Buscar

Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia

Prévia do material em texto

Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia
Noções Prévias de Fiscalização de Projetos e Obras
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Relacionar qual é a legislação vinculada aos processos licitatórios, aos contratos e à fiscalização;
· Perceber a importância de cada uma das leis aplicadas aos temas.
Seja bem-vindo ao curso de Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia! Durante o seu desenvolvimento, você terá contato com vários temas relacionados a essas duas importantes ações do servidor público que atua na área. Com o objetivo de encaminhar as atividades do curso de maneira didática, iniciaremos, neste Módulo 1, com a apresentação e a introdução de alguns conceitos importantes. Certamente, prezado(a) aluno(a), muitos dos conceitos que serão aqui desenvolvidos já são do seu conhecimento, ou mesmo domínio. Outros, no entanto, podem ser novos, e serão aqui apresentados. Para que possamos atender inclusive aqueles alunos que não têm conhecimento aprofundado no tema, essa ação de apresentação dos conceitos ganha grande importância e será constaFnte até o final do curso. Assim, desejamos a você uma excelente experiência, e que comecemos os trabalhos!
No âmbito da Administração Pública, as atividades de fiscalização de projetos e obras apresentam uma particularidade, se considerarmos o desempenho dessas mesmas atividades no âmbito da iniciativa privada. Trata-se da preparação da contratação, amparada em normativas legais específicas, e o seu resultado com a publicação de um edital. Compare e veja que na esfera pública as contratações são muito mais demoradas do que aquelas da iniciativa privada.
O edital, como peça fundamental para as contratações de projetos e obras, é o instrumento que norteará a relação entre a Administração Pública e a proponente (dos serviços), e dele fará parte a minuta do contrato, como um dos seus anexos, quando das modalidades de licitação Concorrência e Tomada de Preços, ou Dispensa de Licitação e Inexigibilidade (BRASIL, 1993, arts. 40 e 62)1. O regime jurídico para tais contratos, conforme a Lei n° 8.666/1993, confere à Administração Pública a prerrogativa de modificá-los unilateralmente para a melhor adequação às finalidades do interesse público, respeitados os direitos do contratado.
Para as demais modalidades, o contrato é facultativo, podendo ser substituído por carta-contrato, nota de empenho de despesa ou ainda ordem de execução de serviço.
Início de destaque importante.
É muito importante que os profissionais que atuam nessas áreas detenham um conhecimento básico de legislação relativa à elaboração de editais. A preparação desse instrumento convocatório deve obedecer às inúmeras normativas, muitas em constante atualização, devendo a sua redação ser correta e atualizada, visto que esse será o principal documento da relação contratante/contratado, servindo de referência legal durante todo o período da contratação. O edital, como é o principal elemento que solucionará impasses e esclarecerá dúvidas, se incorreto, perderá o seu propósito, inclusive dando oportunidade para contestações judiciais, caso não esteja bem elaborado ou redigido de forma clara, coesa e obedecendo fielmente à legislação vigente.
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 2
Recentemente, a Instrução Normativa (IN) n° 05, de 25 de maio de 2017, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (Seges/MP), determinou a obrigatoriedade do gerenciamento de riscos para as contratações públicas, com a elaboração de mapas de riscos, juntados aos autos dos processos em algumas etapas da licitação, entre elas ao final da elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico.2 Já a Portaria n° 389, de 23 de agosto de 2017, do Ministério da Fazenda (MF), determina que devam ser adotadas as minutas padronizadas da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) na elaboração de instrumentos de contratação pública de serviços, como projetos ou execução de obras pelos órgãos do MF. Essa determinação foi acatada com a edição da Portaria da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 2.363, de 6 de julho de 2017.
Outro aspecto importante é a observação ao Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, que regulamenta o art. 3° da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela Administração Pública Federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (Cisap), e ao Decreto nº 9.178, de 23 de outubro de 2017, que o atualiza. Complementa o mesmo tema a IN da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MP) nº 01, de 19 de janeiro de 2010, que dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, e dá outras providências.
A Lei nº 8.666/1993 determina os elementos mínimos necessários à composição de um edital. No seu art. 40 estão as principais exigências para a sua elaboração:
Saiba Mais!
Preste muita atenção nos três pontos desse artigo (acima em negrito), os quais devem ter a sua total atenção como fiscal do contrato.
O primeiro refere-se à previsão legal de que seja parte integrante do edital ao menos o Projeto Básico do objeto (no caso em estudo, obras ou serviços de engenharia), com a relação completa dos seus elementos (pranchas de desenho, especificações técnicas e tantos outros elementos necessários ao entendimento do objeto). Você encontrará um estudo mais aprofundado dessa relação no tópico 1.1.2 e no Módulo 2.
O segundo ponto refere-se à necessidade de que conste do edital o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e custos unitários.
Início de destaque importante.
Este orçamento é uma responsabilidade da Administração, e servirá como uma referência para o preço de venda que se deseja para o objeto a ser contratado.
Fim de destaque importante.
Isso não impede, no entanto, que as licitantes apresentem valores diferentes para os custos unitários em relação àqueles demonstrados na planilha referencial da Administração, advindos de sistemas de custos de referência. Essa possibilidade deve respeitar, porém, regras definidas nos diversos Acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema e determinações que constarão do próprio edital.
Início de destaque.
O preço global da etapa não deverá ser excedido, ainda que os seu custos unitários formadores sejam distribuídos de forma diferente, ou que sejam diferentes daqueles obtidos a partir dos sistemas de custos de referência previstos no Decreto nº 7.983/2013, assunto que estudaremos no Módulo 3.
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 3
O terceiro ponto refere-se à inclusão, nesse artigo, da obrigatoriedade de que conste no edital a minuta do contrato. Essa determinação advém do fato de que os contratos administrativos são contratos de adesão, já que as suas cláusulas são estabelecidas unilateralmente pela Administração. 
O licitante (ou contratado), ao participar da licitação, demonstra aceitar as condições do contrato, cuja minuta estará anexa ao edital. Esse simples comando legal servirá de base de argumentação em eventuais discussões futuras acercas das obrigações e dos direitos do contratado, assunto ao qual nos dedicaremos no Módulo 4.
Já o art. 41 da Lei nº 8.666/1993 define que o edital é peça régia quando da licitação e contratação dos serviços, ou seja, ele é a lei interna da licitação, documento que servirá ao esclarecimento para quaisquer controvérsias que venham a ocorrer durante o períododo contrato e ao qual a Administração está vinculada:
Início de legislação.
“Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada” (BRASIL, 1993).
Fim de legislação.
Início de destaque importante.
A elaboração de editais, considerando-se todos os quesitos já discutidos até aqui, é tarefa complexa e que requer dedicação do agente público. Por tal razão, é imprescindível a sua capacitação no seu desenvolvimento. Soma-se a isso o fato de que há constantes atualizações na legislação afeta ao tema, que muitas vezes corrigem ou alteram preceitos anteriormente adotados, seja pela edição de novas leis, seja por jurisprudência dos Tribunais Superiores ou outros órgãos de controle.
Fim de destaque importante.
Sendo o edital a peça fundamental na relação contratual entre a Administração Pública e o contratado, dele faz parte a minuta do contrato de prestação de serviços, conforme disposto no art. 40, inciso XVII, parágrafo 2º, item III da Lei nº 8.666/1993.
Contudo, uma análise detalhada da Gestão por Competências da RFB (no caso dos servidores desse órgão), apresentada na forma de uma Cadeia de Valor, por meio do Mapa Estratégico da instituição, informa quais são as competências que se espera do servidor, em níveis fundamental, gerencial (quando servidor ocupante de cargos de chefia) e específico.
A Gestão por Competências da RFB está vinculada à Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal (PNDP), que foi instituída pelo Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, sendo o referencial para a política de capacitação do servidor.
Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 4
Dentro das competências individuais específicas necessárias ao servidor, estruturadas de acordo com os processos de trabalho que compõem a Cadeia de Valor da RFB, aquelas aplicadas aos servidores arquitetos, engenheiros, ou demais servidores que atuam na Fiscalização de Projetos e Obras, são as relacionadas ao macroprocesso “Gestão de Materiais e Logística”, processo de trabalho “Gerir Imóveis e Obras” (Portaria RFB n° 38, de 11 de janeiro de 2016), e são as listadas a seguir:
Perceba que, das competências elencadas, os dois itens marcados devem ser observados com muito cuidado, pois invocam grande responsabilidade do agente público. Ambos tratam da responsabilidade subsidiária que está vinculada ao servidor quando nomeado fiscal do contrato, na figura de especialista (engenheiro ou arquiteto), e que será novamente tratada nos Módulos 2 e 4. O primeiro está diretamente ligado à qualidade e à segurança do ambiente construído. O segundo, à observância das determinações e jurisprudência dos órgãos de controle.
Note que a qualidade e a segurança do ambiente construído referem-se ao cuidado de se prever instalações que atendam às normas técnicas ou normas legais intrinsicamente vinculadas ao desempenho, à funcionalidade, ao conforto, à acessibilidade e à segurança. Como exemplo, podemos citar a necessária observação à legislação ambiental ou à legislação de incêndio. Nesse aspecto, o fiscal do contrato com formação técnica é solidariamente responsável, caso não sejam cumpridas as normativas técnicas ou legais que são vinculadas à construção, inclusive podendo vir a ser responsabilizado civil e criminalmente nesses casos.
Em relação aos órgãos superiores de controle, a não observância das suas normativas legais (acórdãos ou outras jurisprudências), por parte do fiscal do contrato, poderá implicar a sua responsabilização, inclusive prevendo sanções.
Dessa forma, é de vital importância que o fiscal proceda com todo o rigor na atuação da sua fiscalização, devendo sempre fazer constar nos autos do processo administrativo do contrato todos os seus atos relativos a tais quesitos, como exigências da observância de tais normas e, o mais importante, o seu cumprimento.
Manutenção da infraestrutura física da RFB – gerir a infraestrutura física da RFB, mantendo a adequação dos imóveis aos padrões técnicos e à imagem institucional, de forma a conferir funcionalidade e segurança à consecução das atividades-fim;
Adequação da infraestrutura física – adequar a infraestrutura física da RFB, de acordo com os padrões técnicos e a imagem institucional, propiciando um ambiente seguro e saudável aos servidores no desempenho de suas atividades;
Contratação de projetos, obras e serviços de engenharia – gerir os procedimentos necessários à contratação de projetos, obras e serviços de engenharia, inclusive orçamentos, tendo em vista a gestão efetiva dos recursos disponíveis e o desempenho das atividades-fim;
Fiscalização de projetos, obras e serviços de engenharia – fiscalizar minuciosamente a execução dos contratos e a realização de projetos, obras e serviços de engenharia, primando pelo pleno cumprimento da especificação do objeto, das obrigações do contratado e das orientações dos órgãos de controle e fiscalização.
O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Identificar o conceito de Termo de Referência, como apresentado na legislação, e a sua elaboração de forma eficiente.
Conforme orientações do TCU, o Termo de Referência é o documento que definirá o escopo do objeto do contrato quando da licitação na modalidade pregão, regida pela Lei nº 10.520/2002, incluindo os serviços comuns de engenharia. Nas modalidades definidas pela Lei nº 8.666/1993, para a licitação de obras, tal documento é o Projeto Básico, previsto no item I, parágrafo 2°, inciso XVII, do art. 40. Constitui-se em importante etapa que antecede o Projeto Básico, a elaboração de estudo técnico preliminar ou anteprojeto, previstos no art. 6º da Lei nº 8.666/1993:
Saiba Mais!
Pereira Jr. (2012) ensina3:
"Durante o estudo preliminar, avaliam-se questões que possibilitarão a elaboração de anteprojeto em conformidade com as necessidades administrativas e as características do objeto a licitar, ou a contratar de forma direta. Tal estudo leva em conta aspectos como:
a) adequação técnica; b) funcionalidade; c) requisitos ambientais; d) adequação às normas vigentes (requisitos de limites e áreas de ocupação, normas de urbanização, leis de proteção ambiental etc.); e) possível movimento de terra decorrente da implantação, necessidade de estabilizar taludes, construir muros de arrimo ou fundações especiais; f) processo construtivo a ser empregado; g) possibilidade de racionalização do processo construtivo; h) existência de fornecedores que deem respostas às soluções sob consideração; i) estimativa preliminar de custo e viabilidade econômico-financeira do objeto (PEREIRA JR., 2012)."
Já para a contratação de serviço de elaboração do Projeto Básico da obra ou edificação, farão parte de anexo do edital as diretrizes e especificações técnicas do projeto pretendido, em que estarão descritos todos os requisitos (técnicos, de prazos etc.) que deverão ser atendidos.
Início de destaque importante.
Essas diretrizes devem ser dadas por profissional habilitado, do próprio quadro da Administração, ou contratado para tal, e serão abordadas no Módulo 2.
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 2
Para a contratação de serviços de execução de obras, nos quais já se tenha o Projeto Básico, estarão descritas em anexo ao edital as diretrizes para a elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra (previsão dada pelo art. 7º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.666/1993), e as providências que se espera da contratada quando da sua execução. Obviamente, não será descrito nesta peça todo o roteiro técnico para a execução da edificação ou obra viária ou de infraestrutura, visto que isso é tema do projeto de construção civil (documentos técnicos) que dela fará parte. Nas diretrizes para a elaboração do Projeto Executivo, complementar ao Projeto Básico, estarão descritos os elementosque devem ser entregues à Administração quando da execução ou finalização da obra (além do Projeto Executivo, os laudos, o “as built” etc.), e as providências que devem ser tomadas pela contratada para a execução do objeto (observância às normativas de sustentabilidade, à legislação ambiental, ao cronograma de etapas, aos prazos etc.).
O Termo de Referência, ou Projeto Básico, deve apresentar os seguintes itens:
Justificativa no que se refere à alternativa escolhida, notadamente quanto à viabilidade técnica, econômica e ambiental do serviço;
Fornecimento de uma visão global do serviço e identificação de seus elementos constituintes de forma precisa;
Especificação do desempenho esperado;
Demonstração de que estão sendo adotadas soluções técnicas, quer para o conjunto, quer para suas partes, amparada por memórias de cálculo e de acordo com critérios de projeto previamente estabelecidos, de modo a evitar e/ou minimizar reformulações e/ou ajustes acentuados, durante a fase de execução;
Identificação e especificações dos tipos de serviços a serem executados, dos materiais e dos equipamentos a serem incorporados;
Definição das quantidades e dos custos dos serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e o porte do objeto, de forma a ensejar a determinação do custo global;
Início de destaque.
O detalhamento de todos os serviços da planilha orçamentária tanto motiva o preço referencial proposto, como dá maior condição ao particular de melhor oferecer a sua proposta, ao conhecer todas as nuanças da contratação. Além da necessária publicidade e motivação do referencial de preços utilizado, tal medida instiga a competitividade e contribui para a economicidade do certame, uma vez que, ao melhor conhecer o objeto, em tese, embutem-se menos riscos na contratação. O particular, igualmente, deve apresentar o detalhamento de seus preços. Não se destina desclassificar concorrente por sobrestimativa de eventual insumo, posto que tal rigorismo em nada contribuiria para a obtenção da "melhor proposta". A demonstração objetiva de todos os custos do empreendimento subsidia a Administração em eventuais análises de exequibilidade da oferta. Também evita a ocorrência de duplicidade de encargos dispostos no orçamento e serve de lastro probatório para o discernimento de futuros pleitos de reequilíbrio econômico-financeiro (CAMPELO; CAVALCANTE, 2014, p. 119).4
Fim de destaque.
 
Destaca-se, dessa doutrina, a característica meramente referencial do orçamento da Administração. Enquanto esse é necessário e obrigatório, conforme o Decreto nº 7.983/2013, o orçamento da licitante é de sua responsabilidade, devendo esta produzi-lo conforme a sua técnica adotada, seus procedimentos construtivos ou de projetos e o seu enquadramento tributário, sempre observando os limites e as regras dados no próprio decreto.
Por certo essa condição remete àquela licitante toda e qualquer assunção de responsabilidade pelos serviços que serão prestados, pelo preço ofertado e pela distribuição dos seus custos, inclusive para a eventual celebração de aditivos ao contrato, conforme será estudado no Módulo 3.
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 3
As regras sobre como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei nº 8.666/1993 (Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário, TCU);
Fornecimento de subsídios suficientes para a montagem do plano de gestão do serviço;
Detalhamento dos programas ambientais, compatível com o porte do serviço;
Observância das normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), de modo a abranger todos os materiais, equipamentos e serviços previstos no projeto;
Se a referência de marca ou modelo for indispensável para a perfeita caracterização do componente do serviço, a especificação deverá indicar as expressões “ou similar”, “ou equivalente” ou “de melhor qualidade”, definindo-se com clareza e precisão as características e o desempenho técnico requerido pelo projeto, de modo a permitir a verificação e a comprovação da equivalência com outros modelos e fabricantes;
As especificações técnicas deverão considerar as condições locais em relação ao clima e às técnicas a serem utilizadas;
As especificações de componentes conectados a redes de utilidade pública deverão adotar, rigorosamente, os padrões das concessionárias;
As especificações de componentes conectados a redes de utilidade pública deverão adotar, rigorosamente, os padrões das concessionárias;
Características e condições do local de execução dos serviços, bem como de seu impacto ambiental, se houver, considerando-se os seguintes requisitos: segurança, funcionalidade e adequação ao interesse público, possibilidade de emprego de mão de obra, materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para execução, de modo a diminuir os custos de transporte, facilidade e economia na execução, na conservação e na operação, sem prejuízo da durabilidade do serviço, adoção das normas técnicas de saúde e de segurança do trabalho adequadas e infraestrutura de acesso;
Observância de critérios e parâmetros técnicos prescritos na norma NBR 9050/2015, relacionados à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida (Acórdão nº 853/2013 – Plenário, TCU);
Catálogo de projetos que devem ser elaborados pela contratada, durante a execução do serviço, retratando a forma exata como foi cumprido o objeto contratado (“as built”);
A indicação de leis, decretos, regulamentos, portarias e demais atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais, bem como normas técnicas aplicáveis ao objeto.
Início de destaque.
A expressão “pessoas portadoras de deficiência” , constante no item "p" da infografia acima, atualmente está em desuso. O item apresenta o texto da lei. Essa expressão e as expressões correlatas “pessoa com
necessidades especiais” e “pessoa deficiente” não têm mais sido aceitas desde a assinatura, pelo Brasil, do Tratado Internacional dos Direitos Humanos na Convenção de Nova Iorque sobre os direitos das pessoas com deficiência, em 2007, e da edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Isso decorre do fato que a primeira expressão, ao transmitir a ideia de portabilidade, pode levar à conclusão de que se pode abrir mão da deficiência, configurando um eufemismo. Igualmente, a segunda e terceira expressões, equivocadamente, transmitem a ideia de redução da capacidade das pessoas com deficiência. A deficiência se manifesta na relação com o meio externo, mas jamais limita as habilidades das pessoas no desempenho de competências ordinárias.
Fim de destaque.
O Termo de Referência ou Projeto Básico contemplará ainda:
a) Cronograma físico-financeiro;
Saiba Mais!
b) Realização de vistoria (se obrigatória ou facultativa);
c) Data de início das etapas de execução, conclusão e entrega do objeto;
Saiba Mais!
d) Condições para o recebimento do serviço, recebimento provisório e definitivo;
e) Critério de aceitação do objeto e prazo para correções/substituições, quando em desacordo com as especificações exigidas;
f) Obrigações da contratada e da contratante;
g) Procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato;
h) Subcontratação (possibilidade ou não);
i) Projeto Executivo.
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Identificar os limites de atuação e as responsabilidades legais dos diferentes tipos de profissionais;
· Reconhecer por que o profissional habilitado é importante para a contratante;
· Reconhecer quais as vantagens de possuir o profissional habilitado no quadro do órgão.
Na esfera pública, a contratação de serviços de engenharia e arquitetura comumente se dá por necessidade da manutenção ou ampliação das suas instalações, como atividade não finalística, salvo em alguns poucoscasos, em que a atividade-fim do órgão público seja a construção ou a edificação. No entanto, uma das prerrogativas da Administração Pública é a gestão de contratos geridos por suas seções de licitação.
Nas seções de licitação, invariavelmente estão alocados servidores do órgão que apresentam experiência na gestão de contratos e certames licitatórios, mas que normalmente são servidores com pouca ou nenhuma experiência na contratação de serviços específicos de engenharia e arquitetura.
Salvo se o órgão dispor de seções especializadas nessas áreas, tais processos licitatórios são conduzidos pelas seções de licitação, que não raras as vezes têm pouca familiaridade para conduzir temas tão específicos.
Para essa situação, a Lei n° 8.666/1993 prevê, no seu art. 67, a possibilidade de assessoramento técnico especializado:
Saiba Mais!
No caso da RFB, há orientação no mesmo sentido, dada na Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011:
Início de legislação.
Art. 20. Caso seja necessário, a autoridade competente, mediante justificativa fundamentada, poderá autorizar a contratação de profissional, empresa ou escritório técnico, especializados, para assessorar o representante da Administração, assistindo-o e subsidiando-o com informações pertinentes a sua atribuição (BRASIL, 2011).5
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? – Parte 2
Da análise da legislação citada é possível identificar a diferença entre o servidor fiscal de contrato e o servidor profissional habilitado na área de engenharia ou arquitetura. O servidor fiscal de contrato, embora com experiência na sua gestão, não tem a experiência nas áreas específicas, salvo se habilitado.
Já o profissional habilitado em engenharia ou arquitetura detém o conhecimento técnico específico.
Como a realidade da maior parte dos órgãos da Administração Pública é ter as atividades de engenharia e arquitetura como áreas-meio – e não finalísticas –, é natural que nos seus quadros não estejam presentes tais profissionais. Por conta disso, a legislação traz explicitamente a possibilidade da contratação desses, como assessoria, conforme já mencionado, pelos comandos da Lei nº 8.666/1993, e, no caso da RFB, da Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011.
A presença desses profissionais nos quadros dos órgãos da Administração Pública, cujas áreas de atuação finalística não sejam a arquitetura e a engenharia, é, no entanto, recomendável. Isso se deve ao fato de que somente tais profissionais têm condições técnicas de contratar, fiscalizar e receber serviços de projetos e obras e, muito embora se possa dizer que essas atividades possam ser contratadas, na forma de assessoramento, a vantagem de o órgão ter servidores nessas especialidades é muito grande. A razão é simples: profissionais engenheiros ou arquitetos nos seus quadros, atuando nas áreas específicas, trazem segurança técnica mesmo quando tais atividades são contratadas na forma de assessoramento ou terceirizadas, visto que os servidores do quadro poderiam atuar como revisores.
Os servidores do órgão, desempenhando a atividade de revisão, possibilitam a análise isenta dos serviços propostos por empresas contratadas (tanto projeto quanto obra), ou ainda a complementação e a convalidação do trabalho desenvolvido por empresas de assessoramento.
1.4. Os conceitos específicos na área de fiscalização de projetos e obras – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Identificar os principais conceitos vinculados aos temas.
Nesta parte do Módulo 1, você será apresentado aos principais termos das áreas de arquitetura e engenharia, cuja conceituação é necessária para o desenvolvimento do trabalho do fiscal.
Retomam-se, dessa forma, os conceitos de Projeto Básico, Projeto Executivo e “as built”, já mencionados neste módulo, e apresentam-se outros termos de igual importância.
Os dois primeiros termos acima, especialmente, têm conceitos diferentes se tomados a partir da Lei nº 8.666/1993, das normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e das resoluções do sistema Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR).
Saiba Mais!
A ABNT NBR 16636-1:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes e terminologia, por sua vez, traz os seguintes conceitos:
Saiba Mais!
Já o Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop), por meio da sua Orientação Técnica n° 01/2006, assim define Projeto Básico:
Saiba Mais!
1.4. Os conceitos específicos na área de fiscalização de projetos e obras – Parte 2
E, por fim, o sistema Confea/Crea assim conceitua o termo “Projeto Executivo” na sua Decisão Normativa nº 106, de 17 de abril de 2015:
Saiba Mais!
Perceba que a variação na conceituação dos termos “Projeto Básico” e “Projeto Executivo”, conforme a legislação ou normativa consultada – e também a adoção da Lei nº 8.666/1993 como referência principal aos atos licitatórios da Administração Pública – tem causado muita confusão nas licitações dos órgãos públicos, em relação àquilo que se exigirá das licitantes e àquilo que o contratado entenda devido. Se considerarmos ainda o “as built”, identificam-se três termos vinculados à documentação técnica que deve ser gerada por ocasião do desenvolvimento do projeto ou da execução da obra.
Início de destaque.
Esse último, cujo conceito deriva da expressão da língua inglesa que significa “como construído”, trata tão somente do registro da solução técnica efetivamente executada na obra. Conforme o Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – Indústria Imobiliária, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), “as built” é o jogo completo do projeto arquitetônico e dos projetos das demais especialidades envolvidas, bem como dos pareceres de consultorias, contendo todas as anotações de ajustes e/ou alterações ocorridas, devidamente assinadas e assumidas pelos engenheiros e/ou arquitetos responsáveis pela obra, e será a base para a elaboração do Manual do Proprietário, obrigatório conforme a ABNT NBR 14037: 2011 – Versão Corrigida: 2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos.
Fim de destaque.
Esses conceitos devem ser parte integrante do instrumento convocatório com clara e precisa conceituação, devendo estar presentes no Termo de Referência ou Projeto Básico, anexo a esse.
Além do conhecimento dos conceitos anteriores, é importante o fiscal de contrato conhecer também os conceitos de retrofit, compatibilização de projetos e etiquetagem das edificações, apresentados a seguir. Não se pretende encerrar este tema neste módulo. Outros conceitos, igualmente importantes, serão definidos e apresentados ao longo do curso, conforme a sua aplicação.
Início de destaque.
Retrofit, conforme definido na IN nº 2, de 4 de junho de 2014, da SLTI/MP, é qualquer reforma que altere os sistemas de iluminação, condicionamento de ar ou envoltória da edificação. Segundo Qualharini (2004)9, retrofit “é processo de interferir em uma benfeitoria, que foi executada em padrões inadequados às necessidades atuais”. Assim, retrofit, em sua forma original, é qualquer tipo de reforma, a renovação completa de uma edificação, uma intervenção a um patrimônio, ou seja, colocar o velho em forma de novo, preservando seus valores estéticos e históricos originais, além de trabalhar com o conceito de sustentabilidade, na medida em que busca preservar os elementos que caracterizam a edificação ao invés de simplesmente descartá-los. Croitor (2009)10 define retrofit como a ação tomada quando há interesse do empreendedor pela substituição de sistemas prediais ineficientes e/ou inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou, também, quando as edificações encontram-se inacabadas e abandonadas. A ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho– Parte 1: Requisitos gerais, define retrofit como “remodelação ou atualização do edifício ou de sistemas, através da incorporação de novas tecnologias e conceitos, normalmente visando à valorização do imóvel, mudança de uso, aumento de vida útil e eficiência operacional e energética” (ABNT, 2013, grifo nosso)11.
Fim de destaque.
Note que o retrofit não se limita apenas a dar uma cara nova ao edifício, como é comumente entendido, mas lhe conceder renovação, necessariamente elevando o seu desempenho.
1.4 Os conceitos específicos na área de fiscalização de projetos e obras – Parte 3
A compatibilização de projetos é a atividade de integrar os diferentes elementos do projeto, para que todos tragam as mesmas informações. A coordenação de projetos, em um nível mais aprofundado, busca a identificação de orientações conflitantes, que poderiam ordenar comandos contraditórios nas pranchas de desenho ou outros documentos dos diversos projetos envolvidos na concepção de um objeto. Assim, projetos elétricos, hidráulicos, estruturais e de arquitetura, por exemplo, devem trazer coerência nas informações, referenciando-se em uma mesma base (plantas baixas, cortes, fachadas e demais desenhos). Os trabalhos de compatibilização e coordenação dos projetos são complexos e com alto grau de dificuldade, devendo ser feitos por profissional especializado (arquiteto ou engenheiro), e requerem treinamento e experiência. Atualmente, esse trabalho vem sendo facilitado com o uso de ferramentas BIM (Building Information Modelling – ou Modelagem da Informação da Construção), tema que será tratado no Módulo 2.
Por fim, a etiquetagem das edificações, que teve o seu início por meio da Lei nº 10.295, promulgada em 17 de outubro de 2001. Conhecida como Lei da Eficiência Energética, dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e visa desenvolver, difundir e estimular a eficiência energética no país. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001, que determinou que:
Início de destaque.
os níveis máximos de consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados no país, bem como as edificações construídas, serão estabelecidos com base em indicadores técnicos e regulamentação específica a ser fixada nos termos deste decreto, sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2001).12
Fim de destaque.
Para tanto, por meio do decreto foi instituído, em 2003, o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico para Melhoria da Eficiência Energética nas Edificações no país (GT-Edificações), para regulamentar e elaborar procedimentos para avaliação da eficiência energética das edificações construídas no Brasil, visando ao uso racional da energia elétrica.13
A etiquetagem das edificações, no âmbito da Administração Pública Federal, é obrigatória para edificações novas ou que recebam retrofit, com área superior a 500 m² ou cujo valor da obra seja maior que o equivalente ao Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB Médio Brasil) aplicado a uma edificação de 500 m², conforme o art. 8º da IN nº 2, de 4 de junho de 2014, da SLTI/MP.
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 1
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção predial da edificação
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto eficiente.
Os projetos da construção civil, nesses incluídos os projetos de edificações, além de serem, por sua natureza, roteiros para as atividades que concorrerão para a execução do objeto, são igualmente ferramentas de análise para as possíveis soluções técnicas a serem aplicadas no processo construtivo.
A palavra projeto significa, genericamente, intento, desígnio, empreendimento e, também, um conjunto de ações, caracterizadas e quantificadas, necessárias à concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de forma específica.
Início de destaque.
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada pelo arquiteto ou engenheiro. Essa obra deve adequar-se aos contextos naturais e culturais em que se insere e responde às necessidades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As exigências do cliente e dos usuários exprimem-se por meio do programa de necessidades que define metodologicamente o produto final.
Fim de destaque.
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da obra devem atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da funcionalidade e do desempenho.
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),14 os projetos de arquitetura devem atender cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcionalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) e “venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que se pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve conciliar desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e conservação.
Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha de soluções que determinem o melhor funcionamento do objeto construído, muito além da sua concepção ou construção. No projeto é que são definidos os conceitos e as técnicas que garantirão a permanência da construção, principalmente no quesito manutenção.
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das edificações. Muito embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações habitacionais, pode-se tomá-la como referência para qualquer tipo de edifício em que se pretenda condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas dessa normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando grande preocupação com a manutenção do edifício.
A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes permanentes para conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio construído.
Início de destaque importante.
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o custo para a Administração na conservação e na manutenção das suas construções por longo período.
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 2
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, muito além de ser um roteiro para a construção do objeto, é, antes de tudo, uma ferramenta para experimentação das soluções para o bom desempenho da obra ou do edifício, possibilitando a escolha das melhores soluções técnicas, aquelas que trarão o equilíbrio entre custo de construção, custo de manutenção e funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto.
Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência ou Projeto Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a sua elaboração pelo caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As definições e as exigências dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem ser tais que condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos aqui já mencionados.
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espaços, a morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice de compacidade ou da forma do edifício.
Início de destaque.
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas externas de um edifício em zona litorânea. Certamente toma-se aqui a condição extrema e atémesmo inadmissível, visto que, nas condições atmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por anodização ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da arquitetura e da engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas em edificações de ambientes litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles ambientes).
Fim de destaque.
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações (ou outras obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando da elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e do custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação.
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especificação de um projeto e o custo de manutenção do objeto construído. Veja que as escolhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras.
O custo de um projeto é sensivelmente menor do que os custos envolvidos na execução da obra. Por essa razão, perceba que é mais lógico e sensato concentrar esforços nessa importante etapa, evitando, por exemplo, economias irresponsáveis e permitindo que nessa ocasião possam ser avaliadas todas as possibilidades técnicas para a consecução do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou até mesmo descartar-se um conjunto de elementos impressos, do que demolir uma estrutura de concreto. O projeto, portanto, é o momento para a experimentação e o teste de possibilidades.
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a seguir.
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto:
Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente alguns aspectos na sua contratação:
Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais importância. De acordo com a Lei de Sitter,15 ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de razão 5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992)16. Assim, pode-se dizer que, arbitrando que o custo para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá custo 5, na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção corretiva alcançará o custo de 125.
Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instalações) das obras ou edificações.
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 2
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua vida útil, em consonância com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente.
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. No caso das especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação com o comando dado nesse artigo do referido decreto.
Ainda que o conceito de um bom projeto seja de difícil definição, visto tratar-se de
percepção subjetiva, para a qual contribuem diversas variáveis e referências, pode-se delimitar os requisitos mínimos que devem ser atendidos para que o resultado seja adequado aos objetivos da Administração Pública. É nesse sentido que recentemente os Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que buscam o aumento da eficiência da máquina pública, refletida inclusive na construção das suas instalações.
Início de destaque importante.
Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimização de recursos e critérios de sustentabilidade ambiental são normas que atualmente devem ter observância obrigatória pela Administração.
Fim de destaque importante.
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à elaboração de projetos da construção civil pelo poder público:
Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: essa iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental, visto que possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo no seu custo;
Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou nacionalizadas: essa iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto construído, visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção;
Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, luminárias em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz), sistema de iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do edifício ou obra;
Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a exemplo das instalações de iluminação em LED, proporcionam economia de energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica;
Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: a sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada, refletindo diretamente no custo do seu fornecimento;
Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisagismo: essa iniciativa possibilita a melhor adaptação e a baixa manutenção dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos recursos despendidos pela Administração Pública;
Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especificação dos projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC para a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e repintura dos elementos (quando especificados em madeira ou ferro), economizando recursos financeiros para os órgãos públicos.
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar iniciativa por ação de bons projetistas.
Início de destaque importante.
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a Administração Pública, quando da elaboração dos seus editais de contratação.
Fim de destaque importante.
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados, engenheiros e arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da construção civil e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do programa de necessidades para a contratação de um projeto de edificações.
Complementando as ideias trazidasnos tópicos anteriores, neste tópico serão abordadas as iniciativas por parte do gestor do contrato quando da contratação de um projeto da construção civil.
É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de agente público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, mas também pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa vida útil e que poderá gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção civil são concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser muito bem pensados, antes do início da primeira escavação.
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas definidas pela contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado final. Não devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do poder público, mas também não devem ter custo de construção excessivamente baixo, que venha a onerar o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme já explicitado anteriormente.
Início de destaque importante.
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua vida útil, o que inclui a sua concepção, execução, usufruto e eventual demolição.
Fim de destaque importante.
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem imóvel.17 Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada a edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a qualquer objeto da construção civil.
Início de destaque.
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação que rege as contratações da Administração Pública, em que comumente se observa para essas apenas o critério do custo do seu projeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se a tal regra, mas buscar o equilíbrio entre o custo do projeto e da execução e o custo da sua manutenção, desembolso que será permanente e que onerará os gastos da Administração Pública durante muitos exercícios financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos e engenheiros – são os únicos capazes de dar tal resposta.
Fim de destaque.
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam ao ambiente construído boas condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-estar e conforto.
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos seus projetos da construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, têm no setor público o seu fomento.
O poder público, como contratante de obras, tem potencialmente grande capacidade de transformação das nossas cidades. Veja que, por essa razão, as obras contratadas pela Administração devem trazer entre as suas características a adequação ao entorno e o baixo impacto ambiental. Os requisitos que devem ser buscados são o baixo consumo energético, a baixa geração de resíduos o bom desempenho térmico e acústico e a durabilidade. Condicionando a atuação da Administração Pública nas contratações de projeto, há vasta legislação. Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que obriga a instalação de equipamentos economizadores de água nos sanitários públicos de todas as novas edificações públicas a partir da data da sua vigência.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 2
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da obra, em relação à sua inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente transformador do ambiente construído, o poder público, na condição de contratante, deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que serão permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados “projetos-monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou simbólico, cuja forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), ou que não tenha relação com a função do objeto,18 um dos princípios norteadores da arquitetura. Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê-lo de forma sutil e indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem-sucedidos dessas iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), em Brasília, do arquiteto Hélio Ferreira Pinto19 (ver figura 4), e a ponte da mulher (el puente de la mujer), de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal dançando tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada patrimônio oral e imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem ser sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e imparcialidade, ou inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para que transmitam a preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. Essas duas características devem estar sempre acompanhadas do princípio da economicidade.
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premissas para as obras contratadas pela Administração Pública e que deverão fazer parte do programa de necessidades dos projetos:
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de Encargos?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto;
· Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”.
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do contrato tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, que os editais tragam correta apresentação dos conceitos e das definições.
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os conceitos de Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu esclarecimento, por meio do documento editalício. Essa condição não somente evita a eventual impugnação do edital como traz segurança jurídica ao órgão público.
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:20
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a consolidação do Memorial Descritivo e das especificações técnicas, documento este também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas. Esse documento é complementar às pranchas de desenho do projeto e tem por função a descrição completa do objeto, textualmente, e as orientações de como serão executados os serviços. O Caderno de Encargos ainda pode apresentar outras orientações, como a forma de medição dos serviços, a forma de descarte de resíduos, a forma de apresentação dos documentos finais, etc.
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultativo, dele devendo fazer parte obrigatoriamente, visto ser elemento que elucidadúvidas advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo instrumento de arbitragem nas eventuais dúvidas técnicas advindas da execução do objeto.
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao seu significado é o Memorial Justificativo. Alerte-se para o fato que esse documento é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o projeto. Nele estará contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas determinadas soluções e decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados, dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguintes itens:
1. Localização
x
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística), e a forma como o objeto relaciona-se com ele, indicando as soluções adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de ventos, etc.;
2. Programa de necessidades
x
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada solução para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que contenha um auditório, a explicação das razões pelas quais determinada forma foi adotada para tal auditório, a configuração da plateia, etc.;
3. Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística)
x
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, integração, hierarquia, etc.;
4. Volumetria
x
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar principalmente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando procedimentos que foram adotados, tais como subtrações, adições, composição de cheios e vazios, luz e sombras, texturas e materiais, linhas predominantes, etc.;
5. Tecnologia
x
Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício que será atingido com a opção pela forma de construção adotada, em relação à economia, ao desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que foi adotada a forma construtiva “estaiado para o projeto de um viaduto, em detrimento da forma “simplesmente apoiado”.
O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração dos projetos (conforme ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos –
Parte 2: Projeto arquitetônico), e não é comumente adotado ou exigido nas contratações da Administração Pública. É imprescindível, no entanto, quando for adotada a modalidade de licitação “concurso”, que será abordada no próximo tópico.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes tipos de objeto.
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências) traz ainda a modalidade de pregão.
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação do preço referencial no processo licitatório para a contratação de um projeto, item que fará parte do edital.
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos, obras e também para serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos serviços continuados as determinações constantes da IN nº 5, de 27 de junho de 2014 (dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral) da SLTI/MP.
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a pesquisa de preços para contratação de serviços em geral:
1 Portal de Compras Governamentais;
2 Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que contenha a data e a hora de acesso;
3 Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;
4 Pesquisa com os fornecedores.
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justificadas pela autoridade competente, conforme disposto no parágrafo 3º do art. 2º:
Início de legislação.
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa de preços, que não o disposto no parágrafo 2°, deverá ser devidamente justificada pela autoridade competente”.21
Fim de legislação.
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua mensuração de forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar referenciais criteriosos para a formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo objeto, pode haver sensíveis diferenças de preços em função da escala, da área de edificação considerada etc.
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior segurança na formação do preço. Sua confiabilidade seria dada pela tomada de ao menos três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda assim, nem sempre tal expediente traz resposta indiscutível à questão. Nesses casos, pode-se tomar como referência os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, Confea/Crea, Sindicato dos Engenheiros, Sindicato dos Arquitetos etc.).
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração de orçamentos e formação de preços de empreendimentos de infraestrutura), dividida em quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome. Com previsão de edição para o ano de 2018, esse conjunto de normas trará grande auxílio na análise e na formação dos preços referenciais para os serviços de projeto.22
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as modalidades de licitação aplicadas aos tipos de objetos, já que, normalmente, o preço é um dos critérios para a sua escolha.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 2
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser adotada conforme o valor do objeto. Não se impede, no entanto, que se adote a modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para licitações de limite de valor menor.23 Essa escolha, porém, deve levar em conta a racionalidade do próprio certame e o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se deve considerar também o próprio custo do processo de licitação.
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas licitações para contratação de projeto vêm sendo contratadas na modalidade pregão.
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme definido na lei que a instituiu. O art. 1º da Lei nº 10.520/2002 assim determina:
Início de legislação.
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (BRASIL, 2002, grifo nosso).24
Fim de legislação.
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, pondera:
Início de legislação.
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto licitatório é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar o devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável (BRASIL, 2014).25
Fim de legislação.
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não comoserviço comum de engenharia.
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152)26, argumenta, exemplificando a aplicação do conceito de serviços comuns de engenharia. Na opinião do autor, considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as contratações de serviços de engenharia sejam exclusivamente com licitação dos tipos “melhor técnica” ou “técnica e preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor preço” para tais serviços, o que impediria também o uso da modalidade pregão, visto essa ter como critério de julgamento exclusivamente o menor preço.
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente comum de engenharia, a impermeabilização de uma laje de uma edificação e um serviço de projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar de um responsável técnico, ou seja, configurar-se como um serviço intelectual, não poderia ser classificado como serviço comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de arquitetura, não é possível definir objetivamente sua forma, aparência e características arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de seu enquadramento como serviço comum.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 3
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário, se houver entendimento de que o objeto final de uma licitação de projeto não terá diferença, independentemente de quem o fará, este pode ser classificado como comum:
Início de legislação.
(...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma empresa ou profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empresa, dotada com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso “estudos e projetos”, pode ser caracterizado como “comuns”. Caso contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o objeto é incomum (BRASIL, 2011).27
Fim de legislação.
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho a seguir, muitos gestores acabam optando pela adoção dessa modalidade (pregão) para a contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno vulto. Opta-se, dessa forma, pelo caminho mais seguro, se considerarmos a segurança jurídica. Perde-se, no entanto, pela qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidade do projeto tendem a ser grandezas opostas, conforme demonstrado no tópico 2.1.2 deste módulo, por meio da figura 1, abaixo relembrada.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 4
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômica para a Administração Pública, as chamadas licitações deficitárias, visto que há casos em que o desconto obtido em um certame com esse tipo de modalidade – comparando-se o preço contratado com o preço inicial dos lances (orçamento referencial da Administração) – não alcançou o gasto despendido com o contingente de mão de obra envolvido no seu procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo feitos pela Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu que 85% dos órgãos da Administração direta realizam pregões deficitários.28
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e suas recentes ações quanto à adoção do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e tem alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de impugnação impetradas contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.29
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de pequeno vulto, o tipo de licitação a ser escolhido deve ser o de “técnica e preço” nas modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da RFB, por definição da Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no seu art. 11:
Saiba Mais!
Sabe-se que contratações de projeto têm pouca representatividade numérica no universo de contratações da Administração Pública. Não traria ônus à supremacia do interesse público o maior dispêndio de tempo e de recursos humanos da Administração para essa forma de contratação (licitações nas modalidades que não sejam o pregão), frente ao benefício que se teria com o resultado final do objeto fruto de um bom projeto, conforme já mencionado nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo.
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é o entendimento da academia e dos órgãos de classe da engenharia e arquitetura. Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos grandiosos pela sua qualidade, destaque e importância, aliados à quintessência da manifestação artística e tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso.
Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa.
A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, visto que, ao receber as propostas, a contratante avaliará desenhos conceituais, memoriais etc., ainda em fase preliminar.
O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos.
Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas.
O melhor projeto é selecionado por especialistas da área.
Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto.
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em torno do tema, é possível concluir que há grande vantagem para a Administração Pública na escolha da modalidade concurso ou licitações do tipo “técnica e preço” para a contratação de projetos.
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Reconhecer a proteção dos direitos autorais e a sua aplicação no âmbito do poder público como contratante.
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos autorais trazia no seu conceito original a proteção aos editores, o que, na Inglaterra, foi chamado de copyright. Essa condição, fomentada pela então recente invenção da imprensa, tinha por objetivo garantir àqueles editores e livreiros a remuneração dos altos custos de impressão aos quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito comuns nos primórdios da imprensa) ou outras informações adicionais.
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares da Revolução Francesa, em oposição à condição protetiva inglesa, o que se chamou droit d’auteur. Essa condição trazia outra inovação: a divisão dos direitos em direitos patrimoniais e direitos morais, concedendo ao autor não só a proteção sobre a sua autoria, como também à propriedade da sua obra.31
No Brasil, a legislação sobre direitos autorais teve início ainda no período imperial, por meio da edição de normas vinculadas à proteção de obras jurídicas, com a criação dos primeiros cursos de direito, com alguma evolução ao longo do período republicano e sua consolidação, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que reunia a legislação sobre o tema.
Na Constituição da República de 1988 surge, pela primeira vez em um texto constitucional, a proteção dos direitos de autor como uma garantia individual. Vejamos o seu art. 5º:
Saiba Mais!
Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que revoga a lei de 1973 sobre o tema e que está em vigor atualmente, com recente alteração pela Lei nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão coletiva dos direitos autorais, as duas regulamentadas pelo Decreto nº 8.469, de 22 de junho de 2015.
No âmbito da Administração Pública e sua relação com os autores, aqui enfatizados os autores de obras intelectuais de projetos, um dos temas no nosso curso, é limitada a possibilidade de transferência daqueles direitos. Como contratante, a Administração tem a possibilidade de transferência para si apenas da parte relativa aos direitos patrimoniais do autor.
Para tratarmos a questão, é necessário primeiramente que entendamos a divisão dos direitos autorais.Conforme a Lei nº 9.610/1998, esses dividem-se em patrimoniais e morais, a exemplo das primeiras manifestações do modelo legislativo francês sobre o tema. O seu art. 22 diz que ambos os direitos pertencem ao autor da obra intelectual.
O direito moral, inalienável e irrenunciável, por tratar-se de direito que protege a criação de espírito, não pode ser transferido, e confere, ao autor, as seguintes prerrogativas, dadas no art. 24 da Lei n° 9.610/1998:
Saiba Mais!
Para os incisos V e VI, são ressalvadas as indenizações aos terceiros atingidos: “§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, quando couberem” (BRASIL, 1998).
O art. 26 traz importante informação:
Saiba Mais!
Início de destaque importante.
Esse comando limita, portanto, a discricionariedade do contratante quanto à alteração da obra intelectual, e deve ser muito bem observado pela Administração Pública, aqui enfatizados os projetos contratados pelo poder público, sob pena de gerar ao autor, em eventuais alterações do objeto, o direito a indenizações.
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 2
O segundo grupo de direitos do autor são os patrimoniais, relativos à propriedade da obra. Vejamos o que diz a Lei nº 9.610/1998 quanto a essa questão:
Saiba Mais!
A leitura dos artigos acima indica a necessidade de transferência daqueles direitos patrimoniais pelo autor ao adquirente, para que esse possa fazer a utilização e o usufruto da obra.
Saiba Mais!
Assim, é necessário que a Administração Pública, como adquirente do direito patrimonial do autor (por meio da devida remuneração pela obra adquirida), faça constar no edital da licitação cláusula expressa, conforme demonstrado no inciso II do art. 49 da Lei n° 9.610/1998.
Início de destaque importante.
Veja que, diante do que estabelece aquela lei, é importante também o cuidado da Administração Pública quanto à eventual alteração do objeto contratado. Na execução de obras, a partir da contratação de um Projeto Básico, conforme permitido pela Lei n° 8.666/1993, deve ser observado com elevado critério a elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra, também autorizado pela referida lei. O Projeto Executivo em questão – com o significado que tem – já discutido no tópico 1.1.2, do Módulo 1 deste curso, deve configurar-se em mero detalhamento complementar, jamais podendo alterar a concepção original dada no Projeto Básico.
Fim de destaque importante.
Alterações naquela concepção geram a possibilidade de o autor buscar indenizações ou mesmo reparação judicial contra a ofensa ao seu direito moral.
Início de destaque.
A coautoria, por conseguinte, é instituto que prevê a assunção da paternidade de uma obra artística ou trabalho técnico por dois ou mais autores. A sua manifestação é direta, por meio do acordo entre os participantes quando da composição do objeto, em que cada um dos autores contribui com a sua ideia na elaboração do intento, trazendo como resultado ideia única da combinação dessas. Os coautores têm igual peso na responsabilidade pelo objeto constituído e também iguais direitos.
Fim de destaque.
Essa é uma das razões pelas quais se deve tomar cuidado quando da revisão dos projetos contratados pela Administração Pública por meio da elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra. Essa também é uma das razões para a contrariedade dos conselhos de classe (CAU/BR e sistema Confea/Crea) quanto a essa prática.
Permitida pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 7º, essa condição prevê a possibilidade de complementação do Projeto Básico por meio do chamado Projeto Executivo, que pode vir a transfigurar o objeto original, o que se caracterizaria uma clara afronta ao direito autoral.
Início de destaque.
Lembre-se de que a Lei nº 8.666/1993, conforme já exposto neste curso, no tópico 1.1.4, traz confusão nos conceitos de Projeto Básico e Projeto Executivo. Para que se afaste o risco de ofensa à autoria do projeto, a ação permitida para o momento da obra, em relação à revisão do projeto, deveria ser tão somente a de detalhamento complementar. Essa complementação teria apenas o caráter de esclarecimento da ideia advinda do projeto original (o Projeto Básico da licitação) eventualmente não detalhada, ou que possa ter gerado dúvida quanto à sua forma de execução, preservando a autoria do objeto, impedindo o risco de desobediência ao direito autoral e, desta forma, dando segurança à conduta do gestor do contrato.
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 1
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
· Indicar a necessidade de verificação das normativas técnicas e demais normativas legais citadas no projeto, sua vigência, a data da sua edição etc.
Nos processos licitatórios, o edital de licitação e o seu Termo de Referência ou Projeto Básico são os elementos que definem os procedimentos para as contratações da Administração Pública. Dessa forma, ao ser recebido o projeto, toma-se como primeira ação do gestor a necessidade de análise do objeto quanto à observância das diretrizes expostas no Termo de Referência ou Projeto Básico do edital.
Nessa ocasião, a revisão deve pautar-se na observação do atendimento ao programa de necessidades, à legislação, às diretrizes técnicas e aos objetivos expostos naquela peça processual.
Simultaneamente a essa revisão preliminar, o gestor mergulhará na documentação do projeto para a identificação do atendimento aos itens de entrega obrigatória para o tipo de objeto. A relação desses itens deve sempre estar expressa no Termo de Referência ou Projeto Básico para que o gestor tenha a legitimidade na sua cobrança. Para a sua elaboração, no momento da montagem do edital, a Administração deve fazer constar as orientações das normas técnicas, a bibliografia sobre o assunto e as determinações dos conselhos profissionais.
Complementarmente, e como rica fonte de consulta, pode-se observar as orientações do TCU, por meio da Portaria da Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) nº 33, de 7 de dezembro de 2012, no seu item I.1.2.1 e no seu Anexo II.
Os elementos mínimos a serem apresentados para o projeto de uma edificação de porte médio, conforme esse item da portaria, são:
Levantamento topográfico;
Sondagens;
Projeto arquitetônico;
Projeto de terraplanagem;
Projeto de fundações;
Projeto estrutural;
Projeto de instalações hidrossanitárias;
Projeto de instalações elétricas;
Projeto de instalações telefônicas;
Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate a incêndio;
Projeto de instalações lógicas;
Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica;
Projeto de instalação de transporte vertical.
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 2
O conjunto de documentos do projeto deve contemplar as peças gráficas (pranchas de projeto), com a indicação da sua revisão e data, o Caderno de Encargos, o cronograma físico-financeiro e o orçamento detalhado, com a indicação da data-base para os preços tomados.
No Caderno de Encargos, deve estar descrita a lista das pranchas de desenho integrantes do projeto, com a sua revisão e data. No cronograma físico-financeiro e no orçamento detalhado deve ser mostrado o título do projeto para a sua fácil identificação. As pranchas de desenho devem ser apresentadas dentro das normas da ABNT, condição que deve estar expressa no edital. Essa condição vale também para o Caderno de Encargos. Esse documento, conforme o tamanho do objeto, atinge o volume de 400 páginas ou mais, razão pela qual deva ser apresentado com sumário. Recomenda-se que o sumário siga a mesma sequência numérica que será apresentada na planilha orçamentária, o orçamento detalhado. Essa forma de ordenação não somente torna mais coesa a informação apresentada pelo autor do projeto, como possibilita a facilitação do trabalho futuro do executor da obra e, principalmente, do seu fiscal.
Para a conferência da documentação entregue, o gestor do contrato pode valer-se da adoção de lista de checagem, documento

Continue navegando