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A GENESE DA GEOGRAFIA MODERNA

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A GÊNESE DA GEOGRAFIA MODERNA: CAPITULO 2 E 3. 
 
WALLACE JORDAN SOUSA MOTA. 
 
FICHAMENTO 
 
 ‘‘É quase-unânime, entre os historiadores do pensamento geográfico, a aceitação do 
papel pioneiro de Alexandre von Humboldt, ao lado de Carl Ritter, no processo de 
sistematização dessa disciplina.’’(Pg 77). 
‘‘ Este breve painel já justifica a afirmação inicial. É inquestionável que a obra 
humboldtiana é um marco na evolução do pensamento geográfico. ’’( Pg 78). 
‘‘ A presença das formulações de Humboldt no desenvolvimento posterior da Geografia 
é assunto incontroverso. Frequentemente o peso de suas colocações é lembrado para 
legitimar as mais variadas propostas. ’’ (Pg 79). 
‘‘ A produção humboldtiana é, sem dúvida, referência fundamental no panorama do 
pensamento geográfico. Antes de penetrar na análise de suas propostas, cabe apresentar 
algumas informações sobre a vida e a obra desse pensador. ’’ ( Pg 79). 
‘‘Alexandre von Humboldt nasceu no seio de uma família aristocrática, em 14 de 
setembro de 1769, na cidade de Berlim, no reino da Prússia. Seu pai era barão e oficial 
do exército prussiano, tendo sido chamberlain de Frederico II. Sua mãe era baronesa de 
Hollwede. Em função mesmo de sua origem social, a formação escolar inicial de 
Humboldt foi esmerada. Teve na infância, como tutor, J. H. Campe, pedagogo ilustre 
que, posteriormente, foi ministro da Educação da Prússia. Esse tutor era adepto das 
teorias pedagógicas de J. J. Rousseau, bastante progressista para o contexto da época, e 
tornou-as familiares de seus tutelados. 
 
 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
‘‘A relação com esses autores, que no caso de Goethe será mantida por toda a sua vida, 
reforça em Humboldt a preocupação com a Estética enquanto forma de apreensão do 
real, ponto de singular importância em suas concepções metodológicas(...)’’(Pg 82). 
‘‘A 5 de junho de 1799, Humboldt e Bonpland partem de La Coruña com destino a 
Havana, a bordo do ‘Pizarro’. Depois de uma escala nas Canárias, onde visitam o pico 
de Tenerife, desembarcam nas costas da Venezuela. Durante o resto do ano de 1799 e 
no ano seguinte viajam pela Amazônia, percorrendo a bacia do Orinoco e do rio 
Negro.’’ (Pg 83). 
‘‘ Em agosto de 1804 chegam a Bordéus, finalizando uma estada de cinco anos na 
América. É na elaboração dos dados aí recolhidos que Humboldt inicia sua produção 
propriamente geográfica, pois seus trabalhos anteriores dizem respeito à Física, à 
Química, à Botânica e à Geologia.’’ (Pg 83). 
‘‘ De 1806 a 1826 publica em média mais de três estudos por ano, abrangendo diversos 
campos da investigação científica.’’ (Pg 85). 
‘‘ (...) a convite do czar Nicolau I. Visita os Urais e a parte ocidental da Rússia asiática. 
O objetivo da viagem é realizar estudos sobre o magnetismo terrestre, porém Humboldt 
realiza também importantes observações geológicas e climatológicas.’’ ( Pg 85). 
‘‘ De volta à Prússia, Humboldt permanece trabalhando na redação do Cosmos. 
Participa intensamente da vida cultural européia. Organiza um congresso de Geografia 
em Berlim, polemiza com Lamartine, e mantém volumosa correspondência. Falece em 
Potsdam a 6 de maio de 1859, aos 89 anos de idade. Estava terminando o quinto volume 
de sua síntese Cosmos. 
Um exame do conjunto da obra humboldtiana permite enquadrar este pensador na 
história de diferentes disciplinas acadêmicas. O caráter enciclopédico de sua produção 
liga-o à evolução dos conceitos, teorias e conhecimentos empíricos da Astronomia, da 
Física e da Química. Em algumas disciplinas suas formulações encontraram-se mesmo 
em posição destacada: tal é o caso da Botânica, da Geologia e, principalmente, da 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
Geografia. Nesta disciplina, como já observamos, a obra de Humboldt é aceita 
unanimemente como marco de nova etapa do pensamento geográfico’’ ( Pg. 85). 
‘‘ Publicado em 1808, tendo simultaneamente uma edição alemã e uma francesa, o 
Quadros da Natureza por ser considerado a primeira formulação humboldtiana 
interessando à Geografia.’’ ( Pg 86). 
‘‘(...) Já o Quadros da Natureza aborda uma multiplicidade de elementos, articulando a 
unidade do estudo não na visão sistemática, mas na base espacial. Os dois volumes 
deste livro apresentam um conjunto de ensaios, cada um dotado de autonomia. Esta é, 
sem dúvida, a primeira síntese da obra humboldtiana. 
A segunda síntese de Humboldt é igualmente uma obra que interessa à Geografia; trata-
se daquele trabalho que consumiu os derradeiros anos de sua vida: Cosmos. Ensaio de 
Descrição Física do Mundo. O primeiro volume do Cosmos, foi publicado em 1845. No 
ano da morte de Humboldt já haviam sido editados quatro volumes; o quinto veio ao 
público em 1862. Trata-se, no caso, da edição original alemã; a francesa começa a sair 
já a partir de 1848. Este é, claramente, o livro fundamental do pensamento 
humboldtiano. Nele são expressas todas as concepções basilares de seu autor, que o 
considera explicitamente uma continuação ampliada do Quadros da Natureza. O 
Cosmos é uma obre de fôlego, a expressão máxima da produção humboldtiana. 
Além destes livros, um trabalho sobre as idéias geográficas de Humboldt não poderia 
deixar de analisar alguns de seus estudos regionais, pois, afinal, grande parte da sua 
celebridade advém de seu labor empírico.’’ ( Pg 86). 
‘‘ As formulações de Humboldt não apresentam uma filiação filosófica unitária, 
passível de ser enquadrada de forma clara dentro de uma corrente de pensamento. Nota-
se nesse autor, ao contrário, uma pluralidade de orientações, às vezes mesmo de linhas 
aparentemente conflitantes. A elucidação das influências filosóficas de seu pensamento 
é matéria das mais controversas.’’ ( Pg 87). 
‘‘ No plano da Filosofia, as relações entre os pensadores eram também estreitas. A 
produção humboldtiana é bem uma amostra dessas características: uma incrível 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
diversidade de campos de investigação e uma preocupação sintética, uma obra que vai 
desde descrições de campo até reflexões filosóficas de alto nível de abstração.’’ (Pg 88). 
‘‘Outro condicionante que poderia atuar nos fundamentos filosóficos do pensamento de 
Humboldt é a influência de sua própria experiência de vida. Como foi observado, ele foi 
um viajante, um homem acostumado ao trabalho de campo, cujo prestígio adveio em 
grande parte de obras de levantamento e catalogação sistemática de variados 
fenômenos. Essa sólida vivência de viajante naturalista poderia atraí-lo para a senda do 
empirismo. Entretanto, apesar do respaldo empírico de sua produção intelectual, o 
pensamento humboldtiano jamais estreita seu horizonte de indagações, jamais abre mão 
de ilações de nível bastante abstrato. Ao contrário, Humboldt critica explicitamente ‘ as 
pretensões exageradas do empirismo’. Isto não quer dizer também que ele fosse um 
apologista de especulação. Numa passagem do Quadros da Natureza sua posição 
transparece com clareza meridiana, quando diz: ‘ a verdadeira ciência não tem ponto de 
partida tomado, e está tão longe de um sensualismo que nada vê atrás dos fatos como 
uma metafísica que vive das quimeras. A convivência entre a pesquisa empírica e a 
reflexão filosófica no pensamento de Humboldt é um dos elementos nodais para sua 
caracterização.’’ ( Pg 88-89). 
‘‘ Os primeiros filósofos desde a Antiguidade Clássica são citados e discutidos ( de 
Platão a Leibniz), e também os historiadores e os literatos( de Homero a Shakespeare). 
Há, desse modo, umasubstância que diferencia o pensamento humboldtiano do 
empirismo que, infelizmente, dominará boa parte da Geografia posterior.’’ (Pg 89). 
‘‘ Se for para identificar uma influência filosófica dominante nas concepções de 
Humboldt, esta residirá, sem dúvida, em sua época e em sua própria sociedade. É o 
idealismo de Schelling e o romantismo de Goethe que afloram com maior vigor na 
concepção humboldtiana. Em menor grau, é também sensível a influência de Schiller e 
de Hegel. Há de se ressaltar que Schaefer identificou claramente essas influências 
dominantes. São estes autores, que através de uma relação constante e direta, marcam 
profundamente o pensamento de Humboldt.’’ ( Pg 91). 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
 ‘‘Outro autor que emerge como uma influência significativa ( talvez com um peso 
maior que Schelling) no pensamento de Humboldt é, sem dúvida, Goethe. Este 
influência é até assumida explicitamente por Humboldt, como, por exemplo, numa 
passagem de uma carta para Caroline von Wolzogem: ‘De todas minhas peregrinações 
impressionou-me a poderosa influência exercida sobre mim pela sociedade de Jena, de 
como através de minha associação com Goethe, minhas considerações sobre a natureza 
exaltaram-se, vendo-me possuído de novas sensações perceptivas.’ ’’ ( Pg 92). 
‘‘ O pensamento de Goethe está no centro da concepção de mundo de Humboldt: É dele 
que advém sua gnosidade ( que revela a apreensão estética do real), sua idéia de unidade 
de e de movimento, e seu ideal de ciência. Quanto a este último ponto, cita uma frase de 
Goethe para justificar seus objetivos teóricos: ‘ Unificar a Filosofia, a Poesia e a Física’. 
Desta influência decorre um grande traço romântico nas formulações humboldtianas, 
mas também uma postura progressista e uma amplitude de perspectiva que o impele 
para além do utilitarismo e do pragmatismo.’’ ( Pg 93). 
‘‘ Humboldt diz que a arte ‘ familiariza os homens com a variedade do mundo lhes faz 
sentir mais vivamente o concerto harmonioso da Natureza.’ Daí sua preocupação no 
Cosmos em discutir a pintura e a literatura descritivas através da história. 
Outro ponto que identifica bem a filiação de Humboldt é sua concepção de natureza, 
encarada como uma entidade unitária (quase supra-real) dotada de finalidade. Diz ele ‘A 
Natureza considerada por meio da razão, isto é, submetida em seu conjunto ao trabalho 
do pensamento, é a unidade na diversidade dos fenômenos, a harmonia entre as coisas 
criadas, que diferem segundo as formas, a própria constituição e as forças que as 
animam; é um todo animado por um sopro de vida’. Essa concepção leva a uma postura 
quase religiosa, de contemplação e adoração da Natureza.’’ ( Pg 94). 
‘‘ Várias outras manifestações da filiação de Humbold ao idealismo alemão pós-
kantiano poderiam ser apontadas em sua idéia de unidade, em sua concepção de 
movimento, em sua definição de progresso científico, em sua valorização de linguagem, 
etc.’’ ( Pg 95). 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
 ‘‘Ainda ao nível das influências presentes no pensamento humboldtiano, cabe 
mencionar a Filosofia grega da Antiguidade clássica. As obras de Humboldt expressam 
um conhecimento considerável da matéria. Entre os vários autores que aparece em 
posição de relevo em suas análises.’’ ( Pg 95). 
‘‘Caberia ainda mencionar a presença do pensamento iluminista na obra de Humboldt. 
Para alguns autores, como Sorre e Ortiz, sua incidência é significativa. Este ultimo 
afirma que Humboldt ‘refletiu sempre a ideologia do iluminismo(...) herdeiro da 
Enciclopédia, divulgador da experiência cientifica rigorosa, crítico da escolástica e dos 
preconceitos doutrinários e seguidor da filosofia racionalista’ Parece-nos exagerada a 
ênfase dada por Ortiz à influência iluminista. Existem, efetivamente, na obra de 
Humboldt menções a Rousseau e mesmo a D’Alambert, assim como elementos efetivos 
de antidogmatismo, logo, uma postura anticlerical em termos de ciência, própria do 
Iluminismo.’’ ( Pg 96-97). 
‘‘A influência dominante é, sem dúvida, a do idealismo alemão pós-kantiano, que se 
constitui na espinha dorsal de toda a sua fundamentação filosófica, o que permite filiá-lo 
a essa escola. Seu pensamento articula a postura romântica com rigor descritivo, 
minúcia no levantamento empírico e familiaridade com experiência e a medição mais 
usuais numa postura cientificista. Assim, seu romantismo está mesclado com uma 
significativa dose de pragmatismo.’’ (Pg 97). 
‘‘A localização clara das formulações precipuamente geográficas, em meio à produção 
enciclopédica de Humboldt, é matéria das mais polêmicas, no âmbito da discussão 
metodológica da Geografia. Esse tema aflora, por exemplo, no centro do debate. 
Schaefer-Hartshorne em torno da questão do excepcionalismo. As avaliações díspares 
advêm, em primeiro lugar, do já apontado caráter enciclopédico e variado da obra 
humboldtiana, que propicia múltiplas leituras. Nela coexiste uma variedade de 
discussões que interessariam ao debate geográfico. Nesse leque de formulações, os 
vários geógrafos têm buscado elementos de sustentação para suas propostas. Desta 
forma, na maioria das interpretações, a avaliação do conteúdo geográfico de sua 
produção vai ser identifico de acordo com as definições atuais do objeto geográfico 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
assumidas pelos comentaristas. Assim, é em função das concepções defendidas que se 
vai privilegiar este ou aquele segmento da obra humboldtiana.’’ (Pg 98). 
‘‘Hartshorne vincula as formulações de Humboldt às de Kant, e nelas identifica a 
gênese da corrente majoritária do pensamento geográfico. Concebe a produção 
humboldtiana como um todo sem penetrar na avaliação de sua diversidade interna. 
Entretanto, diferencia a elaboração empírica da teórica, definindo ambas como 
Geografia, e identificando esta com a Cosmografia.’’ (Pg 100). 
‘‘Ao nível das intenções explicitamente expressas não há o que discutir. Humboldt 
escreve Cosmos como um livro de Geografia Física; pelo menos o primeiro volume 
dessa obra é totalmente dedicado a essa disciplina. Para ele, como foi visto, a Geografia 
sintética de descrever a realidade, abordando as conexões entre os fenômenos.’’(Pg 104) 
‘‘Há de se assinalar que Humboldt não limita o espectro dos seus estudos geográficos à 
Geografia Física. Entende esta como o mais elevado nível das preocupações 
geográficas, uma real ciência com leis e teorias próprias. Porém, ele vai falar também de 
outras geografias, mais específicas, como, por exemplo: uma Geografia das Plantas, 
uma Geografia dos Animais, uma Geografia dos Vulcões, etc.’’( Pg 105). 
‘‘(...)Vê-se que Humboldt entende a existência de níveis mais particulares da 
investigação geográfica, logo Geografias mais sistemáticas abordando classes de 
fenômenos mais específicos. Estas seriam um nível intermediário entre as ciências 
sistemáticas particulares e a Geografia Física, que organizaria o quadro da distribuição 
espacial dos fenômenos na superfície terrestre e daria a caracterização, em termos de 
determinada classe de fenômenos, num lugar delimitado. Seriam, nesse sentido, uma 
preordenação dos dados sistemáticos para posterior uso na elaboração da Geografia 
Física.’’ ( Pg 105). 
‘‘(...)Num levantamento bibliográfico rigoroso da produção humboldtiana, apenas um 
estudo sobre as Guianas carrega o título de Geografia (ver o trabalho citado de Penna). 
Isto é, sem dúvida, um fato interessante, à medida que muitos comentaristas, como 
visto, reputam a produção empíricade Humboldt como a mais geográfica ou como a 
que mais influenciou a Geografia posterior.’’ (Pg 106). 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
‘‘Stevens-Middleton aponta na produção humboldtiana a existência de propósitos 
filosóficos e de propósitos pragmáticos que se entrelaçam nos vários estudos.’’(Pg 107). 
‘‘Ao tomar-se a proposta de procedimento e organização da pesquisa e da exposição 
contida nos ‘Ensaios Políticos’, e comparando-a com as formulações posteriores da 
Geografia Regional vê-se que o fundamental do esquema humboldtiano é mantido. O 
que de fato confirmaria Humboldt como um fundador da Geografia regional moderna.’’ 
(Pg 108). 
‘‘ Humboldt deixa claro que a Geografia é uma ciência sintética, cujo objeto não é 
nenhuma classe específica de fenômenos e sim as conexões entre os fenômenos os mais 
variados, que se manifestam na superfície da Terra.’’ (Pg 108). 
‘‘ Ele não busca, porém, uma enumeração exaustiva das relações possíveis. Uma 
segunda diretriz orienta a análise das conexões: o critério da constância.’’ (Pg 109). 
‘‘Vê-se que o objeto geográfico não diz respeito ao único e sim à universalidade, o que 
colocaria a Geografia como ciência sintética ( não sistemática), porém nomotética. A 
Geografia de Humboldt não é um estudo de singularidades locais. A análise das 
combinações locais ( diríamos hoje regionais) subordina-se à busca de leis, de conexões 
universais apreendidas pela regularidade, pela constância nas manifestações.’’ (Pg 109). 
‘‘Vê-se que Humboldt defende o caráter progressivo do conhecimento e a 
inesgotabilidade do real. Cada nova descoberta enriqueceria a compreensão do todo, da 
unidade da natureza.’’ (Pg 110). 
‘‘Com todos os perigos provenientes do empobrecimento das definições, poder-se-ia 
dizer que o objeto da Geografia para Humboldt são as conexões constantes entre os 
fenômenos da superfície terrestre, à medida que estas conexões apontam para a unidade 
da Terra e da natureza.’’ (Pg 111). 
‘‘Humboldt propõe que o estudo deve caminhar com a decomposição, pela análise, ‘ da 
individualidade das formas e a diversidade das forças.’ ’’ (Pg 111). 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
 ‘‘O objeto da Geografia para Humboldt abarca a escala dos lugares e da Terra como um 
todo. E, pelo menos ao nível teórico, esses dois planos se relacionam, o lugar como a 
realização da natureza toda. A investigação geográfica sendo então um eterno deslocar-
se entre os dois planos.’’ (Pg 112-113). 
‘‘ O método da Geografia, na concepção de Humboldt, deve articular a observação dos 
fenômenos e sua descrição com a reflexão e a possibilidade teórica que demanda seu 
objeto.’’ (Pg 113). 
‘‘ Pode-se caracterizar Humboldt de tudo, menos de ser um empirista.’’ (Pg 113). 
‘‘ A teoria do conhecimento exposta, que fundamenta as concepções de Humboldt ao 
defender a correspondência entre a razão e o mundo empírico, vai fornecer a 
justificativa de convivência entre o levantamento e a elaboração em sua proposta de 
método.’’ (Pg 114). 
‘‘ Para Humboldt, a causalidade da natureza introduz o nexo fundamental entre a razão 
e o mundo exterior, pois possui uma objetividade externa ao sujeito do conhecimento; 
só é aprendida, porém quando filtrada pela subjetividade deste.’’ (Pg 155). 
‘‘ O método da Geografia, segundo Humboldt, parte da observação da paisagem. Essa 
contemplação da natureza transmite uma sensação ao sujeito, que encontra 
correspondência com suas representações interiores.’’ ( Pg 115). 
Em todo este momento da investigação geográfica os procedimentos indutivos 
dominam. Humboldt fala da ciência do Cosmos como ‘ ainda uma ciência da indução’, 
que necessita ‘ buscar os seus elementos na descrição animada dos corpos orgânicos(...) 
desenvolvendo-se com o exemplo da vida universal, no meio dos diversos acidentes da 
superfície terrestre, mas condições da paisagem e do lugar onde a natureza os colocou’ 
’’(Pg 116). 
‘‘ A unificação das concepções de objeto e de método define a Geografia na proposta 
humboldtiana. Está, é, sem dúvida, uma ciência de síntese, que aborda fenômenos 
diversificados buscando relações.’’ ( Pg 118). 
MORAES , A.C.R. A geografia Física de Humboldt. In A Gênese da Geografia 
Moderna. São Paulo: HUCITEC, 1989. 
‘‘No que diz respeito ao papel atribuído ao homem e à sociedade, a proposta de 
Humboldt coloca a Geografia como estudo da natureza referida à superfície da Terra. O 
humano aparece, assim, como apenas um elemento a mais do quadro natural terrestre.’’ 
(Pg 120). 
‘‘Pode-se começar a avaliação do pensamento político social de Humboldt afirmando 
que este autor, apesar de ser um aristocrata, foi um exemplar representante da ‘ fase 
heróica’ do pensamento burguês.’’ ( Pg 121) 
‘‘Há uma inter- relação fecunda, na visão humboldtiana, entre a política, a ciência, a 
arte e a filosofia, de enriquecimento mútuo.’’ (Pg 122). 
‘‘Na leitura da obra humboldtiana pode-se apreender a crítica já mencionada, das 
barreiras religiosas ao pleno desenvolvimento do pensamento. Não há elementos, 
entretanto, que definam claramente seu ateísmo, pois são comuns em seus escritos 
termos como ‘fruto da criação’, ‘coisa criada’, etc.’’ (Pg 123). 
‘‘No plano mais estritamente político, as concepções de Humboldt localizam-no como 
adepto do ideário do liberalismo. Ele define explicitamente a liberdade individual como 
o principio cuja perda ‘ faz obstáculos ao progresso intelectual da humanidade e ao 
desenvolvimento da vida social.’’ ( Pg 124). 
‘‘Humboldt crítica, de forma veemente, as relações de produção não capitalistas: a 
servidão, a corporação de oficio e a escravidão.’’ ( Pg 128). 
‘‘ Fazendo uma avaliação sintética do que foi apresentado, conclui-se que a obra de 
Humboldt expressa de fato, pioneiramente, algumas das concepções e juízos que serão 
centrais em todas as argumentações das propostas posteriores da Geografia.’’. (Pg 129). 
‘‘ A Geografia de Humboldt, pelas artimanhas oferecidas pela teoria do conhecimento 
que informa seu raciocínio, propõe-se sintética, regional e generalizadora ao mesmo 
tempo, não incidindo na perda de uma desses propósitos, característica das propostas 
posteriores.’’ (Pg 131).

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