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CONTROLADORIA AULA 1 Profª Edenise Aparecida dos Anjos 2 CONVERSA INICIAL Esta aula tem como objetivos apresentar a controladoria, sob a perspectiva conceitual, como área do conhecimento e como órgão administrativo, no contexto organizacional. Para melhor entender como funciona a Controladoria nas organizações, vamos estudar as organizações empresariais sob o enfoque sistêmico, abordando as interações com o ambiente dos subsistemas, modelos e processos de gestão, com enfoque em planejamento e controle, os objetivos e a missão da empresa, assim como o papel do controller nas organizações. CONTEXTUALIZANDO As constantes evoluções no mundo dos negócios criaram ambientes organizacionais e mercadológicos cada vez mais complexos, afetados por novos paradigmas da informação e por inovações tecnológicas. Diante desse contexto, as organizações empresariais precisam acompanhar tais avanços, desenvolvendo processos e estratégias para se manter no mercado, reforçando seu posicionamento estratégico. Assim, para cumprir essas exigências, a controladoria desenvolve-se nas organizações como um órgão administrativo, responsável pela gestão econômica da empresa, fazendo uso da contabilidade para gerar informações de custos, finanças, gerenciamento e controle (Padoveze, 2012). A controladoria pode ser observada sob uma visão sistêmica, como: (i) campo do conhecimento que proporciona bases conceituais; e (ii) unidade administrativa (departamento), responsável pela coordenação e divulgação de informação (Almeida; Parisi; Pereira, 2001). Nesta aula, vamos abordar os aspectos conceituais da controladoria, seus objetivos, e a controladoria como ciência. TEMA 1 – CONTROLADORIA Caro aluno, vamos iniciar nossos estudos sobre a controladoria, abordando aspectos, conceitos e definições. A Estrutura Conceitual Básica da Controladoria (ECBC) é composta das seguintes perspectivas: Aspectos conceituais: o que é; 3 Aspectos procedimentais: como funciona; Aspectos organizacionais: como se materializa nas organizações. 1.1 Aspectos conceituais A controladoria é definida como um conjunto de doutrinas e conhecimentos de gestão econômica. Como área do conhecimento, Mossimann e Fisch (1999, p. 99) conceituam a controladoria como “um conjunto de princípios, procedimentos e métodos oriundos das ciências de Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las para a eficácia”. A controladoria é definida, ainda, “como uma unidade administrativa responsável pela utilização de todo o conjunto da Ciência Contábil dentro de uma organização (Padoveze, 2012 p. 3)”. Nesse entendimento, a controladoria exerce um papel central no processo de gestão organizacional, e seu desenvolvimento tem como base científica a contabilidade, orientada para controle e resultados, com vistas à eficiência e eficácia organizacional. Diante do exposto, pode-se observar que a controladoria pode ser melhor entendida a partir da perspectiva organizacional, como um departamento ou órgão administrativo com ampla interação com a contabilidade. Vamos a um questionamento: Se a controladoria é um órgão administrativo e se conceitualmente é formada por um conjunto de princípios, procedimentos e métodos oriundos de diversas áreas do conhecimento, qual a sua origem? De acordo com Kanitz (1976), a origem da controladoria como unidade administrativa, ou seja, departamento de controladoria, deu-se a partir de profissionais que exerciam cargos de responsabilidade no departamento contábil, ou no departamento financeiro, visto que, em função dos seus cargos, tinham uma visão ampla da organização, o que os tornou capazes de enxergar as dificuldades como um todo e propor soluções. Quanto à origem histórica, Schmidt, Santos e Martins (2014) vinculam o surgimento da controlaria ao processo de evolução dos meios sociais de produção que ocorreram com o advento da revolução industrial no século XX e a necessidade de controle. Destacam quatro fatores determinantes para seu desenvolvimento: 4 Aumento em tamanho e complexidade das organizações; Globalização física das empresas; Crescimento nas relações governamentais com negócios das companhias; Aumento no número de fontes de capital. Esses fatores podem ser segregados em internos e externos à organização. Como fatores internos, podemos citar o aumento, no tamanho das organizações, em unidades (filiais e subsidiárias), o que implica complexidade para gerir, devido à descentralização da administração, juntamente com a globalização física, fatores que alteraram a estrutura e o modo de gestão dessas organizações, promovendo o desenvolvimento de sistemas de controles e modelos de gestão (Schmidt; Santos; Martins, 2014). No que tange aos fatores externos, tem-se as relações governamentais com as organizações, caracterizadas pela necessidade que as empresas sentiram de criar mecanismos com vistas a facilitar a fiscalização, estreitando as relações entre empresa e governo (Schmidt; Santos; Martins, 2014). Por fim, temos o aumento do número das fontes de capital, decorrente da abertura de capital por parte das empresas nas bolsas de valores. Esse fator implica o desenvolvimento de instrumentos de reporte e padronização, com vistas à melhoria da qualidade das informações contábeis-financeiras aos diversos usuários externos. Em síntese, o surgimento da controladoria se deu em decorrência de diversos fatores internos e externos à organização, com a finalidade de gestão e controle organizacional. Na sequência, vamos abordar os aspectos teóricos da controladoria. 1.2 Controladoria como ciência O surgimento da controladoria se deve ao aumento da complexidade organizacional e a necessidade de controle. O acadêmico deve estar se questionando: A controladoria é um departamento ou uma Ciência? Vamos à literatura buscar as respostas. Voltamos ao conceito de controladoria proposto Mossimann e Fisch (1999, p. 99): “um conjunto de princípios, procedimentos e métodos oriundos das ciências de Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, 5 da Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las para a eficácia”. Esse corpo de doutrinas e conhecimentos confere à controladoria o status de Ciência. Para melhor entender a evolução da controladoria para Ciência, usando as bases conceituais da Ciência Contábil, vamos relembrar os aspectos teóricos da Ciência Contábil: é a ciência que estuda e enuncia as leis do controle econômico das empresas de todas as classes e deduz as normas oportunas a seguir para que esse controle seja verdadeiramente eficaz, persuasivo e completo. Considerada em sua manifestação prática, é a aplicação ordenada das ditas normas. Isto posto, observamos que o controle é precursor da ciência contábil, com vistas à mensuração, evidenciação e comunicação de informação econômica. Todavia, a contabilidade tem-se prestado, usualmente, à mensuração de eventos passados das organizações, na maioria das vezes em atendimento às necessidades fiscais, deixando a desejar quanto ao fornecimento de informação para a tomada de decisão (Almeida; Parisi; Pereira, 1999). Nesse entendimento, Catelli (2001) apresenta a controladoria como ramo do conhecimento, apoiada nos pressupostos da Ciência Contábil e numa visão multidisciplinar, como sendo a responsável pelo estabelecimento das basesteóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção de Sistemas de Informações e Modelos de Gestão Econômica, capazes de suprir adequadamente as necessidades informativas dos gestores e os guiar durante o processo de gestão, quando for necessário, no auxílio à tomada de decisões ótimas. Partindo das premissas de controle e usufruindo da base do arcabouço conceitual da Ciência Contábil, e da interação com os demais ramos do conhecimento aplicados às áreas de negócios, a Ciência Contábil evoluiu naturalmente para a Ciência da Controladoria. De acordo com Padoveze (2012) a Controladoria é o atual estágio da Ciência Contábil, ao considerar que a Contabilidade passou, nas últimas três décadas, da teoria do lucro (mensuração e comunicação da informação) para a teoria da decisão (modelos de decisão e produtividade). Assim, a controladoria é um conjunto de conhecimentos que se constituem em bases teóricas e conceituais de ordens operacional, econômica, financeira e patrimonial, relativas ao controle e a um processo de gestão 6 organizacional. Segundo os estudos de Padoveze (2012, p. 6-7) as características que sustentam a Controladoria como ciência são: Objeto de estudo próprio; Utiliza-se de métodos racionais; É regida por leis e princípios (teorias contábeis); Caráter preditivo; Construção lógica de pensamentos, conteúdo e doutrinas; Estabelece relações entre os elementos patrimoniais, válidas em todo espaço e tempo; Seus conteúdos apresentam generalidade; Está relacionada aos demais meios de conhecimentos científicos; Apresenta caráter de certeza na afirmação dos enunciados (comprovados por evidências anteriores). Em síntese, a controladoria é formada por conceitos, instrumentos e responsabilidades. É caracterizada como uma unidade administrativa que desempenha um conjunto de atividades em uma organização. Como se vê, a definição da controladoria envolve duas correntes: a primeira a partir dos aspectos conceituais, que a definem como área do conhecimento, e a outra do ponto de vista de seus objetivos organizacionais, como um órgão ou departamento administrativo. 1.3 Objeto de estudo da controladoria A controladoria, assim como a Ciência Contábil, tem como objeto de estudo o patrimônio das organizações. O escopo do objeto de estudo da controladoria, conforme Borinelli (2006), é muito amplo. O autor apresenta um framework das possibilidades de objetivos de estudo da Controlaria, tais como: Natureza das contribuições ao processo de gestão; Gestão econômica; Modelos de decisão, de mensuração, identificação e acumulação de informação. Informação; Objetivos empresariais; Criação de valor; 7 Planejamento; Controle; Registro e a divulgação dos fenômenos empresariais; Modelo e processo de gestão; Modelo organizacional; Identificação, mensuração, comunicação e decisões relativas aos eventos econômicos; Processo de formação de resultados; Mas afinal, qual o objeto de estudo da controladoria? Borinelli (2006) sintetiza na Figura 1 os possíveis objetos de estudo, deduzindo que os objetos de estudo da controladoria são as organizações. Figura 1 – Objeto de estudo Fonte: Borinelli, 2006, p. 106. Nesse entendimento, Borinelli (2006) descreve que, entre os conceitos e definições apresentados, a controladoria enquadra-se nos propósitos de: gerenciamento (processo de gestão); exercícios do controle; definição de metas; atendimento das necessidades dos gestores; gestão econômica; e modelagem de sistema de informação. São subdivididos em modelos de gestão, decisão e informação. Define ainda, como objeto de estudo da Controladoria, as organizações, com foco no processo de gestão baseado em resultados. Que conduzem ao processo de formação de resultados MODELO DE MENSURAÇÃO E MODELO DE IDENTIFICAÇÃO E ACUMULAÇÃO Subdividido em: OBJETO DA CONTROLADORIA: AS ORGANIZAÇÕES (Modelo organizacional) 8 1.4 Função da controladoria Conhecendo o objeto de estudo, vamos agora aprender sobre a função da controladoria. Como qualquer outra área de responsabilidade dentro das organizações, a controladoria tem suas responsabilidades definidas, respondendo pelas gestões operacionais, financeira, econômica e patrimonial das atividades (Almeida; Parisi; Pereira, 1999). Todavia, de acordo com Schmidt, Santos e Martins (2014), a determinação exata das funções da controladoria é uma tarefa quase impossível, devido ao leque de atividades atribuídas e desempenhadas no departamento de Controladoria. Há dependência direta do tamanho da entidade, da sua forma constitutiva e de vários outros fatores que, direta ou indiretamente, impactam nas funções da controladoria. Nesse contexto (responsabilidades e funções), atribui-se como responsabilidade da controladoria conduzir os gestores e executivos à melhoria continua dos processos decisórios. Na visão de Kanitz (1976) as funções da controladoria podem ser resumidas como segue: Informação: compreende os sistemas contábil-financeiro-gerenciais; Motivação: refere-se aos efeitos dos sistemas de controle sobre o comportamento; Coordenação: visa centralizar informações com vista na aceitação de planos; o controller toma conhecimento de eventuais inconsistências dentro da empresa e assessora a direção, sugerindo soluções; Avaliação: interpreta fatos, informações e relatórios, avaliando os resultados por área de responsabilidade, por processos, por atividades etc.; Planejamento: assessora a direção da empresa na determinação e mensuração dos planos e objetivos; Acompanhamento: verifica e controla a evolução e o desempenho dos planos traçados a fim de corrigir falhas ou de revisar tais planos Em suma, a Controladoria deve prestar-se para a contínua assessoria, no sentido de contribuir para o aprimoramento da empresa, por meio de críticas construtivas e inteligentes. 9 Nesse entendimento, a controladoria insere-se no contexto de melhoria contínua, e assim as funções genéricas compreendem: Subsidiar o processo de gestão; Apoiar a avaliação de desempenho; Apoiar a avaliação de resultado; Gerir o sistema de informações; Atender aos agentes do mercado. Em síntese, a controladoria, além das funções gerenciais de execução de tarefas complementares e das funções regulatórias, relacionadas aos aspectos contábeis societários e tributários e ao gerenciamento dos sistemas de informações, deve subsidiar e apoiar os processos de tomada de decisão nos níveis operacionais e estratégicos. TEMA 2 – O SISTEMA EMPRESA COM O OBJETIVO DA EFICÁCIA Apresentamos os aspectos conceituais e objeto de estudo. Vamos, agora, abordar como se dá a interação da controladoria no âmbito organizacional. Para iniciarmos nosso estudo sobre o sistema de uma empresa, é importante definir o que é um sistema. Sistema é um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo. Assim, um sistema é um conjunto de partes diferenciadas em inter-relação umas com as outras, formando um todo organizado que apresenta, como finalidade, um objetivo constante. Os sistemas são compostos por quatro componentes: entrada, processamento, saídas e Avaliação (realimentação ou feedback), conforme representado na Figura 2. Figura 2 – Sistema aberto Fonte: Reynolds; Stair, 2016, p. 8. Saída Entrada Processamento Avaliação (feedback ou realimentação) 10 Os sistemas podem aindaser classificados como sistemas abertos e sistemas fechados. Os sistemas fechados são circuitos que não sofrem com a interação do meio onde encontram-se inseridos, ou seja, os resultados obtidos não são reinseridos no sistema como forma de realimentação. Cumprem o objetivo para o qual foram designados, como por exemplo uma máquina, um relógio. Já os sistemas abertos são observados sob a luz da Teoria Geral dos Sistemas (TGA), de Bertanfly (1975), que define o sistema aberto como um complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente. Portanto, os sistemas abertos são organizados e estruturados de modo a manter processos contínuos de aprendizagem e auto-organização. A seguir, vamos estudar a empresa sobre o enfoque sistêmico. 2.1 Sistema empresa e as medidas de eficiência e eficácia As empresas são visualizadas sob um enfoque sistêmico, devido à sua ampla interação com diversos agentes ambientais. De acordo com Figueiredo e Caggiano (2017, p. 8, grifos nossos), “uma empresa é um conjunto organizado de recursos econômicos, sociais e humanos, e pode ser vista como um sistema aberto”. Assim, a dinâmica das atividades empresariais as mantém em constante mutação; é preciso que sejam orientadas e reorientadas para sua finalidade principal. Conforme Bio (1985, p. 19): os sistemas abertos envolvem a ideia de que determinados inputs são introduzidos no sistema e, processados, geram certos outputs (entrada, processamento e saída). Com efeito, a empresa vale-se de recursos materiais, humanos, tecnológicos, de cujo processamento resultam de bens ou serviços a serem fornecidos ao mercado. Isso posto, a empresa, como um sistema aberto, pode ser vista como um processo de transformação de recursos em produtos e serviços, compostos de diversos processos menores, interdependentes, conforme apresentado na Figura 3. 11 Figura 3 – Sistema empresa e as interações do ambiente Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2013. A partir da leitura da Figura 3, pode-se inferir que o sistema empresa é um sistema aberto, dinâmico e complexo, analisado de acordo com interações com o ambiente interno e externo. O ambiente pode ser classificado como ambiente próximo e remoto. O ambiente próximo é entendido como os processos das atividades internas da organização, como atividades de compra de insumos, mercadorias, recebimentos de materiais, consumo de recursos, transformação, vendas, captação de recursos financeiros etc. É composto por interações com as entidades de acordo com o segmento de atuação de cada empresa, representadas por fornecedores, concorrentes, clientes e consumidores, entre outros. O ambiente remoto, ou externo, é composto por um conjunto de entidades que direta ou indiretamente, impactam ou são impactados por sua atuação. Essas organizações, embora não atuem diretamente nas atividades organizacionais, desempenham papeis significativos na atuação da empresa. São considerados exemplos de interação com o ambiente externo as relações com: governos, entidades regulatórias, órgãos de classe, associações empresariais e sindicatos. 12 2.2 Objetivos do sistema empresa, eficiência e eficácia Estudamos a empresa sob o enfoque sistêmico e também suas interações com o ambiente, com o processamento de recursos e a entrega produtos, bens ou serviços à sociedade. Agora, vamos abordar a empresa a sob a visão da eficiência. Para analisarmos o desempenho de uma empresa, é importante observar que a geração de riqueza de uma entidade é a diferença entre o consumo por ela possibilitado e o seu próprio consumo (Padoveze, 2012). A diferença entre a produção e o consumo é a sua medida da eficiência. O termo eficiência é utilizado para definir um método e comparar sistemas; está relacionado com o modo de fazer as coisas. A eficiência pode ser obtida pela divisão entre o volume produzido e os recursos consumidos. Entretanto, as empresas almejam mais do que um desempenho eficiente; almejam um desempenho eficaz, com resultados melhores, considerando as restrições de seus recursos; ou seja, trata-se de fazer mais com menos. Assim, a eficácia é definida como a medida do grau em que uma empresa alcança suas metas. Pode ser obtida pela divisão das metas realmente alcançadas pelo total de metas estabelecidas (Reynolds; Stair, 2016). Observe a Figura 4, que apresenta os objetivos do sistema empresa e a sua eficácia. Figura 4 – O sistema empresa com objetivos de eficácia Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. Assim, pode-se observar que a eficiência está relacionada com as atividades operacionais, mais especificamente com os métodos e processos. A eficiência está diretamente associada com os resultados decorrentes da atividade empresarial, com ênfase em metas e objetivos, considerando os 13 propósitos básicos da organização. Em síntese, uma empresa, para ser eficaz, dever ser eficiente. Vale ressaltar que as empresas atuam em um ambiente dinâmico e complexo. Desse modo, para estudar o sistema empresa, fazemos uma divisão em vários subsistemas, que serão estudados na sequência. 2.2 Subsistema empresarial Estudamos as empresas sob o enfoque sistêmico, com o objetivo de alcançar a eficácia organizacional. Nesse enfoque, todo sistema é composto por partes, ou seja, há subsistemas. Portanto, o sistema empresa se subdivide em vários subsistemas, que se inter-relacionam buscando um único objetivo: atingir uma missão previamente definida (Schmidt; Santos; Martins, 2014). O Quadro 1 apresenta os principais subsistemas organizacionais. Quadro 1 – Subsistema empresa Subsistemas Definição Institucional É a matriz dos demais subsistemas da empresa. Compreende a definição da missão da empresa e as convicções de seus empreendedores, traduzidas de suas crenças e valores. Gestão Compreende o processo que orienta a realização das atividades da empresa e seus propósitos, ou seja, é responsável pela dinâmica do sistema (Planejamento, Execução e Controle). Formal Refere-se à estrutura administrativa e ao subsistema organizacional. As tarefas e atividades são agrupadas em setores, departamentos ou divisões. Informação Compreende todo o conjunto de necessidades informacionais para a gestão empresarial. Social Refere-se ao conjunto dos elementos humanos na organização, bem como às características próprias dos indivíduos, tais como: necessidade, criatividade, objetivos pessoais, motivação, liderança. Físico Operacional Refere-se às instalações físicas e aos equipamentos do sistema empresa. Está fundamentalmente ligado aos produtos e serviços produzidos pela empresa. Fonte: Padoveze, 2012, p. 17-18. Os subsistemas organizacionais são um conjunto de sistemas que fornecem diretrizes para cada uma das partes, para que a empresa funcione como um todo. Assim sendo, a busca pela maior eficiência dos recursos deve ser coordenada sinergicamente, conduzindo a empresa a um padrão de lucratividade, rentabilidade e, consequentemente, à eficácia empresarial. 14 TEMA 3 – O MODELO E O PROCESSO DE GESTÃO A controladoria tem como objetivo a eficácia empresarial. No entanto, para alcançá-la, é preciso um modelo de gestão, para determinar quais os princípios pelo qual a empresa será administrada. Ou seja, trata-se do direcionamento de como os executivos, controllers e gestores vão administrar, avaliar e tomar decisões no âmbito organizacional. Assim, as decisões deverão ser tomadas levando em consideração o que foi definido no modelo de gestão. Conceitualmente, o modelo de gestão é definido por Figueiredoe Caggiano (2017, p.14): um conjunto de princípios e definições que decorrem de crenças específicas e traduzem o conjunto de ideias, crenças e valores dos principais executivos, impactando assim todos os demais subsistemas empresariais; é, em síntese, um grande modelo de controle, pois nele são definidas as diretrizes de como os gestores vão ser avaliados, e os princípios de como a empresa vai ser administrada. Desse modo, o modelo de gestão representa os princípios básicos que norteiam uma organização. Serve como referencial para orientar os gestores nos processos de planejamento, tomada de decisões e controle (Oliveira; Perez; Silva, 2015). Partindo do pressuposto de que o modelo de gestão decorre das crenças e valores de seus principais executivos, logo se presume que cada empresa tem sua própria maneira de administrar negócios. Sob essas considerações, Frezatti et al. (2011) discorrem que as crenças, valores e sentimentos dos controllers e gestores dão forma à filosofia da empresa, determinando o tamanho, a complexidade e o grau de formalização dos processos da própria empresa. A filosofia determina os processos de gestão, planejamento, execução e controle na organização. Assim, de acordo com Padoveze (2012, p. 26), o modelo de gestão deve ser estruturado considerando os aspectos: Processo de gestão do sistema empresa: Planejamento, execução e controle. Avaliação de desempenho das áreas e dos gestores: Responsabilidade pelos resultados das áreas de suas responsabilidades. Processo decisório: Centralização ou descentralização. Comportamento dos gestores: Motivação dos empreendedores. 15 O modelo de gestão é produto do Subsistema Institucional, definido como o conjunto de normas e princípios que devem orientar os gestores na escolha das melhores alternativas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia (Padoveze, 2012, p. 26). O modelo de gestão servirá de base para a implementação do processo decisório organizacional. Na sequência, vamos estudar um pouco mais sobre os processos de gestão. 3.1 Processos de gestão empresarial O modelo de gestão é a matriz do subsistema de gestão, sendo traduzido na empresa por meios de processos orientados, que habilitam a gestão para a tomada de decisão nos diversos fluxos operacionais. Assim, os processos de gestão atuam nos diversos planos e níveis hierárquico, permitindo que a organização, dentro de um processo ordenado, alcance as metas e os objetivos declarados na visão empresarial. Portanto, o processo de gestão compreende o processo de controle, com vistas a assegurar a eficácia empresarial, caracterizada como um processo contínuo de tomada de decisão (Catelli, 2001, p. 128). A controladoria tem como missão suportar todo o processo de gestão empresarial, por intermédio do subsistema informação, que é um sistema de apoio à gestão. Assim, o processo de gestão é composto pelas seguintes fases: planejamento, execução e controle. A fase de planejamento pode ser dividida em planejamento estratégico, planejamento operacional e programação, conforme representado na Figura 5. Figura 5 – Processo de Gestão Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. 16 Planejamento estratégico: É a etapa inicial do processo de gestão, fase de definição de políticas, diretrizes e objetivos estratégicos, e tem como produto final o equilíbrio dinâmico das interações da empresa com suas variáveis ambientais. Esta fase visa orientar a etapa do planejamento operacional (Padoveze, 2012). Planejamento operacional: Com base no planejamento estratégico, esta etapa consiste na identificação, integração e avaliação das alternativas de ação, e na escolha de um plano de ação a ser implementado, tais como objetivos operacionais, definição dos meios e recursos, simulações, entre outros (Catelli, 2001). Programação: É a fase do processo de planejamento em que se replaneja a curto prazo, adequando-se as expectativas, diante das alterações dos ambientes externo e interno. Consiste na ordenação de necessidades, meios, recursos, ações, programas, análises e interações operacionais necessárias para executar o plano operacional adotado (Padoveze, 2013). Execução: Corresponde à fase em que os recursos são consumidos e os produtos gerados, ou seja, é a execução das ações implementadas e das transações realizadas (Catelli, 2001). A execução deve ser coerente com o planejado e o programado. Controle: Esta fase corresponde a um processo contínuo e recorrente que avalia o grau de aderência entre os planos e sua execução, compreendendo a análise dos desvios ocorridos, além de procurar identificar suas causas e direcionar ações corretivas. De acordo com Peleias (2002, p. 14) “o delineamento e o detalhamento das atividades da Controladoria podem ser específicos para cada empresa e depende das definições constantes do modelo de gestão adotado pela organização e dos diversos mecanismos por meio dos quais a gestão ocorre”. Padoveze (2016) apresenta uma síntese do modelo e processo de gestão. 17 Figura 6 – Modelo e processo de gestão Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2016. Em síntese, a controladoria, abordada sob uma visão sistêmica, segregada em seus diversos subsistemas, fornece subsídios para a elaboração dos modelos e processos de gestão. Desse modo, está presente em todas as fases e etapas do processo gerencial, incluindo planejamento, execução e controle, com vistas a cumprir a missão da empresa. TEMA 4 – MISSÃO E ESTRUTURA DA CONTROLADORIA E O PAPEL DO CONTROLLER Caro acadêmico, nos temas anteriores estudamos os aspectos conceituais da controladoria, o funcionamento e a interação das empresas com o ambiente, sob enfoque sistêmico, assim como o modelo e o processo de gestão. Agora, vamos estudar como a controladoria é formalizada no ambiente organizacional. Primeiramente, precisamos nos recordar de que toda empresa é fundada com uma missão, com objetivos e propósitos declarados. Sobre isso, Figueiredo e Caggiano (2017, p. 6) definem: Uma empresa é uma instituição econômica criada unicamente para prover a sociedade dos produtos e serviços necessários ou desejados, compatíveis com as atitudes sociais das nações e da humanidade. Aos olhos dos consumidores não existe nenhuma razão para a existência de um negócio, exceto pelo serviço que é prestado ou 18 pelo produto que é oferecido; se esse objetivo não é alcançado, a tendência é de que a organização desapareça. Portanto, para desenvolver uma visão geral de uma empresa, implementando um modelo e processos de gestão, deve-se observar as declarações de crenças e valores inscritas no subsistema Institucional (Padoveze, 2012). Observe a declaração de valores na figura. Figura 1 – Declaração de Valores Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2012. O quadro apresenta as principais declarações de valores de uma empresa. Quadro 2 – Declaração de crenças e valores Declaração Definição Visão É um conjunto preciso e vem elaborado de palavras que anunciam a direção da empresa. Missão É uma declaração do propósito da empresa. Definindo o que ela faz e o que não faz. A missão deve ser breve e reunir em poucas palavras a atividade da empresa, os mercados que quer atingir, seus produtos, clientes, Metas e objetivos a atingir. Metas As declarações das metas correspondem ao itinerário básico para chegar ao destino que a empresa deseja. São resultados abrangentes com os quais a empresa assumiu um compromisso definitivo. Objetivos São declarações especificas relacionadas diretamente a determinadameta, com o intuito de fornecer detalhes dos planos de ações menores. Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2016. Por exemplo, a declaração de valores de uma instituição de ensino superior extraída de seu site institucional: Valores: Respeito às pessoas; Integridade; Responsabilidade; Excelência. Missão: Desenvolver e transformar pessoas por meio da educação. Visão: Ser reconhecida como organização de excelência para estudar, trabalhar e investir. Declaração da Visão Declaração da Missão Metas Objetivos 19 As crenças e valores são os elementos geradores da real missão da entidade, e por isso é fundamental que façam parte da cultura organizacional (Schmidt; Santos; Martins, 2014). Estabelecida a missão da empresa no subsistema institucional, por meio das suas crenças e valores, a missão da controladoria consiste em “assegurar a eficácia da empresa por meio da otimização de seus resultados” (Padoveze, 2012, p. 33). Para que a missão seja cumprida adequadamente, os objetivos da controladoria devem ser claros e viáveis. Para tanto os objetivos, devem: Promover a eficácia operacional; Viabilização da gestão econômica; Promover a integração das áreas de responsabilidades. Esses objetivos são essenciais para a obtenção e a otimização dos resultados econômicos. De acordo com Almeida, Parisi e Pereira (1999), esses resultados são decorrentes das decisões tomadas sob a égide da gestão econômica, num enfoque de abordagem sistêmica, ou seja, trata-se da congruência da missão e dos objetivos da controladoria. Para melhor contextualizar a missão da controladoria, vamos a uma definição de controladoria organizacional, como unidade administrativa, ou órgão administrativo: “A controladoria é a unidade administrativa dentro do sistema empresa, que por meio da Ciência Contábil e do Sistema de informação de Controladoria, é responsável pela coordenação da gestão econômica do sistema empresa” (Padoveze, 2012, p. 33). 4.1 Estruturas da controladoria O desenho da estrutura organizacional de uma organização é relacionado diretamente ao nível de autoridade definida e dos controles implementados. Schmidt, Santos e Martins (2014 p. 24) esclarecem que o número de níveis de autoridade “e a extensão do controle em cada nível influenciam na efetividade das tomadas de decisão e no sistema de comunicação da entidade”. Assim, para entender as responsabilidades da controladoria no ambiente organizacional, é importante verificar qual o nível de autoridade e relevância, dados pela entidade, ao departamento em questão. 20 A controladoria normalmente posiciona-se como staff do principal gestor da organização, atuando com autonomia para interferir no processo decisório, no intuito de otimizar o processo para que a entidade atinja sua missão, além de responsabilizar-se por todo o processo de avaliação de desempenho organizacional (Schmidt; Santos; Martins, 2014), conforme apresenta a Figura 8. Figura 8 – Controladoria na organização Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2016. A controladoria deve dar suporte à gestão dos negócios da empresa, de modo a assegurar o cumprimento dos seus objetivos. Assim, além do suporte informacional, o ato de “assegurar” traz consigo a visão de controle e alerta permanentes. Em suma, a Controladoria é responsável pelo Sistema de Informação contábil-gerencial, e sua função é assegurar o resultado econômico da organização (Padoveze, 2013). Portanto, a controladoria deve ser estruturada de modo a suportar e atuas em todas as etapas do processo de gestão (planejamento, execução, controle e avaliação), para que que exerça adequadamente sua função de controle. Importante ressaltar que a estrutura da controladoria deve estar ligada aos sistemas de informações necessários à gestão. Dessa forma, Padoveze (2016) a estrutura em duas grandes áreas: contábil e fiscal e de planejamento e controle: Presidente Vice-presidente (diretor) de produção Vice-presidente (diretor) administrativo/ financeiro Controller Tesoureiro Vice-presidente (diretor) comercialização 21 Área contábil e fiscal: é responsável pelas informações societárias e fiscais, e pelas funções de guarda de ativos, tais como demonstrativos a serem publicados, controle patrimonial e seguros, gestão de impostos, controle de inventários etc. Área de planejamento e controle: incorpora a questão orçamentária, com projeções e simulações, custos e a contabilidade por responsabilidade. A Figura 9 apresenta o organograma da estrutura da controladoria, e os seus principais elementos, Planejamento de Controle e Contabilidade, suportados pelos sistemas de informações integrados. Figura 9 – Estrutura de controladoria Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2016. O controle interno é um conjunto de normas, procedimentos, instrumentos e ações formalizados de forma sistemática. Como função do controle interno, há atividades referentes ao estabelecimento do sistema de controles internos, destinados a salvaguardar o patrimônio e os interesses da organização (Borinelli, 2006; Padoveze, 2016). CONTROLADORIA Planejamento e controle Orçamento, projeções e análise de investimentos; Contabilidade de custos; Contabilidade por responsabilidades; Controladoria estratégica; Gestão tributária. Escrituração Contabilidade societária; Controle patrimonial; Contabilidade tributária Controle Interno Sistemas de informações para relação com investidores Sistema de informação gerencial 22 4.2 O papel do controller Até este ponto, focamos a controladoria no nível organizacional, suas funções e objetivos no âmbito da organização. Já neste tópico, vamos abordar o “indivíduo”, profissional de controladoria, ou seja, vamos definir o papel e o perfil do controller. De acordo com Padoveze (2016 p. 28), ”o papel tem como significado, responsabilidade atribuída a uma pessoa”. Assim, neste tema, vamos tratar especificamente das atribuições do profissional de controladoria (controller) nas organizações. Vamos relembrar o início da nossa aula, a origem da controladoria sinalizada por Kanitz (1976, grifos nossos): A origem da controladoria como unidade administrativa ou seja departamento de controladoria, deu-se a partir de profissionais que exerciam cargos de responsabilidade no departamento contábil, ou no departamento financeiro, visto que, em função dos seus cargos possuíam uma visão ampla da organização, o que os tornou capazes de enxergar as dificuldades como um todo e propor soluções. O controller, segundo a IFAC (International Federation of Accountants), é um profissional que deve processar, analisar e relatar informações, financeiras e operacionais, para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades (Padoveze, 2016). A posição hierárquica do controller, na organização, varia em estatura e responsabilidade, de uma empresa para outra. Em algumas empresas, ele ocupa o papel de executivo principal, que apoia o planejamento e o controle gerencial em todas as subdivisões da empresa. Em outras empresas, compila dados, para emissão de relatórios externos. Para compreender a evolução do papel do controller nas organizações, Padoveze (2016) faz um levantamento na literatura, evidenciando a evolução de suas atribuições, conforme apresentado no quadro. 23 Quadro 3 – Evolução do papel do controller Autores/ano Papel atribuído ao controller Heckert e Willson (1963) a) supervisãoda contabilidade geral e de custos, da auditoria, dos impostos, dos seguros e das estatísticas; b) aplicações da função contábil para a resolução de problemas administrativos futuros. Yoshitake (1984) a) avaliação econômica de mercado que possa influenciar nos negócios da empresa. Horngren (1985) a) planejamento para o controle; b) relatórios e interpretação; c) avaliação e assessoramento; d) administração tributária; e) relatórios para o governo; f) proteção de ativos; e g) avaliação econômica Atkinson et al. (1997) a) preparar e interpretar informações financeiras para administradores, investidores e credores Ifac (2005) a) identificar, medir, acumular, analisar, preparar, interpretar e relatar informações, tanto financeiras quanto operacionais, para uso da administração de uma empresa; b) assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos. Fonte: Elaborado com base em Padoveze, 2016. Quanto ao perfil ou competências profissionais do profissional de controladoria, Cardoso, Mendonça Neto e Oyadomari (2010), destacam que um controller deve ter habilidades, capacidades, conhecimentos, atitudes, traços e motivos dentro do contexto de entrega. Entende-se ainda que, para desenvolver o papel de controlador, o controller deve ter as seguintes características (Padoveze, 2016): ser persuasivo (levar a crer ou aceitar; induzir; ser convincente); líder; influenciador; ser claro sobre os procedimentos; ser conciso no falar e agir (expor as ideias em poucas palavras; ter precisão; exatidão); ser independente; observador; ético; conciliador; multidisciplinar e transdisciplinar; e também proativo. Em resumo, para desempenhar com êxito as responsabilidades atribuídas, o controller deve ter um conjunto de habilidades e competências, além de conhecimento técnico, espírito de liderança e ética profissional. Deve trabalhar de acordo com os princípios e normas contábeis, atuando proativamente na gestão de resultados operacionais e econômicos da empresa. TEMA 5 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO NO PROCESSO DE GESTÃO A controladoria utiliza como base informacional os sistemas de informações, contábeis e gerenciais. Os sistemas de informação são instrumentos de interação dos subsistemas da empresa, suportam os processos de gestão, a comunicação das variáveis ambientais, que definirá a projeção do cenário futuro, bem como da análise da definição estratégica, promove ainda, a melhoria da eficácia e eficiência da empresa. 24 Os sistemas de informação são definidos por Padoveze (2012, p.45) como “um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, agregados segundo uma sequência lógica para o processamento de dados e tradução em informação, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais”. Nas palavras de Mosimann e Fisch (1999, p. 52), um sistema de informação no ambiente dos negócios pode ser conceituado como uma rede de informações que alimenta o processo de tomada de decisões, tanto nos níveis decisórios como em cada área de responsabilidade. Por esse entendimento, os sistemas de informações empresariais podem ser classificados como apoio às operações ou como apoio à gestão e à tomada de decisão, conforme a Figura 10. Figura 2 – Sistema de informação nos processos de gestão Fonte: Padoveze, 2012. O sistema de informações de apoio operacional e gerencial é definido por Gonçalves e Riccio (2009, p.13) como “um sistema que integra usuários e TI com o fim de fornecer informações e dar suporte às operações e funções de administração, à tomada de decisão e ao controle, em quaisquer dos níveis da gestão empresarial: operacional e/ou gerencial e/ou estratégico”. Os sistemas de apoio a decisão são definidos como uma extensão de modelos de contabilidade gerencial para manuseio de problemas de planejamento semiestruturados e estratégico, como por exemplo: decisões de fazer ou comprar, alugar ou comprar, adicionar ou abandonar uma linha de produção, entre outros (Padoveze, 2012). Sistemas de apoio à decisão Sistemas de Apoio a Gestão Sistemas de Apoio as Operações 25 Desse modo, o sistema de informação da Controladoria é integrado com os sistemas operacionais, e tem como característica essencial a mensuração econômica das operações para planejamento, controle e avaliação dos resultados e desempenho dos gestores das áreas de responsabilidade (Padoveze, 2012). TROCANDO IDEIAS Nesta aula, estudamos a controladoria sob a perspectiva conceitual e organizacional, ou seja, buscamos situá-la tanto na ciência como na estrutura hierárquica organizacional. Diante do exposto, pergunta-se: Qual a importância do departamento de controladoria nas empresas hoje? Essa visão multidisciplinar é aplicável? NA PRÁTICA Para entender melhor a controladoria nas organizações, vamos apresentar um exemplo prático sobre a interação do contador e do controller no ambiente organizacional. O contador como Comunicador (Controller) Embora a contabilidade muitas vezes seja chamada de a linguagem dos negócios, para muitos é como se fosse uma língua estrangeira. De acordo com Barra, o controller de uma divisão de negócios da Lever Brothers Co., a solução pode encontrar-se com os próprios contadores: “Tenho encontrado muitos bons contadores, excelentes técnicos, que realmente conhecem seu trabalho, mas não conseguem se comunicar com a administração fazer chegar a ela a mensagem que querem passar. Eles simplesmente não conseguem apresentar, de forma simples, informações contábeis básicas”. A comunicação com não contadores é particularmente importante, em função da interação entre contadores e usuários de informações. De acordo com o Barra, pessoas da equipe de Marketing da Lever Brothers procuram os contadores para obter informações sobre os custos de distribuição de produtos que a empresa comercializa. A exemplo disso: quando a administração decide alterar um produto, os contadores trabalham com o departamento de compras, para obter informações sobre os novos materiais. Se a companhia estiver 26 considerando a introdução de um novo produto, “a análise e estimação dos custos é controlada pelo controller desde o início... idealmente, esse processo resulta em combinação de diversas áreas de conhecimento”. O pessoal do Marketing, com base nas informações fornecidas, estima as vendas futuras e também calcula o que acontecerá se as estimativas estiverem enviesadas. O que é necessário para que os contadores tenham uma comunicação efetiva com pessoas de áreas não financeiras? Na visão do controller Barra, as regras são as seguintes: Apresente exemplos simples Evite jargão técnico Mostre entendimento de questões de marketing e de produção Evite dar aulas de partidas dobradas Uma boa Comunicação beneficia o próprio contador e sensibiliza os gerentes a respeito das questões financeiras, melhorando a demanda por seus serviços. Fonte: Elaborado com base em Maher, 2001, p. 48. O exemplo prático citado apresenta um dos dilemas do profissional contábil: a comunicação interna e o reporte das informações. Tal observação carece de atenção dos profissionais da área, pois a contabilidade é o principal sistema de informação de uma organização. Acerca do exposto, disserte sobre: 1. O papel do profissional Controller nas organizações. Como sua atuação pode sanar problemas de comunicação da contabilidade e o reporte de informações aos níveis superiores? 2. Pesquise pelo menos três organizações de ramos de atuação diferentes (indústria, comércios e serviços) e identifique o posicionamentoda controladoria na hierarquia organizacional. Transcreva como a controladoria está estruturada, além de valores, missão, visão, objetivos e metas de cada uma das organizações. FINALIZANDO Nesta aula, abordamos alguns pontos importantes sob a Controladoria, nomeadamente aspectos conceituais, definição, origem e a controladoria como ciência; sistema empresa com o objetivo da eficácia; a empresa sob o enfoque sistêmico e a interação com o ambiente próximo e remoto da organização; os 27 subsistemas de gestão; o modelo e o processo de gestão, com a importância de um modelo de gestão a partir do subsistema institucional; missão e estrutura da controladoria e o papel do controller, com as declarações de crenças, valores, visão, missão, objetivos e metas; e por fim sistemas de informação no processo de gestão, quando abordamos brevemente os sistemas de apoios a gestão, decisão e operações. 28 REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. B. de; PARISI, C.; PEREIRA, C. A. Controladoria. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica–GECON, v. 2, p. 343-355, 1999. ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2002. BIO, S. R. Sistemas de Informações: um enfoque gerencial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1985. BORINELLI, M. L. Estrutura conceitual básica de controladoria: sistematização à luz da teoria e da práxis. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) - Universidade de São Paulo, 2016. BEUREN, I. M. O papel da Controladoria no processo de gestão. In: SCHIMIDT, P. (Org.). Controladoria: agregando valor para a empresa. Porto Alegre: Bookmann, 2002. p. 15-38. CARDOSO, R. L.; NETO, O. R. M.; OYADOMARI, J. C. Os Estudos internacionais de competências e os conhecimentos, habilidades e atitudes do contador gerencial brasileiro: análises e reflexões. CEP, v. 1302, p. 907, 2010. CATELLI, A. (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. GIL, A. L. Sistemas de informações contábeis: uma abordagem gerencial. São Paulo: Saraiva, 2010. FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. FREZATTI, F. et al. 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