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1 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Climatério Epidemiologia: Expectativa de vida das mulheres: Conseqüente aumento da prevalência de mulheres no climatério; Países ricos: 83 anos; Países pobres: 59 anos; BR: 77 anos; RS: 79,3 Definições: Menopausa: ultimo período menstrual; identificado aos 12 meses de amenorréia; ocorre por volta dos 50, não dependendo de menarca, história familiar, paridade ou uso de anovulatórios, porém pode ser antecipada em um a dois anos pelo tabagismo; o Classificação: Natural ou artificial Precoce (pré-40 anos) ou tardia (pós-55 anos) Perimenopausa: período em que começam os primeiros sintomas de climatério; estende-se até o final do primeiro ano pós menopausa; Climatério: transição entre período reprodutivo e não reprodutivo da mulher. Mudanças que levam ao climatério e à menopausa: redução da resposta ovariana ao estímulo das gonadotrofinas hipofisárias, somada à depleção e à exaustão dos oócitos, resulta em declínio gradual na produção do estradiol. Anovulação se torna mais freqüente e ocorre também redução da produção de progesterona. Estradiol diminui com a evolução do processo, levando a amenorréia. TABELA 54.1 →Principais modificações hormonais do climatério pós-menopáusico (DUNCAN) HORMÔNIO MODIFICAÇÃO Estradiol ⇓ Estrona ⇓ FSH ⇑ LH ⇑ Androstenediona ⇓ Testosterona ⇓ CTRLC+CTRLV DOS SLIDES: Fatores associados: Velocidade e grau de depleção estrogênica; Fatores genéticos, como história familiar de osteoporose e doenças cardiovasculares; Dieta inadequada: rica em gordura e pobre em fibras e cálcio; Sedentarismo; Tabagismo; Obesidade; Impacto psicológico do “envelhecer” Menopausa precoce: FSH > 40mui/ml;2 dosagens; 30 dias de intervalo; amenorreia hipergonadotrófica 2 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Aspectos clínicos: Irregularidade menstrual; Sintomas vasomotores e psicológicos: o Fogacho: onda de calor (principalmente tronco e face), dura de segundos a minutos; pode ser acompanhado de sudorese, vertigem, palpitações, cefaléia, e insônia. Freqüência diária variável de 20 eps ao dia até um por semana ou ausência completa; instabilidade no sistema termorregualdor hipotalâmico; o Psicológicos: depressão, ansiedade, labilidade emocional, diminuição da memória e perda de libido, irritabilidade, baixa autoestima; podem estar relacionados a diminuição dos níveis séricos de hormônios sexuais; Insônia, distúrbios de sono e irregularidades respiratórias podem estar associadas ao fogacho; Sintomas depressivos são comuns em perimenopausa, associados a queda dos níveis estrogênicos. Prevalência de depressão maior não se eleva entre mulheres sem história previa de alteração efetiva. Fatores de ordem social, cultural e pessoal também parecem interferir na intensidade dos sintomas vasomotores e psicológicos; Atrofia urogenital: sintomas surgem de forma gradual anos após a menopausa, podendo se tornar desagradáveis social ou sexualmente. Atrofia vaginal: afinamento de epitélio, perda de rugosidade e redução de secreção vaginal; ocorre também diminuição da elasticidade e tamanho vaginais; assim como alterações atróficas no epitélio trígono vesical e uretra, causando noctúria, incontinência, infecções de repetição e urgência urinária; Pele: perde elasticidade, torna-se atrófica e transparente; há afinamento de derme e epiderme, redução de vascularização da derme e diminuição do numero e capacidade biossintética dos fibroblastos (maior fragilidade e cicatrização mais demorada), perda de colágeno e maior ressecamento da pele, assim como redução da densidade óssea; Osteoporose: acomete cerca de um terço das mulheres em climatério; desnaturação da microarquitetura óssea e perda de qualidade óssea; maior fragilidade do osso, com consequente aumento do risco de fraturas; maior parte da perda óssea ocorre nos primeiros cinco anos pós-menopausa; fraturas mais comuns incluem a do rádio distal, a da coluna vertebral e do fêmur proximal; medo, ansiedade e depressão são frequentemente relatados por mulheres com osteoporose; no geral, massa óssea é maior em mulheres obesas e negras e menor em brancas, asiáticas, magras e sedentárias; alto pico de massa óssea atingido na segunda década de vida confere proteção relativa contra a osteoporose; (fatores de risco: mulher, idade avançada, deficiência de estrogênio, branca, magra, sedentária, história familiar, fumo, 3 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL corticosteróides crônicos e história de fratura); parece que álcool e cafeína não são determinantes de redução de massa óssea; previne-se desde a infância. PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE (SLIDES): Consumo de cálcio na dieta: 1500mg/dia Exposição solar + vitamina D: 10-15minutos, 2-3 x semana > que 400 a 800 UI de vitamina D Exercícios físicos: 40 a 50min, 4-5 x sem. Eliminar álcool e tabaco Fontes de cálcio: Tratamentos alternativos da osteoporose: ▫ Alendronato sódico ▫ Risedronato sódico ▫ Raloxifeno Fonte Quantidade Cálcio (mg) Leite integral 1 copo 291 Leite desnatado 1 copo 302 Queijo 30 g 150-340 Requeijão ½ xícara 77 Iogurte 1 xícara 300-400 Sardinha (oleosa) 1 copo 372 Salmão (oleoso) 1 copo 167 Brócolis 1 talo 100 Couve 1/2 xícara 150 4 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Atendimento a mulher no climatério: A síndrome climatérica deve ser manejada na APS. Deve-se encaminhar a paciente a serviço de ginecologia, para investigação endometrial, em casos de pacientes com sangramento uterino pós-menopausa sem uso de terapia hormonal ou com alto risco para câncer endometrial. Devem ser avaliadas com relação aos sintomas do climatério e as condições crônicas que afetam suas vidas. Não há tratamento padrão para o climatério, pois os sintomas são variados. Atendimento e conduta devem ser individualizados, levando em consideração todos os aspectos da vida da paciente. Deve-se avaliar, além dos sintomas do cilmatério, hábitos de vida que afetam a saúde da mulher, como dieta, prática de exercícios físicos, exposição solar adequada e fatores de risco como álcool em excesso e tabagismo – deve-se oferecer método adequado para que paciente desista do hábito - . Deve-se orientar a paciente sobre métodos de passar pelas ondas de calor – como usar roupas mais leves, por exemplo -, auxiliando no manejo transitório das manifestações clínicas, mesmo sem tratamento. Tomar cuidado com os níveis séricos de colesterol, pois estes podem indicar que deve ser usada medicação específica; A sexualidade e a qualidade de vida devem ser abordadas sob a perspectiva do cuidado integral, valorizando os vários aspectos clínicos e comportamentais, bem como os elementos positivos das relações afetivas, sociais e de trabalho, e visando também ao aumento da autoestima. Além de anamnese e exame físico geral e ginecológico, pode haver necessidade de CP e mamografia. Dosagens hormonais são normalmente desnecessárias, pois o diagnóstico do climatério é, normalmente, clínico. Quanto à avaliação endometrial, esta é fundamental na mulher climatérica pré-menopáusica com irregularidade menstrual, uma vez que as doenças de endométrio (hiperplasias e neoplasias) começam a incidir com maior frequência nesse período. Segundo a National Osteoporosis Foundation, uma densitometria óssea deveria ser realizada em mulheres acima de 65 anos de idade ou no período pós-menopáusico se apresentarem fatores de risco. A mulher na fase pós-menopáusica deve ser encaminhada para avaliação do endométrio em casos de sangramento uterino na ausênciade hormonoterapia ou de aumento da espessura endometrial identificado na ecografia transvaginal (endométrio acima de 5 mm). Não há justificativa para rastreamento populacional de osteoporose por meio de densitometria óssea, pois o número necessário de mulheres a tratar para prevenir uma fratura é muito alto (NNT para uma fratura de fêmur = 50).15 5 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Tratamento: A terapia hormonal é efetiva em reduzir os sintomas vasomotores. Uso de estrogênio em dose baixa ou uso concomitante de progestogênio em todas as mulheres com útero para prevenir hiperplasia endometrial. Progestogênio não parece trazer vantagens para mulher histerectomizada. “No Brasil, são usadas várias vias de administração do estrogênio para TH. A via oral é a mais usada; quando ingeridos, os hormônios são absorvidos e metabolizados primeiramente no fígado, para depois entrarem na circulação sistêmica. Esse metabolismo de primeira passagem provoca grandes concentrações hormonais no nível dos sinusoides hepáticos, aumentando a síntese e a secreção de renina e de vários fatores de coagulação, o que pode ser prejudicial. A via parenteral (transdérmica, percutânea, subcutânea ou vaginal), por evitar o metabolismo de primeira passagem hepática, tem maior indicação nos casos de hipertensão arterial sistêmica e história familiar de fenômenos tromboembólicos.21 A via vaginal é usada principalmente em mulheres que apresentam apenas sintomas urogenitais. O esquema mais utilizado é a associação de estrogênio por 30 dias e progestogênio por 12 dias. Esse esquema costuma produzir sangramento vaginal de privação. O uso contínuo do estrogênio e progestogênio ao longo do mês leva, em geral, à amenorreia em 6 a 12 meses. Atualmente, tem sido preconizado o uso de doses menores de estrogênio associado ao progestogênio (TH de baixa dose) uma vez que há eficácia no alívio sintomático e menos efeitos adversos.” São contraindicações absolutas à terapia de reposição hormonal: sangramento uterino anormal sem diagnóstico, história de tromboembolismo, doença hepática em atividade e antecedente de neoplasia de mama ou endométrio. As contraindicações relativas são: endometriose, miomatose uterina, hipertensão arterial grave, isquemia coronariana e diabetes melito não controlado. Irregularidade menstrual: devido a ciclos anovulatórios na perimenopausa – acetato de medroxiprogesterona. Nos casos em que a mulher, em pré-meno, também tiver sintomas vasomotores, pode-se associar estrogênio ao progestogênio. Sintomas vasomotores e humor: estrogenoterapia; Problemas relacionados com a sexualidade: existem evidencias que apontam que a adição de testosterona a terapia hormonal melhor a função sexual de mulheres pós-meno, entretanto, seu uso está associado a diminuição do colesterol HDL. Atrofia urogenital: estrogênio via vaginal; estrogênio tópico – contra ITU de repetição; uso de estrogênio sistêmico – piora das ITU de repetição e da incontinência urinária; estrogênio vaginal por 5 noites antes de coleta de cp pode ser necessário; 6 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Doença cardiovascular: presume-se que o estrogênio faça modificações no perfil lipídico (aumento de HDL e diminuição de LDL), vasodilatação, aumento de fatores vasodilatadores, antagonismo à adesividade plaquetária, ação ianotrópica e melhora de metabolismo periférico de glicose; estudos sugerem que usuárias de estrogenoterapia tem 35 a 50% menos risco de doença coronariana, porém outros desaconselham o uso de terapia hormonal para prevenção primária ou secundária de eventos cardiovasculares. Fatores de risco: menopausa precoce; tabagismo; HAS; uso de ACO; hipercolesterolemia, hiperglicemia; hereditariedade. Orientar dieta pobre em gordura animal e trans, uso de flavonóides e azeite de oliva, além da realização de exercícios físicos. Riscos da terapia de reposição hormonal: Hiperplasia endometrial e carcinoma de endométrio: associados ao uso de estrogênio sem oposição; Câncer de mama: risco associado ao uso prolongado de estrogenoterapia; Câncer de ovário: estudos sugerem associação fraca, sem evidencias claras de relação dose-efeito; Ganho de peso: evidências não apontam relação entre terapia hormonal e ganho de peso anormal; Risco de tromboembolismo: estudos observacionais indicam que a estrogenoterapia após a menopausa aumenta em cerca de duas a sete vezes o risco para eventos tromboembólicos. Contraindicações absolutas a TH: ▫ Sangramento uterino anormal não diagnosticado ▫ História de tromboembolismo ou AVC ▫ Doença hepática grave em atividade ▫ Antecedente de neoplasia de mama e endométrio Contraindicações relativas a TH: ▫ Miomatose ▫ Endometriose ▫ HAS e DM descompensadas ▫ Doença arterial coronariana • Tratamentos alternativos: Distúrbios vasomotores – “fogachos” ▫ Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores seletivos da recaptação da serotonina e noradrenalina 7 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Paroxetina, sertralina, venlafaxina, escitalopram Sulpirida, fluoxetina e citalopram - ?? ▫ Gabapentina (análogo do GAPA) - ? ▫ Clonidina (anti-hipertensivo) - ?? ▫ Metildopa (anti-hipertensivo de ação central) ?? ▫ Fitoestrogênios - ?? Tratamentos alternativos: Atrofia urogenital o Estrogênio tópico via vaginal o Atividade sexual regular o Lubrificantes vaginais o Exercício de Kegel DOS SLIDES: Necessidade de laboratoriais deve ser avaliada; 8 E.C.M. – ATM 231 - MEDUFPEL Referencias: DUNCAN; Protocolos da atenção básica; Aula teórica.
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