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TRABALHO G1 CIVIL II MEIO OU RESULTADO

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ATIVIDADE DE MEIO OU DE RESULTADO - ÁREA MÉDICA - CIRURGIÃO 
PLÁSTICO - CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICA.
O caso exposto a seguir trata-se de uma apelação acerca de responsabilidade civil proveniente de erro médico, advinda de ajuizamento de ação indenizatória. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICA. ABDOMINOPLASTIA E LIPOASPIRAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. COMPLICAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA. TROMBOEMBULISMO. AUSÊNCIA DE ERRO MÉDICO. DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO.
 A apelação diz que houve atribuição ao profissional liberal e à pessoa jurídica, pelos danos sofridos decorrente de alegação de insatisfação.
De acordo com o entendimento doutrinário e jurisprudencial (AgRg no Ag 1132743/RS), apesar do ônus da prova ser da paciente, uma vez que a responsabilidade do profissional da medicina é subjetiva. Não exonera o cirurgião da obrigação de resultado, pois nos casos de procedimentos cirúrgicos estéticos o cirurgião assume a obrigação de resultado, implicando em pagamento de indenização em não havendo o resultado satisfatório. 
A apelação nº 70080106800 diz que existem provas nos autos onde demonstram que o resultado obtido foi alcançado, uma vez que os procedimento estéticos propostos foram atendidos de maneira adequada e o resultado foi melhor que o anterior. 
Também aludi que o quadro de complicações ocorrido no pós operatório é característico a qualquer procedimento cirúrgico. Ademais, o médico quando informado, deu assistência e o quadro foi tratado imediatamente.
Após apresentação dos fatos comprobatórios onde demonstram inexistir qualquer indício de conduta imperita, imprudente ou negligente por parte do médico e ter sido alcançado o resultado esperado a sentença foi procedente à autora gerando indenização de valores. 
Foram opostos embargos de declaração pela segunda denunciada à lide e foram desacolhidos.
Foi onde houve a apelação pedindo a reforma da sentença para redução dos valores indenizatórios.
A parte autora interpôs contrarrazões ao recurso adesivo aludindo a majoração por danos materiais, morais e estéticos, os quais levaram os autos a serem remetidos ao tribunal e o mesmo foi adequadamente admitido.
Após análise de muitas doutrinas e controvérsias sobre a presunção da culpa ser objetiva ou subjetiva por parte do hospital e do profissional liberal foi entendido que tratava-se de responsabilidade por erro do profissional da saúde e dependia de análise da culpa, ainda que presumida e posteriormente verificar se teria responsabilidade da pessoa jurídica, não se configurando culpa objetiva.
Neste caso, é necessário distinguir a cirurgia corretiva da cirurgia estética. A primeira (corretiva), corrigi deformidade física, congênita ou traumática e que geralmente é indicado um procedimento para correção da condição atribuída por conta das deformidades acima citadas. Nesta situação o médico não pode garantir que o problema seja totalmente resolvido, o que pode fazer é prometer dar o seu melhor, sendo sua obrigação de meio.
Já na segunda (estética), trata-se de corrigir uma imperfeição física na maioria das vezes objetivando somente beleza. Nestes casos o médico se compromete a alcançar os resultados pretendidos, sendo assim, o médico deve verificar se é possível atender o resultado, caso não seja possível não deve fazer e alertar o paciente sobre o motivo, pois sem dúvida é uma obrigação de resultado.
De acordo com a doutrina de Sérgio Cavalieri: O ponto nodal, conforme já salientado (...), será o que foi informado ao paciente quanto ao resultado esperável. Se o paciente só foi informado dos resultados positivo que poderiam ser obtidos, sem ser advertido dos possíveis efeitos negativos (risco inerentes), eis aí a violação do dever de informar, suficiente para respaldar a responsabilidade médica.
(...)
O resultado que se quer é claro e preciso, de sorte que, se não for possível alcançá-lo, caberá ao médico provar que o insucesso – total ou parcial da cirurgia – deveu-se a fatores imponderáveis.
(...)
Em conclusão, em caso de insucesso na cirurgia estética, por se tratar de obrigação de resultado haverá presunção de culpa do médico que a realizou, cabendo-lhe elidir essa presunção, mediante a ocorrência de fator imponderável capaz de afastar o seu dever de indenização.
Ainda assim, é necessário apresentação do nexo causal, não basta apenas dizer que o médico agiu em contrário à lei ou que houve dano à vítima. É preciso estabelecer relação entre a causalidade entre a ilicitude da ação e o mal causado.
Sendo cirurgia plástica para fins estéticos uma obrigação de resultado e a caracterização da culpa é pelo descumprimento, cabe à paciente provar a inexistência de obrigação e afirmar o descumprimento. E ao mesmo tempo por parte cabe provar sua diligência, demonstrando que ocorreu de maneira diferente.
A considerações feitas ao caso concreto, após análises de regime de responsabilidade, apurou ausência de erro no resultado final do procedimento, demonstrando no laudo médico, que apontou correção do procedimento cirúrgico, atingindo o resultado esperado em cirurgias de mesma natureza. Assim como a perícia, a resposta dos quesitos médico foi favorável ao médico e desfavorável a autora. O perito demonstrou ainda, que houve uma melhora estética após a cirurgia realizada pelo médico. Ante o exposto, o recurso adesivo foi prejudicado.
Resultado foi improcedência total de todos os pedidos.
Conclusão
Nas obrigações de meio, é esperado que o devedor se utilize de prudência e todo cuidado possível para que o resultado esperado contratado seja alcançado.
Conforme Caio Mário da Silva Pereira “... nas obrigações de meio, a inexecução caracteriza-se pelo desvio de certa conduta ou omissão de certas precauções a que alguém se comprometeu, sem se cogitar do resultado final”, obrigações de resultado, o que importa é a aferição se o resultado colimado foi alcançado. Só assim a obrigação será tida como cumprida.” Toda obrigação necessita ser classificada de forma clara quanto a sua natureza, pois de acordo com a sua classificação modificam-se a forma de imputação de responsabilidade. Verifica-se ainda que as obrigações de meio são aquelas que se considera a atividade realizada durante o processo daquilo que foi contratado. Enquanto que nas obrigações de resultado se considera o resultado daquilo que foi contratado, e no caso do resultado não ser aquele que o esperado, o devedor respondera pelo processo de desenvolvimento da atividade de forma integral.
Para classificar uma obrigação, o ponto de partida pede que seja estabelecido se a prestação acordada previa apenas a realização de uma atividade ou também o resultado desta atividade. Esta diferenciação impactara diretamente no caso de descumprimento de alguma prestação da obrigação. Desta forma, podemos classificar as obrigações em obrigações de meio e obrigações de resultado.
Concluímos que, em geral, ao se tratar de procedimento estético a obrigação é de resultado e quando é o procedimento é de reparo é de meio.

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