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Perguntas de Ciência Politica

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1- DEMOCRACIAS E REGIMES AUTOCRÁTICOS 
 2 - REGIMES AUTOCRÁTICOS TOTALITÁRIOS E REGIMES AUTOCRÁTICOS AUTORITÁRIOS
3 - O REGIME MILITAR NO BRASIL (1964-1985) AUTOCRÁTICO AUTORITÁRIO?
4 - ANÁLISE DA FASE 1964 A 1968 E APÓS O ATO INTITUCIONAL Nº 5 de 1968
Os regimes políticos do mundo classificam-se como autocráticos ou democráticos, observando o grau de participação dos governados no processo de escolha dos governantes e o grau de independência ou liberdade dos governados em relação aos governantes. E também como liberais ou não liberais, se existirem limites constitucionais que impeçam os governantes de impor todas as suas vontades sobre os governados. Entretanto, essas duas características podem se fundir dando origem a autocracias liberais e democracias não liberais, de forma mais simplificada é claro.
	A autocracia possui a principal característica de ser um regime fechado para a vontade dos governados na escolha dos governantes, sendo que na autocracia liberal são respeitadas a constituição e as leis que dela decorrem e, portanto, o Estado dividido em Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. São também características de regimes liberais a preservação dos direitos civis e políticos, o qual esse último limitado a homens instruídos e proprietários de bens, ou seja, só a minoria da população possui voz política. Por essa razão os regimes liberais são titulados autocracias, uma vez que a maioria dos governados não influencia na indicação do governo, nem controla os governantes.
A democracia é caracterizada pela participação do povo na escolha de seus governantes, porém nem todo país democrático é liberal, como podemos observar no caso da nossa vizinha Venezuela, em que o Presidente Maduro foi eleito pela população, mas exerce seu poder sem limites. As democracias não liberais não possuem as mesmas características dos regimes liberais, no qual podemos citar a ausência da separação entre os poderes do Estado.
	Podemos chegar a conclusão que a democracia e o liberalismo são completamente distintos e podem não estar relacionando-se no regime. A democracia desenvolveu-se em quase todo o mundo, já o liberalismo não. Mesmo entendendo que a democracia é originária da autocracia liberal, os termos democracia e liberalismo não fazem parte de um todo.
O autor Ricardo Coelho (COELHO, Ricardo Corrêa. Ciência Política. Brasília: Capes/UAB, 2010) classifica e difere dos demais regimes autocráticos e considera que o regime militar no Brasil (1964 a 1985) foi um Regime Autocrático Autoritário “pelo constante recurso ao terror e pela pretensão de controlar totalmente os indivíduos e a sociedade.” Diferente dos outros regimes autoritários da América Latina, as atividades dos partidos políticos brasileiros não foram suspensas entre 1964 e 1966. Os partidos criados em 1945 continuaram ativos. Somente em 1966 os partidos vigentes foram dissolvidos para dar origem a um sistema bipartidário, composto pela Aliança Renovadora Nacional (Arena) que era a base de sustentação do governo e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que era a oposição. Somente em 1979 teríamos novamente um sistema multipartidário, onde surgiram muitos dos partidos ainda em atividade, como o PT, o MDB, o PDT e o PTB. Ainda o regime autoritário conviveu com a Ordem Constitucional e com o Parlamento em funcionamento ao contrário dos países vizinhos. A Constituição de 1946 foi substituída em 1967 e essa reformulada em 1969. O AI5 de 13 de Dezembro de 1968 deu poderes excepcionais ao Presidente da República, não previstos na Constituição de 1967, sendo o Executivo o poder absoluto do Estado, e o próprio Estado violava os direitos fundamentais dos indivíduos com a imposição da censura aos meios de comunicação, prisões sem Ordens Judiciais e a prática da tortura.
 A denominação “totalitarismo” surgiu com a publicação da Obra “As origens do totalitarismo” da pensadora Alemã Hannah Arendt que é citada na obra de COELHO, 2010 e justifica-se a citação para ilustrar que a Alemanha hitlerista e a União Soviética stalinista constituíram os exemplos genuínos de governo totalitário. Um recente estudo usado pela CIA, pelo governo americano e por acadêmicos do país, o estudo Polity IV (Projeto Polity IV: Características do regime político e transições, 1800-2013 Monty G. Marshall, diretor Monty G. Marshall, pesquisador-chefe da Societal-Systems Research Inc. Ted Robert Gurr, fundador da Universidade de Maryland (emérito) - https://www.systemicpeace.org/polity/polity4.htm) é uma classificação dos regimes históricos e atuais feito pela ONG Center for Systemic Peace (“Centro para Paz Sistêmica”), criada e patrocinado pela Political Instability Task Force (“Força-tarefa da Instabilidade Política“), fundada pela CIA em 1994. As primeiras versões do estudo partiram do trabalho do cientista político Ted Robert Gurr, da Universidade de Marlyland, consultor da CIA, chefe da PITF até sua morte, em 2017. Os países são classificados com uma nota entre 10 e -10, da melhor democracia, a mais repressiva ditadura. Oficialmente, os termos são democracia (6-10), anocracia aberta (1-5), anocracia fechada (-1 a -5) e autocracia (-6 a -10). Anocracia quer dizer “governo anômalo”, algo que mistura democracia e ditadura. Autocracia é um sinônimo para regime autoritário, categoria que inclui regimes de partido único comunistas, monarquias absolutistas, ditaduras militares e ditaduras personalistas. Esse estudo traz nota do Brasil no pior período da ditadura. Sendo ela pior que a de Cuba (-7) e da União Soviética pós-Stalin (-7). O -9 é idêntico ao da União Soviética no final do período Stalin, do Camboja de Pol Pot e a China durante a Revolução Cultural (a nota da China de hoje é -7). Exemplos de notas -10 hoje são a Coréia do Norte e o Haiti de Baby Doc Duvalier.
Claramente esse estudo e tantos outros classificam o regime militar no Brasil como uma DITADURA, principalmente no período após o AI5 de 1968, que estudiosos afirmam ser a época do “golpe dentro do golpe”. A fase do regime militar não foi igualmente repressiva por toda sua duração. Ela começou prometendo só uma “faxina” política, acabou por cancelar eleições diretas e criar um sistema indireto viciado, feito para que só seus favoritos fossem eleitos. Dentro desse sistema, ela teve uma fase extremamente repressiva nos anos do AI-5 (1968-1978, na prática não aplicada mais na era Geisel, a partir de 1974).
O que aconteceu em 1º de abril de 1964 foi, do ponto de vista dos envolvidos, uma intervenção militar para as Forças Armadas “resolverem” a crise política do país (razão da queda da nota no período Jango). Apoiada massivamente da classe média para cima e pela imprensa, a segunda se arrependendo já no ano seguinte. A sensação geral é que o presidente João Goulart pretendia dar um “autogolpe”, com apoio dos comunistas, fazendo uso do baixo escalão do Exército, que simpatizava com ele, destituindo seu próprio líder, o presidente João Goulart, de forma insubordinada e inconstitucional. Chamaram a isso de “movimento” e “revolução”. Prometendo salvar a democracia do comunismo, populismo e corrupção, os militares expurgaram seus adversários do congresso e do funcionalismo público – o judiciário sendo o alvo maior – com o AI-1, em 9 de abril de 1964. 
Seis dias depois, um congresso mutilado e intimidado “elegeu” seu primeiro presidente, Humberto de Alencar Castelo Branco. Basicamente foi aclamação: 361 votos contra 5 para os outros dois que concorriam, Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra (ambos generais). Castelo Branco, em tese, só ficaria até as próximas eleições, marcadas para o ano seguinte. Mas essas foram canceladas pelo AI-2, que acabou com as eleições diretas para presidente e forçou o país a ter só dois partidos: o pró-regime, a Arena, e o da oposição consentida, o MDB. Assumindo em 1974, Ernesto Geisel começou o caminho da “abertura lenta e gradual”, terminando por cancelar o AI-5 em 1978. Seu sucessor, João Baptista Figueiredo, daria anistia a todos os condenados políticos em 1979, e não resistiria ao fim doregime, que veio por eleições. Até 1982, os militares manteriam maioria na câmara, que sempre levava seu escolhido ao cargo. Então aconteceram as primeiras eleições pluripartidárias, com o partido dos generais, rebatizado para Partido Democrático Social (PDS) ainda elegendo a maior bancada, com 49,06% (contra 55% em 1978). Mas o PDS racharia em 1985, com uma ala formando a Frente Liberal (FL, depois PFL) apoiando a candidatura do opositor Tancredo Neves (e indicando como vice José Sarney). O candidato do regime, o civil Paulo Maluf, perderia por 480 a 180 votos. (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/partido-democratico-social-pds) .
Tancredo morreria sem assumir. E, mesmo com Sarney sendo egresso da Arena/PDS, isso foi considerado o fim do regime.
Observamos que como todo regime autocrático, o autoritarismo também é caracterizado pelo controle do acesso ao poder. Nos regimes autoritários encontramos elementos que contrariam as demais características dos regimes totalitários. No autoritarismo, o Estado não pretende controlar totalmente a sociedade. Aos indivíduos, é assegurado um determinado grau de liberdade e independência, isto é, existem esferas da vida civil que são livres da interferência e controle do Estado, como por exemplo, o direito a propriedade privada. O Brasil hoje é recheado de instituições fortes e independentes que nos dão um pouco de segurança no que tange ao retorno de tais regimes autoritários. È da natureza humana a prevalência da vontade do maior/mais forte sobre o mais fraco/menor e é inerente até a sociedade mais básica (a dos animais). A lei e regras estabelecidas em comum têm que ser seguidas por todos. E os desajustados? O que fazer com eles? Deixar que criem seus próprios territórios? Em toda sociedade existirá o contraditório, aqueles que preferem viver a margem das sociedades organizadas. 
Às vésperas de uma mudança na administração do nosso país, estamos acompanhando a descrença da população com a democracia na forma como está sendo direcionada após 1985. Parte da população desconhece os transtornos causados por regimes autoritários, desejando-os até, para uma suposta manutenção da Lei e da Ordem. Parte aparece como a salvação da classe trabalhadora e das “vítimas da sociedade” desde que essas minorias sejam negras, pobres, índios, mestiços, migrantes, favelados e analfabetos. Sendo essa “vitima” branca, morador de bairros de classe média, portador de Diploma do Nível Superior/ Curso Técnico ou opositor as idéias defendidas pela sua ideologia política é considerada uma “falsa vítima” e dessa forma, tendo a pretensão de controlar totalmente a sociedade, também classifico esse “plano de governo” como parte de um governo totalitário moderno. 
Nessa perspectiva, chegamos a uma encruzilhada em que nos é mostrado apenas essas “duas mãos” – somente duas opções. E então faço a pergunta à outra parte: Onde estão aqueles que querem viver de acordo com a Constituinte e as Leis já estabelecidas? Onde está o cidadão neutro, aquele que deseja compartilhar a vida, e não somente a terra e a propriedade? A resposta acredito, que não está nos regimes e nos partidos, e sim nas mãos de pessoas comuns, no cidadão dos locais mais longínquos dos grandes centros do país. Aqueles que como nós lutam todos os dias pelos Seus, e que ainda não visualizaram o quanto fazem a diferença nesta Democracia de qual não podemos abrir mão, nem por uma proposta nem pela outra.
REFERÊNCIAS:
- CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/partido-democratico-social-pds 
•	- Center for Systemic Peace, Estudo Polity IV – Perfil do Brasil -Projeto Polity IV: Características do regime político e transições, 1800-2013 Monty G. Marshall, diretor Monty G. Marshall, pesquisador-chefe da Societal-Systems Research Inc. Ted Robert Gurr, fundador da Universidade de Maryland (emérito) - https://www.systemicpeace.org/polity/polity4.htm 
- COELHO, Ricardo Corrêa. Ciência Política. Brasília: Capes/UAB, 2010

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