Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Campo magne´tico e forc¸a magne´tica sobre condutores de corrente Jhionathan de Lima Joa˜o Vitor Parada Poletto Marcelo Prado Cionek Universidade Federal do Parana´ - UFPR, Curitiba - PR, Brasil Disciplina: Laborato´rio de F´ısica Ba´sica III - Professor: Guilherme Abreu 30 de Abril de 2019 Ana´lise qualitativa da forc¸a magne´tica e do campo magne´tico sobre um condutor Montamos a configurac¸a˜o mostrada na Figura 1, fize- mos algumas alterac¸o˜es na polaridade do ı´ma e no valor e sentido da corrente que percorria o condutor, e enta˜o avaliamos o que acontecia com o condutor em forma de “U”. Figura 1: Montagem experimental para o condutor per- corrido por uma corrente. Para a primeira configurac¸a˜o sabemos que o sentido da corrente no circuito e´ da direita para a esquerda (sentido convencional), observando que a forc¸a magne´tica no con- dutor era para fora do plano do papel e utilizando a regra da ma˜o direita, pudemos concluir que o campo magne´tico no ı´ma˜ estava dirigido de cima para baixo, pela convenc¸a˜o adotada o po´lo norte do ı´ma˜ e´ o de cima e o sul o de baixo. O esquema dessa situac¸a˜o esta´ representado na Figura 2. Figura 2: Esquema representando a forc¸a no condutor per- corrido por uma corrente e imerso num campo magne´tico. Invertendo a polaridade dos fios (ou seja, o sentido da corrente) pudemos observar que a forc¸a magne´tica sobre o condutor inverteu de sentido tambe´m. O mesmo se ob- servou ao inverter a posic¸a˜o do ı´ma˜ (ou seja, o sentido das linhas do campo magne´tico). Ale´m disso, a` medida que aumenta´vamos a corrente no condutor a forc¸a magne´tica aumentava. Atrave´s da ana´lise qualitativa desse experi- mento percebemos que a forc¸a magne´tica sobre o condutor depende do sentido da corrente ele´trica no mesmo e do sen- tido do campo magne´tico no qual o condutor se encontra imerso, e tambe´m que a forc¸a e´ diretamente proporcional ao valor da corrente no condutor. Ana´lise quantitativa da forc¸a magne´tica e do campo magne´tico sobre um condutor Nesta parte utilizamos quatro condutores de compri- mento diferentes e fizemos circular em cada um deles uma corrente ele´trica, enta˜o medimos a forc¸a magne´tica que atuava sobre o condutor para determinado valor de cor- rente. Para medir a forc¸a fizemos uso de uma balanc¸a de brac¸os. Esse equipamento em geral e´ chamado de balanc¸a de corrente, e e´ mostrado na Figura 3. Figura 3: Esquema experimental de uma balanc¸a de cor- rente. Sem corrrente a balanc¸a equilibra o peso do condutor, o qual chamaremos de P0. Apo´s uma corrente I percorrer o condutor surge uma forc¸a magne´tica no mesmo, agora a nova leitura da balanc¸a indica a soma da forc¸a magne´tica sobre o condutor com o peso do mesmo. Dessa forma, es- tando o condutor em equil´ıbrio dinaˆmico, temos a seguinte relac¸a˜o: Pi = Fm + P0 ⇒ Fm = Pi − P0 (1) Onde Pi e´ a nova indicac¸a˜o da balanc¸a (multiplicada pelo valor da gravidade g), P0 e´ o peso do condutor e Fm e´ a forc¸a magne´tica sobre o condutor, que e´ dada pela equac¸a˜o: ~Fm = I~l × ~B ⇒ Fm = IlB sin θ (2) Onde I e´ a corrente no condutor, l o comprimento, B o mo´dulo do campo magne´tico no qual o condutor esta´ imerso e θ e´ o aˆngulo entre o elemento de corrente I~l e as linhas de campo magne´tico ~B. 1 Anotando os valores indicados na balanc¸a para cada corrente I e multiplicando esse valor pelo valor da gravi- dade local g calculamos o valor da forc¸a peso Pi. O va- lor da forc¸a P0 corresponde ao peso do condutor, quando I = 0, e foi determinado multiplicando-se o valor da lei- tura da balanc¸a quando o circuito esta´ aberto, pelo valor da gravidade local g. Os valores de massa indicados na balanc¸a, para cada corrente I, sa˜o mostrados na Tabela 1. I (A) Condutor 1 Condutor 2 Condutor 3 Condutor 4 12, 5mm 25, 0mm 50, 0mm 100, 0mm m1 (kg) m2 (kg) m3 (kg) m4 (kg) 0 0, 289126 0, 290398 0, 33846 0, 35431 1, 0 0, 289322 0, 290790 0, 33904 0, 35529 1, 5 0, 289419 0, 290985 0, 33934 0, 35578 2, 0 0, 289615 0, 291181 0, 33973 0, 35627 2, 5 0, 289811 0, 291377 0, 34002 0, 35676 3, 0 0, 289909 0, 291573 0, 34022 0, 35715 Tabela 1: Dados experimentais de leituiras na balanc¸a. Utilizando a equac¸a˜o (1) e as relac¸o˜es entre Pi e P0 determinamos o mo´dulo da forc¸a magne´tica Fm em cada condutor para cada valor de corrente. Estes valores sa˜o mostrados na Tabela 2. Na˜o vamos nos preocupar no sen- tido e direc¸a˜o da forc¸a, ja´ que como a parte qualitativa mostrou eles saem facilmente pela regra da ma˜o direita. I (A) Condutor 1 Condutor 2 Condutor 3 Condutor 4 12, 5mm 25, 0mm 50, 0mm 100, 0mm Fm1 (N) Fm2 (N) Fm3 (N) Fm4 (N) 1, 0 0, 000196 0, 000392 0, 000587 0, 000979 1, 5 0, 000294 0, 000587 0, 000881 0, 001468 2, 0 0, 000489 0, 000783 0, 001272 0, 001958 2, 5 0, 000685 0, 000979 0, 001566 0, 002447 3, 0 0, 000783 0, 001175 0, 001762 0, 002838 Tabela 2: Mo´dulo da forc¸a magne´tica Fm para cada con- dutor e valor de corrente. Com os dados da Tabela 2 plotamos um gra´fico da forc¸a magne´tica Fm em func¸a˜o da corrente I para cada condutor. O gra´fico obtido e´ mostrado na Figura 4. Figura 4: Gra´fico da intensidade da forc¸a magne´tica em func¸a˜o da corrente, para cada condutor. As equac¸o˜es das retas ajustadas sa˜o dadas por: Fm1 = 0, 000313I − 0, 0001361 (Condutor de 12, 5mm) Fm2 = 0, 000391I − 0, 0003251 (Condutor de 25, 0mm) Fm3 = 0, 000607I − 0, 0000004 (Condutor de 50, 0mm) Fm4 = 0, 000939I + 0, 0000529 (Condutor de 100, 0mm) Utilizando a equac¸a˜o (2) para a intensidade da forc¸a magne´tica, e sabendo que o elemento de corrente L~l e o campo magne´tico ~B sa˜o sempre ortogonais, o mo´dulo da forc¸a magne´tica no condutor sera´ dada por Fm = IlB. Portanto, quando a corrente e´ nula a forc¸a magne´tica no condutor sera´ nula, de tal forma que vamos desprezar os valores dos coeficientes lineares das retas ajustadas. Ja´ os coeficientes angulares das retas da forc¸a magne´tica em func¸a˜o da corrente fornecem o produto (lB) do compri- mento do condutor pelo valor do campo magne´tico. Com os valores das inclinac¸o˜es das retas plotamos um gra´fico dos coeficientes angulares em func¸a˜o do comprimento dos condutores, tal gra´fico e´ mostrado na Figura 5. Figura 5: Gra´fico dos coeficientes angulares de Fm(i) em func¸a˜o do comprimento dos condutores. A equac¸a˜o da reta ajustada aos pontos experimentais e´ da forma: y = 0, 00723l + 0, 000223 O coeficiente angular dessa equac¸a˜o tem dimensa˜o de tesla e portanto representa o valor do campo magne´tico do ı´ma˜ permanente. Ja´ o valor do coeficiente linear teorica- mente deveria ser nulo (uma vez que na˜o ha´ como a forc¸a magne´tica atuar num condutor de comprimento zero), e portanto na˜o vamos considera´-lo para nossa ana´lise. Atrave´s da equac¸a˜o ajustada obtivemos que o mo´dulo do campo magne´tico vale B = 7, 23× 10−3 T . Da mesma forma que estudamos como a corrente se relaciona com a forc¸a magne´tica, analisamos como o com- primento do condutor influi para a intensidade da forc¸a. Para isso observamos as forc¸as magne´ticas nos condutores para os casos em qua a corrente era de 2A e 3A, pega- mos esses valores e plotamos um gra´fico da intensidade da forc¸a em func¸a˜o do comprimento dos condutores, o gra´fico obtido e´ mostrado na Figura 6. 2 Figura 6: Gra´fico do mo´dulo da forc¸a magne´tica em func¸a˜o do comprimento dos condutores para os casos em que I = 2A e I = 3A. As equac¸o˜es das retas ajustadas aos pontos exerimen- tais sa˜o: Fm(2A) = 0, 0119l + 0, 000473 Fm(3A) = 0, 0230l + 0, 000562 Onde o coeficiente angular de cada reta representa o produto IB e o coeficiente linear deveria ser nulo, como ja´ discutido no gra´fico da Figura 4. Com os valores obtidos para o mo´dulo do campo magne´tico (B = 7, 23× 10−3 T ) e as respectivas correntes, chegamos aos resultados:I = 2A→ IB = (2A) · (7, 23× 10−3 T ) = 0, 01446A · T I = 3A→ IB = (3A) · (7, 23× 10−3 T ) = 0, 02169A · T Comparando com os coeficientes angulares das retas do gra´fico da Figura 6 vemos que os valores sa˜o pro´ximos, cosiderando a imprecisa˜o dos intrumentos e erros na coleta de dados. Conclusa˜o Com este experimento pudemos entender como a forc¸a magne´tica num condutor depende da corrente que o atra- vessa e do campo ao qual ele esta´ imerso. Pela ana´lise qua- litativa conclu´ımos que a forc¸a magne´tica depende do sen- tido e direc¸a˜o tanto da corrente como do campo magne´tico, e que invertendo um ou outro a forc¸a inverte de sentido tambe´m. Tambe´m percebemos que a forc¸a magne´tica e´ diretamente proporcional ao valor da corrente, pois a` me- dida que aumenta´vamos I v´ıamos que o fio se deslocava para os lados com uma forc¸a de intensidade maior. A ana´lise quantitativa comprovou esse resultado mostrando que de fato a relac¸a˜o entre a forc¸a magne´tica e a cor- rente que atravessa um condutor e´ linear (gra´fico da Fi- gura 4). O mesmo se percebeu para o comprimento do condutor, a` medida que este aumentava a intesidade da forc¸a magne´tica crescia, de tal forma que a forc¸a e o com- primento fossem grandezas diretamentes proporcionais, o que ficou evidente com o gra´fico da Figura 6. Quando vari- amos a corrente percebemos que havia uma valor ma´ximo para a forc¸a magne´tica, e que atingido esse valor na˜o im- portava se a corrente fosse maior, a forc¸a na˜o mudava, isso aconteceu quando o condutor se deslocou ate´ a borda do ı´ma˜, pois se aumenta´ssemos a corrente a forc¸a na˜o aumen- taria mais porque o condutor ultrapassaria a regia˜o onde ha´ o campo magne´tico do ı´ma˜, e assim a forc¸a magne´tica seria nula (pois B = 0 fora da regia˜o do ı´ma˜). Assim, pudemos comprovar que a forc¸a magne´tica e´ diretamente proporcional ao valor da corrente no condutor e ao compri- mento do mesmo. Ta´mbe´m pudemos calcular o valor do campo magne´tico do ı´ma˜, que deu um valor constante, o que era esperado ja´ que se trata de um ı´ma˜ permanente, e se tive´ssemos o valor fornecido pelo fabricante poder´ıamos comparar com o valor que encontramos. T´ıvemos dificul- dade na leitura dos dados para a parte quantitativa, uma vez que a variac¸a˜o de peso na balanc¸a (que corresponde a` forc¸a magne´tica no condutor) era muito pequena, na casa da imprecisa˜o do instrumento. A coleta de dados foi mais confiante para o caso do condutor de 100mm, o que deu a entender que se usa´ssemos condutores de comprimento maior obter´ıamos dados mais precisos. Tambe´m conside- ramos que o aˆngulo entre o elemento de corrente e as linhas do campo magne´tico do ı´ma˜ era de 90◦, pore´m na˜o utiliza- mos nenhum instrumento para fazer a confirmac¸a˜o e possi- velmente esses vetores na˜o fossem exatamente ortogonais, o que pode ter influenciado, por mais que minimamente, nos resultados. Ademais, podemos afirmar que ha´ uma dependeˆncia entre intensidade da forc¸a magne´tica sobre um condutor, intensidade da corrente no mesmo, comprimento do con- dutor e campo magne´tico no qual este esta´ imerso, e que tal dependeˆncia e´ a mais simples poss´ıvel, linear. Tambe´m pudemos confirmar a mnemoˆnica regra da ma˜o direita, utilizada para determinar o sentido das linhas de campo magne´tico, conhecendo o sentido e a direc¸a˜o do elemento de corrente e da forc¸a, ou vice-versa. Assim, confirma- mos que a forc¸a magne´tica sobre um condutor imerso num campo magne´tico e sujeito a` uma corrente e´ dada, em mo´dulo, pela equac¸a˜o (2), e sua direc¸a˜o e sentido sa˜o fa- cilmente obtidos pela regra da ma˜o direita. Refereˆncias [1] Ivo A. Hu¨mmelgen Apostila de F´ısica Experimental III-UFPR - 2019 [2] Nussenzveig, Herch Moyse´s Curso de F´ısica Ba´sica - vol. 3 - 4a edic¸a˜o - Sa˜o Paulo: Blucher - 2002 [3] F. Sears, M. W. Zemansky, H. D. Young F´ısica - vol. 3 - 14a edic¸a˜o - Sa˜o Paulo: Pearson Education do Brasil - 2016 3
Compartilhar