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Projeto de edificações

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Projeto de edificações
Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem MOOC
Curso: Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia
Livro: Projeto de edificações
Impresso por: Daiana Rafaela Corrêa
Data: terça, 21 mai 2019, 13:36
Sumário
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 1
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 2
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 1
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 2
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo
construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 1
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo
construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 2
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial Descritivo,
(Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de Encargos?
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 1
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 2
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 3
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 4
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 1
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 2
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 1
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 2
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 1
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 2
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 3
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 1
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 2
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 1
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 2
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações – Parte 1
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações – Parte 2
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na compatibilização dos projetos – Parte 1
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na compatibilização dos projetos – Parte 2
Encerramento
2.1 O que é o projeto de edificações e como
contratá-lo? – Parte 1
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção predial da edificação
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto eficiente.
Os projetos da construção civil, nesses incluídos os projetos de
edificações, além de serem, por sua natureza, roteiros para as
atividades que concorrerão para a execução do objeto, são
igualmente ferramentas de análise para as possíveis soluções
técnicas a serem aplicadas no processo construtivo.
A palavra projeto significa, genericamente, intento, desígnio,
empreendimento e, também, um conjunto de ações,
caracterizadas e quantificadas, necessárias à concretização de
um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos
de atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de
forma específica.
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada pelo arquiteto ou engenheiro.
Essa obra deve adequar-se aos contextos naturais e culturais em que se insere e responde às
necessidades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As exigências do cliente e dos
usuários exprimem-se por meio do programa de necessidades que define metodologicamente o
produto final.
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da obra devem atender aos
princípios da racionalidade, da economicidade, da funcionalidade e do desempenho.
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82), os projetos de arquitetura devem atender cumulativamente
aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcionalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza,
consistência, robustez) e “venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que se
pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve conciliar desempenho, economia e
estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e
conservação.
Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha
de soluções que determinem o melhor funcionamento do objeto
construído, muito além da sua concepção ou construção. No projeto é
que são definidos os conceitos e as técnicas que garantirão a
permanência da construção, principalmente no quesito manutenção.
 
 
14
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao
desempenho das edificações. Muito embora tal norma traga na sua
origem a destinação às edificações habitacionais, pode-se tomá-la
como referência para qualquer tipo de edifício em que se pretenda
condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas dessa
normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando
grande preocupação com a manutenção do edifício.
A Administração Pública, por suas características (necessidade de
racionalização dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta
de equipes permanentes para conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio
construído.
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o custo para a Administração na conservação e na
manutenção das suas construções por longo período.
 VITRÚVIO, P. Tratado de arquitetura/Vitrúvio. Tradução, introdução e notas de M. Justino Maciel. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
2.1 O que é o projeto de edificações e como
contratá-lo? – Parte 2
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, muito
além de ser um roteiro para a construção do objeto,
é, antes de tudo, uma ferramenta para
experimentação das soluções para o bom
desempenho da obra ou do edifício, possibilitando a
escolha das melhores soluções técnicas, aquelas que
trarão o equilíbrio entre custo de construção, custo
de manutenção e funcionalidade, aí considerados a
eficiência e o conforto.
Você, como gestor do contrato de projeto, ao
elaborar o seu Termo de Referência ou Projeto
Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a sua elaboração pelo caminho da
racionalidade, da economia e do desempenho. As definições e as exigências dadas no Termo de Referência ou
Projeto Básico devem ser tais que condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos aqui já
mencionados.
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espaços, a morfologia dos elementos
etc. Assim, é importante que se observe a vantagem que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de
outro, do tamanho da edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice de
compacidade ou da forma do edifício.
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas externas de
um edifício em zona litorânea. Certamente toma-se aqui a condição extrema e até mesmo
inadmissível, visto que, nas condições atmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela
escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse caso seria, por exemplo,
esquadrias de alumínio, com pintura por anodização ou eletrostática, com durabilidade adequada
àquelas condições ambientais. Muito embora seja senso comum no meio daarquitetura e da
engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas em
edificações de ambientes litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos (mal)
especificados trazendo aquela condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles
ambientes).
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente são diversos daqueles responsáveis
pela manutenção das edificações (ou outras obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa
especificação, quando da elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e do custo
despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
 
 
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de
uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação.
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especificação de um projeto e o custo de
manutenção do objeto construído. Veja que as escolhas corretas no momento das especificações têm, entre outros
quesitos, a função de desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras.
O custo de um projeto é sensivelmente menor do que os
custos envolvidos na execução da obra. Por essa razão,
perceba que é mais lógico e sensato concentrar esforços nessa
importante etapa, evitando, por exemplo, economias
irresponsáveis e permitindo que nessa ocasião possam ser
avaliadas todas as possibilidades técnicas para a consecução
do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil
alterar um desenho, ou até mesmo descartar-se um conjunto
de elementos impressos, do que demolir uma estrutura de
concreto. O projeto, portanto, é o momento para a
experimentação e o teste de possibilidades.
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a seguir.
 
Clique na imagem abaixo para ampliar
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto:
Clique na imagem abaixo para ampliar
Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente alguns aspectos na sua contratação:
Clique na imagem abaixo para ampliar
Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais importância. De acordo com a Lei
de Sitter, ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma
intervenção de correção, desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de razão 5
(SITTER, 1984 apud HELENE, 1992) . Assim, pode-se dizer que, arbitrando que o custo para uma eventual
correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da
obra terá custo 5, na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção corretiva
alcançará o custo de 125.
Clique na imagem abaixo para ampliar
Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instalações) das obras ou edificações.
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16
 SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM. Durability of
concrete structures. Proceedings of the International Workshop held in Copenhagen, on 18-20 May
1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by Steen Rostam).
 HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São
Paulo: Pini, 1992. 213 p. ISBN 85-7266-010-0.
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de
uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 2
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer para a racionalização do
ambiente construído ao longo da sua vida útil, em consonância com as boas práticas construtivas, à normativa
técnica ou legislação vigente.
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a contratação de serviços pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências), as contratações da
Administração devem demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de melhor
aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. No caso das especificações de projetos,
as soluções adotadas terão íntima relação com o comando dado nesse artigo do referido decreto.
Ainda que o conceito de um bom projeto seja de difícil definição, visto tratar-se de
percepção subjetiva, para a qual contribuem diversas variáveis e referências, pode-se delimitar os requisitos mínimos
que devem ser atendidos para que o resultado seja adequado aos objetivos da Administração Pública. É nesse sentido
que recentemente os Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que buscam o aumento da eficiência
da máquina pública, refletida inclusive na construção das suas instalações.
Instruções Normativas que definem eficiência
energética, otimização de recursos e critérios de
sustentabilidade ambiental são normas que
atualmente devem ter observância obrigatória pela
Administração.
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas
específicas aplicadas à elaboração de projetos da construção civil pelo poder público:
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Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: essa iniciativa atende aos critérios de
sustentabilidade ambiental, visto que possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de
transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo no seu custo;
Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou nacionalizadas: essa iniciativa traz reflexos
diretos na economia do objeto construído, visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção;
Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, luminárias em LED (light emitting diode
– ou diodo emissor de luz), sistema de iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui
os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do edifício ou obra;
Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a exemplo das instalações de iluminação
em LED, proporcionam economia de energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica;
Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: a sustentabilidade ambiental e o menor
consumo de água tratada, refletindo diretamente no custo do seu fornecimento;
Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisagismo: essa iniciativa possibilita a melhor
adaptação e a baixa manutenção dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos
recursos despendidos pela Administração Pública;
Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especificação dos projetos (exemplo: escolha de
esquadrias de alumínio ou PVC para a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e
repintura dos elementos (quando especificados em madeira ou ferro), economizando recursos financeiros para os
órgãos públicos.
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam bastante a lista acima. Essas escolhas e
definições podem encontrar iniciativa por ação de bons projetistas.
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a Administração Pública, quando da elaboração
dos seus editais de contratação.
 
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos públicos contem nos seus quadros
com profissionais habilitados, engenheiros e arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos
e obras da construção civil e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais
objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o
edifício que pretendo construir? Quaispreceitos
deve atender? Premissas de projeto – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do programa de necessidades para a
contratação de um projeto de edificações.
Complementando as ideias trazidas nos tópicos
anteriores, neste tópico serão abordadas as
iniciativas por parte do gestor do contrato quando da
contratação de um projeto da construção civil.
É de grande responsabilidade a atuação do gestor,
não somente por sua condição de agente público, e
que, portanto, deve obedecer às regras e condutas
predeterminadas, mas também pela condição de
responsável pela contratação de objeto que terá longa vida útil e que poderá gerar grande impacto socioambiental.
Objetos da construção civil são concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser muito bem
pensados, antes do início da primeira escavação.
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo e envolvimento. Certamente
projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às
orientações e premissas definidas pela contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do arquiteto
ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela Administração Pública devem considerar o
seu custo e o seu resultado final. Não devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social
do poder público, mas também não devem ter custo de construção excessivamente baixo, que venha a onerar o custo
do seu uso, conservação e manutenção, conforme já explicitado anteriormente.
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua vida útil, o que inclui a sua concepção, execução,
usufruto e eventual demolição.
 
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais, a
durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao
custo global do bem imóvel. Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada a edificações,
e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a qualquer objeto da construção civil.
17
 
 
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação que rege as contratações da
Administração Pública, em que comumente se observa para essas apenas o critério do custo do
seu projeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se a tal regra, mas buscar
o equilíbrio entre o custo do projeto e da execução e o custo da sua manutenção, desembolso que
será permanente e que onerará os gastos da Administração Pública durante muitos exercícios
financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos e engenheiros – são os únicos capazes de dar tal
resposta.
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam ao ambiente construído boas
condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-
estar e conforto.
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração tem papel na inovação tecnológica
quando da elaboração dos seus projetos da construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado,
senão pelo lucro, têm no setor público o seu fomento.
O poder público, como contratante de obras, tem potencialmente
grande capacidade de transformação das nossas cidades. Veja que, por
essa razão, as obras contratadas pela Administração devem trazer
entre as suas características a adequação ao entorno e o baixo impacto
ambiental. Os requisitos que devem ser buscados são o baixo consumo
energético, a baixa geração de resíduos o bom desempenho térmico e
acústico e a durabilidade. Condicionando a atuação da Administração
Pública nas contratações de projeto, há vasta legislação. Uma das
normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que
obriga a instalação de equipamentos economizadores de água nos
sanitários públicos de todas as novas edificações públicas a partir da
data da sua vigência.
 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013 –
Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. p.
31.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais
objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o
edifício que pretendo construir? Quais preceitos
deve atender? Premissas de projeto – Parte 2
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da obra, em relação à sua inserção no
ambiente e ao seu impacto estético. Como agente transformador do ambiente construído, o poder público, na
condição de contratante, deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que serão
permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados “projetos-monumento”, assim entendidos
como aqueles que têm apelo temático ou simbólico, cuja forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação
(ver figura 3), ou que não tenha relação com a função do objeto, um dos princípios norteadores da arquitetura.
Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê-lo de forma sutil e indireta, remetendo à
diretriz da sua concepção. Exemplos bem-sucedidos dessas iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil
(Bacen), em Brasília, do arquiteto Hélio Ferreira Pinto (ver figura 4), e a ponte da mulher (el puente de la
mujer), de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), no bairro Puerto Madero, em Buenos
Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo
representa um casal dançando tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada patrimônio oral
e imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem ser sóbrias, para que transmitam as
ideias de racionalidade e imparcialidade, ou inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou
materiais, para que transmitam a preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. Essas duas
18
19
características devem estar sempre acompanhadas do princípio da economicidade.
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premissas para as obras contratadas pela
Administração Pública e que deverão fazer parte do programa de necessidades dos projetos:
Clique na imagem abaixo para ampliar
 “A forma segue a função” é um dos princípios da escola modernista de design Bauhaus, da década de
1910, que teve grande influência na arquitetura desde então, ao defender a adoção de desenhos funcionais
nos objetos, em oposição à ornamentação. GROPIUS, W. The new archictecture and Bauhaus. New
York: MIT Press, 1965.
 Disponível em: <https://www.bcb. gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp. Acesso em: 10 abr.
2018.
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada
ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial
Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e
Caderno de Encargos?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto;
Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”.
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do contrato tenha clareza quanto ao
significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, que os editais tragam correta apresentação dos conceitos e
das definições.
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os conceitos de Memorial Descritivo,
(Caderno de) Especificações Técnicas e Cadernode Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu
esclarecimento, por meio do documento editalício. Essa condição não somente evita a eventual impugnação do edital
como traz segurança jurídica ao órgão público.
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a consolidação do Memorial Descritivo
e das especificações técnicas, documento este também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas.
Esse documento é complementar às pranchas de desenho do projeto e tem por função a descrição completa do
objeto, textualmente, e as orientações de como serão executados os serviços. O Caderno de Encargos ainda pode
apresentar outras orientações, como a forma de medição dos serviços, a forma de descarte de resíduos, a forma de
apresentação dos documentos finais, etc.
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultativo, dele devendo fazer parte
obrigatoriamente, visto ser elemento que elucida dúvidas advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo
instrumento de arbitragem nas eventuais dúvidas técnicas advindas da execução do objeto.
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao seu significado é o Memorial
Justificativo. Alerte-se para o fato que esse documento é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que
justifica o projeto. Nele estará contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas determinadas soluções e
decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados, dimensionamentos, etc., em
detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguintes itens:
1. Localização
20
 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de
obras públicas. Brasília: TCU, 2014.
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística), e a forma como
o objeto relaciona-se com ele, indicando as soluções adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de
ventos, etc.;
2. Programa de necessidades
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada solução para os elementos do objeto.
Exemplo: em um projeto que contenha um auditório, a explicação das razões pelas quais determinada forma foi
adotada para tal auditório, a configuração da plateia, etc.;
3. Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística)
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, integração, hierarquia, etc.;
4. Volumetria
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar principalmente de projeto de edificação),
processo criativo, enfatizando procedimentos que foram adotados, tais como subtrações, adições, composição de
cheios e vazios, luz e sombras, texturas e materiais, linhas predominantes, etc.;
5. Tecnologia
Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício que será atingido com a opção pela
forma de construção adotada, em relação à economia, ao desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que
foi adotada a forma construtiva “estaiado para o projeto de um viaduto, em detrimento da forma “simplesmente
apoiado”.
 
 
O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração dos projetos (conforme ABNT NBR 16636-
2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e
urbanísticos – 
Parte 2: Projeto arquitetônico), e não é comumente adotado ou exigido nas contratações da Administração
Pública. É imprescindível, no entanto, quando for adotada a modalidade de licitação “concurso”, que será
abordada no próximo tópico.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade
de licitação mais indicada? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes tipos de objeto.
Clique na imagem abaixo para ampliar
 
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços
comuns, e dá outras providências) traz ainda a modalidade de pregão.
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação do preço referencial no processo
licitatório para a contratação de um projeto, item que fará parte do edital.
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu preço referencial para
contratações. Isso é válido para projetos, obras e também para serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos
serviços continuados as determinações constantes da IN nº 5, de 27 de junho de 2014 (dispõe sobre os
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação
de serviços em geral) da SLTI/MP.
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a pesquisa de preços para
contratação de serviços em geral:
I
II
III
IV
Portal de Compras Governamentais;
Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que
contenha a data e a hora de acesso;
Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores
à data da pesquisa de preços;
Pesquisa com os fornecedores.
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justificadas pela autoridade competente,
conforme disposto no parágrafo 3º do art. 2º:
 
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa de preços, que não o
disposto no parágrafo 2°, deverá ser devidamente justificada pela autoridade competente”.
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua mensuração de forma subjetiva, por vezes
é difícil encontrar referenciais criteriosos para a formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo
objeto, pode haver sensíveis diferenças de preços em função da escala, da área de edificação considerada etc.
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior segurança na formação do preço.
Sua confiabilidade seria dada pela tomada de ao menos três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda
assim, nem sempre tal expediente traz resposta indiscutível à questão. Nesses casos, pode-se tomar como referência
os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, Confea/Crea, Sindicato dos Engenheiros, Sindicato dos
Arquitetos etc.).
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração de orçamentos e formação de
preços de empreendimentos de infraestrutura), dividida em quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome.
Com previsão de edição para o ano de 2018, esse conjunto de normas trará grande auxílio na análise e na formação
dos preços referenciais para os serviços de projeto.
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as modalidades de licitação aplicadas
aos tipos de objetos, já que, normalmente, o preço é um dos critérios para a sua escolha.
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22
 BRASIL. Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Dispõe sobre os procedimentos
administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de
serviços em geral. Brasília: SLTI/MP, 2014.
 Disponível em: <http://sinaenco.com.br/noticias/norma-sobre-formacao-de- precos-de-projetos-e-
gerenciamento-esta-em-consulta-na-abnt/?utm_campaign =Newsletter&utm_content= 
Norma+sobre+forma%C3%A7%C3%A3o+ de+pre%C3 %A7os+de+projetos+e+gerenciamento+est%C3%A1+em+consulta+na+ABNT+-+Sinaenco+%281%29& utm_medium=email&utm _source=
EmailMarketing&utm_term=newsletter +edi%C3%A7%C3%A3o+35+-+11+de+outubro>. Acesso em:
14 abr. 2018. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/projetgrid.aspx>. Acesso em: 14 abr. 2018.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade
de licitação mais indicada? – Parte 2
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser adotada conforme o valor do
objeto. Não se impede, no entanto, que se adote a modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para
licitações de limite de valor menor. Essa escolha, porém, deve levar em conta a racionalidade do próprio certame
e o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se deve considerar também o próprio custo
do processo de licitação.
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas licitações para contratação de projeto
vêm sendo contratadas na modalidade pregão.
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme definido na lei que a instituiu. O art.
1º da Lei nº 10.520/2002 assim determina:
 
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade
de pregão, que será regida por esta lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo,
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
por meio de especificações usuais no mercado (BRASIL, 2002, grifo nosso).
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, pondera:
 
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto licitatório é de
natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e definir se o objeto corresponde
a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar o devido
enquadramento da modalidade licitatória aplicável (BRASIL, 2014). 
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não como serviço comum de engenharia.
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152) , argumenta, exemplificando a aplicação do conceito de
serviços comuns de engenharia. Na opinião do autor, considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as
contratações de serviços de engenharia sejam exclusivamente com licitação dos tipos “melhor técnica” ou “técnica e
preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor preço” para tais serviços, o que impediria também o uso
da modalidade pregão, visto essa ter como critério de julgamento exclusivamente o menor preço.
23
24
25
26
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente comum de engenharia, a
impermeabilização de uma laje de uma edificação e um serviço de projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar
de um responsável técnico, ou seja, configurar-se como um serviço intelectual, não poderia ser classificado como
serviço comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de arquitetura, não é possível
definir objetivamente sua forma, aparência e características arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de
seu enquadramento como serviço comum.
 Brasil (1993, art. 23, § 4º). BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação
denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, 2002.
 BRASIL. Advocacia-Geral da União. Orientação Normativa n° 54/2014. Brasília: AGU, 2014. MENDES, André. Aspectos polêmicos de licitações e contratos de obra públicas. São Paulo: Pini, 2013. 
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade
de licitação mais indicada? – Parte 3
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário, se houver
entendimento de que o objeto final de uma licitação de projeto não terá diferença, independentemente de quem o
fará, este pode ser classificado como comum:
 
(...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma empresa ou profissional
for similar ao projeto desenvolvido por outra empresa, dotada com as mesmas informações da
primeira, esse objeto, no caso “estudos e projetos”, pode ser caracterizado como “comuns”. Caso
contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o objeto é
incomum (BRASIL, 2011).
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho a seguir, muitos gestores acabam
optando pela adoção dessa modalidade (pregão) para a contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno
vulto. Opta-se, dessa forma, pelo caminho mais seguro, se considerarmos a segurança jurídica. Perde-se, no entanto,
pela qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidade do projeto tendem a ser grandezas opostas,
conforme demonstrado no tópico 2.1.2 deste módulo, por meio da figura 1, abaixo relembrada.
Clique na imagem abaixo para ampliar
27
 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2011.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade
de licitação mais indicada? – Parte 4
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômica para a Administração Pública, as
chamadas licitações deficitárias, visto que há casos em que o desconto obtido em um certame com esse tipo de
modalidade – comparando-se o preço contratado com o preço inicial dos lances (orçamento referencial da
Administração) – não alcançou o gasto despendido com o contingente de mão de obra envolvido no seu
procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo feitos pela Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu que
85% dos órgãos da Administração direta realizam pregões deficitários.
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do
Brasil (CAU/BR) e suas recentes ações quanto à adoção do pregão para a contratação de projetos pela Administração
Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e tem alcançado repetidos êxitos nas
ações judiciais ou ações de impugnação impetradas contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de pequeno vulto, o tipo de licitação a
ser escolhido deve ser o de “técnica e preço” nas modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da
RFB, por definição da Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no seu art. 11:
Sabe-se que contratações de projeto têm pouca representatividade numérica no universo de contratações da
Administração Pública. Não traria ônus à supremacia do interesse público o maior dispêndio de tempo e de recursos
humanos da Administração para essa forma de contratação (licitações nas modalidades que não sejam o pregão),
frente ao benefício que se teria com o resultado final do objeto fruto de um bom projeto, conforme já mencionado
nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo.
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é o entendimento da academia e dos
órgãos de classe da engenharia e arquitetura. Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos
grandiosos pela sua qualidade, destaque e importância, aliados à quintessência da manifestação artística e
tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso.
Exemplos desses projetos são a Ópera de Sidney, Austrália (figura 6); o Plano Piloto da cidade de Brasília, Brasil
(figuras 7 e 8); o Museu Guggenheim, Bilbao/Espanha (figura 9); o Estádio “Ninho de Pássaro”, Pequim/China
(figura 10); e a remodelação da Estação Central de Trens, Berlim/Alemanha (figura 11).
Clique nas imagens abaixopara ampliá-las
 
André Baeta, auditor federal de Controle Externo do TCU, em artigo publicado em novembro/2014 na revista
“Infraestrutura Urbana”, defende a contratação de projetos pela modalidade concurso. Segundo o auditor, há
vantagens para a Administração Pública quando desse tipo de contratação, abaixo transcritas:
28
29
 CAMAROTTO, M. Decreto vai atualizar valores de licitação, congelados há 20 anos. Valor Econômico,
Brasília, 9 abr. 2018. Disponível em: http://www.valor.com.br/brasil/5438381/decreto-vai-atualizar-
valores-de-licitacao-congelados-ha-20-anos. Acesso em: 10 abr. 2018.
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-contratacao-de-servicos-de-
arquitetura-e-urbanismo/>. Acesso em: 4 abr. 2018. 
Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-impugnacao-de-pregao-em-campo-bom/>.
Acesso em: 4 abr. 2018.
Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada/>. Acesso em: 4 abr. 2018.
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Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa.
A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, visto que, ao receber as propostas, a contratante
avaliará desenhos conceituais, memoriais etc., ainda em fase preliminar.
O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos.
Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas.
O melhor projeto é selecionado por especialistas da área.
Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto.
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em torno do tema, é possível
concluir que há grande vantagem para a Administração Pública na escolha da
modalidade concurso ou licitações do tipo “técnica e preço” para a contratação de
projetos.
 Disponível em: http://www.caubr.gov.br/auditor-do-tcu-defende-concurso-para-contratacao-de-projetos/.
Acesso em: 4 abr. 2018.
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito
patrimonial: autores e coautores – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a proteção dos direitos autorais e a sua aplicação no
âmbito do poder público como contratante.
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos
autorais trazia no seu conceito original a proteção aos editores, o que, na
Inglaterra, foi chamado de copyright. Essa condição, fomentada pela
então recente invenção da imprensa, tinha por objetivo garantir àqueles
editores e livreiros a remuneração dos altos custos de impressão aos
quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito comuns nos
primórdios da imprensa) ou outras informações adicionais.
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares
da Revolução Francesa, em oposição à condição protetiva inglesa, o que
se chamou droit d’auteur. Essa condição trazia outra inovação: a divisão
dos direitos em direitos patrimoniais e direitos morais, concedendo ao
autor não só a proteção sobre a sua autoria, como também à propriedade
da sua obra.
No Brasil, a legislação sobre direitos autorais teve início ainda no
período imperial, por meio da edição de normas vinculadas à proteção de
obras jurídicas, com a criação dos primeiros cursos de direito, com
alguma evolução ao longo do período republicano e sua consolidação,
por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que reunia a
legislação sobre o tema.
Na Constituição da República de 1988 surge, pela primeira vez em um texto constitucional, a proteção dos direitos
de autor como uma garantia individual. Vejamos o seu art. 5º:
Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que revoga a lei de 1973 sobre o tema e que
está em vigor atualmente, com recente alteração pela Lei nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão
coletiva dos direitos autorais, as duas regulamentadas pelo Decreto nº 8.469, de 22 de junho de 2015.
No âmbito da Administração Pública e sua relação com os autores, aqui enfatizados os autores de obras intelectuais
de projetos, um dos temas no nosso curso, é limitada a possibilidade de transferência daqueles direitos. Como
contratante, a Administração tem a possibilidade de transferência para si apenas da parte relativa aos direitos
patrimoniais do autor.
Para tratarmos a questão, é necessário primeiramente que entendamos a divisão dos direitos autorais.
Conforme a Lei nº 9.610/1998, esses dividem-se em patrimoniais e morais, a exemplo das primeiras manifestações
do modelo legislativo francês sobre o tema. O seu art. 22 diz que ambos os direitos pertencem ao autor da obra
intelectual.
31
O direito moral, inalienável e irrenunciável, por tratar-se de direito que protege a criação de espírito, não pode ser
transferido, e confere, ao autor, as seguintes prerrogativas, dadas no art. 24 da Lei n° 9.610/1998:
Para os incisos V e VI, são ressalvadas as indenizações aos terceiros atingidos: “§ 3º Nos casos dos incisos V e VI,
ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, quando couberem” (BRASIL, 1998).
O art. 26 traz importante informação:
Esse comando limita, portanto, a discricionariedade do contratante quanto à alteração da obra intelectual, e deve
ser muito bem observado pela Administração Pública, aqui enfatizados os projetos contratados pelo poder
público, sob pena de gerar ao autor, em eventuais alterações do objeto, o direito a indenizações.
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito
patrimonial: autores e coautores – Parte 2
O segundo grupo de direitos do autor são os patrimoniais, relativos à propriedade da obra. Vejamos o que diz a Lei
nº 9.610/1998 quanto a essa questão: 
 
A leitura dos artigos acima indica a necessidade de transferência daqueles direitos patrimoniais pelo autor ao
adquirente, para que esse possa fazer a utilização e o usufruto da obra.
Assim, é necessário que a Administração Pública, como adquirente do direito patrimonial do autor (por meio da
devida remuneração pela obra adquirida), faça constar no edital da licitação cláusula expressa, conforme
demonstrado no inciso II do art. 49 da Lei n° 9.610/1998.
Veja que, diante do que estabelece aquela lei, é importante também o cuidado da Administração Pública quanto à
eventual alteração do objeto contratado. Na execução de obras, a partir da contratação de um Projeto Básico,
conforme permitido pela Lei n° 8.666/1993, deve ser observado com elevado critério a elaboração do Projeto
Executivo concomitante à obra, também autorizado pela referida lei. O Projeto Executivo em questão – com o
significado que tem – já discutido no tópico 1.1.2, do Módulo 1 deste curso, deve configurar-se em mero
detalhamento complementar, jamais podendo alterar a concepção original dada no Projeto Básico.
Alterações naquela concepção geram a possibilidade de o autor buscar indenizações ou mesmo reparação judicial
contra a ofensa ao seu direito moral.
Essa é uma das razões pelas quais se deve tomar cuidado quando da revisão dos projetos contratados pela
Administração Pública por meio da elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra. Essa também é uma das
razões para a contrariedade dos conselhos de classe (CAU/BR e sistema Confea/Crea) quanto a essa prática.
A coautoria, por conseguinte, é instituto que prevê a assunção da paternidade de uma
obra artística ou trabalho técnico por dois ou mais autores. A sua manifestação é direta,
por meio do acordo entre os participantes quando da composição do objeto, em que cada
um dos autores contribui com a sua ideia na elaboração do intento, trazendo como
resultado ideia única da combinação dessas. Os coautores têm igual peso na
responsabilidade pelo objeto constituído e também iguais direitos.
Permitida pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 7º, essa condição prevê a possibilidade de complementação do Projeto
Básico por meio do chamado Projeto Executivo, que pode vir a transfigurar o objeto original, o que se caracterizariauma clara afronta ao direito autoral.
Lembre-se de que a Lei nº 8.666/1993, conforme já exposto neste curso, no tópico 1.1.4, traz
confusão nos conceitos de Projeto Básico e Projeto Executivo. Para que se afaste o risco de ofensa
à autoria do projeto, a ação permitida para o momento da obra, em relação à revisão do projeto,
deveria ser tão somente a de detalhamento complementar. Essa complementação teria apenas o
caráter de esclarecimento da ideia advinda do projeto original (o Projeto Básico da licitação)
eventualmente não detalhada, ou que possa ter gerado dúvida quanto à sua forma de execução,
preservando a autoria do objeto, impedindo o risco de desobediência ao direito autoral e, desta
forma, dando segurança à conduta do gestor do contrato.
 
 
2.2 Como receber um projeto de edificações? –
Parte 1
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Indicar a necessidade de verificação das normativas técnicas e demais
normativas legais citadas no projeto, sua vigência, a data da sua edição
etc.
Nos processos licitatórios, o edital de licitação e o seu Termo de
Referência ou Projeto Básico são os elementos que definem os
procedimentos para as contratações da Administração Pública. Dessa
forma, ao ser recebido o projeto, toma-se como primeira ação do gestor
a necessidade de análise do objeto quanto à observância das diretrizes
expostas no Termo de Referência ou Projeto Básico do edital.
Nessa ocasião, a revisão deve pautar-se na observação do atendimento
ao programa de necessidades, à legislação, às diretrizes técnicas e aos
objetivos expostos naquela peça processual.
Simultaneamente a essa revisão preliminar, o gestor mergulhará na
documentação do projeto para a identificação do atendimento aos itens
de entrega obrigatória para o tipo de objeto. A relação desses itens deve
sempre estar expressa no Termo de Referência ou Projeto Básico para
que o gestor tenha a legitimidade na sua cobrança. Para a sua
elaboração, no momento da montagem do edital, a Administração deve
fazer constar as orientações das normas técnicas, a bibliografia sobre o
assunto e as determinações dos conselhos profissionais.
Complementarmente, e como rica fonte de consulta, pode-se observar as orientações do TCU, por meio da Portaria
da Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) nº 33, de 7 de dezembro de 2012, no seu item I.1.2.1 e no seu
Anexo II.
Os elementos mínimos a serem apresentados para o projeto de uma edificação de porte médio, conforme esse item
da portaria, são:
a
b
c
d
e
f
g
h
i
j
k
l
m
Levantamento topográfico;
Sondagens;
Projeto arquitetônico;
Projeto de terraplanagem;
Projeto de fundações;
Projeto estrutural;
Projeto de instalações hidrossanitárias;
Projeto de instalações elétricas;
Projeto de instalações telefônicas;
Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate a incêndio;
Projeto de instalações lógicas;
Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica;
Projeto de instalação de transporte vertical.
2.2 Como receber um projeto de edificações? –
Parte 2
O conjunto de documentos do projeto deve contemplar as peças gráficas (pranchas de projeto), com a indicação da
sua revisão e data, o Caderno de Encargos, o cronograma físico-financeiro e o orçamento detalhado, com a indicação
da data-base para os preços tomados.
No Caderno de Encargos, deve estar descrita a lista das pranchas de
desenho integrantes do projeto, com a sua revisão e data. No
cronograma físico-financeiro e no orçamento detalhado deve ser
mostrado o título do projeto para a sua fácil identificação. As pranchas
de desenho devem ser apresentadas dentro das normas da ABNT,
condição que deve estar expressa no edital. Essa condição vale
também para o Caderno de Encargos. Esse documento, conforme o
tamanho do objeto, atinge o volume de 400 páginas ou mais, razão
pela qual deva ser apresentado com sumário. Recomenda-se que o
sumário siga a mesma sequência numérica que será apresentada na
planilha orçamentária, o orçamento detalhado. Essa forma de
ordenação não somente torna mais coesa a informação apresentada
pelo autor do projeto, como possibilita a facilitação do trabalho futuro
do executor da obra e, principalmente, do seu fiscal.
Para a conferência da documentação entregue, o gestor do contrato pode valer-se da adoção de lista de checagem,
documento que poderá ser anexado ao processo. As observações quanto ao recebimento do objeto devem ser
registradas em relatório de análise, que servirá de documento de comunicação com a licitante e também será
integrado ao processo.
Deve também ser observada pelo gestor do contrato a indicação da data de edição das
leis ou normas técnicas referenciadas pelo autor do projeto. É comum a citação de
normas técnicas sem vigência ou que tenham sido substituídas por outras normas, mais
atualizadas, bem como a referência a leis que tenham sido revogadas. Esse é um dos
principais erros cometidos nos projetos, assunto que será retomado em tópico deste
módulo.
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Enfatizar a responsabilidade do gestor do contrato de elaboração do projeto frente ao objeto entregue, em
relação a soluções, quantitativos, custos etc.
Na Administração Pública, o gestor de contrato responde solidariamente pelos danos causados à Fazenda Pública
(arts. 25, 50 e 71 da Lei n° 8.666/1993) ou por atos praticados no exercício das suas funções (arts. 121 e 122 da Lei
nº 8.112/1990). Vejamos os exemplos:
Art. 25. (...) 
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor
ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais
cabíveis (BRASIL, 1993, art. 25, § 2º).
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições (BRASIL, 1990, art. 21).
Perceba que as ações dos agentes públicos devem, portanto, estar sempre amparadas em normativas legais que as
legitimem. Essa condição estende-se às ações de contratação e recebimento de um objeto, aqui especificamente
tratado o projeto. A mesma observação aos critérios legais que deve ter o gestor de contrato quando da elaboração
dos editais de contratação deve ser aplicada quando do recebimento do projeto e da sua consequente revisão e
aceitação.
Analisando-se os pressupostos legais citados, percebe-se claramente a responsabilidade do gestor quanto aos seus
atos administrativos. Essa estende-se por consequência às questões específicas da sua função e habilitação, por meio
da escolha das soluções técnicas a serem adotadas na elaboração do objeto – o projeto, por exemplo – e a criteriosa
análise daquelas soluções propostas pelos projetistas. Essa condição está amplamente amparada no Acórdão nº
915/2015 – TCU – Plenário, acima citado, visto que dada a discricionariedade do gestor de contrato na aprovação do
projeto, pode-se configurar a desobediência aos princípios da economicidade e da razoabilidade.
Por todas as razões citadas, ainda que a Administração Pública
contrate o projeto ou a obra com profissional ou empresa qualificados
e habilitados, ou que tenha igualmente o assessoramento técnico de
empresa ou profissional habilitados e qualificados, é também de sua
responsabilidade qualquer erro formal, imperícia ou negligência, por
meio dos seus agentes públicos. Essa condição confirma a ideia de que
é altamente recomendável que os órgãos públicos que tenham no seu
34
organograma setores responsáveis pela contratação de projetos, obras ou quaisquer serviços de engenharia, contem
com profissionais legalmente habilitados e com constante processo de qualificação.
No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF),do MF, a Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de
novembro de 2011 – dispõe sobre os procedimentos relativos à elaboração de Projetos Básicos e Executivos, bem
como à execução de obras, serviços de engenharia, reparos e adaptações no âmbito da SRF – determina o seguinte,
no art. 3º, parágrafo 1º, do seu Anexo I:
 
Art. 3º Após a definição do Programa de Necessidades deverá ser elaborado o anteprojeto. Este
documento constitui a configuração inicial da solução arquitetônica para a obra, considerando as
principais exigências contidas no Programa de Necessidades.
§ 1º O anteprojeto, sempre que possível, deverá ser elaborado por servidor devidamente
habilitado do Ministério da Fazenda, preferencialmente da Secretaria da Receita Federal do
Brasil (BRASIL, 2011).
 BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Diário Oficial da União,
Brasília, 1990.
 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2015. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.067/2016 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2016.
2.2.3 A importância da observação da
representação gráfica na apresentação de projetos –
Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os erros mais comuns observados nos projetos;
Reconhecer a consequência gerada pelo recebimento de um projeto com deficiência na sua representação
gráfica e os prejuízos daí advindos.
A primeira está diretamente ligada ao processo criativo, à geração da ideia, ao significado e ao teste das
possibilidades, tema tratado dentro do campo da semiótica e intensamente desenvolvido por autores dedicados ao
estudo do pensamento complexo. 
Nessa ação, a forma de representação certamente terá influência sobre o resultado final, condicionando inclusive a
fluidez das ideias do projetista. A escolha do instrumento de representação gráfica condicionará a síntese do seu
pensamento criativo e o sucesso da intenção de projeto. Não nos deteremos nessa questão neste curso; ela é
citada apenas como referência ao potencial apresentado pelos diversos instrumentos de representação gráfica.
A segunda função remete à comunicação, como o próprio nome demonstra, à correta representação da intenção do
seu autor. Melhor comunicação haverá entre o comunicante do projeto (o seu autor) e o seu leitor, quanto maior for a
precisão e a correção da representação.
Bertin (1986) esclarece essa condição por meio da relação da ação inventiva das ideias, com a sua representação:
ETAPAS DA DECISÃO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
Definir o problema;
Construir o quadro de dados.
 Análise matricial do problema (definição
de questões).
Adotar uma linguagem de tratamento;
Tratar os dados categorizando os dados
exaustivos.
Tratamento gráfico da informação
(descobrir as respostas).
Interpretar para decidir e para comunicar os
dados simplificados.
Representação gráfica de comunicação
(comunicar as respostas encontradas).
Você sabia que o desenho de projetos, que resulta na sua representação gráfica, assume
notadamente dupla função?
37
38
Observando-se o quadro acima, percebe-se a complexidade do processo que resulta na correta representação gráfica
do objeto. Assim, o desenho final deverá ser esclarecedor da intenção do seu autor, sob pena de falhar na
comunicação do objetivo pretendido.
Durante muito tempo a representação gráfica teve por objetivo apenas o registro dos objetos. A partir do século XV,
iniciou-se a transformação da forma comunicativa, incorporando ações criteriosas de análise qualitativa do objeto
representado por meio da riqueza de elementos dos instrumentos da sua representação. Essa mudança deu-se por
intermédio de Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano da Renascença, e a potencialidade comunicativa dos seus
desenhos e esboços. Ao vencer o concurso para o projeto da cúpula da Catedral Santa Maria Del Fiore, em Florença,
Brunelleschi utilizou instrumentos de representação gráfica que mostravam notável compreensão do funcionamento
estrutural da cúpula e a criteriosa análise do sistema construtivo, por meio da representação figurada. 
 
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39
Borges, M. M. Formas de representação de projeto. In: NAVEIRO, R. M.; OLIVEIRA, V. F. (Orgs.), O
projeto de engenharia, arquitetura e desenho industrial: conceitos, reflexões, aplicações e formação
profissional. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2001.
BERTIN, J. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Tradução de Célia Maria Westphalen.
Curitiba: UFPR, 1986.
 CARVALHO JR., J. M. N. Prática de arquitetura e conhecimento técnico. 1994. Tese (Doutorado em
Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
2.2.3 A importância da observação da
representação gráfica na apresentação de projetos –
Parte 2
Na mesma época, Leon Battista Alberti, arquiteto e pintor italiano renascentista, complementando o trabalho
iniciado por Brunelleschi, assinalou outro marco na arquitetura e na engenharia, utilizando na representação de seus
desenhos a análise científica da perspectiva, o que consolidou a forma de apresentação de perspectivas utilizadas
atualmente, as perspectivas cônicas.
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A ABNT apresenta a NBR 6294/1994, atualmente em revisão, como normativa para a representação gráfica em
projetos de arquitetura. Muito embora específica para essa disciplina, por analogia pode-se adotá-la como orientação
para a representação gráfica de todas as demais disciplinas que concorrem para o projeto de uma edificação
(estrutural, elétrico, ar condicionado, hidrossanitário, etc.). Essa norma determina a correta forma de apresentação do
projeto de arquitetura, por meio da escolha das linhas de representação, dos elementos mínimos necessários, do
formato das pranchas de desenho, das técnicas de representação, etc.
Compete ao gestor de contrato a exigência de atendimento a tal norma quando da contratação dos projetos da
Administração Pública.
A incorreção e a imprecisão na representação gráfica dos projetos contratados podem possibilitar erros de
interpretação dos desenhos por parte das licitantes, e, com isso, permitir conclusões equivocadas quanto à técnica
construtiva ou em relação aos quantitativos do projeto, refletindo diretamente na formação do preço da obra.
2.2.3 A importância da observação da
representação gráfica na apresentação de projetos –
Parte 3
Os principais erros de representação gráfica encontrados nos projetos são:
1. Não correspondência entre o corte do desenho e a sua marcação em planta baixa. Essa condição pode levar à
interpretação errada do comando construtivo quando da execução da obra, onerando o seu custo pela necessidade de
correção (demolições e ajustes), quando detectada pelo fiscal.
2. Não correspondência entre a legenda e os desenhos do projeto. Essa situação pode causar, nos projetos de
instalações, a interpretação errada dos tipos de elementos (tubulações, fiação etc.), ocasionando a quantificação
equivocada de materiais.
3. Cotagem errada dos elementos de desenho, o que pode levar à incorreta interpretação das medidas e à consequente
execução equivocada da obra ou quantificação de materiais.
4. Erro na representação das linhas de desenhos, especialmente nos cortes e vistas, ocasionando a interpretação
incorreta dos elementos e levando à execução em desacordo com o projeto, o que gera a necessidade de demolição e
nova execução, onerando o custo da obra.
5. Falta de indicação das bitolas das tubulações nas instalações hidrossanitárias, em plantas baixas, ou sua indicação
parcial. Essa situação gera dúvidas quanto às bitolas corretas, de acordo com o trecho e a hierarquia da rede, levando
à eventual quantificação errada das diferentes bitolas.
A figura demonstra a falta de informação quanto ao diâmetroda tubulação da instalação de chuveiros automáticos
para prevenção de incêndio no seu trecho terminal, o que gera a dúvida sobre qual é o diâmetro correto que deve ser
adotado.
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Perceba, portanto, caro aluno, que muito mais do que uma forma simplificada de registro das intenções de projeto, a
representação gráfica tem importante função, por ser a ação responsável principalmente pela comunicação e pelo
consequente entendimento da ideia a ser transmitida. Projetos, muitas vezes simplificada e depreciativamente
chamados de meros “desenhos”, especialmente por leigos, são, na verdade, complexas ações de desenvolvimento e
manifestação das intenções e ideias do seu autor, podendo condicionar o sucesso ou o fracasso do seu objeto.
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte
1
2.3.1 A coordenação do projeto de edificações
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Observar a interdependência dos projetos que compõem uma edificação,
a interferência de um projeto em outro e as consequências das decisões
isoladas.
Dentro da atividade de projeto, a coordenação assume condição de
destaque, configurando-se em uma das iniciativas de maior importância a
partir do seu projetista. Nos editais da Administração Pública para a
contratação desse tipo de serviço, a coordenação de projetos deve estar
listada como uma das atividades que comporão o serviço prestado e que
deve ser tratada com ênfase, dada a sua importância. A despeito da
discussão jurídica existente entre os conselhos profissionais (Sistema
Confea/Crea e CAU/BR) sobre a legitimidade para o
desenvolvimento dessa atividade, saiba que a sua responsabilidade é
exclusiva daquele profissional que concebe o projeto. Assim, espera-se
que, nos projetos desenvolvidos por engenheiros, a sua coordenação a
eles seja vinculada, e que nos projetos desenvolvidos por arquitetos
imponha-se a mesma lógica.
Naturalmente, nos projetos relacionados à infraestrutura (pontes,
estradas, barragens etc.), normalmente desenvolvidos por engenheiros,
estes também assumirão a figura de coordenadores.
Por outro lado, nos projetos de edificações, normalmente desenvolvidos
por arquitetos, a responsabilidade recai sobre tais profissionais.
Este curso não tem por objetivo acalorar a polêmica sobre as competências privativas ou
compartilhadas de tais profissionais, mas é importante esclarecer a necessária atuação do
responsável pelo projeto, seja ele arquiteto, seja engenheiro, na sua coordenação. Afinal, a
coordenação do projeto garantirá a sua qualidade e somente o seu criador, que o concebe, tem
condições plenas de tomada de decisões sobre a sua forma de elaboração. Ainda que essa
atividade possa ser desenvolvida por outro profissional, dos quadros do órgão público, ou
contratado para tal, na forma de atividade de revisão do projeto, é incomparável o domínio do
processo pelo seu projetista.
40
 
 
 Ver Resolução Confea nº 1010/2005, Resolução CAU/BR nº 51/2013, Resolução Confea/Crea nº
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte
2
Para responder a essa questão, deve ser inicialmente entendido como um projeto é concebido. Especialmente em
projetos de arquitetura, a soma das variáveis envolvidas apresenta questões de ordem formal (formas arquitetônicas),
teórica (teorias de arquitetura), estética, análise de estruturas (sustentação do edifício, no caso de edificações),
análise de instalações (subdisciplinas como instalações elétricas, hidrossanitárias, de climatização e ventilação
mecânica etc., no caso de edificações) e completa normativa técnica e legal aplicada ao campo de atuação. Para
consolidar todas essas variáveis há várias formas de abordagens, o que requer a atuação do coordenador, em um
processo de grande complexidade. A coordenação é então o teste contínuo e sistemático de integração,
interdependência e consolidação de influências dessas variáveis, de forma a buscar o melhor resultado possível na
concepção final do objeto.
Dada a ideia acima, conclui-se que o profissional legítimo para a ação de coordenação do projeto deve efetivamente
ser o seu criador. Comumente confundida com gerenciamento de projetos, a coordenação representa atividade
inerente ao processo criativo e não pode ser delegada. Enquanto o gerenciamento atua no controle de prazos e
processos, promovendo a intermediação entre os profissionais ou as atividades envolvidas na elaboração de um
projeto, a coordenação promove a integração do projeto, é inata do seu processo e exclusiva do seu agente.
A falta da coordenação nos projetos possibilita o surgimento de lacunas ou questões não respondidas, que resultam
na imprevisão de soluções, acarretando o incremento dos custos da execução das obras dele advindas. Na
Administração Pública, cujo roteiro a ser seguido encontra variadas regras e procedimentos, a falta dessa iniciativa
causa prejuízos financeiros significativos. Uma boa coordenação de projetos a partir do seu projetista minimiza a
necessidade de revisão dos projetos por parte do órgão público, economizando tempo e mão de obra. Minimiza
também os erros de orçamento, visto que a coordenação identifica incompatibilidades que possam existir entre as
diversas subdisciplinas integrantes de um projeto.
Finalmente, e não menos importante, pode-se dizer que a coordenação do projeto atua no resultado formal e estético
do objeto, ao controlar as interferências intrínsecas do processo projetivo, de uma disciplina em outra, cuja falta de
controle poderia condenar a beleza, a funcionalidade e o desempenho do produto final.
A atuação do projetista não se limita, então, ao domínio da sua especialidade. A sua responsabilidade estende-se à
amarração das informações que consolidem o objetivo pretendido, representado pelo objeto de arquitetura ou
engenharia, seja ele uma edificação, seja elemento de infraestrutura urbana ou viária.
1048/2013 e Notas Explicativas sobre a Especificação e Fundamentos das Atividades Privativas de
Arquitetos e Urbanistas – CAU/BR.
Mas o que é a coordenação do projeto?
41
Ao arquiteto, desenvolvedor do projeto de arquitetura de uma edificação, cabe a tomada de decisão, assessorado pela
sua equipe de projetistas complementares, sobre o sistema ideal de condicionamento do ar, alimentação de água fria
ou quente, esgoto pluvial e sanitário, elementos estruturais ou qualquer outra infraestrutura que integre o objeto.
Ao engenheiro, desenvolvedor de um projeto de infraestrutura urbana ou viária, cabe a tomada de decisão,
igualmente assessorado pela sua equipe de projetistas complementares, sobre o sistema ideal a ser adotado pelas
demais disciplinas que integrem aquele projeto.
Nos dois casos, os únicos profissionais que têm plenas condições de dar as melhores soluções globais e integradas
para o produto final são os responsáveis pela sua concepção, pois somente eles detêm com clareza a ideia formal
sobre o objeto desenvolvido.
 DÜLGEROGLU, Y. Design methods theory and its implications for architectural studies. Design
methods: theories, research, education and practice. California, v. 33, n. 3, p. 2870-2879, 1999. 
JUTLA, R. An inquiry into design methods. Design methods: theories, research, education and practice,
California: Design Methods Institute, v. 30, n. 1, p. 2304-2308, 1996.
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Distinguir o conceito de projeto (desenhos, orçamento e Caderno de
Especificações);
Reconhecer a necessidade de uma análise completa de todos os
documentos que compõem um projeto e a sua inter-relação.
No tópico anterior, procurou-se identificar o conceito de coordenação de
projetos, examinando as ações envolvidas no processo criativo do projeto e
a sua distinção do conceito de gerenciamento de projetos, atividade que
atua notadamente no controle dos processos, prazos e intermediação dos
atores envolvidos naelaboração de um projeto. Por ser termo de amplo
significado, o gerenciamento de projetos aplica-se a várias áreas do
conhecimento humano, e não somente à construção civil.
A compatibilização de projetos, seguindo-se tal linha de raciocínio, pode
ser entendida como um nível mais específico de atuação do projetista na
elaboração do seu projeto. Os termos “coordenação” e “compatibilização”
de projetos têm conceitos similares, muitas vezes se confundindo. O
primeiro, no entanto, é mais abrangente, conforme apresentado no tópico
anterior. A compatibilização de projetos dedica-se a um nível mais
imediato da sua análise e está refletida principalmente na sua representação
gráfica e nas suas interferências.
Note-se que, na apresentação desses conceitos (coordenação,
gerenciamento e compatibilização de projetos), a figura do projetista toma
grande importância. A Administração Pública como gestora do contrato (conceito apresentado no tópico 2.2.2 deste
módulo) tem a responsabilidade sobre o projeto, pelo qual responde, subsidiariamente, a projetista, sendo inclusive
passível de denúncia por órgão de auditoria ao conselho profissional, quando da sua má atuação e quando causadora
de prejuízos à Administração.
O projeto de uma edificação (ou de elemento de infraestrutura urbana ou viária) é composto obrigatoriamente de
alguns elementos, a saber: os desenhos gráficos, o Caderno de Encargos e a planilha orçamentária com cronograma
físico-financeiro.
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 2
É recorrente o entendimento, especialmente pelos leigos, de que um projeto é representado pelo
conjunto de pranchas de desenho que o representam. Muitas vezes equivocadamente chamadas
de “plantas”, as folhas integrantes desse conjunto são apenas o item “desenhos gráficos” do
pacote do projeto. A esse somam-se o documento descritivo da sua materialização (Caderno de
Encargos) e os documentos quantificadores e formadores de preço do seu objeto (planilha
orçamentária e cronograma físico-financeiro). Cada um desses elementos deve estar
perfeitamente integrado aos demais, sendo obrigação precípua do projetista a sua coesão,
coerência e consolidação. Subsidiariamente compete à Administração Pública, por meio do
gestor de contrato, a completa revisão desses elementos para a verificação da sua integração.
A compatibilização de projetos deficiente promove a dúvida sobre a decisão a ser tomada, na
eventualidade de contradição de informações entre os documentos de um mesmo projeto,
podendo gerar prejuízos financeiros à Administração Pública. Um mesmo item do projeto deve
ter idêntica especificação nas pranchas de desenho, no Caderno de Encargos e na planilha
orçamentária, e essa consolidação é obrigação do projetista, o autor e criador do projeto. 
 
 
Ao gestor do contrato, arquiteto ou engenheiro, é obrigatória a revisão desses elementos para que
se identifiquem eventuais incompatibilidades de informações, tornando-se essa uma
responsabilidade solidária, em jurisprudência pacificada pelos Tribunais Superiores e órgãos de
controle, conforme já demonstrado ao longo deste curso. Caso ocorra tal situação, deve ser
gerado relatório ao projetista, para que este promova as devidas correções e esclareça as dúvidas
e contradições.
Na hipótese de não identificação de incompatibilidades existentes nesse conjunto de documentos no momento da
contratação do projeto e após o seu aceite, caberá ao fiscal da obra, durante a execução, a mediação da solução,
buscando sempre o esclarecimento das dúvidas junto ao projetista. Eventuais alterações em quantitativos e valores
daí advindos deverão ser realizadas.
Dentro do conjunto das pranchas de desenho, os seus diversos elementos gráficos devem igualmente apresentar
coerência e relação entre si. Essa condição, tratada no tópico 2.2.3 deste módulo, evita o surgimento de dúvidas por
eventuais informações desencontradas que possam haver entre os diversos desenhos integrantes do conjunto de
pranchas gráficas. Erros dessa ordem são muito comuns nos projetos da construção civil, em função da falibilidade
do procedimento de composição de desenhos pelo método atualmente adotado, o uso de softwares de CAD
(Computer Aided Design – ou Projeto Assistido por Computador). A necessidade de geração dos seus diversos
elementos em momentos distintos muitas vezes possibilita esse desencontro de informações. As novas tecnologias,
especialmente o conceito BIM, trazem alto grau de precisão na produção integrada dos diversos desenhos de um
projeto, assunto que será tratado no tópico 2.3.4.
 
 
Os elementos “Caderno de Encargos” e
“planilha orçamentária”, tanto quanto possível,
devem ter estrutura de organização similar.
Assim, a listagem dos itens da planilha
orçamentária deve buscar obedecer à
distribuição dos itens trazida no sumário do
Caderno de Encargos, com numeração
sequencial hierarquizada para os diversos
elementos do projeto.
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações –
Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar a importância do projeto de arquitetura no projeto de
edificações, como referência para todos os demais projetos.
Como você já pôde ver em tópicos anteriores, o projeto de uma
edificação envolve um grande número de disciplinas de acordo com
as instalações específicas que serão necessárias no edifício. Como
também já destacado, esses projetos devem guardar estreita e coerente
relação entre si.
Em um edifício de porte médio, convencional, com vários
pavimentos, destinado a escritórios ou instalações administrativas, no
atual estágio da construção civil, serão necessários os seguintes
projetos, minimamente:
 Projeto de arquitetura;
 Projeto estrutural (concreto armado, metálico ou madeira);
 Projeto de instalações hidrossanitárias (água fria e/ou quente, esgoto
sanitário, esgoto pluvial, água de reúso);
 Projeto de instalações elétricas (tomadas, pontos de força e
iluminação);
 Projeto de instalações de rede lógica (dados e voz);
 Projeto de instalações de CFTV (circuito fechado de televisão);
 Projeto de controle de acesso;
 Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica;
 Projeto de prevenção e proteção contra incêndios (sistemas passivos e ativos – saídas de emergência,
iluminação de emergência, hidrantes, chuveiros automáticos etc.);
 Projeto de elevadores;
 Projeto de GMG (grupo motogerador);
 Projeto de urbanização e paisagismo.
E ainda, conforme o detalhamento do projeto:
Projeto de esquadrias;
Projeto de revestimento de fachadas;
Projeto de cogeração de energia;
Projeto de tratamento de efluentes.
Essas disciplinas, com seus desenhos finalizados integrando o conjunto impresso da
documentação de projeto, da forma como é praticado atualmente, resultam em centenas de
pranchas de desenho, chegando facilmente a 500 pranchas, nos formatos A1 ou A0, para edifícios
de médio porte (dez pavimentos, com área construída entre 20.000 e 30.000 m²). Esse complexo
 
 
conjunto de desenhos tem como ordenador inicial o projeto de arquitetura. Embora tal informação
possa parecer óbvia, é comum a sua incompreensão, em que se verifica muitas vezes a adoção da
premissa errada para a elaboração de uma determinada disciplina, ao basear-se em projeto
diferente do projeto de arquitetura.
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações –
Parte 2
Para que se consolide o entendimento, vejamos o que determinava a ABNT NBR 13531:1995 – Elaboração de
projetos de edificações – Atividades técnicas:
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Essa norma técnica foi cancelada em 2017, estando em processo de revisão, tendo sido substituída pelo conjunto de
normas ABNT NBR 16636:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos
arquitetônicos e urbanísticos.
O texto da norma em vigor traz, na sua parte introdutória, a seguinte orientação:
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