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i ASSOCIAÇÃO AMPLA ENTRE O CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS “CEFET-MG” E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI “UFSJ” Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia Igor Fabiano Silveira APLICAÇÃO DA METODOLOGIA “MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL” PARA MELHORIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DE CALDEIRAS Belo Horizonte 2011 ii Igor Fabiano Silveira APLICAÇÃO DA METODOLOGIA “MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL” PARA MELHORIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DE CALDEIRAS Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia da Energia, em associação ampla entre o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais e a Universidade Federal de São João Del Rei, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia da Energia. Área de Concentração: Eficiência Energética Orientador: Prof. Dr. Daniel Enrique Castro Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Belo Horizonte 2011 iii iv Associação ampla entre o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais “CEFET-MG” e a Universidade Federal de São João Del Rei “UFSJ” Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia Dissertação intitulada “Aplicação da metodologia ‘TPM’ para a redução das perdas de eficiência térmica de caldeiras flamotubulares”, de auditoria do mestrando Igor Fabiano Silveira, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: Profº. Drº Daniel Enrique Castro – CEFET-MG – Orientador Profº. Drº José Henrique Martins Neto – CEFET-MG – Examinador interno Profº. Drº Paulo César da Costa Pinheiro – UFMG – Examinador externo Profº. Drº Frederico Romagnoli Silveira Lima – CEFET-MG Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia CEFET MG Belo Horizonte, 04 de maio de 2011 Av. Amazonas, 7675 – Belo Horizonte, MG – Brasil v Dedico este trabalho à minha mãe, Maria Eterna, Carla, Théo e suas famílias e à Fê. vi Agradecimentos Agradeço a Deus por me possibilitar realizar este trabalho e contribuir com novos conhecimentos sobre o tema estudado. Ao meu orientador Dr. Daniel Enrique Castro que me orientou na direção exata à transposição dos desafios deste trabalho, além de me proporcionar imenso conhecimento acerca dos temas relacionados ao TPM, OEE e a Manutenção como um todo. Ao professor Dr. José Henrique Martins Neto que me orientou nos temas relacionados à eficiência térmica de caldeiras flamotubulares. Ao professor Dr. Paulo César da Costa Pinheiro que gentilmente se disponibilizou a participar da banca examinadora. A todos os professores do mestrado que contribuíram direta ou indiretamente neste trabalho. Aos amigos e companheiros de mestrado pela troca de conhecimento e constante ajuda mútua. Aos Técnicos do CEFET Itamar Herculano e Wenceslau Barbosa que não pouparam esforços em me ajudar nos experimentos realizados no Laboratório de máquinas térmicas. À Belgo-Contagem, representada pelo Engenheiro Maurício Isidoro e à Cedro Tecidos, representada pelo Supervisor Ubirajara Alves que se prontificaram em me atender, disponibilizando os dados históricos de caldeira, existentes em seus processos, necessários a este estudo. Às pessoas que me deram a oportunidade e facilitaram para que eu pudesse fazer este curso: Ricardo Sacchi (V&M), Eloi Ribeiro (Engefaz) e Fabrício Martins (Premo). Aos demais colegas de trabalho que contribuíram para o sucesso deste estudo. A todos os meus familiares: pais, irmãos, sobrinhos, cunhados, tios, primos e amigos que durante toda minha vida me impulsionaram em direção aos meus objetivos. À Fernanda que dividiu comigo em todos os momentos os desafios desta caminhada e à sua família que tanto me apoiou. vii “A imaginação é tudo. É a prévia das próximas atrações da vida.” Albert Einstein viii Resumo Hoje, cada vez mais, existe um palco incessantemente mutável do mundo empresarial e seus processos produtivos. Ao contrário do observado em tempos atrás, os processos contemporâneos se caracterizam pelo dinamismo que a demanda do mercado exige. É neste contexto que o OEE – Overall Effectiveness Equipment (ou Rendimento Global dos Equipamentos) surge como ferramenta para medir a eficácia dos processos produtivos. O OEE, que tem sua origem estreitamente ligada ao TPM – Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total), antes era visto como indicador para se conseguir o prêmio dado pelo JIPM – Japan Institute of Plant Maintenance. Porém, atualmente é visto por vários consultores como ferramenta padrão para a medição da eficácia de processos produtivos e a identificação dos potenciais de ganho. A metodologia TPM, através dos seus oito pilares, propõe ações de gerenciamento de manutenção em seus diversos setores integrados buscando a máxima eficiência do processo. Este trabalho visa à medição do OEE e da eficiência térmica em caldeiras flamotubulares, considerando o processo em si, e a proposição de ações vinculadas ao programa TPM, na busca por melhorias dos processos medidos. Para isto são propostas metodologias para a medição do OEE e da eficiência térmica. Da mesma forma, as ações apresentadas neste trabalho são direcionadas à aplicação do TPM em caldeiras flamotubulares. Os valores de OEE observados na indústria em geral são muito baixos se comparados aos níveis propostos pelo JIPM, de 85% de eficiência global como valores apropriados para instalações industriais classe mundial. Por este motivo o presente trabalho procura analisar a forma de melhorar os valores de OEE e eficiência térmica para caldeiras flamotubulares, equipamento de ampla utilização na indústria. Palavras chaves: rendimento global dos equipamentos, manutenção produtiva total, eficiência térmica, caldeiras flamotubulares. ix Abstract Today, increasingly, there is a constantly changing stage´s business world and production processes. Unlike what was seen some time ago, contemporary processes characterizes because the dynamism that the market demand requires. In this context OEE - Overall Effectiveness Equipment (or Overall Equipment Efficiency) represents a tool to measure the effectiveness of production processes. OEE, which has its origin closely related to TPM - Total Productive Maintenance, was once seen as an indicator for achieving the award given by JIPM - Japan Institute of Plant Maintenance. Currently, however, is seen by many consultants as a standard tool for measuring the effectiveness’ production processes and the identification of potential gain. Since the TPM methodology, through its eight pillars, propose management actions of maintenance in its various integrated sectors seeking the maximum efficiency´s process. This work aims a measurement of OEE and thermal efficiency in fire-tube boilers considering the process itself and the propositions of shares subject to TPM program looking for improvements’ measured process. To reach this goal methodologiesare proposed for the OEE’s and the thermal efficiency measurement. Likewise, the actions reported here are directed to the implementation of TPM in fire-tube boilers. OEE values’ companies in general are very low compared to the levels proposed by the JIPM, 85% overall efficiency as appropriated values to world class industrial installations. Because that, this work intends to analyze the way to improve OEE’s values of fire-tube boilers, equipment of many utilizations in the industry. Keywords: overall effectiveness equipment, total productive maintenance, thermal efficiency, fire-tube boilers. 10 Sumário Resumo ............................................................................................................................................. viii Abstract ............................................................................................................................................... ix Sumário ............................................................................................................................................. 10 Lista de Ilustrações ....................................................................................................................... 13 Lista de Tabelas .............................................................................................................................. 16 Lista de Símbolos ........................................................................................................................... 17 Lista de Abreviações ..................................................................................................................... 18 Capítulo 1 ......................................................................................................................................... 19 1.1. Justificativa ......................................................................................................................................... 19 1.2. Objetivos .............................................................................................................................................. 26 1.2.1. Objetivos gerais ......................................................................................................................................... 26 1.2.2. Objetivos específicos ............................................................................................................................... 26 1.3. Metodologia ........................................................................................................................................ 27 1.4. Estrutura do Trabalho .................................................................................................................... 28 Capítulo 2 ......................................................................................................................................... 30 2.1. Eficiência Global dos Equipamentos – OEE............................................................................ 30 2.1.1. Perda por avarias ...................................................................................................................................... 34 2.1.2. Perda por preparativos e ajustes (setup) ........................................................................................ 34 2.1.3. Perda por operação ociosa e microparadas ................................................................................... 35 2.1.4. Perda por redução de velocidade ....................................................................................................... 35 2.1.5. Perda por defeitos e retrabalhos ........................................................................................................ 35 2.1.6. Perdas de início de produção ............................................................................................................... 35 2.2. Manutenção Produtiva Total – TPM ......................................................................................... 36 2.2.1. História do TPM ......................................................................................................................................... 36 2.2.2. Certificação do TPM ................................................................................................................................. 37 2.2.3. Os oito pilares do TPM ............................................................................................................................ 38 2.2.3.1. Melhoria focalizada .............................................................................................................................. 39 2.2.3.2. Manutenção especializada ................................................................................................................. 40 2.2.3.3. Manutenção autônoma ....................................................................................................................... 41 11 2.2.3.4. Gerenciamento do ciclo de vida ...................................................................................................... 42 2.2.3.5. Educação e treinamento ..................................................................................................................... 43 2.2.3.6. Manutenção da qualidade .................................................................................................................. 44 2.2.3.7. Saúde, segurança e meio ambiente ................................................................................................ 45 2.2.3.8. TPM – Office ............................................................................................................................................. 45 2.3. Eficiência térmica de caldeiras flamotubulares ................................................................... 47 2.3.1. História sobre Caldeiras ......................................................................................................................... 47 2.3.2. Tipos de Caldeiras .................................................................................................................................... 47 2.3.3. Descrição de caldeiras flamotubulares ............................................................................................ 49 2.3.4. Normas de segurança aplicadas a Caldeiras .................................................................................. 50 2.3.5. Descrição do processo de geração de vapor .................................................................................. 51 2.3.6. Formas de cálculo da eficiência térmica ......................................................................................... 52 Capítulo 3 ......................................................................................................................................... 55 3.1. Metodologia experimental ........................................................................................................... 57 3.2. Medições experimentais ................................................................................................................ 62 3.2.1. Eficiência térmica teórica ...................................................................................................................... 62 3.2.2. Análise de incertezas da eficiência térmica teórica .................................................................... 63 3.2.3. Cálculo do tamanho da amostra ......................................................................................................... 66 3.2.4. Eficiência térmica experimental ......................................................................................................... 673.3. Resultados ........................................................................................................................................... 70 3.3.1. Discussão dos resultados ....................................................................................................................... 70 3.3.2. Análise de incertezas da eficiência térmica real .......................................................................... 75 3.3.3. Teste de hipóteses .................................................................................................................................... 75 3.3.4. Perdas de eficiência térmica ................................................................................................................ 76 Capítulo 4 ......................................................................................................................................... 78 4.1. Caldeira ATA-2 (CEFET-MG) ....................................................................................................... 80 4.1.1. Medições experimentais da Caldeira ATA-2 (CEFET-MG) ....................................................... 81 4.1.2. Resultados experimentais da Caldeira ATA-2 (CEFET-MG) ................................................... 83 4.2. Caldeira HEATMASTER-500HP (CEDRO) ............................................................................... 89 4.2.1. Medições em campo da Caldeira HEATMASTER-500HP (CEDRO) ...................................... 91 4.2.2. Resultado em campo da Caldeira HEATMASTER-500HP (CEDRO) ..................................... 92 4.3. Caldeira AALBORG-10G (BELGO) .............................................................................................. 97 4.3.1. Medições em campo da Caldeira AALBORG-10G (BELGO) ...................................................... 98 4.3.2. Resultados em campo da Caldeira AALBORG-10G (BELGO) .................................................. 99 4.4. Comparativo entre as caldeiras estudadas ......................................................................... 102 12 Capítulo 5 ....................................................................................................................................... 105 5.1. Eficiência térmica .......................................................................................................................... 105 5.2. OEE ..................................................................................................................................................... 106 5.2.1. Disponibilidade ........................................................................................................................................106 5.2.2. Desempenho .............................................................................................................................................107 5.2.3. Qualidade ...................................................................................................................................................109 5.2.4. Comentários gerais ................................................................................................................................109 5.3. Priorização de risco ...................................................................................................................... 110 Capítulo 6 ....................................................................................................................................... 113 6.1. Melhoria focalizada ...................................................................................................................... 114 6.2. Manutenção especializada ......................................................................................................... 114 6.3. Manutenção autônoma ............................................................................................................... 114 6.4. Educação e treinamento ............................................................................................................. 115 6.5. Saúde, segurança e meio-ambiente ........................................................................................ 115 6.6. Outros pilares ................................................................................................................................. 116 Capítulo 7 ....................................................................................................................................... 117 Apêndice A ..................................................................................................................................... 119 Apêndice B ..................................................................................................................................... 121 Apêndice C ...................................................................................................................................... 123 Apêndice D ..................................................................................................................................... 127 Apêndice E ...................................................................................................................................... 141 Referência Bibliográfica ........................................................................................................... 143 13 Lista de Ilustrações FIGURA 1: DISTRIBUIÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES POR QUALIFICAÇÃO - 2008 .................... 22 FIGURA 2: NÚMERO DE CERTIFICAÇÕES DO TPM POR PAÍS - 2008 ....................................... 23 FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES POR QUALIFICAÇÃO - 2009 .................... 24 FIGURA 4: NÚMERO DE CERTIFICAÇÕES DO TPM POR PAÍS – 2009 ...................................... 24 FIGURA 5: REDUÇÕES NA INTENSIDADE ENERGÉTICA NAS NAÇÕES INDUSTRIALIZADAS .......................................................................................................................... 26 FIGURA 6 – Tempos e perdas do OEE ................................................................................................... 33 FIGURA 7 – Estrutura das perdas do OEE ........................................................................................... 34 FIGURA 8 – Os oito pilares do TPM ........................................................................................................ 39 FIGURA 9 – Ciclo CAPDo ............................................................................................................................. 39 FIGURA 10 – Padrão provisório de limpeza ....................................................................................... 41 FIGURA 11 – LUP: Lição de um ponto ................................................................................................... 44 FIGURA 12 – Implantação do 5S ............................................................................................................. 46 FIGURA 13 – Caldeira flamotubular ...................................................................................................... 49 FIGURA 14 – Desenho esquemático do processo de geração de vapor ................................... 52 FIGURA 15 – Caldeira ATA-2, Laboratório de Máquinas Térmicas, CEFET-MG ................... 57 FIGURA 16 – Manômetro indicador da pressão de trabalho da caldeira ATA-2 .................. 60 FIGURA 17 – Medidor de nível da caixa d’água de alimentação da caldeira .......................... 60 FIGURA 18 – Medidor de nível do reservatório de combustível de alimentação da caldeira ....................................................................................................................................................61 FIGURA 19 – Termômetro para medição da temperatura da água de entrada da caldeira .................................................................................................................................................................... 61 FIGURA 20 – Vazamentos de água na entrada da caldeira e de vapor na saída ................... 68 FIGURA 21 – Purgador instalado na saída de vapor da caldeira ................................................ 69 FIGURA 22: RELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA TÉRMICA E A VAZÃO MÁSSICA DE COMBUSTÍVEL ...................................................................................................................................... 71 FIGURA 23: RELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA TÉRMICA E A VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR .................................................................................................................................................................... 72 14 FIGURA 24: RELAÇÃO ENTRE A VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR E A VAZÃO MÁSSICA DE COMBUSTÍVEL ...................................................................................................................................... 72 FIGURA 25: RELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA TÉRMICA E A PRESSÃO DE TRABALHO .... 73 FIGURA 26: RELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA TÉRMICA E A TEMPERATURA DE ENTRADA DA ÁGUA ........................................................................................................................... 74 FIGURA 27: RELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA TÉRMICA E A DIFERENÇA ENTRE AS ENTALPIAS DE SAÍDA E A DE ENTRADA ................................................................................... 74 FIGURA 28: RENDIMENTO GLOBAL DA CALDEIRA ATA-2 (MÉTODO DE CÁLCULO PELA VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR).......................................................................................................... 82 FIGURA 29: RENDIMENTO GLOBAL DA CALDEIRA ATA-2 (MÉTODO DE CÁLCULO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA)...................................................................................................................... 82 FIGURA 30: COMPARAÇÃO ENTRE O RENDIMENTO GLOBAL DA CALDEIRA ATA-2 NAS DIFERENTES FORMAS DE CÁLCULO (VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR E EFICIÊNCIA TÉRMICA) ............................................................................................................................................... 83 FIGURA 31: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR E A VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR .................................................................................... 84 FIGURA 32: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A EFICIÊCNIA TÉRMICA ....................................................................................................................... 84 FIGURA 33: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A VAZÃO MÁSSICA DE VAPOR ........................................................................................................... 85 FIGURA 34: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A VAZÃO MÁSSICA DE COMBUSTÍVEL ........................................................................................... 85 FIGURA 35: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A PRESSÃO DE TRABALHO ................................................................................................................. 86 FIGURA 36: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A TEMPERATURA DE ENTRADA DA ÁGUA ................................................................................... 86 FIGURA 37: COMPARATIVO ENTRE O OEE CALCULADO PELA EFICIÊNCIA TÉRMICA E A DIFERENÇA DE ENTALPIAS DE SAÍDA E DE ENTRADA ...................................................... 87 FIGURA 38: OEE-mv DA CALDEIRA ATA-2 E SUAS PERDAS ....................................................... 88 FIGURA 39: OEE- η DA CALDEIRA ATA-2 E SUAS PERDAS .......................................................... 89 FIGURA 40 – Caldeira HEATMASTER – Wood Fired 500 HP – Cedro-Sete Lagoas-MG ..... 90 FIGURA 41: COMPARAÇÃO MENSAL DO OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP........ 92 FIGURA 42: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (JAN/2010) ...... 93 15 FIGURA 43 – Caldeira AALBORG – M3P – Belgo-Contagem ......................................................... 97 FIGURA 44: COMPARAÇÃO SEMANAL DO OEE DA CALDEIRA AALBORG-10G ................... 99 FIGURA 45: MEDIÇÃO DA PRESSÃO DE TRABALHO DA CALDEIRA AALBORG-10G ...... 100 FIGURA 46: OEE DA CALDEIRA AALBORG-10G E SUAS PERDAS ........................................... 101 16 Lista de Tabelas TABELA 1: 2008 TPM AWARD WINNERS. Fonte: www.jipm.com. Acesso em 10/09/10. .................................................................................................................................................................... 22 TABELA 2: 2009 TPM AWARD WINNERS. Fonte: www.jipm.com. Acesso em 10/09/10. .................................................................................................................................................................... 23 TABELA 3: ERROS DE RESOLUÇÃO DE ESCALA DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS ....... 65 TABELA 4: OEE-mv DA CALDEIRA ATA-2 E SUAS PERDAS. ......................................................... 87 TABELA 5: OEE-η DA CALDEIRA ATA-2 E SUAS PERDAS. ............................................................ 88 TABELA 6: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (JAN/2010). ....... 92 TABELA 7: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (FEV/2010). ...... 94 TABELA 8: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (MAR/2010)...... 94 TABELA 9: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (ABR/2010). ..... 94 TABELA 10: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (MAI/2010). ... 94 TABELA 11: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (JUN/2010). .... 95 TABELA 12: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (JUL/2010)...... 95 TABELA 13: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (AGO/2010). ... 95 TABELA 14: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP E SUAS PERDAS (SET/2010). .... 95 TABELA 15: OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP (JAN A SET/2010).......................... 96 TABELA 16: SEIS GRANDES PERDAS DO OEE DA CALDEIRA HEATMASTER-500HP (JAN A SET/2010). ......................................................................................................................................... 96 TABELA 17: OEE DA CALDEIRA AALBORG-10G E SUAS PERDAS (TOTAL). ......................... 99 TABELA 18: OEE DA CALDEIRA AALBORG-10G. ........................................................................... 101 TABELA 19: COMPARATIVO DO OEE PARA AS TRÊS CALDEIRAS ESTUDADAS. ............. 103 TABELA 20: CARACTERÍSTICAS DAS CALDEIRAS ESTUDADAS. ............................................ 104 TABELA 21: FMEA DAS PERDAS DE EFICIÊNCIA TÉRMICA E OEE. ...................................... 110 TABELA 22: PERDAS RELACIONADAS AOS PILARES DO TPM. ............................................... 113 17 Lista de Símbolos α - erro máximo permitido na amostragem CN - Tempo de ciclo teórico (capacidade nominal) DN - Desempenho DP - Disponibilidade ε - fator de risco he - entalpia da água que entra na caldeira hs - entalpia do vapor que sai da caldeira n - tamanho da amostra η - eficiência térmica mc - vazão mássica de combustível P - perdas de eficiência térmica ρ - massa específica QL - Taxa de qualidade Qu - calor útil S - desvio padrão estimado TC - Tempo de carga TT - Tempototal TP - Tempo de todas as paradas planejadas para não haver produção TO - Tempo operacional TM - Tempo de todas as paradas de manutenção planejadas TN - Tempo de todas as paradas de manutenção não planejadas σ - desvio da população UB - Unidades boas produzidas UT - Total de unidades produzidas VP - Volume processado Z - grau de confiança (intervalo de confiança) X - média estimada 18 Lista de Abreviações ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CAPDo - Check, Action, Plan, Do FMEA - Failure Modes and Effect Analysis JIPE - Japan Institute of Plant Engineers JIPM - Japan Institute of Plant Maintenance JMA - Japan Management Association LCC - Life Cicle Cost LUP - Lição de Único Ponto NR-13 - Norma Regulamentar 13 OECD - Organização para o Desenvolvimento Econômico OEE - Overall Effectiveness Equipment PCI - Poder Calorífico Inferior PDCA- Plan, Do, Check, Action RPN- Risk Priority Number TEEP - Total Effectiveness Equipment Performance TPM - Total Productive Maintenance 19 Capítulo 1 Introdução Este trabalho trata da medição da eficiência térmica e do OEE (Overall Equipment Effectiveness) de caldeiras do tipo flamotubular em três diferentes caldeiras e em condições distintas de operação. Além da identificação das perdas existentes nos processos, são propostas ações vinculadas à metodologia TPM (Total Productive Maintenance) para redução das mesmas. A pesquisa se desenvolve em caldeiras de pequeno, médio e grande porte. A de pequeno porte é a ATA-2 do Laboratório de Máquinas Térmicas do CEFET-MG, onde foram realizados vários experimentos para calcular sua eficiência térmica e o OEE. As outras duas, de médio e grande porte, estão inseridas em processos produtivos reais. Destas, foram extraídos apenas os dados para o cálculo do OEE. Após apresentados os indicadores de cada caldeira, foi feita uma análise de comparação dos processos e de discussão dos resultados. A dissertação é concluída com a proposição de ações vinculadas aos oito pilares do TPM visando à redução das perdas do OEE e conseqüentes perdas de eficiência térmica das caldeiras estudadas. Este capítulo contextualiza a pesquisa, descrevendo as justificativas do tema, os objetivos gerais e específicos, metodologia de pesquisa e estrutura da dissertação. 1.1. Justificativa O Brasil vem se posicionando como um país periférico no contexto econômico internacional, especialmente considerando a relação com países centrais como EUA, Alemanha e Japão, e as taxas de crescimento observadas em países como Índia e China (HANSEN, 2006). Para que as empresas brasileiras possam desenvolver estratégias de produção competitivas e eficazes, capazes de enfrentar as necessidades impostas pelas normas da 20 concorrência globalizada, é essencial compreender em profundidade a relação entre os fatores de produção vigentes no país. É fundamental explicitar as diferenças econômicas entre os países ditos em desenvolvimento (entre os quais o Brasil se inclui) e os países centrais. Por exemplo, a “grosso modo” é possível afirmar, no caso da indústria metal- mecânica, que a relação dos custos horários associados à depreciação de equipamentos e os custos de mão-de-obra é de aproximadamente 1:10 nos países desenvolvidos (EUA, Japão, Alemanha) enquanto essa relação, no caso brasileiro, é de aproximadamente 1:1. Ainda, as taxas de juros praticadas no Brasil são muito elevadas (da ordem de 20% ao ano) se comparadas com os países centrais. Considerando estes aspectos, é possível afirmar que os investimentos em ativos fixos no Brasil tendem a ser consideravelmente onerosos quando comparados com a realidade dos países desenvolvidos. Sendo assim, no Brasil a aquisição desse tipo de recurso (ex: máquinas, equipamentos, automação da movimentação de materiais, instalações, entre outros) é um elemento restritivo da competitividade das empresas. Parece relevante apresentar alguns questionamentos (HANSEN, 2006): As empresas brasileiras medem a eficiência de utilização das suas máquinas em geral e das máquinas-gargalo de forma particular? A utilização dos ativos fixos existentes nas empresas brasileiras, particularmente no que tange as máquinas, é eficaz? As empresas brasileiras determinam com precisão conceitual, de um prisma prático que considere a eficiência das máquinas, a sua capacidade produtiva e a relação entre a capacidade produtiva e a demanda de mercado? As possíveis respostas às questões acima passam pelo domínio do OEE (Overall Equipment Effectiveness) cuja origem encontra-se intimamente relacionado com a tecnologia de gestão intitulada TPM (Total Productive Maintenance). Conceitualmente, é necessário perceber que a adoção e utilização do OEE como forma de calcular a eficiência operacional pressupõe uma ação integrada entre os profissionais responsáveis pela produção, manutenção, qualidade, processo, grupos de melhorias de troca rápida de ferramentas, logística interna, etc (HANSEN, 2006). A partir de uma perspectiva pragmática, medições realizadas em empresas brasileiras que atuam em segmentos tão diversos como metal-mecânica, alimentos, têxtil, calçados, moveleira, plástico e petroquímica tendem a mostrar que os recursos 21 produtivos ‘gargalo’ das empresas analisadas operam, via de regra, com OEE insuficiente, tendo um conjunto significativo de casos com valores inferiores a 50%. Estas medições evidenciam (HANSEN, 2006): Os valores obtidos são muito baixos se considerados os índices propostos pela JIPM, da ordem de 85%; O elevado potencial de melhorias no que tange a utilização dos equipamentos já instalados nas empresas nacionais; A necessidade de aprofundar os estudos relativos à utilização de máquinas no parque industrial brasileiro, com técnicas de excelência adotadas nas chamadas empresas de classe mundial. Ainda, é razoável relacionar as análises de eficiência das máquinas com os aspectos financeiros decorrentes das ações propostas para melhorias. Tais ações são norteadas pelo TPM. TPM é uma técnica revolucionária em termos de visão empresarial. Sua implantação exige grande esforço por parte de toda a empresa. Os resultados da técnica são medidos em termos quantitativos e qualitativos, e um número cada vez maior de empresas no mundo está implantando TPM para garantir níveis de excelência mundial nos seus processos (CASTRO, 2006). Anualmente é publicado o ranking das empresas certificadas pelo JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance). Para se certificar, as empresas se submetem a uma auditoria dos seus processos, por parte do JIPM, na qual será avaliado o nível de utilização do TPM na empresa. A certificação dada é definida por uma série de fatores, tais como: tempo de permanência do programa, resultados quantitativos e qualitativos provenientes da implantação do TPM, etc. No ano de 2008 foram certificadas 61 plantas industriais em todo o mundo, sendo 5 no Brasil, conforme é apresentado na Tabela (1). O grau de certificação é apresentado do maior para o menor, seguindo na Tabela (1), da esquerda para a direita (JIPM, 2010). 22 TABELA 1: 2008 TPM AWARD WINNERS. Fonte: www.jipm.com. Acesso em 10/09/10. Estratificando os dados presentes na Tabela (1), é mostrada na Figura 1 a distribuição das certificações pela sua qualificação: 1 1 11 20 28 0 5 10 15 20 25 30 World class Advanced special Special Consistent A Category A 2008 TPM Award Winners FIGURA 1: DISTRIBUIÇÃO DASCERTIFICAÇÕES POR QUALIFICAÇÃO - 2008 A Figura 2 apresenta uma análise de Pareto dos países que mais investiram na certificação do TPM pela JIPM, no ano de 2008: 23 FIGURA 2: NÚMERO DE CERTIFICAÇÕES DO TPM POR PAÍS - 2008 Nota-se na Figura 2 que o Brasil está entre os 5 países melhores classificados em número de certificações do TPM. No ano de 2009 foram certificadas 44 plantas industriais em todo o mundo, sendo apenas uma no Brasil, conforme é apresentado na Tabela (2). O grau de certificação é apresentado do maior para o menor, seguindo na Tabela (2), da esquerda para a direita. TABELA 2: 2009 TPM AWARD WINNERS. Fonte: www.jipm.com. Acesso em 10/09/10. 24 Estratificando os dados presentes na Tabela (2), é mostrado na Figura 3 a distribuição das certificações pela sua qualificação: 6 10 22 6 0 5 10 15 20 25 TPM achievement Consistent commitment Category A Category B 2009 TPM Award Winners FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES POR QUALIFICAÇÃO - 2009 A Figura 4 apresenta uma análise de Pareto dos países que mais investiram na certificação do TPM pela JIPM, no ano de 2009: FIGURA 4: NÚMERO DE CERTIFICAÇÕES DO TPM POR PAÍS – 2009 Pode-se perceber que as nomenclaturas dadas às certificações mudaram de 2008 para 2009. Além disto, foi certificado um menor número de plantas em 2009, se 25 comparado a 2008. O Brasil passou de 5 certificações em 2008 para 1 em 2009. Nestes dois anos também se percebe que os países asiáticos lideram o ranking na implantação do TPM. Este trabalho visa propor ações vinculadas ao programa TPM especificamente para caldeiras flamotubulares buscando adequar suas rotinas de forma otmizada. A escolha da aplicação desta metodologia e a busca por uma maior eficiência térmica, nestes equipamentos, levaram em consideração os fatores descritos a seguir. Cerca de 80% da geração de energia elétrica do hemisfério norte utiliza vapor de água como fluido de trabalho em ciclos termodinâmicos, transformando a energia química de combustíveis fósseis ou nucleares em energia mecânica, e em seguida, energia elétrica. Além disto, aproximadamente de 80% das indústrias de processo químico tem vapor como principal fonte de aquecimento: reatores químicos, trocadores de calor, evaporadores, secadores e inúmeros processos e equipamentos térmicos. Mesmo outros setores industriais, como metalúrgico, metal-mecânico, eletrônica, etc, podem-se utilizar de vapor como fonte de aquecimentos de diversos processos (GELLER, 2003). As caldeiras e os dispositivos térmicos que utilizam combustão são os principais consumidores energéticos mundiais. Quase 100% dos combustíveis fósseis são usados em sistemas térmicos com combustão (cerca de 65% da eletricidade é produzido a partir de sistemas térmicos com combustão) (GELLER, 2003). Assim, as melhorias relacionadas à eficiência térmica, por menor que sejam, implicam em uma redução significativa dos recursos consumidos em fontes energéticas na sua maior parte não renováveis. A Figura 5 mostra o progresso atingido na redução da intensidade energética – uso de energia por unidade de produção econômica (PIB) – em oito dos principais países da OECD desde 1973. Durante esse período, a intensidade energética caiu 43% na Alemanha, 42% nos Estados Unidos, 39% no Reino Unido e 24% no Japão. Mudanças estruturais, como a mudança da produção econômica de indústrias pesadas para indústrias leves e para o setor de serviços, causou parte dessas reduções, mas grande parte deste declínio se deveu a ganhos reais de eficiência energética (IEA, 1997d; SCHIPPER et al., 2001). Neste caso, se justifica a busca por maiores eficiências energéticas nas caldeiras que utilizam derivados de petróleo. 26 29,4% 15,8% 40,9% 25,0% 30,8% 36,0% 37,9% 41,9% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Canadá França Alemanha Itália Japão Holanda Inglaterra Estados Unidos In te n si d ae e n e rg é ti ca ( to n e la d as e q u iv al e n te s d e p e tr ó le o p o r U S$ 1 .0 0 0 d e P N B , e m U S$ d e 1 9 9 5 ) Nível de 1973 Nível de 2000 Redução (%) FIGURA 5: REDUÇÕES NA INTENSIDADE ENERGÉTICA NAS NAÇÕES INDUSTRIALIZADAS 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivos gerais O objetivo geral deste trabalho é a proposição de ações vinculadas à metodologia TPM para aplicação em caldeiras flamotubulares de forma a reduzir as perdas observadas no OEE e na eficiência térmica destes equipamentos. 1.2.2. Objetivos específicos Como objetivos específicos, pretende-se: Medir a eficiência térmica de uma caldeira de laboratório e tratar estatisticamente os resultados. 27 Medir o OEE de três caldeiras, de pequeno, médio e grande porte, identificando as perdas e comparando os resultados. Propor ações vinculadas aos oito pilares do TPM para aplicação em caldeiras flamotubulares visando à redução dessas perdas e, conseqüentemente, das perdas de eficiência térmica. 1.3. Metodologia Segundo Gil (2009), com relação às pesquisas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais. Assim, é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. Este trabalho é classificado como uma pesquisa descritiva, pois tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. (GIL, 2009). Quanto ao tipo de pesquisa com base nos procedimentos técnicos utilizados, este trabalho é classificado de três formas: pesquisa experimental, pesquisa ex-post facto e estudo de campo. Isto se deve ao fato que na dissertação, são apresentados experimentos em laboratórios, onde há manipulação de variáveis (pesquisa experimental) e, por outro lado, análise de dados históricos provenientes de caldeiras inseridas em processos produtivos reais (pesquisa ex-post facto). Após a análise desses dados são propostas ações vinculadas à metodologia TPM (estudo de campo), promovendo um maior conhecimento deste programa de gerenciamento. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que as variáveis produzem no objeto (GIL, 2009). Esta parte do trabalho diz respeito aos experimentos realizados na Caldeira ATA-2 do laboratório do CEFET-MG na coleta de dados para o cálculo do OEE e de sua eficiência térmica. O propósito básico da pesquisa ex-post facto é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu planejamento 28 também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais importante da pesquisa ex-post facto é que o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer neste tipo de pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles (GIL, 2009). Esta se refere ao estudodo OEE realizado nas duas caldeiras inseridas em processos produtivos reais, uma vez que serão analisados dados históricos. O estudo de campo procura o aprofundamento das questões propostas. Como conseqüência, o planejamento do estudo apresenta grande flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa. O estudo de caso tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que interrogação (GIL, 2009). Por fim, esta etapa é referente às ações de melhoria, vinculadas ao TPM, para implementação nas caldeiras, visando o aumento do OEE e da eficiência térmica. 1.4. Estrutura do Trabalho Este trabalho está dividido em seis capítulos, com os conteúdos aqui apresentados. O primeiro capítulo traz uma introdução ao tema da dissertação, a justificativa acerca de sua escolha e os objetivos do trabalho. Neste capítulo também são apresentados o método e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo é feita uma abordagem ao tema e seus objetivos através da revisão da literatura. Apresenta-se temas relacionados à metodologia TPM, seus oito pilares, o indicador OEE e suas perdas. O capítulo é complementado pela apresentação de caldeiras flamotubulares e sua eficiência térmica. O terceiro capítulo apresenta a metodologia experimental, o cálculo e os resultados apresentados nas medições da eficiência térmica da caldeira ATA-2 do Laboratório de Máquinas Térmicas do CEFET-MG. Da mesma forma que no capítulo anterior, o quarto capítulo apresenta a metodologia, cálculo e resultados para as medições do OEE das caldeiras flamotubulares inseridas nos processos industriais. 29 O quinto, se destina à discussão dos resultados dos dados apresentados nos dois capítulos anteriores. No sexto capítulo são propostas ações ligadas aos oito pilares do TPM para a redução das perdas de eficiência térmica e aumento do OEE das caldeiras flamotubulares estudadas neste trabalho. O sétimo e último capítulo apresenta as conclusões obtidas a partir do trabalho, respondendo aos objetivos propostos, descrevendo limitações e sugestões para trabalhos futuros. 30 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica Este capítulo contém a revisão da literatura sobre os principais tópicos relacionados a este trabalho. Para tanto, serão abordados temas relacionados à Eficiência Global dos Equipamentos – OEE, a Manutenção Produtiva Total – TPM, eficiência térmica e aspectos relevantes a caldeiras flamotubulares. Inicia-se pela descrição do OEE, como indicador destinado a medir as perdas do processo. Na seqüência é apresentado o TPM como modelo de gestão da manutenção dos equipamentos, descrevendo seus oito pilares e a aplicação das ferramentas nele contidas. O capítulo é finalizado com a descrição do funcionamento de caldeiras a vapor, normas regulamentadoras, tipos e aplicações do equipamento em diferentes processos. Na seqüência, será determinada a forma de medir a eficiência térmica de caldeiras flamotubulares. 2.1. Eficiência Global dos Equipamentos – OEE A Eficiência Global dos Equipamentos, ou OEE (Overall Equipment Effectiveness) começou a ser reconhecido como um importante método para a medição do desempenho de uma instalação industrial no final dos anos 80 e início dos anos 90. Foi um período no qual se viu o surgimento de benchmarking em manutenção em importantes organizações, a introdução da Manutenção Produtiva Total (TPM) nos Estados Unidos e a fundação da Sociedade dos Profissionais de Manutenção e Confiabilidade (SMRP) (HANSEN, 2006). Inicialmente, o OEE era relacionado com o TPM e freqüentemente foi visto como uma forma simples de medição para a obtenção do Prêmio TPM. À medida que um maior 31 número de profissionais apresentou o OEE em seminários e artigos relacionados ao TPM, ele começou a ser visto como uma ferramenta autônoma para medir o real desempenho de um equipamento, por meio do inter-relacionamento de indicadores de disponibilidade, eficiência e qualidade (HANSEN, 2006). O OEE passou a ter maior valor como agente de mudança para unir a manutenção, as operações e a engenharia com vistas à obtenção de níveis superiores de desempenho em uma instalação industrial. Atualmente, ele é aceito por consultores de gestão como uma medida principal de desempenho (HANSEN, 2006). O método para o cálculo do OEE, originalmente proposto por NAKAJIMA (1989) é expresso através das equações relacionadas a seguir. A Equação (1) mostra o cálculo do tempo de carga que será utilizado posteriormente no cálculo da disponibilidade. C T PT T T= − (1) Onde: TC = Tempo de carga TT = Tempo total TP = Tempo de todas as paradas planejadas para não haver produção Na Equação (2) é definido o tempo operacional, que é o tempo de carga descontando todas as paradas do equipamento, sejam elas planejadas ou não. ( )O C M NT T T T= − + (2) Onde: TO = Tempo operacional TM = Tempo de todas as paradas de manutenção planejadas TN = Tempo de todas as paradas de manutenção não planejadas O primeiro termo do OEE, disponibilidade (Dp), é definido na Equação (3) como a divisão do tempo operacional pelo tempo de carga, ou seja, é o percentual de tempo em que o equipamento ficou disponível para operar. OP C TD T = (3) 32 O segundo termo do OEE, desempenho, é definido na Equação (4) como a divisão do que o equipamento teoricamente tem capacidade de produzir, pelo tempo em que o equipamento ficou disponível. P NN O V CD T ⋅ = (4) Onde: DN = Desempenho VP = Volume processado CN = Tempo de ciclo teórico (capacidade nominal) O terceiro termo do OEE, taxa de qualidade é definido na Equação (5) como a divisão das unidades boas produzidas pelo total de unidades. BL T UQ U = (5) Onde: QL = Taxa de qualidade UB = Unidades boas produzidas UT = Total de unidades produzidas Finalmente, o OEE é definido na Equação (6) pela multiplicação da disponibilidade pelo desempenho pela taxa de qualidade, ou seja, é o tempo efetivamente utilizado para produzir produtos com qualidade, gerando valor agregado. P N LOEE D D Q= ⋅ ⋅ (6) O gráfico visual da fórmula do OEE, representado na Figura (6), pode ser traçado para qualquer base de tempo que se queira investigar. O período A é a quantidade de tempo de produção programada. B é a quantidade de tempo real de operação ou tempo operacional do equipamento. C é a quantidade de tempo de produção com agregação de valor. Este deve ser ajustado com o tempo teórico de fábrica calculado a partir da quantidade de produtos bons reportados. 33 FIGURA 6 – Tempos e perdas do OEE COEE A = Após o cálculo do OEE, a análise das perdas auxiliará na identificação das áreas que apresentam a maior oportunidade para aumentar seu valor. Obviamente, melhoria em qualquer área irá ajudar a aumentá-lo. No entanto, as maiores oportunidades para a melhoria deste indicador estão naquelas áreas onde existem grandes perdas (HANSEN, 2006). Durante a etapa de análise das perdas, o registro detalhado do desempenho do equipamento auxiliará a identificar as principais causas raízesdas limitações. Equipes interfuncionais apropriadamente treinadas na solução de problemas específicos e em focar as áreas com maiores perdas realizam freqüentemente ganhos consideráveis na melhoria do OEE. Observações detalhadas que são obtidas de um eficiente banco de dados de um sistema de desempenho do equipamento serão de grande valia. Uma vez identificadas e eliminadas as causas raízes das limitações, irá ocorrer uma considerável melhoria no desempenho do equipamento (HANSEN, 2006). As perdas que afetam o rendimento dos equipamentos podem ser agrupadas em seis grandes grupos, denominadas como as seis grandes perdas do OEE, conforme apresentado na Figura (7), que são (SUZUKI, 1993; IRELAND, 2001): Perdas operacionais Perdas de velocidade Perdas de qualidade Produção com agregação de valor Tempo teórico da fábrica C Tempo de operação B Tempo programado A 34 FIGURA 7 – Estrutura das perdas do OEE Adaptado de Suzuki, 1993. 2.1.1. Perda por avarias As perdas por avarias são as perdas de tempo devido à parada do equipamento por quebra ou falha. São aquelas onde o tempo de parada pode ser quantificado de forma clara. É necessário distinguir dois tipos de perdas relacionadas com o equipamento: perdas de falha da função e perdas de redução da função. As perdas de falha da função são produzidas quando um sistema ou parte do sistema subitamente perde suas funções específicas, protagonizando a parada do equipamento, ou seja, perda por avaria. Por outro lado, as perdas de redução da função são perdas físicas, tais como redução de velocidade enquanto o equipamento está em operação que se caracteriza como perda por redução de velocidade, que será apresentado posteriormente (SUZUKI, 1995). 2.1.2. Perda por preparativos e ajustes (setup) Esta perda é causada por paradas devido a trocas de configuração do equipamento ou ajuste. O tempo de preparação para trocas serve para preparar a produção subseqüente. Em geral, utiliza-se mais tempo para proceder à regulagem e os ajustes, do que com a mudança propriamente dita. Tempo de carga Tempo em operação Tempo efetivo de operação Tempo de operação com valor 6 g ra n d es p er d as 1- Avarias 2- Setup 3- Microparadas 4- Red. de velocidade 5- Defeitos 6- Início de produção Perda por paradas Perda por velocidade inadequada Perda por produtos defeituosos 35 2.1.3. Perda por operação ociosa e microparadas Esta perda está relacionada com problemas temporais, que causam pequenas paradas ou operação ociosa. As perdas por microparadas diferem das perdas por avarias, pois elas são em geral desconhecidas, difíceis de serem apontadas, uma vez que se trata de pequenas paradas. Uma vez eliminadas as perdas, o equipamento volta à operação normal. 2.1.4. Perda por redução de velocidade A perda por redução de velocidade é causada pela diferença entre a velocidade nominal do equipamento e a velocidade real de trabalho. Elas também ocorrem devido a fatores difíceis de achar, como problemas eletromecânicos e fenômenos que acabam obrigando o equipamento a trabalhar em uma velocidade menor. 2.1.5. Perda por defeitos e retrabalhos Esta perda surge quando são descobertos produtos com defeitos da qualidade, os quais precisarão ser retrabalhados ou até mesmo eliminados. Em geral, a ocorrência de defeitos causa desperdício, já que os produtos retrabalhados necessitam de horas x homens para corrigi-los. Em alguns casos, apenas as matérias-primas são consideradas como perdas, mas esta visão não é apropriada; tudo o que é feito além do previsto deve ser considerado como perda, ou seja, a matéria-prima e o tempo de agregação de valor ao produto durante o processo (DIAS, 1997). 2.1.6. Perdas de início de produção São perdas que ocorrem durante o arranque e aquecimento até que as condições do equipamento sejam estabilizadas. Pode ser definida como tempo e produtos rejeitados gerados até a entrada em regime normal de produção. Existem diversos fatores que proporcionam esta instabilidade inicial do equipamento, dentre eles 36 (NAKAJIMA, 1989): instabilidade da operação, falta de matéria-prima, ferramentas inadequadas, falta de manutenção e falta de aptidão técnica por parte dos operários. 2.2. Manutenção Produtiva Total – TPM TPM é um programa originalmente criado por Seiich Nakagima para melhorar a produtividade por meio da melhoria das práticas relacionadas à manutenção (MOORE, 2001). TPM é uma sistemática que aborda o entendimento das funções dos equipamentos, a relação destes com a qualidade do produto e a busca das causas prováveis e freqüência das falhas dos componentes críticos dos equipamentos (NAKAJIMA, 1986). Mais do que isso, o TPM é destinado à maximização da eficácia dos processos através da otimização da disponibilidade, desempenho dos equipamentos e da qualidade do produto. Desta forma se estabelece a estratégia de manutenção mais adequada à vida de cada equipamento. Além disto, o TPM envolve todos os departamentos e níveis hierárquicos da organização, desde a gerência ao chão de fábrica. Para tanto, é proposto na metodologia TPM o melhoramento contínuo da manutenção através das atividades de pequenos grupos autônomos. (KODALI, 2001) 2.2.1. História do TPM Após a segunda guerra mundial a indústria japonesa percebeu que deveriam ter melhores qualidades dos seus produtos para ser competitivo no mercado mundial. As companhias japonesas estavam buscando em outros países, novas e melhores formas de gerenciamento e de tecnologia de produção. Em 1953, 20 indústrias japonesas formaram um grupo de pesquisa em Manutenção Preventiva (PM – Preventive Maintenance), que vieram a atuar em estudo de manutenção de equipamentos nos Estados Unidos (1962), formando mais tarde, em 1969, O JIPE (Japan Institute of Plant Engineers). Em 1969, o JIPE iniciou um trabalho com uma indústria de componentes automotivos (Nippondenso) na implantação da 37 manutenção preventiva. Entretanto, a indústria decidiu transferir algumas rotinas de manutenção para os operadores, iniciando assim o TPM. Eles introduziram o TPM com o desafio de encontrar oportunidades de crescimento através da automação dos processos e de novas demandas. Em 1971 esta mesma companhia recebeu o prêmio “Distingueshed Plant Prize”, dada pela JIPM – Japan Institute of Plant Maintenance (NAKAJIMA, 1986). Com o intuito de eliminar desperdícios, a Toyota foi uma das primeiras empresas a implementar o TPM. Três razões principais explicam a rápida difusão do TPM primeiramente na indústria japonesa e, posteriormente, em todo o mundo: O programa produz e garante resultados rápidos e concretos; Transforma os locais de trabalho, tornando-os agradáveis para trabalhar; Eleva o nível de conhecimento dos trabalhadores de produção e manutenção através do treinamento constante. 2.2.2. Certificação do TPM Em 1961 o JMA (Japan Management Association) estabeleceu um comitê de estudos em manutenção industrial. Em 1964 foi estabelecido um sistema de premiação das empresas em manutenção planejada. Em 1969 o departamento de manutenção industrial se transformou no JIPE (Japan Institute of Plant Engineers). Foi proclamado, em 1971, o conceito inicial do TPM (Total Productive Maintenance). Finalmente em 1981 foi lançado o JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance) aprovado pelo Ministério de Comércio Exterior e Indústria do Japão (JIPM, 2010). Em suas definiçõesiniciais, o TPM teve foco apenas no departamento de produção, onde foi primeiramente aplicado. Com a extensão da aplicação do TPM aos departamentos de apoio, incluindo vendas e desenvolvimento de produto, o JIPM introduziu em 1989 uma definição mais ampla do programa (SUZUKI, 1995): Criar uma organização que maximize a eficácia dos sistemas de produção; Gerenciar a planta como uma organização que evite todo tipo de perda (tendo como meta zero acidentes, defeitos e avarias); 38 Envolver todos os departamentos na implantação do TPM, incluindo desenvolvimento de produto, vendas e administração; Envolver todo o pessoal da empresa, desde a alta administração aos operários da planta, em um mesmo objetivo; Orientar as ações visando atingir a meta de “zero perdas” apoiando-se, para tanto, nas atividades dos pequenos grupos (grupos de melhorias). Tanto o sistema, quanto o logo “TPM” tem os direitos autorais pertencentes ao JIPM no Japão e em outros países. São também avaliados pelo JIPM quesitos como informações, sistemas, políticas, concepções, know-how, dentre outros para a premiação de empresas na implantação do TPM e gestão sobre esta metodologia (JIPM, 2010). Neste contexto, existem várias categorias de premiação para as empresas que implantarem o TPM e sustentarem esta metodologia como forma padrão de gestão da companhia. Para cada categoria, é necessário atender os quesitos mínimos propostos pelo JIPM que avalia a empresa que solicita este serviço através de auditorias que comprovem o uso do TPM como metodologia de gestão. 2.2.3. Os oito pilares do TPM Inicialmente, Nakajima (1986) subdividiu as atividades do TPM em cinco grupos, denominados os cinco pilares básicos de sustentação do TPM: melhoria específica, manutenção especializada, manutenção autônoma, gerenciamento do ciclo de vida e educação e treinamento. Os cinco pilares básicos de sustentação do TPM foram desenvolvidos para única e exclusiva utilização em equipamentos. Entretanto, com o passar dos anos, observou-se que os equipamentos apresentavam perdas provenientes de outros setores e processos. A partir daí, a aplicabilidade do TPM estendeu-se até os setores de apoio, administrativo e vendas. Com essa nova abrangência, o TPM passa a figurar com oito pilares básicos de sustentação, conforme mostrado na Figura (8) (SHINOTSUKA, 2001). 39 FIGURA 8 – Os oito pilares do TPM 2.2.3.1. Melhoria focalizada A melhoria focalizada é o pilar com atividades orientadas a maximizar o OEE através da eliminação sistêmica das perdas. Melhorias focalizadas são necessárias devido à baixa eficiência de ações de melhoria contínua. Melhoras do dia-a-dia podem não ocorrer de forma desejada, sendo muitas vezes negligenciada pelas pessoas por estarem muito ocupadas ou por ser de difícil solução, ou ainda não existir orçamento disponível para execução da melhoria. Por isso o pilar de melhoria focalizada administra este tipo de tarefa (SUZUKI, 1993). Para a tratativa das perdas identificadas no OEE, é proposto no TPM o uso da ferramenta de gestão denominada CAPDo. O ciclo CAPDo é uma variação do PDCA. Apenas utiliza-se o início do processo na letra C, uma vez que se inicia através da análise (check) de dados de perdas para promover as melhorias, conforme apresentado na Figura (9). PP DD CC AA 11 22 33 44 55 66 77 Diagnóstico da Situação Atual Levantamento das Inconveniências e Realização das Disposições Imediatas Análise de Causas Planejamento das Ações Implantação das Ações Verificação dos Resultados Consolidação dos Resultados FIGURA 9 – Ciclo CAPDo 8- TPM-OFFICE 7- SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE 5- EDUCAÇÃO E TREINAMENTO 4- GERENCIAMENTO DO CICLO DE VIDA 3- MANUTENÇÃO AUTÔNOMA 2- MANUTENÇAO ESPECIALIZADA 1- MELHORIA FOCALIZADA 6- MANUTENÇÃO DA QUALIDADE 40 2.2.3.2. Manutenção especializada O programa de manutenção especializada é a chave para o sucesso no gerenciamento de processos. Este programa reduz consideravelmente a manutenção reativa, transformando ações reativas em ações proativas. As intervenções de manutenção nos equipamentos passam a ser, em sua grande maioria, programadas, otimizando as paradas dos equipamentos e melhorando a produtividade (WIREMAN, 1998). Um sistema de manutenção especializada deve incluir pelo menos três métodos de manutenção. O primeiro método, a manutenção preventiva periódica, é uma manutenção com uma freqüência previamente determinada, onde são realizados reparos e trocas antes que o equipamento venha a falhar (TAKAHASHI, 1993). O segundo método, a manutenção preditiva, realiza inspeções e monitoramento das condições para investigar as condições de deterioração e predizer a falha. O terceiro método é a manutenção corretiva, onde os reparos são realizados após a ocorrência de falhas (SHINOTSUKA, 2001). Para a sustentação deste pilar, o primeiro passo é cadastrar o equipamento em todos os níveis, desde os sistemas e subsistemas até seus componentes. O segundo passo é analisar a criticidade do equipamento no processo em que ele está inserido para definir as estratégias de manutenção mais adequadas à sua utilização. O terceiro passo é a elaboração dos planos de manutenção baseado nas estratégias definidas anteriormente. Por exemplo, para um equipamento que se julga crítico no processo, devem-se viabilizar técnicas preditivas mais sofisticadas para garantir o perfeito funcionamento do equipamento. A partir daí, deve-se seguir uma rotina de planejamento e programação dos planos de manutenção, intervindo no equipamento sempre que for detectada previamente esta necessidade. Todos os materiais e recursos necessários às manutenções estão especificados no cadastro do equipamento. A rotina de controle de estoques de materiais para manutenção é de suma importância para o sucesso do processo. Estudos de melhoria do projeto original do equipamento, estudos de confiabilidade, análise de falhas e outras técnicas de engenharia de manutenção vêm complementar a gestão da manutenção, visando obter maior disponibilidade do 41 equipamento no processo produtivo, aumento de produtividade e garantia de produtos com qualidade. 2.2.3.3. Manutenção autônoma A primeira função do TPM é elevar a importância da manutenção ao mais alto nível no negócio, fazendo do departamento de manutenção um setor considerado primordial. O TPM trata a manutenção autônoma, não somente prevenindo falhas, mas fazendo com que todo o potencial do equipamento seja aproveitado (KODALI, 2001). A manutenção autônoma tem como objetivo restaurar o equipamento para as suas condições originais. Para tanto, a equipe autônoma de produção deve focar suas atividades de manutenção em atividades de inspeção, lubrificação e limpeza. Para cada um destes três itens são elaborados padrões, na qual se constam a periodicidade da execução e o responsável pela mesma. Nas atividades de inspeção, lubrificação e limpeza, a equipe autônoma invariavelmente encontra anomalias, que são registradas e devidamente organizadas para que sejam corrigidas em uma parada programada (XENOS, 1998). A Figura (10) apresenta um exemplo de inspeção realizada pelo setor de operação. FIGURA 10 – Padrão provisório de limpeza 42 Para incluir os operários nessa nova atividade, é importante liberá-los dos obstáculos e limitações relacionados ao conhecimento técnico. O departamento de manutenção deve ser responsávelpelo treinamento da equipe de produção e estimular as atividades de manutenção com segurança (TAKAHASHI, 1993; XENOS, 1998). 2.2.3.4. Gerenciamento do ciclo de vida À medida que cresce a diversificação de produtos e diminui seu ciclo de vida, cresce em importância o método e modo de aumentar a eficiência do desenvolvimento de novos produtos e dos investimentos em equipamentos. O objetivo do pilar de gerenciamento do ciclo de vida é gerenciar o desenvolvimento de novos produtos e processos, com o objetivo de construir e elaborar produtos que sejam mais fáceis de produzir e equipamentos que sejam mais fáceis de operar (NAKAJIMA, 1989; SUZUKI, 1993). Durante a fase de projeto, devem-se levar em consideração alguns fatores que afetam o nível de produtividade do equipamento. Funções e estrutura dos equipamentos, como sua confiabilidade, manutenabilidade, segurança, operacionalidade e custos, devem ser revisados ainda durante as fases de planejamento, projeto e construção (TAKAHASHI, 1993). Inicialmente, para elaborar um projeto de novos equipamentos ou processos deve-se elaborar uma perspectiva do custo de vida (LCC – Life Cicle Cost) do equipamento. Os custos do ciclo de vida de um equipamento são gerados durante o planejamento, projeto, produção, operação, manutenção e apoio (SUZUKI, 1995). No projeto de novos processos, deve-se dar importância ao histórico de manutenção dos equipamentos. Os futuros custos de manutenção e a deterioração dos novos equipamentos são reduzidos, já que levam em conta, durante o planejamento e construção, os dados de manutenção dos equipamentos atuais e as novas tecnologias, projetando equipamentos com alta confiabilidade, manutenabilidade, economia, operacionalidade e segurança (SUZUKI, 1995). Aplicando a gestão inicial do equipamento, controlando o custo do ciclo de vida e projetando o novo equipamento com base no histórico de manutenção de equipamentos 43 semelhantes existentes, tem-se como resultado uma redução das perdas do equipamento em sua fase inicial de operação. Como conseqüência, a produtividade ideal do equipamento é atingida em um tempo menor. Todo o ganho obtido durante a fase de planejamento, projeto e início de produção é refletido no índice de custo do ciclo de vida do equipamento (TAKAHASHI, 1993). 2.2.3.5. Educação e treinamento No TPM a filosofia básica de formação e treinamento é o treinamento no local de trabalho (on the job) e o autodesenvolvimento. A educação deve estar intimamente ligada às tarefas reais executadas no local de trabalho e os materiais de estudo devem integrar as metas educacionais e as necessidades do trabalho (TAKAHASHI, 1996; XENOS, 1998). O principal objetivo do pilar de educação e treinamento é o de ressaltar as habilidades dos operários e técnicos no desenvolvimento do programa TPM. Para tanto, é necessário identificar o nível de conhecimento, tecnologia, capacidade e competência dos operários e técnicos envolvidos no programa. Esta identificação dos níveis de habilidade pode ser realizada através de uma matriz de habilidades, onde se pode pontuar o conhecimento de cada pessoa em determinado tipo de habilidade. Uma vez que o nível de conhecimento foi investigado, se faz necessário um programa de capacitação para elevar o nível de conhecimento e habilidades dos operários e técnicos (SHINOTSUKA, 2001). Ainda que uma indústria tenha um bom programa de treinamento, os líderes e supervisores têm dificuldade em compartilhar os conhecimentos e habilidades. No TPM, uma ferramenta importante é a Lição de Único Ponto (LUP), como meio de acumular, transmitir e verificar o know-how da fábrica. As LUP´s abrangem desde atividades para a qualidade, segurança e operação do equipamento até as atividades relacionadas à função do equipamento, estrutura, resolução de problemas e melhorias (SHIROSE, 1999). Essas lições são usualmente confeccionadas pelos próprios operários, em uma única folha, com muitos recursos visuais, onde se têm dois objetivos: conhecer o como (explicar como as coisas devem e não devem ser feitas) e o porquê (explicar porque as 44 coisas são ou não da forma como devem ser). As LUP´s devem ser sucintas o suficiente para que o entendimento e treinamento não ultrapassem cinco minutos (TAKAHASHI, 1993; SHINOTSUKA, 2001). A Figura (11) apresenta um exemplo de Lição de um ponto. FIGURA 11 – LUP: Lição de um ponto 2.2.3.6. Manutenção da qualidade O pilar de manutenção da qualidade proporciona ações que buscam estabelecer e manter as condições básicas do equipamento e evitar os defeitos da qualidade, através do conceito básico de manter o equipamento em perfeito estado e obter a qualidade dos produtos processados. As condições da qualidade dos produtos são revisadas e avaliadas periodicamente para verificar que os valores obtidos estejam dentro dos padrões corretos. A variação nos valores obtidos proporciona elementos estatísticos para decidir corretamente e executar ações preventivas no processo de fabricação, com a intenção de melhorar a qualidade (SHINOTSUKA, 2001). O conceito de controle da qualidade baseia-se em três princípios: “não se deve receber nada de qualidade inferior”, “não se deve produzir nada de qualidade inferior”, 45 “não se deve entregar nada de qualidade inferior”. Se as condições básicas dos equipamentos forem mantidas, a taxa de defeitos da qualidade tende a se reduzir. Portanto, a manutenção da qualidade está ligada diretamente às condições do equipamento (TAKAHASHI, 1993). 2.2.3.7. Saúde, segurança e meio ambiente A gestão da segurança e meio ambiente é uma atividade chave em qualquer programa de TPM. As atividades de manutenção autônoma e manutenção especializada devem enfocar também o gerenciamento dessas áreas críticas (TAKAHASHI, 1993; SUZUKI, 1993). As atividades de segurança devem ser realizadas diariamente em pequenos grupos, através de pequenas melhorias individuais, sempre buscando como objetivo a segurança nos equipamentos e processos. Para monitorar as atividades de segurança, é recomendado realizar auditorias periódicas de segurança por parte da alta administração, mantendo assim, as pessoas alertas para qualquer situação de risco. Devem-se também desenvolver atividades de melhorias visando o meio ambiente, como, por exemplo, programas de redução de ruídos e projetos de reciclagem, entre outros (SHINOTSUKA, 2001). 2.2.3.8. TPM – Office A aplicação do TPM nos departamentos administrativos e de apoio foi evidenciada, uma vez que os mesmos podem apresentar muitas perdas em seus processos internos. Atividades de TPM nos departamentos administrativos e de apoio não envolvem o equipamento de produção. Entretanto, esses departamentos incrementam sua produtividade documentando seus sistemas administrativos e reduzindo desperdícios e perdas, o que pode auxiliar a melhorar a eficiência do sistema de produção, melhorando cada tipo de atividade que apóie a produção (SHINOTSUKA, 2001). Para implantar o TPM nos departamentos administrativos e de apoio, é necessário iniciar com o conceito de criar “fábricas de informações”, que é o 46 fornecimento do produto, informação com qualidade, precisão, baixo custo e no prazo necessário (SHINOTSUKA, 2001). O programa 5S auxilia na implementação do TPM nos setores administrativos. Esta técnica é constituída de cinco etapas com atividades bem definidas e complementares, onde cada etapa é denominada por uma palavra japonesa que inicia pela letra “S”: Descarte (Seiri): distinção do necessário e eliminação do desnecessário; Organização (Seiton): organização
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