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Jornal Valor --- Página 1 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@21:49:06 Quinta-feira, 21 demarço de 2024 Ano24 | Número 5964 | R$6,00 www.valor.com.br Ibovespa 20/mar/24 1,25% R$ 22,3 bi Selic (meta) 20/mar/24 11,25% ao ano Selic (taxa efetiva) 20/mar/24 11,15% ao ano Dólar comercial (BC) 20/mar/24 5,0114/5,0120 Dólar comercial (mercado) 20/mar/24 4,9739/4,9745 Dólar turismo (mercado) 20/mar/24 5,0145/5,1945 Euro comercial (BC) 20/mar/24 5,4394/5,4410 Euro comercial (mercado) 20/mar/24 5,4312/5,4318 Euro turismo (mercado) 20/mar/24 5,4913/5,6713 Indicadores Crise Gestãodos seis hospitais federaisdo Riopodepassardo MinistériodaSaúde paraodaEducaçãoA12 Agronegócios Produtoradiavenda dasojaàesperade preçosmelhores, e fretes rodoviários caemde15%a20%B8 ESG ‘Diversidadealimenta a inovação’,dizaVP decomunicaçãoda Nissan, Lavanya WadgaonkarB4 BCreduzSelica10,75%eindicanovocorte de 0,50 ponto só para a próxima reunião PolíticamonetáriaNos EUA, Fed manteve taxa na máxima em duas décadas, a 5,5%; juro alto lá fora pode inibir queda aqui DeBrasília e SãoPaulo O Comitê de Política Monetária (Co- pom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros em 0,50 ponto percen- tual, para 10,75% ao ano. A autoridade sinalizou mais um corte da mesma magnitude para o seu próximo encon- tro. Até o comunicado da reunião ante- rior, o Copom vinha indicando redu- ções “nas próximas reuniões”, no plu- ral. Mas agora, diante da elevação das incertezas e da “consequente necessi- dade de maior flexibilidade na condu- ção da política monetária”, preferiu li- mitar o horizonte de sinalização de corte da Selic a uma reunião apenas. O colegiado afirmou ainda que “as medidas de inflação subjacente se si- tuaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”. O BC “foi explícito ao indicar que há uma in- certeza grande tanto na conjuntura in- ternacional quanto na doméstica”, dis- se Ricardo Denadai, da Ace Capital. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve, que também se reuniu ontem, manteve sua taxa referencial inalterada na máxi- maemmaisdeduasdécadas,entre5,25% e5,5%anuais.Oqueagradouaomercado foio fatodeoFed—apesardeteraumen- tado suas previsões para o crescimento econômico e a inflação neste ano — não ter alterado sua expectativa de realizar três cortes de juros, de 0,25 ponto cada, em 2024. No mercado futuro, cresceram as apostas de que o ciclo de cortes pode começarnareuniãode junho. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em entrevista após a reunião não acreditar que os juros nas economias de- senvolvidas irão voltar a patamares tão baixos como os vistos antes da pande- mia. Além disso, o BC americano indicou que a redução dos juros em 2025 e 2026 deveaconteceremumritmomais lento. Esse cenário não é o melhor para as economias emergentes. Se os juros per- manecem elevados nos países desenvol- vidos, cresceachancede investidoresglo- baispreferiremdeixarrecursosporlá—já quesãoconsideradosmais seguros—,em detrimento dos emergentes. Em tese, ha- veria menos espaço para países como o Brasil cortar juros sem perder a atrativi- dade de estrangeiros. Mas, no curto pra- zo, ativos locais podem se favorecer da posturasuavedoFed.PáginasC1,C2eC4 Governodeve bloquearR$3bi doOrçamento LuAikoOtta, GuilhermePimenta e JéssicaSant’Ana DeBrasília As projeções de receitas e despesas de 2024,queogovernodivulgaamanhã, indi- camocumprimentodametadezerarodé- ficit fiscal neste ano. Os números deverão sinalizar um rombo primário (que exclui gastos com juros) de R$ 8 bilhões, dentro damargemdetolerânciadoarcabouçofis- cal, segundo fonte do governo. Nesse con- texto, será anunciado contingenciamento zero, dado comemorado pela equipe eco- nômica — na virada do ano, especialistas chegaramaestimarqueonúmeropoderia ficar em torno de R$ 50 bilhões. No entan- to, devido à alta acima do esperado de des- pesas obrigatórias, sobretudo com o INSS, háriscodeosgastosultrapassaremolimite de R$ 2,1 trilhões permitido pelo arcabou- ço. Com isso, seria necessário bloquear de R$2,9bilhõesaR$3bilhõesparamanteras despesastotaisdentrodolimite.PáginaA5 333333333333 6 9 12 15 20/mar/2420/mar/2420/mar/20/mar/20/20/mar/20/mar20/m20/mar/240/mar/24r/20/mar/0/mar/231/jan/31/jan/2431/jan/2431/jan/24an/an/24an/2431/jan/231/jan/2/2431/jan/2431/jan/31/jannan/n13/dez/2313/dez/2313/dez/2313/dez/2313/dez/2313/dez/23ez/2dez/232333/dez/2233/dez1/nov/231/nov/231/nov/231/nov/231/nov/231/nov/231/nov/231/nov/23333/nov/232220/set/2320/set/2320/set/0/set/230/set/230/set/230/set/23/s0/set/230/set/230/s0 e 22/ago/232/ago/22/ago/232/ago/232/ago/23//23232/ago/23o/232/ago/23//a 32/ago/232321/jun21/jun/23un1/jun/23un/21/jun/23/jun/23un21/junn/unn/3/mai/233/mai/23/233/mai/233/3/22/mar/2322/mar/2322/mar/23//2322/mar/23m1/fev/231/fev/231/fev/1/fev/23/fev/231/fev/2ev 2 12,7513,75 4,75 5,50 5,50 10,75 Fed FundsSelic 1/Fev 2023 20/Set 2023 20/Mar 2024 Selic x Fed Funds Nas datas de reunião - em % ao ano Fontes: Banco Central e Fed. Elaboração: Valor Data TensõesglobaisdesafiamarticulaçãodoBrasilàfrentedoG20 PaulaMartini eCamila Zarur DoRio Ocenárioquecombinaoportunidadese desafiosparaoBrasilnapresidênciarotati- va do G20 foi evidenciado por autoridades e especialistas na manhã de ontem, no se- minário “Kick-off G20 no Brasil”, o primei- ro de uma série de debates previstos pelo projeto“G20noBrasil”,umaparceriaentre oValor,o jornalOGloboearádioCBN. O Brasil assumiu, pela primeira vez, a OprofessorOliverStuenkel (àesq.), daFGV,destacouahabilidadebrasileiraparacriar “pontes”entrepaísesdobloco GABRIELDEPAIVA/AGÊNCIAOGLOBO País seaproximade2milhõesdecasosdedengue de contágios da doença desde o início da sériehistórica,em2000.Orecordeanterior ocorreuem2015,quandohouve1,688mi- lhão de casos, enquanto 2023 teve o tercei- romaiornúmero,com1,658milhão. Um dos fatores que explicam o avanço da doença é a mudança climática, com temperaturas especialmente elevadas e mais chuvas. “É a combinação de que o Aedes aegypti gosta. Acima de 27 graus, RafaelVazquez DeSãoPaulo Onúmerodepessoascontaminadaspor dengue no país, neste ano, deve alcançar 2 milhões nesta quinta-feira, entre casos confirmados e prováveis, segundo dados do Painel de Arboviroses, do Ministério da Saúde—ontem,ototalerade1,978milhão decasos.Comisso,2024jádetémorecorde quando aumenta um grau, praticamente duplica a capacidade de procriação do mosquito e há uma progressão dos ovos muito grande”, diz o coordenador cientí- fico da Sociedade Brasileira de Infectolo- gia, Alexandre Barbosa. Além disso, tam- bém tornou-se mais comum a presença dos sorotipos 2, 3 e 4 do vírus, o que con- tribuiparaoaumentoeapotencialgravi- dadedas infecções.PáginaA20 FrançamultaGoogle portreinarIAsem pagarporconteúdo AgênciaOGlobo O Google, controlado pela Alphabet, foi multado em € 250 milhões (o equi- valente a US$ 271 milhões ou R$ 1,36 bi- lhão) pelo órgão de fiscalização da con- corrência da França por não cumprir um acordo que obriga a empresa a pa- gar aos meios de comunicação por utili- zar seus conteúdos na internet para trei- nar seu chatbot de inteligência artificial. Em comunicado, a agência francesa jus- tificou a multa afirmando que o Google descumpriu “compromissos assumidos em junho de 2022” no que diz respeito aos direitos conexos, derivados dos di- reitos autorais, e, em particular, por “não ter negociado de boa-fé” com as editoras de imprensa para definir remu- neração por seus conteúdos. Página B7 Destaque ‘Valor’ disputapremiações internacionais Projetos do Valor são finalistas em duas categorias do Digital Media Americas 2024, prêmio entregue pela Associação Mundial de Jornais. O jornal também disputa um prêmio de inovação da Inter- nacional News Media Association.A2 presidência rotativa do G20 em dezembro e lidera o grupo até novembro, quando ocorre a reunião de Cúpula de chefes de Estado, no Rio. Ao término do encontro, o país passará a presidência para a África do Sul. O G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, mais recentemente,a União Africana. “AimportânciadoG20éindiscutível.Éum forocentralparamanteradiplomaciaeodiá- logo mesmo em momentos de crise”, disse o embaixador Maurício Lyrio, secretário de as- suntoseconômicosefinanceirosdoItamaraty e coordenador da trilha de negociadores do G20.Eleparticipoudaprimeiramesa, sobrea agenda brasileira e a capacidade do país em criar consensos. Lyrio reforçou as prioridades doBrasilnoG20, incluindocombateàfomee àsdesigualdades,transiçãoenergéticaerefor- madagovernançaglobal. Oliver Stuenkel, professor de relações in- ternacionaisdaFGVemSãoPaulo,reconhe- ceuahabilidadebrasileiradecriar“pontes” entre países do bloco, mas alertou que o Brasil precisa ter cautela para que questões políticas não contaminem debates técni- cos. Ele lembrou que a cúpula de líderes do G20emNovaDéli tevedificuldadedeavan- çar em um comunicado final. Para Stuen- kel, o desafio agora será conseguir uma co- municaçãoconjunta“relevante”. Já o ex-embaixador na China e conselheiro doCentroBrasileirodeRelações Internacionais (Cebri), Marcos Caramuru, reconheceu a rele- vânciadoG20comoforodediálogo,masdisse queosavançostendemasergraduais.Aoabor- daratransiçãoenergética,adiretoradeinfraes- trutura do BNDES, Luciana Costa, afirmou ser preciso investir globalmente na descarboniza- çãodaeconomia,semqueoscustospesempara paísesdoSulglobaledemenorPIB. Na segunda mesa do evento, com o tema “OqueasociedadecivilesperadoBrasil:prio- ridades,desafioseparcerias”,HenriqueFrota, presidente do C20, grupo de engajamento das organizações da sociedade civil no G20, manifestou otimismo com possível acolhida depropostasaoslíderes,noRio.PáginaA6 Noevento,HenriqueFrota,doC20,dissequeo“espaçocívicomais livre”nopaís facilitaentregadepropostasaos líderesglobais GABRIELDEPAIVA/AGÊNCIAOGLOBO . Pouco lembrado, cheque ainda é usado (Febraban). Esse montante, que vem caindo há 23 anos, representa apenas 5% dos3,3bilhõesdechequescompensados em 1995, início da série histórica da pes- quisa. O número também é menor do que o recorde de transações feitas via Pix emumúnicodia,quealcançou178,6mi- lhõesdeoperaçõesem6demarço. Maisdoqueumapreferênciadocon- LucianneCarneiro DoRio O cheque ainda sobrevive como meio de pagamento, mas está muito distante da relevância que teve no passado. Em 2023, foram quase 170 milhões de che- ques compensados, de acordo com nú- meros da Federação Brasileira de Bancos sumidor, a sobrevivência do cheque es- tá muito ligada aos pedidos de quem vai receber o pagamento. São lojistas, fornecedores de serviços e até donos de restaurantes que não querem arcar com o custo das empresas de cartão, ainda não se acostumaram ao Pix ou continuam reticentes com novos meios de pagamentos.PáginaC12 Jornal Valor --- Página 2 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@21:28:21 A2 | Valor | Quinta-feira, 21 demarço de 2024 Brasil Advent B3, B6 Agroconsult B8 Água de Coco B6 Alphabet B7 Amil B3 Amyi B6 ASA Investments C2 Baccio di Latte B6 Bain B3, B7 Banco Pan C10 Banco Safra C9 Berkana Patrimônio C2 BNDES A2, A6, B1 Braskem B1 BTG B3 Caixa B1 Capemisa B2 Chanel B6 Circana B6 Citi C2 Coca-Cola B7 CSU Digital C9 Dasa B3 Datagro B8 Dufry do Brasil B6 EF International Fragrance B6 Eletrobras A2, B1 Eletronuclear B1 Elos Ayta Consultoria B3 Empresa de Pesquisas Energéticas B1 ENBpar B1 Endered Repom B8 Eneva B5 Ernst & Young B2 Estée Lauder B6 Euromonitor International B6 Eximbank B1 Felisa B6 Fesa Executive Search B2 Flash B2 Fosun C9 GDM B8 Genyx Solar Power B2 Givaudan B6 Goldman Sachs C12 Google B7 Great Place to Work B2 Grupo São Francisco B3 Grupo Talenses B2 guide investimentos C9 Hapvida B3 Hermès B6 J.P. Morgan C2, C9 Kering B6 Kinitro Capital C2 Klabin B2 Kora B3 Körber Supply Chain B2 Legend Wealth C12 Lenvie B6 LVMH B6 Mater Dei B3 Mirae Asset Brasil C2 Moody's Analytics C9 Nau Capital C2 Índice de empresas citadas em textos nesta edição Neeche B6 Nissan B4 Oncoclínicas B3 OpenAI B7 Orix C9 PagBrasil B2 Pantone B6 Paralela Escola Olfativa B6 PatBo B6 Petrobras A2, A4, A6, B5, C2 Prestige Cosméticos B6 Puig B6 RB Capital C9 Rede D’Or B3 Rio Bravo Investimentos C9 Sabesp A16 Scania B5 Smiley B6 StoneX B5 Suzano B5 Symrise B6 Tupy A2 UHG B3 Vale A2, B5 Vibra A6 VirtuGNL B5 Westinghouse B1 XP C1, C2 Chairman Lula e suas empresas amestradas NelsonNiero N inguém pode se dizer surpreendido com as atitudes de Luiz Inácio Lula da Silva desde que retomou o poder. Se há algo que ele não tem, e faz questão de deixar isso claro, são ideias novas. Não importa se elas foram testadas e não deram certo. Mais do que isso, não importa se elas foram um desastre. No toma-lá-dá-cá com o Congresso, na diplomacia terceiro-mundista e no capitalismo de compadrio, não há nada de novo debaixo do sol nestes dias tórridos à sombra das bananeiras em flor. Não existe pecado — nem memória — ao sul do Equador. Houve uma compreensível grita nas últimas semanas em editoriais exaltados e colunistas indignados contra os avanços do governo sobre Petrobras e Vale, a petroleira controlada pelo Estado e a mineradora privada que tem seu capital disperso na bolsa, ou seja, teoricamente não tem um controlador. Mais do mesmo. Está no DNA petista. As duas têm histórias pouco edificantes desse relacionamento abusivo. Lula e o seu partido não aprenderam nem esqueceram nada. Estão convencidos que repetir o passado é o melhor caminho para o futuro. Se fosse só isso, de novo não haveria novidade. Porém, o problema para o país é que algo fundamental mudou: não estão mais em pé as defesas que haviam contra esses avanços do poder. A Lei das Estatais foi desfigurada por um Legislativo que atua numa estranha consonância com o Executivo e apaga a passos largos tanto os erros quanto os acertos da Operação Lava-Jato. Corruptores e corrompidos foram julgados e condenados? Revertam-se as decisões, devolva-se o dinheiro. Os salvadores da democracia, ainda que relativa, fazem jus ao seu espólio, e de forma meticulosamente articulada reconstroem peça por peça, nome por nome, um passado que deveria ter sido sepultado. Aumentar o poder sobre empresas é parte fundamental desse plano passadista. Além da oferta de vagas para o exército de companheiros em diretorias e conselhos de administração, com a missão de defender interesses estatais que nem sempre coincidem com os dos acionistas, há muito dinheiro em jogo, muito valor a ser adicionado à causa. Só para ficar no exemplo das duas companhias citadas acima, a Petrobras tinha R$ 86 bilhões em caixa no fim de 2023. A Vale, cerca de R$ 18 bilhões. “As empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro”, disparou Lula, autoproclamando-se presidente de honra de todos os 21,8 milhões de empresas que atuam no país. É uma ordem para que cada empresário, ao sair de casa de manhã, medite sobre o “entendimento de desenvolvimento” do chairman Lula da Silva. Os donos de bares, as casas de retalhos, as micro e pequenas empresas que compõem a grande parte desses milhões não precisam se preocupar, ainda. Por enquanto, o mandatário quer mandar apenas nas gigantes. A frase tinha endereço: a Vale, segunda maior empresa privada por valor de mercado e a terceira por faturamento. A mineradora, soubemos pelo chefe do Executivo, “não é dona do Brasil”. A discurseira não é só mais uma mise-en-scène lulista que revela a obsessão por uma empresa que foi privatizada em 1997. Enquanto falava, nos bastidores seus comandados atropelavam o processo de sucessão da mineradora, com “indicação” de Guido Mantega. Coincidentemente, o Ministério dos Transportes sacava uma fatura cobrando R$ 20 bilhões em concessões renovadas no fim do governo Jair Bolsonaro. Claro que esse enredo é velho e batido. Roger Agnelli foi derrubado, em 2011, depois de uma longa pressão do governo sobre os acionistas privados da mineradora. Naquela época, quem entrou em campo para reforçar os ataques foi o então Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, ligado ao Ministério de Minas eEnergia, com um conta de R$ 4 bilhões supostamente devidos em royalties. A cartada deu certo. Foi o último enfrentamento do executivo com o governo antes de perder o cargo. Ex-estatais costumam ser um alvo preferencial, porque sempre se pode lançar mão do chavão da defesa do patrimônio público. Logo que assumiu, o novo velho governo veio com força sobre a Eletrobras, maior empresa elétrica do país, contestando o modelo de desestatização que limitou o poder de voto dos acionistas. Novamente, o modelo de pressão se repete. Lula vociferava termos como “bandidagem” e “sacanagem” para se referir ao processo de privatização da elétrica, ocorrida em 2022, enquanto a Advocacia-Geral da União entrava com uma ação direta de inconstitucionalidade e o Ministério de Minas e Energia sugeria a criação de um grupo de trabalho para monitorar o poder de mercado da empresa. (Claro que isso nunca foi um problema antes.) Em agosto, o presidente, Wilson Ferreira Jr., renunciou. O ativismo societário do governo tende a aumentar agora, às vésperas da temporada de assembleias anuais de acionistas. Com a ajuda dos fundos pensão de estatais e da carteira recheada do BNDES sempre se pode encontrar uma “boquinha”, como aconteceu na Tupy, uma fundição multinacional de capital aberto que agora tem a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, como conselheiros. NelsonNiero é editor deS.A. doValor Econômico. E-mail nelson.niero@valor.com.br InovaçãoLevantamento do IBGE mostra que médias e grandes empresas investiram R$ 36,9 bi em 2022 Cresceparceladeempresas interessadas eminvestirempesquisaedesenvolvimento AlessandraSaraiva e VictoriaNetto DoRio Empresas de médio e grande porte investiram R$ 36,9 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2022. O mapeamento consta da “Pesquisa de Inovação Semestral 2022: Indicadores Bási- cos”, divulgada nesta quarta-feira (20) pelo IBGE. Os pesquisadores apuraramqueaumentouaparcela de companhias inovadoras que pretendem aportar mais recursos em inovação no ano corrente do que aplicaram no ano anterior — a fatia passou de 39,8% na pesquisa anterior para 50,8% no levanta- mentodivulgadoontem. Os técnicos também fazem res- salva: inovar no Brasil conta ainda com muitos obstáculos. A instabi- lidade econômica foi apontada por 45,6% das empresas inovado- ras como principal freio a investir em P&D em 2022 — sendo que mais da metade das que inovaram naquele ano (61%) não receberam nenhumtipodeapoiopúblico. Além disso, a taxa de inovação das companhias, parcela das que informaram ter inovado, caiu de 70,5% em 2021 para 68,1% em 2022, na ótica da pesquisa. “Todas as empresas, inovadoras ou não, enfrentam algum tipo de dificuldade [para tentar inovar]”, resumiu Flávio Peixoto, pesquisa- dor do instituto. Ele admitiu que os números demonstram menor esforço em inovar, sobretudo em períodos eleitorais, como foi 2022. “As empresas preferem investir em inovação em momentos de maior segurança, elas pensam que é me- lhor guardar o investimento por- que não sabem que governo virá e quais serãoaspolíticas”, avalia. Um outro aspecto captado na pesquisa foi interesse em inovar com a ajuda de parcerias. Esse apoio poderia ser com clientes ou fornecedores por exemplo, acrescentou o técnico. Os pesqui- sadores também investigaram esse ângulo. Entre as inovadoras, 33,2% usaram algum tipo de par- ceria em 2022 para lançar algum processo de inovação. O IBGE apurou que a indústria da transformação continuou a ser destaque entre as inovadoras. Em 2022, esse setor movimentou R$ 30,8 bilhões em investimentos em inovação. Já as indústrias extrati- vas movimentaram R$ 6,1 bilhões nomesmoano. Peixoto informouque,assimco- mo em edições anteriores do estu- do, a inovação continua concen- tradaemgrandesempresas.Doto- tal investido em atividades inter- nas de P&D, 86,3% estavam con- centrados em companhias com maisde500pessoasocupadas.Ou- tros 7,8% investidos se concentra- ramemempresasmédias(de250a 499 pessoas) e 5,9% em pequenas (de100a249pessoas). Entre as atividades da indústria que lideraram o ranking de inova- ção, na pesquisa, está o setor de fa- bricação de máquinas e equipa- mentos, com taxa de inovação de 89,3%, seguido por equipamentos de informática, eletrônicos e ópti- cos (87,5%) e por produtos quími- Fonte: IBGE - "Pesquisa de Inovação Semestral 2022: Indicadores Básicos" Economia instável é entrave para inovação Por dois anos seguidos, empresas destacam problema como freio para inovar - em % Tipo de obstáculo para inovação Instabilidade econômica Acirramento da concorrência Capacidade limitada dos recursos internos Baixa atratividade da demanda Mudanças nas prioridades estratégicas Limitações tecnológicas externas às empresas Dificuldades para obtenção ou uso de apoio público à inovação Dificuldade em estabelecer parcerias Menções no total de inovadoras em 2021 57,1 53 50,5 47,1 47,5 44,8 47,7 46,1 Menção no total de inovadoras em 2022 45,6 43,5 41,3 39 38,4 37 36,4 35,3 “O IBGEprecisa de orçamento para fazer pesquisa comparada” Fernanda De Negri cos (84,7%), que em 2021 ocupava a primeira posição. No estudo, a maiorpartedas inovaçõesserefere a produtos novos para a empresa, cujo número cresceu de 65,6% em 2021para68,1%em2022. A elaboração do estudo contou com parcerias com Agência Brasi- leira de Desenvolvimento Indus- trial (ABDI), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Funda- ção Universitária José Bonifácio (FUJB). O levantamento utilizou amostra de 1.532 empresas das in- dústrias extrativa e de transforma- ção,médiasegrandes, comcemou mais pessoas ocupadas, de um universode9.586companhias. Para Fernanda De Negri, espe- cialista em inovação e pesquisado- ra do Ipea, o investimento em ino- vação, de R$ 36,9 bilhões, apurado foibastante “expressivo”. Mas faz ressalva: para se ter no- ção de evolução em P&D, seria pre- ciso números anteriores. Vários tó- picosdapesquisaveiculadaontem não são comparáveis com outras edições da Pintec – Pesquisa de Inovação, feitas pelo IBGE no pas- sado. Isso porque ocorreram mu- danças metodológicas, entre os es- tudos. “O IBGE precisa de orça- mento para fazer pesquisa compa- rada. Precisamos fazer pesquisa de inovação anual, de dois em dois anos,oude trêsemtrêsanos.” Outra recomendação da pes- quisadora foi de que, em próximas edições de levantamentos sobre inovação, o IBGE estude incluir o setor de serviços. “A indústria, cla- ro, continua a representar mais P&D no mundo todo. Mas existe um importante crescimento no se- tor de serviços”, disse. Entre exem- plos citados por ela estão serviços em pesquisa e desenvolvimento emtelecomunicações. GloboRural,ValorPROeValordisputamprêmiosglobais PatrickCruz DeSãoPaulo A Nova Globo Rural e o Valor PRO são finalistas em duas cate- gorias do Digital Media Ameri- cas 2024, prêmio entregue anualmente pela Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA) e que é considerado uma das mais importantes premiações de jornalismo digital no mundo. Neste mês, o Valor também foi anunciado como um dos finalistas do prêmio de inovação no jornalismo do Internacional News Media Association (Inma), que reconhece as me- lhores práticas na indústria da mídia de notícias. No Inma Global Media Awards 2024, o Valor concorre na cate- goria Melhor Inovação na Trans- formação da Redação, com o nú- cleo de treinamento e difusão di- gital Growth Desk. No Digital Media Americas 2024, o Valor ficou entre os fina- listas do prêmio de Melhor Pro- duto Inovador Digital com a No- va Globo Rural. Lançado em 2023, o projeto uniu a cobertura de agronegócios do Valor e da re- vista Globo Rural em uma plata- forma digital única de informa- ções, serviçose ferramentasvolta- dosaosprodutoresruraiseatodo o ecossistema do agronegócio. Com o site globorural.com.br como “guarda-chuva” central da cobertura de agronegócios, a equipe unificada ampliou a pro- dução de reportagens, análises, vídeos, newsletters, podcasts e a oferta de serviços, como ferra- mentas exclusivas declima e co- tações. Encorpada, a equipe da Nova Globo Rural produz repor- tagens e análises para as versões impressas dos jornais Valor e “O Globo” e da revista “Globo Ru- ral”, faz boletins para a rádio CBN e abastece os canais da Glo- bo Rural nas redes sociais. Com o serviço de informações em tempo real Valor PRO, o Va- lor disputa o prêmio de Melhor Estratégia de Receita de Assina- turas, pelo lançamento de ver- sões para o investidor pessoa fí- sica que resultou em expansão da base de clientes. Na mesma categoria, a Editora Globo, que publica o Valor , o Valor PRO e a “Globo Rural”, está também re- presentada pela indicação dos projetos “Rio Gastronomia” e “SP Gastronomia”, de “O Globo”. Há outros nomes brasileiros na disputa. O UOL Prime, do por- tal UOL, também concorre em Melhor Estratégia de Receita de Assinaturas. O The Brazilian Re- port disputa o prêmio de Melhor Site de Notícias, a agência de che- cagem Aos Fatos concorre a Me- lhor Uso de Inteligência Artificial em Redações com a robô Fáti- maGPT, o site Sumaúma é finalis- taemMelhorVisualizaçãodeDa- dos, a agência Lupa, em Melhor Campanha Publicitária Nativa, e o Projeto #Colabora, em Melhor Uso de Vídeo. Já o site InfoAma- zonia, em colaboração com o co- lombiano La Liga Contra el Silen- cio e o venezuelano Armando.In- fo, concorre ao prêmio de Me- lhor Projeto de Jornalismo com a iniciativa Amazon Underworld. Ao todo, os finalistas disputam prêmiosem13categorias.Oanún- cio dos vencedores do Digital Me- dia Americas 2024 ocorrerá no Di- gital Media Latam, nos dias 11 e 12 deabrilnaCidadedoPanamá. INÊS 249 Jornal Valor --- Página 3 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@19:02:04 Quinta-feira, 21 demarço de 2024 | Valor | A3 ESPECIAL EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO COMO UM GRUPO CRESCENTE DE GRANDES EMPRESAS BRASILEIRAS SUBVERTE REGRAS TRADICIONAIS DE NEGÓCIOS PARA ADERIR AO VENTURE CAPITAL, INOVAR E SE REINVENTAR A NOVA ONDA DO CORPORATE VENTURE CAPITAL 2024 N0 198 | R$ 30 MAR ESPECIAL EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL APROXIMADA 4,65% KARIME HAJAR (à esq.), Senior Investment Manager da Basf Venture Capital; ERICA MENEZES (ao centro), Head de Venture Capital Corporativo da Eurofarma; JULIANA INNECCO (à dir.), Head do Torq Ventures, da Sinqia KARIME AJAR INÊS 249 Jornal Valor --- Página 4 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@19:18:33 A4 | Valor | Quinta-feira, 21 demarço de 2024 Brasil ConjunturaResultados animadores até agora apontam para cenário de “pouso suave”, mas gasto do governo e inflação são pontos de atenção Atividade surpreende, e FGV Ibreelevaas projeçõesparaano MarsíleaGombata DeSãoPaulo O desempenho melhor que o esperado em indicadores de ati- vidade econômica levou o Bole- tim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getu- lio Vargas (FGV Ibre) a revisar pa- ra cima suas projeções para o pri- meiro trimestre e para 2024. As atividades cíclicas, que são mais suscetíveis às taxas de juros, vêm apresentando resultados anima- dores neste início de ano, apon- tando para um cenário de “pou- so suave” da economia brasileira. O Boletim Macro não descarta, contudo, turbulências que no curto prazo podem tumultuar o processo de desaceleração me- nos brusco da atividade, como ruídos no mercado, mais gastos do governo e um mercado de tra- balho aquecido, que pode tornar difícil a queda da inflação. Com os números positivos de serviços, indústria de transforma- ção e varejo, a edição de março do Boletim revisa as projeções do FGV Ibre de crescimento do PIB no pri- meiro trimestre deste ano, ante o quarto de 2023, de 0,2% para 0,5%. Para 2024, a projeção de cresci- mentopassoude1,4%para2%. Também foram revistas as esti- mativas para primeiro trimestre de 2024 e para o ano fechado de consumo das famílias (de cresci- mento de 1,3% previsto em feve- reiro para 2% na edição de mar- ço), de investimento (de 2,4% pa- ra 4,3%), de indústria de transfor- mação (de 1,4% para 2,3%), da construção (de 1% para 2,6%), e de serviços (de 1,6% para 2,1%). “No Brasil, os últimos dados di- vulgados referentes à atividade econômica vieram bem acima das nossas previsões e até as do mercado, na média mais otimis- ta. Mesmo exercendo alguma cautela com relação aos resulta- dos esperados para os próximos meses, não há como negar que os serviços e o comércio varejista têm tido um desempenho muito acima do previsto”, diz o boletim. O texto lembra ainda que os da- dos das sondagens setoriais do FGV Ibre confirmaram a expectati- va de melhor desempenho da in- dústria de transformação e da construção, que devem ter resulta- do positivo no ano, revertendo o desempenhonegativode2023. “Dados do Monitor do PIB de janeiro mostram crescimento mais forte da parte das ativida- des cíclicas. Já esperávamos bom resultado de setores como a in- dústria. O que surpreendeu foi a intensidade dessa recuperação”, afirma Silvia Matos, coordenado- ra do Boletim Macro. “O consumo das famílias e ou- tros serviços vieram além do es- perado. Também vimos recupe- ração do investimento, com o se- tor de bens de capital saindo da tragédia que foi no ano passado. Isso deve continuar.” Mas, reforçando a mensagem do boletim, Matos alerta para o fato de nem tudo ser positivo. “Ainda há dúvidas sobre essa intensidade [da recuperação], principalmente levando em con- ta o setor agropecuário, que pode ser uma caixinha de surpresas”, diz Matos, ao lembrar que o de- sempenho do agro é melhor de fevereiro a abril. Ela argumenta que, apesar da melhora da parte cíclica do PIB, a parte exógena — menos sensível ao movimento das taxas de juros — não terá o mesmo desempe- nho que no ano passado. Em 2023, as atividades cíclicas contribuíram com 1,2 ponto per- centual do crescimento de 2,9% do PIB, enquanto a contribuição da parte exógena foi de 1,7 ponto. Neste ano, a parte cíclica deve re- presentar1,7pontopercentual, e a exógena, 0,3 ponto percentual, do crescimentoestimadoem2%. Outro fator de preocupação, de acordo com o boletim, se- riam os ruídos no mercado, “de- corrente de ações e de discursos do governo que elevam as incer- tezas sobre a economia”. crescimento do PIB do primeiro trimestre e também para 2024. “As mudanças são motivadas por maior otimismo nas categorias cíclicas do PIB, em contraposição à expectativa de uma parte exó- gena mais fraca, decorrente, so- bretudo, da piora nos dados da indústria extrativa e de uma agropecuária, enfraquecida por expectativas ruins para as safras de 2024”, afirma o texto. O FGV Ibre alerta que a melhora dos indicadores cíclicos deve ser analisada com ponderação, já que parte da recuperação é explicada por bases de comparação baixas do ano passado, como no caso da indústriamanufatureira. Além da atualização de proje- çõesparaoPIB, foramrevistaspara cima as de indústria de transfor- mação, construção civil e serviços. Para baixo foram revistas as proje- ções de indústria extrativa, consu- modogovernoe importação. Expectativas Apesar da queda dos índices de confiança do FGV Ibre em fe- vereiro, influenciada pela piora nas expectativas de curto prazo, uma prévia realizada com dados até o dia 14 de março sugere que essa tendência não prosseguirá. De acordo com a prévia, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) subirá 0,3 ponto em março, após queda de 0,7 ponto em fevereiro, e o Índice de Confiança do Con- sumidor terá alta de 0,7 ponto, depois de cair 1,1 ponto. “O primeiro trimestre parece caminhar em tendência mais fa- vorável para a confiança empre- sarial, que é também captada pe- lo Indicador de Incerteza da Eco- nomia (IIE-Br) do FGV Ibre”, diz o boletim. “Por outro lado, a piora das expectativas e a piora em in- dicadores sobre condições finan- ceirasacendemumsinaldealerta em relação aos próximos meses.” Mercadode trabalho A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de janeiro mostrou le- ve redução na taxa de desempre- go para 7,6%, marcando o menor nível desde agosto de 2015 na sé- rie dessazonalizada.A previsão, contudo, é de aumento para 8,0% em fevereiro. O saldo positivo do Caged, por sua vez, superou as expectativas. As previsões para a leitura de fevereiro são otimistas. Inflação O FGV Ibre lembra que o IPCA de fevereiro de 2024 superou le- vemente as expectativas, mas confirmou a tendência de desa- celeração inflacionária, combase na inflação subjacente de servi- çoseno índicededifusão. Impac- tos sazonais e preços de commo- dities agrícolas menores que o esperado devem contribuir para menos pressão inflacionária. Para março, o FGV Ibre espera inflação de 0,15%, apontando uma redução para 3,9% no acu- mulado em 12 meses. Em abril de 2024, espera-se que a taxa de in- flação recue ainda mais, alcan- çando cerca de 3,7%. O economis- ta André Braz, responsável pela seção sobre inflação do boletim, estima que a inflação anual de 2024 ficará entre 3,5% e 4%. Políticamonetária A seção sobre política monetá- ria, contudo, mostra dois fatores que têm contribuído para man- ter desancoradas as expectativas de inflação: as incertezas relacio- nadas à troca de comando no BC na virada do ano e as dúvidas que ficam sobre o comportamento futuro das contas públicas. O bo- letim ressalta que a projeção ofi- xo precisam agir de forma coeren- te com esse objetivo e convencen- doopúblicodeseuspropósitos. “A melhor sinalização passível de ser dada envolve demonstra- ções convincentes de compro- misso de conduzir a política fis- cal de maneira compatível com o cumprimento da meta de infla- ção”, diz o texto, ao lembrar que essecompromissonãoparece fir- me por parte do governo. “Possivelmente, essa é uma das razões pelas quais as expectati- vas de inflação de médio prazo, para 2025, 2026 e 2027, estão es- tabilizadas em 3,5% há cerca de oito meses.” Política fiscal A parte sobre política fiscal do boletim alerta para três pontos de atenção. O primeiro é o imbróglio em torno dos dividendos da Petro- bras, sem uma definição clara e transparente sobre a política de distribuição desses a acionistas da empresa. O segundo ponto seria quanto ao crescimento das despe- sas obrigatórias, que podem com- primir as outras despesas dentro do novo arcabouço fiscal e dificul- tara suagestão.Umterceiroseriaa PEC sobre autonomia financeira e orçamentáriaaoBancoCentral. “A PEC 65/2023, de autoria do senador Plínio Valério (PSDB-AM), concede autonomia financeira e orçamentária ao BC. É importante saber do que se trata tal autono- mia”, questiona no boletim o eco- nomista Manoel Pires, à frente do Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre. “A PEC transformaria o BC, uma autarquia federal com or- çamento vinculado à União, em empresa pública com total auto- nomia financeira e orçamentária, sob supervisão do Congresso. O BC teria plena liberdade para definir, por exemplo, os planos de carreira e salários de seus funcionários, contrataçõese reajustes.” Além de a AGU ter se manifes- tado pela inconstitucionalidade da PEC, que deveria ser encami- nhada ao Congresso pelo Execu- tivo, Pires alerta que há um deba- te quanto ao mérito, uma vez que o argumento para a proposta é que o BC registra lucro e, portan- to, não deve possuir o mesmo ti- po de limitação orçamentária que é aplicada a outros órgãos. Setor externo Com recorde pelo segundo mês consecutivo, o superávit da balança comercial de fevereiro, no valor de US$ 5,4 bilhões, foi puxado pela alta das exportações da indústria extrativa, com des- taque para o petróleo bruto. “Nesse começo de 2024, os re- sultados das exportações, lidera- dos pelas commodities, apontam melhoras em relação a 2023, mas essa tendência pode não se reali- zar”, alerta o boletim. “O governo chinês aposta em um crescimento de 5%, mas muitos duvidam que esse resultadosejaalcançado.” Internacional Na seção sobre o cenário exter- no, o FGV Ibre destaca os fatores que possivelmente serão conside- rados pelo Fed (BC americano) no início do ciclo de baixa de juros, como a queda das expectativas de inflação nos Estados Unidos, al- guns subconjuntos dos índices de inflação e a atividade econômica quecresceabaixodeseupotencial, enãoabaixo,comodesejaaautori- dademonetáriadosEUA. SilviaMatos:bomresultadodesetorescomoa indústria jáeraesperado,oquesurpreendeufoi intensidadedarecuperação LEOPINHEIRO/VALOR Fonte: Boletim Macro - FGV Ibre. PIB Consumo das famílias Consumo do governo Investimento Exportação Importação Agropecuária Indústria Extrativa Transformação Eletricidade e outros Construção civil Serviços 1,4 1,3 2 2,4 2 2 -3,4 1,9 3,9 1,4 2,3 1 1,6 Em fevereiro Em março Melhora do humor Projeções para 2024 - em % 2 2 1,5 4,3 2 1,2 -3,4 2,6 3,8 2,3 2,4 2,6 2,1 “Não há como negar que serviços e varejo têm tido desempenhomuito acima do previsto” Boletim Macro Fazenda reduz ‘marginalmente’ estimativa para IPCA EstevãoTaiar DeBrasília OMinistériodaFazendadeve revisar “marginalmenteparabai- xo”as suasprojeçõesparaa infla- çãodesteano, apurouoValor.Mas a tendênciaéqueapastamante- nhaasestimativasparaocresci- mentodoProduto InternoBruto (PIB)desteedospróximosanos. Nestaquarta, 20, apastadivul- gaoBoletimMacrofiscal,docu- mentobimestral emquepublica suasestimativasparaasprincipais variáveis econômicas. Essasesti- mativas sãousadasposteriormen- teparadecidir,porexemplo, so- breobloqueioounãoderecursos noRelatórioBimestraldeAvalia- çãodeReceitaseDespesas, a fim decumprirasmetas fiscais. Atualmente, o Ministério da Fazenda projeta crescimento de 2,2% para o PIB em 2024. Para os três anos seguintes, as estimati- vas de alta são respectivamente de 2,8%, 2,5% e 2,6%. Já a estimativa para o IPCA de 2024 é de 3,55%. A meta de in- flação para este ano, estabeleci- da pelo Conselho Monetário Na- cional (CMN), é de 3%, com in- tervalo de tolerância de 1,5 pon- to percentual para cima ou para baixo. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Geral de Preços - Dispo- nibilidade Interna (IGP-DI), as estimativas são respectivamente 3,25% e 4%. Em seu último Boletim Macro- fiscal, de novembro do ano pas- sado, o Ministério da Fazenda destacava que o cenário para o PIB em 2024 levava em conta “o aumento das incertezas no am- biente externo”. Esse aumento das incertezas externas aparecia “tanto do ponto de vista da polí- tica monetária dos países cen- trais, quanto da possibilidade de agravamento nos conflitos geo- políticos globais”. “Emcontrapartida, asativida- desmenos influenciadaspelo se- torexternodevemsebeneficiar comapolíticamonetáriamenos contracionista, comasmelhores condiçõesdecréditoecomocres- cimentodamassaderendimento real”,dizia. “Nesse sentido, a com- posiçãodocrescimentobrasileiro nopróximoanodeverá serbastan- tedistintadaverificadaem2023, commaiorcontribuiçãodaabsor- çãodoméstica.” Nocasodo IPCA,aprojeção le- vavaemconta: reajustesdo Im- posto sobreCirculaçãodeMerca- doriasePrestaçãodeServiços (ICMS)anunciadospelosEstadose impactosdoElNiñosobrepreços dealimentação, energiaeetanol. O Relatório Bimestral de Ava- liação de Receitas e Despesas, por sua vez, será divulgado ama- nhã, sexta-feira. Como exemplo, o texto traz o aumento dos gastos públicos com a despesa primária crescen- do 12,5% acima da inflação no acumulado em 12 meses, em ja- neiro, políticas intervencionistas dogovernoemdiferentesáreas, e umcenáriomaisnebulosoparao investimento privado. “Seguimosesperandoumareto- mada cíclica do investimento para este ano, mas que será insuficiente paraelevarde formasignificativaa nossa baixa taxa de investimento, que recuou no ano passado para 16,5%doPIB”, acrescentao texto. Outra notícia com dose de oti- mismo limitado seria o próprio aquecimento da atividade e do mercado de trabalho, acompa- nhado do aumento da renda e de um cenário de consumo das fa- mílias mais forte. “Será que essa atividademaisrápidadoquegos- taríamos não acabará aumentan- do a atenção do Banco Central”, questiona Matos, ao se referir ao processo de redução dos juros. “Essa aceleração do consumo das famílias pode gerar preocupação e aumento da cautela emrelação aos próximos passos.” O cenário hoje, afirma a eco- nomista, é de atenção. De um la- do, há notícias boas sobre a ativi- dade. De outro, preocupações so- bre a falta de ociosidade da eco- nomia, o que poderia gerar mais pressões inflacionárias. Atividade econômica Com as surpresas positivas nos indicadores da atividade, o Bole- tim Macro subiu a projeção de “Mudanças são motivadas por maior otimismo nas categorias cíclicas do PIB” Boletim Macro cial de inflação estava em 3,2% para 2025, e as expectativas esta- vam muito próximas de 3,5% en- tre fevereiro e março. O boletim defende que gover- nantes empenhados em levar e manter a inflação em patamar bai- INÊS 249 Jornal Valor --- Página 5 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@19:23:03 Quinta-feira, 21 demarço de 2024 | Valor | A5 Brasil ContaspúblicasNúmeros que serão divulgados na sexta-feira apontam cumprimento da meta fiscal dentro da margem, mas Previdência pode ter estouro Projeções indicam contingenciamento zeroedéficit contido LuAikoOtta, GuilhermePimenta eJéssicaSant’Ana DeBrasília As novas projeções de receitas e despesas de 2024, que o gover- no divulga nesta sexta-feira (22), vão apontar para o cumprimen- to da meta de zerar o déficit fiscal neste ano. Os números deverão indicar um resultado primário negativo de R$ 8 bilhões, dentro da margem de tolerância estabe- lecida pelo novo arcabouço fis- cal, informou fonte do governo. Assim, será anunciado contin- genciamento zero. No entanto, por causa de um crescimento acima do esperado de algumas despesas, sobretudo aquelas com benefícios do Insti- tuto Nacional do Seguro Social (INSS), existe o risco de ser ultra- passado o limite máximo de gas- tos permitido pelo arcabouço es- te ano, que é R$ 2,1 trilhões. As- sim, será necessário bloquear de R$ 2,9 bilhões a R$ 3 bilhões para manter o limite. Atualmente, existem dois con- trolesparaodesempenhodascon- tas públicas: a meta de resultado primário e o limite de despesas. Se há risco de descumprimento da primeira, é feito um contingencia- mento. Se o problema está no se- gundo, é feito um bloqueio. Essa diferenciação de mecanismos e objetivos existe desde a criação do tetodegastos, em2016. Significa que alguns ministé- rios terão parte de seu orçamen- to retida. A divulgação de quais pastas serão atingidas será feito até o dia 31 deste mês, via decre- to. Por se tratar de um bloqueio, os recursos só serão liberados se houver queda em outras despe- sas e, com isso, for aberto um “es- paço” sob o limite de despesas. O dado que está sendo come- morado na área econômica co- mo uma vitória, porém, é o con- tingenciamento zero. Trata-se de uma importante mudança de ce- nário em relação ao do fim do ano passado, quando era estima- do por especialistas em algo co- mo R$ 50 bilhões. “O que esta- mos fazendo está dando certo”, comentou a fonte. “É um ótimo resultado, diante do caos que es- tava sendo projetado.” Havia dúvidas na própria área econômica do governo em como agir, caso houvesse a necessidade de contingenciar recursos. O Mi- nistério do Planejamento questio- nou ao Tribunal de Contas da União (TCU) qual seria o limite máximo para contingenciamento este ano, à luz da nova regra fiscal: R$ 56 bilhões ou R$ 25,9 bilhões. A área técnica concluiu que vale o número maior, caso contrário os agentes públicos estariam infrin- gindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LFR) e a lei de finanças pú- blicas. O processo ainda será anali- sado no plenário, mas ainda não hádatapara julgamento. Apesar de a arrecadação haver batido recorde em janeiro e se- guir forte, segundoa fonte, asno- vas projeções para o Orçamento indicarão número diferente para as receitas. Será cortada a estima- tiva de concessões e permissões, por causa de atrasos em contra- tos a cargo do Ministério dos Transportes — há uma previsão do governo no Orçamento de ar- recadar R$ 44,3 bilhões com es- ses contratos, mas especialistas questionam a viabilidade. Além disso, será considerado o impac- to da retirada, da Medida Provi- sória (MP) 1.202, da parte que modificava a tributação sobre a folha de 17 setores intensivos em mão de obra e das prefeituras. Por outro lado, algumas des- pesas obrigatórias têm crescido acima do esperado. É o caso dos benefícios previdenciários. O Or- çamento (LOA) prevê R$ 908,7 bilhões com essa rubrica neste ano, mas a tendência é que haja uma revisão para cima deste nú- mero, mesmo considerando as medidas de redução de gasto em curso no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Uma fonte explica que as me- didasadotadaspelo INSSpara re- duzir gastos neste ano — orçadas em R$ 12,5 bilhões bruto, pouco mais de R$ 10 bilhões líquidos — estão surtindo efeito, compen- sando em parte o aumento do es- toque de benefícios, que está ocorrendo em virtude da redu- ção da fila de requerimentos. Pa- ra a revisão de sexta, contudo, a projeção de economia será man- tida “porconservadorismo”.Mas, se as medidas continuarem sur- tindo efeito e se o INSS conseguir implementar novas ações previs- tas, o valor pode crescer e ser re- fletido no relatório de avaliação de receitas e despesas de maio. Na avaliação da economista Vil- ma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI), apesar da receita ter vindo “alta” nos pri- meiros meses deste ano, ela está em linha com a programação do próprio governo. “Isso evidencia a importância da confirmação das premissas para as medidas adicio- nais de receita que o governo está esperando arrecadar. É um efeito queagentedeveobservaraolongo doano”, considerou. Além disso, ela aponta que ainda é cedo para afirmar que as revisões nos benefícios previden- ciários vão fazer efeitos relevan- tes. “Caso essa revisão não gere o impacto esperado pelo governo, ou caso haja necessidade de am- pliar a dotação de algum outro gasto obrigatório sujeito ao limi- te de despesa, será possível ob- servar bloqueios adicionais ao longo do ano, como ocorreu nos anos anteriores.” FernandoHaddad: reuniãopré-agendadacomgovernadores nodia26 DIOGOZACARIAS/MF Écedoparadizerque revisõesdebenefícios previdenciários terão efeitos relevantes Vilma Pinto Lula já deu sinal verde para renegociar dívida dos Estados, afirma Haddad EstevãoTaiar eGabrielaPereira DeBrasília O ministro da Fazenda, Fer- nando Haddad, afirmou que já tem aval do presidente Luiz Iná- cio Lula da Silva (PT) para apre- sentar a governadores a propos- ta de renegociação das dívidas dos Estados. “Para o dia 26 já está pré-agendada a reunião com os governadores [para apresenta- ção da proposta]”, disse ontem no Ministério da Fazenda, depois de participar de reunião com o próprio Lula e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), no Palácio do Planalto. OencontrodeHaddadcom Castro foioquarto realizadonas últimas semanaspara tratardare- negociaçãodasdívidasdosgover- nosestaduais comaUnião.Recen- temente, ele tambémseencon- troucomosgovernadoresdoRio GrandedoSul, EduardoLeite (PSDB),deMinasGerais,Romeu Zema(Novo), edeSãoPaulo, Tarcí- siodeFreitas (Republicanos).Des- deentão,oMinistériodaFazenda vemelaborandoapropostaque teveavaldeLulaequeseráapre- sentadaaosgovernadores. Castroafirmouqueaperspecti- vadeumacordo“justo”estáman- tidaequeaguardaráo textodo governo federal.Mas tambémafir- mouquenãodescartaentrar com açãonoSupremoTribunal Federal (STF)paraquestionarodébitodo Estado. “Opresidentemepediu queesperasseumpoucopra in- gressar comaação”,disse.Adívida doRiode JaneirocomaUnião já passadosR$188bilhões. Depoisde reuniãorealizada comHaddadnasemanapassada, Tarcísioafirmouque, “da forma comoadívida”dosEstadosemge- ral está indexada, “vamos terum estoquecrescente”dessedébito. NocasodosEstadosdoSuledo Sudeste,o indexadoré “híbrido, oraéSelic, oraé IPCA+4%”aoano. “Éumestoquequenãovai acompanharnemocrescimento daeconomianemdaarrecada- ção”,dissenaocasião. Segundo Tarcísio, épossível chegaraum meio termoque“nãoprejudique ascontaspúblicas”daUniãomas que tambémcontroleasdívidas estaduais. Issoporqueexistem maneirasdealcançara“neutrali- dade”entreocustodecaptaçãode recursospelaUniãoeo“serviçoda dívida”dosEstados. COMÉRCIO EM PAUTA Trabalho que valoriza o Brasil www.portaldocomercio.org.br. todo o País, pelo YouTube do Sesc São Paulo (youtu- be.com/sescsp) e Sesc Bra- sil (youtube.com/sescbra- sil), além da transmissão pelo Sesc TV, canal cultural do Sesc em São Paulo, dis- tribuído gratuitamente para mais de 60 operadoras de TV por assinatura e plata- formas de streaming. M at he us Jo sé M ar ia Com a convicção deque qualificação é omelhor caminho para a transformação de vidas, o Senac Alagoas firmou parceria comaSecretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) para oferecer cursos de qua- lificação profissional aos reeducandos do Presídio do Agreste. Em outra iniciati- va similar, o Senac Espírito Santo firmou convênio com a Secretaria da Justiça (Sejus) para oferecer cur- sos destinados à população carcerária e egressos do sistema prisional capixaba. As vagas são disponibiliza- das por meio do Programa de Gratuidade do Senac-ES comoobjetivo de reintegrar e dar oportunidades de in- gressar e evoluir no merca- do de trabalho. SENACPROMOVEQUALIFICAÇÃOPROFISSIONALPARA REEDUCANDOSEEGRESSOSDOSISTEMAPRISIONAL CursodoSenac-ALoferecequalificaçãoprofissional parapromover areintegraçãodereeducandos Se na c Em Alagoas, as aulas es- tão sendo ministradas nas dependências do próprio presídio, com turmas dos cursos de assistente admi- nistrativo e promotor de vendas, visando proporcio- nar oportunidade concreta de ressocialização, inicial- mente para 50 apenados. Alémdos cursos, oSenac-AL também doou livros para o projeto de leitura que está sendo implantado no local. Já no Espírito Santo, os cursos são para cabelei- reiro, panificação, costura, fotografia, assistente de logística, artesanato bor- dado à mão, entre outros. A parceria prevê a abertura de 600 vagas destinadas aos egressos do sistema prisio- nal e 700 para custodiados. PÁSCOADEVEMOVIMENTAR R$3,4BILHÕESEM2024,PREVÊCNC Ovolume de vendasrelacionado à Páscoadeve ultrapassar R$ 3,4 bilhões neste ano, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se a expectativa for confirmada, significa um aumentode4,5%emrelação a 2023 e o quarto avanço anualnasvendaspara adata. A previsão, segundo a CNC, são aumentos de 21,4% na Importação de chocolates terá aumento demais de 20%nestaPáscoa Sh ut te rs to ck importação de chocolates, o que corresponde a 3,35 toneladas, e de 69,9% na de bacalhau, o que equivale a 7,12 toneladas do produto. “APáscoa representa impor- tante data para o varejo, um período de grandemovimen- tação comercial e oportuni- dades de crescimento para o setor”, afirma o presidente da CNC,JoséRobertoTadros. Além do chocolate e do bacalhau, a cesta típica de produtos mais vendidos na Páscoa – que inclui pesca- dos em geral, bolos, azeite de oliva, refrigerantes, água mineral, vinhos e alimenta- ção fora de casa – deve ter a menor alta do preço médio desde 2020, de acordo com a análise da entidade. A exceção é o azeite, que já se encontra mais caro nas pra- teleiras dos supermercados e pode registrar aumento de 45,7%em2024. OSesc participa das co-memorações dos 200anos doSenadoFederal transmitindooconcerto “Se- nado 200 anos: uma jornada histórica rumo ao futuro”, que será realizado no dia 25 demarço, a partir das 19h30, no auditório do Centro de Convenções Ulysses Gui- marães, em Brasília. Sob SESCPARTICIPADECELEBRAÇÕES DOS200ANOSDOSENADOFEDERAL regência e direção musical domaestro JoãoCarlosMar- tins, a Orquestra Bachiana Jovem Sesi-SP executará obras que representam o Brasil, com participações em momentos especiais dos solistas Juliana Taino, Jean WilliameRaquelPaulin. O público poderá acompa- nhar o evento ao vivo, em Ensaio da Orquestra Bachiana Jovem Sesi-SP, que fará o concerto dos 200 anos do Senado com transmissão pela TVSesc INÊS 249 Jornal Valor --- Página 6 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@20:23:32 A6 | Valor | Quinta-feira, 21 demarço de 2024 Brasil Senadodevealterarprojetodocombustível ‘verde’ Murillo Camarotto DeBrasília Alvo de disputa entre o gover- no e a Petrobras, o projeto de lei que estimula a descarbonização dos combustíveis também divide o setor privado. Enquanto os grandes consumidores de ener- gia, especialmente a indústria, criticam possíveis aumentos de custos, setores do agronegócio comemoramaampliaçãodeseus mercados. No meio do caminho está a cadeia de produção e dis- tribuição de combustíveis. Todos os insatisfeitos, principal- mente a Petrobras, vão intensificar as articulações para que o texto aprovado na Câmara seja alterado no Senado. Segundo o Valor apu- rou, a tendência é que os senado- res façam mudanças, especial- mente relacionadas às metas para mistura de biodiesel no diesel e à obrigatoriedade de compra de biometanopela indústriadogás. Escolhidopara relataroprojeto, ovice-presidentedoSenado,Vene- ziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que também preside a Frente Parla- mentar de Recursos Naturais e Energia, preferiu não comentar pontos específicos porque ainda está analisando a matéria. Sua in- dicação foi considerada uma vitó- ria do presidente da Petrobras, JeanPaulPrates,quenãoestá satis- feito com a versão aprovada na Câ- maraemacordocomoPlanalto. “Esteprojeto temaimportante missão de contribuir para a tran- sição energética de baixo carbo- no de forma segura, auxiliando para que o país possa cumprir os acordos internacionais de meio ambiente e ganhe cada vez mais protagonismo na agenda ener- gética internacional”, limitou-se a dizer o relator da matéria. Um dos pontos mais contro- versos é a obrigatoriedade de compra de biometano pelos pro- dutores e importadores de gás. Segundo o texto, eles terão que incluir pelo menos 1% de biome- tano no volume total comerciali- zadoapartirde2026.Obiometa- no é obtido a partir da purifica- ção do biogás, uma mistura de gases que têm como origem o processo natural de decomposi- ção de resíduos orgânicos. Diretor da Abrace, associação que reúne os grandes consumido- res de energia, Adrianno Lorenzon diz que a medida representa “um tiro no pé” de um setor que vinha se desenvolvendo. Na sua avalia- ção, as indústrias devem ter liber- dade para escolher a melhor estra- tégia para reduzir suas emissões e não serem obrigadas a adotar um determinadocaminho. “Com o mercado de créditos de carbono, por exemplo, você escolhe o movimento. Aqui está sendo enfiada goela abaixo uma solução. É um tiro no pé do pró- prio mercado de biometano”, disse o dirigente, ao lembrar que o custo do gás, que já está eleva- do, pode subir ainda mais, invia- bilizando algumas operações. Na ponta oposta, a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) entende que a obrigatoriedade é importante para garantir a uni- versalização e a interiorização do combustível no país. Alessandro Gardemann, presidente do con- selho da entidade, lembra que os produtores e importadores po- derão comprar certificados que correspondem à cota de biome- tano prevista no PL, o que vai fa- cilitar o cumprimento da meta. Sobre o aumento dos custos, ele prevê que, após um primeiro mo- mento, haverá salto na demanda pelo combustível biológico, o que acabará acomodando os preços. “Metanol verde, amônia verde, aço verde, tudo isso vai ser feito com biometano. Esses produtos vão precisar desse selo para acessar o mercado europeu, por exemplo”, disse o dirigente. “A hora de criar essemercadoéagora”, completou. Não é o que pensa a indústria química,umadasprincipais con- sumidoras de gás do país. Em no- ta, aAbiquimexpressou“preocu- pação em relação às imposições contidas” no projeto do Com- bustível do Futuro. Para a entida- de, alguns pontos críticos do tex- to — sobretudo a exigência do biometano — “podem afetar ad- versamente o setor industrial”. Cálculos da Abiquim apontam para um custo adicional de pelo menos R$ 171 milhões para o cumprimento do mandato de 1% do biometano. Se a meta chegar aos 10% previstos no projetode lei, o montante subiria para R$ 1,71 bilhão. “O setor já enfren- ta desafios consideráveis, in- cluindo altos custos de produção e competitividade internacio- nal”, alegou o presidente da asso- ciação, André Passos Cordeiro. Entre os importadores de combustíveis, o projeto foi visto como positivo, mas passível de aprimoramentos. O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, disse que a definição de percentuais mínimos para a mistura de bio- diesel dá previsibilidade ao mer- cado, o que é bom. Ele ressalta, porém, a importância de que não estimule uma “reserva de merca- do” para os atuais produtores. “Se o objetivo maior é redução da emissão, que seja de qualquer rota tecnológica, qualquer ori- gem, inclusive com a possibilida- de de importação do biodiesel”, afirmou ele, ao lembrar que, ho- je, a importação é vedada pela le- gislação. “A reserva de mercado é extremamente danosa para a so- ciedade”, completou o dirigente. Principal distribuidora do país, a Vibra (ex-BR Distribuido- ra) também está preocupada com possível reserva de mercado para os biocombustíveis e o seu efeito sobre os preços. Vice-presi- dente de Relações Institucionais da empresa, Henry Hadid teme que o aumento da mistura de biocombustíveis em combustí- veis fósseis, previsto no projeto, amplie espaço para adulteração. Por isso,umadasdemandasda Vibra é que a mistura seja feita diretamente pelos produtores de combustíveis, e não mais pelos distribuidores. O executivo tam- bém defende um “mandato úni- co” para a mistura, ou seja, que todos os tipos de biocombustí- veis certificados possam ser mis- turados. Ele citou, por exemplo, a inclusão do diesel coprocessado no mandato do biodiesel, um dos maiores pleitos da Petrobras. Sociedade civil está otimista sobre avanços no grupo DoRio Os grupos da sociedade civil brasileira e internacional têm ex- pectativas otimistas sobre a pre- sidência brasileira do G20 em re- lação à abertura política para a apresentação de propostas aos chefes de Estado do bloco. A percepção é de Henrique Frota, presidente do C20, grupo de engajamento das organiza- ções da sociedade civil e dos mo- vimentos sociais do G20. Para o articulador, o espaço cí- vico brasileiro, com menos con- trole estatal e mais autonomia civil, contribui para as perspecti- vas positivas. Frota fez as consi- derações ao comparar o contex- to político brasileiro ao da Índia, que ocupou a presidência do G20 no ano passado, e ao da Áfri- ca do Sul, que sucederá o Brasil na liderança do grupo. Os três países compõem a chamada “troika” do G20, em que as presidências atual, ante- rior e seguinte cooperam entre si na preparação da cúpula de chefes de Estado. “Existe menos controle estatal e um espaço cívico mais autôno- mo e livre [no Brasil]. Por isso, há uma grande expectativa de que o C20 no Brasil vai ter pros- peridade maior nas entregas e propostas aos líderes”, afirmou Frota. O presidente do grupo participou, nesta quarta-feira (20), do primeiro evento do pro- jeto “G20 no Brasil”, uma parce- ria entre Valor, jornal “O Globo” e rádio CBN. “O C20 indiano teve maior controle do governo porque o espaço cívico é mais restrito. Quando olhamos para a África do Sul, a ideia é fortalecer nos- sos colegas porque o espaço cí- vico também é mais limitado”, explicou Frota. “Não é porque somos do Sul Global que so- mos todos sociedades demo- cráticas vibrantes”, completou. Apesar das divergências, há um entendimento de que a pre- sidência brasileira coincide com uma “janela de oportunidades” para avançar sobre as demandas do chamado Sul Global uma vez que a atual “troika” do G20 é composta por Índia, Brasil e África do Sul. “Temosumajaneladeoportu- nidadesparaavançarasdeman- dasdoSulGlobal.Claroqueelas nãosãonecessariamente iguais, masencontramumacertaconver- gência,principalmentenoquediz respeitoàcrise climática”,dissea coordenadoradePesquisadaPla- taformaCipó,BeatrizMattos. Eladefendeuqueosdebatesdo G20sejamencaradosapartirde umaperspectivade responsabili- dadesdiferenciasparacrisesglo- bais, comomudançasclimáticas. Para Mattos, o debate sobre o clima precisa ser feito à luz do princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Segundo ela, o conceito foi deba- tido durante a Eco 92, conferên- cia do clima realizada no Rio de Janeiro, no início dos anos 1990. “Acrise climáticaéumproble- maglobal,masospaíses têmres- ponsabilidadesdistintas.Amaior partedasemissões [decarbono] vemdospaísesdoNorteGlobal, enquantoosEstadosdoSulGlobal são frontalmente impactadospor essasemissões”,disseMattos. A especialista defendeu que a perspectiva também deve ser adotada sobre os debates em tor- no do financiamento internacio- nal. “Ano passado, um relatório da ONU apontou que pratica- mente metade da população mundial vive em países altamen- te endividados e que gastam mais com o pagamento dos juros da dívida do que com saúde e educação. Como esses países vão ter recursos para investir em ações climáticas?” pontuou. Relações externasEspecialistas destacam capacidade do país de construir pontes, mas cenário internacional é obstáculo Conflitosglobaisdesafiam liderançabrasileiranoG20 Primeira rodadadedebates doprojeto “G20noBrasil”, ontem, noRio PaulaMartini eCamila Zarur DoRio A presidência brasileira do G20 tem como trunfos a habilidade de construir pontes entre países ricos e pobres, entre Norte e Sul Global. Aposta ainda em temas que o país temcredenciaiseexperiência, caso do combate à fome e às mudanças climáticas.Masacapacidadebrasi- leira de influenciar a formação de consensos entre as maiores econo- mias do mundo tem como obstá- culo um contexto de crescentes conflitos globais, que colocam os países em campos opostos e difi- cultam a construção de diálogos necessários para avançar em agen- dasdedesenvolvimento. O cenário, que combina opor- tunidades e desafios para o país na presidência rotativa do G20, foi evidenciado por autoridades e especialistas nesta quarta-feira (20), no seminário “Kick-off G20 no Brasil”, a primeira rodada de debates do projeto “G20 no Bra- sil”, parceria entre Valor, jornal “O Globo” e rádio CBN. O Brasil assumiu a presidência rotativadoG20,pelaprimeiravez, em 1o de dezembro do ano passa- do e vai liderar o grupo até 18 e 19 de novembro, quando se realiza, no Rio, a cúpula de chefes de Esta- do. Ao término do encontro, o país vai passar a presidência para a África do Sul. O G20 reúne 19 grandes economias do mundo, além de União Europeia e União Africana. O grupo responde por GABRIELDEPAIVA/AGÊNCIAOGLOBO cerca de 85% do PIB e por dois ter- çosdapopulaçãomundial. “A importância do G20 é in- discutível. É um foro central pa- ra manter a diplomacia e o diá- logo mesmo em momentos de crise como o que vivemos hoje", disse o embaixador Maurício Ly- rio, secretário de assuntos eco- nômicos e financeiros do Itama- raty e coordenador da trilha de negociadores do G20. Ele parti- cipou de mesa que discutiu a agenda brasileira e a capacidade do país de criar consensos. Na visão de Lyrio, o grupo de grandes economias se tornou o fo- ro de diálogo mais importante en- tre as principais potências globais. Esse grupo tem capacidade de reu- nir representantes do alto escalão de países que estão em lados opos- tos de conflitos internacionais, ca- so, por exemplo, de Rússia e Esta- dosUnidos, emrelaçãoàguerrada Ucrânia. O diplomata citou dados do Instituto Internacional de Estu- dos Estratégicos (IISS), segundo os quais foram registrados 123 con- flitos em 2023, o que representa um retorno ao contexto da Guerra Fria,nosanos1990. Lyriodestacouasprioridadesda presidência brasileira do G20: combate à fome e às desigualda- des, transiçãoenergéticaereforma da governança global. Segundo o embaixador, o país buscou olhar para temas convergentes entre a comunidade internacional e tam- bém para questões que o Brasil temcredenciais eexperiência. Também no debate, o professor de relações internacionais da Fun- daçãoGetulioVargas(FGV)emSão Paulo Oliver Stuenkel reconheceu a habilidade brasileira de criar “pontes” entre paísesdo bloco, mas alertou que o país precisa "to- mar cuidado" para que questões políticas não contaminem os de- bates técnicos. Ele lembrou, por exemplo, que a cúpula anterior de líderes do G20, em Nova Déli, na Índia, em 2023, teve dificuldades de avançar em um comunicado fi- nal. O principal desafio do Brasil, acrescentou, será conseguir uma comunicação conjunta “relevan- te”. Isso em um cenário em que as tensões geopolíticas globais ten- demacontinuarcrescendo. “Alcançar uma declaração final hoje é muito mais difícil do que há cinco anos. Estamos muito perto de termos o primeiro G20 sem umadeclaração final”,disseStuen- kel. Lyrio, que participou do deba- te via videoconferência, disse ter uma visão mais otimista: "Fazendo mover essa agenda de consensos globais é que temos capacidade de estabelecer maiores e melhores contatos entre líderes internacio- naisporque issoalivia tensões". Ex-embaixador na China e con- selheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Marcos Caramuru reconheceu a relevância do G20, mas advertiu: “O G20 é um grande foro de con- certação, talvez o mais importante no momento. Mas os espaços in- ternacionais são incrementais. Eles não têm mudanças radicais e operamnopassoapasso.Eessaex- pectativadopassoapassoéquete- mos que combinar com a expecta- tivadasgrandestransformações li- gadas ao mundo e às sociedades nosdiasdehoje”. Omundo,disseCaramuru, tran- sita de uma realidade unipolar pa- ra uma multipolaridade, que se re- laciona com a ascensão da Ásia e de outros países emergentes. “É natural que organismos multilate- rais tenham dificuldade de incor- porar novos valores e passar a uma nova sistemática de decisões e re- flexões”, disse. A China e os recur- sos das instituições internacionais, ponderou,nãosãosuficientespara alcançar as ambições da liderança brasileira. “É preciso trazer o setor privado”,defendeu. Outro ponto de inflexão da agendabrasileiraéo financiamen- to a projetos de infraestrutura e adaptação às mudanças climáti- cas, sobretudo no Sul Global. A di- retora de infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lu- ciana Costa, defendeu que é preci- so investir globalmente na descar- bonização da economia, mas sem queoscustospesemparapaísesdo SulGlobal edemenorPIB. CostaafirmouqueoBrasil tema oportunidade de avançar na des- carbonização e nas mudanças das matrizes energéticas. Entre as van- tagens brasileiras, ela apontou a estabilidadegeopolíticaeaboare- lação com os países do G20, o que facilitaria a atração de investimen- tos,alémdariquezaembiodiversi- dade e recursos naturais. “No ano passado, o mundo investiu U$ 1,8 trilhão [em transição energética]. Precisa investir três vezes isso.” A diretora disse ainda que o Brasil tem interesse em realizar uma transição energética rápida, mas enfrenta a resistência de paí- ses como Índia e China. Ela afir- mou que esses países avançam em direção oposta a do Brasil e têm metas de mais longo prazo do que as estabelecidas no Acor- dodeParis. “A transiçãoenergéti- ca tem um custo, mas o custo pa- ra o Brasil é menor”, disse Costa. Na agenda do combate à fome, tema prioritário do Brasil no G20, Lyriodefendeuqueopaís temaex- periência de tirar o país do Mapa da Fome da ONU, em 2014. Em 2022, o percentual de brasileiros que não têm certeza de quando vãofazerapróximarefeiçãovoltou asuperaramédiamundial. Já a reforma da governança glo- bal é uma das pautas caras ao pre- sidente Lula desde o seu primeiro mandato. Uma das bandeiras do petista é a inclusão de novos mem- bros no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Lyrio mencionou que em- bora a ONU tenha importância centralnamediaçãodeconflitos,o organismo não tem sido capaz de chegar a consensos. “É preciso ter instituições fortes para manter a paz no mundo e sabemos que essa missãonãotemsidodesempenha- da a contento, então é preciso re- forçaraONU”,disse. “G20 é foro central paramanter diálogo no atual momento de crise” Maurício Lyrio INÊS 249 Jornal Valor --- Página 7 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@20:33:08 Quinta-feira, 21 demarço de 2024 | Valor | A7INÊS 249 Jornal Valor --- Página 8 da edição "21/03/2024 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 20/03/2024@20:33:26 A8 | Valor | Quinta-feira, 21 demarço de 2024 Brasil. Atualize suas contas Variação dos indicadores no período Em% EmR$ Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Saláriomínimo ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 -0,01 23,67 1.212,00 set/22 0,1805 0,6814 0,6814 1,0020 1,07 0,5662 0,4670 0,4276 -0,06 23,67 1.212,00 out/22 0,1494 0,6501 0,6501 0,9506 1,02 0,6005 0,4702 0,3964 0,04 23,81 1.212,00 nov/22 0,1507 0,6515 0,6515 0,9519 1,02 0,5811 0,4614 0,3977 0,15 23,81 1.212,00 dez/22 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 1,12 0,6005 0,4670 0,4543 0,17 23,81 1.212,00 jan/23 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 1,12 0,6142 0,4812 0,4552 -0,06 23,93 1.302,00 fev/23 0,0830 0,5834 0,5834 0,8536 0,92 0,5546 0,4931 0,3298 0,00 23,93 1.302,00 mar/23 0,2392 0,7404 0,7404 1,0912 1,17 0,6142 0,4986 0,4864 -0,18 23,93 1.302,00 abr/23 0,0821 0,5825 0,5825 0,8527 0,92 0,5873 0,4907 0,3289 0,29 24,06 1.302,00 mai/23 0,2147 0,7158 0,7158 1,0465 1,12 0,6070 0,4812 0,4619 1,44 24,06 1.320,00 jun/23 0,1799 0,6808 0,6808 1,0014 1,07 0,5873 0,4622 0,4270 0,64 24,06 1.320,00 jul/23 0,1581 0,6589 0,6589 0,9694 1,07 0,5843 0,4464 0,4051 0,09 24,17 1.320,00 ago/23 0,2160 0,7171 0,7171 1,0578 1,14 0,5843 0,4321 0,4632 0,05 24,17 1.320,00 set/23 0,1130 0,6136 0,6136 0,9039 0,97 0,5654 0,4194 0,3599 -0,05 24,17 1.320,00 out/23 0,1056 0,6061 0,6061 0,8964 1,00 0,5478 0,4186 0,3525 -0,05 24,29 1.320,00 nov/23 0,0775 0,5779 0,5779 0,8481 0,92 0,5301 0,4337 0,3243 0,12 24,29 1.320,00 dez/23 0,0690 0,5693 0,5693 0,8395 0,89 0,5478 0,4519 0,3158 0,00 24,29 1.320,00 jan/24 0,0875 0,5879 0,5879 0,8582 0,97 0,5462 0,4551 0,3343 0,00 24,35 1.412,00 fev/24 0,0079 0,5079 0,5079 0,7380 0,80 0,5109 0,4456 0,2545 0,10 24,35 1.412,00 mar/24 0,0331 0,5333 0,5333 0,7733 0,88 0,5462 0,4400 0,2798 - 24,35 1.412,00 2024 0,13 1,64 1,64 2,39 2,68 1,61 1,35 0,87 0,10 0,25 6,97 Em 12meses* 1,35 7,60 7,60 11,33 12,41 6,96 5,51 4,39 2,31 1,76 8,45 2023 1,76 8,04 8,04 12,01 13,04 7,15 5,65 4,81 2,31 2,02 8,91 Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon eMinistério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o últimomês de referência (1) Taxa do período iniciado no 1º dia domês. (2) Rendimento no 1º dia nomês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia nomês seguinte para depósitos a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; paramarço projetada. (5) Crédito no dia 10 domês seguinte (TR + Juros de 3%ao ano) IR na fonte Faixas de contribuição Base de cálculo* Alíquota Parcela a deduzir emR$ em% IR - emR$ Até 2.259,20 0,0 0,00 De 2.259,21 até 2.826,65 7,5 169,44 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 381,44 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 662,77 Acima de 4.664,68 27,5 896,00 Fonte: Receita Federal. Elaboração: Valor Data *Valor considera o desconto simplificado deR$564,80 Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Contrib. previdenciária* Empregados e avulsos** Salário de contribuições emR$ Alíquotas em% (1) Até 1.412,00 7,50 De 1.412,01 até 2.666,68 9,00 De 2.666,69 até 4.000,03 12,00 De 4.000,04 até 7.786,02 14,00 Empregador doméstico 8,00 Fonte:PrevidênciaSocial.Elaboração:ValorData*Competên- ciamar/24.**Inclusiveempregadodoméstico. (1)Parafinsde recolhimento ao INSS Principais receitas tributárias Valores emR$ bilhões Discriminação Janeiro-dezembro Var. janeiro Var. 2023 2022 % 2024 2023 % Receita Federal Imposto de renda total 746,7 710,0 5,16 108,5 100,1 8,43 Imposto de renda pessoa física 58,6 57,8 1,38 2,7 2,3 17,68 Imposto de renda pessoa jurídica 300,5 315,1 -4,65 59,0 57,9 1,86 Imposto de renda retido na fonte 387,6 337,1 14,98 46,8 39,9 17,44 Imposto sobre produtos industrializados 61,7 64,9 -4,90 6,4 5,5 16,49 Imposto sobre operações financeiras 61,258,6 4,47 5,1 5,3 -5,13 Imposto de importação 54,3 59,2 -8,30 5,5 4,9 11,63 Cide-combustíveis 1,3 1,4 -8,88 0,2 0,0 - Contribuição para Finsocial (Cofins) 335,9 312,9 7,35 34,4 28,7 20,04 CSLL 156,9 164,9 -4,84 32,7 28,7 13,75 PIS/Pasep 92,9 87,1 6,68 9,6 8,2 17,71 Outras receitas 807,2 759,5 6,27 78,2 70,4 11,19 Total 2.318,0 2.218,5 4,48 280,6 251,7 11,48 jan/24 dez/23 jan/23 Valor Var.%* Valor** Var.%* Valor Var.%* ICMS - Brasil 57,7 -11,42 65,1 5,44 56,2 -1,34 dez/23 nov/23 dez/22 Valor Var.%* Valor Var.%* Valor Var.%* INSS 77,0 58,48 48,6 0,39 69,5 63,81 Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre omês anterior. Produção e investimento Variação no período Indicadores 4º Tri/23 3º Tri/23 2023 2022 2021 2020 PIB (R$ bilhões) * 2.831 2.741 10.856 10.080 9.012 7.610 PIB (US$ bilhões) ** 574 561 2.176 1.952 1.670 1.476 Taxa de Variação Real (%) 0,0 0,0 2,9 3,0 4,8 -3,3 Agropecuária -5,3 -5,6 15,1 -1,1 0,0 4,2 Indústria 1,3 0,6 1,6 1,5 5,0 -3,0 Serviços 0,3 0,3 2,4 4,3 4,8 -3,7 Formação Bruta de Capital Fixo (%) 0,9 -2,2 -3,0 1,1 12,9 -1,7 Investimento (% do PIB) 16,1 16,6 16,5 17,8 17,9 16,6 Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data * Valores correntes. ** Banco Central Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br Atividade econômica Indicadores agregados fev/24 jan/24 dez/23 nov/23 out/23 set/23 ago/23 jul/23 jun/23 mai/23 Índice de atividade econômica - IBC-Br (%) (1) - 0,60 0,82 0,10 0,05 0,03 -0,57 0,29 0,27 -1,83 Indústria (1) Produção física industrial (IBGE -%) Total - -1,6 1,6 0,6 0,0 0,2 0,5 -0,4 0,0 0,4 Indústria de transformação - -0,3 0,7 -0,1 0,2 -0,7 1,3 -0,4 -0,3 0,0 Indústrias extrativas - -6,3 3,2 3,4 -0,4 6,3 -4,8 -1,2 2,8 1,3 Bens de capital - 5,2 -0,8 -1,4 -0,5 -2,2 5,4 -7,3 -2,4 4,6 Bens intermediários - -2,4 1,9 1,6 0,7 0,7 -0,4 -0,2 -0,2 -0,1 Bens de consumo - -1,5 1,2 -0,2 -0,8 -1,9 2,4 1,4 0,3 -0,6 Faturamento real (CNI -%) - -0,1 1,2 0,6 -0,1 -0,8 1,1 -2,6 1,8 -0,1 Horas trabalhadas na produção (CNI -%) - 0,4 1,6 0,7 -0,3 -0,7 0,0 -0,4 0,0 0,6 Comércio Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE -%) (1)(2) - 0,9 0,2 0,9 -0,1 0,8 0,6 0,9 0,8 -1,9 Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE -%) (1)(2) - 2,5 -1,4 0,2 -0,3 0,8 -0,2 0,9 0,0 -0,8 Serviços Receita nominal de serviços - Brasil (IBGE -%) (1) - 2,7 -0,2 1,5 0,0 1,1 -0,4 0,4 0,3 0,1 Volume de serviços - Brasil (IBGE -%) (1) - 0,7 0,7 0,5 -0,2 -0,1 -1,4 1,0 0,4 1,6 Mercado de trabalho Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em%) - 7,6 7,4 7,5 7,6 7,7 7,8 7,9 8,0 8,3 Emprego industrial (CNI -%) (1) - 0,3 -0,1 0,4 0,1 -0,1 -0,2 0,0 0,2 -0,2 Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (1)(3) 0,3 0,9 2,3 0,0 -1,4 -0,5 -1,1 1,2 2,2 -0,4 Balança comercial (US$milhões) Exportações 23.538 27.016 28.786 27.886 29.682 28.713 31.101 28.300 29.600 32.666 Importações 18.091 20.490 19.463 19.097 20.501 19.532 21.468 20.121 19.524 21.688 Saldo 5.447 6.527 9.323 8.789 9.181 9.182 9.633 8.179 10.077 10.978 Fontes: Banco Central, CNI, FGV, IBGE e SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1)Metodologia com ajuste sazonal. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts Inflação Variação no período (em%) Acumulado em Número índice mar/24 fev/24 2024 2023 12meses mar/24 fev/24 dez/23 mar/23 IBGE IPCA - 0,83 1,25 4,62 4,50 - 6.858,17 6.773,27 6.609,67 INPC - 0,81 1,38 3,71 3,86 - 7.051,03 6.954,74 6.832,32 IPCA-15 - 0,78 1,09 4,72 4,49 - 6.718,53 6.645,93 6.474,42 IPCA-E - - - 4,72 4,72 - - 6.645,93 6.474,42 FGV IGP-DI - -0,41 -0,67 -3,30 -4,04 - 1.098,10 1.105,54 1.140,36 Núcleo do IPC-DI - 0,42 0,79 3,48 3,63 - - - - IPA-DI - -0,76 -1,35 -5,92 -6,98 - 1.276,92 1.294,35 1.362,96 IPA-Agro - -1,02 -2,48 -11,34 -13,28 - 1.740,99 1.785,32 1.986,71 IPA-Ind. - -0,66 -0,93 -3,77 -4,47 - 1.084,36 1.094,53 1.128,55 IPC-DI - 0,55 1,17 3,55 3,59 - 742,25 733,67 721,89 INCC-DI - 0,13 0,40 3,49 3,39 - 1.092,69 1.088,31 1.060,12 IGP-M - -0,52 -0,45 -3,18 -3,76 - 1.119,06 1.124,07 1.163,36 IPA-M - -0,90 -0,98 -5,60 -6,44 - 1.321,06 1.334,20 1.410,30 IPC-M - 0,53 1,12 3,40 3,53 - 724,46 716,46 704,38 INCC-M - 0,20 0,43 3,32 3,23 - 1.090,87 1.086,15 1.058,65 IGP-10 -0,17 -0,65 -0,40 -3,56 -4,05 1.138,81 1.140,76 1.143,35 1.186,93 IPA-10 -0,40 -1,08 -1,06 -6,02 -6,77 1.352,24 1.357,71 1.366,78 1.450,40 IPC-10 0,48 0,62 1,56 3,43 3,50 732,11 728,64 720,87 707,37 INCC-10 0,27 0,10 0,76 3,04 3,21 1.078,34 1.075,47 1.070,21 1.044,81 FIPE IPC - 0,46 0,92 3,15 3,00 - 681,45 675,27 664,14 Obs.: IPCA-E no4º trimestre =0,94%, IGP-M2ª préviamar/24 -0,31%e IPC-FIPE 2ª quadrissemanamar/240,42% Fontes: FGV, IBGE e FIPE. Elaboração: Valor Data Imposto de Renda Pessoa Física Pagamento das quotas - 2023 No prazo legal Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF) 1ª ou única 31/05/2023 - Campo 7 2ª 30/06/2023 1,00% 3ª 31/07/2023 2,07% + 4ª 31/08/2023 Valor da declaração 3,14% Campo 8 5ª 29/09/2023 4,28% 6ª 31/10/2023 5,25% + 7ª 30/11/2023 6,25% Campo 9 8ª 28/12/2023 7,17% Pagamento com atraso Multa(campo08)-sobreovalordocampo7aplicar0,33%pordiadeatraso,apartirdoprimeirodiaapósovencimentoaté o limitede20%;Juros (campo09) - aplicar os juros equivalentesà taxaSelic acumuladamensalmente, calculadosapartir de junho/23 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% nomês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data Dívida e necessidades de financiamento Valores emR$ bilhões - no setor público Dívida líquida do setor público jan/24 dez/23 jan/23 Valor %do PIB Valor %do PIB Valor %do PIB Dívida líquida total 6.565,1 59,99 6.612,8 60,84 5.613,9 55,21 (-) Ajuste patrimonial + privatização -37,0 -0,34 -36,4 -0,34 5,0 0,05 (-) Ajuste metodológico s/ dívida* -749,0 -6,84 -724,1 -6,66 -750,3 -7,38 Dívida fiscal líquida 7.351,1 67,17 7.373,4 67,83 6.359,2 62,54 Divisão entre dívida interna e externa Dívida interna líquida 7.219,4 65,97 7.271,3 66,89 6.298,7 61,95 Dívida externa líquida -654,3 -5,98 -658,5 -6,06 -684,9 -6,74 Divisão entre as esferas do governo Governo Federal e Banco Central 5.619,3 51,35 5.657,3 52,04 4.711,3 46,34 Governos Estaduais 842,3 7,70 852,4 7,84 805,4 7,92 GovernosMunicipais 54,0 0,49 55,6 0,51 40,0 0,39 Empresas Estatais 49,6 0,45 47,4 0,44 57,1 0,56 Necessidades de financiamento do setor público jan/24 dez/23 jan/23 Fluxos acumulados em 12meses Valor %do PIB Valor %do PIB Valor %do PIB Total nominal 991,9 9,06 967,4 8,90 497,8 4,90 Governo Federal** 818,0 7,48 813,6 7,48 438,8 4,32 Banco Central 86,3 0,79 65,5 0,60 39,4 0,39 Governo regional 80,4 0,73 80,7 0,74 14,3 0,14 Total primário 246,0 2,25 249,1 2,29 -123,2 -1,21 Governo Federal -44,4 -0,41 -42,1 -0,39 -319,4 -3,14 Banco Central 0,6 0,01 0,5 0,00 0,4 0,00 Governo regional -18,4 -0,17 -17,7 -0,16 -66,7 -0,66 Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: SemPetrobras e Eletrobras. Resultado fiscal do governo central Valores emR$ bilhões a preços de janeiro* Discriminação Janeiro-dezembro Var. janeiro Var. 2023 2022 % 2024 2023 % Receita total 2.401,4 2.471,3 -2,83 279,1 269,0 3,72 Receita Adm. Pela RFB** 1.470,7 1.486,2 -1,05 198,7 185,8 6,94 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 604,6 571,6 5,77 51,7 48,3 7,12 Receitas Não Adm. Pela RFB 326,2 413,5 -21,12 28,6 34,9 -18,09 Transferências a Estados eMunicípios 461,6 488,3 -5,47 41,4 38,3 8,03 Receita líquida total 1.939,8 1.983,1 -2,18 237,7 230,7 3,01 Despesa Total 2.171,7 1.931,2 12,45 158,3 148,3 6,79 Benefícios Precidenciários 917,2 850,5 7,85 68,4 65,5 4,41 Pessoal e Encargos Sociais 371,0 360,8 2,83 30,9 29,8 3,79 Outras Despesas Obrigatórias 363,9 324,3 12,20 26,9 22,6 19,12 Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 519,6 395,7 31,31 32,0 30,3 5,67 Resul. Primário do Gov. Central (1) -231,8 51,8 - 79,3 82,5 -3,79 Discriminação jan/24 dez/23 jan/23 Valor Var.% Valor Var.% Valor Var.% Ajustes
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