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TRABALHO DIREITOS HUMANOS-DIREITOS MAIS VIOLADOS NO AMAPÁ

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1 
 
 
FACULDADE BRASIL NORTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS MAIS VIOLADOS NO AMAPÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ-AP 
2018 
2 
 
FACULDADE BRASIL NORTE 
 
 
ANDERSON VIEIRA DUARTE SOUTO 
ANDRÉ GUSTAVO BERREDO FERNANDES 
ÂNGELO SILVIO FERREIRA DOS SANTOS 
ANTÔNIO MARCOS VIEIRA DE OLIVEIRA JUNIOR 
ELAINE MORAIS CONCEIÇÃO 
GLEYCE KELLY MARTINS 
HIAGO FABIANO SENA RAMOS 
JURACY BARROS PEREIRA 
LUIDY SANTOS DA SILVA 
QUEMUEL DE MORAES SILVA 
RAUL LUCAS FERNANDES SOUSA 
SHAYENNE MACIEL COSTA 
THIAGO MARTINS GOMES 
WELLINGTON RANGEL CHAGAS 
 
 
DIREITOS HUMANOS MAIS VIOLADOS NO AMAPÁ 
 
 
 
Trabalho apresentado à Faculdade Brasil Norte, 
no curso de Direito, como requisito avaliativo da 
disciplina de Direitos Humanos, ministrada pelo 
Professor Doutor Pablo Cristiano. 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ-AP 
2018 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A verdade é que o direito é uma orquestra sem 
maestro, cujos músicos tentam a todo momento 
manter a harmonia no ritmo constante das 
problemáticas sociais. 
Henrique Araújo 
4 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 
2 DIREITOS HUMANOS ............................................................................................. 6 
3 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 7 
3.1 Direitos humanos no Brasil ................................................................................ 7 
3.2 Direitos humanos no Amapá .............................................................................. 8 
3.2.1 Negligência .................................................................................................. 9 
3.2.2 Violência física ........................................................................................... 10 
3.2.3 Violência psicológica .................................................................................. 12 
3.3. Perfil das vitimas ............................................................................................. 13 
3.3.1 Sexo ........................................................................................................... 13 
3.3.2 Identidade de gênero ................................................................................. 13 
3.3.3 Faixa etária ................................................................................................ 14 
3.3.4 Cor/Raça .................................................................................................... 14 
3.4. Principais agressores e ambientes mais frequentes. ...................................... 15 
3.4.1 Suspeitos ................................................................................................... 15 
3.4.2 Ambiente .................................................................................................... 16 
4. PESQUISA DE CAMPO........................................................................................ 17 
4.1 Entrevistas ....................................................................................................... 17 
4.2 Pesquisa de dados locais ................................................................................ 23 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 25 
Referências .............................................................................................................. 26 
Entrevista ................................................................................................................. 27 
Pesquisa sobre Plágio ............................................................................................ 29 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho apresenta pesquisas e análises de dados que dizem 
respeito às violações de direitos humanos (DH) no Amapá; além de, como e por quais 
meios, órgãos ou entidades, as políticas públicas de promoção e proteção a esses 
direitos são implementadas; e ainda, até onde os dados divulgados representam a 
realidade do estado. 
Buscando a elucidação do tema proposto, o trabalho discute o conceito de 
direitos humanos para além do senso comum, haja vista ser um tema de muitos 
debates, e não sendo em mesma escala conhecido por muitos, até mesmo dosa que 
se lançam à discussão. Para tanto, pesquisou-se junto à Organização das Nações 
Unidas (ONU), qual o conceito de direitos humanos, os eventos históricos que 
ensejaram a preocupação internacional com estes direitos e a declaração universal 
dos direitos humanos. Através dessas informações, explicar de que maneira as 
nações incorporam tais direitos em seus ordenamentos jurídicos. 
A nível nacional, busca-se explicitar quais os órgãos/ entidades são promotoras 
e protetoras dos DH, como se dá a relação entre esses órgãos/entidades, bem como, 
analisar os direitos mais violados, grupos mais vulneráveis, os perfis das vítimas mais 
frequentes; além do ambiente e dos principais violadores desses direitos, e a atuação 
e os relatórios emitidos pelos órgãos/entidades responsáveis. 
De posse dos relatórios emitidos a nível nacional, feita análise dos mesmos e 
constatados os grupos com maior número de denúncias no Estado, a pesquisa passou 
a focar no grupo que lidera o ranking de denúncias, no caso, Crianças e Adolescentes 
(ECA), e buscou-se, junto aos órgãos e entidades locais, se há um banco de dados 
mantido e alimentado por eles, suas relações com os órgãos/entidades nacionais, 
bem como, esclarecimentos de como interagem os órgãos/entidades estaduais, para 
a promoção e proteção desse grupo que sofre tantas violações no Estado do Amapá. 
Diante dos dados levantados, aplicou-se ainda uma pesquisa junto a agentes 
que atuam diretamente com o público que mais sofre violações no Estado, entre eles, 
conselheiros tutelares, promotores, delegados especializados no atendimento de 
crianças e adolescentes, e que, em produtivas conversas, ajudaram a confrontar os 
dados e relatórios emitidos por órgãos oficiais, e que deram corpo a uma análise 
detalhada entre os dados e a realidade por eles vivenciada. 
 
6 
 
2 DIREITOS HUMANOS 
 
 Direitos humanos é um tema que tem sido largamente debatido, inobstante, 
nota-se, por parte daqueles que se propõem à discussão, que muito do que se fala 
não passa de senso comum ou de opiniões sabidamente tendenciosas, que intentam 
inviabilizar um assunto de importância e interesse de todos. Imbuídos pelo propósito 
de conhecer mais e trazer esclarecimentos sobre um dos, ou até, o mais importante 
ramo do Direito, do qual emanam todos os outros, buscou-se o conceito do que vem 
a ser Direitos Humanos para além do senso comum, bem como o contexto histórico 
no qual surgem as preocupações com os mesmos. 
 Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “os direitos humanos são 
direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, 
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outro status” logo, não se trata de 
conjuntos de normas criadas para privilegiar um determinado grupo em detrimento de 
outros, menos ainda para “proteger criminosos” como comumente se ouve por aí. 
Antes, trata-se de reconhecimento de direitos e valores universais que buscam 
proporcionar o mínimo para uma vida humana digna. 
 Ao longo dos tempos, o ser humano vem sendo desrespeitado e tendo suas 
necessidades mais básicas inobservadas,o resultado disso foram grandes horrores 
que mancharam as páginas da nossa história. Após a segunda guerra mundial, e um 
cenário de mortes, e violações de direitos, em massa, promovidos por governos 
totalitários e sem respeito pelo ser humano, as nações passaram a buscar meios de 
impedir que tais situações voltassem a acontecer. Nesse contexto foi criada em 1945 
a ONU, organização imprescindível para que, logo em seguida, em 1948, fosse 
aprovada a declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), documento que 
marca o início da conscientização e preocupação mundial com a garantia de direitos 
e liberdades fundamentais do ser humano. Tendo no seu texto um modelo ideal que 
deve ser buscado por todas as nações, modelo este onde se apregoa que todos os 
homens nascem livres e devem ter igualdade em dignidade e em direitos. 
A DUDH tem sido adotada pelas nações e tem inspirado muitas outras 
instituições que trabalham para a promoção dos DH, como por exemplo: Anistia 
Internacional, Serviço de Paz e Justiça na América Latina, Gabinete de Instituições 
Democráticas e Direitos Humanos da Organização para a Segurança e Cooperação 
na Europa. 
7 
 
3 DESENVOLVIMENTO 
3.1 Direitos humanos no Brasil 
O Brasil garante os direitos humanos assegurando-os como direitos 
fundamentais em sua constituição de 1988. Atualmente o Ministério dos Direitos 
Humanos (MDH) é responsável pela articulação entre setores e ministérios para a 
promoção de políticas de proteção e garantia dos Direitos Humanos. Essa articulação 
se dá principalmente por meio de levantamento e apuração das denúncias recebidas 
pelo MDH, por meio do seu sistema SONDHA, este é um sistema que dispõe de 
canais, como o disque 100, ou pelo site, em sua versão online, acessível pelo 
endereço eletrônico www.humaniza.redes.gov. br. 
As denúncias recebidas são encaminhadas em até 72 horas, para os órgãos e 
as entidades com competência legal para adotar medidas protetivas e para investigar 
as situações de violações relatadas. Segundo o relatório do MDH, em 2017, foram 
recebidas 142.665 (390 por dia) denúncias no Brasil. É importante destacar que esses 
números não retratam todas as violações que ocorrem no território nacional, mas 
apenas as que chegam ao conhecimento do Ministério. 
Destacam-se, dentre os grupos mais vulneráveis, segundo o MDH (Relatório - 
Balanço anual Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, 2018) as crianças e os 
adolescentes, que sozinhos representam 58% das denúncias e que teve um aumento 
de 10% em relação a 2016. Em seguida vem os grupos de pessoas idosas com 23% 
e pessoas com deficiências 8%, que são vítimas principalmente de negligência, 
violência física, psicológica e abuso financeiro. 
 
Gráfico 1Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque100-Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
82139
130033
124079
91344
80473 76171
84049
8219
23524
38976
27184 32238
32632 33133
2979
8354 11391 8611 9656 9011 11682
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRUPOS COM MAIOR NÚMERO DE DENÚNCIAS 2011-2017
ECA IDOSOS DEFICIENTES
8 
 
3.2 Direitos humanos no Amapá 
 
No comparativo de denúncias registradas por unidade federativa (UF) para 
cada 100 mil habitantes, o Amapá é o 27° colocado com 245 denúncias, um aumento 
de 16% em relação ao ano de 2016, onde foram feitas 211 denúncias. No Estado os 
grupos mais vulneráveis também seguem a proporção nacional, sendo o primeiro 
grupo as crianças e adolescentes com 171 denúncias em 2017, logo após os grupos 
de pessoas idosas com 45, e pessoas com deficiência com 20, que também são 
vítimas principalmente de negligência, violência física, psicológica e abuso financeiro, 
de acordo com o relatório emitido pelo MDH. 
 
Gráfico 2 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque100-Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
 
Como constatado no gráfico, as crianças e adolescentes lideram isoladamente 
com o maior número de denúncias, motivo que justifica uma análise mais atenta desse 
grupo. Verifica-se no relatório que trata especificamente das violações ao ECA no 
Amapá, que as principais denúncias são de negligências representado 21%, seguido 
por violência física com 20% e violência psicológica com 18% em 2017. Para melhor 
entendimento, se faz necessário trazer esclarecimento sobre tais violações; conceitos, 
suas tipificações penais bem como quais as possíveis sanções cabíveis, como 
veremos a seguir 
 
180
381
367
209
138 150
171
8
57 57
31 34 42
45
7
20 25 12 14 13 200
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRUPOS COM MAIOR NÚMERO DE DENÚNCIAS NO 
AMAPÁ 2011-2017
ECA IDOSOS DEFICIENTES
9 
 
3.2.1 Negligência 
A negligência, que é a violação mais denunciada, segundo o MDH (Relatório - 
Balanço anual Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, 2018), é subdividida em: 
abandono, autonegligência, negligência em alimentação, negligência em amparo e 
responsabilização, negligência em limpeza/higiene, medicamentos/assistência à 
saúde e outros. A seguir, o gráfico demonstra o percentual dentro dessas 
especificações: 
 
Gráfico 3 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100-Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
Quando pesquisada no dicionário, a negligência significa: falta de cuidado, de 
interesse; em que há descuido, displicência, indolência. Não há a tipificação no código 
penal, ou até mesmo no estatuto da criança e do adolescente (ECA), do que vem a 
ser a conduta negligência, por esse motivo cada situação é analisada pela justiça 
individualmente. 
Segundo Júlio Fabbrini (MIRABETE, 2005), “a negligência decorre da omissão, 
quando o sujeito causador do dano deixa de observar o dever de cuidado” se há dever 
de cuidado, surge a pergunta: a quem compete essa obrigação que, quando não 
observada, pode ser considerada violação de direitos de crianças e adolescentes por 
negligência? O ECA (BRASIL, 1990) responde: 
 
 Art. 4°- É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e 
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos 
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar 
Abandono
10%
Autonegligência
0%
Em alimentação
18%
Em amparo e 
responsabilização
43%
Limpeza/higiene
14%
medicamentos/assistê
ncia em saúde
10% outros
5%
Negligência
Abandono
Autonegligência
Em alimentação
Em amparo e
responsabilização
10 
 
 Como explícito no ECA, “é dever dos pais, da comunidade, da sociedade em 
geral e do Estado”. Logo, a estes podem ser imputadas às violações, bem como suas 
possíveis sanções, dentro do limite de suas responsabilidades negligenciadas. 
 As sanções para violações por negligência vão desde multas por 
inobservâncias às obrigações básicas, podendo ser enquadrados pelo Código Penal 
(BRASIL, 1940) quando atingem um nível mais danoso, como abandono ou maus 
tratos. Como pode-se observar no código penal; 
Abandono de incapaz: 
“Art.133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono. Pena: detenção de 6 meses a 3 anos” 
Maus-tratos: 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua 
autoridade, ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou 
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, 
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando 
de meios de correção ou disciplina. Pena –detenção, de 2 meses a 1 
ano, ou multa. 
 
3.2.2 Violência física 
No Amapá, a segunda maior violação a direito de Crianças e adolescentes é a 
violência física, que se divide em: autoagressão, cárcere privado, chacina/massacre, 
homicídio, latrocínio, lesão corporal, maus-tratos, sequestros, tentativa de homicídio 
e outros. No gráfico a seguir, pode-se observar como se dividem as agressões dentro 
dessa delimitação sobre violência física. 
 
 Gráfico 4-Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 200- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
Autoagressão
0%
Cárcere 
privado
0%
Chacina/masssacre
0%
Homicídio
0%
Latrocínio
0%
Lesão corporal
46%
Maus-tratos
54%
Violência fisíca
Autoagressão
Cárcere privado
Chacina/masssacre
Homicídio
Latrocínio
Lesão corporal
11 
 
Como pode-se observar, maus tratos e lesão corporal são as únicas denúncias 
registradas de violência física no Amapá. No entanto, se faz necessário esclarecer 
que isso não implica em dizer que não houve nenhuma outra violação por agressão 
física, mas que apenas essas chegaram ao conhecimento do MDH. 
O ECA (BRASIL, 1990) é enfático em dizer que as crianças têm direito a uma 
educação sem agressões físicas por parte de pais, familiares e agentes públicos. 
 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel ou 
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou 
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família 
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de 
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de 
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protege-los. 
 
 E após a tipificação das condutas, no seu artigo 18-B o ECA propõe as medidas 
aplicáveis, que vão desde encaminhamento à programa oficial ou comunitário de 
proteção à família, a atendimento psicológico, programas de orientação até uma 
advertência, sem prejuízo de outras providências legais. 
Como explicado anteriormente, maus tratos e lesões corporais podem 
acontecer tanto por uma conduta omissiva, onde por negligência, o suspeito acaba 
deixando que um direito que tem o fim de garantir a integridade física e psicológica da 
vítima, seja violado; e também podem ocorrer por uma conduta ativa, que no caso 
pode se caracterizar violência física, por parte do agressor em desfavor da vítima em 
questão, no caso, criança ou adolescente. 
Uma vez mais, trata-se de crime tipificado no CP (BRASIL, 1940), onde as 
condutas são positivadas e como: 
 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua 
autoridade, ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou 
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, 
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando 
de meios de correção ou disciplina. Pena – detenção, de 2 meses a 1 
ano, ou multa. 
 
 
Com o agravante de lesão corporal mencionado no § 1° do mesmo artigo e que diz: 
“Se do fato resulta lesão corporal grave: pena- reclusão, de um a quatro anos”. 
 
 
 
12 
 
3.2.3 Violência psicológica 
 
 Em terceiro no número de denúncias, está a violência psicológica que, segundo 
o conselho nacional de justiça (CNJ) é definido como se segue abaixo: 
 
Violência psicológica é a prática de agressões verbais, chantagens, 
regras excessivas, ameaças (inclusive de morte), humilhações, 
desvalorização, estigmatizarão, desqualificação, rejeição, isolamento, 
exigência de comportamentos éticos inadequados ou acima das 
capacidades. 
 
E no relatório do MDH se divide em ameaça, calúnia/injúria/difamação, 
destruição de bens, hostilização, humilhação, infantilização, perseguição, subtração 
de incapaz e outros. No gráfico a seguir podemos observar como se distribuem as 
denúncias dentro dessas subdivisões.
 
 Gráfico 5 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
No gráfico é possível notar que hostilização com 43%, humilhação com 35% e 
ameaça 12% das denúncias lideram o como as violações mais frequentes, e para tais, 
atos, as sanções cabíveis são as previstas pelo ECA, no artigo 18-A, como já 
mencionado, que vão desde encaminhamento a programa oficial ou comunitário de 
proteção à família, à atendimento psicológico, programas de orientação até uma 
advertência, sem prejuízo de outras providências legais. 
 
 
 
Ameaça
12%
Calúnia/injúria/difamaç
ão
2%
Chantagem
1%
Destruíção de bens
0%
Hostilização
43%
Humilhação
35%
Infantilização
0% Perseguição
1%
Subtração de incapaz
0%
outros
6%
Violência psicológica
Ameaça
Calúnia/injúria/difamação
Chantagem
Destruíção de bens
Hostilização
Humilhação
Infantilização
Perseguição
Subtração de incapaz
outros
13 
 
3.3. Perfil das vitimas 
 
 O relatório emitido pelo MDH traz o perfil das vítimas, ambiente e principais 
agressores, os dados planificados foram adaptados para os gráficos a seguir, para fim 
de melhor visualização da realidade no Estado do Amapá. 
 
3.3.1 Sexo 
Nota-se que o sexo feminino lidera o ranking com 49% das denúncias, mas não 
há uma distância tão grande a ponto de se descuidar do sexo masculino que também 
teve um número considerável de denúncias 37%; e os casos onde não foram 
informados representam um percentual de 14%. 
 
3.3.2 Identidade de gênero 
 
Quando analisados os números por identidade de gênero percebe-se que 93% 
das denúncias não informam a identidade de gênero da vítima, seguida por 
heterossexuais com um percentual tímido de 7% e embora tenham sido registrados 
um caso de vítima bissexual e 1 de caso de uma lésbica, não chegam a 1%. 
132
101
16
FEMININO MASCULINDO NÃO INFORMADO
0
20
40
60
80
100
120
140
Sexo
BISSEXUAL GAY HETEROSSEXUAL LÉSBICA NÃO INFORMADO TRANSEXUAL TRAVESTI
0
100
200
300
Bissexual; 1 Gay; 0
Heterossexual ; 18 Lésbica; 1
Não informado; 251
Transexual; 0 Travesti; 0
Identidade de gênero
Gráfico 6 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
Gráfico 7 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
14 
 
3.3.3 Faixa etária 
 Quando a análise é feita por faixa etária, nota-se um relativo equilíbrio de 0 a 
17 anos, tendo o seu pico de denúncias entre vítimas de 12 a 14 anos com 25% das 
denúncias, seguida por a de 8 a 11 com 17% e de 0 a 3 anos com também 17%. 
 
 
3.3.4 Cor/Raça 
 Na análise por cor e raça, lideram as vítimas de cor parda com 42% das 
denúncias, e chama a atenção que o número de casos onde a cor/raça não é 
informado é muito grande, chegando a 33% dos casos, fato que dificulta a 
identificação de qual o perfil por cor/raça é mais vulnerável. 
 
 
0
20
40
60
80
Não Informado; 24
Nascituro; 0
Recém-nascido; 3
0 a 3 anos; 46 4 a 7 anos; 43
8 a 11 anos; 47
12 a 14 anos; 67
15 a 17 anos; 41
Faixa etária
AMARELA BRANCA INDÍGENA NÃO 
INFORMADO
PARDA PRETA
0
20
40
60
80
100
120
Amarela; 3
Branca; 44
Indígena; 0
Não informado; 89
Parda; 115
Preta; 20
Cor/Raça
Gráfico 8 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
Gráfico 9 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
15 
 
3.4. Principais agressores e ambientes mais frequentes. 
 
Ao analisar os principais violadores de direitos de crianças e adolescentes, 
percebeu-se que a maior parte das violações se dão por membros da família, e em 
grande parte das vezes no ambiente familiar, alternando entrea casa da vítima e a 
casa do agressor. 
3.4.1 Suspeitos 
No gráfico a seguir percebe-se que as mães lideram com 36% das denúncias, 
seguidas dos pais com 24% e em terceiro estão as que não informam o agressor, que 
mais uma vez dificulta a identificação por ser um percentual significativo de 19%. 
 Se somados os suspeitos que têm alguma relação de parentesco com a vítima; 
pais, avós, padrasto, madrasta, tios, primos e irmãs, o percentual de agressões por 
este grupo chega a 73%, uma realidade que não destoa do cenário nacional, que 
aponta que 79% das violações ocorrem por membros da família, o que causa 
Avô; 4; 1%
Avó; 
7; 2%
Companheiro; 1; 0%
Cuidador; 1; 0%
Desconhecido; 3; 
1%
Diretor de escola; 5; 
1%
Irmão (a); 1; 0%
Madrasta; 6; 1%
Padrasto; 22; 5%
Mãe; 147; 36%
Pai; 100; 24%
Primo; 3; 1%
Tio ; 13; 3%
Professor (a); 4; 1%
Vizinho; 12; 3%
Namorado (a); 7; 
2%
Não informado; 
77; 19%
Empregador ; 1; 0%
Relação Suspeito x Vítima 
Avô
Avó
Companheiro
Cuidador
Desconhecido
Diretor de escola
Irmão (a)
Madrasta
Padrasto
Mãe
Pai
Primo
Tio
Professor (a)
Vizinho
Namorado (a)
Não informado
Empregador
Gráfico 10 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
16 
 
estranheza por se tratar do grupo responsável pela dignidade das crianças e dos 
adolescentes. 
 
3.4.2 Ambiente 
 As agressões aos direitos humanos de crianças e adolescentes dentro da 
própria casa lideram com 58% das denúncias, logo em seguida vem a casa do 
suspeito com 23% e em terceiro lugar aparece o ambiente escolar com 9%. Somadas 
as ocorrências na casa da vítima e na casa do suspeito, temos o percentual de 81% 
das ocorrências que, onde parte significativa desse percentual acontece dentro dessa 
ambiência familiar. 
 
 Tanto os principais suspeitos, quanto o ambiente demonstram, segundo o 
MDH, que os familiares e o ambiente familiar representam a maior ameaça à 
dignidade das crianças e adolescentes. 
 
 
 
Casa da vítima; 88; 
58%
Casa do 
suspeito; 35; 
23%
Escola; 
13; 9%
Local de trabalho; 1; 
1%
Ônibus; 1; 1%
Outros; 11; 7%
Rua; 1; 1%
Ambiente
Casa da vítima
Casa do suspeito
Escola
Local de trabalho
Ônibus
Outros
Rua
Gráfico 11 Adaptado por Anderson Souto de MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
17 
 
4. PESQUISA DE CAMPO 
 
Diante dos dados supra expostos, surgem muitos questionamentos, como por 
exemplo, até onde esses números refletem a realidade? Por notar-se que um 
percentual de denúncias envolvendo as famílias é substancialmente maior que os 
números de denúncias relacionadas ao Estado, nasce o questiomento: será mesmo 
que é muito maior a violação por parte da família do que por parte do Estado? Diante 
da escassez de registros nos órgãos/entidades estaduais, até onde esses números 
representam a realidade? Qual a percepção das pessoas que atuam diretamente com 
esses grupos, que têm sido que tem sofrido tantas violações de direitos? 
Na busca por respostas a esses questionamentos, aplicou-se uma pesquisa 
onde agentes públicos que atuam na promoção e proteção aos direitos das crianças 
e adolescentes. 
 
4.1 Entrevistas 
 
 Os dados já analisados nos fornecem um ponto de vista intrigante, além das 
surpresas quanto ao grupo que lidera no número de denúncias, e este grupo não 
figurar entre os mais mencionados nas mídias ou nos debates públicos e políticos, 
causa admiração maior saber quem são, segundo o relatório do MDH, os maiores 
violadores desses direitos, em número expressivo, os familiares. Em não se tratar de 
uma percepção comum para a sociedade, buscou-se, por meio de entrevistas, 
verificar qual a percepção dos agentes que atuam diretamente na linha de frente para 
a promoção e proteção dos DH de crianças e adolescentes no Amapá. 
 Os agentes entrevistados atuam em diversos órgãos e funções como, 
conselheiros tutelares, promotores, uma assistente social da vara da infância e 
juventude e um agente da Fundação da Criança e do Adolescente do Estado do 
Amapá (FCRIA); o que possibilita um olhar mais holístico sobre o tema em questão. 
18 
 
Foram aplicadas as perguntas a seguir, e as respostas obtidas seguem sendo 
analisadas doravante. 
Fonte: Pesquisa de Campo 
 Quando indagados sobre os canais por onde recebem denúncias, 50% 
disseram que recebem as notícias por telefones locais que o órgão dispõe para a 
sociedade, 25% dos entrevistados disseram que recebem denúncias pelo MDH e por 
meios locais, que vão desde números disponíveis para a sociedade, como por 
denúncias presenciais feitas diretamente no local. Há ainda órgãos que não recebem 
denúncias diretas, mas encaminhamento dos casos vindos dos órgãos que as atende 
diretamente, como é o caso do Ministério Público (MP), Vara da infância e juventude 
do Fórum de Macapá, entre outros. 
 
Gráfico 13 - Pergunta 2: O órgão/entidade mantém interação com o Ministério 
dos Direitos Humanos? 
Fonte: Pesquisa de campo 
 Os entrevistados também responderam se havia interação como MDH, e como 
seria. As repostas de 75% dos entrevistados foram de que os órgãos em que 
trabalham não têm nenhuma interação com o MDH, o que leva a concluir que a 
demanda atendida por estes não está registrada no relatório emitido e analisado 
acima, pois a ausência de interação direta com o ministério somada à ausência de 
Disque 100+locais
25%
Locais
50%
Não se aplica
25%
Recebem denúncias por:
Disque 100
Disque 100+locais
Locais
Outros
Não se aplica
Sim, recebe 
denúncias
0% Sim, recebe e dá 
retorno
25%
Não
75%
Interação com MDH
Sim, recebe denúncias
Sim, recebe e dá retorno
Não
Gráfico 12 - Pergunta 1: Por quais meios de comunicação o órgão/entidade 
recebe denúncias? 
 
19 
 
dados estatísticos pelos órgãos e entidades estaduais – como mostra o próximo tópico 
- inviabilizam que as ocorrências, por eles atendidas, cheguem aos MDH. 
 
Gráfico 14 – Pergunta 3: Qual a violação denunciada com mais frequência? 
Fonte: Pesquisa de campo 
 Sobre qual violação é mais denunciada, 75% dos entrevistados responderam 
que o número de violência sexual é substancialmente mais expressivo, o que destoa 
em muito do que nos diz o relatório do MDH, onde as três principais violações são 
negligência, violências psicológicas e físicas. Quando procurada no relatório, a 
violência sexual tem registros tímidos 48 casos divididos em 33 abusos sexuais, 14 
de exploração sexual e um caso de sexting. 
Um dado curioso é que, apesar de todos os entrevistados terem sido unânimes 
em afirmar que a ocorrência de estupro no estado é altíssima. No relatório do MDH 
não há nenhum registro, como pode ser observado na imagem a seguir: 
 Imagem 1 – Planilha MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
 
Fonte: MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
Violência 
sexual
75%
Ngligência
0%
Não se aplica
25%
Violação mais deúnciada
Violência sexual
Ngligência
Violência fisíca
Violência psicológica
Não se aplica
20 
 
Um dos entrevistados, que atua na defensoria pública-núcleo de atendimento 
especializado da criança e adolescente, como defensor, citou um levantamento que 
está sendo feito pelo órgão, onde só este ano, já são aproximadamente 400 casos de 
estupros no Amapá, ele disse ainda que recentemente acompanhou 5 casos de 
abusos sexuais só por parte dos genitores das vítimas. Estes relatos não destoam da 
percepção da maioria das pessoas entrevistadas. Não obstante, esses dados não 
chegam ao Ministério dos Direitos Humanos, como pode-seobservar na imagem 
reprodução do relatório deste ano, conforme pode ser observado logo abaixo: 
 Imagem 2 – Planilha MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
 
Fonte: MDH-Disque 100- Balanço geral emitido em: 31/07/2018 
 Há ainda 25% dos entrevistados que por trabalharem em órgãos responsáveis 
por cumprimento de medidas sócio educativas, não souberam responder, pois os 
órgãos em que prestam serviços não recebem denúncias. 
 
Gráfico 15 - Pergunta 4: Que tipo de negligência é mais recorrente? E por parte 
de quem? 
Fonte: Pesquisa de campo 
Abandono
100%
Não se aplica
0%
Negligência mais deúnciada
Abandono
Não se aplica
21 
 
 Para 100% dos entrevistados, a maior negligência é o abandono, as respostas 
foram majoritariamente sobre mães que deixam crianças sozinhas em casa, ou ainda 
nas casas de terceiros, segundo uma conselheira tutelar, os casos são os mais 
diversos; mães que abandonam os filhos por causa de drogas, outras para sair para 
festas noturnas, e ainda tem aquelas que deixam as crianças sozinhas por precisarem 
trabalhar e trazer sustento para casa, e não têm com quem deixar as crianças. Alguns 
dos entrevistados apontaram ainda que em alguns casos em que os pais abandonam 
os filhos por causa de drogas, essas crianças são encontradas pedindo dinheiro para 
as pessoas nas ruas. 
 
Gráfico 16 - Pergunta 5: Em quais ambientes se dá o maior número de violência 
psicológica? E quais os principais agressores? 
Fonte: Pesquisa de campo 
 Todos os entrevistados concordam que, embora haja muitas violações de 
direitos de crianças em ambientes como escolas, nas ruas e até mesmo em igrejas, é 
na ambiência familiar que elas são mais frequentemente vítimas de agressões. 
 
Gráfico 17 - Pergunta 6: Quais violências físicas são mais denunciadas? E 
quais os principais agressores? 
Fonte: Pesquisa de campo 
Ambiente familiar / 
familiares
100%
Ambiente
Ambiente familiar / familiares
Agressão/castigo 
fisíco
25%
Lesão corporal por 
violência sexual
75%
Violação fisica mais recorrente
Agressão/castigo fisíco
Lesão corporal por violência
sexual
22 
 
Quando interrogados sobre qual a violência física mais frequente, 75% dos 
agentes disseram que violência relacionada a violência sexual, que mais uma vez 
evidencia que este é um problema grave e presente na realidade do estado do Amapá. 
 
Gráfico 18 - Pergunta 7: Segundo o relatório emitido pelo Ministério de Direitos 
Humanos, 73% das violações a direitos de crianças e adolescentes ocorre dentro do 
ambiente familiar, sendo na maioria, o agressor um membro da família. O que leva a 
conclusão de que há mais negligência por parte da família do que do Estado. Por suas 
experiências, isso reflete a realidade? Há mesmo mais negligência por parte da família 
do que pelo Estado? 
Fonte: Pesquisa de campo 
 
 A pergunta que motivou a presente pesquisa foi para saber quem é mais 
negligente quando o assunto é garantir a dignidade das crianças e adolescentes no 
estado. A maioria, com um percentual de 60% dos entrevistados, admite que sim, a 
família que deveria proteger as crianças e adolescentes, é muito negligente, mas 
estes entendem que o Estado é muito mais ineficiente na garantia desses direitos. 
 Para os 40% restantes, a família é a principal agressora do grupo em questão, 
pois, para eles, é esta que tem a obrigação principal de assegurar a dignidade para 
suas crianças e adolescentes. Cabe ainda a observação de que os 60% que entendem 
que o Estado é o mais negligente, são pessoas que atuam junto a órgãos 
responsáveis por promover proteção através de medidas administrativas e judiciais. 
Enquanto que os que acreditam que os familiares são mais faltosos com suas 
responsabilidades, são pessoas que atuam em órgãos que têm a função de lidar com 
adolescentes que cumprem alguma medida socioeducativa. O que permite inferir que 
a opinião dos entrevistados varia de acordo com suas respectivas funções. 
Sim reflete a 
realidade
40%Não, a negligência 
do Estado é maior
60%
Quem é mais negligente para assegurar 
DH de crianças e adolescentes?
Sim reflete a realidade
Não, a negligência do Estado é
maior
23 
 
8. Durante suas experiências como profissional, houve algum caso marcante 
de violação a direitos de crianças e adolescentes? 
 A última pergunta diz respeito às experiências tocantes durante o desempenho 
das funções. Foi o momento em que foi possível ver e sentir a emoção tomar conta 
dos entrevistados, dentre tantas histórias, destaca-se a da assistente social do Fórum 
de Macapá, que se mostrou uma mulher engajada na luta para garantir a dignidade 
das crianças e adolescentes que são vítimas de muitas formas de violações. A 
servidora narrou um caso que acompanhara no início da carreira, onde uma criança 
sofria abusos do pai e achava que era normal o genitor tocá-la daquela forma. “ A 
monstruosidade de um homem daqueles, de violar a própria filha, aproveitando-se de 
sua inocência, me marcou profundamente, e eu quis deixar a assistência social depois 
disso” disse a aguerrida assistente que, ao invés de desistir da causa, fez disso sua 
motivação, e hoje, quatro anos depois continua lutando para garantir que histórias 
como aquela sejam combatidas. 
 
4.2 Pesquisa de dados locais 
 
Ao verificar-se algumas discrepâncias entre os dados emanados do MDH, mais 
especificamente quanto à pergunta de número 2 (dois) da entrevista, onde constatou-
se que 75% das denúncias não vêm por meio do disque 100, mas da demanda local, 
e considerando que apenas 15% das denúncias vindas pelo MDH têm algum retorno, 
o que permite inferir que, se os órgãos locais não dão retorno daquilo que recebem, 
menos ainda dão da demanda local. Por se basearem apenas nas denúncias 
captadas pelo sistema SONDHA, recebidas pelo disque 100 e pelo site humaniza 
redes, e não retratarem esse significativo percentual de 75% de denúncias locais, não 
retratam a realidade do estado do Amapá. Fato que fica mais evidente quando se 
analisa, por exemplo, que no relatório oficial não consta nenhum caso de estupro no 
ano de 2017, enquanto que os entrevistados foram unânimes em afirmar que é a 
violação mais recorrente no estado. 
Pelos motivos elencados acima, e na busca de dados que refletissem com mais 
precisão a realidade, foram procurados junto aos órgãos estaduais, secretarias, 
promotorias, vara da infância e adolescência no fórum de Macapá e o Tribunal de 
Justiça do Amapá (TJAP), quanto a relatórios e estatísticas feitas por 
órgãos/entidades locais, qual não foi a surpresa ao constatar que não há em nenhum 
24 
 
dos listados acima. O único que forneceu um relatório foi o Ministério Público de Porto 
Grande, e este só estando atualizado até o ano de 2016 e que era alimentado com os 
dados do MDH já discutidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Por meio de uma pesquisa sobre dados a respeito das violações de Direitos 
Humanos mais frequentes no Amapá, foi constatado que, dentre os grupos mais 
vulneráveis, as crianças e adolescentes lideram com uma diferença exorbitante. O 
que direcionou essa pesquisa para este grupo, e permitiu de imediato perceber que, 
segundo o Ministério dos Direitos Humanos (MDH), as principais violações são: 
negligência, violência física e violência psicológica. Ainda no processo de análise 
desses dados, foi constatado que essas agressões se dão majoritariamente por parte 
dos familiares, sendo 79% a nível nacional e 73% a estadual, denúncias envolvendo 
as famíliasdas vítimas como principais suspeitos. 
 Os dados, por contraporem o senso comum e trazerem surpresas neste 
sentido, motivaram uma pesquisa de campo que teve como objetivos: primeiro saber 
como as pessoas que trabalham com o público mais violado veem a realidade, bem 
como se elas concordam com os dados oficiais já mencionados. Buscou-se ainda 
junto aos órgãos e entidades estaduais, se estes mantinham bancos de dados ou 
estatísticas sobre as ocorrências de violações no Estado, esforço este baldado por 
sucessivas desculpas e nenhum registro, salvo um relatório do Ministério Público de 
Porto Grande, onde pode notar-se que se tratava dos mesmos dados emitidos pelo 
MDH. 
 Confrontados os dados emitidos pelo MDH e as respostas obtidas por meio de 
entrevistas com agentes de órgãos responsáveis por promoção e proteção dos 
direitos humanos de crianças e adolescentes, nota-se discrepâncias significativas que 
vãos desde a percepção de qual a violação mais recorrente, que para o MDH é a de 
negligência, mas para os entrevistados é a de violência sexual; até a percepção de 
responsáveis pelo maior número de inobservância desses direitos que, para o MDH é 
a família, já os entrevistados entendem, em sua maioria, que embora a família tenha 
sua parcela de culpa, a negligência do Estado é muito maior. 
 Diante dos dados e discussões supra expostas, conclui-se que ainda precisa-
se avançar muito em conscientização e em políticas públicas para garantir a dignidade 
humana a muitos grupos, e que os grupos mais vulneráveis são os menos falados 
quando se debate DH. Isso talvez explique infundadas discussões e uma visão 
distorcida por parte da sociedade sobre um tema que diz respeito a todos, Direitos 
Humanos. 
26 
 
Referências 
BRASIL. Decreto Lei n° 2.848 de 07 de dez 1940. Código Penal, Brasília, DF, 07 Dez 
1940. 
BRASIL. Lei 8.069 de 13 de Jul de 1990. Estatuto da criança e do adolescente, 
Brasília, 13 Jul 1990. 
CNJ. CNJ serrviços: tipificação de crimes de violência contra criança. Conselho 
Nacional de Justiça. Disponivel em: <www.cnj.jus.br>. Acesso em: 02 novembro 
2018. 
MIRABETE, J. F. Manual de Direito Penal - Parte Geral. 22°. ed. São Paulo: Editora 
Atlas, 2005. 
ONU. Nações Unidas. Site da O. Nações Unidas. Disponivel em: <www.un.org>. 
Acesso em: 22 Outubro 2018. 
RELATÓRIO - Balanço anual Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Ministério 
dos Direitos Humanos, 2018. Disponivel em: <www.mdh.gov.br>. Acesso em: 12 
Nov 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Entrevista n°: 
Órgão/entidade: 
Nome do entrevistado: 
(Observação o nome do entrevistado não terá nenhuma divulgação) 
Cargo: 
Tempo de atuação na função: 
Data da entrevista: / / 
Pesquisa realizada por acadêmicos do curso de Direito, da faculdade FABRAN 
turma DR2Q66. 
Aplicação acadêmico (s): 
Observações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Questionário 
 
1. Por quais meios de comunicação o órgão/entidade recebe denúncias? 
 
2. O órgão/entidade mantém interação com o Ministério dos Direitos Humanos 
(disque 100)? 
 
3. Quais são as denúncias mais recebidas? 
 
4. Que tipo de negligência é mais recorrente? 
 
5. Em quais ambientes se dá o maior número de violência psicológica? E quais 
os principais agressores? 
 
6. Quais violências físicas são mais denunciadas? E quais os principais 
agressores 
 
 
7. Segundo o relatório emitido pelo Ministério de Direitos Humanos, 73% das 
violações a direitos de crianças e adolescentes ocorre dentro do ambiente 
familiar, sendo na maioria, o agressor um membro da família. O que leva a 
conclusão de que há mais negligência por parte da família do que do Estado. 
Por suas experiências, isso reflete a realidade? Há mesmo mais negligência 
por parte da família do que pelo Estado? 
 
 
 
8. Durante suas experiências, como profissional, houve algum caso marcante de 
violação a direitos de crianças e adolescentes? 
 
 
 
 
 
29 
 
Pesquisa sobre Plágio 
 
Para Renata (RATTON, 1992) plágio é um assunto difícil, principalmente no 
universo acadêmico, por isso todo o cuidado é pouco. Segundo a especialista em 
Marketing, plágio é uma apropriação indevida da produção de outro autor sem lhe 
atribuir a autoria. 
O professor Lécio Ramos, citado pela autora (RATTON, 1992), existem, pelo 
menos, três tipos de plágio acadêmico: 
 Integral: cópia de um trabalho inteiro sem citar a fonte. 
 Parcial: colagem resultante da seleção de parágrafos ou frases um ou diversos 
autores, sem menção as obras. 
 Conceitual: utilização da essência da obra do autor expressa de forma distinta 
do original, mas também tem o plágio mosaico e o Autoplagio. 
A punição para o crime de plágio e de multa ou 3 meses a 1 anos de reclusão 
sem fala que a pessoa que cometer o crime de plágio perderá todo e qualquer 
credibilidade em qualquer meio de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
Referências 
RATTON, R. A. Plágio e direito do autor. PUC RIO, 1992. Disponivel em: <www.puc-
rio.br>. Acesso em: 28 out. 2018.

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