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Galileu - Como a Desigualdade Compromete a Saúde

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Os ricos brasileiros vivemmenos que os pobres suecos.
Entenda como as grandes diferenças sociais estão afetando
a qualidade de vida de toda a população
P. 30
COMO A DESIGUALDADE
COMPROMETE A SUA
ACIÊNCIAAJUDAVOCÊAMUDAROMUNDO
EDIÇÃO
309
R$ 14,00
C
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5%
CIENTISTAS VÃO ÀS RUAS
CONTRA GOVERNOSP. 07
FÍSICO REJEITA TEORIA
DA GRAVIDADE DE EINSTEINP. 64
P. 58 OS LUGARES EM QUE TODOMUNDO RECEBE MESADA
DOSSIÊ
JOGOSDEAZAR
ENTREVISTA: RONALDO LEMOS E A TECNOLOGIA A FAVOR DA POLÍTICA ABR. 17
COMPROIBIÇÃO, BRASIL
DEIXADEARRECADAR
MAISDER$ 15BILHÕES • P.21
P. 48
JogosilegaisLoteria
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edição de ipad
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BOLADA
O jogo do bicho
movimenta
anualmente
cerca de R$ 12
bilhões com
apostas sem
supervisão
do Estado.
ANTIMATÉRIA MATÉRIAS
P.07 CIENTISTAS
CONTRA TRUMP
P.11 AMOTOSSERRA
E A POLÍTICA
P.12 O BIÓGRAFO DA TEORIA
DA RELATIVIDADE
P.14 INFOMANIA
ESCRITORES AFRICANOS
P.15 ENTREVISTA COM
M. NIGHT SHYAMALAN
P.15 MORGAN FREEMAN
E SUA NOVA SÉRIE
P.16 AVALIAÇÃO COMPLETA
DO NINTENDO SWITCH
P.17 OSMELHORES
CELULARES DE 2017
P.20 ELEMENTAR
LENTE DE CONTATO
P.10 DESAFIO
CONTRA O CÂNCER
P.13 PLANTINHAS
ESPACIAIS
P.21 DOSSIÊ
JOGOS DE AZAR
P.30 A DESIGUALDADE
NOS DEIXA DOENTES
P.42 ENSAIO A JORNADA
DOS RINOCERONTES
P.64 O QUE FAZ AS
COISAS CAÍREM?
P.71 TUBO DE ENSAIOS
P.72 PANORÂMICA
P.74 ULTIMATO
P.48 ENTREVISTA
RONALDO LEMOS
P.58 EXISTE DINHEIRO GRÁTIS
P.52 MULHERES DE OURO
EDIÇÃODEABRILDE2017
COMPOSIÇÃO
309COMPOSICAO.indd 1 16/03/2017 15:27:39
Em Mentes depressivas,
a dra. Ana Beatriz Barbosa Silva,
médica psiquiatra e escritora,
disseca a depressão de forma
inovadora ao abordar a doença
do século por meio de suas
três dimensões: física, mental
e espiritual.
Depressão
não é frescura
AutorA best-seller com mAis de 2 milhões de l ivros vendidos
Nas l ivrarias e em e-book
odos os meses,
além da reunião de
pauta normal, faze-
mos também uma
segunda reunião
com toda a equipe só para discutir
a imagem de capa. Às vezes ela dura
cincominutos— foi o caso da edição
de junho do ano passado, que trata-
va de erotização infantil e mostrava
uma menina de costas escrevendo
à mão a frase Essa novinha é uma
criança. Já chegamos, no entanto, a
ficar mais de cinco horas trancados
na sala de reunião devorando sacos e
mais sacos de bolachas de água e sal
(sempre há uma boa alma que provi-
dencia a comida) até encontrarmos
uma solução satisfatória. Foi o que
aconteceu na última edição de julho,
sobre meritocracia (O pobre tem seu
lugar. E não sai de lá por quê?), quan-
do usamos a imagem de uma babá
em um elevador de serviço amarelo
que a editora de arte FernandaDidini
construiu do zero só para aquela foto.
Conto tudo isso para deixar claro
o quanto levamos a sério o design
da revista. Sabemos que a forma de
apresentação do conteúdo contribui
(e muito) para torná-lo não apenas
mais bonito, mas mais interessan-
te e informativo. Em novembro de
2015, lançamos um novo projeto grá-
fico que, já na época, recebeu vários
prêmios nacionais e internacionais.
Um dos mais importantes foi uma
medalha de prata noThe Best of News
Design, competição anual que reúne
as melhores publicações do mundo
inteiro. Pois bem. Em 2016, aprovei-
tamos para fazer uma série de pe-
quenas modificações no projeto que
deixaram o produto final aindamais
bem-acabado. E o resultado é que,
desta vez, ganhamos não uma, mas
duas medalhas de ouro e outras três
menções honrosas. Fomos o único
veículo brasileiro e um dos poucos
domundo a recebermedalha de ouro
(ao nosso lado na lista estãoTheNew
York Times e National Geographic,
cof). Para comemorar, nada mais
justo que usar o espaço dos colabo-
radores do mês, aqui ao lado, para
apresentar nosso pequeno — mas
brilhante — departamento de arte.
Boa leitura e até o mês que vem!
DIZEM QUE
NÃO SE DEVE
JULGAR UM
LIVRO PELA
CAPA, MAS. . .
T
!
ELAS
POR ELAS
Nos dias
31 de março
e 1º de abril,
GALILEU
participa
do evento
Elas por Elas
no Village-
Mall, no Rio
de Janeiro.
Mediaremos
grupos
de discussão
sobre gênero
e sobre
machismo
em diferentes
áreas.
Você pode
acompanhar
a cobertura
do evento
no nosso site
e nas redes
sociais.
Cristine Kist — Editora-chefe
ckist@edglobo.com.br
COLABORADORES DOMÊS
ONDE NASCEU E ONDE MORA
Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Formada em 2009 pela UFPE, Cam-
pus do Agreste – Caruaru. Já passou
pela FutureBrand e Editora Abril.
É CONHECIDA POR
Seu gosto peculiar para
entretenimento e seus ataques
de riso altamente contagiosos
Fernanda
Didini
EDITORA DE ARTE
ONDE NASCEU E ONDE MORA
Petrolina (PE) e São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Formado em 2011 pela UFPE,
Campus do Agreste – Caruaru e
pela Faculdade de Belas Artes da
Universidade do Porto (Portugal).
É CONHECIDO POR
Seus muitos talentos artísticos e
seu sotaque pernambucano mais
carregado que o das novelas
Feu
(Felipe
Eugênio)
DESIGNER
ONDE NASCEU E ONDE MORA
São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Formado em Editoração pela USP,
passou pelas redações da Autoesporte
e da Época antes de chegar à Galileu.
É CONHECIDO POR
Seu superpoder de se comunicar
exclusivamente por memes
João
Pedro
Brito
DESIGNER
FOTO Tomás Arthuzzi
PRODUÇÃO Beatriz Liranço
MODELO Luanna Marin
MAQUIAGEM Ananda Resende
AGRADECIMENTOS
Ricardo Almeida
Riachuelo
Interdomus LAFER
QUEM FEZA CAPAPRIMEI -
RAMENTE
WWW.GALILEU.GLOBO.COM
PORCRISTINEKIST
04.2017#309
309Primeiramente.indd 4 16/03/2017 15:27:24
A REVISTA QUE TODO
MUNDO QUER VER
“Interessante e as-
sustador. Inovações
tecnológicas para
melhorar a sexualida-
de são bem-vindas,
mas será que esta-
mos mesmo cami-
nhando em direção
ao mundo retratado
em Blade Runner?”
TÚLIO TERRELL
(SãoPaulo, SP),
sobreComoenlouquecer
seu robônacama
Fluam,meus
orgasmos
“Matérias assim são
ótimas para desmisti-
ficar ideias incoeren-
tes com a vida social
de uma cidade. É
importante mostrar
esse lado que é cruel,
mas, infelizmente,
tido como normal
por muita gente.”
ELLENRODRIGUES
(Goiânia, GO),
sobrea reportagem
decapa
Cidade dos
pesadelos
“O design da
matéria deveria
ser replicado nos
livros de biologia.
Foi bem fácil
entender os
processos que
no Ensino Médio
eu me matava
para decorar.”
CAIOMELO
(SãoPaulo, SP),
sobreGenedomável
Umpedacinho
pra cada
esquema
O QUE ELES ACHARAM
DAREPORTAGEM
DE CAPA
DO DOSSIÊ
MICRORGANISMOS
Eu vejo flores
em vocês Tema lindo, execução cinza
Há pontos fortes, não sei bem quais
Me fizeram ver
o que nunca tinha visto
MÉDIAS DASMATÉRIAS
67%
22%
11%
100%
Na edição de
março, nossos
Conselheiros
mergulharam
no cinza para
procurar algo
de colorido
na revista
Edição • Março/2017
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Gabriela Namie, GuilhermeHenrique, Tomás Arthuzzi, Beatriz Liranço, Dulla,
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Galileu é umapublicação da EDITORAGLOBOS.A.—Av. Nove de Julho, 5.229, 8º andar,
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plataforma: Barbara Costa Freitas Silva; Executivos Multiplataforma: Camila Amaral da Silva
e Jorge Bicalho Felix Junior. GERENTE DE EVENTOS: Daniela Valente. OPEC OFFLINE: Carlos
Roberto de Sá, Douglas Costa e Eduardo Ramos.OPECONLINE:Rodrigo Santana Oliveira, Danilo
Panzarini, HigorDaniel Chabes e Rodrigo Pecoschi. ESTRATÉGIACOMERCIAL:Guilherme Iegawa
Sugio. EGCN—Consultora deMarcas:Olivia Cipolla Bolonha. ESTÚDIO GLOBO: Caio Henrique
Caprioli, Ligia Rangel Cavalieri e Luiz Claudio dos Santos Faria
AUDIÊNCIA
Diretor deMarketingConsumidor:Cristiano Augusto Soares Santos; Diretor de
Planejamento eDesenvolvimentoComercial: Ednei Zampese;Gerente deVendasCanais
Indiretos: ReginaldoMoreira da Silva;GerentedeCriação:Valter Bicudo Silva Neto;
Coordenadores deMarketing:Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti
A cidade que
ninguémquer ver
9,4
Dossiê
microrganismos
9,3
Como enlouquecer
seu robô na cama
8,1
A parte
que lhes cabe
10
Museu
aomar
9,8
CONSELHO
PORNATHANFERNANDES
309Conselho.indd 6 15/03/2017 20:34:21
04 . 20 1 7 1 GUILHERMEHENRIQUE (GH)2 GABRIELANAMIE (GN)
ILUSTRADORES CONVIDADOSEDIÇÃOTHIAGOTANJI
DESIGN
FERNANDADIDINI
P.0704.2017
ANTI-
MATÉ-
RIA
FATOS • FEITOS • NÚMEROS • NOTAS • NOTÁVEIS
Fig. (GH)
Cientistas organizam protestos
contra Donald Trump
309AMabre.indd 7 16/03/2017 16:07:25
a comunidade científica dos Estados Unidos
entrou em alerta quando, no início de janei-
ro, informações sobre o aquecimento global
foram retiradas do site da Casa Branca.
Na mesma época, um comunicado enviado a qua-
tro agências federais norte-americanas informava que
os cientistas não deveriam divulgar nenhuma infor-
mação a menos que fossem autorizados por seus su-
periores. Para completar, o recém-empossado presi-
dente Donald Trump nomeou Scott Pruitt, conhecido
inimigo dos ecologistas, como secretário da agência
de proteção ambiental do país. Durante a campanha
eleitoral, o então candidato Trump chegou a afirmar
que o discurso sobre o aquecimento global era um
CENSURA
Dados sobre o
aquecimento
global foram re-
movidos dos si-
tes de agências
públicas dos
Estados Unidos
*C
om
su
pe
rv
is
ão
de
Th
ia
go
Ta
nj
i
Pesquisadores
dos Estados
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mobilizam
contra as
políticas de
Donald Trump
PORJULIO CESAR
SOARES VIANA*
CIENTISTAS
EM MARCHA
P.08 04.2017
309AMabre.indd 8 16/03/2017 16:07:26
ASMEDIDAS DE TRUMP
Dezembro de 2016: Governo solicita
o nome dos cientistas do Departamen-
to de Energia que fizeram pesquisas
sobre mudanças climáticas.
Janeiro de 2017: Informações referen-
tes ao aquecimento global são retira-
das do site da Casa Branca.
Fevereiro de 2017: O antiambientalista
Scott
Pruitt é confirmado chefe da EPA,
agência de proteção ambiental do país.
Março de 2017: Trump propõe corte de
quase 20% no orçamento doNOAA, ins-
tituição de pesquisa atmosférica.
AMARCHA DA CIÊNCIA
AO REDOR DO PLANETA
plano da China para desacelerar a econo-
mia norte-americana. Diante desse cená-
rio, os cientistas arregaçaram as mangas
dos jalecos e foram à luta.
Inspirado na Marcha das Mulheres,
mobilização que ocorreu em Washington
no dia seguinte à posse de Trump, um
protesto batizado de Marcha da Ciência
está marcado para ocorrer na capital
norte-americana no dia 22 de abril, data
que comemora o Dia da Terra e relem-
bra a importância da luta pela proteção
ambiental do planeta. “Um monte de
gente teve essa ideia ao mesmo tempo
no Twitter”, afirma Jacquelyn Gill, pes-
quisadora em mudanças climáticas na
Universidade do Maine e uma das orga-
nizadoras do movimento de cientistas.
Com o engajamento de pesquisadores
de diferentes lugares, foram convoca-
das mais de 350 marchas que tomarão
as ruas de outras cidades dos Estados
Unidos e do resto do mundo.
PARA ALÉM DA BOLHA
Na opinião de Jacquelyn Gill, a presidên-
cia de Donald Trump não é a origem dos
problemas da ciência norte-americana.
“Existem muitos grupos, mais especifi-
camente corporações, que têm trabalha-
do para minar a ciência, especialmente
quando os dados ou pesquisas vão contra
seus interesses”, revela a organizadora da
Marcha dos Cientistas.
Em 2014, o senador Lamar Smith ten-
tou emplacar a lei da “Ciência Secreta”,
projeto que impediria a Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos
(EPA) de criar regulamentações para po-
líticas públicas baseadas em pesquisas.
O projeto não foi aprovado, mas o par-
lamentar afirma que retomará a discus-
são em breve — apoiado por empresas
da indústria de gás e óleo, Smith é co-
nhecido por atacar os pesquisadores que
estudam o aquecimento global.
“Há grupos que não aceitam investi-
mentos em pesquisas sobre a sexualida-
de de adolescentes e homossexuais, por
exemplo”, diz Emilio Moran, professor da
Universidade de Michigan e membro do
Conselho Nacional de Ciência (NBS) dos
Estados Unidos. “Essas pessoas entram
com ações políticas pedindo que se blo-
queie o financiamento. Isso vem ocorren-
do há mais de uma década.” De acordo
com o professor, o conservadorismo e a
falta de esclarecimento de parte da popu-
lação também são entraves para valorizar
o trabalho dos cientistas. “É incrível que o
país lidere a ciência no mundo e que me-
tade da população norte-americana não
acredite em evolução”, destaca.
Os próprios pesquisadores conside-
ram, no entanto, que é necessário furar
a bolha acadêmica de teses e relatórios
e dialogar com o restante da sociedade
com o objetivo de aproximar as pesso-
as da ciência. “Nós nem sempre faze-
mos um bom trabalho em nos conec-
tar com a comunidade e conversar com
as pessoas sobre aquilo que fazemos”,
conta Jacquelyn Gill. “Parte dos indi-
víduos não nos veem como humanos
ou membros da sociedade. Ficamos de
fora, voltados para nós mesmos.”
LUTA CONTRA O RETROCESSO
Apesar do receio de represálias, como a
diminuição do orçamento público desti-
nado às pesquisas, os cientistas acredi-
tam que é preciso tomar uma posição po-
lítica no momento vivido pelos Estados
Unidos. “Não estamos falando apenas por
nós, pois a ciência é para todos. Se não
pudermos monitorar o ar limpo e a água
limpa, não são só os cientistas que sofre-
rão por isso, mas todas as pessoas que
dependem do nosso trabalho e confiam
em nós”, diz Gill. “Nós também somos ci-
dadãos, somos tão parte da comunidade
quanto qualquer um, e temos o direito e
o dever de ter voz política.”
Inspirada na Marcha da Ciência, uma
mobilização brasileira será realizada no
final de abril para chamar a atenção dos
problemas enfrentados pela comunidade
científica do país. Uma das organizado-
ras do movimento, a pesquisadora Márcia
Cristina Barbosa, professora de física na
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), afirma que o atual cenário
político e econômico do Brasil é marcado
por retrocessos para a ciência. “Ideologi-
camente, a ciência sempre foi atacada no
Brasil. Há pessoas que não querem falar
sobre as células-tronco, por exemplo”, diz.
“Parece que já nos acostumamos com o
descrédito da ciência por aqui.”
Em maio do ano passado, o Ministé-
rio da Ciência, Tecnologia e Inovação foi
incorporado ao Ministério de Comuni-
cações, em uma medida criticada pelos
pesquisadores por extinguir uma pasta
exclusiva para discutir a ciência no país.
No final de janeiro, o governo do esta-
do de São Paulo também retirou 10%
do orçamento destinado à Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp) — após manifestações, a deci-
são foi revertida e R$ 120 milhões foram
devolvidos ao fundo de pesquisas.
Com a realização da marcha, no en-
tanto, a professora Márcia Cristina Bar-
bosa acredita que será possível mostrar
à população a importância da ativida-
de científica e seu impacto no avanço
intelectual, econômico e tecnológico do
país: “Seu filho precisa saber o que é
ciência, ele precisa fazer ciência. O Bra-
sil não pode se conformar em ser um
país de segundo escalão.”
P.0904.2017
309AMabre.indd 9 16/03/2017 16:07:26
FIG. - GH
Iniciativa global solucionará sete
mistérios sobre o câncer com a
ajuda de três institutos brasileiros
POR JOTAPÊ JORGE
inte e três institui-
ções e mais de 100 mi-
lhões de libras investidas,
o equivalente a R$ 390 mi-
lhões. Esses são alguns dos números do
Grand Challenge, literalmente “Grande
Desafio”, iniciativa proposta pela asso-
ciação britânica Cancer Research UK
para solucionar sete questões relaciona-
das ao câncer. Três instituições brasilei-
ras participam do projeto: o Hospital do
Câncer de Barretos, no interior de São
Paulo, o Instituto A.C. Camargo, na ca-
pital paulista, e o Instituto Nacional do
Câncer, no Rio de Janeiro.
“Nós ainda não sabemos metade dos
causadores externos de câncer”, afir-
ma Rui Reis, oncologista responsável
pelo projeto no Hospital do Câncer de
Barretos. “Nosso objetivo é mapear e
encontrar causas da doença que ainda
não são conhecidas.” De acordo com
os pesquisadores, 900 pacientes serão
analisados, colaborando com um ban-
co de dados de 5 mil pessoas ao redor
do mundo. “Faremos uma análise cru-
zada entre os cânceres e os estilos de
vida para identificar marcas genômicas
e relacioná-las”, explica Reis. O processo
de pesquisa e sequenciamento do geno-
ma tem estimativa de duração de cinco
anos. Quando finalizado, abrirá cami-
nho para novas maneiras de prevenção
da doença. “É possível que no futuro,
com exames genéticos, o diagnóstico
seja mais precoce, com maior possibili-
dade de remissão”, diz Reis.
GRANDEDESAFIO
Os principais objetivos dos pesquisadores
para os estudos contra o câncer
ERRADICAR CÂNCERES
CAUSADOS PELOVÍRUS HPV-4
OHPV-4 é transmitido pela saliva e por secreções
sexuais e é responsável por pelomenos 530mil
casos de câncer ao ano. Um dos desafios é encontrar
umamaneira de reduzir esse número a zero.
OBTER FORMAS DE IDENTIFICAR
CÂNCERES LETAIS E NÃO LETAIS
Amissão é encontrar uma forma de
diferenciar cânceres benignos e agressi-
vos, evitando tratamentos invasivos.
FABRICARVACINAS PARAO
TRATAMENTO DE CÂNCERES NÃOVIRAIS
Descobrir um jeito de “potencializar” as defesas
do organismo para localizarem e combate-
rem cânceres em estágios iniciais é o foco.
DESENVOLVER DIAGNÓSTICOS
COMAUTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA 3-D
Ummapeamento do grupo de células e vasos
sanguíneos afetados pelo tumor ajudaria a
medicina a derrotar as células cancerosas.
NENHUMA
AMENOS
Pesquisa afirma que, no
ano passado, 503 mulheres
sofreram agressões físicas
a cada hora no Brasil
PORNATHAN FERNANDES
UMA PESQUISA realizada pelo
Instituto Datafolha, encomenda-
da pelo Fórum
Brasileiro de Se-
gurança Pública, afirma que uma
a cada três mulheres brasileiras
commais de 16 anos foi vítima
de violência em 2016. O estudo
Visível e Invisível: a Vitimização
de Mulheres no Brasil calculou
ainda que, a cada hora, 503
O projeto
mapeará as
causas do
câncer ainda
não conhecidas
V
Códigopara
vencerocâncer
mulheres sofreram agressões
físicas no ano passado. Em 61%
dos casos o agressor era conhe-
cido da vítima. Apesar do maior
número de informações em re-
lação ao tema, com apoio da Lei
Maria da Penha, de 2006, 52%
das mulheres que participaram
do estudo afirmaram que não
reportaram a agressão sofrida.
E apenas 11% das que procura-
ram algum tipo de ajuda recor-
reram à Delegacia da Mulher.
A pesquisa ressalta ainda o
racismo estrutural da socie-
dade ao revelar que mulheres
negras (32%) e pardas (31%)
relataram ter sofrido consi-
deravelmente mais violência
do que as brancas (25%).
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309AMcancerDESMATAMENTOarmas.indd 10 16/03/2017 16:10:10
Fig. - GN
Fig. GH
ARMAÇÃO
ILIMITADA
Comércio de armas é o maior
desde a Guerra Fria por
conta de tensões na Ásia
PORJ. J.
ADEUS ÀS ARMAS?Dados do
Instituto Internacional da Paz
em Estocolmo (Sipri, na sigla
em inglês) mostram que houve
um aumento na comercialização
de armamentos em 2016 por
conta de tensões diplomáticas
naÁsia: Índia e Paquistão
disputam a região fronteiri-
ça da Caxemira, enquanto a
China reclama a soberania dos
conjuntos de ilhas que existem
ao longo do Mar da China.
Os principais exportadores
de armas são Estados Unidos,
Rússia, China, França, Alema-
nha e Reino Unido — cinco
dessas nações são membros
permanentes do conselho de
segurança da ONU. O Brasil
é hoje o 26º maior vendedor
de armamentos do mundo e
comercializou R$ 202milhões
de itens bélicos no ano passado.
PARADAR INVEJAATONYSTARK
Negociações de armamentos (em%)
MAIORES EXPORTADORES DEARMAS
Estados Unidos
Rússia
China
França
Alemanha
Reino Unido
Outros
Índia
Arábia Saudita
EmiradosÁrabes Unidos
China
Argélia
Turquia
Outros
MAIORES IMPORTADORES DEARMAS
Estudo mostra a relação
entre a influência do
agronegócio na política
e os índices de desma-
tamento de um país
POR J. J.
DADOS DO INSTITUTO de Pes-
quisa Ambiental da Amazônia
indicam que, em 2016, o desma-
tamento de floresta nativa da re-
gião amazônica cresceu 30% em
relação a 2015, sendo o pior resul-
tado desde 2008 — Pará, Rondô-
nia eMato Grosso são os estados
que lideram a devastação.
Os dados corroboram as infor-
mações de um estudo recém-pu-
blicado pela revista Global Envi-
ronmental Change, quemostram
como a efetividade da legislação
ambiental é inversamente propor-
cional à fatia do agronegócio no
Produto Interno Bruto (PIB). No
Brasil, o setor é responsável por
movimentaraproximadamenteR$
1,2 trilhão da economia do país.
“Abancada ruralista domina as
duas pontas da discussão, ocupan-
do a Comissão de Agricultura e a
ComissãodoMeioAmbiente”, diz o
cientista político EdelcioVigna. Em
2012,mudanças no Código Flores-
tal foram criticadas por ambienta-
listas e a então presidente Dilma
Rousseff vetou 12 alterações
propostas pela bancada ruralis-
ta. Uma das medidas barradas
permitia ao proprietário rural
reflorestar apenas 25% da área
degradada por uma plantação.
O pesquisador Tiago Reis,
um dos autores da pesquisa,
destaca que o Brasil tem muito
a contribuir no debate mundial
sobre políticas de conservação
das florestas e matas nativas,
apesar do cenário adverso. “Nós
podemos oferecer lições apren-
didas sobre o fenômeno global
do desmatamento”, afirma.
EM VOTAÇÃO
A discussão de
mudanças do licen-
ciamento ambiental
será (mais) uma das
pautas polêmicas
debatidas pelo
Congresso Nacional
neste ano.
O PROJETO
De autoria do
deputado federal
Mauro Pereira
(PMDB-RS), uma das
alterações propostas
determinaria que
atividades agro-
pecuárias ficariam
dispensadas do licen-
ciamento ambiental,
que atualmente
é obrigatório.
33%
23%
6,2%
6%
5,6%
4,6%
21,6%
13%
8,2%
4,6%
4,5%
3,7%
3,3%
62,7%
O PODER DA
MOTOSSERRA
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LU-
NE-
TA
DEOLHONASESTRELAS
PORANDRÉJORGEDEOLIVEIRA
FIG. - GH
FONTE: Nasa
Explore Mars Map
UM SÉCULO
MUITO RELATIVO
Chega ao Brasil biografia da teoria
de Einstein escrita pelo astrofísico
português Pedro G. Ferreira, um
obcecado pela relatividade geral
PROJETAR PONTES enchia Pedro Gil Ferreira
detédio.Nofimdadécadade1980, eleestudava
Engenharia em Lisboa, mas queria desvendar
os segredos do Universo. “Sempre tive obses-
são pela relatividade geral”, diz Ferreira, que se
tornou astrofísico pelaUniversidadedeOxford,
no Reino Unido. Ele fez da biblioteca universi-
tária sua segunda casa edominoua “geometria
ardilosa e a matemática obscura” de Einstein.
De tão fascinado, escreveu um livro a respeito.
“Foi uma oportunidade única para ler artigos
icônicos e entrevistar pessoas importantes.”
ARELATIVIDADEGANHOUVIDAPRÓPRIA
APÓS A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE
ALBERTEINSTEIN.QUAISFORAMOSALTOS
EBAIXOSDATEORIANOÚLTIMOSÉCULO?
Atrajetória foi umamontanha-rus-
sa.Começoucomoitoanosdetraba-
lho árduo de Einstein, seguidos por
um período fértil de muitas desco-
bertas, atéentraremhibernaçãono
início dos anos 1930. Foi relançada
só na década de 1960, quando se
tornou a teoria que conhecemos.
VOCÊDIZQUEOSÉCULO20FOIDAFÍSICA
QUÂNTICA,MASQUEO21SERÁMARCADO
PELARELATIVIDADEGERAL.PORQUÊ?
Hámuita coisa pela frente, como o
telescópio que tentará reconstruir
A TEORIA PERFEITA
Autor: Pedro G.
Ferreira
Editora: Companhia
das Letras (2017)
Páginas: 376
Preço: R$ 59,90
a primeira imagem em alta resolu-
ção do buraco negro no centro da
Via Láctea. E a teoria dará frutos,
com novas ideias sobre como a
mecânica quântica e a relativi-
dade interagem e reformulam a
natureza do espaço-tempo.
O LIVROCONTACOMOONACIONALISMO
DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL CRIOU
TENSÕES ENTRECIENTISTAS EUROPEUS.
OBREXITTEMCAUSADOALGOPARECIDO?
Ainda não houve impacto na ciên-
cia que faço, mas decerto haverá: o
ReinoUnidoperderápreciosoapoio
financeiro europeu e as parcerias
internacionais não permanecerão
como estão.Assola a incerteza...
PEDACINHO
DEMARTE
Nasa planeja trazer amostra
marciana devolta àTerra
ANasa está interessada em
recolhermaterial físico de
Marte e escolheu as três áreas
do planeta que serãovasculha-
das pelo sucessor da sonda
Curiosity, a partir de 2020
(veja ao lado). O foco damissão
será buscar evidências devida.
CRATERA DE JEZERO
Mais promissora das três. Era
um grande lago onde desagua-
va um rio caudaloso. Lugar per-
feito para antigos seres vivos.
NORDESTE DE SYRTIS
Os cientistas têm conheci-
mento de que a região abrigou
águas aquecidas em eras pas-
sadas. Houve vida por lá?
COLINASCOLUMBIA
Região explorada pelo rover
Spirit. Águas termais já fluíram
ali: depósito de sílica pode ser
indício de vida no passado.
Cratera de Jezero
Nordeste de Syrtis
Colinas Columbia
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FIG. - GH
As principais notícias espaciais da semana
são comentadas em transmissão ao vivo
TODASASSEXTAS,ÀS 17H,
NANOSSA FANPAGE. ASSISTA!
Colheita da quinta safra de
vegetais fresquinhos na ISS reforça
tendência para que plantas e
humanos convivam no espaço
és de repolho chinês
foram colhidos na Estação
Espacial Internacional (ISS)
em fevereiro — foi a quinta
safra de plantas do experimento Veggie
desde 2014 (veja outros plantios abaixo).
Metade da produção servirá como salada
para os astronautas e o restante retornará
à Terra para análise. Há décadas, cientis-
tas estudam os efeitos da microgravidade
nas plantas, como no funcionamento dos
genes. “O processo controla a produção
de enzimas e as reações metabólicas”, diz
Howard Levine,
da Nasa, que trabalha no
Projeto APH, sucessor do Veggie. As plan-
tas terão papel central em naves tripuladas,
já que serão fontes de alimento e oxigênio
no espaço profundo. “Isso inclui missões
de trânsito em Marte ou nas vizinhanças
da Terra e da Lua”, afirma Ray Wheeler,
que coordena estudos de suporte à vida
na Nasa. Sem contar, é claro, a satisfação
de cultivar um pedacinho da Terra — e
vê-lo brotar bem longe de casa.
Astronautas
jardineiros
DIADEJÚPITER: GIGANTE
BRILHACOMONUNCA
Melhordia para observar o rei do
Sistema Solar: estará emoposição,
mais próximo daTerra (a 666mi-
lhões de km) emais brilhante.Visível
à noite, nasce no Leste ao escurecer.
7
ENCONTROMARCADODE
TRÊSASTROSEM VIRGEM
Ainda bastante charmoso, Júpiter
se encontra coma Lua Cheia e Spica
(250 anos-luz daTerra), estrelamais
brilhante da Constelação deVirgem.
Trio surge no Leste após o pôrdo Sol.
10
MARTEFLERTACOMAS
MAGNÍFICASSETE IRMÃS
Belíssimo aglomerado estelar visível
a olho nu, as Plêiades flertam com o
planeta vermelho no início da noite
na direção Noroeste. Regiões Norte
e Nordeste têmmelhorvisibilidade.
17
HUBBLE FAZANOS ENÓS
GANHAMOSOPRESENTE
Parabéns aoHubble: lançado há 27
anos, o lendário telescópio espacial
até hoje é um colosso científico.
ANasa garante que ele passará dos
30 anos. E quevenha o JamesWebb!
24
AGENDA
-
2
9
16
23
30
-
5
12
19
26
-
-
3
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-
7
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-
1
8
15
22
29
-
ssd s t q q
Abril de 2017
LUNETA
LIVE
P
GIRASSOL
Expedição 30/31 com
Don Pettit (2012)
Aflor quasemorreu na
ISS, mas resistiu sob
os cuidados atenciosos
do astronauta Donald
Pettit. Ele compartilha-
va em umblog o status
dessa e demais duas
plantas pessoais.
ALFACEROMANA
VERMELHA
Expedição 44 com
Scott Kelly (2015)
Primeira verdura pro-
duzida e consumida no
espaço. “Pequenamor-
dida para um homem,
salto gigante na jorna-
da paraMarte”, tuitou
o comandante Kelly.
ZÍNIA
Expedição 46 com
Scott Kelly (2016)
Foi a primeira flor
a germinar no
experimento Veggie.
A equipe do projeto
criou uma cartilha sim-
plificada para instruir
Kelly na arte da “jar-
dinagem autônoma”.
REPOLHOCHINÊS
Expedição 50/51 com
PeggyWhitson (2017)
Whitson cultivou por
ummês e colheu os pri-
meiros pés da espécie
na ISS. Metade da safra
volta à Terra; o resto é
dos astronautas, que
dispõem até demolhos
para colocar na salada.
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BIBLIOTECADA ÁFRICA
Anigeriana ChimamandaNgoziAdichie lançou emmarço
o livroPara Educar Crianças Feministas—eGALILEU
aproveitou para fazer uma lista de escritores africanos
NOME NASCIMENTO LÍNGUAPAÍS PUBLICAÇÕES SOBRE
NGŨGĨWA
THIONG’O 1938 QUÊNIA
INGLÊS E
GIKUYU
Escreveu seus três primeiros livros
em inglês, antes de rejeitar a língua
e o antigo nome por considerá-
-los heranças do colonialismo.
Um Grão de Trigo
(Alfaguarra) e
Sonhos em
Tempos de Guerra
(Biblioteca Azul)
J.M.
COETZEE 1940
ÁFRICA
DO SUL
NIGÉRIA
INGLÊS E
AFRICÂNER
É conhecido por criticar tanto
o Apartheid quanto o atual
governo do Congresso Nacional
Africano, no poder desde 1994.
Diário de um Ano
Ruim e Desonra
(Companhia
das Letras)
NOVIOLET
BULAWAYO 1981 ZIMBÁBUE INGLÊS
Tornou-se a primeiramulher
negra e africana a ser nomeada
para oMan Booker Prize, prêmio
da literatura em língua inglesa.
Precisamos de
Novos Nomes
(Biblioteca Azul)
IMBOLO
MBUE 1982 CAMARÕES INGLÊS
Aqui Estão os Sonhadores foi
eleito um dos melhores livros
de 2016 pelos jornais The New
York Times eWashington Post.
Aqui Estão os
Sonhadores
(Globo Livros)
CHINUA
ACHEBE 1930 INGLÊS
“Pai do romance africano”, seu
livro O Mundo se Despedaça é um
dos mais lidos do continente e foi
traduzido para mais de 40 línguas.
O Mundo se
Despedaça e
A Flecha de Deus
(Companhia
das Letras)
NADINE
GORDIMER 1923 INGLÊS
Aescritora foi uma das vozes
oposicionistas brancas doApartheid,
escrevendo crônicas e livros contra
o regime de segregação racial.
O Melhor Tempo É o
Presente e O Engate
(Companhia
das Letras)
WOLE
SOYINKA 1934 INGLÊS
Primeiro africano a ganhar o Nobel
de Literatura, foi perseguido por sua
atuação política e viveu exilado na
Inglaterra e nos Estados Unidos.
O Leão e a Joia
(Geração Editorial)
MIA
COUTO 1955 MOÇAMBIQUE PORTUGUÊS
Vencedor do Prêmio Camões
em 2013, é considerado um
dos principais autores da
língua portuguesa atual.
O Último Voo
do Flamingo e
Terra Sonâmbula
(Companhia
das Letras)
PEPETELA 1941 PORTUGUÊS
Foi ministro da Educação emilitante
doMovimento Popular pela
Libertação deAngola, lutando por
26 anos na guerra civil do país.
Mayombe e Lueji —
O Nascimento
de um Império
(Leya)
ONDJAKI 1977
ANGOLA
PORTUGUÊS
Ganhou o Prêmio Jabuti
na categoria infantil pela
obra AvóDezanove e o
Segredo do Soviético.
Bom Dia, Camaradas
(Companhia das
Letras) e
Os da Minha Rua
(Língua Geral)
KAMEL
DAOUD 1970 ARGÉLIA FRANCÊS
Jornalista, ganhou o prêmio
Goncourt, um dos principais
da língua francesa, pelo
livro O Caso Meursault.
O Caso Meursault
(Biblioteca Azul)
NAGUIB
MAHFOUZ 1911 EGITO ÁRABE
Único autor de língua árabe
a ser laureado com o Nobel,
escreveu 34 romances e mais de
350 contos. Morreu em 2006.
Noites das Mil e Uma
Noites (Companhia
de Bolso) e O Jardim
do Passado (Record)
CHIMAMANDA
NGOZI ADICHIE 1977 INGLÊS
Vencedora do Prêmio MacArthur,
a chamada “Bolsa para Gênios”,
é uma importante figura do
feminismo no continente.
Americanah
e Hibisco Roxo
(Companhia
das Letras)
Nob
el
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19
86
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el
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19
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19
91
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Fig. - GH
Fig. - GN
Em Fragmentado, o diretor
M. Night Shyamalanvolta a trabalhar
com seus temas preferidos: a
espiritualidade e o sobrenatural
PORMARIANEMORISAWA,
DE LOS ANGELES
ltos e baixos acompa-
nham a carreira do diretor
indianoM. Night Shyamalan.
Com menos de 30 anos, ele
foi considerado gênio porO Sexto Sentido
(1999), mas depois caiu em desgraça
com produções como O Último Mestre
do Ar (2010) e Depois da Terra (2013).
Em Fragmentado, Shyamalan volta a fa-
lar de seus temas preferidos, como o so-
brenatural e a espiritualidade — no filme,
James McAvoy representa Kevin, um ho-
mem com pelo menos 23 personalidades
e que sequestra três adolescentes. Confira
a conversa da GALILEU com o diretor.
O QUE INSPIROU ESSA HISTÓRIA?
Sempre tive interesse no transtorno dissociativo de
identidade. Criei o Kevin há 15 anos. Eu tinha algumas
páginas de desenvolvimento do personagem e certas
cenas, mas não a história completa.
O FILME FALA QUE SE A ALMA ESTÁ SOFRENDO,
ESTÁ EVOLUINDO. FOI UMA INTENÇÃO PROVOCAR
O ESPECTADOR COM ESSE CONCEITO?
Nos meus filmes, os marginalizados, os que
são considerados fracos, os que têm problemas
são, na verdade, poderosos. Em Fragmentado,
eles falam sobre essa filosofia de que quem
não sofreu não teve chance de se tornar
a melhor versão de si mesmo.
E VOCÊ JÁ SE SENTIUMARGINALIZADO?
Escrevo sobre personagensmarginalizados e empo-
deradores, mas não sei, acho que preciso de terapia
para responder a essa questão. Pode ter a ver com a
experiência de ser imigrante nos Estados Unidos.
VOCÊ TEVE TANTO GRANDES SUCESSOS QUANTO
FILMES QUE FORAMCRITICADOS DURAMENTE.
FICOU NERVOSO AO EXIBIR FRAGMENTADO
PELA PRIMEIRA VEZ PARA O PÚBLICO?
Estou fazendo isso há algum tempo, então não fico
confuso ou amargo. Muitas vezes, o filme simples-
mente não é o que as pessoas esperavam. O impor-
tante
é que eu esteja artisticamente satisfeito com
o que fiz. Nesse caso [do filme Fragmentado], é
algo diferente e único — se as pessoas não gosta-
rem, tudo bem, porque representa meus valores.
A popularidade não deveria fazer parte da equa-
ção, mas é claro que quero agradar.
DEUSÀ
PROCURA
DERESPOSTAS
Programa apresentado pelo ator
Morgan Freeman investiga como
as pessoas lidam com a religião
POR ISABELAMOREIRA
CONHECIDO POR INTERPRETAR
Deus no cinema, Morgan Freeman
não gosta de ser comparado à
figura religiosa. “Tenho curiosida-
de de conhecer as pessoas, seus
contextos sociais e estruturas
culturais”, contou o ator em
entrevista à GALILEU. Esse foi um
dosmotivos que fizeram comque
ele concordasse em apresentarA
História de Deus, produção que
viaja omundo conhecendo as
diferentes interpretações de fé.
Em sua segunda temporada,
o programa encontra um novo
desafio: entender a relação,
muitas vezes conflituosa, entre
ciência e religião. “Vários cientis-
tas acreditam que a ciência é
uma espécie de substituta de
Deus”, diz Freeman. “Mas há
outros tantos pesquisadores
que veem a ciência como uma
forma de investigar o mundo.”
Para o produtor-executivo Ja-
mesYounger, a ciência e a religião
podem coexistir de umamaneira
interessante. Enquanto a ciência
fala do Big Bang para explicar o
início do universo, por exemplo,
os religiosos citam o Gênesis. “É o
mesmo fenômeno visto de dife-
rentes perspectivas, mas uma não
anula a outra”, afirmaYounger.
A segunda temporada de
AHistória de Deus estreia
no dia 16 de abril, às 20h30,
no canal pago NatGeo.
Kevin, pro-
tagonista de
Fragmentado,
possui 23 per-
sonalidades
A
Fragmentos
deShyamalan
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309AMafricanosSHAYAMALANfreeman.indd 15 16/03/2017 16:17:32
ario e seus amigos estão
de volta. Enquanto Sony e
Microsoft iniciam a geração 4k
dos videogames, a Nintendo investe no
entretenimento junto com amigos por
meio do Switch, que chegou às lojas de
boa parte do mundo no dia 3 de março.
A proposta de interação fica evidente no
próprio design do videogame, que conta
com dois “Joy-Con” — mini-joysticks
que, quando unidos a uma base ou à tela
portátil do console, viram um só.
OSwitch
conta comdois
mini-joysticks
quepodem
seracoplados
emumatela
portátil
SabeoMario?
Elevoltou!
O Switch também conta com uma
tela própria que permite aos jogadores
usufruir dos games em qualquer lugar.
Para quem preza a qualidade visual,
basta acoplar o dispositivo central a
uma TV para que os gráficos do jogo
alcancem o padrão dos videogames
atuais. Entre os jogos disponíveis estão
franquias clássicas, como Zelda: Breath
of the Wild e Super Mario Odyssey.
Apesar de ainda não ter data de
lançamento no Brasil, o sucesso de
vendas mostra que o Switch atingiu seus
objetivos e que muitos gamers ainda se
interessam pelo conteúdo da empresa
japonesa, cuja proposta é diferente do
conceito das companhias que buscam in-
cansavelmente jogos cada vez mais reais.
Nada de game over para a Nintendo!
Novo lançamento da icônica
empresa japonesa, Nintendo
Switch aposta na interatividade
e no entretenimento entre amigos
PORDIEGOBORGES
M
FICHA TÉCNICA
PESO:400 gramas
ARMAZENAMENTO:
32 GB de memória
interna. Há possibi-
lidade de comprar
um cartão de
memória com 2 TB
BATERIA: Interna,
com duração de
duas horas e meia
a seis horas
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TECNOLOGIADESCOMPLICADA
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Fig. - GN
Fig. - GH
DO MOTO G
AO CELULAR
DA COBRINHA
Feira mundial apresenta tendências
para os smartphones — e uma delas
é deixá-los mais parecidos com os
aparelhos do início dos anos 2000
POR THÁSSIUS VELOSO*
FEIRAMAIS IMPORTANTEDETECNOLOGIA
da Europa, o Congresso Mundial de Celulares
(MWC) aconteceu entre os dias 27 de fevereiro
e 2 de março em Barcelona, na Espanha, com
lançamentos para todos os gostos (e bolsos).
Foram apresentados desde aparelhos desen-
volvidos comalta tecnologia, comooXperiaXZ
Premium, até a releitura do Nokia 3310, que
fez sucesso nos anos 2000 por ter fama de
indestrutível e, claro, pelo jogo da cobrinha.
WORK,WORK,
WORK,WORK
Quais os melhores aplicativos
para trabalhar a distância?
PORMELISSA CRUZ
ENQUANTOOBRASIL pulava
Carnaval, a feira de celulares
MWCacontecia emBarcelona.
Para transmitir as informações
emmeio à folia, o TechTudo utili-
zou plataformas emnuvem
e aplicativos de comunicação—
e recomenda osmelhores servi-
ços para trabalhar a distância.
@techtudo_oficial /techtudo @TechTudo
NOKIA 6
Nokia
O celular opera com
oAndroid 7 Nougat
e possui tela de 5,5
polegadas em Full HD.
A câmera principal do
smartphone tem 16me-
gapixels e é integrada
ao Google Assistente.*O jornalista viajou a convite do GrupoTCL
LG G6
LG
O destaque do
aparelho é a tela
gigante, com 5,7
polegadas e pro-
porção widescreen
de 18:9. As cores de
fotos e vídeos são
extremamente vivas.
NOKIA 3310
Nokia
O celular ganhou novas
cores, mas seus recur-
sos são similares aos do
modelo antigo: só fun-
ciona em rede 2G e não
rodaWhatsApp. O jogo
da cobrinha está de
volta, agora em cores!
XPERIA XZ
PREMIUM
Sony
Ganhou uma função
de câmera lenta
poderosíssima.
Ela capta a cena
em quase 1.000
quadros por segundo,
preservando as cores.
BLACKBERRY
KEYONE
TLC
A digitação no teclado
físico é desajeitada,
e o usuário pode
levar algum tempo
para (re)aprender a
manuseá-lo. Roda com
o Android 7 Nougat.
MOTO G5 PLUS
Motorola
Recebeu um corpo
com alumínio no lugar
do plástico para au-
mentar a durabilidade.
O botão Home passou
a entender gestos
mais complexos
feitos com os dedos.
TRELLO
O gerenciador de tarefas é
útil para fazer o planeja-
mento da equipe de manei-
ra remota e controlar
os fluxos de trabalho. Está
disponível em dispositivos
móveis para Android e iOS.
GOOGLE DRIVE
E DROPBOX
Serviços de armazenamento
em nuvem são importantes
na hora de transferir arquivos
sem perder a qualidade de fo-
tos e vídeos, por exemplo.
WHATSAPP
Para que o time se comuni-
que em tempo real de ma-
neira prática, o aplicativo
de mensagens continua
sendo a melhor solução.
TWITTER E FACEBOOK
As redes sociais são
boas aliadas para receber
notícias de diferentes
assuntos em tempo real.
P. 1704.2017
309AMtechtudo.indd 17 16/03/2017 16:09:52
NOVOAPP
ÉPOCA
A história por trás de tudo que
acontece no Brasil e no mundo,
na palma da sua mão.
E FAÇA PARTE DA HISTÓRIA
LEIA
Tenha acesso às edições semanais e a todo conteúdo de
ÉPOCA em seu celular ou tablet, totalmente adaptados à tela.
DISPONÍVEL PARA
ENVIE UM SMS GRÁTIS COM A PALAVRA ÉPOCA PARA 30133 E BAIXE O APLICATIVO
SÃOSEUSOLHOS
Saiba como foram inventadas e entenda do que são
feitas as lentes de contato —POREDUARDAENDLER*
á cerca de 500 anos
o italiano Leonardo
da Vinci já cogitava
acabar com problemas de vi-
são por meio do desenvolvi-
mento de uma espécie de len-
te que poderia ser posta na
superfície do globo ocular.
Mas ele nunca tirou a ideia do
papel, e as lentes que conhe-
cemos hoje ainda demoraram
bastante para aparecer. O que
impulsionou sua fabricação
não foi a vontade de corrigir
o grau, e sim a necessidade
de proteger os olhos.
Antigamente, as lentes
eram feitas de forma rudimen-
tar, com vidro, e encaixadas
nos olhos dos guerreiros que
andavam por ambientes inós-
pitos e vivenciavam situações
difíceis, como tempestades de
areia. Esse modelo lembra as
lentes esclerais, usadas ainda
hoje por quem tem anomalias
nas córneas. Foi só em 1929
que William Feinbloom desen-
volveu uma lente de contato
produzida com vidro e plás-
tico. Entretanto, continuava
sendo um material muito rí-
gido, que causava desconforto
no usuário. As lentes de con-
tato gelatinosas, consideradas
por alguns médicos oftalmo-
logistas como mais
confortá-
veis e maleáveis, só foram in-
ventadas nos anos 70.
Hoje, ainda existem lentes
dos dois tipos: rígidas e gela-
tinosas. As rígidas não preci-
sam de hidratação após o tor-
neamento computadorizado e
o polimento; as gelatinosas,
por sua vez, precisam.
H
*Com apuração de Cartola —Agência de Conteúdo Foto: Tomás Arthuzzi / Editora Globo Fontes: Viviane N. Uebel (CREMERS 24178), diretora técnica do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre;
Brunno Dantas, membro titular da Sociedade Brasileira de Oftalmologia; e Luis Ricardo Del Arroyo Tarragô Carvalho, médico oftalmologista do Hospital São Lucas da PUCRS
Aprimeira lente
de contato da
história foi feita
comvidro e plástico
SILICONE-
HIDROGEL
Este elemento,
que faz parte
das lentes de
hidrogel associa-
das ao silicone,
possibilita que
as lentes deem
maior capacidade
de oxigenação
aos olhos.
FLUORCARBONO
O carbono está
presente em qua-
se todas as ma-
térias do planeta
e é indispensável
para a vida huma-
na. Na lente de
contato, unido ao
flúor, garante um
material estável.
HIDROXIETIL-
METACRILATO
(HEMA)
É uma espécie de
“plástico” que
tem a capacidade
de se hidratar. É
usado nas lentes
de hidrogel,
conhecidas como
“gelatinosas”.
FLUORSI-
LICONE
O silicone,
quando
associado ao
fluorcarbono,
gera este novo
material que
também facilita
a chegada de
oxigênio ao
olho do usuário.
ÁGUA
Toda lente tem
uma porcentagem
de água, que
pode chegar a
60%. A função da
água é aumentar
o conforto com
a hidratação e
auxiliar na oxige-
nação da córnea.
20
ELEMENTAR
LENTE DE CONTATO
C
6
H
1
O
8
H
1
O
8
C
6
F
9
309Elementar.indd 2 16/03/2017 12:50:46
Congresso Federal coloca as cartas namesa e discute a legalização
dos jogos de azar com a expectativa de arrecadar impostos de um
mercado bilionário que atualmente opera demaneira ilícita
Antes de ser conduzido À
cadeira de ministro do Supremo
Tribunal Federal, Alexandre de
Moraes passou por uma sabatina
de 12 horas no Senado. Enquanto
sua careca refletia a iluminação
do auditório onde acontecia a
sessão, o ex-ministro da Justiça
expôs sua opinião sobre diferen-
tes temas, incluindo a legalização
dos jogos de apostas no Brasil.
“A Constituição nem determi-
na nem proíbe a questão de jogos
de azar, isso entra na opção do
legislador, ou seja, do Congresso
Nacional”, disse Moraes em res-
posta ao senador Antônio Carlos
Valadares (PSB-SE) em sessão
realizada no final de fevereiro.
Após afirmar que a decisão sobre
a legalização dependia dos parla-
mentares, o jurista elogiou o mo-
delo de negócio norte-americano
de cassinos, que integra opções
de lazer para toda a família.
O interesse dos três poderes da
República em discutir os jogos de
azar no Brasil não é mera opção
cultural: de acordo com os proje-
tos que tramitam no Congresso
Nacional, a legalização de cassi-
nos, bingos, apostas eletrônicas e
do jogo do bicho seria responsável
por um aumento na arrecadação
de tributos de mais de R$ 29 bi-
lhões, em um período de três anos.
Na avaliação doMinistério Público
e da Receita Federal, no entanto, a
ausência de fiscalização das casas
de jogos daria margem para a prá-
tica de atividades menos lúdicas,
como a lavagem de dinheiro.
Enquanto o debate prossegue
em Brasília, um mercado bilioná-
rio opera à margem da lei: espe-
cialistas no setor afirmam que o
jogo do bicho, considerado uma
contravenção penal, movimen-
ta anualmente cerca de R$ 12 bi-
lhões com apostas sem nenhum
tipo de supervisão do Estado.
DOSSIÊ JOGOSDEAZAR
DESIGN JOÃOPEDROBRITOREPORTAGEM THIAGO TANJI
21
F A Ç A M S U A S
Foto: Getty Images/Dorling Kindersley
309DossieJogosAzar.indd 21 15/03/2017 17:30:50
POR UM
GOLPE
DE SORTE
Brasil é um dos poucos países domundo que proíbe jogos de
azar como os praticados em cassinos e bingos— atualmente,
as apostas legalizadas se restringem à Loteria da Caixa Fede-
ral, administrada pelo Estado e que em 2016 arrecadou R$ 12,8 bilhões.
Outras nações que não autorizam essas atividades são Cuba, Islândia e
países de maioria muçulmana, como Arábia Saudita e Indonésia.
Mas emtempos devacasmagras nas contas públicas, o jeito é também
fazer uma fezinha. Ainda em 2015, a presidente Dilma Rousseff conver-
sou comministros e parlamentares sobre a possibilidade de legalizar os
jogos de azar com a justificativa de aumentar a arrecadação do Estado
com impostos sobre a operação dos estabelecimentos.
Hoje, duas propostas sobre o tema avançam no Congresso Nacional.
De autoria do senadorCiro Nogueira (PP-PI), o Projeto de Lei nº 186/2014
autoriza a concessão de operação para cassinos, bingos, apostas virtuais
e jogo do bicho — o texto segue para votação no plenário. Na Câmara
dos Deputados, os parlamentares aprovaram em agosto do ano passa-
do o Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, que debate a legalização
das atividades de apostas e as tributações sobre empresas e jogadores.
Com o cenário favorável, donos de redes internacionais de cassinos já
estudampossíveis locais para a abertura de estabelecimentos de apostas,
que enfrentam resistência da bancada evangélica do Congresso e de par-
lamentares receosos com a possibilidade de que a legalização dos jogos
darábrechapara apráticadeatividades ilícitas, como lavagemdedinheiro.
“Odebatefica restrito aquestõesmorais, enquantonomundo inteiro o as-
suntoétratado comoumaatividadeeconômica”, afirmaMagnoJoséSantos
de Sousa, presidente do Instituto Jogo Legal, que defende a legalização.
O
B R A S I L
Em pauta desde o governo Dilma Rousseff,
projeto de legalização de cassinos é discutido
por senadores e deputados federais
Foto: Getty Images/Steve McAlister • Ícones: Gabriela Namie
309DossieJogosAzar.indd 22 15/03/2017 17:30:54
COM OS ADORNOS DE FLORES
e frutas pendurados na cabeça,
Carmen Miranda era uma das es-
trelas do Cassino da Urca, estabe-
lecimento com vista privilegiada
para a Baía de Guanabara. Por lá,
personalidades da sociedade ca-
rioca se divertiam ao lado de con-
vidados estrangeiros, como o ain-
da jovemOrsonWelles, eternizado
em Hollywood após dirigir o filme
Cidadão Kane. Legalizado pelo go-
verno de Getúlio Vargas, os cassi-
nosfizeramparte do cotidianodos
brasileiros endinheirados durante
asdécadasde 1930e 1940—quase
70estabelecimentos operaramem
cidades como Rio de Janeiro, São
Paulo, Petrópolis e Santos.
Em 1946, no entanto, o presi-
dente Eurico Gaspar Dutra proibiu
o funcionamento dos cassinos por
conta dos “abusos nocivos àmoral
e aos bons costumes”. Boatos da
época diziam que a proibição foi
um pedido de Carmela Dutra, es-
posa do presidente, que era ligada
a setores conservadores da Igreja
Católica. “Era uma ideia pautada
em uma concepção moralista, de
que casas de jogos seriam um am-
biente propício ao álcool e à práti-
ca da prostituição”, conta Alamiro
Salvador Netto, professor da Fa-
culdade de Direito da USP. Apartir
daí, os jogos foram enquadrados
como contravenção penal, infra-
ção considerada um “crime
menor” pelo Código Penal.
mpresas de apostas
esportivas permi-
tem aos brasileiros utiliza-
rem seus serviços por conta
de uma brecha da legislação:
os servidores dessas compa-
nhias estão sediados em pa-
íses onde é permitida a reali-
zaçãodaatividade.Deacordo
com Pedro Trengrouse, pro-
fessor da Fundação Getúlio
Vargas que publicou um es-
tudo sobre o tema, a regula-
mentação dos sites de apos-
tas no país geraria mais de
R$ 2,7 bilhões em impostos.
E
C
YES, NÓS
TIVEMOS
LAS VEGAS
Cidades brasileiras já
abrigaram cassinos de luxo
Mercado nacional
de apostas rende
arrecadação bilionária
APOSTAS NO BRASIL
SÃO REALIZADAS EM
SITES ESTRANGEIROS
HISTÓRIA DE
CONFLITOS
DAMEGA-SENA
AO JOGO DO BICHO
É PROIBIDO,
MAS NEM TANTO
1920
O presidente Epitá-
cio Pessoa permite
que casas
de
apostas sejam
construídas em ins-
tâncias de turismo
1930
Após umperíodo de
proibição, a cons-
trução de cassinos
é retomada com a
presidência de
GetúlioVargas
1933
É inaugurado no Rio
de Janeiro o Cassino
da Urca, estabeleci-
mento luxuoso que
receberia estrelas
internacionais
1946
No dia 30 de abril,
o presidente Eurico
Gaspar Dutra assi-
na um decreto que
fecha os quase 70
cassinos do país
1993
A Lei Zico legaliza
os bingos com a
justificativa de
recolher impostos
e estimular os es-
portes olímpicos
2004
Após denúncias de
corrupção, o pre-
sidente Luiz Inácio
Lula da Silva decre-
ta o fechamento das
casas de bingos
LOTERIAS DACAIXA
Desde 1962 a Caixa Econômica
Federal controla jogos como a
Mega-Sena e a Loteca: em 2016,
foram arrecadados R$ 12,8 bilhões
CORRIDADECAVALOS
A legislação brasileira permite
que apostas sejam realizadas
nos eventos ligados aos
Jóqueis Clubes do Brasil
BINGOS
Mesmo após a proibição em
2004, especialistas afirmamque
casas ilegais do jogo arrecadam
R$ 1,3 bilhão anualmente
JOGODOBICHO
Operando à margem da lei
durante todo o século 20,
o jogo funciona até hoje como
uma loteria informal e tem
receita de R$ 12 bilhões 23
309DossieJogosAzar.indd 23 15/03/2017 17:30:56
M U N D O
NAS PRIMEIRAS HORAS do dia
1º de janeiro de 1959, a população
de Havana acordou com a notí-
cia da vitória do exército liderado
por Fidel Castro e da consequen-
te renúncia de Fulgencio Batis-
ta, que ocupava o poder de modo
ditatorial desde 1952. Homens e
mulheres saíram às ruas e se di-
rigiram contra os maiores símbo-
los de corrupção do regime de-
posto: cassinos foram ocupados
e máquinas caça-níqueis instala-
das em bares foram quebradas.
Durante os anos de ditadura, Ba-
tista manteve relações próximas
com mafiosos norte-americanos
comoMeyer Lansky, que constru-
íram hotéis luxuosos e estabele-
cimentos de apostas destinados
a turistas. Depois da vitória de
Fidel, cassinos e casas de prosti-
tuição foram fechados e o jogo de
azar foi proibido em Cuba.
N
VIVA LA
REVOLUCIÓN
Fidel Castro teve apoio
do povo contra cassinos
esde que as casas de
apostas foram legaliza-
das no Reino Unido, em 1961,
9 mil estabelecimentos estão
espalhados pelo território bri-
tânico e recebem palpites tão
diversos quanto pode ser a cria-
tividade humana — em 2000, o
galês Peter Edwards apostou
50 libras que seu neto jogaria
um dia pela seleção de seu país.
Dito e feito: em2013, durante os
jogos classificatóriospara aCopa
doMundo, o jovemHarryWilson
entrou em campovestindo a ca-
misa doPaís deGales aos 42mi-
nutos do segundo tempo. E o or-
gulhoso avôpartiu para resgatar
o prêmio de 125 mil libras, equi-
valente amais de R$ 480mil.
D
BRITÂNICOS FAZEM DAS
CASAS DE APOSTAS UMA
CULTURANACIONAL
O PAÍS ONDE TUDO
VALE UMPITACO
Fonte:Online Casino Directory
FORTUNA
Em 2014,
as loterias
movimentaram
US$ 400 bilhões
pelomundo
1.541
189-169
110-48
Países recordistas
em número de cassinos
24
309DossieJogosAzar.indd 24 15/03/2017 17:31:00
o início da década de 1930, a construção de uma
usina hidrelétrica entre os estados norte-ame-
ricanos de Nevada e do Arizona atraiu milhares
de trabalhadores para a região, que se estabeleceram nas
cidades próximas ao campo de obras. Para saciar os desejos
dos operários pordiversão e outras intençõesmenos nobres,
o governodeNevadapermitiu a construçãode casasdeapos-
tas em Las Vegas, cidade sem grandes atrativos até então.
Apartirdaí, notóriosmafiososnorte-americanosdecidiram
investir na região. Em 1947, Benjamin "Bugsy" Siegel, antigo
contrabandista de bebidas alcoólicas durante o período da
Lei Seca, inaugurouo cassino Flamingo, primeiro grande em-
preendimento de apostas que integrava um hotel luxuoso e
uma casade shows—nomesmoanodaabertura do cassino,
Siegel foi assassinadopor inimigos. Comoaumento dafisca-
lização do governopara coibir sonegaçãofiscal e lavagemde
dinheiro, a má fama de Las Vegas deu lugar ao profissio-
nalismo demegaempresários no setor de entretenimento:
no ano passado, o estado de Nevada arrecadou mais de
US$ 11 bilhões em impostos referentes aos jogos de azar.
N
OSMAIORES
QUEBRADORES
DE BANCA
Equipe de
Blackjack doMIT
Estudantes do instituto
norte-americano de
tecnologia calculavam as
probabilidades de quais
cartas seriamviradas no
Blackjack— o jogo en-
volve apostas para que a
soma das cartas não ul-
trapasse o valor de 21.
TommyCarmichael
O norte-americano de-
senvolveu engenhocas
que eram inseridas nas
máquinas caça-níqueis
para fazer chover di-
nheiro dos dispositivos.
Foi preso em diferentes
momentos das décadas
de 1980 e 1990.
Dominic LoRiggio
Com o apelido de
"O Dominador dos
Dados", o jogador ofere-
ce cursos que custam
US$ 1,6mil para ensinar
as técnicas de como ati-
rar os dados no ar com
perfeição e atingir as
combinações apostadas.
Gonzalo García-Pelayo
No início da década de
1990, o espanhol obser-
vou o funcionamento
das roletas dos cassi-
nos, registrou os resul-
tados e fez uma análise
em um software capaz
de fornecer as tendên-
cias dos resultados.
PECADOS
DA CIDADE
DO PECADO
Nascida com um empurrãozinho damáfia,
LasVegas se tornou símbolo dos jogos de azar
Habilidade e trapaça
ajudaram a tirar
dinheiro dos cassinos
JOGADORES DO MUNDO, UNI-VOS
Mais de 6,8 mil cassinos estão espalhados pelo planeta
Foto: Getty Images/Adam Gault
122 Las Vegas
24
Londres
54 Moscou40 Talín
26 Riga
74 Miami
32 Macau
29 Deadwood
28 St. Petersburg
26 Henderson
Nome da
cidade
Proporção
em relação às
demais cidades
Total de
cassinos
As dez cidades recordistas
em número de cassinos
309DossieJogosAzar.indd 25 15/03/2017 17:31:04
riado em 1892 para sortear prêmios
aos frequentadores do Jardim Zoo-
lógico do Rio de Janeiro, o jogo do
bicho ganhou popularidade que extrapolou os
muros doparque, funcionando comouma loteria
informal de apostas de sequência de números.
A história da contravenção penal, no entanto,
também é marcada por episódios violentos.
Em 2004,Waldomiro Garcia, o Maninho, foi as-
sassinadonoRiodeJaneiro. Ele erafilhodeWal-
demirGarcia, oMiro, umdosprincipais nomesdo
jogo do bicho carioca e ex-presidente da escola
de samba Salgueiro. Entre as pautas discutidas
naCâmaradosDeputados está aanistia aos acu-
sados de prática de exploração ilegal de jogos.
Além das ligações ilícitas, a legalização de jo-
gos de azar preocupa as autoridades por conta
dos riscos do aumento de práticas criminosas,
como a lavagem de dinheiro. "O intuito da la-
vagem é criar mecanismos para retirar a apa-
rência da ilicitude do dinheiro", diz João Santa
Terra, coordenador de segurança institucional
do Ministério Público de São Paulo. Assim, o
dinheiro originado de um crime seria injetado
em uma empresa — como um cassino — para
ganhar a camuflagem de legalidade.
Magno José Santos de Sousa, do Instituto
Jogo Legal, refuta a associação entre dinheiro
ilícito e a atividade de casas de apostas. "As
empresas que operam cassinos são multina-
cionais cotadas na Bolsa de Valores que, se co-
meterem um erro em uma jurisdição, perdem
o direito de atuar em outros países", afirma.
C
NADA
PESSOAL,
APENAS
NEGÓCIOS
Com a possível legalização, crimes ligados
aos jogos de azar preocupam autoridades
C R I M E S E V Í C I O
história do Campeo-
nato Brasileiro de
2005 teve de ser reescrita
em função de um escân-
dalo que abalou a imagem
do futebol do país: uma in-
vestigação concluiu que o
árbitro Edílson Pereira de
Carvalho combinara resul-
tados com um grupo de
apostadores. As 11 parti-
das apitadas por Carvalho
foram anuladas e jogadas
novamente — no fim do
A
MANIPULAÇÕES
MANCHARAM
CONQUISTAS
NO FUTEBOL
APOSTAS FORAM
RESPONSÁVEIS
POR JOGO SUJO
ano, o Corinthians se sa-
grou campeão do torneio.
Pedro Trengoruse,
professor da FGV, enu-
mera medidas para que
episódios como esse não
se repitam caso as apos-
tas sejam legalizadas.
"É necessário haver cam-
panhas educativas,moni-
toramento do padrão das
apostas e punição dos
envolvidos em manipu-
lações de resultados."26
309DossieJogosAzar.indd 26 15/03/2017 17:31:10
20
40
60
80
100
120
EU
A
Ch
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Ja
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Co
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do
Su
l
Ci
ng
ap
ur
a
GRANDES PERDEDORES
Estados Unidos lideram
entre os países cujos
habitantes mais perdem
dinheiro com apostas
(em bilhões de dólares)
TRATAMENTO
O Instituto de
Psiquiatria da
USP conta com
um ambulatório
para jogadores
compulsivos Leia mais sobre o tema na página 71Foto: Getty Images/Dorling Kindersley • Ícone: Gabriela Namie
Fonte: H2 Gambling Capital
LOCALIZADA NO BAIRRO da
Armênia, em São Paulo, uma sala
comercial funciona como escritório
dos Jogadores Anônimos, irman-
dade criada em 1957 nos Estados
Unidos a fim de reunir pessoas que
apresentamcompulsãopara realizar
apostas. O programa de recupera-
ção é inspirado nos 12 passos dos
AlcoólicosAnônimos, comrealização
de encontros periódicos para queos
participantes compartilhem as ex-
periências e lutem contra o vício.
"O sonho do jogador é ganhar um
bomdinheiro e terumavida tranqui-
la.Mas quandoganha alguma coisa,
ele esconde o dinheiro, ele mente,
tudo para jogar no dia seguinte",
diz um dos membros do grupo que
preferiu não se identificar e está há
um ano emeio sem fazer apostas.
Osmembros da irmandade reve-
lamque amaioria dos participantes
é de homens, embora haja cresci-
mento da participação demulheres
idosasnas reuniões.Asmáquinas ca-
ça-níqueis, por proporcionarem re-
sultados imediatos, sãoasprincipais
responsáveis pelo desenvolvimento
dovício. "Quando paramos de jogar
redescobrimos a vida, porque antes
tudo girava em torno do jogo", con-
ta ummembro que está hámais de
15 anos em abstinência. "Mas essa
doença não tem cura: da mesma
maneira que eu saí, se vacilar posso
voltar e ser pior do que era antes."
L
"SÓPORHOJE
EVITAREI A
PRIMEIRA
APOSTA"
Jogadores compulsivos se
reúnem para tratar doença
309DossieJogosAzar.indd 27 15/03/2017 17:31:18
P Ô Q U E R
orte ou estratégia? Apesar de a cultura popular associar
os torneios de pôquer às mesas de cassinos, a realiza-
ção de campeonatos é permitida no Brasil, já que as
leis nacionais consideram o jogo de cartas como uma atividade
que envolve a habilidade e o raciocínio dos jogadores. “O pôquer
começou de maneira amadora no país e hoje temos competições
com estrutura profissional”, afirma Leo Bello, autor do livro Apren-
dendo a Jogar Poker (Editora Best Seller). Formado emMedicina,
Bello seguiu carreira como jogador de pôquer e ajudou a criar o
BSOP, torneio brasileiro que reúne jogadores profissionais e ofe-
rece uma premiação milionária aos primeiros colocados.
SA ARTE
DO BLEFE
Opôquer é considerado um jogo de estratégia
por exigir habilidade de seus praticantes
Dono das cartas
Amaior premiação de
um torneio aconteceu em
2012, quando o iraniano
Antonio Esfandiari
ganhou US$ 18,3milhões
Só paramilionários
O torneioMonte Carlo
One Drop Extravaganza
de 2016 exigia umvalor
de entrada de 1milhão de
euros para os jogadores
Jogadas virtuais
Empresa proprietária do
site PokerStars, a cana-
denseAmaya lucrou
US$ 55,5milhões no pri-
meiro trimestre de 2016
Campeonato nacional
Disputado na cidade de
São Paulo, o torneio bra-
sileiro BSOPMillions 2016
reuniumais de 2,5mil jo-
gadores profissionais
É do Brasil!
Alexandre Gomes, André
Akkari e Thiago Decano são
os três brasileiros que já
conquistaram o campeona-
tomundial de pôquer
COM TODAS AS FICHAS NAMESA Popularização do pôquer rende premiações milionárias e destaca brasileiros
As principais combinações do Texas Hold'em, principal modalidade nos torneios de pôquer
UM/DOIS
PARES FLUSHTRINCA SEQUÊNCIA
FULL
HOUSE
STRAIGHT
FLUSH
"ONE PAIR" "FLUSH""STRAIGHT""THREE OFA KIND"
"FULL
HOUSE"
"STRAIGHT
FLUSH"
Cinco cartas
de mesmo
naipe, mas
não em
sequência
Cinco cartas
de naipes
diferentes em
sequência
Três cartas
iguais
e duas
diferentes
Combinações
54.912
Combinações
10.200
Combinações
5.108
Combinações
3.744
Combinações
36
Fo
to
:G
et
ty
Im
ag
es
/L
on
g
H
a
Fonte: Aprendendo a Jogar Poker (Best Seller)
"TWO PAIRS"
Um par de
cartas iguais
Dois pares
de cartas iguais
Combinações
1.098.240
Combinações
123.552
Uma trinca
e uma
dupla
Cinco cartas
do mesmo
naipe e em
sequência
309DossieJogosAzar.indd 28 15/03/2017 17:31:22
MULHERESDEOURO P.52ENTREVISTA:RONALDOLEMOS P.48
OUTRATEORIADAGRAVIDADE P.64RENDABÁSICA P.58
ILUSTRAÇÃO
YORKA
SUMÁRIO
DEMATÉRIAS
ENSAIO:RINOCERONTES P.42CAPA:DESIGUALDADEFAZMALÀSAÚDE P.30
309SumarioMaterias.indd 29 16/03/2017 16:11:33
FOTOSDULLA
DESIGN INARANEGRÃO
EDIÇÃOGIULIANADE TOLEDO
REPORTAGEMMARÍLIAMARASCIULO
30
309DESIGUALDADEsaude.indd 30 16/03/2017 15:53:29
A SUA LONGEVIDADE DEPENDEDADO
SEUVIZINHO. A CIÊNCIAMOSTRAQUE
TODOS, RICOS E POBRES, SÃOMENOS
SAUDÁVEIS EMPAÍSES COMGRANDES
DIFERENÇAS SOCIAIS COMOOBRASIL
A G A L I L E U A D V E R T E :
DESIGUALDADE
FAZ MAL À SAÚDEG
31
309DESIGUALDADEsaude.indd 31 16/03/2017 15:53:35
NO
NO INVERNO de 1846, uma
epidemia de tifo, doença bac-
teriana transmitida por pul-
gas que causa febre alta, de-
lírios e erupções cutâneas,
assolava a região da Silésia,
norte da Alemanha, provo-
cando a morte de mais de
15 mil pessoas. Sem saber o
que fazer, o governo prussia-
no enviou ao local uma comi-
tiva chefiada pelo jovem mé-
dico polonês Rudolf Virchow.
Em 16 dias, ele chegou a uma
conclusão: a epidemia era
evitável, pois tinha como cau-
sas a pobreza, a fome, a cor-
rupção e a desigualdade.
Além de formular leis que
funcionavam só no papel, a
aristocracia não reconhecia
os mineradores de classes
mais baixas como seres hu-
manos. “É preciso dei-
xar claro que não é mais
po afetava crianças e adultos
na Baixada Fluminense, norte
do Rio de Janeiro, naquele que
seria o retorno das epidemias
de dengue no Brasil. Um mi-
lhão de pessoas foram amea-
çadas só no Rio; o total de ca-
sos chegou a 33.568 no país,
12.480 dos quais na capital
fluminense. As condições da
Baixada, com alta insalubrida-
de, aglomerados de pessoas
e falta de informação sobre a
prevenção — eliminar focos
de água parada, essenciais
para a reprodução do mos-
quito —, eram perfeitas para a
proliferação da doença.
Trinta e um anos depois,
pouco mudou. A dengue se
espalhou pelo país e chegou a
capitais como São Paulo, onde
bairros como a Brasilândia,
periferia na zona norte re-
cordista no número de casos
na cidade, convivem com ela
há pelo menos seis anos. Há
dois, transformou-se em uma
nova epidemia: em seu auge,
em 2015, foram 3,6 mil casos
a cada 100 mil habitantes —
para se ter uma ideia, uma
doença é considerada epidê-
mica quando existem mais de
300 casos por 100 mil habi-
tantes em uma região.
uma questão de tratar um ou
outro paciente com remé-
dios, comida, moradia e rou-
pas”, escreveu o médico em
seu relatório. “Se nós de fato
quisermos intervir na Silésia,
temos de promover o avan-
ço de toda a população e es-
timular um esforço comum.”
Naquela época, quando as cau-
sas das doenças ainda eram
desconhecidas e acabavam
sendo atribuídas a miasmas,
as ideias de Rudolf Virchow
provocaram incômodo.
No verão de 1986, uma
doença que causava febre
alta, manchas e dores no cor-32
309DESIGUALDADEsaude.indd 32 16/03/2017 15:53:55
Lixões e esgoto a céu aber-
to, casas coladas umas nas
outras, falta de informação
sobre como se prevenir e fal-
ta de drenagem das águas de
chuvas de verão permanecem
cenários perfeitos para a pro-
liferação do mosquito, que
depois chegou a outros bair-
ros da cidade. Na Brasilândia,
os moradores já não se per-
guntam se terão dengue, mas
quando. E, enquanto a situa-
ção permanecer igual àquela
da Baixada em 1986, não é
exagero dizer que eles têm ra-
zão. “As epidemias não apon-
tam sempre para deficiências
da sociedade? Pode-se consi-
derar como causas as condi-
ções atmosféricas, as mudan-
ças cósmicas gerais e coisas
parecidas, mas em si e por si
esses problemas nunca cau-
sam epidemias. Elas só po-
dem existir onde, devido a
condições sociais de pobreza,
o povo viveu durante muito
tempo em uma situação anor-
mal”, disse Virchow no século
19, em uma constatação que
parece cada vez mais atual.
O médico polonês é tido
como um dos pais da medi-
cina social, área que estuda
como a estrutura social de-
termina a saúde da população.
Se em 1846 Virchow foi con-
siderado revolucionário por
apontar a pobreza como de-
terminante de uma epidemia,
algo que atualmente é aceito
na medicina, os pesquisadores
da área enfrentam hoje outro
desafio: mostrar como a de-
sigualdade social prejudica a
saúde da sociedade toda, não
só a dos mais pobres.
“Não adianta você se escon-
der atrás de muros em con-
domínios, uma hora as conse-
quências vão chegar”, afirma
a pesquisadora da Fiocruz
Celia Landmann Szwarcwald.
A dengue está aí para mostrar
isso. No auge da epidemia em
São Paulo, em 2015, o núme-
ro de casos por 100 mil ha-
bitantes chegou a quase 400
no Itaim Bibi, um dos bairros
mais ricos da cidade.
PROBLEMAMUNDIAL
Szwarcwald é editora do suple-
mento A Panorama of Health
Inequalities in Brazil (Um
Panorama das Desigualdades
em Saúde no Brasil), publica-
do no International Journal
for Equity in Health no fim
do ano passado. Nele estão
reunidas análises realizadas
com base na última Pesquisa
Nacional de Saúde, divulgada
em 2013. Um dos resultados
que mais chamam a atenção
é o de que, embora a saúde
do brasileiro tenha melhora-
do na sua totalidade, ainda
existe uma diferença muito
grande entre a expectativa de
vida de cada região.
Pelas estatísticas, os mora-
dores da região Sudeste, por
exemplo, vivem em média
cinco anos a mais do que os
do Nordeste. Mesmo assim,
os habitantes do Sudeste têm
vida mais curta que a possível
nos países nórdicos, conheci-
dos pelos bons índices
de igualdade social.
é o quanto as chances
de morrer antes dos
85 anos são maiores
para os mais pobres,
segundo pesquisa com
1,7 milhão de pessoas
46%
33
309DESIGUALDADEsaude.indd 33 16/03/2017 15:54:00
QUEMATAM
PAÍSES
MAIS DE-
SIGUAIS
TENDEM
A TER
EXPEC-
TATIVA
DE VIDA
MENOR;
COM-
PARE A
REALI-
DADEDE
ALGUNS
PAÍSES:
RICOS E POBRES DE SAÚDE
A parcela mais abastada do
Brasil vive, em média, menos
que a mais pobre da Suécia
43
,15
42
,1
60
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35
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38
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EXPECTATIVA
DEVIDA,
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HOMEM
Expectativa de vida na Suécia,
por faixa de renda**
Expectativa de vida no Brasil,
por faixa de renda
MULHER
Um quarto mais pobre da população
76
82,1
Segundo quarto mais pobre
81,3
83,7
Segundo quarto mais rico
83
84,7
Um quarto mais rico
84,4
86,4
Zero a meio salário mínimo
65
70
Mais de meio a um salário
63
72
Mais de um a dois salários
67
73
Mais de dois a cinco salários
69
74
Mais de cinco a dez salários
72
75
Mais de dez salários
75
77
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9
309DESIGUALDADEsaude.indd 34 16/03/2017 15:54:08
“ASDESIGUALDADESTÊMCUSTOALTO
PARAOSSISTEMASDESAÚDE. A LONGO
PRAZO, TODOSPAGAMPORELAS”
O problema, no entanto,
não está restrito ao Brasil,
mostra outro estudo publi-
cado em fevereiro na revista
médica britânica The Lancet.
Feita com 1,7 milhão de pes-
soas de Reino Unido, França,
Suíça, Portugal, Itália, EUA e
Austrália, a pesquisa mostrou
que o risco de morrer antes
dos 85 anos é 46%maior en-
tre os mais pobres. “Embora
a saúde dos mais ricos não
esteja necessariamente amea-
çada, as desigualdades têm
um custo alto para a socie-
dade e para os sistemas de
saúde, então, a longo pra-
zo, todos pagam por elas”,
diz a epidemiologista Silvia
Stringhini, da Universidade
de Lausanne, na Suíça, uma
das autoras do estudo.
No mais recente Relatório
Mundial de Ciências Sociais,
divulgado emmarço, a Organi-
zação das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cul-
tura (Unesco) também desta-
ca que “o acesso desigual à
assistência médica pode ser
uma fonte de descontenta-
mento social e político”.
CONTRA A CORRENTE
A associação entre pobreza
e doença parece óbvia, mas
a discussão proposta pelos
especialistas vai além do ris-
co de contrair doenças e tra-
tá-las. Para entendê-la, é pre-
ciso primeiro compreender
o que é saúde. Segundo o
conceito formulado em 1947
pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), “é o estado de
mais completo bem-estar fí-
sico, mental e social, e não
apenas a ausência de enfer-
midade.” O campo abrange a
biologia humana, na qual en-
tram a herança genética e os
processos biológicos do enve-
lhecimento; o meio ambiente,
que vai desde o local de mo-
radia até o de trabalho e a ali-
mentação disponível; o esti-
lo de vida, do qual resultam
decisões como fumar, beber,
praticar exercícios; e a orga-
nização da assistência de saú-
de, que são os hospitais, mé-
dicos, medicamentos.
E aí tudo começa a com-
plicar. Dentro da própria me-
dicina, existem aqueles que,
embora reconheçam a in-
fluência do ambiente na saú-
de, atribuem maior importân-
cia às causas biológicas das
doenças. É uma corrente de
pensamento que surgiu no sé-
culo 17. Um dos maiores pre-
cursores foi o médico inglês
Thomas Sydenham, um dos
primeiros a valorizar a ob-
servação e a classificação das
doenças para o diagnóstico e
tratamento, em vez de buscar
as causas. Sydenham influen-
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