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1 
 
 
DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES 
1 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3 
UNIDADE 1 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................. 6 
UNIDADE 2 – ADOÇÃO E GUARDA .............................................................. 10 
2.1 Condições que implicam no encaminhamento da criança à adoção 12 
2.2 Quem pode adotar e como adotar? .................................................. 17 
2.3 Implicações psicossociais da adoção ............................................... 23 
2.4 Qual o papel do psicólogo no contexto da adoção? ......................... 24 
UNIDADE 3 – RISCO E PROTEÇÃO ............................................................. 26 
UNIDADE 5 – ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI .......................... 32 
5.1 Medidas socioeducativas .................................................................. 35 
5.2 Redução da maioridade penal .......................................................... 42 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além 
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Enquanto orientadores, sempre recomendamos a pesquisa de originais, 
porém, como neste material a temática é bastante recente, optamos por pesquisar 
artigos científicos e, em algumas situações, recorremos a “apuds” dos clássicos que 
nortearam os estudos. Bons estudos! 
Este material é bastante denso e abrangente, pois visa estudar assuntos 
relacionados à criança, ao adolescente e ao idoso. 
A partir de dois importantes documentos – o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (BRASIL, 1990) e o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003) – pretendemos 
mostrar aspectos referentes à legislação brasileira para esse público alvo. 
Assim, nossos marcos iniciais tornam-se o ECA e o Estatuto do Idoso. 
Em “A história social da criança e da família”, Phillippe Ariès (2006) conta em 
detalhes como a criança era inicialmente deixada de lado, desprotegida, até que, com 
o passar do tempo, os olhares da sociedade e dos estudiosos começaram a se voltar 
para essa parcela da população, garantindo a elas maiores possibilidades de 
sobrevivência e de um desenvolvimento com maior qualidade de vida do ponto de 
vista biopsicossocial. 
Até por volta do século XII parecia não haver lugar para a criança num mundo 
reinado pelos adultos. A arte oferece registros preciosos sobre características 
antropológicas dos tempos passados e observa-se que, nesse período, a arte 
medieval desconhecia a criança ou não tentava representá-la. Por volta do século 
XIII, através da arte, já foi possível encontrar representações das figuras infantis 
através dos anjos, do menino Jesus e da criança nua (ARIÈS, 2006). 
Ainda segundo o autor, fatos sociodemográficos da época ajudam-nos a 
compreender por que só por volta do século XVI as imagens de crianças começaram 
a aparecer nos túmulos. A mortalidade de crianças era muito grande naquela época 
e a sociedade encarava as perdas com muita naturalidade. Acreditava-se que “se 
faziam várias crianças para conservar apenas algumas” (p.21), o que para nós parece 
chocante, mas, na época, era retrato de uma sociedade marcada por altos índices de 
mortalidade infantil. As famílias não desenvolviam tanto apego pelas crianças, pois a 
4 
 
 
perda das mesmas era uma realidade bastante esperada, não se acreditava que a 
criança já era dotada de personalidade, como o adulto. 
A socialização da criança na idade média não era controlada pela família. 
Sua educação era garantida através das atividades que realizava juntamente com os 
adultos (BARBOSA; MAGALHÃES, 2013). 
 
O sentimento de infância, de preocupação com a educação moral 
e pedagógica, o comportamento no meio social, são ideias que surgiram 
já na modernidade o que nos leva a crer na existência de todo um 
processo histórico até a sociedade vir a valorizar a infância. Ariès é bem 
claro em suas colocações quando diz que a particularidade da infância 
não será reconhecida e nem praticada por todas as crianças, pois nem 
todas vivem a infância propriamente dita, devido às suas condições 
econômicas, sociais e culturais. Assim, os sinais de desenvolvimento de 
sentimento para com a infância tornaram-se mais numerosos e mais 
significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII, pois os 
costumes começaram a mudar, tais como os modos de se vestir, a 
preocupação com a educação, bem como separação das crianças de 
classes sociais diferentes (BARBOSA; MAGALHÃES, 2013, p.3). 
Voltando nossa discussão para as políticas públicas em prol da infância, 
especificamente no Brasil, observa-se que algumas mudanças significativas foram 
ocorrendo antes da consolidação do ECA, o que significa um grande marco nas 
políticas de proteção à infância. 
A preocupação com a infância era considerada um problema econômico e 
político, por isso por todo o mundo foram buscando definir políticas públicas que 
visassem recuperar a infância (BARBOSA; MAGALHÃES, 2013). 
Nesse contexto, como veremos a seguir, a preocupação com a infância já 
incluía também a adolescência, faixa etária até então desconsiderada pelos 
estudiosos. Contextualizamos que a ideia de que o desenvolvimento humano 
acontece além da infância é relativamente nova. No início do século XX, Stanley 
Hall publicou um livro cuja tradução intitula-se como “Adolescência” (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2006). 
5 
 
 
Alguns dados históricos referentes a políticas públicas voltadas à infância e 
à adolescência merecem ser destacados: 
No Brasil, essa iniciativa se deu por volta 1942 quando foi criado 
o Serviço de Assistência ao Menor – SAM –, que abrigavam menores 
considerados em conflitos com a lei, em regime disciplinar. Esse modelo 
de institucionalização, no entanto, foi criticado por conter ações 
consideradas repressivas, tanto que com o golpe militar de 1964, o SAM 
foi extinto, e partir daí até a década de 1970, a discussão em torno da 
infância passa a ser considerada como prioridade no campo político e 
social. Já na década de 1980, essas discussões passam a ter influência 
de caráter normativo internacional (BARBOSA; MAGALHÃES, 2013, p.5). 
 
Observa-se, na citação anterior, que as políticas públicas voltadas para a 
infância e a adolescência eram voltadas para aqueles em situação de risco, mais 
especificamente para aqueles que pareciam oferecer algum tipo de risco para a 
sociedade. Em ocasião do regime militar, a criação das FEBEMs visava 
prioritariamente a proteção do menor, mas o afastamento de um fator de risco – o 
menor infrator – da sociedade: 
 
Concomitantemente, criaram-se também as Fundações Estaduais 
de Bem-estar do Menor (FEBEMs),drogas, marginalidade e dos maus olhares da sociedade 
excludente (GARCIA, s.d., s.p.). 
 
Entretanto, como acontece em vários setores no Brasil – como a política e a 
saúde – nem sempre o que é aparece na teoria funciona perfeitamente na prática. 
Assim ocorre com a ressocialização. Segundo Alves et al. (2009), a execução das 
medidas socioeducativas não acontece segundo apregoado pelo ECA. Observa-se 
uma lógica punitiva, autoritária e disciplinar por parte dos profissionais que atuam na 
área; assim, o desprezo por aqueles considerados marginais justifica as práticas 
punitivas, o que acaba não ressocializando o adolescente e promovendo um 
verdadeiro círculo vicioso: surgem novas reclamações da sociedade, o que também 
influencia a mídia e a política, reforçando o discurso repressor e de exclusão social. 
 
5.2 Redução da maioridade penal 
 
Como já ressaltamos até aqui, a violência no Brasil apresenta índices 
alarmantes e há grande percentual de adolescentes envolvidos nesse contexto, seja 
como vítimas ou como autores de delitos, muitos dos quais extremamente graves, 
43 
 
 
tais como homicídio, tráfico, estupro, sequestro. A partir desse panorama uma 
questão se desponta: a redução da maioridade penal. Enquanto uma vertente 
defende que a redução da maioridade penal – e consequente aplicação das penas 
destinadas aos adultos brasileiros – é a alternativa para coibir a prática de delitos de 
adolescentes, pois consideram-se que os mesmos ficam impunes, uma outra vertente 
posiciona-se extremamente contra essa redução, já que compreendem que a 
punição de adolescentes em presídio é danosa por não incluir medidas 
socioeducativas e, consequentemente, não visar à ressocialização. 
Importante entender que inimputabilidade penal não é sinônimo de 
impunidade, ou seja, o adolescente que comete ato infracional irá responder pelo 
mesmo, porém, por ser considerado ser em desenvolvimento, o ECA apregoa que 
nesses casos a prisão não é a solução. Mesmo em casos em que haja a real 
necessidade de internação, o adolescente precisa ser submetido a medidas 
socioeducativas com o intuito de ressocializá-lo: 
 
[...] o ECA é um documento internacionalmente pioneiro no 
respeito aos direitos da criança e do adolescente defendidos pela 
Organização das Nações Unidas (ONU), já que reconhece os indivíduos 
na faixa etária de 0 a 18 anos como sujeitos em desenvolvimento que 
necessitam de um ambiente propício para sua formação. Além desse 
argumento, existe a alegação de que a inimputabilidade penal não 
significa impunidade, uma vez que a Constituição da República define, no 
artigo 228, que a pessoa com até 18 anos incompletos é penalmente 
inimputável, porém responsável por seus atos (CUNHA, ROPELATO & 
ALVES, 2006). 
 
Ou seja, a legislação prevê, sim, consequências para o 
adolescente transgressor, que não deixam de ser punitivas (ALVES et al., 
2009, p.75- 76). 
 
Devido a vários fatores históricos que não serão elucidados aqui, nossa 
cultura compreende que a justiça serve para proteger a sociedade daqueles que 
cometem crimes, sem, entretanto, preocupar-se com esses últimos. Essa visão 
44 
 
 
mostra o tipo de debate que embasa discussões sobre a redução da maioridade penal 
no Brasil; vive-se numa cultura que maior punição acaba por diminuir a violência, 
entretanto, sabe-se que isso não é verídico (ALVES et al., 2009). 
Partindo-se do pressuposto de que o adolescente, assim como a criança, é 
um ser em desenvolvimento, o uso de medidas socioeducativas é privilegiado em 
detrimento das medidas punitivas. Há um componente biológico associado ao 
comportamento violento, entretanto uma série de estudos aponta que quando o 
ambiente é fator de risco – por exemplo, marcado por práticas parentais negativas, 
sem exemplos morais e presença de abuso físico, psicológico e social 
– o adolescente torna-se mais vulnerável e suscetível a se envolver em 
comportamentos delituosos (CUNHA; ROPELATO; ALVES, 2006). 
A tabela a seguir ilustra argumentos a favor e contra a redução da maioridade 
penal: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
Tabela 11: argumentos a favor e contra a redução da 
maioridade penal 
 
Argumentos a favor Argumentos contra 
 Os adolescentes já têm plena consciência de 
seus atos, podendo ser responsabilizados 
pelos mesmos. 
 Incoerência, pois um adolescente de 16 anos 
é considerado apto para votar, mas, ao 
mesmo tempo, não é capaz de ser 
responsável por suas ações. 
 Em casos de atitudes infracionais 
decorrentes de psicopatia o tempo máximo 
de 3 anos de internação impostos pelo ECA 
não são suficientes para um tratamento. 
 Países que possuem idade mais baixa de 
maioridade penal possuem menores índices 
de violência. 
 Como os adolescentes são inimputáveis 
acabam escalados por maiores de idade 
para cometer infrações, visto que a pena 
para eles será diferenciada. 
 Ao invés de se considerar apenas aspectos 
cronológicos e biológicos, há também fatores 
sociais, educacionais e culturais envolvidos. 
 Não se pode estabelecer um dado 
cronológico (16 ou 18 anos) para que o 
indivíduo passe de um estado de ignorância 
completa para o pleno conhecimento de suas 
ações. 
 Apreensão de uma classe social considerada 
indesejada. 
 Quando se compara índices de violência de 
outros países com o Brasil apenas a idade da 
maioridade penal é avaliada, deixam de lado 
outras condições também responsáveis pela 
diminuição dos índices de violência, tais 
como acesso à educação, ao emprego, à 
saúde, dentre outras. 
 Nos casos em que um maior contrata um 
menor para participar de um crime o adulto 
responde penalmente pela prática do crime e 
por aliciar o menor. 
 As situações dos presídios não é favorável, 
principalmente devido à superlotação, assim, 
essas instituições poderiam funcionar como 
“escolas do crime” para os adolescentes. 
 Forte intervenção da mídia que divulga 
excessivamente casos de delitos cometidos 
por adolescentes (que estatisticamente são 
muito inferiores aos cometidos por maiores). 
Fonte: adaptado de Alves et al. (2009). 
46 
 
 
Dentre vários argumentos elucidados na tabela anterior, compreende-se que 
a visão como forma de punição do infrator e garantia de segurança à sociedade está 
inculcada na mentalidade brasileira e esse é um dos principais fatores que 
fundamentam a argumentação a favor da redução da maioridade penal. O que se 
precisa levar em conta é que o ato de prender, por si só, como acontece no sistema 
carcerário brasileiro, não possui caráter educativo. Além disso, é importante pensar 
em estratégias promotoras de uma adolescência mais saudável – no sentido amplo 
da palavra – e, consequentemente, com menor probabilidade de cometerem atos 
infracionais. 
A imagem das prisões – e das instituições socioeducativas – se fundamenta 
em seu papel, suposto ou exigido, de aparelho para transformar os indivíduos 
(MAMELUQUE, 2006). 
No entanto, o simples aprisionamento não possui caráter educativo; o que 
significa que apenas encarcerar não é uma medida capaz de evitar que o adolescente 
pratique novas infrações (CUNHA, ROPELATO & ALVES, 2006). Por essa razão, é 
urgente que se mude a visão ingênua de que a redução da maioridade penal e a 
aplicação de medidas socioeducativas cada vez mais cedo sejam alternativas 
eficazes para a redução da criminalidade (ALVES et al., 2009, p.80). 
Compreende-se que a gravidade do crime praticado por adolescentes 
relaciona-se com as experiências que o mesmo vivencia em gangues (reafirmando a 
forte influência dos pares no desenvolvimento adolescente) e na rotina do crime. Essa 
relação justifica o uso das medidas socioeducativas apregoado pelo ECA: reabilitação 
com características não-punitivas. Disso, depreende-se que, de um lado o ECA visa 
à reinserção do adolescente infrator ao convívio social, enquanto que o código penal 
preconiza que o infratordeve cumprir uma pena e que essa pena é considerada uma 
estratégia suficiente para se coibir a realização de outros crimes no futuro. Estudos 
apontam que a simples passagem do adolescente por instituições prisionais não tem 
caráter educativo, mas, por outro lado, torna a instituição um local propício para o 
desenvolvimento de comportamentos e de uma identidade infratora, pois aumenta a 
rede de contatos entre pessoas que também cometem delitos, alguns de maior 
gravidade,
47 
 
 
de onde se deduz que após sair do encarceramento o adolescente terá maior 
bagagem de conhecimentos sobre delitos, facilitando, assim, o seu reingresso no 
mundo do crime (CUNHA; ROPELATO; ALVES, 2006). 
Convém ressaltar que a redução da maioridade penal dos 18 para 16 anos é 
tema que tem sido questionado em vários momentos no contexto político brasileiro. 
Atualmente, veio à tona a PEC 171/1993. Essa Proposta de Emenda à Constituição 
foi apresentada originalmente em 19 de agosto de 1993 e propõe a alteração da 
redação do art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de 
dezesseis anos) (CAMARA, 2015). 
Compreende-se que a PEC foi pensada a partir de vários argumentos a favor 
– como os que elucidamos na última tabela – principalmente quando se afirmar que 
muitos dos crimes cometidos por adolescentes acontecem porque os mesmos 
acreditam que vão ficar impunes. 
No entanto, por outro lado, vários setores da sociedade defendem a 
argumentação contra a redução da maioridade penal. 
48 
 
 
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WEBER, L.N.D. Da institucionalização à adoção: um caminho 
possível? Revista Igualdade – Ministério Público Paraná, v.9, p.1-9, 1995.que atenderiam a dois grandes 
grupos: os infratores e os abandonados. ‘O critério implícito utilizado para 
a medida de internação era, em última instância, o risco que os menores 
constituíam para a sociedade. Entendia-se por risco os possíveis danos e 
ameaças físicos e morais que esses menores poderiam causar a ela’ 
(CONCEIÇÃO; TOMASELLO; PEREIRA, 2003, p. 84 apud ALVES et al., 
2009). 
 
Em 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente, documento 
que, devido à sua importância, será tratado numa seção exclusiva desse material. 
Aqui só cabe a nós ressaltar que essa política pública visa a todas as crianças e 
adolescentes brasileiros, sem nenhum tipo de exclusão, como outrora acontecia. 
. 
6 
 
 
UNIDADE 1 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
 
Não pretendemos nesta seção, detalhar o Estatuto a Criança e do 
Adolescente (ECA), visto que o documento é extenso e complexo. O documento é 
facilmente encontrado na Internet, no endereço listado nas referências, e a leitura e 
estudo do mesmo se fazem importantes para uma maior compreensão do tema. 
Limitaremos aqui a fazer uma reflexão sobre o documento e de algumas questões de 
destaque para a atuação do psicólogo jurídico. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), promulgado em 
1990, dispõe sobre a atenção integral à criança e ao adolescente. Compreende- se 
criança como o indivíduo de até doze anos incompletos; e adolescente é aquele com 
idade entre doze e dezoito anos. 
O ECA sinaliza um grande avanço nas políticas públicas de proteção à 
criança e ao adolescente. No Brasil, antes da promulgação do ECA, o Código de 
Menores apareceu como um precursor. Segundo Silva, Souza e Teixeira (2003 apud 
BRAMBILLA; AVOGLIA, 2010), diferentemente do ECA, que volta sua abrangência a 
todas as crianças e adolescentes, o documento anterior aplicava- se somente às 
crianças e adolescentes que se encontravam em situação irregular 
– por violarem regras sociais ou por não serem atendidos em suas 
necessidades básicas. As crianças e adolescentes – os menores – eram tratados 
como seres incapazes, ou seja, não autônomos, não eram considerados sujeitos de 
direitos e deveres. 
Os quadros a seguir elucidam, de maneira didática, o principais pontos 
abordados em cada parte do ECA, o que pode ser útil para uma breve pesquisa. 
7 
 
 
Quadros 1 e 2: ECA 
 
 
Fonte: Chaves (2010). 
Conforme Cruz; Hillesheim; Guareschi (2005, p.47), 
8 
 
 
 
[...] embora o ECA possibilite um prisma diferente sobre a infância em 
relação às leis que o antecederam, esta continua sendo compreendida no 
singular, delineando modos de viver, sentir e agir e posicionando crianças 
e adultos como sujeitos em suas comunidades, a partir da determinação 
de direitos e deveres para uns(as) e outros(as). 
 
O ECA surge para modificar esse paradigma do “menor” enquanto ser 
incapaz, ao mesmo tempo em que sua abrangência se amplia para além dos menores 
em situação de risco. Aspectos de destaque que apareceram como novidade na 
época da criação do ECA, podem ser observados na citação a seguir: 
 
Como resultado de toda essa articulação, foi sancionado o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual estabeleceu o 
caminho para a intervenção popular nas políticas de assistência, traçando 
as diretrizes da política de atendimento: criação de conselhos municipais, 
estaduais e nacionais dos direitos da criança e do adolescente, órgãos 
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurando-
se a participação popular paritária por meio de organizações 
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais. Inicia-se 
aqui uma nova fase, desinstitucionalizadora, caracterizada pela 
implementação de uma nova política que amplia quantitativa e 
qualitativamente a participação da sociedade na elaboração, deliberação, 
gestão e controle das políticas para a infância, o que é fundamental para 
a garantia da implementação da Lei (BRASIL, 1990 apud CRUZ; 
HILLESHEIM; GUARESCHI, 2005, p.46). 
 
O ECA apregoa a proteção integral às crianças e adolescentes ao mesmo 
tempo em que os considera sujeitos de direito, ou seja, há um ambiguidade marcada 
pela ênfase na autonomia ao mesmo tempo em que apregoa um enfoque 
intervencionista e tutelar (BRASIL, 1990 apud CRUZ; HILLESHEIM; GUARESCHI). 
O ECA é de suma importância, pois, além de garantir às crianças e 
adolescentes seus direitos e de deixar explícita a proteção das mesmas de qualquer 
9 
 
 
fonte de violência, é a lei que norteia a ação da equipe multidisciplinar do meio 
jurídico, dentre eles o psicólogo. Em linhas gerais, os aspectos evidentes na citação 
a seguir mostram a relevância do ECA para o psicólogo: 
De maneira geral, evidencia-se que o ECA se constitui num aliado 
para mudanças no cenário da atuação do psicólogo, uma vez que também 
colabora com a ampliação de sua atuação, diagnosticando e intervindo em 
conflitos de natureza humana que, consequentemente, atingem as 
problemáticas individuais. Desse modo, fortalece a construção de políticas 
públicas que consolidem ainda mais uma rede integral de atenção não 
apenas às crianças e adolescentes, mas à população como um todo, 
assegurando o exercício democrático da cidadania no país (BRAMBILLA; 
AVOGLIA, 2010, p.120). 
 
Após essa breve apresentação do ECA, encerra-se esta seção, porém outras 
partes do documento serão apresentadas e discutidas ao longo do material. 
10 
 
 
UNIDADE 2 – ADOÇÃO E GUARDA 
 
Para discorrer acerca dessa temática, faz-se necessário retornar ao ECA, já 
que alguns artigos versam explicitamente sobre a questão da adoção e guarda de 
menores. 
Convém destacar que, após a instituição do ECA, a adoção em caráter pleno, 
irrevogável e irretratável é possível quando ocorre antes de o menor completar os 18 
anos, ou, após essa idade, somente quando a convivência entre ambas as partes 
(adotado e adotante) tenha se iniciado antes da maioridade (CAMPOS; COSTA, 
2004). 
 
A adoção é irrevogável (nem a morte dos adotantes restabelece o 
pátrio poder aos pais biológicos) e dá ao adotado os mesmos direitos 
sucessórios de um(a) filho(a) natural. No registro civil do adotado, 
constarão os nomes dos pais adotivos e seus ascendentes e nenhuma 
observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões. As leis 
anteriores eram bem mais restritivas que a atual, o que acabava 
estimulando as adoções ilegais (CAMPOS; COSTA, 2004, p.96). 
 
Importante destacar que atualmente, a expressão “pátrio poder” não é mais 
utilizada, visto que pai e mãe possuem a mesma proporção de poder / 
responsabilidade sobre seus filhos. 
O Estatuto deixa claro que é direito da criança ser criada pela própria família, 
entretanto, quando isso não se faz possível – por exemplo, em caso de morte de 
todos os familiares ou quando a família não possui condições de garantir a segurança 
do menor – a criança ou adolescente pode ser encaminhado para família substituta. 
Importante destacar que, como se vê no artigo a seguir, isso só ocorre em casos 
excepcionais, visto que a prioridade é a manutenção dos laços familiares: 
 
11 
 
 
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e 
educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da 
presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes 
(BRASIL, 1990). 
 
Nos casos em que realmente há a necessidade de colocação da criança em 
família substituta há as seguintes opções: guarda, tutela ou adoção. Essas três 
modalidades visam proporcionar à criança convivência em meio familiar e social. O 
ECA define guarda e tutela como: 
 
[...] guarda (Art. 33 a 35) destina-se a regularizar a posse de fato; 
obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança 
ou adolescente e confere ao seu detentor o direito de opor-sea terceiros, 
inclusive aos genitores. A guarda é revogável a qualquer tempo, mediante 
ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. A tutela (Art. 36 a 
38) é deferida nos termos da lei civil, pressupõe previamente a perda ou 
suspensão do pátrio poder e implica necessariamente o dever de guarda 
e, em geral, é requerida nos casos em que a criança/ adolescente possui 
bens. A colocação em família substituta é uma das medidas específicas 
de proteção à criança ou adolescente aplicável sempre que seus direitos 
forem ameaçados ou violados (CAMPOS; COSTA, 2004, p.96). 
 
A adoção, como já mencionamos anteriormente, é irrevogável e consiste na 
colocação da criança ou adolescente menor de 18 anos em família substituta, ou seja, 
o adotado passa a ser legalmente filho. 
 
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação [...] 
Art. 39. § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual 
se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção 
da criança ou adolescente na família natural ou extensa [...] 
12 
 
 
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os 
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de 
qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos 
matrimoniais. 
 
Vale destacar que, na cultura brasileira, a adoção também acontece por 
caminhos não-oficiais. Há os chamados “filhos de criação” – crianças que foram 
recebidas, devido a uma série de motivos, por determinadas famílias que passam a 
ser responsáveis pelo cuidado das mesmas, mas, para isso, não recorreram à justiça 
(MARIANO; ROSSETI-FERREIRA, 2008). 
A partir da definição de adoção surgem as seguintes questões: O que pode 
levar uma criança a ser encaminhada para a adoção? Quem pode adotar? Qual o 
papel do psicólogo no contexto da adoção? Quais as implicações psicossociais da 
adoção para o adotante e o adotado? Tentaremos responder essas e algumas 
questões a seguir. 
 
2.1 Condições que implicam no encaminhamento da criança à 
adoção 
Como já foi possível perceber, o ECA deixa evidente que toda criança e 
adolescente deve ser criado prioritariamente pela sua própria família. Em casos onde 
não se é possível manter o vínculo familiar, a criança é encaminhada para família 
substituta. 
Segundo Gomide, Guimarães e Meyer (2003), o ECA determina que as 
crianças institucionalizadas devem ser encaminhadas para sua família de origem ou 
família substituta, quando não houver condições de permanecerem juntas aos seus 
genitores e outros familiares. 
Ainda segundo as mesmas autoras, há situações em que a família – pai e 
mãe – perdem o poder familiar sobre seus filhos. Não se fala mais em pátrio poder, 
já que, atualmente, homem e mulher passam a ter o mesmo poder sobre seus filhos. 
Em síntese, os pais ou aqueles que detenham a guarda da criança têm obrigações e 
responsabilidades para com sua educação, segurança e bem- estar. Dentre essas 
obrigações podem-se citar: 
13 
 
 
 
[...] dirigir a criação e a educação dos filhos, tê-los em sua 
companhia e guarda, conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para 
casarem, nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o 
outro dos pais não lhe sobreviver ou não puder exercitar o poder familiar, 
representá-los até os 16 anos nos atos da vida civil e assisti-los, após essa 
idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento, 
reclamá-los de quem ilegalmente os detenha e exigir que lhes prestem 
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição 
(GOMIDE; GUIMARÃES; MEYER, 2003, p.42). 
 
Entende-se perda ou destituição do poder familiar como a mais grave sanção 
aplicada aos pais que faltarem com os deveres – materiais, educacionais e morais - 
em relação aos seus filhos. É uma medida extrema, a qual deve ser muito pensada 
pelo juiz e aparece como o último recurso frente a atitudes nocivas dos pais em 
relação aos filhos (TORRES et al, 2012). 
A destituição do poder familiar pode acontecer devido a algumas situações, 
as quais incluem morte, maioridade, violência por parte dos pais. Na tabela a seguir, 
compilamos alguns dados presentes em leis brasileiras que explicitam situações em 
que possa ocorrer a destituição do poder familiar. Compreende-se que em 
determinadas situações a criança pode ser encaminhada para a adoção. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Tabela 05: Destituição do poder familiar 
 
Documento Código Civil (2002) Constituição Federal 
(1988) 
ECA (1990) 
Situação O art. 1635 define as 
condições 
necessárias para a 
suspensão e extinção 
do poder familiar, ou 
seja, ele dar-se-á pela 
morte dos pais ou do 
filho, pela 
emancipação, nos 
termos do art. 5º, 
parágrafo único, pela 
maioridade, pela 
adoção ou por decisão 
judicial, na forma do 
art. 1638. O art. 1638 
expressa que perderá 
por ato judicial o poder 
familiar o pai ou a mãe 
que castigar 
imoderadamente o 
filho, deixar o filho em 
abandono ou praticar 
atos contrários à moral 
e aos bons costumes. 
O art. 227, do 
Capítulo VII da 
Constituição Federal, 
diz que “Caso 
impossível, 
absolutamente 
inviável ou não 
recomendável a 
permanência da 
criança e do 
adolescente em 
companhia de seus 
pais, após esgotadas 
as tentativas que 
nesse sentido deverão 
ser obrigatórias e ex vi 
legis realizadas, a 
colocação do jovem 
em família substituta 
surge como a melhor 
forma de superar a 
falta, o abuso ou a 
reiterada e 
injustificável omissão 
de sua família natural, 
garantindo àquele seu 
direito fundamental de 
ser criado e educado 
no seio de uma família, 
ainda que não seja a 
de origem 
(inteligência da 
O art. 5º do ECA 
afirma que “nenhuma 
criança ou 
adolescente será 
objeto de qualquer 
forma de negligência, 
discriminação, 
exploração, violência, 
crueldade e opressão, 
punindo na forma da 
lei qualquer atentado, 
por ação ou omissão, 
aos seus direitos 
fundamentais”. 
O art. 23 do ECA 
ressalta que a 
pobreza não é motivo 
para a destituição do 
pátrio poder. Ele é 
claro: “A falta ou 
carência de recursos 
materiais não constitui 
motivo suficiente à 
perda ou à suspensão 
do pátrio poder”. As 
famílias nessas 
condições devem ser 
obrigatoriamente 
incluídas em 
programas oficiais de 
auxílio. 
15 
 
 
 
 terceira parte do 
citado art. 19 da Lei nº 
8.069/90)” (p.158). 
 
Observações A extinção do poder 
familiar é medida 
grave. Não é 
temporária, mas 
definitiva, o que 
significa que os pais 
não poderão reaver 
seus direitos e 
deveres, porém, será 
necessária prova 
muito significativa e 
forte para que essa 
ação judicial seja 
revertida. 
 Ainda para Fávero 
(2001 apud AGUERA 
et al., 2009, p. 79): 
Não estamos 
afirmando que 
situações que levam a 
destituição do poder 
familiar, tais como 
violência doméstica, 
negligência, abandono 
e exploração do 
trabalho infantil são 
fatores exclusivos de 
famílias pobres, 
contudo a pobreza 
deixa as pessoas 
vulneráveis a tais 
situações, 
compreende esta 
pobreza como “um 
conjunto de ausências 
relacionadas à renda, 
educação, trabalho, 
moradia e rede 
familiar e social de 
apoio.” (TORRES et 
al., 2012) 
Fonte: adaptado de Gomide; Guimarães; Meyer (2003, p.43); TORRES (et al., 
2012). 
 
 
Quando há destituição do poder familiar, a criança é encaminhada para tutela 
ou adoção. Nos casos em que a decisão não é definitiva, a criança deve ser 
encaminhada para um tutor, porém, nesses casos, os pais biológicos têm obrigação 
16 
 
 
de prestar alimentos. Nos casos em que os motivos que levaram à destituição foram 
mais graves, a criançapode ser encaminhada para a adoção (TORRES et al., 2012). 
Como já ressaltamos algumas vezes, a criança deve ser mantida 
preferencialmente com os pais. Várias medidas podem ser tomadas (até no sentido 
de reabilitação) para que as crianças possam voltar a conviver com seus genitores. 
Não iremos entrar em detalhes aqui, mas vale a pena frisar que, dentre as alternativas 
de ações que visam à restauração e ao restabelecimento dos vínculos familiares, 
podem-se destacar: orientação, apoio e acompanhamento temporários, matrícula e 
frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental, inclusão em 
programa de acolhimento familiar, requisição de tratamento médico, psicológico ou 
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial, inclusão em programa oficial ou 
comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos 
(TORRES et al., 2002). 
Observe que várias dessas medidas podem contar com o psicólogo jurídico 
como membro de equipe interdisciplinar responsável por tentar restaurar os vínculos 
familiares. Em último caso, pensa-se na família substituta. Como aqui nosso foco é a 
adoção, iremos nos voltar para essa última alternativa. 
Anteriormente, levantamos questionamento acerca dos motivos que levam 
uma criança a ser colocada em família substituta. Como foi possível observar, a 
colocação da criança em família substituta é a última alternativa e isso pode acontecer 
devido a atitudes nocivas dos pais em relação à criança. Além disso, existem outros 
fatores, tais como morte dos pais, vontade dos pais de abandonar os filhos ou 
incapacidade dos mesmos de criá-los. Como já foi enfatizado, a pobreza em si não 
pode ser considerada motivo para a destituição do poder familiar, mas vários casos 
de abandono de crianças são associados às condições de pobreza dos pais 
(GAGNO, 2002 apud GOMIDE; GUIMARÃES; MEYER, 2003). 
Mariano e Rosseti-Ferreira (2008) apontam alguns fatores que podem levar 
os pais biológicos a entregarem seus filhos para a adoção. Dentre os fatores que 
fizeram mães deixarem seus filhos na maternidade, podem-se destacar conjugação 
de fatores econômicos e familiares (por exemplo, ausência de companheiro) 
(FRESTON; FRESTON, 1994); falta de apoio familiar, falta de condições 
socioeconômicas e habitacionais, criança fruto de relacionamento fortuito (OLIVEIRA, 
2002). Importante destacar que a falta de condições materiais aparece como 
17 
 
 
justificativa, nesse sentido, o Estado deveria propiciar melhores condições para que 
a adoção não fosse necessária. 
Ainda segundo as autoras, em pesquisa realizada para identificar o perfil dos 
pais biológicos que entregam seus filhos à adoção e os adotantes, observa- se que o 
processo de entrega da criança costuma ser silenciado, ou seja, sem intervenção da 
Justiça e da equipe multiprofissional. Nesses casos, o relato dos pais biológicos pode 
conter indícios de arrependimento, coação e até de “pagamento” por parte da família 
adotante pela criança adotada. 
 
2.2 Quem pode adotar e como adotar? 
 A figura a seguir mostra características dos candidatos a adotantes, seu 
estado civil, faixa etária, região de residência, renda familiar e o perfil esperado da 
criança que desejam adotar: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
3 Figura 01: Perfil dos candidatos a adotantes 
 
Fonte: Senado (s.d.). 
 
Segundo o ECA, o adotante precisa ser maior de idade e ser pelo menos 16 
anos mais velho que o adotado. A adoção só pode ser realizada por dois adotantes 
quando os mesmos forem casados ou viverem em união estável. Casais divorciados 
podem adotar em conjunto desde que a convivência com a criança tenha se iniciado 
antes do divórcio, sendo claro que ambos precisam concordar sobre guarda e 
visitação. O cônjuge poderá adotar os filhos do outro cônjuge, mantendo os vínculos 
de filiação entre os respectivos parentes. Por 
outro lado, avós e irmãos mais velhos não podem adotar neto e irmão mais 
novo respectivamente (BRASIL, 1990 apud CAMPOS; COSTA, 2004). 
19 
 
 
Vários motivos podem servir como motivadores para que casais ou pessoas 
sozinhas recorram à adoção. Dentre esses podemos destacar a infertilidade 
(WEBER, 2003), causa mais comum entre os casais; desejo de adotar um enteado 
(para poder educar como filho ou para se vingar do pai biológico) (apud MARIANO; 
ROSSETI-FERREIRA, 2008). 
Um assunto que vem a tona em várias discussões na atualidade é a adoção 
por casais homoafetivos. No ECA, não há nenhum artigo explícito que proíba a 
adoção por homossexuais, porém, como a Constituição Federal de 1988, não 
considera o casamento entre pessoas do mesmo sexo, compreende-se que a 
adoção, nesses casos, só pode ocorrer de forma individual, ou seja, por um dos pares 
(COSTA, 2006 apud ARAÚJO; OLIVEIRA; SOUZA, CASTANHA, 2007). 
Cabe destacar que no Brasil, os casamentos homoafetivos já são realizados 
em cartório, assim como também já há registros de casais homoafetivos que 
conseguiram adotar. Assim como nos demais casos, considera- se que deve-se 
privilegiar os interesses da criança (SENADO, s.d.). Entretanto, essa questão ainda 
é bastante polêmica, por ser cercada de tabus, preconceitos, debates religiosos, 
dentre outros. Ressalta-se, mais uma vez, que, independente do casal adotante, as 
equipes multiprofissionais devem privilegiar sempre o bem-estar da criança. 
O ECA (1990) norteia que, no processo de adoção, deve-se 
considerar como prioridade as reais vantagens para o adotando. Destarte, 
a adoção, quer por homossexuais, quer por heterossexuais, apresenta-se 
como uma via real de inclusão e respeito aos direitos da criança e/ou 
adolescente (ALVES; OLIVEIRA; BARONI; FRANCO; ZACARIAS, 2007 
apud ARAÚJO et al., 2007, p.96). 
 
Cabe à Justiça da Infância e da Juventude conhecer os pedido de adoção e 
seus incidentes, assim como os pedidos de guarda e tutela (BRASIL, 1990). 
Importante destacar que o psicólogo é um dos profissionais que compõem a equipe 
multidisciplinar que atua no contexto da adoção no Brasil. 
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta 
orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe 
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da 
Juventude. 
20 
 
 
Art. 151. Compete à equipe interprofissional, dentre outras 
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer 
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e 
bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, 
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação 
à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista 
técnico (BRASIL, 1990). 
 
Se uma pessoa ou um casal desejam adotar uma criança ou adolescente é 
imprescindível que os mesmos atendam aos pré-requisitos explícitos no ECA e que 
passem por avaliação de uma equipe multiprofissional para que fique comprovado 
que a família tem condições de adotar. A seguir, explica-se brevemente como os 
possíveis adotantes devem proceder. 
O CNA (Cadastro Nacional de Adoção) é um banco de dados que reúne, de 
um lado, os pretendentes à adoção e, de outro lado, as crianças e adolescentes em 
condições de serem adotados. Os interessados em adotar precisam procurar a Vara 
da Infância e da Juventude de sua localidade para que seu cadastro ao sistema seja 
realizado (CNA, 2004). 
O CNA elaborou um passo a passo da adoção, o qual está sintetizado na 
tabela a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Tabela 06: Passo a passo da adoção 
 
Passo Descrição 
1- Eu quero Após a decisão de adotar o candidato, a adotante procura a Vara da 
Infância e da Juventude munido de documentos pessoais, atestado ou 
declaração médica de sanidade física e mental; certidões cível e criminal. 
2- Dê entrada Através de uma petição – preparada por um defensor público ou 
advogado particular –para dar início ao processo de inscrição para 
adoção (no cartório da Vara de Infância).. 
3- Curso 
Avaliação 
e O curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção é obrigatório. 
Após comprovada a participação no curso, o candidato é submetido à 
avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar feitas pela equipe 
técnica interprofissional. Algumas comarcas avaliam a situação 
socioeconômica e psicoemocional dos futuros pais adotivos apenas com 
as entrevistas e visitas. O resultado dessa avaliação será encaminhado 
ao Ministério Público e ao juiz da Vara de Infância. 
4- Você pode Pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união estável também podem 
 
 adotar; a adoção por casais homoafetivos ainda não está estabelecida 
em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis. 
5- Perfil É possível escolher o sexo, a faixa etária, o estado de saúde, os irmãos, 
entre outros. Quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não 
seja separado. 
6- Certificado de 
Habilitação 
A partir do laudo da equipe técnica da Vara e do parecer emitido pelo 
Ministério Público, o juiz dará sua sentença. Com seu pedido acolhido, seu 
nome será inserido nos cadastros, válidos por dois anos em território 
nacional. 
7- Aprovado Após o certificado de habilitação, o candidato à adotante está 
automaticamente na fila de adoção do seu estado e agora aguardará até 
aparecer uma criança com o perfil compatível com o perfil fixado pelo 
pretendente durante a entrevista técnica, observada a cronologia da 
habilitação. 
Importante destacar que algumas pessoas não são aprovadas, pois na 
entrevista a equipe percebe que os fatores que as levaram a optar pela 
adoção são equivocados (como para compensar alguma perda, por 
exemplo), ou quando o candidato leva um estilo de vida incompatível 
para receber uma criança. 
22 
 
 
8- Uma criança A Vara de Infância indica que existe uma criança com o perfil compatível. 
O histórico de vida da criança é apresentado ao adotante; se houver 
interesse, ambos são apresentados. A criança também será entrevistada 
após o encontro e dirá se quer ou não continuar com o processo. Durante 
esse estágio de convivência monitorado pela Justiça e pela equipe técnica 
é permitido visitar o abrigo onde ela mora; dar pequenos passeios para 
que se aproximem e se conheçam melhor. Não é mais possível visitar um 
abrigo e escolher a partir daquelas crianças o seu filho, já que essa prática 
podia fazer com que as crianças se sintam como objetos em exposição, 
sem contar que a maioria delas não está 
disponível para adoção. 
9- Conhecer o 
futuro filho 
Se o relacionamento correr bem, a criança é liberada e o pretendente 
ajuizará a ação de adoção. Ao entrar com o processo, o pretendente 
receberá a guarda provisória, que terá validade até a conclusão do 
processo. Nesse momento, a criança passa a morar com a família. A 
equipe técnica continua fazendo visitas periódicas e apresentará uma 
avaliação conclusiva. 
10- Uma nova 
família 
O juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo 
registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. A nova 
 
 família poderá trocar também o primeiro nome da criança. Nesse 
momento, a criança passa a ter todos os direitos de um filho biológico. 
Fonte: Adaptado de CNA (s.d.). 
 
Autores questionam o passo 7 – aprovado – já que consideram que nem 
sempre é possível ser tão objetivo na escolha de quem é apto para ser pai e mãe 
adotivos. Não se deixa de dar créditos à importância da prática dos serviços de 
seleção visando à qualidade de vida e à proteção do adotado, porém, não se pode 
deixar de se levar em conta que ao se tornar pais biológicos, o processo é bastante 
diferente. 
Nesse sentido, segundo Weber (1999 apud CAMPOS; COSTA, 2004), 
enquanto a família biológica é socialmente considerada a única responsável pelo seu 
filho, no caso da adoção, é bastante diferente. A responsabilidade de escolha dos 
pais ideais – o que inclui a possibilidade de acertos e erros – passa a ser dos técnicos 
que trabalham no Juizado da Infância e da Juventude. Esses profissionais precisam 
levar em conta que esse trabalho não é algo tão objetivo, técnico ou neutro. Envolve 
23 
 
 
vários aspectos subjetivos, teóricos, políticos, pessoais, dentre outros diretamente 
relacionados à escolha de uma família adequada para adotar uma criança. 
 
Um dos problemas observados por Weber na obra citada é que 
nem sempre os técnicos se lembram da possibilidade de mudança e de 
aprendizagem do ser humano, além de não fornecerem aos adotantes 
uma proposta de preparação e/ou modificação de atitudes. Seleciona-se 
simplesmente (p.36). Segundo ela, percebe-se no discurso e na prática 
dos Serviços de Adoção, uma postura apriorística, herdada 
historicamente, preconceituosa, dogmática, estereotipada, moralista e 
alienada em relação à concepção sócio-histórica da família (CAMPOS; 
COSTA, 2004, p.97). 
 
 
2.3 Implicações psicossociais da adoção 
Como já foi mencionado, a destituição do poder familiar e, 
consequentemente, a adoção, é a última alternativa para as famílias. Quando não há 
condições da criança ser mantida em sua própria família ela é encaminhada para uma 
família substituta, já que em instituições, as consequências psicossociais para seu 
desenvolvimento podem ser ainda mais danosas (vide hospitalismo). 
A destituição do poder familiar atinge vários direitos da pessoa humana, não 
apenas dos pais, mas também das crianças que são afastadas do convívio familiar 
(TORRES et al., 2012). 
Os autores supracitados elucidam quais são esses direitos: 
2.3.1 direito da personalidade (porque pode haver posterior 
adoção e até troca de nome da criança); 
2.3.2 direito natural da pessoa, da constituição de prole e de origem; 
2.3.3 direito dos pais de criarem e terem seus filhos próximos a si; 
2.3.4 direito dos filhos de serem criados e educados no seio da 
família natural. 
Na seção anterior, falamos da importância do apego estabelecido entre mãe 
e bebê durante o início de sua vida. Quando uma criança é separada de sua mãe e 
perde a figura materna ela pode desenvolver sentimentos de medo e angústia. Da 
24 
 
 
mesma forma, a criança que é desprezada pelos pais sente-se rejeitada por todos ao 
seu redor (BOWLBY, 1984 apud GOMIDE; GUIMARÃES; MEYER, 2003). 
Deve-se levar em consideração que, em casos em que a criança é vítima de 
exploração e violência, mesmo com os riscos elucidados anteriormente, a adoção 
surge como a melhor alternativa para oferecer proteção à criança e oferecer à mesma 
a possibilidade de um desenvolvimento mais saudável. Apenas é preciso tomar 
cuidado para não considerar que a adoção é a melhor alternativa em casos de 
pobreza, visto que a convivência com a família biológica pode ser positiva: 
De acordo com Gagno (2002 apud GOMIDE; GUIMARÃES; MEYER, 
2003,p.44), 
a adoção é a melhor solução para garantir às crianças 
abandonadas o direito à convivência familiar, porém não é uma boa 
alternativa para crianças cujas famílias sofrem com a pobreza, visto que é 
função da sociedade e do Estado proteger essas crianças e apoiar suas 
famílias. 
 
2.4 Qual o papel do psicólogo no contexto da adoção? 
Detalhamos anteriormente como acontece o processo de adoção, de acordo 
com a Justiça, mas não deixamos de levar e consideração o fato de que as adoções 
informais também existem. 
O papel do psicólogo enquanto membro de equipe multidisciplinar é de 
grande relevância para o processo de adoção (de acordo com a lei). Em outra 
subseção, mostramos o que é o estudo psicossocial, suas vantagens e críticas ao 
mesmo. 
Campos e Ghesti (2000 apud CAMPOS; COSTA, 2004, p.96-97) 
 
ressaltam que o estudo psicossocial, além de ser um instrumento 
importante de avaliação do contexto familiar no qual o adotando está ou 
será inserido, permite inúmeras possibilidades para a transformação destemesmo contexto, com vistas a torná-lo mais favorável ao desenvolvimento 
do adotando, por meio de escuta especializada, orientações, 
aconselhamento terapêutico e encaminhamentos necessários. 
 
25 
 
 
Como a adoção é uma decisão extremamente séria, por se tratar do 
estabelecimento de um vínculo irrevogável, a realização de estudo psicossocial se 
torna importante para garantir o cumprimento da lei, o bom desenvolvimento da 
criança/adolescente, além de prevenir negligência, abuso, rejeição e/ ou devolução 
(CAMPOS; COSTA, 2004). 
Convém destacar que, como já foi mencionado, o abandono e a adoção são 
fenômenos que podem desencadear uma série de desajustes emocionais na criança 
em questão. A destituição do poder familiar pode ocorrer devido ao fato de que a 
criança estava inserida num ambiente extremamente adverso e perigoso, portanto, 
prevenir que essa criança venha a sofrer situações semelhantes novamente é 
essencial para que o seu desenvolvimento seja saudável. 
O processo de estudo social é bastante complexo e gera ansiedade tanto na 
equipe que o realiza – na qual o psicólogo está inserido – e na família que deseja 
adotar. A citação a seguir elucida a situação: 
O processo de estudo psicossocial gera desconforto, temor e 
ansiedade tanto nas famílias adotantes como nos psicólogos e assistentes 
sociais que realizam os estudos e acompanham os casos. A 
responsabilidade pelo acerto da adoção e de ser alguém juridicamente 
instituído para fazer tais avaliações gera sofrimento. Os técnicos 
percebem ainda que a subjetividade no processo pode dar margens a 
abusos de poder. Preconceitos, valores, viéses culturais e de classe social 
permeiam suas análises. [...] Em função desse caráter subjetivo, e a fim 
de não cometer arbitrariedades, devem ser tomadas medidas preventivas 
para buscar entender esta subjetividade, sem negá-la. Não somente os 
técnicos, mas também os juízes e promotores, têm que estar envolvidos 
neste processo de reconhecimento da subjetividade que permeia os 
processos de adoção (CAMPOS; COSTA, 2004, p.103). 
26 
 
 
UNIDADE 3 – RISCO E PROTEÇÃO 
 
Na seção anterior, já falamos sobre crianças em situação de risco, porém o 
conceito de risco ainda não foi definido. Atualmente, o termo “risco” possui algumas 
definições mais específicas para determinadas áreas do que se buscarmos uma 
conceituação do termo num dicionário, por exemplo. É um conceito muito estudado 
na área da saúde (com foco na epidemiologia), como também a partir de um foco 
mais social, o que mais se aproxima do que pretendemos refletir aqui. A seguir, uma 
definição de fatores de risco: 
Fatores de risco relacionam-se com eventos negativos de vida e, quando 
presentes, aumentam a probabilidade de a pessoa apresentar problemas físicos, 
sociais ou emocionais (P.A. COWAN et al., 1996). 
Diversos autores têm trabalhado com experiências estressoras no 
desenvolvimento infantil, tais como: divórcio dos pais (EMERY & FOREHAND, 1996), 
abuso sexual/físico contra a criança (HABIGZANG, KOLLER, AZEVEDO & XAVIER, 
2005; LISBOA et al., 2002), pobreza e empobrecimento (CECCONELLO, 2003; 
LUTHAR, 1999), desastres e catástrofes naturais (COÊLHO, ADAIR & MOCELLIN, 
2004; YULE, 1994), guerras e outras formas de trauma (Garmezy & Rutter, 1983) 
(POLETTO; KOLLER, 2008, p.409). 
A exposição de crianças e adolescentes a fatores de risco pode aumentar as 
chances dos mesmos apresentarem problemas no curso de seu desenvolvimento. 
Além disso, como já elucidamos anteriormente, documentos como o ECA apregoam 
a necessidade da criança ser protegida por seus responsáveis, pela sociedade e pelo 
Estado, disso compreendemos, então, que a criança e o adolescente devem ser, na 
medida do possível, afastados de fatores de risco à sua integridade física, emocional, 
moral. 
Segundo Walker et al. (2007 apud HUTZ et al., 1996; POLETTO; KOLLER, 
2008, p.410).), uma criança será considerada em situação de risco quando estiver 
exposta a riscos psicossociais que possam comprometer seu desenvolvimento 
(violência intrafamiliar, doença mental de um dos pais, negligência, entre outros). 
27 
 
 
A exposição a fatores de risco pode exacerbar condição de vulnerabilidade, 
potencializando situações de risco ou mesmo impossibilitando que os indivíduos 
respondam de forma satisfatória ao estresse. 
Importante destacar que, inicialmente, acreditava-se que a pessoa que era 
submetida a determinado contexto de risco necessariamente apresentaria 
consequências do mesmo, hoje em dia já se sabe que nem sempre situações de risco 
acarretarão em consequências negativas para quem foi exposto (POLETTO; KOLLER, 
2008). 
Os fatores de risco não podem ser considerados de modo isolado. De acordo 
com a Teoria Ecológica de Bronfenbrenner, parte-se do pressuposto de que o 
indivíduo encontra-se inserido em diferentes sistemas, todos os quais em interação, 
podendo resultar em consequências positivas ou negativas para o indivíduo. Disso, 
conclui-se que tanto os fatores de risco quanto os de proteção são provenientes de 
várias fontes (por exemplo, família, escola, comunidade) e podem funcionar como 
fatores de risco ou fatores protetores. Numa outra seção iremos explicar brevemente 
essa teoria. 
O que são fatores de proteção? A citação a seguir explicita o conceito. 
Segundo Rutter (1985), “fatores de proteção referem-se a influências que 
modificam, melhoram ou alteram respostas pessoais a determinados riscos de 
desadaptação” (p. 600). A característica essencial desses fatores é a modificação 
catalítica da resposta da pessoa à situação de risco (RUTTER, 1987 apud POLETTO; 
KOLLER, 2008, p.409). 
Quando se realiza uma busca acerca de literatura sobre fatores de risco na 
infância e na adolescência, observa-se que há diferentes óticas sobre a mesma 
temática. Os fatores de risco podem dizer respeito à violência intrafamiliar, violência 
sexual, uso de álcool e drogas, dentre outros. 
Estudos, como o de Gallo e Willians (2005), relacionam a inserção de 
crianças e adolescentes em ambientes marcados pela presença de fatores de risco 
e a realização de atos infracionais na adolescência. 
Optamos por, na tabela a seguir, não fazer esse tipo de discriminação, visto 
que é fato que qualquer contexto de violência, seja ele de qual tipo (o que será 
28 
 
 
explícito na seção a seguir), é extremamente prejudicial ao desenvolvimento de 
crianças e adolescentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
Tabela 07: Fatores de risco e fatores protetores 
 
Fatores de Risco Fatores protetores 
 Violência. 
 Condição socioeconômica. 
 Pais alcoolistas. 
 Ausência dos pais (separação e/ ou 
prisão). 
 Vulnerabilidade devido à falta de 
apoio social e emocional. 
 Baixa escolaridade (evasão escolar). 
 Identificação com estereótipos 
negativos. 
 Ideologia da escola (pouca clareza 
de regras e reforçamento das 
mesmas; instruções não efetivas). 
 Disciplina pouco consistente e 
ineficiente imposta pelos pais. 
 Perfil dos pais (em contexto de crime 
ou contravenção, consumo 
excessivo de álcool e drogas, que 
maltratam seus filhos ou praticam 
violência física, psicológica e sexual 
com os mesmos e/ou apresentam 
psicopatologia severa), podem 
comprometer suas funções 
parentais no controle, na disciplina e 
no envolvimento com os filhos. 
 Os adolescentes presos relataram 
índice excessivamente alto de 
violência física, de abandono, de 
negligência e punições severas 
aplicadas pelos pais. Famílias 
monoparentais (a mãe lida com o 
estressor de prover a casa e educar 
os filhos, o que acaba interferindo 
negativamente no estilo parental). 
 Ocorrência de violência doméstica. 
 Reforçamentos positivos da 
 Relações familiares positivas, de 
segurança e de apoio. 
 Aceitação e boa relação com os 
colegas. 
 Apoio da rede social. 
 Boa autoestima. 
 Frequentara escola. 
 Crescer em um ambiente livre de 
violência intrafamiliar, com uma 
educação apoiada em supervisão, 
diálogo, afeto e limites é um grande 
antídoto à criminalidade. 
 Autonomia. 
 Bem-estar subjetivo e orientação 
social positiva. 
 Competência emocional. 
 Representação mental de afeto 
positivo. 
 Inteligência. 
 Rede de apoio social, com recursos 
individuais e institucionais, que 
encoraje e reforce a pessoa a lidar 
com as circunstâncias da vida. 
 Coesão familiar, ausência de 
negligência e possibilidade de 
administrar conflitos. 
 Presença de pelo menos um adulto 
com grande interesse pela criança. 
 Presença de laços afetivos no 
sistema familiar e/ou em outros 
contextos que ofereçam suporte 
emocional em momentos de 
estresse. 
 Possivelmente, para cada fator de 
risco pode ser identificado um fator 
de proteção em seu reverso. 
30 
 
 
 
sociedade das atitudes delituosas e 
agressivas. 
 Drogas e álcool. 
 Pobreza. 
 Excessiva permissividade, 
dificuldades de estabelecer limites 
aos comportamentos infantis e 
juvenis e tendência à superproteção. 
 Educação autoritária associada a 
pouco zelo e pouca afetividade nas 
relações. 
 Monitoramento parental deficiente. 
 Aprovação do uso de drogas pelos 
pais. 
 Conflitos familiares sem desfecho de 
negociação. 
 Envolvimento em grupos de jovens 
com comportamento perigoso. 
 
Fonte: Adaptado de: Gallo e Willians (2005); Euzébios Filho e Guzzo (2006); Habigzang et al., (2006); 
 
O profissional, ao investigar fatores de risco e protetores deve ter o cuidado 
de não refletir uma postura preconceituosa e rotuladora (por exemplo, a pobreza 
sempre é um fator de risco que irá afetar negativamente as crianças que vivem em 
determinado ambiente). Por outro lado, também é preciso levar em conta que o que 
para alguns pode ser considerado fator de risco pode não o ser a partir de uma outra 
ótica (por exemplo, para nós, normalmente a criminalidade aparece como fator de 
risco, para pessoas que convivem em comunidades com altos índices de 
criminalidade essa pode ser a fonte de trabalho e renda para muitos adolescentes). 
Os fatores de risco potencializam seu efeito deletério para o desenvolvimento 
de crianças e adolescentes quando aparecem associados (exemplo: adolescente 
filho de mãe solteira, em situação de pobreza, morador de comunidade com alto 
índice de criminalidade, que abandonou os estudos). Alguns desses fatores de risco 
parecem não influenciar a criança ou adolescente quando ocorrem isolados (exemplo: 
pobreza). 
31 
 
 
Nem todas as crianças e adolescentes expostos a fatores de risco irão 
necessariamente ser afetados pelos mesmos. Não se pode negar a importância da 
resiliência – capacidade de lidar com situações adversas e sair fortalecido das 
mesmas (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Como expresso na citação a seguir, a 
criança está inserida em diversos contextos, um pode ser fator de risco, enquanto 
que outro pode ser fator protetor. 
Apesar de os fatores de risco contribuírem na determinação de 
comportamentos agressivos, a literatura sobre resiliência (RUTTER, 1979; WERNER, 
1998) informa que, mesmo na presença de vários dos fatores de risco aqui 
apresentados, muitas crianças e jovens se desenvolvem sem apresentar 
comportamentos antissociais, sendo adaptados a lidar com os estressores 
ambientais e familiares. É fundamental, portanto, analisar também os fatores de 
proteção que dificultam ou neutralizam os fatores de risco, como por exemplo, a 
escola (GALLO; WILLIANS, 2005, p.91). 
Importante destacar que é importante que a equipe multidisciplinar tenha 
condições de identificar fatores de risco nos contextos em que crianças e 
adolescentes se encontram inseridos de forma a buscar algum tipo de intervenção 
para prevenir danos. Quando não é possível adotar essa postura preventiva, quanto 
mais cedo ocorrer a intervenção, mais chances de se promover um desenvolvimento 
saudável. Ao mesmo tempo, faz-se primordial identificar fatores de proteção (ou 
contextos de proteção, como, por exemplo, família, escola, grupo de jovens) de forma 
a buscar promover a resiliência. Em síntese: 
Diante disso, seja qual for o contexto (família, instituição ou 
escola), este pode se configurar como risco ou proteção. No entanto, isto 
dependerá da qualidade das relações e da presença de afetividade e 
reciprocidade que tais ambientes propiciarem (POLETTO; KOLLER, 2008, 
p.414).
32 
 
 
 
UNIDADE 5 – ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI 
 
Atualmente, a questão do adolescente em conflito com a lei sempre estampa 
manchetes de jornais de grande circulação em diversas regiões do país. É de suma 
importância refletir sobre essa problemática, visto que o psicólogo jurídico irá atuar 
diretamente com esse público alvo e se faz necessário desenvolver estratégias 
preventivas e também atuar nos casos nos quais já aconteçam problemas. Dois 
pontos precisam ser levantados: as medidas socioeducativas e a questão da 
maioridade penal. 
Tentaremos não redigir um texto que aponte os adolescentes como vítimas 
ou vilões, não é nosso papel fazer julgamentos, pretendemos abordar a situação a 
partir de um ponto de vista mais imparcial (mesmo que nem sempre isso seja 
possível). 
Antes de iniciarmos essa discussão, é necessário pontuar que a sociedade 
precisa se submeter a determinadas normas, entretanto, não se pode deixar de se 
considerar que essas regras são ditadas a partir de um grupo social específico, o qual 
constrói esses princípios a partir de sua realidade, de seu próprio ponto de vista. O 
padrão social vigente em cada sociedade serve para delimitar as fronteiras do que é 
considerado transgressão, assim, deve-se também partir do pressuposto de que o 
conceito de ressocialização também se encontra amparado nesses padrões, os quais 
nem sempre condizem com a realidade do adolescente (FRANCISCHINI; CAMPOS, 
2005). 
Parte-se do pressuposto de que somente os adolescentes (12 a 18 anos, não 
as crianças) são passíveis de cometerem atos infracionais, os quais se caracterizam 
como transgressões das normas estabelecidas. Entretanto, do ponto de vista jurídico, 
devido às suas peculiaridades, não se pode caracterizar os atos infracionais enquanto 
crime (FRANCISCHINI; CAMPOS, 2005). 
O ECA discorre sobre o ato infracional e a situação do adolescente frente ao 
delito, como explícito na citação a seguir: 
33 
 
 
 
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime 
ou contravenção penal. 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito 
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada 
a idade do adolescente à data do fato (BRASIL, 1990). 
 
Recapitulando o que já foi visto em seções anteriores, o ECA postula que 
todas as crianças e adolescentes, cidadãos, devem ser protegidos e ter a garantia de 
seus direitos, entretanto, sabemos que nem sempre isso é possível. Assim, muitas 
crianças (que, futuramente se tornam adolescentes) são criadas em ambientes 
marcados pela interação de vários fatores de risco, alguns são institucionalizados e, 
em meio a tantos fatores de risco acabam por se envolverem em situações ilícitas. 
Como ressaltamos anteriormente, o adolescente é considerado cidadão. 
Assim, segundo o ECA, ele é socialmente responsável pelos seus atos e, caso 
cumpra uma infração, deverá responder pela mesma através das medidas 
socioeducativas elucidadas no artigo 112 (MARTINS, 2010). 
O convívio em sociedade impõe a necessidade da obediência a algumas 
regras e, quando o adolescente transgride as mesmas, ele precisa ser 
responsabilizado por seus atos. Porém, diferentemente do adulto, o adolescente é 
considerado um ser em desenvolvimento, o que justifica o fato desse grupo ter tutela 
especial, não isentando-os de suas responsabilidades jurídicas (FRANCISCHINI; 
CAMPOS,2005). 
Tentar traçar um perfil desse adolescente infrator poderia acabar por 
estigmatizar um determinado grupo, entretanto, a literatura aponta estudos que 
buscaram investigar características em comum dessa parcela de adolescentes 
brasileiros. Não pretendemos rotular os adolescentes devido às suas características, 
porém apresentaremos, a seguir, alguns resultados de uma pesquisa, os quais 
pareceram bastante relevantes. 
34 
 
 
Notícias veiculadas pela mídia apontam adolescentes envolvidos em diversos 
tipos de delitos, tais como roubo, contravenção, estupro, homicídio, sequestro, tráfico, 
dentre outros. Numa pesquisa Priuli e Moraes (2007) investigaram, junto a 
adolescentes infratores institucionalizados para a aplicação de medidas 
socioeducativas, os delitos cometidos. O gráfico a seguir aponta as estatísticas: 
 
Gráfico 01: Caracterização da população quanto ao ato infracional que levou à internação 
 
Fonte: Priuli e Moraes (2007, p.1188). 
 
Observa-se que a grande maioria de delitos ocorridos caracterizou-se como 
roubo, enquanto que a minoria compreendeu casos de roubo seguido de morte. O 
mesmo estudo também constatou que a maioria desses jovens infratores eram 
usuários – muitos deles desde a infância – de algum tipo de droga lícita ou ilícita. 
Muitos dos amigos dos mesmos também são usuários. 
 
Quanto às condições socioeconômicas do grupo familiar, os 
resultados colhidos de nossas análises revelam que 47,9% dos pais são 
separados, lembrando que no período da internação 31,2% dos 
adolescentes residiam com suas mães. Podemos supor que o provedor 
das necessidades da família estava primeiramente sob a responsabilidade 
35 
 
 
da mãe, já que a maioria dos adolescentes não exercia atividade 
remunerada. Este cenário por sua vez está embutido na estatística global 
do mapa da fome brasileira, em que 40 milhões de pessoas têm suas 
necessidades básicas negadas. Embora não se possa atribuir a este 
contexto de pobreza toda prática de atos infracionais por adolescentes, é 
a partir deste cenário que qualquer leitura e estudo sobre a violência 
precisa ser feito (PRIULI; MOORAES, 207, p.1189). 
 
Estudos como o de Waiselfisz (2012) apontam a violência como um 
percentual significativo de mortes de crianças e adolescentes (22,5% do total de 
óbitos). Importante destacar que, nesse contexto, muitas vezes, os menores não são 
apenas as vítimas, mas também os autores desse tipo de homicídio. Se 
compararmos entre os sexos, estatísticas apontam que os jovens de sexo masculino 
são as maiores vítimas de homicídios. 
 
Os homicídios em geral, e os de crianças, adolescentes e jovens 
em particular, tem se convertido no calcanhar de Aquiles dos direitos 
humanos no país, por sua pesada incidência nos setores considerados 
vulneráveis, ou de proteção específica: crianças, adolescentes, jovens, 
idosos, mulheres, negros, entre outros. Essa grande vulnerabilidade se 
verifica, no caso das crianças e adolescentes, não só pelo preocupante 4º 
lugar que o país ostenta no contexto de 99 países do mundo, mas também 
pelo vertiginoso crescimento desses índices nas últimas décadas 
(WAISELFISZ 2012, p.47). 
 
5.1 Medidas socioeducativas 
O que são medidas socioeducativas? A citação a seguir explica claramente: 
As medidas socioeducativas, na visão de Liberati (2000), são atividades 
impostas aos adolescentes, quando considerados autores de atos infracionais, sem 
perder de vista o sentido pedagógico das mesmas, que têm como objetivo maior, a 
reestruturação desse adolescente para atingir sua reintegração social. “(...) são, 
portanto, deveres que juízes da infância e da juventude impõem aos adolescentes 
que cometem ato infracional. O objetivo não é a punição, mas a efetivação de meios 
para reeducá-los” (CEARÁ, 2007, p. 13 apud MARTINS, 2010, p.166). 
36 
 
 
As medidas socioeducativas visam menos a punição e mais a tentativa de 
reinserção social, o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários 
(FRANSISCHINI; CAMPOS, 2005). 
Segundo os autores supracitados, deve-se tomar o cuidado de diferenciar 
medida socioeducativa e pena, pois: 
 
[...] muito embora se assemelhe à pena ao considerar o princípio 
da personalidade na sua aplicação – apenas o autor do crime responde 
por ele –, ser decorrência de lei e visar à ordem pública, a medida difere 
daquela em aspectos essenciais. Primeiro, se a aplicação da pena, do 
castigo, busca estabelecer uma relação entre o ato cometido e o rigor da 
punição, a aplicação da medida deve buscar uma maior individualização, 
no sentido da sua adequação à história de cada adolescente em particular 
(p.269). 
A pena visa ocasionar o sofrimento do transgressor através da privação de 
seus direitos – como, por exemplo, o de liberdade, de ir e vir. Já a medida 
socioeducativa é uma ação pedagógica sistematizada, mesmo quando ocorre em 
regime de privação de liberdade – o último recurso preconizado pelo ECA 
(FRANCISCHINI; CAMPOS, 2005). 
 
Os artigos 121 e 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente-
ECA, enquanto leis, determinam que a medida de internação seja uma 
medida de exceção, devendo ser aplicada ou mantida somente quando 
evidenciada sua necessidade em observância ao próprio espírito do 
Estatuto. É uma medida considerada grave porque restritiva de liberdade, 
só sendo recomendável quando desaconselhadas medidas menos 
gravosas, devendo ser breve e excepcional. A medida de internação, por 
si só, não tem o propósito de punir a conduta delitiva, mas consiste em 
uma forma de se criar condições adequadas para concretizar a 
ressocialização do adolescente (PRIULI; MOORAES, 207, p.1190). 
 
Mesmo quando comete algum ato infracional, o adolescente possui direitos, 
os quais estão expressos no ECA, conforme elucidamos alguns a seguir. 
37 
 
 
Compreende-se que alguns direitos dos adolescentes são diferentes dos direitos do 
cidadão infrator adulto: 
 
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade 
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente. 
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos 
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus 
direitos. 
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se 
encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária 
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. 
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de 
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. 
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada 
pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. 
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se 
em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a 
necessidade imperiosa da medida. 
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será 
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção 
e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada 
(BRASIL, 1990). 
 
É importante compreender o caminho percorrido pelo adolescente, iniciando-
se no momento em que ele comete a infração até a aplicação das medidas 
socioeducativas. Como o nome mesmo diz, as medidas socioeducativas possuem um 
caráter educacional, não meramente punitivo, assim, elas devem visar, antes de tudo, 
à socialização do menor. Martins (2010) elucida cada passo: 
1. Adolescente comete o ato infracional. 
2. Conduz-se o menor a uma Delegacia especializada, 
obrigatoriamente, à Delegacia da Criança e do Adolescente – DCA, 
onde será ouvido pela autoridade policial, que fará boletim de 
38 
 
 
ocorrência ou auto de apreensão. 
3. Encaminha-se o mesmo ao representante do Ministério Público, se a 
infração for reconhecida ele irá responder pelo ato praticado. 
4. Abertura de processo no Juizado da Infância e da Juventude – JIJ; 
5. Ojuiz marca uma audiência para ouvir o adolescente e seus 
responsáveis e poderá determinar a aplicação das medidas 
socioeducativas previstas no artigo 112 do ECA. 
Em relação às medidas socioeducativas previstas pelo ECA têm-se 
que: 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua 
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida 
a prestação de trabalho forçado. 
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental 
receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às 
suas condições (BRASIL, 1990). 
 
Como expresso na citação anterior, a partir de uma gradação elaborada 
embasada na gravidade do ato infracional cometido, a internação aparece como o 
último recurso e fica explícito que a instituição precisa apresentar características 
educacionais, não prisionais. A tabela a seguir pretende explicar brevemente cada 
uma dessas sanções: 
 
 
39 
 
 
Tabela 10: Medidas socioeducativas 
 
Medida socioeducativa Descrição 
Advertência  Primeiro encontro do adolescente com o juiz ou representante 
do Ministério Público. 
 Pode indicar o início da recuperação do adolescente ou o 
início de sua carreira no crime. 
 Caráter informador (dos direitos e deveres do adolescente na 
sociedade) e conselheiro (quando a autoridade pode expor as 
desvantagens das infrações para a vida futura). 
Obrigação de reparar o dano  Ressarcimento do prejuízo causado à sociedade. 
 Visa compensar o prejuízo da vítima. 
 Antes de ser uma medida punitiva é socioeducativa, pois 
pretende, a partir da reparação do dano, orientar o 
adolescente a respeito de bens e patrimônio. 
Prestação de 
comunidade 
serviços à  Este auxílio consiste na cultivação de atividades gratuitas de 
interesse geral, junto a órgãos governamentais, programas 
comunitários, entidades sociais e outros. 
 Medida de caráter comunitário e educativo tanto para o 
adolescente como para a sociedade. 
Liberdade assistida  Medida coercitiva aplicada quando há necessidade de 
acompanhamento do adolescente junto à família, à escola e/ou 
ao trabalho. 
 Intervenção educacional que implica no acompanhamento do 
adolescente (frequência escolar, inserção no mercado de 
trabalho) quando houver necessidade de proteção. 
Inserção em 
semiliberdade 
regime de  Medida coercitiva e de orientação pedagógica. 
 Visa à integração social do adolescente, fornecendo 
oportunidade útil e laborativa na sociedade a partir de 
acompanhamento com equipe especializada. 
 Necessita de instalações adequadas e uma equipe de 
educadores sociais preparada para realizar um trabalho de 
acordo com o que é proposto em lei. 
Internação em  Aplicada aos adolescentes que cometeram infrações graves 
40 
 
 
 
estabelecimento educacional ou que não responderam positivamente às medidas anteriores. 
 Perda total do direito de ir e vir. 
 Deve seguir aos seguintes princípios: brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. 
 Fatores que levam à internação: a) quando se tratar de ato 
infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à 
pessoa; b) por reiteração no cometimento de outras infrações 
graves; c) por descumprimento reiterado e injustificável de 
medida anteriormente imposta. 
Fonte: adaptado de Martins (2010) e Garcia (s.d.). 
 
Importante destacar que há diferenças entre dois tipos de instituição: os 
abrigos – os quais nos referimos nas seções anteriores – e os internatos. Enquanto 
os abrigos são instituições destinadas a proteger crianças e adolescentes em 
situação de risco, os internatos são instituições destinadas exclusivamente a recolher 
– ou seja, há privação da liberdade – adolescentes de 12 a 18 anos que cometeram 
algum tipo de ato infracional. Convém ressaltar que ambas são instituições de 
proteção ao menor. Internatos não são presídios, mas sim uma medida 
socioeducativa. No caso de adolescentes em que há comprovadamente a presença 
de transtornos de conduta associado a transtornos psiquiátricos a internação se dá 
em estabelecimento ocupacional, psicopedagógico, hospitalar ou psiquiátrico de 
finalidade curativa (GARCIA, s.d.). 
Além disso, convém ressaltar que a internação dos adolescentes só pode 
ocorrer nesses internatos, ou seja, não se pode internar adolescentes infratores em 
presídios (GARCIA, s.d.). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa explícitas as características 
das instituições de internação, a obrigatoriedade de atividades pedagógicas e o direito 
do adolescente interno: 
 
 
41 
 
 
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva 
para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, 
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e 
gravidade da infração. 
 Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive 
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. 
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre 
outros, os seguintes: 
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério 
Público; 
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; 
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; 
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que 
solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; 
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais 
próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; 
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; 
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; 
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; 
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e 
salubridade; 
XI - receber escolarização e profissionalização; 
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: 
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; 
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que 
assim o deseje; 
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro 
para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura 
depositados em poder da entidade; 
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais 
indispensáveis à vida em sociedade. 
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a 
visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e 
fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. 
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental 
dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e 
segurança (BRASIL, 1990). 
42 
 
 
 
Assim, fica explícito que as características dessas instituições diferem-se 
radicalmente das prisões. Segundo Garcia (s.d.), no que diz respeito às atividades 
pedagógicas, essa aparece como a primeira modalidade de reinserção social do 
adolescente, visto que esta pode acontecer em escolas da rede pública. 
A ressocialização visa o convívio com a família e a comunidade, o 
(re)ingresso à educação e o exercício de uma profissão, entretanto, nem sempre são 
delineados programas com esse intuito (FRANSISCHINI; CAMPOS, 2005). 
 
O direito à escolarização e profissionalização deve ser respeitado, 
na medida em que, é através do oferecimento dos cursos técnicos, que o 
jovem reeducando poderá adentrar no mercado de trabalho munido de um 
potencial diferenciado, que o auxiliará na construção de um novo projeto 
de vida, livre das

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