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O Globo 210324

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Alerta máximo de
temporais no Rio
DOMINGOS PEIXOTO
Cemaden emitiu o aviso de “grande perigo” de 
fortes chuvas principalmente no Grande Rio, 
na Região Serrana e no litoral sul nos próximos dias.
Defesas Civis foram mobilizadas. PÁGINA 22
Transição. O céu carioca visto do Centro ainda teve sol no primeiro dia do outono. Nova estação terá calor intenso e temperaturas altas, e já começa com risco de transtornos
GABRIEL DE PAIVA
Caminhos para o consenso
Evento na sede da Editora Globo debateu desafios do Brasil no ano de presidência do
G20 e trunfos do país como políticas sociais e papel na transição energética. PÁGINA 17
— Vira isso pra lá, Lula!
Entreouvindo o Bolso
OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, QUINTA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2024 ANO XCIX - Nº 33.099 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 6,00
AAutoridade da Concorrência da França aplicou
multa de R$ 1,3 bilhão ao Google por descumprir
acordo que o obriga a remunerar veículos de mí-
dia pelo uso de seu conteúdo e proíbe utilizar as
notícias para treinar algoritmos de IA. PÁGINA 12
França multa Google por uso
do conteúdo de jornais sem
pagar e para treinar robôs
Após acordo entre o governo e deputa-
dos, a Câmara aprovou o projeto de lei do
Novo Ensino Médio, que institui altera-
ções na carga horária mínima exigida e
nas regras para cursos técnicos. PÁGINA 10
Projeto que promove
mudanças no ensino
médio passa na Câmara
Ministério Público estadual acusa policiais de
fazer a segurança do bicheiro, que pagava
mais de R$ 200 mil mensais pelo serviço. Um
PM ainda está foragido. PÁGINA 23
Operação prende 19
policiais do ‘batalhão’ 
de Rogério de Andrade
Condenado em 1ª instância por estupro,
jogador pagará fiança e aguardará recur-
sos em liberdade, sem sair do país. PÁGINA 27
Justiça da Espanha concede
liberdade provisória a Dani Alves
Deputado Pedro Paulo, do PSD, é o preferi-
do do prefeito para o posto na reeleição. Es-
colha desagrada a possíveis aliados. PÁGINA 8
Paes sinaliza descartar PT na vice 
e quer formar chapa ‘puro-sangue’ 
O contraste das sentenças de
Robinho e Daniel Alves PÁGINA 2
MERVAL PEREIRA
Solução do caso Marielle não será
derrota do crime organizado PÁGINA 3
MALU GASPAR
Inflação e atividade econômica não
justificam só mais um corte PÁGINA 12
MÍRIAM LEITÃO
O Comitê de Política Econômica (Copom) do
Banco Central cortou em mais meio ponto a Ta-
xa Selic, o que já era esperado, mas deixou aber-
ta a possibilidade de que o ritmo da queda dos ju-
ros se desacelere em médio prazo. Se, nos en-
contros anteriores, o Copom sinalizava manter
a redução em meio ponto “nas próximas reuni-
ões”, a frase veio no singular no comunicado de
ontem. Ou seja, a Selic, agora em 10,75%, deve
cair a 10,25% em maio, mas depois há incerteza.
OBC justifica que o cenário externo exige “cau-
tela” e adverte que o processo desinflacionário
no Brasil tende a ser mais lento. Economistas
avaliaram que a decisão permite ao Copom ga-
nhar flexibilidade para se precaver, no futuro, de
eventuais subidas inflacionárias. PÁGINA 11
BC baixa juros a
10,75%, mas abre
espaço para reduzir
ritmo da queda 
‘CAUTELA’
Copom só confirma novo corte de meio 
ponto da Taxa Selic em mais uma reunião
Por 9 votos a 2, o STJ decidiu que o ex-jogador
Robinho deve cumprir no Brasil a pena de nove
anos sentenciada pela Justiça da Itália, que o
condenou por estupro em 2022. A Corte deter-
minou que uma vara de Santos deve expedir o
mandado de prisão. A defesa recorrerá da deci-
são e tentará ainda um habeas corpus. PÁGINA 28
STJ determina
que Robinho
cumpra no Brasil
pena por estupro
Corte ordena execução imediata,
em regime fechado, da sentença
italiana. Defesa vai recorrer
ACâmara aprovou o projeto que limita a chamada
“saidinha” da prisão. Hoje, presos com bom com-
portamento e que não cometeram crimes graves
podem sair para visitar a família e fazer atividades
de ressocialização nos feriados e frequentar cur-
sos. Pela nova lei, só a última será permitida. O tex-
to agora vai para sanção ou veto de Lula . PÁGINA 9
Congresso aprova 
lei que restringe
‘saidinhas’ da prisão
Depois de alijar da corrida eleitoral María Co-
rina, principal líder da oposição a Maduro,
Justiça determinou a detenção de alguns de
seus auxiliares próximos, alegando que orga-
nizavam um motim. Após decisão, Corina
disse que foi o “dia da infâmia” no país. PÁGINA 16
Assessores de líder
da oposição são
presos na Venezuela
APresidência da República localizou as 261
peças do mobiliário do Palácio da Alvorada 
que haviam sido dadas como desaparecidas.
Opresidente Lula chegou a acusar Bolsonaro
de ter “levado tudo”, e o sumiço foi a justificativa
para uma compra de móveis no valor de R$ 196
mil. O ex-presidente afirmou que seu sucessor
fez “falsa comunicação de furto”. PÁGINA 6
Móveis ‘desaparecidos’ do
Alvorada são encontrados
ESTAVA TUDO LÁ 
Executivo da Vivo diz buscar quem toma de-
cisões corajosas e dá um “valor enorme” aos
curiosos. Para ele, bem-estar deve ser pilar da
gestão, e carga de trabalho nem sempre é ra-
zão direta para ambiente nocivo.PÁGINA 15
‘Queremos quem fez
escolhas inusitadas’
PALAVRA DE CEO/CHRISTIAN GEBARA
Mexer nas coisas de minha mãe me causou
menos tristeza do que antevi. Meses depois
de sua morte, percebo que o casaco fininho
ou a camiseta escrito “saúde”não são ela.
Com a sua letra em papéis aleatórios foi
diferente. Cada receita ou telefone anotado e
as memórias de quando eu era bebê são a sua
pegada, a prova irrefutável de que houve
vida. Ela escreveu em mim. PÁGINA 19
O que a letra 
da minha mãe
escreveu em mim
LEDA BALBINO
VIVI PARA CONTAR
Redes antissociais: Livro de Cathy O’Neil condena
‘tribunal da internet’ — e busca alternativas SEGUNDO CADERNO
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_A User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 22:49 Color:
2 | Quinta-feira 21 .3 .2024 | OGLOBO
Opinião do GLOBO
Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho
O GLOBO
é publicado pela Editora Globo S/A.
DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL: Alan Gripp
EDITORES EXECUTIVOS: Letícia Sander (Coordenadora),
Alessandro Alvim, André Miranda, Flávia Barbosa, Luiza Baptista 
e Paulo Celso Pereira
EDITOR DO IMPRESSO: Miguel Caballero
EDITOR DE OPINIÃO: Helio Gurovitz 
Rua Marquês de Pombal, 25 - Cidade Nova - Rio de Janeiro, RJ 
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Conjunta ao FSC
Aministra da Saúde, NísiaTrindade, se emocionoudepois de admoestada empúblico pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva na
reunião ministerial de segunda-feira.
Está sob a alçada dela a pasta com um
dos maiores orçamentos da Esplanada,
às voltas com problemas que vão da
avassaladora epidemia de dengue à si-
tuação lastimável dos hospitais fede-
rais do Rio. Não bastasse a bronca, Ní-
sia foi chamada para uma conversa pri-
vada no dia seguinte. A convocação,
num clima de pressão de políticos de
vários partidos — inclusive do PT —,
levantou suspeitas de que ela poderia
cair. Por enquanto, Nísia obteve de Lu-
la o aval para permanecer no cargo,
mas a situação está longe de pacificada.
Ela assumiu o ministério depois de
quatro anos caóticos. Na pandemia, a
gestão Jair Bolsonaro ignorou o conhe-
cimento científico, e a pasta virou refú-
gio para esquemas sombrios. Na época
presidente da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Nísia se destacou pelo perfil
técnico e pela competência como ges-
tora ao garantir vacinas que salvaram
milhares de vidas. Uma vez no coman-
do do ministério, seus desafios se tor-
naram maiores e mais complexos.
Embora seja a face mais visível e agu-
da, a explosão de casos de dengue não é
o único. A crise na Saúde se agrava di-
ante das disputas por cargos e verbas
numa área cobiçada devido aos orça-
mentos generosos. Derivam daí pro-
blemas crônicos de gestão, má aloca-
ção de verbas ou mesmo corrupção.
Um exemplo é a situação alarmante
dos hospitais federais do Rio, tema de
reportagem no Fantástico. Além de lei-
tos desativados e equipamentos que-
brados, instalações elétricas precárias
aumentam o risco de incêndios e ame-
açam a segurança. O desperdício é fla-
grante. Por falta de material, doentes
aguardam anos para se submeter a ci-
rurgias ortopédicas, enquanto caixas
com próteses vencidas, que custaram
mais de R$ 20 milhões, estão empilha-
das num depósito. É evidente a inépcia
na gestão de um orçamento que passa
de R$ 860 milhões. 
Logo depois da posse de Nísia, o mi-
nistério fez um relatório apontando o
estado de calamidade dos seis hospitais
federais do Rio. Andares inteiros fecha-
dos, mais de 200 leitos desativados,
equipamentos deteriorados, obras pa-
ralisadas, serviços como emergência
pediátrica, unidade coronariana ou
CTI suspensos. Uma medida adotada
para resolver o descalabro foi a centra-
lização das compras no Departamento
de Gestão Hospitalar (DGH), de modo
aevitar desperdício e desabastecimen-
to. O ministério também criou um co-
mitê para discutir a reformulação dos
hospitais federais e preparou edital pa-
ra contratar 500 profissionais. 
Na segunda-feira, Nísia exonerou o
diretor do DGH, Alexandre Telles, e o
secretário de Atenção Especializada à
Saúde, Helvécio Magalhães Júnior. Pa-
ra o lugar de Telles foi indicada, provi-
soriamente, Cida Diogo, ex-deputada
petista. Mau sinal, já que Telles, exone-
rado, foi o autor do relatório apontando
os descalabros. A cessão de um cargo
estratégico pode ter sido o preço a pa-
gar pela permanência no ministério.
Independentemente das circunstân-
cias políticas, a Saúde precisa se guiar
por decisões técnicas, tanto na ciência
quanto na gestão. Só assim é possível
reverter a calamidade que aflige os bra-
sileiros. Foi pelo perfil técnico, cujo êxi-
to foi comprovado na pandemia, que
Lula escolheu o nome de Nísia — e é
por isso que deve mantê-la. Do contrá-
rio, quem pagará a conta é o cidadão.
Crise na saúde
exige do governo
respostas técnicas 
Permanência de Nísia no comando
do ministério deve significar respeito
à boa ciência e à boa gestão
Àprimeira vista, o indicia-mento do ex-presidenteJair Bolsonaro e de mais 16pessoas pela Polícia Fede-ral (PF), sob a acusação de
falsificar comprovantes de vacinação,
pode parecer fato menor diante dos de-
mais inquéritos que pesam contra ele.
Afinal, Bolsonaro é investigado pela
suspeita de ter planejado um golpe de
Estado em 2022. A impressão logo se
dissipa quando confrontada com os fa-
tos. Se qualquer cidadão fosse acusado
de associação criminosa e inserção de
dados falsos em sistema público, já se-
ria reprovável. Que dizer de um presi-
dente? Em especial, de um presidente
cuja gestão negacionista e inepta du-
rante a pandemia deixou um rastro de
mais de 700 mil vítimas de Covid-19?
As circunstâncias também são rele-
vantes. Na época, vários países exigiam
ocomprovante para permitir a entrada
de visitantes. Para a PF, há conexão en-
tre os dados de vacinação e o planeja-
mento de quebra da ordem constituci-
onal. A fraude, diz o inquérito, “pode
ter sido utilizada pelo grupo para per-
mitir que seus integrantes, após tenta-
tiva inicial de golpe de Estado, pudes-
sem ter à disposição os documentos
necessários para cumprir eventuais re-
quisitos legais para a entrada e perma-
nência no exterior”. A conclusão dos
investigadores aponta Bolsonaro co-
mo mandante. A defesa nega. O minis-
tro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal, deu prazo de 15 dias
para a Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca avaliar se apresenta denúncia.
As informações mais compromete-
doras do inquérito derivam da delação
premiada do tenente-coronel Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens da Presi-
dência. Ele afirmou que Bolsonaro de-
terminou que comprovantes de vaci-
nação dele e de sua filha menor de ida-
de fossem forjados. Os dados falsos fo-
ram inseridos no sistema do Ministé-
rio da Saúde em 21 de dezembro de
2022, com o login de um secretário da
prefeitura de Duque de Caxias (RJ).
No dia seguinte, os comprovantes fo-
ram impressos no Palácio da Alvorada
e, segundo Cid, entregues em mãos a
Bolsonaro. A partir do depoimento de
Cid, a PF buscou evidências que con-
firmassem sua versão dos fatos. En-
controu mensagens, registros do ban-
co de dados de vacinação do SUS e da
impressão.
Desde que saiu da Presidência, Bol-
sonaro foi condenado pelo Tribunal
Superior Eleitoral por ataques ao siste-
ma eleitoral e ficou inelegível até 2030.
Depois do indiciamento pela falsifica-
ção dos comprovantes, a PF projeta
apresentar as conclusões de dois ou-
tros inquéritos até julho, as suspeitas de
participação em planejamento para
dar um golpe de Estado e de envolvi-
mento no contrabando de joias saudi-
tas. As investigações devem prosseguir.
Bolsonaro sempre atacou as vacinas
contra a Covid-19, apesar das evidentes
vantagens da imunização. Se tivesse se
vacinado, protegeria a própria vida e a
dos próximos. Como presidente, daria
um exemplo que teria ajudado a salvar
milhares de vidas. Desgraçadamente,
esse não foi o caminho que escolheu.
Que agora seja acusado formalmente
de ter usado o cargo para falsificar os
comprovantes é escandaloso.
Indiciamento é mais um entre vários
problemas de Bolsonaro na Justiça
É escandaloso o ex-presidente ser
acusado de falsificar comprovantes
de uma vacina que sempre condenou
Artigos
oglobo.globo.com/opiniao/
cartas@oglobo.com.br
OSuperior Tribunal de Justiça (STJ), ao definirpor maioria que o ex-jogador de futebol Robi-
nho terá de cumprir no Brasil a pena de nove anos a
que foi condenado na Itália por ter participado de
um estupro coletivo, marcou um contraste positivo
para a Justiça brasileira diante de outra decisão, da
Justiça espanhola, que deu direito a outro ex-joga-
dor brasileiro, Daniel Alves,de recorrer em liberda-
de da condenação, também por estupro, porque
aceitou pagar uma fiança de € 1 milhão.
A Justiça espanhola passou a percepção de que
os ricos que podem pagar uma fiança tão alta têm
vantagens sobre os cidadãos comuns, ainda mais
depois que outros € 150 mil já pagos ajudaram a
reduzir sua pena. Robinho tentou usar a carta do
racismo a seu favor, mas, ao contrário, quem teria
sido beneficiado por um privilégio odioso seria
ele próprio se a Justiça brasileira, na tentação de
proteger um ídolo caído, tivesse aceitado a tese
de que a vítima era ele.
Tanto Robinho quanto Daniel Alves são ídolos
do futebol brasileiro que se perderam na vida pes-
soal em meio à sensação de impunidade que a fa-
ma e o dinheiro lhes deram. Ambos mentiram em
seus julgamentos. Alves deu cinco versões dife-
rentes, e Robinho foi apanhado por um grampo
telefônico da polícia italiana debochando da víti-
ma, afirmando que ela estava tão bêbada que nem
sabia quem ele era.
A definição da postura da maioria do STJ está na
frase do ministro Mauro Campbell, que, aliás, já se
tornou comum na boca de autoridades brasileiras:
— O Brasil não pode ser refúgio de criminosos.
A maioria formada para validar a
sentença da Itália que condenou Robi-
nho a nove anos de prisão pelo crime
de estupro coletivo teve por base o voto
do relator Francisco Falcão, que deci-
diu pelo cumprimento imediato da pe-
na em regime fechado. 
Provavelmente haverá recurso até o
Supremo Tribunal Federal (STF), pois
os ministros Raul Araújo e Benedito
Gonçalves votaram contra o cumprimento da pena
no Brasil. Araújo também rejeitou a tese, vencedora,
de que o STJ declarasse o trânsito em julgado e defi-
nisse o imediato cumprimento da pena. Para ele, só a
Justiça Federal de primeira instância poderia definir
as condições do cumprimento da pena. 
Provavelmente a reação negativa da opinião pú-
blica brasileira diante da decisão na Espanha de
permitir a liberdade de Alves influenciou a decisão
dos ministros do STJ. Antes, havia forte tendência
para que fosse pedida vista do processo, adiando o
julgamento. Houve também a tentativa de poster-
gar uma decisão imediata por parte de alguns juí-
zes, alegando que poderia haver recursos à decisão. 
Diante dessa possibilidade, alguns ministros
mudaram seus votos aderindo integralmente
ao do relator, que considerou que o trânsito em
julgado já estava dado pela decisão da maioria.
Os avanços da legislação brasileira em relação à
proteção das mulheres, embora relevantes,
não impediram até agora que mantenhamos o
triste recorde de feminicídios. Mas a legítima
defesa da honra, que até 2021 era aceita como
justificativa para o assassinato de mulheres,
tornou-se crime hediondo.
A coincidência entre os julgamentos dos dois
ídolos do futebol brasileiro, Alves e Robinho, e o
envolvimento de outro ídolo, Neymar, no paga-
mento da fiança de seu amigo Alves são um triste
sinal dos tempos, mas também uma demonstra-
ção de que mudou a percepção da sociedade dian-
te de crimes que, anteriormente, aconteciam
sem que fossem punidos.
Contraponto
importante
blogs.oglobo.globo.com/merval-pereira 
editoria.artigos@oglobo.com.br
MERVAL
PEREIRA
Justiça espanhola
passou a
percepção de que
os ricos que podem
pagar uma fiança
tão alta têm
vantagens sobre os
cidadãos comuns
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_B User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 21:44 Color:
INÊS 249
Diversas cidades no mundo, entre elasprestigiadas capitais do turismo, to-
maram medidas nos últimos anos para
regulamentar as atividades das platafor-
mas de locação de curto prazo. Nova
York, Barcelona, Paris, Lisboa, Berlim,
Amsterdã, Londres, Sidney... a lista é
longa, e as medidas de cada prefeitura
diferem. Mas todas têm um único obje-
tivo: combater os desequilíbrios provo-
cados por essas plataformas nos merca-
dos imobiliário e turístico.
A atuação das plataformas de locação
provocou, em muitas cidades, a dispara-
da no valor dos imóveis, expulsando mo-
radores, que passaram a não conseguir
mais arcar com os custos. Isso impactou
negativamente a dinâmica social e cul-
tural das cidades, o que levou à descarac-
terização dos bairros, contribuindo para
a gentrificação e a perda da identidade
local, causando impactos ambientais,
como maior poluição. 
As plataformas geraram também pro-
blemas de segurança, na medida em que
não fazem verificação adequada da
identidade dos locadores — quem mora
num prédio residencial com unidades
locadas por esse sistema certamente já
ficou incomodado com o contínuo en-
tra e sai de pessoas estranhas ao condo-
mínio. Nem os próprios turistas estão a
salvo de problemas, pois não contam
com garantias ao se hospedar num am-
biente não regulamentado e sem fiscali-
zação que cuide de sua segurança. 
Osetor hoteleiro, essencial para a eco-
nomia de qualquer cidade, por sua capa-
cidade de contribuição econômica, so-
fre com a concorrência desleal das plata-
formas. Numa cida-
de que respira turis-
mo, como a capital
carioca, são 700 mei-
os de hospedagens e
45 mil quartos, que
geram mais de 100
mil postos de traba-
lho, entre diretos e
indiretos.
Nossa demanda é por igualdade de
tratamento, inclusive tributário. Aqui
no Rio de Janeiro, no caso das platafor-
mas digitais, a comercialização de
apartamentos não contribui com ISS,
não paga cotas comerciais de IPTU e
não gera empregos formais, encargos
que incidem fortemente nos hotéis.
Nós, da hotelaria, pagamos esses im-
postos, revertidos em benefícios para
os cidadãos. Além disso, seguimos
uma série de normas regulatórias, co-
mo a ficha nacional de cadastro de
hóspedes, que compartilhamos com o
Ministério do Turismo, garantindo
maior segurança, evitando situações
como prostituição, tráfico e até abuso
sexual contra menores, facilitados nas
acomodações alternativas.
Temos uma posição clara: não somos
contra qualquer forma de locação por
temporada, venda de diárias em em-
preendimentos residenciais ou via pla-
taforma de hospedagem. Apenas exigi-
mos igualdade de condições, que garan-
ta concorrência justa.
Recentemente, o STF decidiu que os
condomínios terão de fazer uma con-
venção para poder liberar o uso de uni-
dades nas plataformas de locação. É um
primeiro passo, mas é preciso mais. 
Já passou da hora de uma cidade como
oRio debater esse tema. Esperamos que
possamos seguir o exemplo das melho-
res práticas adotadas nos principais des-
tinos turísticos do mundo e que nossas
autoridades tomem providências, antes
que mais danos sejam causados à econo-
mia e à sociedade em geral. 
Alfredo Lopes é presidente do
Sindicato de Hotéis e Meios de 
Hospedagem do Município do Rio de Janeiro
(HotéisRIO)
ALFREDO 
LOPES
Concorrência
justa no turismo
ARTIGO
Plataformas 
de locação não
contribuem com
ISS, não pagam
cotas comerciais
de IPTU e não
geram empregos
formais no Rio
Nesta semana, o ministro da Justiça, Ricar-do Lewandowski, convocou a imprensa
para anunciar que a delação premiada do ex-
PM Ronnie Lessa, assassino de Marielle
Franco e Anderson Gomes, foi homologada
pelo ministro do Supremo Alexandre de Mo-
raes. Com uma expressão vitoriosa, Lewan-
dowski afirmou que a delação “traz elemen-
tos importantíssimos que nos levam a crer
que em breve teremos a solução do assassina-
to”. E mais não disse, nos parcos minutos em
que ocupou o microfone. 
A notícia gerou uma onda de otimismo
com a perspectiva de, finalmente, saber-
mos quem mandou matar Marielle e por
quê. É um alento para os familiares, para
os amigos e também para a sociedade
brasileira, especialmente considerando
o que ocorreu no país depois do crime
mais emblemático de nossa História po-
lítica recente.
Embora não se saiba ainda o que motivou
os 13 tiros de submetralhadora disparados
contra o carro onde estavam a vereadora e
seu motorista, não há dúvida de que o assas-
sinato é produto da contaminação do siste-
ma político e judicial pelo crime organiza-
do. Desde que Marielle morreu, em 2018,
as milícias ampliaram seu poder se juntan-
do a facçõesdo tráfico e mergulhando numa
disputa territorial por mais territórios con-
tra os grupos inimigos. A guerra produziu
vítimas na favela e no asfalto. 
Em outubro do ano passado, quatro médi-
cos paulistas foram atacados à bala na orla da
Barra da Tijuca, em frente ao hotel de alto pa-
drão onde estavam hospedados para um con-
gresso. Um deles morreu apenas porque se
parecia muito com um bandido procurado
pelos traficantes. Semanas depois, o Rio pa-
rou por causa do ataque à frota de ônibus da
cidade em represália contra a morte de um
miliciano nas mãos da Polícia Civil. 
As conhecidas conexões de Ronnie Lessa
com esse submundo levaram muita gente a
especular que em sua delação pode estar a
chave que poderá começar a desmantelar
essa engrenagem criminosa.
— A investigação do caso Marielle e An-
derson trouxe um ponto de inflexão na es-
trutura do crime organizado no Rio de Ja-
neiro — disse a promotora Simone Sibilio,
figura fundamental para o avanço desse tra-
balho, em entrevista ao Estúdio i, da Globo-
News. — Até o caso Marielle, Lessa não ti-
nha nenhuma condenação. Em razão do ca-
so Marielle, ele já foi condenado por organi-
zação criminosa, obstrução de Justiça e
tráfico internacional. 
A autoridade de Sibilio nesse tema é in-
questionável, e não se pode perder de vista o
avanço que testemunhamos. Ainda assim,
nada nos autoriza a dizer que a solução do
caso Marielle imporá uma derrota perma-
nente ao crime organizado e a seus tentácu-
los. A experiência demonstra que as gran-
des máfias revidam sempre que acuadas,
com mais agressividade ainda se o oponen-
te é fraco ou está capturado. 
É o caso do Rio de Janeiro, onde o sistema
político acaba de se unir para proteger uma
deputada estadual acusada pela PF de colo-
car seu cargo e a estrutura da Assembleia
Legislativa a serviço de uma das maiores
milícias do Rio. A PF demonstrou que Luci-
nha (PSD), chamada de Madrinha pelo
chefe da quadrilha, seguia suas ordens, tra-
balhou para tirar dos cargos os policiais que
poderiam atrapalhar os negócios da organi-
zação e interferiu politicamente para soltar
milicianos presos em flagrante.
Em virtude dessa investigação, a deputa-
da foi afastada em dezembro pelo Tribunal
de Justiça do Rio, mas no final de fevereiro
retomou o mandato com o aval da própria
Alerj e o voto favorável de 52 de seus 70 co-
legas deputados.
Ontem, enquanto a delação de Ronnie
Lessa ainda repercutia, uma operação co-
mandada pelo Ministério Público Estadual
prendeu 17 policiais militares que faziam a
segurança do bicheiro Rogério de Andrade,
o mais poderoso do estado, hoje em prisão
domiciliar.
Trata-se de uma realidade complexa, di-
ante da qual a última coisa que se deve fazer
é proselitismo político. Daí a reação da viú-
va de Marielle, Monica Benicio, ao ver
Lewandowski convocar as câmeras de TV
apenas para dar a notícia de um acordo de
delação que ele não negociou, não homolo-
gou e, segundo ele mesmo, nem sabe que in-
formações traz. 
— Esse pronunciamento do ministro em
nada colabora com a esperança, apenas au-
menta as especulações e uma disputa de
protagonismo político que não honram as
duas pessoas assassinadas — escreveu Beni-
cio, hoje também vereadora pelo PSOL.
Como ela própria definiu, quando um gru-
po se sente autorizado a usar a violência e a
morte como forma de fazer política, é a pró-
pria democracia que está em xeque. Ocupar
as câmeras de TV para fazer oba-oba em nada
ajuda a mudar esse quadro e ainda escancara
o tamanho da nossa fragilidade.
Marielle 
e Lucinha
blogs.oglobo.globo.com/opiniao 
malu.gaspar@oglobo.com.br
MALU
GASPAR
George A. Akerlof e Robert J. Shiller, ganha-dores do Nobel de Economia, estão entre
os acadêmicos que estudam os efeitos da ma-
nipulação (prefiro narrativa) no desempe-
nho econômico. É deles o livro “Phishing for
phools”, ou “Pescando tolos”, da tradução lite-
ral em português. É um conceito aplicado
quando as narrativas, sustentadas em boas
histórias, determinam as vantagens, às vezes
espúrias, de uns contra outros.
O melhor exemplo vem da fila nos caixas
de supermercados. O cliente, ao agir racio-
nalmente, escolhe sempre a que anda mais
rápido. Assim, em equilíbrio e sem filas es-
pecíficas para determinados grupos, todas
têm o mesmo comprimento. Por isso, com
certa frequência, percebemos os idosos nas
filas maiores. Eles foram manipulados com
a (falsa) ideia de “preferenciais”.
Dias 12 e 13 de março, no Rio, foi discutida
a Agenda Setorial, uma tentativa de vislum-
brar o setor elétrico em 2024. Um ótimo
workshop. Mas o consumidor não estava
em quaisquer das mesas do evento, embora
todos falassem muito bem dele.
Oregulador achou estranho que a qualidade
do serviço de eletricidade tivesse melhorado
em 2023, mas que não fosse essa a percepção
do consumidor. Claro! As dez horas e 24 minu-
tos de interrupção ao ano, divulgadas no Jornal
das Dez da GloboNews do dia 15, significam
quase uma hora sem energia todos os meses.
Além disso, o número não contempla as inter-
rupções como aquela de agosto, que afetou por
várias horas 27 unidades da Federação. Tam-
bém não inclui as ocorrências com menos de
três minutos, que insistem em aumentar. 
Na página do g1 é encontrado o ranking de
distribuidoras. Lá, você verifica que, de 29
empresas, entre as piores estão as concessio-
nárias mais importantes, responsáveis pelos
grandes centros, como Salvador, Rio, Forta-
leza, Recife, São Luís, São Paulo, Florianópo-
lis, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Porto
Alegre e Goiânia — esta
a pior de todas.
Do ponto de vista da
maioria dos consumi-
dores, a qualidade do
serviço piorou, e não foi
pouco. A síntese está
em pelo menos 60 ho-
ras sem luz no centro de
São Paulo, dias 18, 19 e
20, e nas tampas de bueiros eletrificadas,
conforme reportagem do GLOBO do dia 19.
Que nota você daria para sua distribuidora?
A evolução da conta de luz foi outro tema
abordado na Agenda Setorial. Ficou evidente
que, até 2027, será decrescente o custo da ele-
tricidade no mercado livre, mas crescerá para
os consumidores cativos. Os motivos são co-
nhecidos. Os pequenos consumidores (cati-
vos) carregam os custos da segurança, confia-
bilidade e da maior parte dos subsídios.
Na Agenda também foi discutida uma
“folga tarifária”, que pareceu uma boa novi-
dade. Contudo, depois de bem explicada,
tal folga nada mais é que um eufemismo pa-
ra novos aumentos da tarifa, agora para me-
lhorar a qualidade do serviço. A folga, no ca-
so, é igual a mais aperto para o consumidor.
O curioso é que, quando defendia a ampli-
ação do mercado, um dos palestrantes, dos
mais lúcidos, argumentou que a liberação
não pode afetar quem já é do ambiente livre.
Faz sentido. Contudo, no mesmo argumen-
to, foi dito que só ao se tornar livre o peque-
no consumidor alcançará a isonomia.
Pura narrativa. A menos que seja despreza-
do o “ótimo de Pareto” (qualquer realocação
dos recursos para melhorar a situação de um
indivíduo necessariamente piorará as condi-
ções de outro indivíduo). Se não mudar o
montante de benefícios (pagar menos subsí-
dios, encargos e outros custos do governo),
não há como favorecer o consumidor cativo
sem afetar o conforto de quem já é do merca-
do livre. Então, não tenha dúvida, o pequeno
consumidor ficará na fila dos “preferenciais”.
Seguirão fora do cercadinho VIP, mas como
aquela máquina eficaz, que transforma kW
em bilhões de reais.
Depois dos dois dias da Agenda Setorial,
sentia-me hesitante, quase fisgado, um tolo
elétrico. Mas a impressão é de que alguém,
escondido, gritava-me: 
— É a economia da narrativa, estúpido! 
Edvaldo Santana, doutor em engenharia de
produção e professor titular aposentado da
Universidade Federal de Santa Catarina, foi diretor da
Agência Nacional de Energia Elétrica
EDVALDO SANTANA
Os tolos elétricos
ARTIGO
A qualidade 
do serviço 
piorou, e não 
foi pouco. A
síntese está 
em pelo menos
60 horas sem luz
em São Paulo
O GLOBO | Quinta-feira 21 .3 .2024 Opinião | 3
_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ IrapuãSantana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal) 
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar 
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_C User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 21:56 Color:
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4 | Quinta-feira 21 .3 .2024 | OGLOBO
Política
NA WEB
Mesmo com a popularidadeem queda e enfrentando
dificuldades especialmente
entre os evangélicos, o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) tem rejeitado o apelo de
ministros para fazer um gesto
mais enfático direcionado a
este público. O chefe do Exe-
cutivo já descartou uma série
de propostas que chegaram ao
gabinete, como a realização de
um evento ou encontro com
pastores; a criação de um gru-
po do governo que dialogue
com o segmento; ou o lança-
mento de programas com po-
líticas públicas específicas pa-
ra este núcleo de religiosos.
Lula argumenta, segundo
um auxiliar, que não quer
substituir o ex-presidente Jair
Bolsonaro no púlpito e que de-
seja se aproximar mostrando
que os evangélicos também
usufruem dos avanços do go-
verno nas áreas sociais e eco-
nômicas. Nas conversas, o pre-
sidente costuma repetir que o
Estado é laico e que não se de-
ve fazer uso político da fé, mes-
mo tom usado na reunião mi-
nisterial de segunda-feira.
Sem a presença das câme-
ras, o presidente disse que não
vê problema algum em falar
com pastores e que é a pessoa
que “mais conversa com gente
neste país”. Mas, segundo um
ministro presente, deu a en-
tender que o problema não é a
disposição em dialogar, mas o
fato de parte das lideranças
evangélicas não desejarem
uma aproximação. Lula ainda
se ressente do que entende por
ingratidão de líderes, que fo-
ram próximos de gestões pe-
tistas passadas e depois estrei-
taram laços com o ex-presi-
dente Jair Bolsonaro.
—Um país em que a religião
não seja usada como um ins-
trumento político de um parti-
do ou de um governo. Que a fé
seja exercitada na mais plena
liberdade das pessoas que
queiram exercê-la. A gente
não pode compreender a reli-
gião sendo manipulada da for-
ma vil e baixa como está sendo
neste país — disse no trecho
inicial da reunião.
FALTA DE ESTRATÉGIA
Pesquisa Genial/Quaest mos-
trou que a desaprovação ao tra-
balho de Lula chega a 62% en-
tre os evangélicos — era de
56% em dezembro do ano pas-
sado —, enquanto na média
geral da população o índice é
de 46%. Já a avaliação negativa
da gestão subiu 12 pontos per-
centuais no período e foi a
48%. Ministros admitem que
o governo não tem uma estra-
tégia construída e transversal
sobre o tema e reconhecem
que hoje falta uma formulação
política mais refinada para es-
se segmento da sociedade.
Olevantamento mostra ain-
da que, confrontados com a
pergunta “O governo Lula se
preocupa com pessoas como
você?”, os evangélicos são o
grupo com a maior taxa de res-
postas negativas, entre todos
os segmentos pesquisados. No
Ipec, o cenário é semelhante:
41% avaliam o governo como
ruim ou péssimo, contra 37%
em dezembro de 2023; e 58%
desaprovam a maneira de o
petista governar, quatro pon-
tos percentuais acima do índi-
ce do fim do ano passado.
Mesmo com os números à
mesa, Lula traçou um diag-
nóstico em que não vê como
necessário montar uma estra-
tégia específica para os evan-
gélicos, que, segundo esta vi-
são, serão atraídos natural-
mente pela melhora dos indi-
cadores econômicos. Segun-
do um ministro, o presidente
costuma repetir esse raciocí-
nio, indicando que é com em-
prego, inflação controlada e
PIB crescendo que ele vai se
aproximar desse público.
Durante a campanha elei-
toral de 2022, o petista tam-
bém resistiu a fazer gestos
mais enfáticos, apesar de pes-
quisas da época mostrarem
vantagem ampla de Bolsona-
ro nesse segmento. Lula aca-
bou participando de um en-
contro com evangélicos em
São Gonçalo, na Região Me-
tropolitana do Rio, ainda no
primeiro turno, e depois de
muitos apelos de aliados acei-
tou lançar uma carta focada
neste grupo, dez dias antes do
segundo turno da eleição. 
Ministros, no entanto, te-
mem que essa estratégia de
Lula não seja suficiente para
o governo aplacar a rejeição
entre os evangélicos e que a
postura do presidente dê fô-
lego ao discurso ideológico
de que ele ignora esta parce-
la da população. Um destes
auxiliares, que tem aberto
agenda para religiosos, ad-
mite que esse grupo é com-
plexo e cheio de divisões. 
Outro diagnóstico entre mi-
nistros é de que o PT muitas ve-
zes peca por omissão. Um inte-
grante da Esplanada que advo-
ga por uma ofensiva mais ativa
do governo diz que, desde a
campanha, há debate sobre
uma aproximação e considera
que é possível criar pontes com
parte das lideranças que não
foram “bolsonarizadas”.
— Evangélico não é pro-
blema, como ninguém é. A
sociedade está esperando
respostas do governo — ava-
lia o pastor Luiz Sabanay, à
frente do comitê nacional
evangélico do PT.
Os chefes de ministérios
que hoje são as pontes do Exe-
cutivo com o público evan-
gélico são Jorge Messias (Ad-
vocacia-Geral da União),
Wellington Dias (Desenvolvi-
mento Social) e Márcio Ma-
cêdo (Secretaria-Geral). Eles
têm se movimentado para re-
ceber políticos da bancada
evangélica, participar de en-
contros em igrejas e a pensar
em ações específicas para le-
var à análise do presidente.
Uma das ações defendidas
por ministros é criação de
uma política pública espe-
cífica para mulheres evan-
gélicas de regiões periféri-
cas, que sofrem com violên-
cia, falta de emprego e baixa
renda — não há aval do Pla-
nalto para a iniciativa ir adi-
ante, no entanto.
REUNIÃO NÃO SAI DO PAPEL
Em janeiro, os ministros
Alexandre Padilha (Rela-
ções Institucionais), Paulo
Pimenta (Comunicação So-
cial) e Jorge Messias come-
çaram a sondar integrantes
da bancada evangélica so-
bre a possibilidade de um
encontro com o presidente
na retomada dos trabalhos
legislativos. Ouviram de in-
tegrantes proeminentes da
bancada a certeza de que
compareceriam, casos de
Silas Câmara (Republica-
nos-AM) e Cezinha Madu-
reira (PSD-SP). A iniciativa
não foi adiante, mas os dois
parlamentares foram rece-
bidos por Messias para de-
bater a Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) que
amplia a imunidade tributá-
ria das igrejas. Justamente
para não entrar em choque
com a bancada, o governo
construiu um acordo. 
A negociação, por mais que
seja um aceno, ainda é vista
como um gesto contido e sem
oalcance que uma ação direta
de Lula poderia ter. Ontem,
um dia após o acordo sobre a
PEC, Padilha pediu que a
Frente Parlamentar Evangéli-
ca apoie a agenda do governo
no Congresso.
Sem o envolvimento direto
de Lula, Dias tenta uma apro-
ximação com evangélicos por
meio dos programas sociais e
de convênios da pasta, que
tem um dos maiores orçamen-
tos da Esplanada. O ministro
tem procurado integrantes
das bases evangélicas, sem de-
pender necessariamente da
mediação de lideranças:
— Nosso trabalho, de um
lado, é alcançar estas pesso-
as por meio das lideranças e
entidades evangélicas, que
chegam aonde o governo
não chega. Tenho dito para
os líderes evangélicos que o
presidente Lula quer que eu
e outros ministros cuidem
do povo evangélico que
mais precisa, sem pergun-
tar qual é a denominação.
JENIFFER GULARTE, SÉRGIO ROXO
E RENATA AGOSTINI
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
CRISTIANO MARIZ/28-2-2023
Relação. 
O presidente
Luiz Inácio 
Lula da Silva 
e o ministro
Wellington Dias,
um de seus
interlocutores
com os
evangélicos:
chefe do
Executivo tem
resistido a fazer
ações diretas 
ao segmento 
Lula resiste a apelos de ministros por gesto direto 
a evangélicos e descarta evento com pastores
REJEIÇÃO DUPLA
VISÃO DO SEGMENTO SOBRE O GOVERNO
Aprovação e avaliação da gestão Lula têm piora entre evangélicos
Quaest
As pesquisas Quaest têm margem de erro de 2,2 pontos percentuais,e as Ipec têm de 2 pontos para mais ou menos. 
O nível de confiança é de 95% em ambos os institutos e amostras somam 2000 entrevistas em cada levantamento
20
30
40
50
20
30
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MAR/23 ABR/23 JUN/23 SET/23 DEZ/23 MAR/24FEV/23 ABR/23 JUN/23 AGO/23 OUT/23 DEZ/23 FEV/24
MAR/23 ABR/23 JUN/23 SET/23 DEZ/23 MAR/24FEV/23 ABR/23 JUN/23 AGO/23 OUT/23 DEZ/23 FEV/24
Aprovação da gestão entre eleitores evangélicos (%)
Avaliação do governo Lula entre eleitores evangélicos (%)
Ipec
Quaest Ipec
Fonte:
Quaest e Ipec
Positivo NegativoRegular Ótimo/bom Ruim/péssimoRegular
Desaprova
trabalho
Aprova
trabalho
Desaprova maneira
de governar
Aprova maneira
de governar
27
27 28
32
27 27 22
24
27
31
35
32
34
27
30
39
36
29
37 36
48
31
24 29
33
28
24
32
35
33
35
34
31
32
35
34
31
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40
39
44
50
44
41
35
42
55
51
46
52
56
62
45 39
42
49
39
36
48
52 51
46
54
58
Resistência nas eleições
Durante a campanha eleitoral 
de 2022, o petista também 
resistiu a fazer gestos mais 
enfáticos. Lula acabou 
participando de um encontro 
com evangélicos em São 
Gonçalo (RJ), e depois lançou 
carta focada neste grupo.
Relação via interlocutores
No governo, Lula descartou 
propostas voltadas para o 
segmento e ainda se ressente que 
lideranças tenham se aproximado 
de Bolsonaro. Para manter a 
relação, conta com os ministros 
Wellington Dias, Jorge Messias
e Márcio Macêdo.
PEC das Igrejas
Para não entrar em choque com 
a bancada evangélica, o 
governo construiu acordo para 
a PEC que amplia a imunidade 
tributária das igrejas. A 
negociação, porém, é vista sem 
o alcance que uma ação direta 
de Lula poderia ter.
RELAÇÃO COM EVANGÉLICOS
Texto também prevê que institutos de pesquisa apresentem ‘índice de acerto’
Quarentena para militares e controle de IA
NOVO CÓDIGO ELEITORAL PARA
ACESSAR
APONTE 
O CELULAR
PARA 
O QR CODE
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O GLOBO | Quinta-feira 21 .3 .2024 Política | 5
A
cl
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itu
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A festa de 40 anos ganha aindamais atrações. Alémdos hits que vão fazer todomundo soltar a voz,
você vai conferir um novo Palco Sunset comboca de cena tão grande quanto a do novo PalcoMundo,
o surpreendenteGlobal Village, ummusical inédito que vai emocionar emuitomais.
Prepare-se: tem novidade de sobra vindo por aí.
DUAS GRANDES D IVAS DO POP PELA
PR IME I RA VEZ NA C IDADE DO ROCK
MARIAH CAREY
CYNDI LAUPER
PALCO SUNSET 22.SET
PALCO MUNDO 20.SET
Product: OGloboPubDate: 21-03-2024Zone: NacionalEdit ion: 1 Page: PAGINA_EUser: asimon@oglobo.com.brTime: 03-20-2024 21:40Color:
INÊS 249
Apesar da vitória dada comocerta de Vladimir Putin
para um quinto mandato em
pleito sem opositores reais, o
secretário de Relações Inter-
nacionais do PT, Romênio Pe-
reira, publicou no site do par-
tido uma nota de saudação às
eleições presidenciais russas.
Historicamente, a sigla e o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva são criticados por se-
rem condescendentes com
regimes autoritários de es-
querda, casos de Nicarágua,
Cuba e Venezuela.
“Com uma participação
impressionante de mais de
87 milhões de eleitores, re-
presentando 77% do eleito-
rado do país, esse feito his-
tórico ressalta a importância
do voto voluntário na Rús-
sia”, diz trecho da nota assi-
nada por Romênio, na qual
ele parabeniza o partido
Rússia Unida pela reeleição
de Putin com 87% dos votos.
Os últimos dias antes da
eleição contaram com uma
série de movimentos de re-
sistência na Rússia e ao re-
dor do mundo, chamados de
“Meio-Dia sem Putin”. Os
atos foram convocados pelo
opositor Alexei Navalny an-
tes de sua morte, no mês
passado, em circunstâncias
pouco claras.
No X (antigo Twitter), o
ex-senador Arthur Virgílio
(sem partido), que era filia-
do ao PSDB e agora está ali-
nhado a Jair Bolsonaro, cri-
ticou o fato do presidente
Lula ter enviado uma carta
ao presidente Vladimir Pu-
tin pela vitória na eleição
russa. “Passou mensagem
cumprimentando Putin
por sua ‘vitória’ eleitoral,
claro que sabendo que as
‘eleições’ russas são mais
falsas e farsantes que uma
nota de R$11,00”.
Apesar de reiterar que o
Brasil está disposto a cola-
borar com os esforços em
favor da paz, Lula resiste
em condenar a invasão da
Ucrânia pela Rússia, o que
gera reações na comunida-
de internacional.
A deputada federal Adri-
ana Ventura (Novo-SP) fez
coro às críticas. “Lula sau-
dando a reeleição de Putin
na Rússia não chega a me
surpreender dado o fetiche
que ele tem por ditaduras,
mas sempre que acontece
me enoja”, publicou no X.
HOMENAGEM A ORTEGA
Em novembro de 2021, após
uma série de críticas, o PT
apagou uma nota publicada
em suas redes sociais que
celebrava a reeleição de Da-
niel Ortega na Nicarágua.
Na postagem, o partido ha-
via classificado o pleito, re-
jeitado pelos governos das
principais democracias oci-
dentais e marcado pela pri-
são de opositores, como
“uma grande manifestação
popular e democrática”. Ad-
versários e militantes de es-
querda atacaram a nota do
partido e classificaram a po-
sição como um erro.
No ano passado, Lula foi cri-
ticado pela oposição por con-
ceder ao presidente da Vene-
zuela, Nicolás Maduro, recep-
ção de chefe de Estado. Ele não
vinha ao país desde 2015, para
a posse da ex-presidente Dil-
ma Rousseff. Sua presença no
Brasil não era permitida desde
2019, quando uma portaria foi
editada por Jair Bolsonaro.
Ao saudar Putin, PT amplia acenos controversos
Texto, assinado pelo secretário de Relações Internacionais do partido, ressalta ‘a importância do voto voluntário na Rússia’
6 | Política Quinta-feira 21 .3 .2024 | OGLOBO
Ogoverno localizou 261móveis do Palácio da
Alvorada que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
sugeriu terem sido levados
por Jair Bolsonaro. De
acordo com a Secretaria de
Comunicação Social (Se-
com), os itens estavam em
“dependências diversas”
da residência oficial. Por
conta da suposta ausência
ou de alegada má conserva-
ção, foram gastos R$
196.770 com a decoração
da suíte presidencial. On-
tem, o ex-presidente acu-
sou o petista de “falsa co-
municação de furto”.
Na primeira semana de
governo, a primeira-dama
Rosângela da Silva, a Janja,
abriu as portas do palácio e
mostrou infiltrações, jane-
las quebradas, danos em ta-
petes e sofás rasgados, por
exemplo. Foram encontra-
das também obras de arte
danificadas pelo sol e partes
soltas no assoalho de uma
das salas de reuniões. Se-
gundo Janja, ao visitar o Al-
vorada, Lula havia ficado
“decepcionado” com o que
encontrou.
A informação de que as
261 peças foram encontra-
das foi revelada pelo jornal
“Folha de S.Paulo” e confir-
mada pelo GLOBO. No iní-
cio do ano passado, a Presi-
dência já havia localizado
83 móveis. Em janeiro da-
quele ano, o presidente Lu-
la, durante um café da ma-
nhã com jornalistas, suge-
riu que as peças teriam sido
levadas por Bolsonaro.
— O quarto que tinha ca-
ma, já não tinha mais cama,
já estava totalmente... eu
não sei como é que fizeram.
Não sei porque que fizeram.
Não sei se eram coisas parti-
culares do casal, mas leva-
ram tudo. Então a gente está
fazendo a reparação, porque
aquilo é um patrimônio pú-
blico. Tem que ser cuidado
— disse Lula, segundo o qual
a parte de cima do Alvorada
estava como “se não tivesse
sido habitada”. 
As buscas pelas peças fo-
ram encerradas em setem-
bro do ano passado. On-
tem, após a notícia de que
os móveis foram encontra-
dos, Bolsonaro reagiu nas
redes sociais. “Todos os
móveis estavam no Alvora-
da. Lula incorreu em falsa
comunicação de furto”, es-
creveu ele.
ITENS MAIS CAROS
Os R$ 196.770 gastos pelo
governoLula foram usados
para adquirir seis móveis. Os
itens mais caros são um sofá
que possui um mecanismo
para reclinar cabeça e pés,
por R$ 65.140, e uma cama,
por R$ 42.230. Ambas as pe-
ças são revestidas em couro
italiano 100% natural com
tratamento exclusivo para
evitar ressecamento.
“A ausência de móveis e o
péssimo estado de manuten-
ção encontrado na mobília
do Alvorada exigiram a aqui-
sição de alguns itens”, afir-
mou a Secom por meio de
nota, em abril de 2023.
Já ontem, a Secretaria de
Comunicação Social da Pre-
sidência disse, também por
meio de nota, que “os bens
adquiridos passaram a inte-
grar o patrimônio da União
e serão utilizados pelos fu-
turos chefes de Estado que
lá residirem”. Ainda de acor-
do com o órgão, houve “des-
caso com onde estavam es-
ses móveis sendo necessá-
rio um esforço para localizá-
los todos novamente”.
Em abril do ano passado,
diante da controvérsia, a
ex-primeira-dama Michel-
le Bolsonaro afirmou, em
uma rede social, que os mó-
veis que usou e eram per-
tencentes à União estari-
am num depósito do Alvo-
rada. E que só retirou de lá
itens privados. “Esses mó-
veis estão ou no depósito 5
do Palácio da Alvorada ou
no depósito da Presidên-
cia. Existem esses depósi-
tos, com várias cadeiras,
sofás, mesas, quadros, e vo-
cê pode fazer esse rodízio”,
postou, ressaltando que le-
vou móveis, e até lençóis,
de sua casa no Rio. Na oca-
sião, ela propôs uma “CPI
dos Móveis da Alvorada”.
O Palácio da Alvorada foi
projetado por Oscar Nie-
meyer e é uma das mais impor-
tantes edificações do moder-
nismo arquitetônico brasilei-
ro. Foi o primeiro prédio cons-
truído em alvenaria na nova
capital. No primeiro governo
Lula foram feitas as primeiras
obras de restauração do local,
que começaram em dezem-
bro de 2004 foram concluídas
em março de 2006.
Após ‘sumiço’ e gasto
de R$ 200 mil, governo
acha móveis do Alvorada 
Os 261 itens estavam em ‘dependências diversas’, segundo a
Secom. Bolsonaro acusou Lula de ‘falsa comunicação de furto’
DIVULGAÇÃO 
Patrimônio. Um dos salões do Alvorada: atual gestão gastou R$ 196.770 com a reposição de seis móveis para suíte
PAULO ASSAD
paulo.santos@oglobo.com.br
-
Opresidente Luiz Inácio Lu-la da Silva deu uma ordem
explícita aos ministros do Pla-
nalto que não quer movimen-
to ou evento em memória aos
60 anos do golpe militar. O pe-
tista argumentou aos auxilia-
res mais próximos, em reuni-
ão no começo de março, que o
objetivo era evitar que a data
fosse usada para “conflagrar o
ambiente político do país”. Os
ministros entenderam como
recado claro para que também
não participassem de eventos
voltados à data, o que vem cau-
sando reação na base.
Oassunto começou a ser dis-
cutido dentro do governo em
reunião, em 26 de fevereiro, de
Lula com o ministro da Defe-
sa, José Múcio, os comandan-
tes Tomás Paiva (Exército),
Marcos Olsen (Marinha) e
Marcelo Damasceno (Aero-
náutica). Na ocasião, o presi-
dente foi informado que den-
tro dos quartéis não haveria
manifestações de exaltação ao
golpe. Era um gesto da ala mili-
tar com a expectativa de que
também não ocorressem atos
por parte do governo. 
Em março, o ministro da Co-
municação Social, Paulo Pi-
menta, que estava na reunião
em que Lula deu a ordem para
que não ocorressem atos, avi-
sou Múcio que também não
seriam promovidos eventos
de condenação do golpe.
Coube ao chefe de gabinete
de Lula, Marco Aurélio Santa-
na Ribeiro, avisar o ministro
dos Direitos Humanos, Silvio
Almeida, sobre a decisão. A
pasta pretendia realizar um
evento no Museu da Repúbli-
ca, em Brasília, que exaltaria a
luta de perseguidos pelo regi-
me militar. Almeida teve uma
audiência com o chefe de gabi-
nete da Presidência no dia 7 de
março. A expectativa de inte-
grantes é que Lula ainda tenha
uma reunião com Almeida pa-
ra tratar do tema.
A postura de Lula provocou
reação contrária em aliados
que veem certa benevolência
do presidente em relação aos
militares em meio ao processo
de pacificação da relação do
petista com a caserna, iniciada
no governo após as tensões
provocadas pelos atos do 8/1:
— Não existe futuro sem
aprender com lições e erros do
passado. Até porque o passado
volta de forma parecida como
foi a intentona de 8 de janeiro.
Não existe essa história de apa-
gar o passado — disse o depu-
tado e ex-presidente do PT Rui
Falcão, preso na ditadura.
Sem citar o governo, mas re-
ferindo ao episódio, o Prerro-
gativas divulgou nota de que é
“inadmissível” silenciar sobre
o golpe de 1964. É a primeira
posição conflitante do grupo
de juristas simpáticos a Lula
em relação ao governo.
“A determinação de silenci-
ar diante do golpe militar de
1964 é inadmissível. Contra-
ria nossa história e ofende a lu-
ta e a memória em defesa da
democracia”, afirmou o coor-
denador do grupo, Marco Au-
rélio de Carvalho, no texto.
Veto de presidente a atos sobre
golpe gera reação de aliados
Ordem, dada no início do mês, levou ministério a não realizar evento em SP
BRENNO CARVALHO 24-11_2023
Ministro. Silvio Almeida deve se encontrar com Lula para debater tema 
JENIFFER GULARTE E SÉRGIO ROXO
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
Novo mandato na Nicaraguá
Em novembro de 2021, uma nota
no site do PT celebrou o novo
mandato de Daniel Ortega, que
está no poder desde 2007, como
uma “manifestação democrática”.
Aeleição foi marcada por prisões
de opositores. A nota foi deletada. 
Crítica à oposição na Venezuela
Opositora de Nicolás Maduro e
impedida de concorrer às eleições,
María Corina Machado foi alvo de
Lula, que duvidou da conduta da
oposição. Ele fez um paralelo com
2018, quando não pôde disputar o
Planalto, mas “não ficou chorando”.
Repressão a protestos em Cuba
Em julho de 2021, após protestos
motivados pela crise no sistema de
saúde e escassez de alimentos,
Lula culpou o embargo dos Estados
Unidos pelos problemas e minimi-
zou denúncias de repressão do
governo de Miguel Diáz-Canel. 
Disputa sem adversários reais
Secretário de Relações Internacio-
nais do PT, Romênio Pereira publi-
cou no site do partido nota de
saudação à vitória de Vladimir
Putin nas eleições russas. O presi-
dente foi eleito pela quinta vez, em
um pleito sem opositores reais. 
APOIO A GOVERNOS COM DEMOCRACIA QUESTIONADA
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_F User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 22:16 Color:
INÊS 249
O GLOBO | Quinta-feira 21 .3 .2024 Política | 7
Acúpula do União Brasilaprovou ontem o afasta-
mento do deputado federal
Luciano Bivar (PE) da presi-
dência da sigla como medida
cautelar, em uma reunião
tensa, marcada por bate-bo-
cas e na qual o microfone do
parlamentar chegou a ser
cortado. Com a decisão, An-
tônio Rueda, atual vice-pre-
sidente do partido e dirigen-
te eleito para comandar a le-
genda a partir de junho, assu-
me imediatamente o coman-
do do União Brasil.
Logo no início da delibe-
ração, houve um enfrenta-
mento entre Bivar, denun-
ciado por ter feito supostas
ameaças de morte contra
Rueda, e o atual secretário-
geral da sigla, o ex-prefeito
de Salvador ACM Neto. Bi-
var tentou declarar a suspei-
ção de alguns dos integran-
tes da cúpula, o que os impe-
diria de votar, mas sua inici-
ativa foi rejeitada. Ao fim da
reunião, por 11 a 5, houve
maioria pela punição.
A relatora do pedido de
afastamento, senadora Pro-
fessora Dorinha (União-
TO), defendeu que, diante
“dos fatos públicos” relacio-
nados ao caso e de Bivar não
ter negado “de forma cate-
górica” as ameaças, seria ne-
cessária a destituição do de-
putado da presidência como
medida cautelar. Dorinha se
disse contrária, porém, à ex-
pulsão, já que essa punição
poderá ser tomada ao fim do
processo. A maioria seguiu a
posição da senadora.
O clima esquentou na reu-
nião quando Bivar decidiu
apresentar questão de or-
dem para o “impedimento”
de oito integrantes da Exe-
cutiva, que estavam aptos a
votar, por já terem proferido
falas contra ele ou admiti-
rem que buscam retirá-lo do
comando da sigla.
“NÃO É A SUA CASA”
A intenção era excluí-los
da deliberação para que su-
plentes aliados fossem
convocados.ACM Neto,
principal articulador da
eleição de Rueda, reagiu
quando Bivar afirmou que,
como atual presidente da
sigla, havia tomado deci-
são favorável à sua própria
questão de ordem.
— O senhor não vai ga-
nhar no grito, presidente
Bivar! E o senhor não vai
considerar nenhum de nós
impedidos — disse ACM
Neto, exaltado.
Após Bivar responder
que não aceitaria, aos gri-
tos, essa posição, o ex-pre-
feito de Salvador conti-
nuou a falar. Bivar estava
participando da reunião
por meio de videoconfe-
rência, enquanto ACM Ne-
to estava na sede do parti-
do, em Brasília.
— Não vai ganhar no grito.
Isso aqui não é a sua casa. É
um partido político respei-
tado. Peço que corte o mi-
crofone do presidente Bivar
para que possamos continu-
ar a reunião — completou o
adversário de Bivar. 
Neste momento, o mi-
crofone de Bivar foi corta-
do. O deputado defendeu
que alguns integrantes não
possuíam isenção para de-
liberar sobre o assunto.
Além de Rueda, que apre-
sentou denúncia à Justiça
relatando ameaças, e de
ACM Neto, são eles o depu-
tado federal Pauderney
Avelino (AM), o presiden-
te da Câmara Municipal de
São Paulo, Milton Leite, o
governador de Goiás, Ro-
naldo Caiado, o líder do
partido na Câmara, Elmar
Nascimento, a tesoureira
do União e irmã de Rueda,
Maria Emília Rueda, e
Cláudio Cavalcanti.
INCÊNDIO EM CASA
Dorinha votou pela rejeição
da questão de ordem e afir-
mou que aspectos de “natu-
reza política” não estariam
suscetíveis à suspeição.
A denúncia contra Bivar
analisada ontem também
tratou dos incêndios que
destruíram as casas de praia
de Rueda e de Maria Emília,
no litoral de Pernambuco,
além da “validação de cartas
de desfiliação” de seis depu-
tados do União Brasil do Rio
de Janeiro, sem a anuência
da cúpula da legenda.
No sábado, a defesa de Bi-
var enviou um documento
de 14 páginas, negando to-
das as acusações. O parla-
mentar afirma que não fez
ameaças de morte contra
Rueda, bem como rejeita
qualquer participação nos
incêndios. Bivar diz que
usou o termo “morto” para
dizer sobre o fim da amizade
de longa data com Rueda.
União Brasil afasta Bivar e vai analisar expulsão
Decisão foi tomada pela Executiva do partido em reunião marcada por gritos, corte de microfone e tentativa
frustrada de declarar suspeição de integrantes da cúpula. Com a medida, Rueda assume o comando da sigla
BRUNO GÓES
bruno.goes@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
JORGE WILLIAM / 12-11-2019
Contrariado. Bivar no Congresso: denunciado por supostas ameaças de morte, deputado deixa o comando do União
BRENNO CARVALHO / 13-03-2024
Novo comando. Rueda em reunião do União: vice-presidente assume o posto
OMinistério Público doDistrito Federal e Terri-
tórios denunciou Jair Renan
Bolsonaro, filho do ex-presi-
dente Jair Bolsonaro (PL),
pelos crimes de falsidade ide-
ológica, uso de documento
falso e contra a ordem tribu-
tária. A investigação mirou o
uso de informações falsas pa-
ra a empresa de Jair Renan
obter um empréstimo bancá-
rio que não foi pago.
De acordo com o inquérito
da Polícia Civil, o alvo da sus-
peita é uma declaração de fatu-
ramento de R$ 4,6 milhões da
Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia.
Com esses números falsos, Jair
Renan e seu sócio, Maciel Al-
ves, buscavam lastro para o
empréstimo, ainda segundo a
investigação. A empresa tinha
como principal ramo de atua-
ção fornecer “serviços de orga-
nização de feiras, congressos,
exposições e festas”.
“Não há dúvidas de que as
duas declarações de fatura-
mento apresentadas ao banco
são falsas, por diversos aspec-
tos, tanto material, em razão
das falsas assinaturas do Técni-
co em Contabilidade (...), que
foi reinquirido e negou vee-
mentemente ter feito as rubri-
cas, quanto ideológico, na me-
dida em que o representante
legal da empresa fez inserir
nos documentos particulares
informações inverídicas con-
sistentes nos falaciosos fatura-
mentos anuais”, apontaram os
investigadores do caso.
Ainda segundo as investiga-
ções, a dupla conseguiu pelo
menos três empréstimos no
Banco Santander. Jair Renan
teria se beneficiado de parte
dos valores obtidos de forma
ilícita, por meio do pagamen-
to da fatura do cartão de crédi-
to de sua empresa, no valor de
cerca de R$ 60 mil.
AUTORIA DE ASSINATURAS
Em depoimento, Jair Renan
afirmou não reconhecer suas
assinaturas nas declarações
de faturamento suposta-
mente falsas e negou ter re-
quisitado empréstimos. Peri-
to, testemunhas e até ima-
gens de seu login no aplicati-
vo bancário vão de encontro
à tese apresentada por ele.
Na ocasião do indiciamento,
o advogado Admar Gonzaga,
que representa Jair Renan, dis-
se que não comentaria porque
o caso é sigiloso. Ontem, ele
criticou o que chamou de “va-
zamentos” e argumentou que
são prejudiciais “à defesa, ao
devido processo, à presunção
de inocência e, assim, à ima-
gem de quem tem o direito de
se defender”. Já Pedrinho Vil-
lard, que defende Alves, afir-
mou anteriormente que seu
cliente “com certeza” seria ab-
solvido. Ontem,disse que não
vai se manifestar.
MP denuncia Jair Renan
por fraude em empréstimo
Apuração contra filho de Bolsonaro apontou uso
de documento falso; defesa nega irregularidade
CRISTIANO MARIZ / 07-03-2022
Apuração. Jair Renan, na PF em Brasília: filho 04 de Bolsonaro é denunciado 
PAOLLA SERRA
paolla.serra@infoglobo.com.br
BRASÍLIA
-
> O Ministério Público
que atua junto ao Tribu-
nal de Contas da União
(TCU) pediu na terça-
feira a responsabiliza-
ção do Partido Liberal
por sua participação e
de seus membros na
tentativa de golpe, após
a derrota eleitoral do
ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
> O órgão pediu a inclu-
são do partido, por parte
da Advocacia-Geral da
União (AGU), como réu na
ação civil pública em que
se cobra a condenação
dos financiadores dos
atos golpistas do 8 de
Janeiro em R$ 100 mi-
lhões, como indenização
por dano moral coletivo. O
MP entende que a sigla se
envolveu na trama que
culminou nos ataques.
(Guilherme Caetano e
Cleide Carvalho)
Procuradoria pede
ao TCU bloqueio
de bens do PL
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_G User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 21:59 Color:
INÊS 249
8 | Política Quinta-feira 21 .3 .2024 | OGLOBO
Apesar de partidos reivindi-carem o posto de vice na
chapa de Eduardo Paes (PSD)
na busca pela reeleição em ou-
tubro, cresce a convicção no
entorno do prefeito que o es-
colhido deve ser o principal
aliado dele, o deputado federal
Pedro Paulo (PSD). A compo-
sição configuraria uma chapa
“puro-sangue” — quando am-
bos são correligionários —, e
Paes tem atuado, de forma dis-
creta, para executar a ideia. O
plano é evitar qualquer toma-
da de decisão até o período de
convenções partidárias, entre
20 de julho e 5 de agosto, para
não antecipar o debate em
conjuntura até aqui marcada
por favoritismo do prefeito. 
Ao contrário das outras três
vitórias que teve para a prefei-
tura (2008, 2012 e 2020), a
eleição de 2024 tem na esco-
lha do vice um ponto-chave
para Paes, dada a possibilidade
de ele deixar o cargo no meio
do mandato, caso reeleito, pa-
ra concorrer ao governo do es-
tado daqui a dois anos. Com is-
so, o vice assumiria o municí-
pio, o que faz o prefeito optar
por alguém de seu núcleo po-
lítico. O diagnóstico é de que a
escolha representa quase um
processo de sucessão. A pers-
pectiva de abandono do man-
dato, inclusive, é algo que ad-
versários pretendem explorar,
e Paes quer ter consigo um vi-
ce que seja praticamente uma
extensão de si.
Partidos que conversam
com o PSD para compor a
chapa têm reclamado da
provável escolha por Pedro
Paulo ou mesmo por outro
nome ligado ao prefeito. O
fator partidário também é
citado, já que a hipótese do
deputado migrar para outra
sigla a fim de aplacar as críti-
cas perdeu força. Pedro Pau-
lo é o presidente do PSD no
estado, tem montado o dire-
tório com foco nas eleições
e mantém canal direto com
o presidente nacional, Gil-
berto Kassab. Também está
ligado ao líder na Câmara,
Antonio Brito (BA). 
O GLOBO ouviu de aliados
do prefeito, outros represen-
tantes da política do Rio e diri-
gentes do PSD nacionalque a
indicação de Pedro Paulo co-
mo vice é o caminho natural
para os próximos meses. E,
mesmo que algum empecilho
apareça no caminho, o plano B
deve sair de dentro do grupo
mais próximo a Paes.
Um indicativo disso é que
três dos secretários de maior
confiança do prefeito tendem
a deixar a prefeitura em abril,
no prazo estabelecido pela Jus-
tiça Eleitoral para quem alme-
ja disputar a eleição, e retornar
aos mandatos na Câmara ou
na Alerj. Assim, ficam à dispo-
sição caso a indicação de Pedro
Paulo não avance. São eles Da-
niel Soranz, Eduardo Cavalie-
re e Guilherme Schleder, to-
dos do PSD.
Outro que vinha sendo cota-
do como alternativa, o secretá-
rio de Governo, Felipe Santa
Cruz, não deve se descompati-
bilizar. De fora do secretaria-
do, um possível plano também
é do PSD: o presidente da Câ-
mara, Carlo Caiado.
No caso do PT, o Grupo de
Trabalho Eleitoral (GTE) da si-
gla decidiu que o Rio será dis-
cutido entre o prefeito e o pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va de forma mais direta. A des-
peito de reivindicar o posto na
chapa, o PT-RJ admite nos bas-
tidores que é quase impossível
não estar com Paes na eleição,
seja quem for o vice. No entan-
to, caso o escolhido seja Pedro
Paulo, a tendência é que o par-
tido faça mais barulho.
AVALIAÇÃO DO PT
Por outro lado, há um entendi-
mento de que o mais impor-
tante é pensar a médio prazo
—ou seja, no papel que o pre-
feito pode desempenhar para
o palanque de Lula no Rio em
2026. O entorno de Paes acre-
dita que isso vai pesar na con-
versa com o presidente, que
tem registrado índices baixos
de aprovação no Sudeste e vê
seu candidato à prefeitura de
São Paulo, Guilherme Boulos
(PSOL), ser ameaçado nas
pesquisas pelo atual prefeito,
Ricardo Nunes (MDB).
Adversários como Alexan-
dre Ramagem (PL), apadri-
nhado pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), já deram si-
nais de que vão explorar a as-
sociação entre Paes e o petis-
ta. No lançamento da pré-
candidatura, o bolsonarista
falou em “tirar os soldados de
Lula do Rio”. A postura preo-
cupa Paes, que tenta evitar a
nacionalização da disputa.
Nesse contexto, manter uma
chapa “puro-sangue” daria
menos munição a esse discur-
so. O PT, no entanto, ainda
tenta a vice.
—A busca da vice passa por
consolidar o interesse das duas
partes — afirma o presidente
municipal do PT, Tiago Santa-
na. — Respeitamos o tamanho
do prefeito, a liderança dele,
mas o PT em 2022 fez mais de-
putados que o PSD. Chegamos
para somar, não para dividir. 
Para o pré-candidato do
PSOL, Tarcísio Motta, o ce-
nário de impasse entre Paes
e os petistas é positivo. 
—Se nem a vice o Eduardo
vai dar para o PT, ele mostra
que a candidatura não é de es-
querda. Eduardo se consolida
como centro-direita. 
Quando Paes caminhava
para encerrar seus dois pri-
meiros mandatos, em 2016,
Pedro Paulo foi o escolhido
para disputar a sucessão. À
época, eles eram do MDB. O
candidato, no entanto, foi
afetado pela revelação de
que havia contra ele um pro-
cesso de violência domésti-
ca aberto pela ex-mulher. A
pedido do Ministério Públi-
co, o caso foi arquivado pelo
Supremo Tribunal Federal
(STF), mas permaneceu
forte enquanto fato políti-
co, e Pedro Paulo não foi se-
quer ao segundo turno.
Paes quer chapa
‘puro-sangue’
com Pedro
Paulo de vice
Prefeito, contudo, não pretende tomar
decisão até convenções partidárias;
outras opções também são do PSD
MÁRIO AGRA/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Plano A. O nome do deputado Pedro Paulo tem se tornado a cada dia a opção mais certeira do PSD para compor a vice com o prefeito Eduardo Paes
CAIO SARTORI E LUÍSA MARZULLO
politica@oglobo.com.br
-
Outros nomes da sigla
são “plano B”, como os
secretários Soranz,
Schelder e Cavaliere.
Oprefeito do Rio, EduardoPaes, filiou ontem ao
seu partido, o PSD, o verea-
dor e ex-prefeito do Rio Ce-
sar Maia, que deixou o
PSDB. O gestor carioca clas-
sificou o ato como um dos
“mais importantes” de sua
vida política e teceu elogios
ao aliado, com quem tem
um passado de conflitos.
Ao abonar a ficha de Ce-
sar Maia, o prefeito lem-
brou que o agora correligi-
onário foi uma espécie de
mentor para ele: 
— Vou fazer um dos atos
mais importantes da minha
vida política. Vou abonar a fi-
cha de um cara que me trouxe
para a política, o nosso sem-
pre prefeito Cesar Maia, que
agora é vereador aqui no Rio.
O ex-prefeito, por sua
vez, retribuiu o afago:
— Juntos, continuamos a
trabalhar pelo Rio de Janei-
ro, com compromisso e de-
dicação. Vamos em frente,
sempre em busca do melhor
para nossa cidade. 
IDAS E VINDAS
Apesar de terem caminhado
lado a lado anos atrás, os
dois passaram por um dis-
tanciamento. Em 2022, por
exemplo, Cesar Maia foi vi-
ce na chapa de Marcelo Frei-
xo (PT), que concorria ao
governo do estado. O atual
prefeito, por sua vez, apoia-
va a candidatura de Rodrigo
Neves (PDT), que tinha co-
mo vice um de seus secretá-
rios, Felipe Santa Cruz. 
Paes iniciou na carreira po-
lítica com a bênção de Cesar
Maia nos anos 1990. Aos 23
anos, ele foi subprefeito da
Zona Oeste no mandato do
ex-gestor do Rio e, em 1996,
conquistou seu primeiro
mandato eletivo, de vereador.
A primeira rusga ocorreu
dois anos depois, quando
Paes foi eleito deputado fe-
deral junto com o filho de
Cesar Maia, o ex-presidente
da Câmara Rodrigo Maia.
No ano seguinte, o atual
prefeito trocou o PFL pelo
PTB, junto com o próprio
Maia e se reaproximou do
grupo político, quando as-
sumiu o cargo de secretário
de Meio Ambiente.
O rompimento ocorreu de
vez em 2002, quando Paes se
filiou ao PSDB. Em 2008,
quando o prefeito se elegeu
pela primeira vez, Cesar
Maia não lhe transmitiu o
cargo, afirmando não ter sido
convidado para a cerimônia:
— Era natural que ele me
criticasse, eu estava desgas-
tado. Mas ele nasceu do meu
útero, veio na minha cadeiri-
nha de balanço — disse Cesar
Maia, dez anos depois.
Prefeito filia Cesar Maia ao PSD
após passado de apoio e rusgas
Paes iniciou carreira política com benção do ex-prefeito, com quem rompeu
FERNANDO MAIA/15-11-1992 
Pupilo e mentor. Paes e Maia em 1992: o hoje gestor do Rio era subprefeito 
LUÍSA MARZULLO
luisa.castro@oglobo.com.br
-
Aministra da Saúde, NísiaTrindade, reconheceu que
houve falta de diálogo entre a
pasta e os gestores dos hospi-
tais federais do Rio de Janeiro
no ano passado. Conforme o
GLOBO mostrou, o ex-chefe
do Departamento de Gestão
Hospitalar (DGH) Alexandre
Telles, responsável pelas seis
unidades em mau funciona-
mento, coordenou em setem-
bro uma nota técnica que
identificou uma série de irre-
gularidades na rede.
—Faltou diálogo com os di-
retores, faltou um acompa-
nhamento mais próximo, e
nós estamos num momento
de rever tudo isso (...) para que
esses hospitais ofereçam o ser-
viço que a população precisa
—afirmou Nísia em entrevista
àGloboNews ontem.
Telles foi exonerado na se-
gunda-feira, depois de uma
série de notícias sobre a preca-
riedade nos hospitais. Segun-
do a ministra, a demissão
aconteceu porque a pasta já
“havia apontado para ele pon-
tos críticos na gestão” que não
foram solucionados.
A nota técnica do DGH
alertou para “fragilidades e
irregularidades no âmbito
da contratação de serviços
continuados” na rede, co-
mo contratação de serviços
com preços superiores aos
praticados na administra-
ção pública ou no mercado,
estabelecimento de preço
restrito a algumas empresas
e desclassificação de em-
presa detentora da melhor
proposta sem justificativa
técnica plausível.
Devido às irregularidades, o
ministério criou um comitê
para coordenar uma espécie
de intervenção nas seis unida-
des. Além do grupo, a Saúde
centralizou os processos de
aquisição de medicamentos,
insumos e de contratação de
obras dos hospitais no DGH.
O chefe do comitê seria o
ex-secretário de Atenção
Especializada à Saúde, Hel-
vécio Magalhães. Contudo,
ele foi exonerado.
—Sua exoneração se deveu
ao fato de que uma avaliação
de um descuido nesse mo-
mento era algo que fragilizava
muito o próprio comitê ges-
tor e ações do Ministério da
Saúde — explicou Nísia.
A ministra negou que exista
uma “limpeza” no ministério,
masafirmou que irá “fazer re-
visão cuidadosa” dos nomes
nas direções dos seis hospitais:
—Se trata de garantir mais
eficiência neste momento.
Nísia afirmou, também
ontem, que a pressão difi-
culta seu trabalho:
—Já passei por muita pres-
são política, até porque fui
presidente da principal insti-
tuição de saúde (Fiocruz) em
um governo negacionista.
Então, não me considero nem
um pouco uma pessoa que
não possa receber pressões.
Só que essa pressão está difi-
cultando o meu trabalho —
disse ao Viva Voz, da CBN.
Nísia diz que faltou ‘acompanhamento’ de hospitais do Rio
Ministra reconhece falta de diálogo entre pasta da Saúde e gestores das unidades federais, envolvidas em supostas irregularidades
KAROLINI BANDEIRA 
karolini.magalhaes@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
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 “Faltou diálogo com os
diretores, faltou um
acompanhamento mais
próximo e nós estamos num
momento de rever tudo isso”_
Nísia Trindade, 
ministra da Saúde, sobre
hospitais federais no Rio
Product: OGlobo PubDate: 21-03-2024 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_H User: asimon@oglobo.com.br Time: 03-20-2024 21:55 Color:
INÊS 249
ACâmara dos Deputadosaprovou ontem o proje-
to que proíbe a saída tempo-
rária de presos em datas co-
memorativas. O texto foi
aprovado em votação sim-
bólica e de forma unânime,
sem a oposição de nenhum
dos partidos da esquerda,
que têm um discurso mais
ativo em defesa dos direitos
humanos. Mas assim como
o governo, que liberou o vo-
to, essas legendas avaliaram
que uma oposição ao proje-
to, que havia sido alterado
no Senado, poderia trazer
de volta uma versão mais
rígida, que recebeu aval dos
deputados em uma votação
anterior, no fim de 2022.
O texto segue agora para a
sanção ou veto do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). A mudança no mérito
do projeto, em relação ao pri-
meiro texto endossado pelos
deputados, foi uma emenda
do senador Sergio Moro
(União-PR) para permitir
que presos saiam para fre-
quentar cursos supletivos
profissionalizantes, do ensi-
no médio ou superior. A pre-
visão não vale para condena-
dos por crimes hediondos. 
Na véspera da votação, o
líder do governo na Câma-
ra, José Guimarães (PT-
CE), disse que o Palácio do
Planalto não iria interferir
nas negociações para apro-
var o projeto.
—Não é uma matéria de
governo e nem o governo
vai se envolver nisso, é uma
matéria do Legislativo. O
governo não vai encami-
nhar nada, vai ficar nas
mãos do Parlamento.
A base governista chegou
dividida para análise do pro-
jeto. O deputado Tarcísio
Motta (PSOL-RJ) chegou a
anunciar no plenário que o
seu partido estava em obstru-
ção. A posição, no entanto,
foi corrigida por Talíria Pe-
trone (PSOL-RJ). De acordo
com a parlamentar, a versão
atual do texto é uma “redu-
ção de danos” e está melhor
que o projeto aprovado pela
Câmara antes. Parlamenta-
res do PT, que também orien-
tou o voto a favor, tiveram o
mesmo entendimento.
— O PSOL sempre foi fa-
vorável ao texto do Senado.
Em algum momento do ple-
nário, se entendeu que o vo-
to obstrução poderia ex-
pressar melhor essa nossa
discordância global, mas
depois se entendeu que era
melhor um texto com redu-
ção de danos do Senado —
explicou Talíria.
Mesmo sendo uma deman-
da da oposição, a bancada do
PT no Senado havia votado
em peso a favor do projeto,
com exceção do senador Ro-
gério Carvalho (PT-SE). Na
Câmara, apesar de não ter
havido registro nominal dos
votos, deputados do PT tam-
bém tinham se comprometi-
do a ficar a favor.
A aprovação do projeto te-
ve o protagonismo de perso-
nagens ligados ao ex-presi-
dente Jair Bolsonaro (PL).
No Senado, o texto foi rela-
tado por Flávio Bolsonaro
(PL-RJ), filho mais velho do
ex-presidente. Na Câmara,
por Guilherme Derrite (PL-
SP), secretário estadual de
Segurança Pública de São
Paulo do governador Tarcí-
sio de Freitas (Republica-
nos), ex-ministro de Bolso-
naro. Tarcísio exonerou
Derrite temporariamente
para que ele pudesse parti-
cipar da votação.
— A saidinha dos feriados
é algo que a sociedade não
tolera mais. Ao se permitir
que presos ainda não reinte-
grados ao convívio social se
beneficiem de 35 dias por
ano para desfrute da vida em
liberdade, o poder público
coloca toda a população bra-
sileira em risco. O Congres-
so Nacional, que representa
a sociedade, teve o entendi-
mento majoritário de que
precisa ser extinto este be-
nefício — discursou Derrite
no plenário.
CRÍTICAS À PROPOSTA
Alguns integrantes da base se
manifestaram contra o pro-
jeto, como Pedro Paulo
(PSD-RJ), um dos vice-líde-
res do governo. O deputado é
autor do projeto que foi rela-
tado por Derrite, mas recla-
mou que a iniciativa foi des-
virtuada. O texto de Pedro
Paulo estabelecia critérios
para as “saidinhas”, mas não
acabava com o instrumento.
— Temos que rasgar esse
projeto e voltar ao novo. E eu
farei isso se ele for aprovado
nesta Casa, vou apresentar
um novo projeto, porque
nós não podemos acabar
com a ressocialização no sis-
tema prisional — avisou.
Na esquerda, o deputado
Pastor Henrique Vieira
(PSOL-RJ) classificou o pro-
jeto como sensacionalista.
— Pessoas presas que
cumprem regularmente e
voltam para o presídio vão
ser penalizadas. Vai explo-
dir o sistema carcerário de
violência com a assinatura
de muitos dos senhores —
afirmou o parlamentar.
A expectativa de deputa-
dos do PT é que Lula faça ao
menos alguns vetos parciais.
Mas ainda que seja uma mu-
dança que contrarie o enten-
dimento majoritário do go-
verno sobre a política carce-
rária, ministros já viam o
avanço na Casa como certo e
citaram o risco de um novo
embate com o Congresso,
que atrapalharia pautas prio-
ritárias, para defender a neu-
tralidade do Planalto. Há ain-
da a avaliação de que ficar
contra poderia dar combustí-
vel ao bolsonarismo na área
da segurança pública, tema
que provoca desconforto no
Executivo e é um flanco que
será explorado por adversá-
rios nas eleições municipais.
MARIO AGRA/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Votação simbólica e unânime. Sessão que aprovou restrição de saída temporária de detentos: partidos como o PT e o PSOL orientaram pela aprovação, para evitar uma versão com regras mais duras
Bandeira conservadora, fim da saidinha 
de presos em feriados é aprovada na Câmara 
COM O APOIO DA ESQUERDA
LAURIBERTO POMPEU
lauriberto.pompeu@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
BENEFÍCIO RESTRITO
EDITORIA DE ARTE
COMO FOI A ÚLTIMA
SAIDINHA DE NATAL
Como é atualmente 
A saída temporária 
permite que os detentos 
do regime semiaberto 
tenham direito a:
• Visitas à família
• Cursos 
profissionalizantes, de 
ensino médio e de 
ensino superior; 
• Atividades de retorno 
do convívio social
Quem tem direito
ao benefício
Presos com bom comporta-
mento que tenham cumprido 
um sexto da pena (se for 
primário) ou um quarto da 
pena (se for reincidente), que 
não tenham cometido crimes 
hediondos ou graves como 
assassinato. Se achar 
necessário, o juiz pode 
determinar que o preso use 
tornozeleira eletrônica 
durante a saída
O que a Câmara 
aprovou
Fica proibida a saidinha 
em datas 
comemorativas.
Detentos que passam 
para os regimes 
semiaberto e aberto 
terão monitoramento 
eletrônico obrigatório.
Para a progressão do 
regime penal, o detento 
deve se submeter a 
exames criminológicos 
Exceção
O texto manteve 
uma exceção para 
detentos de baixa 
periculosidade 
terem direito de 
saída temporária 
para cursos 
estudantis ou 
profissionalizantes. 
A previsão não vale 
para condenados 
por crimes 
hediondos.
Presos beneficiados com a saída temporária
em dezembro de 2023 em 17 estados
52 mil 
Presos que retornaram à cadeia no período previsto
49 mil (95%)
Presos que não retornaram no período estipulado
2,6 mil (5%)
MG
ES
RJ
PR
SC
RS
MS
MT
GO
DF
BA SE
AL
PE
PB
RN
CE
PI
MA
TO
PAAM
AC
RO
RR
AP
SP
População
carcerária
Ganharam
saidinha
Não
voltaram
1
1
2
3
2
3
Rio de
Janeiro
Bahia
Pará
58,1 mil
12,7 mil
15,9 mil
1.530 255
273 38
2.058 254
São Paulo teve
mais presos com
direito ao benefício
197,1

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