Buscar

Direito Penal (Direito) RESUMO LEGITIMA DEFESA

Prévia do material em texto

A Legítima Defesa é considerada, pelo Código Penal, como Excludente de Ilicitude. Isso implica dizer que quem age em legítima defesa não comete crime. Não confunda: não é a mesma coisa que dizer que o crime existe, mas não existe pena. Simplesmente não houve crime e, portanto, não há que se falar em pena.
Confira a literalidade do Código Penal:
Exclusão de ilicitude Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato 
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Não obstante, o próprio Código deixa claro que os excessos serão puníveis, conforme segue:
Excesso punível 
Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
O legislador permite que se pratiquem condutas que, em outras hipóteses, seriam crimes, como “Matar Alguém” (Homicídio) ou “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem” (Lesão corporal), por exemplo. Todavia, esse dispositivo não é um salvo-conduto para que homicídios e lesões corporais sejam indefinidamente praticados, nem tampouco concede ao cidadão o direito de “fazer justiça com as próprias mãos”.
De acordo com o Código Penal, entende-se por Legítima Defesa:
Legítima defesa
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Analisemos o conceito pari-passu:
1) Uso moderado
A legítima defesa deve ser feita com moderação. O ato de defesa deve ser proporcional à gravidade da ameaça ou agressão. A avaliação da gravidade é subjetiva e deverá ser analisada caso a caso. Fica fácil compreender a intenção do legislador quando criamos exemplos hipotéticos exagerados, veja:
Exemplo 1: Mulher de 50 Kg agride homem de 100 Kg, faixa preta de Karatê com tapas. Homem revida com cinco disparos de arma de fogo, matando a agressora. Nesse caso, considerada a distância física entre os agentes e a incapacidade da agressora em causar qualquer dano à vítima, pode-se caracterizar o excesso na legítima defesa.
Exemplo 2: Homem de 100 Kg, com uma barra de ferro na mão, avança agressivamente contra jovem asmático de 70 kg, que atira uma pedra que acerta o crânio do agressor, levando-o a óbito. Trata-se de caso típico de legítima defesa, amparado pelo Art. 25 do Código Penal.
2) Meios necessários
Na Legítima Defesa, quem sofre injusta agressão pode usar dos meios disponíveis para ver-se incólume. Assim, pouco importa se a arma utilizada é própria (feita para ser arma) ou imprópria (improvisada). É irrelevante se está registrada no SINARM, no SIGMA ou se não está registrada. Nesse último caso, haverá o crime de posse ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/03), mas não o crime de homicídio, caso caracterizada a Legítima Defesa.
Também cabe frisar o fato de que não existe número mínimo ou máximo de disparos para que se caracterize a Legítima Defesa. Caso a vítima descarregue os 18 tiros de sua pistola e ainda assim o agressor – incrivelmente – tenha capacidade de oferecer perigo real ou iminente, é cabível que a vítima troque os carregadores e continue disparando até que cesse a agressão.
Por outro lado, caso a vítima tenha efetuado único disparo capaz de cessar a agressão e, ainda assim, continuado disparando, responderá pelo excesso previsto no Parágrafo Único do Art. 23 exposto acima.
Vamos aos exemplos?
Exemplo 1: Idosa gaúcha, sozinha em seu apartamento, recebe invasor com os 6 tiros de seu revólver. Caso típico de legítima defesa, independentemente do número de disparos.
Exemplo 2: Para evitar ter seu carro roubado, jovem atropela o assaltante repetidas vezes, mesmo tendo a chance de evadir-se do local na primeira ocasião. Configura-se o excesso na legítima defesa.
3) Agressão atual ou iminente
Ao contrário do que o senso comum prega, não é necessário à vítima aguardar o primeiro ataque do agressor para iniciar a sua defesa. O que é bem razoável, pois se fosse o cidadão forçado a sofrer o primeiro disparo para que pudesse, finalmente, efetuar o seu próprio, haveria enorme desvantagem à vítima.
Assim, a Legítima Defesa pode ser utilizada em situações em que a agressão é atual ou iminente, ou seja, ainda está por vir. Significa dizer que se o ataque do agressor é inequívoco e inexorável, a vítima já pode se defender.
Exemplo: Depois de receber diversas ameaças de morte de B, A encontra B em um beco escuro. B levanta a camiseta com a mão esquerda enquanto sua mão direita aproxima-se do cós de sua calça. Mesmo sem esperar B sacar sua arma, A já está autorizado pela Lei a iniciar sua defesa contra B.
4. A Direito seu ou de Outrem
De acordo com o Código Penal, não é apenas a vítima que pode “se beneficiar” da Excludente de Ilicitude de que tratamos. O texto da Lei também prevê que não existe crime quando se age em defesa de terceiros, legitimando, por exemplo, o pai que, em flagrante, mata o estuprador da filha para defende-la.
5. Justiça com as próprias mãos
A Legítima Defesa, conforme prevista na legislação em vigor no Brasil não autoriza ninguém a fazer justiça pelos próprios meios. Caso não haja agressão real ou iminente, ou seja, se a agressão já se consumou ou simplesmente não se sabe quando – e se – vai, de fato, ocorrer, a ação da vítima contra o agressor não estará amparada pela excludente.
Exemplo: Pai flagra estuprador imediatamente após consumar o ato com sua filha. O estuprador foge e é perseguido pelo pai que, ao alcançá-lo, agride-o a socos e pontapés até a morte.
Por mais compreensível que seja a atitude do pai desse exemplo, esta conduta, de acordo com a legislação em vigor, é criminosa e não estará amparada pela legítima defesa.
Do estado de necessidade
Conceito: Incluem-se no tipo penal justificado amparado no Ordenamento Jurídico Brasileiro, tipos permissivos da parte geral Código Penal. No estado de necessidade os quesitos são: tem que existir uma situação de perigo atual e iminente, pondo em conflito dois ou mais bens jurídicos, bem jurídico próprio ou alheio, trata-se de exclusão de ilicitude previsto no o art. 23, I, onde diz que “não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade”.
No artigo 24, conceitua como sendo: Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito quando ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Damásio de Jesus conceitua: Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de interesses protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem.
São requisitos:
Existência de um perigo atual ou iminente;
Bem jurídico próprio ou alheio (bem jurídico ameaçado);
Situação não provocada voluntariamente pelo agente;
Conhecimento da situação justificante;
Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado;
O conhecimento da situação de fato justificante;
Quanto ao bem sacrificado
Existem duas teorias adotadas quanto ao Estado de Necessidade à teoria unitária e a diferenciadora.
Teoria Unitária: Adotado pelo Código Penal, entende que o estado de necessidade é hipótese de exclusão da ilicitude quando o bem jurídico protegido é de valor maior ou igual ao bem jurídico sacrificado.. Para essa teoria, todo estado de necessidade é justificante, e não exculpante.
Teoria Diferenciadora: diferencia o estado de necessidade justificante trata-se do sacrifício de bem de menor valor em relação ao bem preservado, ou então, do sacrifício de bem de igual valor ao preservado (afasta a ilicitude) e o estado de necessidade exculpam-te remete-se a teoria da inexigibilidade da conduta diversa, ou seja, nas condições, não erarazoável exigir-se do agente outro comportamento. (Afasta a culpabilidade). O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora nos artigos 39 a 43.
Perigo atual ou iminente
O que profere no artigo 24, do CP, quando diz.. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual... Perigo atual é o momento presente; iminente que está prestes a acontecer trata-se de uma situação presente, sendo assim não se pode fazer o uso da exclusão o agente quando estiver sob ameaça mantida como incerta.
Quanto ao elemento subjetivo do agente:
Estado de necessidade real:é a própria tipificação legal, ou seja, quando efetivamente existe a situação de perigo que descreve o "caput" do artigo 24. Trata-se da teoria da equidade, 
Estado de necessidade putativo: verifica-se quando a situação de risco é imaginada por erro do agente. Localiza-se regulado pelo § 1º do artigo 20 do CP (Descriminantes putativas):
§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Duas situações:
Erro Escusável: isenção de pena;
Erro Inescusável: responde por crime culposo, caso houver previsão legal.
Situação não provocda voluntariamente pelo agente
De acordo com o artigo 24, Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Vontade e consciente a conduta dolosa do agente na provocação da situação de perigo, seja esse dolo direto ou eventual.
Bem jurídico próprio ou alheio (bem jurídico ameaçado)
A lei permite que o agente, agindo sob estado de necessidade, proteja bem jurídico próprio ou alheio. É o chamado estado de necessidade próprio ou alheio.
Estado de necessidade próprio:refere-se à espécie no qual o agente protege bem próprio.
Estado de necessidade de terceiro (alheio):verifica-se quando o agente protege bem de terceiro.
Quando a terceiro que sofre perigo:
AGRESSIVO – ocorre quando a conduta do agente sacrifica bens de um inocente, não provocador da situação de perigo.
DEFENSIVO – ocorre quando a conduta do agente dirige-se diretamente contra o produtor da
situação de perigo, a fim de eliminá-la.
Inexibilidade do sacrifício do bem ameaçado
O requisito proporcional entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico vem expresso no artigo 24, do CP, quando diz ... Cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Aqui transparece a necessidade da ponderação dos bens em conflito para se estabelecer uma relação de importância entre eles, é exemplo numa circunstância em que um ladrão invade uma residência e o proprietário defende seu bem jurídico ameaçado auferindo-lhe tiros.
Dever legal de enfrentar o perigo
De acordo com o § 1o do artigo 24, § 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Não pode alegar estado de necessidade o agente que tem o dever legal de enfrentar o perigo, são profissionais que possuem, em sua natureza, riscos que são previamente assumidos por aqueles que as ocupam, tais como policiais, bombeiros, salva-vidas, o guarda de penitenciária, dentre outros.
Lesão Corporal: conceito, fundamentos e modalidades.
Introdução
Lesão corporal consiste, em sua forma básica, numa modalidade de ofensa a um individuo. Sua mensuração, portanto, é o limítrofe entre a existência de um crime ou a tipologia deste. 
Relativo a Teoria do delito, bem estuda o direito penal que para a configuração de um crime é preciso estar presente um trinômio de fato típico, antijurídico e a culpabilidade, como explica Greco:
Embora o crime seja insuscetível de fragmentação, pois é um todo unitário, para efeitos de estudo faz-se necessário a analise de cada uma de sus características ou elementos fundamentais, isto é o fato típico, antijurídico e a culpabilidade. Podemos dizer que cada um desses elementos, na ordem em que foram apresentados, é um elemento logico e necessário a apreciação do elemento seguinte. (GREGO, 2011, p26)
O autor bem coloca as bases do estudo jurídico do delito, como inicio da mensuração do ato. Ao ponto de explanar sobre sua ordem, afirmando pertencer a um elo linear que define o direcionamento da ação e da linha de enquadramento no direito penal. 
Assim, sobre ação ou conduta o mesmo autor afirma que:
Compreende qualquer comportamento humano comissivo (positivo) ou omissivo (negativo), podendo ser ainda dolosa (quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado) ou culposa (quando o agente infringe seu dever de cuidado, atuando com negligencia, imprudência ou imperícia). (GRECO, 2011, p. 29)
Notadamente, o fulcro de analise de tais assertivas se justifica quando encontrada a raiz do delito. Desse modo, para qualquer circunstancia criminal observada é preciso inicialmente abordar tais critérios, sob pena de desconfiguração do ato como criminoso, ou tipificação diversa dentro da própria lei penal.
O presente estudo, prima pelo exame da lesão corporal, pesquisando seus conceitos e desdobramentos no universo jurídico. 
Conceito de Lesão Corporal 
O crime de lesão corporal é tratado no capitulo II, parte especial do código penal, e tipificado no caput do artigo 129 que diz o seguinte:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
O aludido capítulo segue nos artigos subsequentes dissertando sobre o tema em sua gravidade, resultado, casos de aumento, diminuição e substituição da pena, bem como sua modalidade culposa. 
Cezar Bitencourt, para discorrer sobre lesão corporal, faz um breve apanhado histórico, a saber:
O código criminal do império, influenciado pelo código francês de 1810, punia as perturbações a integridade física (art. 201), atribuindo ao crime o nomen iuris “ferimentos e outras ofensas físicas”. O código republicano de 1890, por sua vez, já utilizava a terminologia “lesões corporais” (art. 103) e punia a ofensa física com ou sem derramamento de sangue, incluindo no crime também a dor. 
Finalmente, o atual código penal excluiu a dor da definição de crime de lesões corporais, preferindo criminalizar a ofensa a integridade corporal ou a saúde de outrem. (BITENCOURT, 2012, p. 186)
Observa-se no fragmento a origem francesa do pensamento, bem como sua evolução ao longo do tempo, ao passo que buscava restringir o conceito do crime tornando cada vez mais especifica a ofensa cometida. Partindo do instituto de perturbações à integridade física, e findo em ofensa a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
Sob essa égide, o autor continua define lesão corporal como:
Lesão corporal consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem animus necandi, à integridade física ou à saúde de outrem. Ela abrange qualquer ofensa à normalidade funcional do organismo humano tanto do ponto de vista anatômico quanto do fisiológico ou psíquico. Na verdade é impossível uma perturbação mental sem um dano a saúde, ou um dano à saúde sem uma ofensa corpórea. O objeto da proteção legal é a integridade física e a saúde do ser humano. (BITENCOURT, 2012, p. 186)
Assim, o autor detalha explicadamente o fundamento da expressão tratada no art. 129 do código penal. Estabelecendo um nexo lógico entre a relação de saúde e integridade corporal, ainda que o agente não objetive o resultado, mas que restou de sua ação.
Fundamentos e modalidades da Lesão Corporal 
Embasados nos ensinamento de Nucci, temos:
... Lembramos que se trata de qualquer ofensa física voltadas a integridade à integridade ou a saúde do corpo humano, não se admitindo, neste tipo penal qualquer outra ofensa moral. Para sua configuração é preciso que a vitima sofra algum dano ao seu corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo ainda, abranger qualquer modificação prejudicial a saúde, transfigurando-sedeterminada função orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos comprometedores. (NUCCI, 2011, p. 663)
O autor faz menção aos desdobramentos do crime, suas modalidades e formas de aplicação, tal como preceitua os parágrafos do art. 129 do código penal. Com intento de indicar os limites do entendimento jurídico do tema, e em que o transbordo enseja aplicação de nova tipologia distinta, ou mesmo qualificada, a saber:
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
Nesse esteio, o autor assevera ser possível o cabimento da forma tentada do crime, e relata que a consumação deste é evidenciada através de laudo pericial, na forma do art. 158 do código de processo penal, por se tratar de infração penal que deixa vestígio real. Assim, segue qualificando suas espécies como:
Dolosa simples ou leve (caput); dolosa qualificada grave (§ 1º); dolosa qualificada gravíssima (§ 2º); dolosa seguida de morte (§ 3º); dolosa com causa de diminuição de pena (§ 4º); privilegiada (§ 5º); culposa (§ 6º); dolosa com causa de aumento de pena (§ 7º); dolosa qualificada especifica (§ 9º). (NUCCI, 2011, p. 664)
Paralelamente, Nucci comenta aspectos peculiares deste tipo de crime dizendo:
A autolesão não é punida no direito brasileiro, embora seja considerada ilícita, salvo se estiver vinculada a violação de outro bem ou interesse juridicamente protegido, como ocorre quando o agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilando-se. Nessa hipótese, aplica-se o disposto no art. 171, § 2º, V do código penal, tendo em vista a proteção ao patrimônio da empresa seguradora. Ouro ponto a observar é que a lesão culposa admite perdão judicial (§ 8º). (NUCCI, 2011, p. 664)
A importância da observação feita pelo autor reside no aspecto de não ser abraçado pela lei a forma de auto lesão corporal, e a possibilidade de em analise do ocorrido a identificação de outro ilícitos penais. O que corrobora com a imprescindibilidade do exame pericial, que quando executado na maneira e tempo corretos podem guinar o rumo da contenda para outra direção. 
O entendimento de Nucci é chancelado por Grecco, ao colocar como também enquadrado em lesão corporal o ato praticado pelo agente que resultou em agravamento de um quadro anterior, a saber:
Dessa forma, entende-se como delito de lesão corporal não somente aquelas situação de ofensa à integridade corporal ou à saúde da vitima criadas originalmente pelo agente, como também a agravação de uma situação já existente. (GRECCO, 2011, p. 293)
Da mesma forma, segundo os ensinamentos de Victor Gonçalves, no momento que ocorre a ofensa a integridade da vitima, acontece também a consumação de crime material. Logo, Gonçalves segue afirmando da relação entre consumação e o corpo de delito.
A comprovação da materialidade deste crime, que deixa vestígios, é feita pelo exame pericial, chamado de corpo de delito (direito ou indireto), em que se deve atestar a ocorrência da lesão, sua extensão e suas causas provável. Para o oferecimento de denuncia, todavia, basta a juntada de qualquer boletim médico ou prova equivalente (art. 77 § 1º da lei 9.099/95), sendo que posteriormente, deverá ser anexado o laudo definitivo do corpo de delito. 
Na ausência do exame pericial decorrente do desaparecimento das lesões, a prova testemunhal, desde que cabal, pode suprir-lhe a falta. As testemunhas nesse caso devem ser claras quanto a natureza e o local das lesões. (GONÇALVES, 2011, p. 175)
Assim o autor colocar de forma clara a conexão entre os fatos e a necessidade de provas que os consubstanciem. Revela a imprescindibilidade de uma prova cabal, mesmo quando admitido inicio da investigação por atestado e requerendo, ainda sim, o laudo pericial, ou mesmo quando da impossibilidade deste a necessária precisão de afirmativa das testemunhas do fato. 
Conclusão 
A base legal que fundamenta o conceito é clara e tácita em suas necessidades. O crime de lesão corporal por trata-se de modalidade de menor potencial ofensivo por vezes é abraçada por uma de maior gravidade. Entretanto, quando evidenciado isoladamente, requer características próprias. 
A evolução jurídica do conceito de lesão corporal parte de uma abstração normativa à uma precisão positivista, que acompanham não só a evolução da sociedade, mas das tecnologias produzidas por essa, ao passo de que considera imprescindível laudos, exames e provas para a correta tipificação do delito e tão logo a punição adequada. 
A funda dessa relação, lesão corporal e forma como foi praticado, é um limiar tênue, que assim como se prende a detalhes pode constituir ou desconstituir o delito conforme a atenção dos envolvidos na lide. Arrimo que justifica o grau de importância das provas e do laudo pericial. Uma vez que a autolesão não é punida pelo ordenamento pátrio, mas quando observada pode ensejar tipo de crime diverso daquele que principiou a contenda. 
ESPECIES DE LESÃO CORPORAL: 
LESÃO CORPORAL LEVE ART. 129 caput do CP: se caracteriza quando não estão presentes nenhumas das circunstâncias que tornam a lesão corporal grave ou gravíssima.
LESÃO CORPORAL DE MANEIRA GRAVE ART. 129 parágrafo 1º DO CP:
  Circunstancias que tornam a lesão grave:
Inciso 1: (significa que a lesão é grave sempre que o agente ficar por mais de 30 dias sem poder exercer qualquer ocupação que habitualmente exercia ainda que ligada ao trabalho, esporte ou lazer.).
Inciso 2: (neste inciso pode haver dolo ou culpa no resultado. Significa probabilidade concreto de morte, no entanto a lesão corporal seguida de perigo de vida é exclusivamente um crime preter doloso, dolo na lesão corporal éculpa no perigo de vida).
Inciso 3: (é o enfraquecimento duradouro de membros, sentidos e função. Este resultado pode ocorrer tanto com dolo, tanto com culpa).
Requisitos para a lesão corporal seguida de aceleração do parto:
O agente tem que saber que a mulher está gravida.
Há dolo na lesão.
O agente não quer e nem assume o risco da morte do feto.
O bebe nasce vivo mais antes do tempo.
É um crime preter doloso, dolo na lesão e culpa na aceleração de parto.
3. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA ART. 129 parágrafo 2º DO CP:
 São circunstancias que tornam a lesão corporal gravíssima: 
Inciso 1: Majoritariamente a doutrina entende que essa forma qualificada não deve leva em conta o trabalho especifico da vítima, mas a pessoa tem que ficar incapacitada para todo tipo de trabalho.
Obs.: Resultado com dolo ou com culpa.
Inciso 2: é aquela enfermidade que no estágio atual da medicina não tem cura.
Obs.: A transmissão intencional do vírus da aids era caracterizada como tentativa de homicídio, porque se entendia que mais que uma doença incurável a aids era uma doença letal. Hoje o posicionamento vem se modificando de forma que devesse verificar a intenção do agente, se era de matar tentativa de homicídio, se apenas transmitir a doença lesão seguida de enfermidade incurável. 
Inciso 3: A perda ou inutilização de membro, sentido ou função, esse resultado pode se dar por dolo ou por culpa.
Inciso 4: É o dano estético de certa monta que causa constrangimento da vítima. Ex: jogar ácido no rosto da vítima, resultado com dolo ou com culpa.
Inciso 5: Lesão corporal seguida de aborto. Requisitos: 1º ter ciência da gravidez da vítima, 2º dolo na lesão, 3º não pode nem querer assume o risco da morte do feto, 4º o ultimo feto morre.
4. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE ART. 129 parágrafo 3º DO CP:
É um crime preter doloso porque há dolo na lesão corporal e culpa na morte.
5. LESÃO CORPORAL CULPOSA ART. 129 parágrafo 6º DO CP:
 Se a lesão se der por negligencia, imprudência ou imperícia independentemente da gravidade da lesão o crime será o previsto no art. 129 parágrafo 6 do CP, lesão corporal culposa.
6. LESÃO CORPORAL DE SITUAÇÃO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR ART. 129 parágrafo 9º DO CP:
 OArt.129 parágrafo 9º do CPé a situação de violência doméstica, que independem do sexo da vítima ou do autor. 
 Se a lesão praticada em situação doméstica e for grave, gravíssima ou seguida de morte, o agente responde pelo Art. 129 parágrafo 1º do CP, parágrafo 2º ou parágrafo 3º com a pena aumentada em 1/3 conforme parágrafo 10.
AÇÃO PENAL NO CRIME DE LESÃO CORPORAL:
A lei 9099/95 no artigo 88 trouxe a necessidade de representação para os crimes de lesão corporal leve e culposa. A lesão grave, gravíssima e seguida de morte é pública incondicionada.
 A lei 11340/06 no artigo 41 (lei maria da penha), proibiu a aplicação da lei 9099/95, quando a mulher for vítima de violência doméstica, como foi essa lei que trouxe a necessidade de representação para a lesão leve se essa lei não pode ser usada a ação penal passou a ser pública incondicionada.
Ilicitude
I. Conceito: É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas. Na hipótese da atipicidade, encerra-se, desde logo, qualquer indagação acerca da ilicitude. Pode-se assim dizer que todo fato penalmente ilícito é, antes de mais nada, típico.
II. Caráter indiciário: Costuma-se dizer que todo fato típico, contém um caráter indiciário da ilicitude. Isso significa que, constatada a tipicidade de uma conduta, passa a incidir sobre ela uma presunção de que seja ilícita, afinal de contas no tipo penal somente estão descritas condutas indesejáveis. 
III. Análise por exclusão: A ilicitude aqui, passará a ser analisada a contrario sensu, ou seja, se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, etc.) o fato será considerado ilícito, passando a constituir crime. 
IV. Anti-juricidade e ilicitude[2]: A doutrina usa o termo “anti-juricidade” como sinônimo de ilicitude. Seu emprego, contudo é impróprio, pois não traduz com precisão o vocábulo alemão Rechtwidrigkeit[3]. Com efeito, o crime não pode ser, ao mesmo tempo, um fenômeno jurídico (provoca repercussões nessa esfera) e antijurídico. O conceito de anti-juridicidade é mais amplo, não ficando restrito ao direito penal, podendo ser de natureza civil, comercial, administrativa, tributária, etc. Se a conduta do agente ferir um tipo legal, estaremos diante de uma anti-juridicidade penal.
V. Diferença entre ilícito e injusto
a) O ilícito consiste na contrariedade entre o fato e lei. O ilícito, não possui grau, ou ela contraria a lei ou ela se ajusta. 
b) O injusto é a contrariedade do fato em relação ao sentimento social de justiça, ou seja, aquilo que o homem médio[4] tem por certo, justo. O injusto, ao contrário do ilícito, possui vários graus, depende da sua intensidade e da repulsa provocada pela conduta. Exemplo: O estupro é algo muito mais impactante do que porte de arma, e ambos ilícitos. 
VI. Espécies 
a) Ilicitude formal: É a simples contrariedade do fato ao ordenamento legal (ilícito), sem qualquer preocupação quando à efetiva perniciosidade[5] social da conduta. 
b) Ilicitude material: Contrariedade do fato em relação aos sentimentos comum de justiça (injusto). O comportamento afronta o que o homem médio tem por justo, correto. Trata-se de requisito da tipicidade, daí a impropriedade de ser denominada “ilicitude” material. A ilicitude é meramente formal, consistindo na análise da presença ou não das causas excludentes (legítima defesa, estado de necessidade etc.), sendo totalmente inadequado o termo “ilicitude material” (o que é material é a tipicidade, e não a ilicitude). 
c) Ilicitude subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de avaliar seu caráter criminoso, não bastando que objetivamente a conduta esteja descoberta por causa de justificação.
d) Ilicitude objetiva: independe da capacidade de avaliação do agente. O fato típico não esteja amparado por causa de exclusão.
VII. Causas de exclusão da ilicitude:A tipicidade é um indício da ilicitude. As causas que se excluem podem ser supralegais quando aplicadas analogicamente, ante a falta de previsão legal ou apenas legais quando previstas em lei.
a) Causas supralegais: 
b) Causas legais: Estado de necessidade / Legítima defesa / Estrito cumprimento do dever legal / exercício regular do direito.
) O que é culpabilidade? Resposta: a culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um crime, a culpabilidade deve estar necessariamente fora dele.
2) Quais os requisitos da culpabilidade de acordo com a teoria adotada pelo Código Penal? Resposta: o Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual são seus requisitos: a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa.
3) O que é imputabilidade? Resposta: é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
4) Quais as causas que excluem a imputabilidade? Resposta: são quatro: a) doença mental; b) desenvolvimento mental incompleto; e) desenvolvimento mental retardado; d) embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.
5) Quais os critérios de aferição da inimputabilidade? Resposta: são eles: a) sistema biológico: foi adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos, nos quais o desenvolvimento incompleto presume a incapacidade de entendimento e vontade (CP,art. 27); b) sistema psicológico; c) sistema biopsicológico: foi adotado como regra, conforme se verifica pela leitura do art. 26, caput, do Código Penal.
6) Quais os requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicológico? Resposta: são três: a) causal: existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que são as causas previstas em lei; b) cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa; c) conseqüencial: perda da capacidade de entender e querer.
PENAL

Continue navegando