liberdade de consciência, religião, pensamento e expressão, ao nome, à nacionalidade, direito de participar do governo, igualdade perante a lei, propriedade, etc.
- A Convenção não especifica os direitos econômicos, sociais e culturais. Apenas determina aos Estados-partes que adotem medidas legislativas e outras para que alcancem a realização desses direitos de forma progressiva. Há outro tratado sobre esses direitos: o Protocolo de San Salvador, de 1988, que entrou em vigor em 1999.
- Quanto aos mecanismos de monitoramento, é importante o fato de o Pacto de San José ter instituído o sistema de petições individuais de maneira obrigatória. Ou seja, o fato de o Estado aderir a essa convenção significa por si só que poderá haver denúncias individuais contra ele. (é diferente da maioria dos tratados estudados do sistema global, nos quais há a necessidade de que o Estado reconheça o sistema de petições ou denúncias individuais).
ÓRGÃOS DO SISTEMA INTERAMERICANO
- No sistema interamericano destacam-se dois órgãos de monitoramento: Comissão Interamericana de DH (órgão executivo), e Corte Interamericana de DH (órgão jurisdicional). 
1) COMISSÃO INTERAMERICANA DE DH:
- Sua atuação abrange os Estados-partes da Convenção Americana de DH (acima) e também aqueles que não são partes da Convenção, mas são membros da OEA. Ou seja, a Comissão atua nos casos envolvendo qualquer um dos 35 membros da OEA.
- É composta por 7 membros com “alta autoridade moral e reconhecido saber em matéria de DH”. Podem ser nacionais de qualquer Estado-membro da OEA e são eleitos pela Assembleia Geral da OEA para um mandato de 4 anos, sendo possível apenas uma reeleição.
- Objetivo: promover a observância e proteção dos DH na América. 
- Atribuições: 
Fazer recomendações aos governos quanto à adoção de medidas adequadas à proteção dos DH;
Fazer estudos e relatórios que forem necessários;
Solicitar informações aos governos;
Fazer um relatório anual para a Assembleia Geral da OEA;
Examinar as comunicações enviadas por indivíduos, grupos de indivíduos ou ONGs com denúncia de violação pelos Estados de direitos previstos nos documentos do sistema interamericano. Exerce, assim, uma função “quase judicial”, mas não é órgão jurisdicional, é órgão executivo, ou político.
- Requisitos para que a Comissão aceite as petições ou comunicações:
a) o esgotamento dos recursos internos (exceto nos casos de demora injustificada do processo interno ou não atendimento de garantias processuais, como a ampla defesa);
b) que a questão não tenha sido levada a outro órgão internacional (não haver litispendência internacional, isto é nenhum outro órgão, da ONU, por exemplo, pode estar tratando do mesmo caso. Se estiver, a Comissão Interamericana não recebe a petição);
c) que a petição seja apresentada no prazo de seis meses após a data em que o interessado foi notificado da decisão do último recurso interno; 
d) que a petição não seja anônima;
- Após verificada a admissibilidade (cumprimento dos requisitos acima) da petição ou denúncia, a Comissão solicita informações ao governo do Estado, que devem ser prestadas no prazo estipulado.
- Recebidas as informações ou passado o prazo sem resposta do Estado, a Comissão analisa se existem ou se continuam existindo os motivos da denúncia. A partir daí, o processo pode ter as seguintes conclusões:
Arquivamento (se a Comissão entender que não há mais os motivos da acusação);
Se entender que subsistem os motivos da denúncia e não arquivar o processo, a Comissão buscará comprovar os fatos, realizando exame detalhado do caso, podendo até promover uma investigação para ter as informações necessárias;
Examinada a matéria, a Comissão tentará uma solução amigável entre as partes (o Estado denunciado e o denunciante);
Se não houver solução amigável, a Comissão elabora um relatório apresentando os fatos e as suas conclusões. Poderá fazer recomendações ao Estado denunciado, que devem ser cumpridas no prazo de 3 meses;
Não havendo solução nos 3 meses, a Comissão, por maioria absoluta de votos, emitirá uma conclusão definitiva com as medidas que devem ser cumpridas pelo Estado e a fixação de um novo prazo;
Se, passado esse prazo, o Estado não adota as medidas recomendadas pela Comissão, a regra é que o caso seja levado à Corte Interamericana de DH para julgamento. Só não será levado à Corte se a maioria absoluta dos membros da Comissão decidir que deve ser tomada outra medida (essa hipótese é uma exceção em que a própria Comissão decidirá). 
2) CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
- É o órgão jurisdicional do sistema interamericano;
- Composta por 7 juízes que tem que ser nacionais de países membros da OEA. São eleitos para mandato de 6anos, sendo possível uma reeleição.
- Não aceita petições individuais (diferente da Comissão). Só a Comissão e os Estados podem recorrer à Corte. Mas desde 2001 a Corte admite que as vítimas, seus representantes, parentes e ONGs apresentem manifestações e provas nos processos. 
- Competências:
A) Consultiva: interpretação da Convenção Americana e dos outros tratados de DH do Sistema Interamericano. Qualquer membro da OEA (que seja parte ou não da Convenção/Pacto de San José) pode pedir um parecer consultivo da Corte. Pode opinar também sobre a compatibilidade entre as leis internas de um determinado Estado e os tratados internacionais. 
- Exemplos de pareceres emitidos pela Corte na sua competência consultiva:
A Costa Rica pediu parecer sobre a filiação obrigatória dos jornalistas ao conselho profissional. A Corte entendeu que a lei da Costa Rica que estabelecia essa obrigação violava a Convenção, pois exigir diploma de jornalistas e filiação ao conselho profissional seria uma restrição tanto à liberdade de expressão de cada um dos jornalistas, quanto ao direito de todos de receber informações.
Em pedido de parecer pela Comissão de DH, a Corte considerou que o habeas corpus é uma garantia judicial que não pode ser suspensa nem em casos de emergência.
B) Jurisdicional: solucionar conflitos que surgem quanto a interpretação e aplicação da Convenção (Pacto de San José). Essa competência se limita aos Estados-partes da Convenção Americana, e desde que reconheçam a juridisção da Corte (o fato de terem que reconhecer a jurisdição é chamado de “cláusula facultativa”) Ou seja, o simples fato de um país ser signatário do Pacto de San José não significa que poderá ser julgado pela Corte, a jurisdição não é obrigatória. Para isso, tem que reconhecer sua função jurisdicional. 
Assim, a competência jurisdicional ou contenciosa não vale para todos os membros da OEA, apenas para os Estados que ratificaram o Pacto de San José e que reconheceram essa competência da Corte. 
- A Corte pode adotar medidas chamadas de provisórias (como se fossem as liminares do direito brasileiro) em casos de gravidade e urgência e para evitar danos irreparáveis aos indivíduos.
- Examina casos de denúncias contra Estados por violação de direitos. Pode determinar a adoção de medidas necessárias e também condenar o Estado a indenizar a vítima. Não substitui os tribunais internos e nem funciona como grau de recurso contra decisão interna: há a regra do esgotamento dos recursos internos. 
- A decisão é obrigatória, vinculante, definitiva e irrecorrível para o Estado. Se for fixada indenização, a decisão vale como título executivo (ou seja, cabe um processo de execução contra o Estado na Justiça Federal, visando o pagamento do título).

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