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Antropologia e História do Direito (Reparado)

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CURSO DE DIREITO - ANTROPOLOGIA E HISTÓRIA DO DIREITO
1º PERÍODO NOTURNO - ATIVIDADE 1 - 2º BIMESTRE - 2023.1
ANTROPOLOGIA E HISTORIA DO DIREITO
1. Leia o trecho a seguir:
“A modernidade jurídica tem raízes bem remotas. O historiador do direito as pode vislumbrar naquele século XIV, que é extraordinariamente rico de novos fermentos e no qual começam a ser desmentidos os velhos valores sustentadores da civilização medieval. Enquanto nesta os pilares da ordem são representados pela natureza cósmica (o mundo das coisas) e das várias comunidades nas quais o sujeito singular encontra proteção e possibilidade de existência, agora, no século XIV, a nova sociedade começa a direcionar-se para o indivíduo e sobre suas forças individuais. A tentativa é de liberar o indivíduo dos velhos condicionamentos e fazer dele o pilar da nova ordem.” (GROSSI, Paolo. Para além do subjetivismo jurídico moderno. In: FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). História do Direito em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 19).
A emergência do indivíduo e do seu correspondente jurídico na modernidade, o sujeito de direito, diz respeito a um processo histórico e social concreto. Considerando tal afirmação e o texto, discorra suscintamente sobre as principais transformações históricas, sociais, políticas e econômicas vividas na Idade Moderna no Ocidente que dizem respeito à configuração deste aspecto da cultura jurídica moderna e contemporânea.
RESPOSTA
	A Idade Moderna ocorreu entre os séculos XV e XVIII, com grandes transformações ocorridas na forma de pensar e entender o mundo, marca o inicio do capitalismo, consolidação das monarquias na Europa, e a expansão do poder das mesmas. As inquietudes sociais da Idade Moderna já vinham ocorrendo desde o século XV, alguns historiadores delimitam o inicio da Idade Moderna a queda de Constantinopla pelos Otomanos e finalizada por volta de 1789 com a Revolução Francesa. Foi uma era de transformações politicas, sociais, econômicas, cientificas e religiosas. 
Entre os séculos XV e XVI teve inicio a grandes navegações tendo a frente Portugal e Espanha, busca de novas mercadorias, especiaria, novos mercados para seus os produtos, aperfeiçoamento da frota naval, e ainda houve o financiamento da classe burguesa para novas expedições. Nesse período houve o chamado Renascimento na cultura e nas ciências, com o aparecimento de grandes pintores, surgindo nessa época o humanismo, classicismo, antropocentrismo, individualismo, naturalismo, reformas religiosas ( reforma protestante e a contra reforma) e o racionalismo. Aparece também o absolutismo, com a centralização do poder, criação de moeda única e um símbolo nacional e língua oficial.
No século XVII surge o iluminismo caracterizado por defender a razão, o liberalismo, a limitar o poder do rei, e o despotismo esclarecido. Marcando o fim da Idade Moderna, a revolução Francesa tendo a frente a classe burguesa e a preponderância do pensamento iluminista, com foco nos direitos sociais e liberdade individual conseguiram derrubar a monarquia, democratizou a Republica, espalhando suas ideias pelo resto da Europa. 
Dessa forma houve grande desenvolvimento no comercio entre nações, impulsionado pelo fim da guerra contra os bárbaros dando impulso no desenvolvimento das cidades. Esse período foi marcado pelo destaque aos filósofos e cientistas dando colaboração nas surgimento de tecnologias revolucionando o conhecimento. 
2. “O século XVIII está impregnado de fé na unidade e imutabilidade da razão. A razão é uma e idêntica para todo o indivíduo pensante, para toda a nação, toda a época, toda a cultura. De todas as variações dos dogmas religiosos, das máximas e convicções morais, das ideias e dos julgamentos teóricos, destaca-se um conteúdo firme e imutável, consistente, e sua unidade e sua consistência são justamente a expressão da essência própria da razão” (CASSIRER, Ernst. A filosofia do iluminismo. Campinas: Unicamp, 1997, p. 23 apud MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 133).
Considerando o período da modernidade mencionado no texto, descreva as características e postulados da escola do pensamento jurídico moderno correspondente às ideias mencionadas na reflexão do filósofo Ernst Cassirer.
RESPOSTA
A manifestação do iluminismo começou em fins do século XVII, as ideias advindas do renascimento que valorizam a razão e a liberdade criticavam severamente o absolutismo, são as bases da revolução francesa. Dessa forma o iluminismo retratando uma interrupção de muitas áreas do conhecimento humano, houve um progressivo entendimento sobre os conceitos de Estado liberal. 
No eu tange o direito houve ruptura com as velhas noções, reinventado o direito Natural, com defesa à codificação das leis. Juntamente com o Racionalismo aparece o Direito Natural Laico em contrate ao direito Natural que imperava na Idade Media com influencia de Descartes. utilizando método analítico-sintético, que decompõe os fenômenos em partes “após análise de seus elementos estruturais, realizar-se a síntese, chegando-se assim a um conhecimento claro e distinto, levando o cientista, no caso o jurista, à certeza” (ALMEIDA, 2023, p. 103).este mesmo raciocino deveria ser utilizado para estudar o Estado. 
Segundo Cassirer (1994) “O encaminhamento do pensamento não vai, por conseguinte, dos conceitos e dos axiomas para os fenômenos, mas o inverso.” (CASSIRER, 1994, p. 27), É esse o pensamento do século XVIII, uma das características apontadas pelo autor é o grande impulso do iluminismo no desenvolvimento a reconstrução da vida intelectual, focando nos problemas filosóficos da sociedade humana. Considerada como restauradora da razão, o direito deveria se firmar de forma original e intelectual em contrapartida aos dogmas teológicos firmando-se diante do Estado e se proteger com sua especificidade e valor. Com o iluminismo surge a ideia da existência de leis “absoluta e universalmente obrigatórias e imutáveis.” (CASSIRER, 1994, p. 327), 
3) Paolo Grossi, renomado historiador do direito italiano, considera a afirmação histórica do direito moderno ocidental como uma drástica “redução da paisagem jurídica”. Refletindo sobre esta colocação, discorra sobre a relação entre direito natural e direito positivo explorando o fenômeno da codificação na cultura jurídica moderna ocidental.
RESPOSTA
Para Grossi o direito é algo intangível, acredita em signos e na divisibilidade das coisas. Assim, o direito natural fundamenta o direito positivo. A razão é a materialidade do direito que se desvela na norma jurídica e dai poder se impor em uma sociedade, diante disso Grossi (2007) postula que o direito natural fundamente o direito positivo, as leis escritas. 
O medieval e o moderno estão ligados pela continuidade e coincidem apenas no que diz respeito jurídico. A diferença entre direito natural e direito positivo é que o direito natural independe do Estado ou de leis. Por isso, é considerado autônomo. Esse tipo de direito é inerente a todo ser humano, possuindo carácter universal, imutável e atemporal. O direito positivo, por outro lado, depende de uma manifestação de vontade, seja da sociedade ou de autoridades. Ele é criado por meio de decisões voluntárias, e deve ser garantido por um conjunto de leis e normas.
 
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvana Colombo de. O pensamento jurídico moderno e as perspectivas críticas. REGRAD - Revista Eletrônica de Graduação do UNIVEM. V. 2 - n. 2 - jul/dez – 2009. P. 99/199. Disponível em: https://revista.univem.edu.br/REGRAD/article/view/232. Acessado em: 3 de jun. de 2023.
CASSIRER, Ernst. A filosofia do iluminismo. tradutor: Alvaro Cabral. 2-ed. Campinas, SP: Editara da UNICAMP, 1994.
GROSSI, Paolo. Mitologias jurídicas da modernidade. Tradução de Arno Dal Ri Jr. 2. ed. Florianópolis: Boiteux, 2007.

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