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Poder familiar

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Poder familiar
VISÃO HISTÓRICA
A expressão "poder familiar" adotada pelo Código Civil corresponde ao antigo pátrio poder, termo que remonta ao direito romano: pater potestas-direito absoluto e ilimitado conferido ao chefe da organização familiar sobre a pessoa dos filhos. A conotação machista do vocábulo pátrio poder é flagrante, pois só menciona o poder do pai com relação aos filhos. Corno se trata de um termo que guarda resquícios ele urna sociedade patriarcal, o movimento feminista reagiu e o tratamento legal isonômico dos filhos impuseram a mudança. Daí: poder familiar.
O Código Civil ele 1916 assegurava o pátrio poder exclusivamente ao marido como cabeça elo casal, chefe da sociedade conjugal. Na falta ou impedimento do pai é que a chefia da sociedade conjugal passava à mulher, que assumia o exercício cio poder familiar com relação aos filhos.
A Constituição Federal (5.º 1) concedeu tratamento isonômico ao homem e à mulher. Ao assegurar-lhes iguais direitos e deveres referentes à sociedade conjugal (CF 226 § 5.0), outorgou a ambos o desempenho do poder familiar com relação aos filhos comuns.
CONCEITO
É um conjunto de direitos e obrigações que são atribuídos aos pais sem distinção (são iguais). Quem sofre com o poder familiar são os filhos menores de 18 anos.
Poder que é exercido pelos genitores, mas que serve ao interesse do filho.
O poder familiar nada mais é do que tentar enfeixar o que compreende o conjunto de faculdades encomendadas aos pais, corno instituição protetora da menoridade, com o fim ele lograr o pleno desenvolvimento e a formação integral dos filhos, seja física, mental, moral, espiritual ou socialmente.
CARACTERÍSTICAS
O poder familiar é:
Irrenunciável (não renuncia a paternidade ou maternidade);
Intransferível (a guarda, sustento e educação dos filhos);
Inalienável 
Imprescritível (não se sujeita a decadência, ou seja, não tem prazo para certo direito enquanto a pessoa for menor de 18 anos).
EXERCÍCIO 
Elenca o Código oito hipóteses de "competência" dos genitores quanto à pessoa dos filhos menores ( CC 1.634) : 
I - dirigir-lhes a criação e a educação;
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
III -conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município;
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Nesse extenso rol não consta o que talvez seja o mais importante dever dos pais com relação aos filhos: o dever de lhes dar amor, afeto e carinho. A missão constitucional dos pais, pautada nos deveres de assistir, criar e educar os filhos menores, não se limita a encargos de natureza patrimonial.
OBS: Numa manifestação de ultima vontade (testamento) se só um dos pais morreu, não é obrigado a ter tutor ou curador. Só vai ter se o outro (pai/mãe) perder o poder de família.
OBS: Quando um dos cônjuges não tem a guarda do filho, no dia de visita some com a criança. Isso é a subtração de incapaz. As consequências civis (busca e apreensão de menor/vai na vara de família contar o que aconteceu) e penal (vai na delegacia prestar queixa).
Art. 237 – ECA Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
        Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
EXTINÇÃO/SUSPENSÃO/PERDA
O poder familiar é um dever dos pais a ser exercido no interesse do filho. O Estado moderno sente-se legitimado a entrar no recesso da família, a fim de defender os menores que aí vivem.41 Assim, reserva-se o direito de fiscalizar o adimplemento de tal encargo, podendo suspender e até excluir o poder familiar. Quando um ou ambos os genitores deixam de cumprir com os deveres decorrentes do poder familiar, mantendo comportamento que possa prejudicar o filho, o Estado deve intervir. É prioritário o dever de preservar a integridade física e psíquica de crianças e adolescentes, nem que para isso tenha o Poder Público de afastá-los do convívio de seus pais.
A suspensão e a destituição do poder familiar constituem sanções aplicadas aos genitores por infração aos deveres que lhes são inerentes, ainda que não sirvam como pena ao pai faltoso. O intuito não é punitivo. Visa muito mais preservar o interesse dos filhos, afastando-os de influências nocivas. Em face das sequelas que a perda do poder familiar gera, deve somente ser decretada quando sua mantença coloca em perigo a segurança ou a dignidade do filho. Assim, havendo possibilidade de recomposição dos laços de afetividade, preferível somente a suspensão do poder familiar.
EXTINÇÃO
Não rompe o vínculo de parentesco. Porém, destituído o genitor do poder familiar, não dá para admitir que conserve o direito sucessório com relação ao filho. No entanto, o filho permanece com direito à herança do pai.
Extingue-se o poder familiar (CC 1.635): I-pela morte dos pais ou do filho: II -pela emancipação; lll -pela maioridade; IV -pela adoção do filho por terceiros: e V - em virtude de decisão judicial.
NATURAL São três situações: maioridade; morte dos pais ou dos filhos; emancipação (passou em concurso menor de 18 anos, casamento, formação em curso superior).
IMPOSIÇÃO JURÍDICA Pode ser por adoção ou por decisão judicial.
SUSPENSÃO
A suspensão elo poder familiar é medida menos grave, tanto que se sujeita a revisão. Superadas as causas que a provocaram, pode ser cancelada sempre que a convivência familiar atender ao interesse elos filhos. A suspensão é facultativa, podendo o juiz deixar de aplicá-la. Pode ser decretada com referência a um único filho e não a toda a prole. Também pode abranger apenas algumas prerrogativas do poder familiar. Por exemplo, em caso ele má gestão cios bens cios menores, é possível somente afastar o genitor da sua administração, permanecendo com os demais encargos.
	HIPÓTESES:
Abuso de autoridade: faltando os pais aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos. Os deveres elos genitores são de sustento, guarda e educação dos filhos, cabendo assegurar-lhes (CF 227): viela, saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, além de não poder submetê-los a discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Condenação do guardião, cuja pena exceda a dois anos de prisão: tal apenação não implica, necessariamente, em privação da liberdade em regime fechado ou semiaberto, porquanto a lei penal prevê o cumprimento da pena igual ou inferior a quatro anos em regime aberto (CP 33 § 2.º e), sem falar na possibilidade de substituição da pena por sanções restritivas de direitos.
PERDA
É uma sanção imposta por sentença judicial.
	HIPÓTESES:
	
I - castigo imoderado;
O castigo físico afronta um punhado de normas protetoras de crianças e adolescentes, que desfrutam do direito fundamental à inviolabilidade da pessoa humana, que também é oponível aos pais.
Ex.: amarrar o menino no pé da mesa.
II - abandono;
Ex.: Os pais que largaram a criança sozinha em casa sem comida, sem assistência e vai para a rua.
lll - prática de atos contrários à moral e aos bons costumes;
Tem que analisar o caso concreto.
Os pais que usam drogas, trazem prostitutas ou homens para o convívio familiar, bebidas.
IV - reiteração de falta aos deveres inerentes ao poder familiar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tanto a suspensão quanto a destituição do poder familiardependem de procedimento judicial. Tais ações podem ser propostas por um dos genitores frente ao outro. Também tem legitimidade o Ministério Público (ECA 201 III), que tanto pode dirigir a ação contra ambos ou contra somente um dos pais. Nessa hipótese não é necessária a nomeação de curador especial.
A administração dos bens dos filhos cabe aos pais o usufruto. A malversação culmina a perda do poder familiar.

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