GESTÃO PATRIMONIAL E LOGÍSTICA (74)

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A Gestão de Suprimentos nos Centros Públicos de Saúde da Prefeitura Municipal de 
Salvador 
 
Autoria: Ana Cristina Franco Veloso da Cruz, Maria das Graças Pereira Henriques, 
Silvio Vanderlei Araujo Sousa 
 
Resumo: O presente artigo tem como objetivo examinar o modelo de gestão de suprimentos 
dos Centros Públicos de Saúde da Prefeitura Municipal de Salvador, no que se refere à 
requisição, recebimento, armazenagem e movimentação de estoque. Nota-se que em 
organizações de saúde, a gestão de suprimentos é de fundamental importância em face da 
urgência e criticidade de seus processos, uma vez que são necessários aos procedimentos 
médicos. O referencial teórico sugere quatro dimensões a serem analisadas: material, 
movimentação, estocagem e pessoal, os quais norteiam o desenvolvimento deste trabalho. 
Através de pesquisa de campo, municiada da aplicação de questionários, foram colhidas as 
informações nos Centros Públicos de Saúde. Os resultados da pesquisa demonstraram que o 
funcionamento da área de suprimentos ocorre de maneira simples, com procedimentos 
informais e sem padronização, necessitando de maior controle e capacitação dos gestores, 
inclusive, para providenciar melhor atendimento ao cidadão. Percebeu-se que a ineficiência na 
Gestão de Suprimentos termina por influenciar no atendimento aos cidadãos, principalmente 
devido à falta de materiais para executar os procedimentos médicos. 
 
 
1. Introdução 
 
 O objetivo geral que define o propósito deste trabalho é analisar o processo da 
Gestão de Suprimentos nos Centros Públicos de Saúde de Salvador, dando ênfase à 
requisição, recebimento e armazenamento dos materiais em geral e medicamentos. Tal 
iniciativa é justificada pela importância dos suprimentos no atendimento final aos cidadãos, já 
que não existem procedimentos médicos sem suprimentos. 
 De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil ocupa o 125º lugar entre 
os 191 paises do ranking mundial em qualidade de saúde pública oferecido aos seus cidadãos. 
Essa realidade é vista nas filas dos ambulatórios e hospitais públicos de todo o País. Esta 
situação não se deve a falta de dinheiro, uma vez que o orçamento do Ministério da Saúde 
conta com recursos suficientes para dividir entre os 6,5 milhões de hospitais integrantes da 
rede SUS - Sistema Único de Saúde. (GOMES, 2002). Cabem, portanto, outras justificativas 
para essa situação, como por exemplo, a gestão de suprimentos, uma vez que gerir bem os 
suprimentos minimiza os custos e contribui com o atendimento final ao cidadão. 
Em Salvador, com a municipalização iniciada em 1998, o número de Centros 
Públicos de Saúde (CPS), fixos e móveis, aumentaram de 89 unidades, progressivamente, 
para 116 unidades no ano de 2004, ampliando a oferta de serviços a população. (SMS, 2004). 
Para melhor gerir esses CPS, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) conta com doze 
Distritos Sanitários, aos quais competem planejar, coordenar, controlar e avaliar as ações e 
serviços públicos de saúde em consonância com o Planejamento Municipal. (DOM, 2002). 
Os Distritos Sanitários, através da Subcoordenadoria de Acompanhamento 
Distrital tem como uma de suas atribuições controlar estoques de insumos da assistência 
(DOM, 2002). Neste âmbito, nota-se a relevância da área de suprimento por se tratar de 
atividade crítica para a operacionalização dos CPS. 
A escolha desse tema advém da necessidade de conhecer o funcionamento dessa 
área, a forma como é tratada pelos seus gestores e a importância que ela tem para os CPS da 
PMS. Os CPS contam com recursos da SMS, Sistema Único de Saúde (SUS), além de verbas 
 
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do REFORSUS – Projeto de Investimento do Ministério da Saúde em parceria com o Banco 
Interamericano de Investimentos (BID) e o Banco Mundial (BIRD), no que se refere à 
recuperação física desses Centros (REFORSUS, 2003 apud SILVA, 2003, p.55). 
O SUS é tido como um modelo de organização dos serviços que tem como 
característica principal valorizar a gestão municipal e prestar serviços de saúde à população 
carente do país. Muito embora não tenha conseguido atender, da maneira desejada, o seu 
propósito. (VECINA NETO e REINHARDT FILHO, 1998). 
Vê-se que novas alternativas em saúde enfatizam a melhor utilização de recursos, 
a redução do desperdício, tanto de insumos em geral quanto de tempo, além da melhoria da 
qualidade dos serviços oferecidos. Para tanto, é necessário também, que as organizações de 
saúde e seus colaboradores, desenvolvam uma dinâmica de aprendizagem e inovação, 
entendendo a importância de adaptar-se às mudanças correntes em seu ambiente. 
A atividade de Gestão de Suprimentos busca disponibilizar produtos no momento 
exato para ser utilizado pela Logística e que representa a saída considerável de recursos da 
organização através da compra de materiais necessários a operacionalização das organizações. 
(POZZO, 2002). Há uma cultura fortemente institucionalizada e difundida na sociedade em 
geral, que a gestão de órgão público é o mesmo que ingerência, considerando informações 
generalizadas a respeito de medicamentos vencidos, armazenagem inadequada, excesso de 
estoque, e, portanto, desperdício de recursos públicos, em detrimento do estado de extrema 
necessidade da população. A contratação de pessoal desqualificado para o exercício de 
atividades pertinentes, também dissemina essa cultura. Tais fatos aguçam o interesse em 
conhecer qual a situação da gestão de suprimentos nos Centros Públicos de Saúde da 
Prefeitura Municipal de Salvador. 
De forma a responder essa questão, verificou-se o modelo de gestão de 
suprimentos utilizado nos CPS. Conhecendo a forma de controle adotada, os aspectos 
limitadores de um controle efetivo de estoques, com o objetivo de expor a necessidade de uma 
gestão de suprimentos de forma adequada, a fim de reduzir as perdas, estoques desnecessários 
e extravios, além de proporcionar a satisfação do cliente final. 
O objetivo geral distende para os seguintes objetivos específicos: 
• conhecer o funcionamento da área de suprimentos dos CPS; 
• identificar e descrever as principais técnicas adotadas na gestão de 
suprimentos nos CPS atualmente, no que diz respeito a material, 
movimentação, estocagem e pessoal; 
• verificar a qualificação profissional das pessoas envolvidas no processo de 
Gestão de Suprimentos dos CPS. 
As organizações de saúde não produzem serviços eficazes apenas com estruturas e 
pessoas. Os suprimentos em geral também fazem parte desse processo. A gestão de 
suprimentos eficaz irá fornecer insumos necessários, fazendo o papel central na busca de um 
serviço eficiente de saúde para a população. (CORREIA NETO e OLIVEIRA, 2003) 
Logo, a relevância desta pesquisa se dá pela busca de subsídios para melhoria da 
gestão de suprimentos nos CPS como forma de minimizar os gastos públicos atingindo assim 
um maior número de cidadãos carentes além de providenciar qualidade no atendimento. 
O presente trabalho tem na sua estrutura inicialmente, a contextualização do tema 
gestão de suprimentos, sua relevância, estabelecendo paralelo entre a teoria e a prática interna 
destes CPS. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, através da amostra de seis CPS, 
contemplando quatro Distritos Sanitários. 
Destacam-se no segundo capítulo a gestão de suprimentos, a partir da análise do 
referencial teórico identificando questões relevantes para a eficiência dos serviços oferecidos 
dos CPS. No terceiro capítulo faz-se um esclarecimento das características de cada modelo 
dos CPS existentes. 
 
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No quarto capítulo informa-se os procedimentos de pesquisa utilizados, 
detalhamento de métodos, identificando os casos analisados, sua descrição e informações 
gerais da população e respondentes da pesquisa. Além de expor o modelo de análise com 
dimensões, respectivos atributos e principaisproblemas relacionados à gestão de suprimento. 
No capítulo seguinte, descreve-se o estado atual da gestão de suprimentos, suas práticas e 
funcionalidades. 
Concluindo, são apresentados os dados da pesquisa e parecer a respeito da análise 
dos dados obtidos, além de apresentar críticas, sugestões e desdobramento do tema. 
 
 
2. Gestão de Suprimentos 
 
A análise proposta na pesquisa limita-se a três áreas: gestão de distribuição, 
logística e gestão de materiais. 
 A gestão de suprimentos envolve análise de diferentes áreas de uma organização, 
relacionadas e interdependentes que se pode denominar com maior fidelidade como Gestão da 
Cadeia de Suprimentos. É um conceito integrado que inclui tanto atividades de compra quanto 
atividade de distribuição física. (SLACK, 2002). 
 
Quadro 1 - Partes da Gestão da Cadeia de Suprimentos 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaboração Própria, adaptado de SLACK, 2002. 
 
Pozzo (2000) ao tratar do conceito de Gestão de Suprimentos sugere a 
 Fonte: Elaboração Própria, adaptado de SLACK, 2002. 
 
Pozzo (2002) ao tratar do conceito de Gestão de Suprimentos sugere a 
necessidade da aquisição do produto, retratado na função compras, que está excluída desta 
proposta de estudo, por estar este trabalho limitado apenas a suprimentos internos. 
A logística é uma operação integrada que cuida de suprimentos e distribuição de 
produtos acabados, mediante planejamento, com vistas à redução de custos. (VIANA, 2002). 
A logística inclui também o lado da demanda da distribuição física de bens, chegando até o 
consumidor final. (SLACK 2002) 
Ainda segundo Slack (2002), a gestão da distribuição física é a transferência e 
movimentação dos produtos e serviços para o cliente. Enquanto a gestão de materiais 
compreende o fluxo de materiais e as informações de suporte através da cadeia de 
suprimentos. 
Logo a logística tem como função primária, recebimento e conferência de 
materiais, estocagem, distribuição, o atendimento ao cliente e as pessoas que realizam este 
processo. Havendo um desdobramento funcional no que tange a gestão de materiais que se 
preocupa com prazos e formas de recebimento, conformidade de itens recebidos versus itens 
solicitados, de que maneira deve ser estocado, obedecendo a normas e procedimentos 
adequados e como devem ser distribuídos para melhor atendimento ao cliente. (PATERNO 
[199-]). 
A administração de estoque deve planejar e controlar a quantidade necessária de 
materiais e medicamentos armazenados, a fim de garantir suas disponibilidades nos 
momentos em que a produção ou serviços, necessitarem. O controle efetivo e eficiente de 
 Gestão de Compras Gestão de Distribuição Física 
 
 Logística 
 
 Gestão de Materiais 
 
 Gestão da Cadeia de Suprimento 
 
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estoque tem uma importância diferenciada no que tange os serviços de saúde, pois a falta de 
medicamentos e/ou materiais pode significar o insucesso de uma intervenção médica com 
conseqüências diretas à saúde e/ou sobrevivência do paciente BALLOU (1993, p. 237 apud 
PROTIL e MOREIRA, 2002) 
No que se refere à distribuição interna, este é um processo relacionado à 
movimentação de materiais e medicamentos, aos estoques armazenados internamente e os 
pontos de produção ou prestação de serviços. Existem várias técnicas que determinam as 
melhores formas, considerando o roteamento da movimentação e racionalização dos recursos. 
BALLOU (1993 apud PROTIL e MOREIRA, 2002, p. 04). 
Paterno [199-] descreve algumas medidas de melhoria desses controles: 
determinação de estoque máximo e mínimo dos setores usuários; política de requisições, com 
dia e hora para cada setor; blocos de requisição diversificados para farmácia e almoxarifado, 
com relação impressa de materiais mais comumente utilizados; assinatura do responsável pelo 
setor usuário; controle periódico, por elemento indicado pela administração dos setores 
usuários da organização. 
Em organizações de saúde a logística de distribuição deve garantir a entrega de 
itens em geral no momento e local necessário, muito embora esse fluxo de distribuição não 
seja bem definido e nem sempre possível de prever com a devida segurança os itens 
necessários a algum tipo específico de procedimento médico. E é essa falta de determinação 
que acarreta algumas dificuldades de planejamento e controle. DANIEL (1997 apud PROTIL 
e MOREIRA, 2002, p. 05). 
A Gestão de Estoque é um problema inerente a Gestão de Suprimentos e é 
definido, segundo Slack (2002), como acumulação armazenada de recursos materiais em um 
sistema de transformação. O autor cita que, gaze, sangue, alimentos, drogas e materiais de 
limpeza, fazem parte de estoques mantidos em operação em um hospital. Esses itens são de 
grande importância no processo de atendimento final ao cidadão. 
Estoques têm um valor e necessidades específicas para cada área, não justificando 
armazenar itens que não seja de primeira necessidade. Viana (2002) cita que a distribuição é 
uma atividade por meio da qual a organização efetua as entregas de seus produtos e que, por 
conseqüência está intimamente ligada à movimentação e transportes, devendo atentar-se, 
entre outros, a natureza do produto: cargas gerais, especiais e perigosas. 
 A distribuição física, última fase da logística, contempla os segmentos de 
depósito, movimentação, transporte, embalagem, acondicionamento e por fim expedição. 
A Gestão de pessoas tem importância nesse processo. A experiência e capacitação 
das pessoas envolvidas no processo produtivo de produtos e serviços é um pilar de 
sustentação para a eficiência dos serviços oferecidos nos CPS. 
Paterno [199 -] relata que os problemas mais comuns ligados a materiais e sua 
movimentação estão relacionados à sua guarda ou estocagem, e as pessoas que trabalham nos 
setores de estoques. Enumera alguns dos problemas, os quais analisou-se nos resultados da 
pesquisa. 
Em modelo de Regimento Interno, Paterno [199 -], dispõe sobre rotinas do serviço 
de materiais. Segundo Vecina Neto e Reinartd Filho (1998), materiais são produtos que 
podem ser armazenados ou que são consumidos de imediato. Nesse conceito ficam excluídos 
os materiais permanentes (equipamentos médico-hospitalar, mobiliários, veículos). 
A movimentação de materiais segundo Martins (2003), deve ser reduzido ao 
mínimo possível, tanto em relação às quantidades transportadas quanto às distâncias 
percorridas. 
O Recebimento faz parte desse processo, o qual é composto de cinco elementos 
principais: espaço físico, recursos de informática, equipamento de carga e descarga, pessoas 
qualificadas e procedimentos normalizados. 
 
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Os medicamentos que integram a gestão de suprimentos da área de saúde são 
considerados itens diferenciados, necessitam com isso, receber tratamentos especiais devido a 
sua importância (AZEVEDO, 2000). 
Martins (2003) afirma que em um almoxarifado o armazenamento tem como 
primordial objetivo à utilização do espaço nas três dimensões, m3, o que otimiza sua 
organização. As instalações físicas devem proporcionar movimentação rápida e fácil, 
observando alguns cuidados básicos: local coberto ou não; layout adequado; embalagens 
convenientes; ordem e limpeza constante; segurança patrimonial contra furtos e incêndios. 
Além disso, a gestão de suprimentos também envolve pessoas. Surge então, o que 
se denomina Colaborador do Conhecimento, com domínio de novas formas de obtenção dos 
objetivos da organização, principalmente no que se refere à tecnologia da informação e todos 
os recursos que eladisponibiliza. (MARTINS, 2003). 
Slack (2002) cita que o projeto de trabalho envolve decidir quais tarefas alocar 
para cada pessoa na organização, onde alocar o trabalho, quem mais deve estar envolvido com 
ele, como interagir e quais habilidades deverão ser desenvolvidas. A capacitação de pessoal 
por competência se faz necessário para desenvolvimento de atividades em qualquer área de 
conhecimento. 
 Logo, analisando-se diversos aspectos relativos aos suprimentos é possível 
concluir que fatores relacionados à gestão de materiais, à movimentação, à estocagem e às 
pessoas envolvidas no processo são essenciais para a eficiência da gestão nos CPS. 
 
 
3. Centros Públicos de Saúde da Prefeitura Municipal de Salvador 
 
Nesta seção cabe um esclarecimento sobre as características de modelos dos 
Centros Públicos de Saúde existente na Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura 
Municipal de Salvador. 
Os Centros Públicos de Saúde da PMS podem ser classificados em: 
• Unidades Básicas de Saúde (UBS) – desenvolvem suas atividades na área de 
consultas médica pré-agendadas, além de vacinações em geral, consultas com Serviço 
Social e programas específicos tais como: Planejamento Familiar, Programa de 
Hipertensão e Diabéticos, DST/AIDS, Hanseníase e outros. Esse serviço de pré-
agendamento é feito com base em especialidades que gera um registro numérico, 
operando como um prontuário individual o qual é arquivado para acompanhamento de 
novas consultas. (BIANCHINI, POZZEBON e ALMEIDA, 2002). Conta também 
com Centros de Saúde Mental, Unidades de Atendimento Especializado, Unidade 
Ambulatorial de Especialidades, tidos como Centros de referências (SMS, 2004); 
• Vigilância Sanitária, Centro de Controle de Zoonoses - que executam ações de 
Vigilância em Saúde (SMS, 2004); 
• Unidades Móveis - que oferecem serviços de odontologia, ginecologia, oftalmologia e 
planejamento familiar (SMS, 2004); 
• Unidade de Pronto Atendimento (PA) - serviço de Urgência e Emergência, que 
busca atender o mais rápido possível ao episódio agudo, apresentando um processo de 
trabalho desburocratizado, o qual exige apenas registros sumários e controles simples 
das ações o que permite um rápido acesso da clientela ao médico e á medicação 
correspondente (TANAKA e ROSENBURG, 1990); 
• Programa de Saúde da Família (PSF) – são Equipes de Saúde da Família e Equipes 
de Saúde Bucal, multidisciplinar e interdisciplinar, formada por um médico, um 
enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem, seis a dez agentes comunitários de 
saúde, com uma população alvo de 600 à 1000 famílias, que trabalham unidas, em 
 
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conjunto, mas que existem atribuições específicas para ambas e para os membros de 
cada uma. As atribuições comuns são: conhecer a realidade das famílias pelas quais 
são responsáveis; identificar problemas de saúde e situações de risco; elaborar 
participações das comunidades; realizar visitas domiciliares; auxiliar na implantação 
do Cartão Nacional de Saúde, além de outras. (ALEXANDRIA, 2005). 
Verificou-se que UBS, PA e PSF disponibilizam medicamentos para o público 
atendido nesses Centros, bem como para qualquer usuário que porte uma receita médica. É 
visto também, que esse tipo de serviço é importante, face à impossibilidade de aquisição 
desses medicamentos por parte dos usuários carentes. (BIANCHINI, POZZEBON e 
ALMEIDA, 2002). 
Os CPS em estudo disponibilizam 1715 itens de materiais aproximadamente, 
conforme apresentado no Quadro 2. 
 
Quadro 2 – Grupos de Materiais dos CPS da PMS. 
 
Nº ORDEM 
 
DESCRIÇÃO 
QUANTIDADE DE ITENS 
DISPONÍVEL 
1 Medicamentos 319 
2 Medicamentos Controlados 70 
3 Penso 165 
4 Solução 57 
5 Laboratório 151 
6 Odontologia 148 
7 Radiologia 36 
8 Expediente / Informática / Impresso 705 
9 Limpeza 46 
10 Copa / cozinha 18 
 Fonte: Elaboração própria, adaptada do Catálogo da SMS, 2004. 
 
Segundo a SMS (2004), através do Plano de Assistência Farmacêutica, que 
contempla no mínimo dois farmacêuticos por Distrito Sanitário, o elenco básico de 
medicamentos de 169 itens passa para 389. O município de Salvador para melhorar o 
suprimento na rede passou a utilizar a modalidade registro de preços/pregão eletrônico. Em 
2004 foram atendidas 1.726.115 receitas, superando 2003 em 92,7%, com isso pretendeu-se 
reduzir os custos de serviços e melhorar o atendimento ao cidadão. 
A estrutura funcional da gestão de suprimentos da SMS contempla a existência do 
Almoxarifado Central, que possui as incumbências de comprar, armazenar, controlar e 
distribuir os materiais e medicamentos necessários para o funcionamento dos CPS. 
Uma vez adquiridos os materiais e medicamentos através do Almoxarifado 
Central, estes são repassados para os CPS conforme as necessidades, mediante o envio de 
solicitação de medicamentos e materiais, através de formulário próprio (requisição de 
materiais – RM) a qual consta: setor requisitante, endereço, distrito, data do pedido, item 
(ordem numérica), código do produto, unidade, saldo anterior, recebido, consumo, saldo atual, 
solicitado, fornecido, além de assinatura dos gestores. 
Os CPS ao receberem as solicitações de materiais, efetuam as devidas 
conferências e procedem com a estocagem dos itens recebidos. No processo de armazenagem 
alguns procedimentos são realizados a fim de facilitar o acondicionamento, controle e 
disponibilização dos mesmos, tendo o cuidado especial com os medicamentos os quais 
também necessitam de climatização adequada. 
 Posteriormente os materiais e medicamentos são distribuídos para as unidades de 
consumo internas aos CPS (farmácia, emergência, odontologia, laboratórios e administração) 
conforme necessidade e solicitação de cada setor. 
 
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Existem pessoas tanto no Almoxarifado Central quanto nos CPS com atribuições 
de solicitar, receber, conferir e distribuir os itens, embora não exista uma formalização dessas 
funções. 
Estas características, apesar de resumidas, se referem à essência das dimensões da 
análise. Na seção 5 essas dimensões são retratadas com maior profundidade, conforme o 
modelo de análise apresentado a seguir (seção 4.1) do processo de Gestão de Suprimentos nos 
CPS da PMS. 
. 
 
4. Procedimentos de Pesquisa 
 
4.1 Modelo de análise 
 
Para o atendimento dos objetivos do presente trabalho, optou-se pela realização de 
um estudo exploratório-descritivo (COOPER e SCHINDLER, 2003), adequando-se ao 
objetivo desta pesquisa porque ao mesmo tempo em que se pretende descrever a situação da 
população-alvo, busca-se mais informações sobre o contexto das mesmas, sobre o qual 
existem poucas informações. 
Um estudo puramente descritivo não é possível, pois não se possui dados suficientes 
para formulação de hipóteses e questões mais objetivas direcionadas para investigação. 
Portanto, para a obtenção de dados, aplicaram-se questionários com perguntas estruturadas de 
múltipla-escolha e perguntas não-estruturadas para resposta livre do entrevistado. Desta 
forma, é possível obter dados tanto qualitativos, quanto quantitativos. 
Por outro lado, a materialização das percepções acerca da gestão de suprimentos 
nos CPS segue uma abordagem exploratória, uma vez que durante a busca de referências 
acerca do tema percebeu-se uma vasta lacuna que enseja um esforço inicial para a geração de 
conhecimento sobre a realidade do município de Salvador. 
Logo, é possível identificar as seguintes etapas no estudo: 
1. utilizou-se a pesquisa exploratória como fase inicial de levantamento de 
dados para a elaboração do projeto de pesquisa, a estruturação do trabalho 
e a fundamentação teórica; A fim de levantar dados secundários acerca do 
objeto de estudo, buscou-se, para análise, documentos de propriedade dos 
CPS da PMS e as melhores referências bibliográficas para revisão e 
construção do arcabouço teórico; 
2. montou-se o modelode análise e construiu-se o questionário que serviu de 
instrumento de coleta de dados em campo. Elaborou-se o questionário com 
perguntas abertas e fechadas. As perguntas fechadas também se 
constituíram de perguntas de múltipla escolha e dependentes 
(MALHOTRA, 2001); 
3. foi desenvolvida uma pesquisa de campo com a finalidade de obtenção de 
dados primários através da aplicação de questionários e tabulou-se os 
dados obtidos; 
4. analisou-se os dados obtidos com a pesquisa de campo, expondo as 
características do fenômeno e apontando as variáveis intervenientes e 
identificou-se os fatores que contribuíram para a compreensão da gestão 
de suprimentos nos CPS da PMS, buscando explicar as formas e âmbitos 
de interferências. 
A partir da revisão do referencial foi possível distinguir dimensões de atributos 
considerados os mais relevantes para a compreensão da importância da gestão de suprimentos 
 
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para os CPS (Quadro 3). Dessa forma, classificam-se os atributos de influência em quatro 
dimensões: 
 - Material: refere-se a itens necessários ao processo da prestação de serviço ao 
cidadão; 
 - Movimentação: compreende a entrada conferência, armazenagem e distribuição 
de itens; 
 - Estocagem: envolvem o espaço físico, boa localização, espaço vertical, 
disposição adequada das prateleiras, estoque de itens adequado, atenção ao prazo de validade 
e climatização; 
 - Pessoal: compreende a seleção, treinamento, qualificação, conhecimento, 
atitude, definição de funções e hierarquia e a existência de um Regimento Único para 
definição de cada cargo e função; 
Além disso, o referencial teórico também permitiu a identificação de um conjunto 
de atributos que estariam intimamente ligados à prática da Gestão de Suprimentos nos CPS. 
Os atributos de eficiência foram construídos a partir das dimensões de análise. Os atributos 
observados na pesquisa são apresentados no Quadro 3. 
 
Quadro 3 - Atributos de eficiência observados nos CPS da PMS. 
DIMENSÃO ATRIBUTOS 
Perda de Identidade 
Desaparecimento 
Deterioração 
Falta 
Obsolescência 
 
 
MATERIAL 
 
 
Vencimento 
Expedição Inter-setorial burocrática 
Diferença na Quantidade Entregue 
Troca de Material 
Falta de Conferência 
 
MOVIMENTAÇÃO 
 
Atrasos 
Falta de Padronização e conseqüente excesso de variedades de 
materiais estocados 
Estantes simples com desperdícios de espaços 
Espaço Vertical pouco Aproveitado 
Área Física mal Dimensionada 
Má Localização do Almoxarifado 
 
ESTOCAGEM 
Falta de Sistema de Controle Físico de Estoque 
Falta de Seleção Adequada 
Pouco ou Nenhum Treinamento específico 
 
PESSOAL 
Falta de Regimento Definindo funções e Atribuições 
Fonte: Elaboração própria, adaptada de Paterno, [199 -]. 
 
4.2 População 
 
Define-se a população de estudo como os CPS da Secretaria Municipal de Saúde 
da PMS, que compreendem um total de 116 estabelecimentos de saúde, distribuídos 
estrategicamente entre doze Distritos Sanitários (Quadro 4). 
 A divisão dos Distritos mantém uma interface com as 17 Regiões Administrativas 
(AR), que compõem o município, as quais registram diferenças expressivas entre si, refletindo 
às diversidades econômico-sociais de Salvador (SMS 2004). 
 
 
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Quadro 4 – Estabelecimentos por Tipologia – SIA/SUS-CNES 
ESTABELECIMENTO POR TIPOLOGIA QUANTIDADE 
Unidades Básica de Saúde – Ambulatório 55 
Unidade de Saúde da Família – PSF 28 
Centros de Saúde Mental 03 
Unidades de Pronto Atendimento 09 
Unidades de Atendimento Especializado 03 
Unidades Ambulatorial de Especialidades - COAS 01 
Unidades Móveis 15 
Vigilância Sanitária 01 
Centro de Zoonoses 01 
TOTAL DE ESTABELECIMENTOS - SALVADOR 116 
 Fonte: Elaboração Própria, adaptado de SMS, 2004. 
 
O Distrito que apresenta a maior área territorial é do Subúrbio Ferroviário, (área 
integrante da amostra pesquisada) enquanto que as maiores concentrações populacionais, em 
números absolutos, são encontrados nos Distritos Sanitários de Pau da Lima e Barra/Rio 
Vermelho, (área integrante da amostra pesquisada). Entretanto, é o Distrito da Liberdade que 
apresenta a maior densidade demográfica. Esta disposição tem como objetivo facilitar a 
instauração de modelos alternativos como base para a construção do SUS (SMS, 2004). 
 
Quadro 5 – População atendida nos Distritos Sanitários - Salvador, 2004. 
DISTRITOS SANITÁRIOS POPULAÇÃO 
Centro Histórico 69.849 
Itapagipe 162.831 
São Caetano / Valéria 238.880 
Liberdade 175.588 
Brotas 194.578 
Barra / Rio Vermelho 338.832 
Boca do Rio 113.869 
Itapuã 205.251 
Pau da Lima 366.996 
Cabula / Beiru 251.154 
Subúrbio Ferroviário 317.849 
Cajazeiras 156.562 
SALVADOR 2.592.239 
 Fonte: Elaboração própria, Adaptado de CRA /SMS apud SMS, 2004. 
 
Em SMS (2004), observa-se um crescimento na produção de serviços da Atenção 
Básica no período de 1996 a 2004, passando de 647.773 para 10.058.536 atendimentos. 
 
4.3 Critérios utilizados para definição da amostra 
 
A pesquisa foi realizada no período de 01 a 30 de junho de 2005, em seis CPS, 
definidos geográfico e economicamente estratégicos e contemplou as UBS, os PA e os PSF, 
os quais desenvolvem atividades diferenciadas com públicos diversos. Esta abordagem 
garante o isolamento de interferências das especificidades dos modelos de gestão adotados em 
cada tipo de CPS. 
Para a definição da amostra, os critérios adotados foram maiores índices de 
atendimento e acessibilidade. (MALHOTRA, 2001 e VERGARA, 2004), contemplando 
quatro dos doze Distritos Sanitários. 
A técnica de amostragem utilizada tem como ponto forte, baixo custo e não 
consome tempo. As limitações desta técnica referem-se à não permitir a generalização 
subjetiva (MALHOTRA, 2001). Entretanto, apesar do impedimento da elaboração de algumas 
 
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inferências, o caráter descritivo do trabalho já é de grande relevância, para entendimento dos 
desafios subjacentes à qualidade e eficiência dos serviços fornecidos nos CPS da PMS. 
A aplicação do questionário deu-se, inicialmente, com a realização de pré-teste, 
com profissionais que atuam na gestão de suprimentos nos CPS. Após os ajustes devidos, 
aplicou-se o questionário a respondentes escolhidos entre os funcionários que desempenham 
atividades diretamente relacionadas com o tema, com pelo menos dois anos de permanência 
em cada unidade pesquisada e detentores de informações específicas da pesquisa. 
Apesar de alguns respondentes se mostrarem inicialmente resistentes a responder 
questionamentos que tratavam de fragilidades, minaram-se as resistências quando esclarecido 
e enfatizado o cunho científico e a perspectiva de divulgação de resultados sugerindo 
melhorias para o tema central da pesquisa. O Quadro 6 caracteriza individualmente cada CPS 
pesquisado. 
 
Quadro 6 – Caracterização da amostra 
 
AMOSTRA 
 
CATEGORIA 
ATENDIMENTO 
ANUAL 
QTD. 
SERVIDORES 
SERVIÇOS 
OFERECIDOS 
 
CPS - A 
 
PSF 
 
Não respondido 
 
23 
acompanhamento 
familiar com visita 
domiciliar. 
CPS - B PA 67.070 180 urgência / emergência. 
 
CPS - C 
 
PA 
 
119.644 
 
52 
urgência / emergência 
odontológica. 
 
 
 
CPS - D 
 
 
 
UBS 
 
 
 
79.488 
 
 
 
 
45 
Consultas médica-
odontológica, 
distribuição de 
medicamentos, vacinas, 
planejamento familiar. 
 
 
 
CPS - E 
 
 
 
UBS 
 
 
 
9.600 
 
 
 
74 
Consultas médica-
odontológica, 
distribuição de 
medicamentos, vacinas, 
planejamento familiar. 
CPS - F PA 57.240 190 urgência / emergência 
Fonte: Elaboração própria. 
 
5. O Estado Atual da Gestão de Suprimentos nos CPS de Salvador 
 
Em atendimento ao objetivo geral do presente trabalho, retrata-se nesta seção aspercepções acerca da observação dos atributos de pesquisa (Quadro 3) nos CPS de Salvador. 
 
5.1 Material 
 
 Embora a SMS (2004), afirme que existe sistema informatizado de gestão de materiais 
nos CPS – estoque, controle, armazenagem e dispensação, que produz, mensalmente, 
demonstrativo do consumo de cada unidade, verificou-se na prática, através de pesquisa de 
campo, uma realidade diferente. A pesquisa demonstra que 62,5% dos CPS pesquisados não 
possuem sistemas informatizados, exercendo o controle de suprimentos de forma manual e 
sem procedimentos formais. 
Verificou-se que nos CPS o controle de validade de itens é também realizado de 
forma manual, 33,3%, e informalmente, 33,3%. A soma destes supera os 33,3% que utilizam 
sistema computadorizado. Fica evidente que não existe domínio ou preocupação com as 
perdas, e 25% dos CPS afirmam eventualmente receber medicamentos vencidos ou a vencer. 
 
 11
Estes CPS não fazem anotações das perdas, o que impossibilita o registro histórico e suas 
causas. 
A Gestão de Suprimentos dos CPS atualmente é feita precariamente, uma vez que 
depende de um Almoxarifado Central, ligado diretamente a SMS, o qual trabalha de forma 
centralizadora e não integrada às unidades dependentes desse serviço. A não existência de 
uma rotina formalizada, bem como a falta de prioridade política e descontrole de uso do bem 
público reforça esse estado de precariedade existente. (VECINA NETO e REINHARDT 
FILHO, 1998). 
Compete ao administrador encontrar um ponto de equilíbrio na gestão de 
materiais, uma vez que não deve haver excessos, por gerar um custo adicional com pessoal, 
equipamentos, armazenagem, além de maior possibilidade de extravios, nem falta por trazer 
prejuízos ao funcionamento da organização. Ambos são prejudiciais ao processo de gestão 
(MARTINS, 2003). 
Apurou-se na pesquisa que um dos motivos da precariedade do atendimento nos 
CPS são os índices de falta de materiais. Observou-se que 75% das unidades pesquisadas têm 
falta de materiais freqüentemente, 12% raramente ou nunca ocorre, sendo atribuído, 62,5% à 
falha da Coordenação do Almoxarifado Central, que não informa, não acompanha e nem 
fiscaliza o processo de solicitação, estocagem e armazenamento dos itens, assim como os 
espaços físicos usados pelos CPS. 
 
Figura 1 – Índices de Falta de Materiais nos CPS 
75,0%
12,5% 12,5%
0%
18%
36%
54%
72%
90%
FREQUENTEMENTE RARAMENTE NUNCA OCORRE
 
 Fonte:elaboração própria 
 
5.2 Movimentação 
 
A movimentação e distribuição de materiais dos CPS partem do Almoxarifado 
Central, o qual tem como objetivo, segundo (VECINA NETO E REINHARDT FILHO, 
1998), ter o material certo, na hora certa ao custo e preço econômico. 
É visto que, nos CPS, por existir um Almoxarifado Central, há estoque em grande 
proporção, o que é desnecessário. Segundo DIAS, (1995 apud PROTIL E MOREIRA, 2002, 
p. 03) o estoque funciona como amortecedor que garante as oscilações da demanda no que 
tange a função de armazenagem dos materiais e medicamentos e avalizar o suprimento dos 
materiais necessários à produção ou prestação de serviços. 
Da amostra pesquisada 62,5% responderam que os reabastecimentos de materiais 
aos CPS são realizados mensalmente, enquanto 37,5% dizem ser semanalmente. Esclarecendo 
que existe prioridade para as unidades de PA, Centros que funcionam vinte e quatro horas, 
uma vez que trabalham com emergência e urgência não podendo existir a falta de itens. 
A pesquisa também identificou que 37,5% dos respondentes consideram a 
distribuição interna de itens, regular, enquanto 25% consideram bom e ótimo esse serviços. 
Os CPS, conforme pesquisa de campo, sofre com os atrasos freqüentes na entrega 
dos itens solicitados, 62,5%, o que compromete a satisfação do cliente interno no que se 
refere ao desempenho de suas atividades e a eficácia nos serviços prestados ao cidadão, 
 
 12
gerando assim descontentamento ao cliente interno e externo, uma vez que o atendimento ao 
paciente fica comprometido. 
A conferência de itens recebidos nos CPS é feita, em primeira instância, por 
volume e posteriormente confere-se por especificação e quantidade de itens, sendo dado um 
prazo de 72 horas para reclamações e devoluções das inconformidades. 
A pesquisa de campo demonstra que 87,5% dos CPS encontram divergências na 
entrega dos itens solicitados. Sobre a freqüência das divergências, 50% diz acontecer 
raramente e 25% assegura acontecer quase sempre, o que comprova a falta de planejamento 
do setor responsável quanto ao processo de distribuição, corroborada pela ausência de um 
Sistema Computadorizado de Informações Integradas, além de pessoas treinadas e capacitadas 
para o processo de Gestão de Suprimentos. 
Viana (2002) cita que inventário físico é uma contagem periódica dos itens 
existentes no estoque para efeito de comparação com o controle registrado, identificando 
possíveis falhas de rotina ou de sistema, corrigindo-as, o que não é percebido como prática 
nos CPS. Já o inventário anual carece de mais esforço, traz mais transtorno, falhas, 
dificuldades em identificar as divergências e reduz o nível de confiabilidade comparado ao 
inventario rotativo, o qual se utiliza recurso de informática. 
A pesquisa aponta que 87,5% da amostra realiza inventário anualmente e 37,5% 
encontra inconformidade, o que confirma a necessidade de se fazer inventário com maior 
periodicidade, em razão de se ter melhor controle dos itens necessários ao funcionamento dos 
CPS, reduzindo assim as perdas e estoques desnecessários, facilitando o remanejamento 
desses itens para outros CPS. 
 
5.3 Estocagem 
 
Da amostra pesquisada 37,5% não possui padronização de formulários 
relacionados à área de suprimentos nos CPS, mas, 62,5% faz uso de alguns formulários sendo 
seu preenchimento realizado manualmente. O formulário que existe padronização é a 
Requisição de Material (RM), a qual é necessariamente utilizada por todos os CPS. 
Verificou-se que os equipamentos disponíveis nos almoxarifados dos CPS são: 
100% Estantes, 88% mesas e cadeiras, 75% prateleiras, 63% armários e 25% computadores, 
sendo estes considerados pelos clientes internos, 75%, insuficientes. É demonstrado na 
pesquisa (visita in loco) que o espaço vertical não é utilizado nos CPS, as áreas físicas são mal 
dimensionadas com improvisações que dificultam a organização e controle dos itens. 
Quanto à localização dos almoxarifados e farmácias nos CPS, os respondentes 
consideram 62,5%, boa, enquanto 25% diz ser ótima, não comprometendo, portanto, a 
qualidade no atendimento. 
Além desses resultados a pesquisa também identificou pequenos e grandes níveis 
de estoques, gerando custos altos na obtenção de itens faltantes ou investimentos adicionais 
com armazenagem. 
Esses resultados implicam em falhas, perdas por obsolescência ou deterioração 
dos materiais, causando insatisfação dos clientes internos e externos. 
 
5.4 Pessoas 
 
Nota-se que nos CPS, conforme demonstra a pesquisa, não há preocupação em 
capacitar pessoal nas atividades ligadas a suprimentos. Percebe-se que os cursos oferecidos se 
restringe a programas relacionados à área fim, serviços de saúde. Os cursos oferecidos pela 
SMS referem-se a Programas Específicos, tais como DST/AIDS, Planejamento Familiar, 
 
 13
Saúde Bucal, Hipertensão e Diabetes 63%.A pesquisa detectou que, 37% dos respondentes 
não fizeram nenhum curso e/ou treinamento em outras áreas. (Figura 2). 
 Esses programas fazem parte do Sistema Único de Saúde, por determinação do 
Ministério da Saúde e são necessários para o bom funcionamento dos CPS. 
 
Figura 2 – Tipos de Cursos Oferecidos nos Centros Públicos de Saúde 
37,5%
12,5%
12,5%
12,5%
12,5%
12,5%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
CAPACITAÇÃO PRÓPRIA
DST
IMUNIZAÇÃO
RECICLAGEM
ODONTOLÓGICANS/NL/NQR
 
 Fonte:elaboração própria 
 
A pesquisa de campo confirma a inexistência de regimento direcionada a área de 
suprimentos em 62,5% dos CPS, o que dificulta ainda mais a sua gestão 
Os 37,5% dos respondentes da pesquisa consideram a gestão de suprimento dos 
CPS, insatisfatória, enquanto 25% admite que possa melhorar ou julga satisfatória. Os 12,5% 
restantes não expressaram opinião. 
Uma vez questionados quanto à importância da Gestão de Suprimentos para os 
CPS, 50% dos respondentes considera necessária e importante e apenas 12,5% consideram 
indispensáveis. 
 
6. Conclusões e Recomendações 
 
A análise dos resultados da pesquisa permite concluir que a Gestão de 
Suprimentos nos CPS é feita de forma simples e informal, sendo tratada pelos seus gestores 
apenas como depósito de materiais. Identifica-se na prática, a situação encontrada nos CPS da 
PMS caracterizada pela não priorização da área de suprimentos, verificando a pertinência dos 
principais problemas referenciados no modelo de análise deste trabalho. 
Dessa forma, percebe-se as dificuldades e falhas no processo da Gestão de 
Suprimentos no que se refere aos atributos estudados, Quadro 3. A análise daqueles atributos 
permite concluir que os resultados são deveras insatisfatórios (Quadro 7). Nota-se com isso, o 
comprometimento da qualidade dos serviços prestados ao cliente interno (setores que se 
relacionam com a área de suprimentos) e ao cidadão (usuários dos serviços de saúde), 
considerando a deficiência dos recursos humanos, à estocagem, aos materiais utilizados e à 
movimentação. 
 
Quadro 7 – Análise de resultado das dimensões e atributos observados nos CPS 
DIMENSÕES RESULTADOSENCONTRADOS NOS CPS 
Material Ruim 
Movimentação Ruim 
Estocagem Regular 
Pessoal Ruim 
 Fonte: Elaboração própria. 
 
 A movimentação de materiais apresenta resultado negativo devido aos fatores 
relativos a forma de expedição, controle, falta de critérios na conferência dos itens recebidos, 
atrasos na entrega, falta de sistema computadorizado integrado ao Almoxarifado Central, não 
existindo baixa automática do estoque, comprometendo a gestão de suprimentos. 
 
 14
Quanto à gestão dos materiais, encontrou-se resultado negativo devido a atrasos 
constantes de entrega, especificações inadequadas, excessos de alguns itens, o que denota a 
falta de planejamento, ocasionando obsolescência e dificuldade para o controle dessa 
atividade. 
Em relação à estocagem, percebeu-se que o espaço físico e layout inadequados 
dificultam o armazenamento e controle físico, contribuindo para as perdas, desperdícios e o 
controle de validade dos itens. 
Por fim os aspectos relacionados às pessoas tiveram resultado negativo devido a 
falta de capacitação, treinamento, falta de direcionamento e prioridades de gestão, havendo 
preocupação apenas com os profissionais da área fim, que são os executores dos 
procedimentos médicos. 
Portanto, entende-se para efeito deste trabalho que, a logística de suprimentos 
integrada a gestão interna de materiais e somada a capacitação dos recursos humanos, pode 
tornar-se um referencial para o alcance da eficiência nos serviços oferecidos nos CPS. 
A inadequação de métodos e procedimentos, por desconhecimento ou por 
despreparo dos profissionais ligados a esse campo, dificulta e inviabiliza perspectivas de 
melhoria dessa área temática. 
A grande maioria dos gestores foca seus esforços na atividade fim, serviços de 
saúde, e relegam a atividade meio, administração de suprimentos, a um segundo plano, o que 
traz conseqüências graves para a gestão como um todo, já que compromete o bom 
atendimento ao cidadão. 
Essa situação se comprova com a pesquisa a qual demonstra às falhas, a falta de 
padronização dos serviços, a inexistência de sistema integrado, assim como a pouca 
importância atribuída por seus gestores a essa área. 
Percebe-se que nos CPS além da inexistência de procedimentos padronizados 
quanto à forma de distribuição, inexiste também pessoal devidamente qualificado para essa 
atividade. 
A visão que os colaboradores internos têm da gestão de suprimentos, apontam que 
50% consideram-na como necessária e importante, embora não haja formalmente esse 
reconhecimento pela Coordenação do Almoxarifado Central, inviabilizando, portanto, o 
processo de melhoria e modernização. 
Respondendo aos objetivos específicos, a pesquisa demonstrou que o 
funcionamento da área de suprimentos dos CPS da PMS ocorre de maneira simples, sem um 
regimento formalizado, não contando com um Sistema Computadorizado Integrado. O 
processo de solicitação, recebimento, armazenamento e distribuição interna é feito de forma 
manual e informal, sem nenhum critério. Existem apenas recomendações do Almoxarifado 
Central para o controle de suprimentos, porém estas não são fiscalizadas ou controladas, 
permitindo descaso por parte das pessoas responsáveis por esta área. 
O que se observou nessa pesquisa foi a falta de conhecimento por parte dos 
gestores de novas tecnologia como Sistemas de Informação computadorizados para a 
melhoria da Gestão de seus Suprimentos. 
Sugere-se uma maior atenção por parte dos gestores, capacitando seus 
colaboradores, a fim de dispensar um melhor atendimento aos CPS, suprindo-os de maneira 
regular e satisfatória, evitando falhas e faltas, além de reduzir custos com estoques, perdas, 
desperdícios e desvios. 
Este trabalho desperta para novos questionamentos a respeito da relevância da 
Gestão de Suprimentos como atividade crítica para a satisfação do atendimento ao cidadão 
nos CPS. 
 
 
 15
7. Referências 
 
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