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Ação Declaratória de Inexigibilidade de Débito (1)

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Aluna: Fabiele Marcolan 
 
MM. JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE 
VOLTA REDONDA/RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sergio ... brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº ..., documento 
de identidade nº ..., residente e domiciliado na Rua ..., nº ... Bairro ..., na 
cidade de Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, vem, mui, 
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, por meio de seu (s) 
procurador (s), subscrevente (s), “in fine”, com base no artigo 42 do CDC 
c/c art. 300 e ss do Código de Processo Civil – CPC, com escritório 
profissional na Rua ..., propor a presente: 
 
 AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO 
 
 Em face de Telefonia ALFA, pessoa jurídica de direito privado, 
com sede na Rua ..., na cidade de São Paulo/SP, regularmente inscrita no 
CNPJ nº ..., pelo que passa a tecer as seguintes considerações de fato e 
de Direito: 
 
 
I – DA TUTELA DE EVIDÊNCIA: 
 Destarte, presentes os requisitos legais, é certo o direito do autor 
em ser concedida a liminar antecipando-se a tutela pretendida a fim de que 
seja revogada a inclusão do nome do autor no cadastro de inadimplentes. 
 É valido ressaltar que a dívida ora em questão não é legitima, pois, 
o autor efetuou o pagamento do valor cobrado e mesmo após a 
apresentação dos recibos, a ré inseriu seu nome no cadastro de 
inadimplentes. 
A manutenção do nome do autor no cadastro de inadimplentes 
viola seus direitos consumeristas e o impede de realizar compras a prazo 
e realizar financiamentos para a compra do veículo, para uso exclusivo de 
trabalho. 
 
 
II - DOS FATOS 
 
 O autor foi comunicado pela ré que uma fatura em seu nome estava 
vencida desde o mês de julho de 2011 (dois mil e onze), no valor de R$ 
749,00 (setecentos e quarenta e nove reais), e caso não houvesse o 
pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, após o recebimento da 
comunicação, seu no e seria inserido no cadastro dos órgãos de proteção 
ao crédito. 
 Com a certeza que havia pago a referida fatura, o autor buscou e 
encontrou o recibo de pagamento da fatura que supostamente estava em 
aberto, dessa forma, encaminhou para a ré a fim de dar baixa do débito. 
 Passado um tempo, o autor foi até ao banco para realizar a compra 
de veículo, este seria financiado, mas, ao realizar os cálculos para financiar, 
foi informado deque não poderia prosseguir com o financiamento, pois 
estava com seu nome negativado com a empresa ré, em virtude do débito 
da fatura de telefone. 
 Além do constrangimento sofrido pela cobrança indevida e pelo 
cadastro do sistema de inadimplentes, o autor salienta e comprova que 
possui o comprovante de pagamento da fatura, não existindo débitos em 
aberto no seu nome. A conduta da ré, sem dúvida alguma causou vários 
transtornos a parte autora, desde humilhações até o atraso na compra do 
veículo, e em até outras compras que o mesmo gostaria e necessitava 
realizar tiveram que ser interrompidas. 
 O art. 5º da Constituição Federal, em seu inciso X, esclarece que a 
imagem e honra de qualquer cidadão deve ser sempre preservada. Diante 
dos fatos alegados, resolveu interpor a presente ação, em face da empresa 
ré, pois necessita seu nome livre de qualquer restrição. 
 
 
III - DO DIREITO 
Examinado o Código de Defesa do Consumidor, vem à tona o 
conceito que, aquele contribuinte seja ela pessoa física ou jurídica que utiliza 
determinado produto e/ou serviço que necessitada para sua subsistência, o 
CDC torna-se alicerce para essa situação. 
Agirá de forma ilegal a conduta da ré, caso inserir o nome do autor 
no cadastro de inadimplentes, declarando assim, a inexigibilidade da dívida, 
sendo que o autor não é obrigado a pagar por dívida já paga e o recibo de 
pagamento enviado a ré, esta fica obrigada a reparar o dano, conforme texto 
jurisprudencial do Supremo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do 
Sul, a seguir mencionado: 
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO 
INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO CREDITÍCIA. 
DÉBITO QUITADO NA DATA DO VENCIMENTO, 
CONFORME BOLETO BANCÁRIO ENVIADO AO AUTOR. 
POSTERIOR ANOTAÇÃO NO CADASTRO DE MAUS 
PAGADORES. FALHA DO SERVIÇO IMPUTÁVEL À RÉ. 
DEVER DE INDENIZAR. DANO MORAL CONFIGURADO, 
IN RE IPSA. VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM 
R$ 9.540,00, QUE NÃO COMPORTA REDUÇÃO, POIS 
DE ACORDO COM OS PARÂMETROS ADOTADOS 
PELAS TURMAS RECURSAIS. SENTENÇA MANTIDA. O 
autor, mesmo estando com os pagamentos em dia perante 
a ré, teve seu nome inscrito no cadastro de maus 
pagadores. A demandada, embora afirme que o 
demandante realizou uma renegociação e que a inscrição 
teria ocorrido por falta de pagamento, em nenhum 
momento refere qual parcela da renegociação 
supostamente não teria sido paga, ônus que lhe incumbia, 
conforme o art. 373, II, do CPC. No documento 
encaminhado pelo Serasa ao autor (fl. 09), consta que o 
débito seria referente à parcela com vencimento em 
09/10/2017, a qual estava paga (fl. 05). Assim, a inclusão 
do nome do autor no cadastro de maus pagadores se deu 
de forma indevida, configurando o dano moral in re ipsa, 
independentemente de outras provas. Configurada a 
conduta ilícita e os danos, é consequência o dever de 
indenizar. O valor arbitrado não comporta redução, pois de 
acordo com os parâmetros das Turmas para casos 
similares. Sentença mantida por seus próprios 
fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei n.º 9.099/95. 
RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 
71008033920, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas 
Recursais, Relator: Alexandre de Souza Costa Pacheco, 
Julgado em 13/03/2019). 
 
A aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor é evidente, 
que adota a responsabilidade objetiva e o reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor estando expressamente 
previsto em seu texto mais precisamente no art. 4º, inciso I, os consumidores 
são detentores do respeito de sua dignidade, bem como à saúde, segurança 
e principalmente seus interesses econômicos, dessa forma o débito em 
aberto do autor deve ser considerado inelegível. 
Diante dos fatos, aquele que responde pelos danos causados à 
parte lesada por ação ou omissão voluntária, negligencia ou imprudência 
este deverá reparar os danos causados, de certa forma, a ré causou danos 
ao autor, destacamos em primeiro lugar que a parte ré fez a cobrança de 
valores indevidos e já pagos, a autora também foi informada de que caso 
não efetuar o pagamento da dívida estará inclusa junto ao cadastro de 
inadimplentes, a luz do art. 927 c/c com o art. 186 do Código Civil. 
Além do constrangimento sofrido pela cobrança indevida e pelo 
cadastro do sistema de inadimplentes, o autor salienta e comprova que 
possui o comprovante de pagamento da fatura, não existindo débitos em 
aberto no seu nome. A conduta da ré, sem dúvida alguma causou vários 
transtornos a parte autora, desde humilhações até o atraso na compra do 
veículo, e em até outras compras que o mesmo gostaria e necessitava 
realizar tiveram que ser interrompidas. 
Ainda, visando em proteger o autor, é válido indicar decisão 
Jurisprudencial, a qual obriga qualquer empresa a informar o consumidor 
sobre uma possível negativação do seu débito, decisão essa fundamentada 
no artigo 43, § 2º do CDC, o que a empresa deixou de fazer, a seguir, 
jurisprudência a qual informa a decisão: 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO 
ESPECIFICADO. CANCELAMENTO DE REGISTRO 
NEGATIVO. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ÓRGÃO 
MANTENEDOR DO CADASTRO DE INADIMPLENTES. O 
órgão mantenedor do cadastro de inadimplentes encontra-
se legitimado a integrar o polo passivoda relação 
processual que visa cancelar inscrição por ausência de 
prévia notificação, inclusive quanto a dados originários de 
outros cadastros. Recurso Especial n. 1.061.134/RS. 
Preliminar rejeitada. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. 
NECESSIDADE. Incumbe ao órgão mantenedor do 
Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor 
antes de proceder à inscrição (Súmula n. 359 do STJ), 
ainda que se trate de divulgação de registro 
originariamente realizado por outro órgão. A notificação 
prévia do consumidor acerca da abertura de cadastro 
negativo é exigência legal (art. 43, § 2º, CDC), motivo pelo 
qual a sua ausência implica o cancelamento do registro. 
INFORMAÇÕES DERIVADAS. BANCO CENTRAL DO 
BRASIL BACEN. AMPLIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES. O 
Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos do 
BACEN é de consulta restrita, diversamente dos bancos de 
dados públicos. Por isso, ao divulgar registros negativos e 
dados dos consumidores provenientes deste cadastro, 
ampliando informações negativas que antes não estavam 
disponíveis, incumbe ao órgão restritivo de crédito o ônus 
de notificar previamente o devedor na forma do art. 43, § 
2º, do CDC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
MANUTENÇÃO. A fixação dos honorários advocatícios 
deve observar o grau de zelo do profissional, o lugar da 
prestação do serviço, além da natureza e importância da 
causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo 
exigido para o seu serviço. APELAÇÃO DESPROVIDA. 
(Apelação Cível Nº 70079920823, Décima Nona Câmara 
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio 
Angelo, Julgado em 14/03/2019). 
 
 O art. 5º da Constituição Federal, em seu inciso X, esclarece que a 
imagem e honra de qualquer cidadão deve ser sempre preservada. Diante 
dos fatos alegados, resolveu interpor a presente ação, em face da empresa 
ré, pois necessita seu nome livre de qualquer restrição. Como já descrito 
anteriormente, o autor possui boa índole e sempre efetua pagamentos em 
dia, dessa forma necessita auxilio na via judicial para solucionar o caso. 
 
 
IV -DO DANO MORAL 
O autor passou por diversos constrangimentos como os fatos 
acontecidos, pois foi até o banco a fim de contratar um financiamento, o que 
lhe foi informado de que não poderia concretizar o mesmo por estar inscrito 
no cadastro de inadimplentes, no momento em que foi informado de tal fato 
o banco estava lotado de pessoas, e certamente várias pessoas ouviram 
essas informações, o que lhe causou uma extrema vergonha. 
Conforme relato do autor a mesmo passa noites em claro pensando 
nos fatos acontecidos, ficou desolado com a notícia, pois sempre paga suas 
contas em dia e em certos casos muito antes do vencimento das faturas, 
possuindo todas as faturas guardadas. 
O autor está sendo cobrado por uma dívida que já está paga, 
gerando vários desconfortos, não resta dúvidas que a ré deve arcar com as 
consequências dos danos morais, confira-se o entendimento Jurisprudencial 
do Supremo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇÃO DA DÍVIDA OBJETO DE CESSÃO DE 
CRÉDITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA JUNTO AOS ÓRGÃOS 
DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL. Mérito. A 
cessão de crédito só terá eficácia em relação ao devedor 
quando devidamente comprovada a dívida original 
incumbe à parte ré o ônus processual de comprovar, a 
celebração do contrato entre o autor e a empresa cedente 
do crédito. Dano moral caracterizado. Montante 
indenizatório que deve ser fixado em R$ 5.000,00, corrigido 
a partir de sua fixação e com juros de mora a contar do 
evento danoso. Ação julgada procedente. RECURSO 
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70078996329, Décima 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Catarina 
Rita Krieger Martins, Julgado em 27/09/2018) 
 
Neste caso o dano e considerado in re ipsa não se fazendo 
necessária a prova em juízo que já está presumido apenas pelo 
constrangimento a ela causado pela possível inscrição junto ao cadastro de 
pessoas inadimplentes, infringindo os direitos do autor. 
 
 
V – DA AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO: 
 A parte autora, deseja desde já a realização de audiência de 
conciliação, para intentar um acordo com a parte ré, a fim de não objetivar o 
avanço da presente ação para Tribunais Superiores. 
 
 
VI – DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO: 
 Como já mencionado, o autor possui o comprovante do pagamento 
da fatura supostamente em aberto, e já encaminhou para a empresa com o 
fim de a mesma cancelar o débito o que não ocorreu. 
 Para fins de comprovação da inexistência do débito, segue em 
anexo o comprovante de pagamento da fatura que está sendo novamente 
cobrado pela ré. 
 
 
VII- DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer, 
 
1. Recebimento e apreciação da presente ação; 
 
2. Assistência de justiça gratuita; 
 
3. Concessão da tutela de evidencia: 
3.1 Proibir a inclusão do nome do autor no cadastro de 
inadimplentes; 
 
4. Citação para a realização de audiência de conciliação e mediação; 
 
5. Procedência da ação; 
5.1 Tornar definitiva a tutela provisória; 
5.2 Declarar a inelegível o débito; 
5.3 Condenar a ré ao pagamento de R$ 1.000,00 (um mil reais), a 
título de dano moral; 
 
6. Condenação do réu ao pagamento de todas as custas processuais, 
inclusive dos honorários advocatícios; 
 
7. Provar o que é alegado por todos os meios de provas admitidas em 
direito; 
 
 
Valor da causa R$ 2.000,00 (dois mil reais). 
 
 
Nestes termos, pede o deferimento. 
 
Volta Redonda, ... de ... de ... 
 
 
 
_____________________________ 
Advogado ... 
OAB nº ...

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