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Minorias e religiosidade em seus contextos Desde os primórdios da antropologia, a religião é um tema prioritário de reflexão e pesquisa, a despeito das transformações que a levaram a ampliar seu campo de ação, hoje não mais restrito as chamadas “sociedades primitivas”. Tradicionais de povos nativos da África, América, Ásia, Ilhas da Oceania (algumas já extintas) Restrita a tribos, famílias ou clãs. Pré-letrada: dependem da tradição oral Animistas: Totemismo, Xamanismo, Magia, etc. Sociedades Primitivas Não obstante, é preciso admitir que, entre as ciências humanas, foi a antropologia que desenvolveu uma afinidade pelo estudo de coletivos de pequena escala. . A designação de tais coletivos como “minorias”, em vez de decorrer apenas de uma dimensão estatística, envolve uma operação de reconhecimento que só pode ser compreendida quando se consideram as relações entre um determinado coletivo e o contexto mais amplo. No Estado moderno, passam pelo principio da “laicidade”. Por meio desta, o Estado procura garantir tanto a sua autonomia em relação ao religioso quanto o pluralismo e a liberdade religiosa no âmbito da sociedade civil. Sem importar quão religiosa é uma sociedade, procura-se tornar o Estado imune às pressões; noutro, seja qual for o número de grupos religiosos, busca-se assegurar as mesmas condições para o exercício der suas crenças. Vê-se assim, que tal modelo consagra os princípios que levariam a desconsiderar a noção de minoria. A religião opera como uma marca identitária. Nota-se que traços religiosos estão mais ou menos presentes nas definições de nacionalidade e de espaço público em diversas sociedades modernas. Na perspectiva aqui exposta, pode-se afirmar, em primeiro lugar, que o Brasil se caracteriza por um padrão que introjeta referências cristãs, sobretudo católicas. Eis, algumas evidências disso: 1) os feriados religiosos são todos católicos, inclusive aquele dedicado à “padroeira nacional”; 2) autoridades eclesiais católicas foram quase sempre tratadas com singular deferência por autoridades políticas; 3) em muitos lugares públicos, de recintos de órgãos estatais a espaços urbanos privilegiados, há símbolos associados ao catolicismo. No caso dos cultos mediúnicos espíritas e afro-brasileiros, sua situação ficou marcada pelo descompasso entre o reduzido número de fiéis declarados e a ampla disseminação de suas crenças e práticas na sociedade. As lideranças desse universo religioso, ao mesmo tempo que lutaram por maior legitimidade social, poucas vezes confrontaram abertamente o catolicismo. Embora jamais tenham perdido por completo as salvaguardas da liberdade religiosa, foram atacados em várias ocasiões sob a alegação de que atentavam contra a “saúde pública”. Com o auxílio da antropologia, é possível fugir dos retratos simplistas que essas imagens sugerem acerca dos fiéis evangélicos. Em contrapartida, o estilo beligerante de certas igrejas evangélicas tem mantido em pauta o debate sobre as formas de proteger e reparar os principais atingidos, que são os cultos afro-brasileiros.
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